Vivendo com à Parashá – 5780

Nitzavim e Vayele’h – 5780

Parashat Nitzavim, é sempre lida no Shabat antes de Rosh Hashaná. O motivo é porque o Shabat envolve espiritualmente os dias posteriores e Rosh Hashaná é o dia do julgamento no qual todas as Neshamot (nossas Almas Divinas) se apresentam na frente de Hashem.

Tanto os presidentes das tribos (que representam as pessoas mais importantes) quanto o lenhador e o aguadeiro, (que representam as pessoas menos importantes) são julgados juntos com total igualdade sendo que somos comparados à um corpo onde cabeça e pés se completam , nenhuma parte pode faltar e cada uma é julgada de acordo com a sua função.

O dia de Rosh Hashaná foi escolhido por D’us para ser o aniversário da criação do mundo . O mundo foi criado em seis dias e cada um deles é o dia da criação do mundo , mas o sexto dia, dia no qual o homem foi criado, foi escolhido para ser o aniversário do mundo porque o ser humano é o objetivo da criação.

Porque então D’us falou para os anjos façamos o homem? O Midrash diz que foi para nos ensinar a importância da humildade, se até D’us quando fez o homem compartilhou essa informação com os anjos porque eles teriam ligação com essa nova criatura, quanto mais nós devemos nos comportar com humildade.

Um dos vínculos que encontramos entre nós e os anjos é o chamado “Tribunal Divino”. Ele é composto de anjos e Neshamot de Tzadikim. Quando fazemos uma coisa boa criamos naquele tribunal um anjo à nosso favor, quando fazemos algo ruim criamos um anjo contra nós, consequentemente o Tribunal Divino de cada um de nós é personalizado.

Diferente das outras “religiões” onde a divindade faz o que quer, no judaísmo antes de D’us nos criar ele já tinha criado o tribunal Divino que fiscaliza nossas ações usando a Torá como referencial , e por mais que D-us seja a essência do bem ele não pode ser tirano com esse tribunal e obrigá-los a mudar um decreto à nosso favor.

Rezando por nós próprios

Sendo assim , como conseguimos por meio das nossas rezas anular os decretos do tribunal Divino? Rabi Yossef Albo que viveu na Espanha no ano de 1400 nos explica que quando nos arrependemos do que fizemos e rezamos, nos tornamos pessoas melhores e aquele decreto que tinha sido feito para uma pessoa pior perde o efeito porque essa pessoa pior deixou de existir, e para a pessoa melhor que você ficou agora é feito um decreto melhor .

Rezando por outras pessoas

O Baal Shem Tov tinha um mestre que descia do céu para ensinar a ele Torá. Esse mestre era o profeta Ahia Hashiloni que viveu na época do Rei Salomão e foi posteriormente o mestre de Eliahu Hanavi.

Disse o Baal Shem Tov que o profeta Ahia revelou para ele que a Sefirá chamada de Mal’hut é chamada de din (decreto rígido) e a raíz dos dinim é a sefira chamada de Bina.

Por meio da reza elevamos o “din” até a biná e lá adoçamos ele, ou seja, transformamos ele em bondade. Quando rezamos por outra pessoa ligamos ela a raíz, à Biná, e lá ela já é outra pessoa.

Então vamos aproveitar e rezar bastante para que nós e todos tenhamos um ano bom e doce e Mashiach chegue já!!!

Vayelech

Encontramos na nossa Parashá um dos cinco versículos que são excessão de regra na leitura da Torá.

Sendo que o Sefer Torá não tem pontos, nos baseamos nos sinais de música chamados Teamim que vem desde a época de Moshe Rabeinu para saber aonde começa ou acaba um versículo .

O motivo de precisarmos saber onde começa e termina o versículo é porque não podemos dizer meio versículo quando há nele o nome de Hashem para não falarmos o nome de D’us em vão.

Então, para sabermos aonde terminou o versículo nos baseamos no sinal de música chamado “etna’hta” que representa uma parada temporária, ou no sinal chamado “sof passuk” que representa uma parada final.

A Guemará em Yoma nos conta que Issi ben Yehudah nos ensinou que cinco versículos na Torá inteira saem dessa regra . Um deles está na nossa Parashá . O versículo diz:- “E disse D’us à Moshe você se deita com seus pais (se referindo à seu falecimento) e esse povo se levanta e…..etc

Nesse versículo o sinal “etnachta” se encontra na palavra “seus pais” determinando que lá termina o assunto, Moshe morre e ponto! Mas aqui se encontra a exceção de regra e daqui nossos sábios na Guemará em Sanedrin aprendem a ressurreição dos mortos pela Torá escrita colocando o ponto na próxima palavra :- “Você se deita com os seus pais e levanta”

O Ari Zal nos explica que , sendo que esse versículo não tem determinação e se aplica tanto ao antes do “etna’hta” na palavra “e você” se referindo à Moshe , quanto ao depois na palavra “esse povo” diz o Ari Zal que daqui aprendemos que tanto Moshe quanto esse povo se reencarnam e se tornam à última geração

Diz o Ari ZaL que Moshe Rabeinu e toda sua geração eram a “Dór Deáh” (geração do conhecimento) e a raíz das almas deles era o lado oculto da Sefirat Daat que é chamado no “Etz Haim” de “Leáh” . A geração paralela chamada “erev rav” também tinha a raíz na Daat mas era afetada pela mistura do bem e do mal nesse mundo. Moshe se reencarna e se torna Mashiach e a geração dele também se  reencarna e se torna a geração do Mashiach . Até a “erev rav” também se reencarna por também ser “dór deáh” e à ela se refere o final do versículo que diz:-  “esse povo vai se levantar e ….(……)”.

As mulheres mandam nos maridos? Mashiach vai chegar!

Uma característica dessa última geração, diz o Ari ZaL, é o fato de as mulheres mandarem nos maridos. Na reencarnação anterior dessa geração, no deserto, os maridos doaram os anéis para fazer o bezerro de ouro mas as mulheres recusaram apoiar a idolatria. Por isso elas ganharam esse prêmio de mandar neles nessa reencarnação. Chegamos à conclusão que essa geração é a nossa!!!!

Diz o Maguid de Mezritsh que outra característica da “dór deáh” é de que o assunto principal deles era o conhecimento que se expressa pela fala e eles não tinham a característica da ação. Até o próprio Moshe para abrir o mar vermelho levantou o cajado mas não bateu no mar.

Quando Moshe chegou perto da Terra Santa na qual o trabalho principal seria a ação das Mitzvot , Hashem disse para ele falar para a pedra para que a água volte mas ele bateu na pedra para começar o trabalho da próxima geração (ação)

Hashem queria que ele falasse com a pedra para elevar a próxima geração (da ação) ao nível elevado da geração dele (do conhecimento, da fala)

Toda aquela geração com Moshe e a “erev rav” tiveram que falecer no deserto e esse é o trabalho de Moshe, voltar como Mashiach e elevar toda a “geração do conhecimento” (incluindo a erev rav) por meio do estudo Torá e o cumprimento das Mitzvót, “fala e ação”

O Rebe de Lubavitch disse que essa geração somos nós!

Ki Tavô – 5780

Nossa Parashá começa nos contando sobre as frutas da Terra de Israel, de como devemos expressar a nossa gratidão ao criador lembrando toda a história do nosso povo desde que chegamos ao Egito e fomos escravizados até que Hashem nos tirou do Egito com grandes milagres, agradecemos pelas coisas tão boas que Hashem fez para nós

Depois a Parashá  fala sobre bençãos e maldições e na continuação fala explicitamente sobre as maldições

Dizem nossos Sábios que com o mesmo entusiasmo que agradecemos à D’us pelas coisas boas que ele nos dá temos que agradecer pela coisas ruins, e podemos perguntar, e com razão, qual seria o mínimo motivo para agradecer pelas coisas ruins que nos acontecem?

Sobre as coisas boas que ele nos dá temos que agradecer e não podemos ser ingratos, mas será que existe gratidão também pelas coisas ruins?

O relacionamento entre Hashem e o povo de Israel

No casamento Judaico o marido assume a responsabilidade pelas despesas da esposa. Entre as obrigações que ele assume está a obrigação de comprar roupas para a esposa, e que mulher não gosta de receber uma roupa nova?

Entre essas obrigações está também a obrigação de comprar jóias ou pelo menos semi jóias para a esposa, e que mulher não ama receber uma jóia?

E também entre essas obrigações está a obrigação de levar a mulher para o médico caso ela fique doente, e não só a obrigação de pagar o médico caso ele cobre, mas também a obrigação de pagar as despesas dos remédios e do tratamento caso ela precise

Mas será que existe alguma mulher que ama ser internada em um hospital? Muito pelo contrário! Mas sendo que ele é o responsável por ela e ela está doente ele é responsável pelo tratamento dela também

E com certeza depois desse tratamento ele vai dar muitos presentes para ela para e levar ela para muitos passeios para consolar ela pelo que ela sofreu

E o principal, sempre ela vai estar mais agradecida à ele por ter salvo a vida dela, mesmo que essa parte da história do casal foi a mais dolorida

E essa é a mensagem da Parashá

No começo a Parashá nos ensina como devemos agradecer à Hashem (D’us). Devemos ir para Yerushalaim para levar as primeiras frutas que Hashem nos deu e na nossa declaração de agradecimento também lembramos o fato de termos descido para o Egito e os egípcios terem nos escravizado

Em outras palavras, viemos para agradecer pelas frutas, mas nesse agradecimento lembramos que éramos escravos no Egito e que Hashem nos tirou de lá com milagres sobrenaturais e nos deu essa terra maravilhosa para nos consolar de tudo que passamos

Na hora que agradecemos pelas frutas e contamos que éramos escravos no Egito e como Hashem nos salvou de lá, as frutas já perdem a importância em relação aos milagres tão grandes que Hashem fez para nos tirar do Egito

Na continuação a Parashá nos conta sobre as bençãos que virão para nós se fizermos as coisas certas e sobre as maldições se fizermos as coisas erradas

Aprendemos daqui o comprometimento Divino em relação à nós, como a Torá compara Hashem ao marido e o povo de Israel à esposa. Quando fazemos o que é certo estamos espiritualmente saudáveis e recebemos de Hashem tudo de bom como a esposa que recebe do marido as roupas novas e as jóias e está super feliz

Quando nos comportamos errado ficamos espiritualmente doentes, nossa Alma fica doente. Então não é hora de recebermos roupas e jóias porque precisamos de uma coisa muito mais importante do que isso, um tratamento que salve a nossa vida

Nessa hora Hashem assume a responsabilidade que ele tem em relação à nós e nos traz o que chamamos de maldições, mas que na verdade são bondades ocultas, muito superiores às bondades reveladas, porque elas tem a capacidade de curar a nossa Alma, o que as bondades reveladas não tem

Essas maldições são o bem do mundo oculto, o mundo do “Tohu” que é superior ao mundo revelado e só consegue descer para esse mundo em forma de maldições, mas quando essa embalagem de maldições passa surge o conteúdo que são bençãos muito superiores às bençãos reveladas

Na hora do “tratamento” imaginamos que essas maldições são tão intensas que elas “vieram aqui para ficar”, e por isso antes de chegar às maldições da Parashá, no agradecimento pelas frutas, já fazemos a nossa declaração de que fomos escravizados no Egito mas que no fim Hashem nos tirou de lá com milagres sobrenaturais e nos deu a melhor terra do mundo para compensar o que passamos

Ou seja, temos a garantia antecipada de que as maldições sempre passam, mas o principal, temos a garantia de que depois que elas passam tudo fica muito melhor do que era antes de ela chegarem para nos consolar do que passamos

E esse é o segredo da nossa vida nesse mundo. Passamos por um longo exílio na nossa história de 3500 anos, ficamos mais tempo fora da nossa Terra Prometida do que nela.

Mas depois de todo esse “tratamento” chega a Gueulá, nossa redenção final em breve em nossos dias e Hashem nos indeniza por tudo o que passamos.

Nossa “Terra Prometida” deixa de ser a dificuldade que é hoje, e no lugar de termos que implorar para pequenos países árabes fazerem conosco acordos de paz dando para eles em troca de um pedaço de papel o lugar do nosso Beit Hamikdash e a terra dos nossos antepassados para eles fazerem um país independente, no lugar disso Hashem vai fazer para nós milagres sobrenaturais à ponto de os milagres da saída do Egito perderem a importância de tão grandes que vão ser os milagres da Gueulá em breve em nossos dias!

Ki Tetzê -5780

Nossa Parashá nos conta que quando formos para a guerra contra nosso inimigo e fizermos prisioneiros, caso aconteça de um soldado judeu se apaixonar por uma prisioneira inimiga (e obviamente não judia) e quiser se casar com ela, não só que a Torá permite à ele ter uma única relação com ela naquela ocasião, mas até o futuro casamento entre eles também será permitido dentro de certas condições

Em primeiro lugar essa situação é estranha sendo que a própria Torá está dizendo que a guerra é contra o inimigo, o que inclui obviamente a “mulher bomba” que ele se apaixonou por ela que foi aprisionada por ser a própria inimiga.

O ambiente da guerra não é nada romântico para que o soldado judeu volte depois disso feliz por ter encontrado a sua “Alma gêmea”, a “mulher bomba” que queria vê-lo morto um minuto antes disso!

Antes da guerra o Cohen fazia uma declaração de que todo aquele que achava que por causa de alguma transgressão que tivesse feito não teria a proteção Divina tão necessária nessa hora de perigo poderia voltar para a retaguarda

Para a frente de batalha só foram os Tzadikim, aqueles que não tinham feito nenhuma transgressão e estavam confiantes na presença Divina que pairava sobre eles e os protegia

O acampamento precisava estar sagrado a tal ponto de os soldados terem que levar uma pá para cobrir o lugar onde foram feitas as necessidades básicas

Em resumo, o soldado era um Tzadik, a mulher era o inimigo, e o ambiente não era nada romântico para ele encontrar lá o “amor da sua vida”, a mulher que minutos antes queria assassiná-lo!

Regra e excessão

Quando a Torá nos traz uma regra, para que haja uma exceção a própria Torá tem que trazer um versículo que determine essa exceção.

Ishmael foi o primeiro filho de Avraham, para que Itzhak se tornasse nosso segundo patriarca a Torá trouxe o versículo “que em Itzhak será considerada a sua descendência” fazendo de Itzhak uma exceção de regra em relação à primogenitura

Essav deveria ser o nosso terceiro patriarca, não fossem os versículos das Bênçãos de Itzhak que por meio deles Yaakov se torna exceção de regra em relação à esse assunto

A regra da Torá é que tudo o que sai de uma criatura impura é impuro e por isso o leite pode ser tanto puro quanto impuro, dependendo se ele saiu de um animal puro ou impuro

A regra da Torá é que não podemos ter uma relação conjugal com uma mulher que não somos casados com ela, e para um judeu se casar com uma mulher ela tem que ser judia ou ter se convertido ao judaísmo por própria vontade

E  isso só acontece depois que ele levou ela para a casa dele e ela chorou pelos seus pais e pela sua cultura anterior.

Estando lá e conhecendo de perto a nossa religião, se ela decidir por própria vontade se converter ao judaísmo seria permitido para ele se casar com ela e ter uma segunda relação conjugal, mas caso ela decidisse não se converter ao judaísmo poderia assumir os sete mandamentos dos Bnei Noa’h e teria o direito de viver livre na Terra Santa

Então porque a Torá faz dessa primeira relação uma exceção de regra e permite isso para ele, se a próxima relação só será permitida depois que ela se converter ao judaísmo por própria vontade e se casar com ele?

A explicação de Rashi

Rashi explica que se a Torá não permitir essa relação ele vai fazer isso de maneira proibida, e por isso a Torá permitiu essa relação. Ou seja, sendo que ele vai fazer isso de qualquer jeito, é melhor ele fazer isso de maneira permitida do que de maneira proibida,

Também levando em conta o que o Cohen disse antes de irem para a frente de batalha que se alguém tivesse feito algo contra a vontade Divina a ponto de estar com medo de morrer na guerra por causa disso deveria voltar para a retaguarda e não estar lá

O que aconteceria agora se ele fizesse essa proibição causando a profanação da santidade no acampamento fazendo com que a presença Divina não pairasse mais sobre nós? Perderíamos a guerra! E por isso a Torá fez disso uma exceção de regra, para que ele não cause essa profanação e todas as consequências que ela pode trazer

Esse motivo desperta algumas perguntas:

Só iria para a guerra quem não tivesse feito coisas erradas antes, pessoas idôneas que não se comportariam de maneira incorreta principalmente nessa situação

O ambiente da guerra não era nada romântico e a mulher era a inimiga, quem faria uma coisa dessas em uma situação assim?

Porque a Torá liberou somente a primeira relação? Se ele é suspeito de ter a primeira relação de forma proibida e por isso a Torá liberou essa primeira relação, ele é suspeito de ter uma segunda relação também, e porque a Torá não liberou essa segunda relação?

E também porque somente isso é exceção de regra nesse caso? A Torá poderia liberar muitos outros mandamentos também por esse mesmo motivo, e porque liberou somente esse?

A explicação do Ari Zal

Diz o Ari Zal que o motivo pelo qual a Torá liberou essa primeira relação é um motivo totalmente espiritual. Quando Adam Harishon comeu a fruta proibida misturou nesse mundo o bem e o mal, e muitas Almas Divinas elevadíssimas caíram mas profundidades da impureza

Essa Alma tão elevada que caiu em um lugar tão impuro agora tem uma oportunidade única de ser resgatada, e essa Alma Divina que caiu nas impurezas é nada mais nada menos do que a Alma dessa mulher inimiga!

O fato de ele ter se apaixonado por ela mesmo ela sendo a inimiga e também o fato de ela ser linda para ele e não para os outros demonstra que a raíz da Alma dele e da Alma dela são a mesma e ele pode resgatar essa Alma que caiu nesse lugar

As vezes em um só corpo se encontram duas Almas, e nesse caso com essa primeira relação a Alma Divina que estava nela se desprende da Alma original dela e se une à Alma dele

As vezes essa Alma Divina é a própria Alma dela, e por meio dessa primeira relação ela recebe um aspecto espiritual da Alma dele que vai ajudá-la a se libertar das impurezas

A continuação da história é que ela foi morar na casa dele, um lar Judaico, e entrou no ambiente Judaico. Se essa Alma Divina ainda está nela essa Alma já desperta depois de tudo isso e essa mulher decide que quer se converter ao judaísmo, e aí se eles quiserem ela já pode se casar com ele

Se essa Alma Divina passou para ele durante aquela primeira relação ela não vai ter nenhum interesse em se aproximar do judaísmo e vai ser livre na Terra Santa cumprindo os sete mandamentos de Bnei Noa’h

E por isso, diz o Ari Zal, a Torá liberou essa primeira relação, para resgatar aquela Alma Divina que estava caída no fundo do precipício

E daqui aprendemos que quando alguém quer se converter ao judaísmo por própria vontade ele está vivenciando o despertar dessa Alma Divina, e por isso quando a Torá fala sobre alguém que se converte ao judaísmo usa a expressão “Guer SheMitgaier” (convertido que se converte) e não “goi SheMitgaier”. Porque o que causou a conversão daquela pessoa foi a Alma Divina que já estava nela antes disso.

E o que costumam dizer que alguém que se converte ao judaísmo recebe uma Alma judia, a intenção é que essa Alma judia que já estava nele oculta e causou para ele essa aproximação ao judaísmo se revela nele a partir do momento da conversão

Shoftim  – 5780
Nossa Parashá nos conta que devemos colocar juízes e policiais em todos os nossos portões

Nossos Sábios aprendem daqui que toda cidade deve ter juízes e policiais. A lei Judaica em relação à isso é clara, mas porque a Torá cita os juízes antes dos policiais e usa a palavra portões no lugar da palavra cidades?

A explicação do Ari Zal

O Ari Zal explica que a intenção da Torá em primeiro lugar é a de colocarmos primeiro juízes e depois policiais em todas as entradas do nosso corpo que são nossos cinco sentidos

Ou seja, primeiro julgarmos de acordo com a Torá se aquela determinada coisa que estamos vendo, ouvindo, comendo, bebendo, cheirando ou sentindo é permitida pela Torá e depois desse julgamento devemos policiar as entradas do nosso corpo e deixar entrar para dentro de nós por meio dos nossos cinco sentidos somente o que é permitido pela Torá

Existem situações em que uma visão desagradável consegue ultrapassar o nosso auto policiamento causando para nós um trauma, aí novamente entram em ação os juízes e policiais do nosso corpo

Em primeiro lugar julgamos aquela situação que nos causou o trauma e encontramos uma solução para retirá-la de dentro de nós

Onde há alegria não há tristeza

Esse foi o caso do profeta Elishá. Na época dele os países de Israel, Judéia e Edom se uniram para fazer uma guerra contra Moav. Por um erro de avaliação a água desses exércitos acabou no meio do deserto a três dias de distância de qualquer lugar que tivesse um pouquinho de água

Os três reis se reuniram e chegaram à conclusão de que se não houver um verdadeiro milagre todos morrerão. O Rei da Judéia que se chamava Yoshafat era um judeu religioso, e em vista à situação ele perguntou se não havia entre eles um profeta de Hashem.

Disseram para ele que está aqui no acampamento Elishá, o profeta que ficou famoso por ter feito um grande milagre em relação à água. Ou seja, não só que havia lá um profeta, mas também que esse era exatamente o profeta que eles precisavam naquela hora, e se ele acompanhou o exército não foi por querer participar da guerra mas sim porque ele tinha uma profecia para falar

Elishá foi chamado para a reunião dos reis. Vendo o rei de Israel que era um idólatra e obrigava todo o seu país a fazer idolatria Elishá ficou triste, e como consequência disso a revelação Divina deixou de pairar sobre ele e a profecia o deixou

Sendo que o profeta antigo incorporava a profecia e fazia com que ela descesse para o mundo, se o profeta não ficasse alegre a profecia não pairaria sobre ele e consequentemente não desceria para o mundo e o milagre não aconteceria. Elishá não tinha escolha, ele viu a pessoa ruim e isso despertou nele a tristeza, como tirar essa tristeza agora?

Ele teve uma ideia de como fazer isso artificialmente. Pediu para trazerem alguém para tocar uma música. Quando o músico começou a tocar, Elishá ficou alegre e aí pairou sobre ele a presença Divina e ele voltou a ser um profeta.

O final dessa história vocês já devem ter imaginado, ele falou a profecia de que Hashem iria trazer muita água para todos esses exércitos e pouco tempo depois aquele lugar virou um lago!

Daqui aprendemos que não é o suficiente sermos os juízes e guardas do nosso corpo, de vez em quando deixamos sem querer passar alguma coisa, então temos que fazer como o profeta Elishá e não viver na tristeza mesmo que ela tenha um motivo espiritual para se revelar dentro de nós, mas despertar a alegria mesmo que para isso precisemos de um artifício.

O objetivo de policiarmos nossos cinco sentidos é para que a presença Divina paire sobre cada um de nós e ela só paira onde há alegria, precisamos nos fechar para que as coisas ruins não entrem para dentro de nós mas temos que nos abrir em dobro para as coisas boas, para que elas entrem dentro de nós.

Elul é o mês da Teshuvá, e como toda Mitzvá deve ser feita com muita alegria, a Mitzvá da Teshuvá deve ser feita com mais alegria ainda, como a alegria de uma criança perdida na floresta que encontra o caminho para voltar para casa!

Então, vamos fazer a nossa Teshuvá com muita alegria e entusiasmo, fazer o balanço anual de tudo o que fizemos de certo e errado, assumir que não voltaremos a fazer as coisas erradas, acrescentar na quantidade e qualidade das coisas certas, e no mérito da nossa correção de rumo Hashem vai dar para cada um de nós um ano bom e doce

Reê – 5780

Nossa Parashá nos conta sobre animais puros e animais impuros.

Os animais puros são ruminantes e tem casco fendido. Se o animal não tem esses dois sinais, mesmo tendo somente um dos sinais ele continua sendo impuro. A Torá nos conta sobre quatro espécies de animais que tem um sinal só

O porco que tem o casco fendido mas não é ruminante, o “Gamal” o “Shafan” e a “Arnevet” que são ruminantes mas não tem o casco fendido. Sendo que esses animais com um sinal só também são classificados como animais impuros, qual é o motivo que a Torá precisa nos contar que existem quatro espécies de animais impuros com somente um sinal de pureza?

O Shul’han Aru’h traz a lei na prática em relação à isso, trazendo uma regra de que todo animal que tem casco fendido também rumina fora o porco, e se você encontra um animal com casco fendido e sabe que ele não é uma raça diferente da “espécie porco” você não precisa conviver com esse animal até descobrir que ele é ruminante mas pode confiar nessa regra

Outra regra nos traz o Shul’han Aru’h de que todo animal que rumina tem o casco fendido fora o “Gamal” o “Shafan” e a “Arnevet”, portanto se você encontra no deserto um animal com os cascos cortados e não sabe se o casco é fendido por baixo ou não, se você conhece bem as espécies do Gamal, Shafan e Arnevet em todas as suas raças e você sabe que esse animal não pertence à uma dessas três espécies você pode considerá-lo um animal puro aplicando essa regra

“Espécie” e “raça”

Pela Torá os animais que se cruzam entre si e tem filho fértil são considerados raças de uma mesma espécie. Se eles se cruzam e não tem filhos ou o filho não é fértil eles são considerados duas espécies diferentes

O motivo para isso é que quando os animais saíram da Arca de Noé eles receberam a Benção Divina para se multiplicar. Os animais que não estavam na Arca e não receberam essa benção, ou seja, novas espécies que surgiram de um cruzamento de duas espécies diferentes, não são férteis por esse motivo, como por exemplo a mula

Por isso, quando a Torá nos conta sobre quatro espécies de animais impuros com um único sinal de pureza que não os torna puros por causa disso, a Torá está falando sobre quatro espécies e não sobre raças. Ou seja, se essas espécies se cruzarem entre si, ou não terão filhos ou os filhos não serão férteis e não darão continuação à essa nova espécie

O criador do dicionário do hebraico moderno, Eliezer ben Yehuda usou como uma das bases para o seu dicionário a tradução da Bíblia cristã para as línguas que ele falava. Mesmo sabendo que Shafan e Arnevet não são coelho e lebre ele optou pela tradução da Bíblia cristã para definí-los e não para fontes judaicas, provavelmente pelo motivo de ter se esforçado para que a Inglaterra reconhecesse o hebraico moderno como língua falada

Por isso no dicionário de hebraico atual o Shafan e a Arnevet são traduzidos como coelho e lebre, erro clássico dos padres católicos demonstrando a falta de conhecimento deles em relação à Torá, sendo que o coelho e a lebre se cruzam entre si e tem filhos férteis demonstrando claramente que pertencem à mesma espécie,

Fora isso, se você disser que coelho ou lebre são ruminantes você está automaticamente dizendo que não existem somente quatro espécies de animais impuros com um único sinal de pureza mas sim centenas de espécies nessa categoria

A Guemará nos conta que se alguém fizer uma pergunta de como podemos provar que Moshe Rabeinu, o maior de todos os profetas, recebeu a Torá, a maior de todas as profecias, diretamente de D’us, e não escreveu ela da sua própria cabeça, devemos dar como resposta o fato de que Moshe Rabeinu não teria como saber que existe no mundo inteiro somente quatro espécies de animais impuros com um único sinal de pureza a não ser que o próprio D’us que criou todos os animais tenha revelado isso para ele, e essa é a prova de que a Torá é Divina e não humana

Quando aceitamos a tradução da Bíblia cristã, ou seja, os erros de tradução da Bíblia cristã, e traduzimos o Shafan e a Arnevet como coelho e lebre, não só que estamos indo contra a nossa própria religião mas também estamos dando à eles a possibilidade de dizer que a Torá não foi dada por D’us mas Moshe escreveu ela da sua própria cabeça, nos tornamos cúmplices dessa deturpação

E o Mandamento Divino de destruir toda a idolatria da nossa terra prometida também se encontra na nossa Parashá. Ou seja, na nossa propriedade não pode haver idolatria. E se até na nossa propriedade física não deve haver idolatria, quanto mais na nossa propriedade intelectual, e mais ainda na nossa propriedade espiritual que é a nossa Torá, que devemos apagar dela toda a influência da idolatria

Ekev  – 5780
Na nossa Parashá Moshe Rabeinu conta para o povo de Israel como conseguiu anular o decreto Divino que pairava sobre o nosso povo por causa do bezerro de ouro

 Diz o Zohar que Hashem (D’us) dirige o mundo e o Tzadik dirige Hashem(!). Ou seja, Hashem faz um decreto, o Tzadik anula o decreto de Hashem, o Tzadik faz um decreto, Hashem oficializa o decreto do Tzadik!

 O Zohar usa uma linguagem explicitamente forte em relação à isso, e diz que “O Tzadik manda em D’us”! Nessa passagem da nossa Parashá vemos a veracidade dessas palavras

 A situação que o nosso povo estava no Egito foi a pior de toda a nossa história. Todo o nosso povo estava em um país de onde era impossível de se sair, e a maioria do nosso povo estava escravizado dentro dele. Em nenhuma outra etapa da nossa história passamos por uma situação semelhante à essa

 Hashem trouxe dez pragas ao Egito, abriu o mar para nós e o fechou sobre os egípcios que estavam nos perseguindo, fez a comida descer do céu, a água nos acompanhar e as nuvens nos proteger, em nenhuma outra etapa da nossa história Hashem fez para nós milagres tão grandes

 No Monte Sinai recebemos a Torá e ouvimos do próprio D’us a proibição de fazer idolatria. A pessoa mais simples do nosso povo viu no Monte Sinai um nível de revelação Divina maior do que o próprio profeta Yehezkel viu na sua maior profecia conhecida como a “Merkavá”, em nenhuma outra etapa da nossa história Hashem fez para nós uma revelação tão grande

 Apenas cinquenta dias após a saída do Egito e quarenta dias após recebimento da Torá e de ter ouvido diretamente de D’us a proibição de fazer idolatria, nosso povo faz a maior idolatria de toda a nossa história, um bezerro de ouro com vida própria, uma infinita ingratidão contra Hashem que fez para eles tantos milagres para trazê-los até aqui são e salvos

 Esses extremos nunca mais aconteceram na nossa história, nunca mais estivemos em uma situação tão ruim como estávamos no Egito, nunca mais tivemos milagres tão grandes como aqueles que Hashem fez para nos tirar do Egito e nunca mais tivemos uma revelação Divina tão grande como a entrega da Torá.

 Toda a idolatria que o nosso povo fez depois de entrar na terra prometida pode ser justificada pelo motivo de que aquelas pessoas que fizeram as idolatrias terem ouvido dos seus pais sobre os grandes milagres que Hashem fez para nos tirar do Egito e as grandes revelações que aconteceram com a entrega da Torá, mas não terem presenciado nem esses milagres e nem essas revelações

 Mas o povo de Israel que saiu da miséria do Egito com grandes riquezas e viu toda a revelação da entrega da Torá não teve nenhuma justificativa para fazer aquela idolatria

 E aqui vemos a grandeza do Tzadik e a veracidade das palavras do Zohar. Moshe Rabeinu, vendo que o povo não tem nenhuma justificativa pede para Hashem levar em conta o que dirão os povos do mundo. E por fim pede para Hashem apagar o nome dele (de Moshe) da Torá caso não queira desculpar o povo de Israel

 Hashem concorda em desculpar o nosso povo e anula o decreto Divino de o nosso povo desaparecer da face da Terra e dar continuidade aos nossos patriarcas por meio da descendência de Moshe, deixando claro que o que Hashem decreta o Tzadik consegue anular, mas o que o Tzadik decreta Hashem é obrigado a oficializar

 E se até no caso mais extremo da nossa história o Tzadik conseguiu anular o decreto Divino que estava 100% justo, quanto mais em qualquer outro caso sendo que nenhum outro caso na nossa história teve todos esses extremos como o caso do bezerro de ouro, e na maioria dos casos nosso povo tem algum mérito

 diferente do caso do bezerro de ouro em que nosso povo não tinha nenhum mérito e mesmo assim Moshe Rabeinu conseguiu anular o decreto Divino usando o argumento de “o que vão dizer os povos do mundo” e também usando o próprio mérito para anular o decreto

 Por isso, diz o Zohar, sempre trinta dias antes de acontecer uma coisa ruim para o nosso povo, Hashem revela ao Tzadik da geração a coisa ruim que está para acontecer para que ele possa anular o decreto Divino a tempo

 Por isso temos que falar sempre sobre os méritos do nosso povo para ajudar o Tzadik nesse trabalho tão difícil, e nunca falar sobre os defeitos do nosso povo, para não fortalecer os anjos da acusação chamados de “mekatreguim” no tribunal Divino e enfraquecer o Tzadik nesse momento em que ele precisa de nós para ajudá-lo, e não, D’us nossa livre, para ajudar o lado contrário,

principalmente agora nessa época tão delicada para o nosso povo, época em que estamos prestes a receber a nossa Gueulá, nossa redenção final, e sobre essa época disseram nossos Sábios “Que ela venha mas que eu não esteja lá nessa hora” ,

ou seja, uma época na qual os milagres Divinos serão tão grandes a ponto de que os milagres da saída do Egito vão perder a importância em relação à eles.

Agora é a reta final da Gueulá. Nossos Sábios deram sinais sobre essa época e estamos vivenciando todos esses sinais, e a conclusão é: Quando uma mulher começa a sentir os sinais de que ela vai dar a luz é só uma questão de pouco tempo para isso acontecer na prática !

Vaet´hanan – 5780

Na nossa Parashá Moshe Rabeinu lembra o povo sobre os Dez Mandamentos Divinos que foram dados no Monte Sinai logo após a saída do Egito.

Os dois primeiros Mandamentos ouvimos diretamente de Hashem (D’us) e nos outros Mandamentos Moshe Rabeinu falou o Mandamento Divino e Hashem fez com que todos escutassem

Os primeiros dois Mandamentos, os que ouvimos diretamente de Hashem, estão em uma categoria de “desmaterialização dos conceitos”. Para entendermos isso precisamos analisar profundamente o terceiro princípio da fé judaica do Rambam que toca exatamente nesse assunto

 O Terceiro Princípio da fé judaica :

Creio com plena fé que o Criador não é corpo. Conceitos físicos não se aplicam a Ele. Não há nada que se assemelhe a Ele

Quando falamos sobre diferenças entre matéria e Revelação Divina temos que entender que os conceitos espirituais estão tão acima do material que qualquer exemplo material dado sobre um assunto espiritual só serve para “acalmar o ouvido” como dizem nossos sábios.

Quando morava em Haifa , Israel , vivia lá um grande rabino que no passado foi fazendeiro, trabalhava com um trator em um Kibutz e por fim foi estudar Torá e se tornou um grande rabino. Seu nome era Reuven Dunin

Voltando para o Kibutz onde criavam vacas e ovelhas tentou explicar para eles assuntos  de Torá , sempre sendo rudemente contestado com muitos palpites cuja fonte era uma ignorância profunda em relação a qualquer assunto espiritual.

A linguagem era direta e grossa, até que ele próprio acabou sendo novamente envolvido pelo ambiente do qual fazia parte no passado e disse com uma voz determinada:

– Vamos conversar sobre o que realmente entendemos, sobre vacas e ovelhas.

Os ânimos se exaltaram, isso era realmente um assunto interessante !

O rabino pergunta:- Minha gente, porque a vaca faz omeletes e a ovelha azeitonas ? (referindo-se a forma que as fezes de cada animal é expelida.) Todos se calaram,ninguém sabia.

:- Minha gente, respondeu ele com uma voz entusiástica , nem de mer…… (Se referindo às fezes dos animais)  vocês entendem, como vocês querem dar palpite sobre o que é uma revelação Divina.?……

A desmaterialização dos conceitos:

Falar com um ser humano sobre o que é um “mundo da Yetzirá” (Baixo Paraíso) ou um “Mundo da Briá” (Alto Paraíso) e quais revelações Divinas temos nessas grandes alturas espirituais é como por exemplo descrever para um cego que nasceu cego e só vê escuridão tudo o que você viu nas suas ultimas férias , paisagens maravilhosas que ele não tem como imaginar.

Você vai contando para ele e no pensamento dele “preto mais preto é igual a preto” “escuro mais escuro é igual a escuro” e por fim ele te diz que já conseguiu imaginar tudo o que você contou.

Você responde :- Querido, você não tem culpa, mas se você conseguiu imaginar saiba que não é isso!

Simplesmente você pode ouvir mas não pode imaginar, tudo que você vai imaginar vai ser “preto mais preto é igual a preto, uma grande escuridão!”

Assim funciona o nosso pensamento , ” matéria mais matéria é igual a matéria ” e novamente “matéria mais matéria é igual a matéria” e você acha que já sabe tudo!

Ou seja , espiritualmente falando “preto mais preto é igual a preto” se conseguimos com nosso pensamento imaginar o espiritual uma coisa já podemos ter certeza :- Que não era isso!!!

Ou seja, o espiritual é tão bom, tão melhor , que não temos os sentidos para imaginá-lo .

Então simplesmente temos que saber que O Criador não é corpo. Conceitos físicos não se aplicam a Ele. Não há nada que se assemelhe a Ele;

Nosso principal problema é que desde pequenos damos forma ao que ouvimos (e sendo que são formas materiais consequentemente são erradas) e o nosso trabalho Divino principal é eliminar essas materializações dos assuntos espirituais e cada vez novamente nos conscientizar de que O Criador não é corpo. Conceitos físicos não se aplicam a Ele. Não há nada que se assemelhe a Ele !

Dvarim

Nossa Parashá nos conta que antes de falecer, Moshe Rabeinu começou a traduzir a Torá para setenta línguas.

Pelo fato de ele ter feito isso no final da sua vida no lugar de passar seus últimos momentos com a sua família vemos a extrema necessidade e importância dessas traduções. Mas quando nos perguntamos para quem ele precisou fazer essas traduções não sabemos responder

Se essas traduções foram feitas para o nosso povo, sabemos que mesmo estando no Egito durante 210 anos eles não mudaram seu idioma mas continuaram falando o hebraico clássico que era falado pelos nossos patriarcas e que vinha desde a criação do mundo

Se essas traduções foram feitas para a “Erev Rav”, a “grande mistura” que era uma multidão de egípcios que saíram com o nosso povo de lá, seria o suficiente traduzir a Torá para a língua egípcia antiga

Se essas traduções foram feitas para as pessoas que futuramente iriam se converter ao judaísmo elas seriam desnecessárias sendo que essas pessoas teriam que fazer parte de uma comunidade judaica e para isso teriam que falar a língua falada pela comunidade

E na época de Moshe Rabeinu a única comunidade judaica que existia no mundo era o povo de Israel no deserto que em breve entraria na “terra prometida” transformando ela em “Terra Santa” e fazendo do hebraico clássico sua língua oficial

Portanto qualquer pessoa que quisesse se converter ao judaísmo e consequentemente viver na comunidade judaica teria que aprender o hebraico clássico, a língua do único lugar do mundo onde se encontrava absolutamente toda a comunidade judaica

Sendo assim, aparentemente não havia nenhuma necessidade de traduzir a Torá para setenta línguas na época de Moshe Rabeinu. Somente 810 anos depois de Moshe quando nosso povo foi exilado para a Babilônia e trocou sua língua oficial para o aramaico surgiu a necessidade de traduzir a Torá

A tradução para o aramaico foi feita por Unkelus, o sobrinho do imperador romano Titus que destruiu o segundo Beit Hamikdash. O próprio Unkelus tinha se convertido ao judaísmo e traduziu a Torá para o aramaico que não era uma das setenta línguas para as quais Moshe Rabeinu traduziu a Torá no final da sua vida

D’us criou o mundo em hebraico clássico. No sexto dia da criação, Adam e Havá (Adão e Eva) foram criados já falando hebraico clássico, e essa foi a língua do mundo inteiro até a Torre de Bavel

Todas as pessoas naquela época tinham uma única língua que era o hebraico e juntos fizeram uma torre que chegaria até acima das nuvens para provar cientificamente que não existe D’us.

Foi necessário um grande milagre para que a união de todos com o objetivo de fazer o mal terminasse. D’us mandou para eles o anjo Gavriel que fez com que eles começassem a falar setenta línguas diferentes que deram origem à absolutamente todas as línguas do mundo fora o aramaico e o árabe

O milagre das setenta línguas fez com que aquelas pessoas se espalhassem pelo mundo e dessem origem à setenta povos diferentes que são a origem de todos os povos de hoje

Uma parte da humanidade, provavelmente a pequena parte que não havia participado da construção da torre de Bavel, continuou falando hebraico. O hebraico mal falado virou o aramaico e o aramaico mal falado virou o árabe

Sendo assim, a primeira vez que o nosso povo precisou realmente de uma tradução da Torá foi pelo menos 810 anos depois de Moshe Rabeinu

Então voltamos à nossa pergunta inicial, porque Moshe Rabeinu gastou o precioso tempo do final da sua vida traduzindo a Torá para setenta línguas, tradução aparentemente desnecessária e que jamais foi usada?

Moshe Rabeinu traduziu a Torá para nós

Com a entrega da Torá no Monte Sinai começou a sincronização entre o mundo de cima, o mundo espiritual, e o nosso mundo de baixo, o mundo material

 Matot  -5780

Nossa Parashá nós conta sobre a guerra contra Midian. Na Parashá anterior Moshe Rabeinu recebe a ordem Divina para fazer essa guerra, por isso ela vai ser totalmente diferente de uma guerra convencional, aqui se trata de uma guerra contra almas e não contra corpos

O Zohar nos ensina que existem quatro níveis genéricos de “klipá” que é a denominação para o lado espiritual impuro. Ou seja, a klipá se divide em quatro categorias.

O profeta Yehezkel na sua profecia conhecida como “Merkavá” nos indica essas quatro categorias do lado impuro comparando a pior delas, a primeira klipá impura, à um furacão.

A segunda, menos forte do que a primeira é comparada à uma grande nuvem espessa

A terceira, menos forte que as duas anteriores, é comparada ao fogo que se espalha

A quarta que já tem um pequeno aspecto bom e por isso, mesmo sendo uma klipá, já não é chamada de klipá impura mas denominada klipat noga

As almas dos animais impuros são provenientes dessas três klipot impuras, a alma de um tigre não se compara à alma de um cavalo mesmo sendo as duas provenientes da klipá impura porque o fato de o tigre viver em função de si próprio e ninguém ter nenhum usufruto dele demonstra que a proveniência da alma dele é de uma klipá impura mais forte do que a do cavalo que mesmo sendo um animal impuro nos beneficia em vários aspectos

O ser humano, diz o Zohar, também tem uma alma animal que na sua maioria provém das três categorias de klipá impuras, e na sua minoria da klipat noga que tem o lado bom também.

A pessoa que tem a alma animal da klipat noga pode ter também uma Alma Divina vinculada à ela, que no caso do nosso povo essa Alma Divina somos nós. Ela que vai para o paraíso por ter feito o bem nesse mundo ou para uma retificação por ter tido um mal comportamento

A klipá impura à qual pertenciam a maioria das almas das pessoas de Midian estava na categoria mais grave e era a mesma klipá que dá origem ao ódio gratuito

Por isso Moshe Rabeinu ficou espantado pelo fato de os soldados terem deixado vivos os meninos e as jovens de Midian. Enquanto os soldados viram corpos Moshe viu almas, viu a klipá de Midian em forma humana

Assim eram a maioria dos midianitas, e por isso Moshe pediu para os soldados deixarem vivos só as meninas. Moshe via as Almas e tinha como diferenciar isso. Ele sabia que os meninos quando crescessem se comparariam à um tigrezingo de estimação que quando cresce come o próprio dono que o criou com tanto amor e carinho.

A esposa de Moshe era midianita e seu sogro Ytró, acrescentou uma Parashá na Torá nos mostrando que, mesmo sendo a maioria dos midianitas almas da pior klipá impura, mesmo entre eles haviam excessões como os filhos de Ytró que receberam a cidade de Yerihó na Terra Santa e depois foram estudar Torá no deserto

Por isso que nessa guerra que foi feita por ordem Divina, Moshe Rabeinu sabendo a intenção Divina e vendo as Almas de todos os midianitas pediu aos soldados para deixarem vivos somente as meninas

Outro caso igual à esse era a guerra do rei Shaul com os Amalequitas. Naquela ocasião Shaul deixou o rei do Amalek vivo com uma serva

A serva engravidou dele e o descendente dela era Haman que articulou o holocausto de todo o nosso povo e só por um enorme milagre aquele holocausto não só que não aconteceu mas também se transformou na nossa festa de Purim

As leis de Casherização dos utensílios

Quando recebemos a Torá tivemos que comer laticínios porque a comida que tinha sido feita antes da entrega da Torá já não era mais casher para nós após a entrega da Torá. Então porque Hashem esperou quase quarenta anos para nos dar oficialmente as leis de Casherização dos utensílios?

Fogo espiritual e fogo material

As leis de casherização poderiam ter sido ensinadas ao nosso povo logo após a saída do Egito quando recebemos a Torá e descobrimos que a comida que fizemos para comemorar esse acontecimento deixou de ser casher especificamente por causa dele, então porque estudamos que tudo o que foi usado no fogo tem que ser casherizado por meio do fogo, e tudo o que não foi usado no fogo deve ser casherizado por meio da água, (purificado pelas águas do Mikve) só depois do caso das mulheres de Midian?

Por influência de uma cultura que não é a nossa nossa acostumamos a pensar que somos obrigados a sofrer para nos purificar de qualquer mal que fizemos, e depois de sofrermos nos sentimos desculpados por D’us

E aí vem a Torá nos ensinar que o fogo da paixão e o entusiasmo que os homens judeus sentiram quando se encontraram com as midianitas a ponto de estarem dispostos a fazer idolatria por elas não desaparece por meio de sofrimentos mas sim por meio de usarmos esse mesmo fogo de paixão e esse mesmo entusiasmo para o nosso trabalho Divino

Ou seja, da mesma maneira que a panela que foi usada no fogo só consegue ser casherizada por meio do próprio fogo, o mesmo acontece com as nossas paixões, com o nosso entusiasmo que é o fogo espiritual.

Diz o Ari Zal que Zimri bem Salu e todos os 24.000 homens da tribo de Shimon que morreram por causa das mulheres de Midian se reencarnaram novamente para retificar o que fizeram.

O sofrimento da epidemia não retificou todos os níveis das almas deles que foram afetados pelo entusiasmo que tiveram pelas mulheres proibidas

Eles se reencarnaram como Rabi Akiva e seus 24.000 alunos e o lema de Rabi Akiva era “Ame ao próximo como a si próprio, essa é a grande regra da Torá”. Ou seja, se você teve entusiasmo pela coisa ruim, o conserto disso é ter entusiasmo pela coisa boa.

Conclusão:

Mesmo que a coisa mais fácil do mundo é sofrer para se sentir desculpado, na maioria das vezes o sofrimento leva à tristeza, e por fim temos que prestar contas tanto pela coisa ruim que fizemos quanto pelo sofrimento que sofremos e por meio dele estragamos a nossa saúde física e mental, enquanto o certo é rezar, estudar Torá, e cumprir todos os mandamentos Divinos com o mesmo entusiasmo, com o mesmo amor, com a mesma paixão que fizemos as coisas ruins

E esse é o verdadeiro conserto, como a panela que foi usada no fogo tem que ser casherizada no fogo assim também o fogo do nosso entusiasmo pela coisa ruim tem que ser casherizado por meio de usarmos ele para o trabalho Divino

Pin´has5780

Nossa Parashá nos conta que Pin’hás fez um ato heróico e conseguiu salvar nosso povo de uma epidemia fatal. Como reconhecimento Divino pelo seu heroísmo Hashem (D’us) fez com que ele se tornasse um Cohen por exceção de regra

Ou seja, sempre que a Torá traz uma regra e existe uma exceção dentro dela, a própria Torá tem que trazer um versículo determinando que esse caso específico é uma exceção

Como no caso de Ishmael que era o primeiro filho do nosso patriarca Avraham e por regra deveria ser o segundo patriarca do nosso povo, surge o versículo que diz que “em Itzhak será nomeada a sua descendência” excluindo qualquer outra alternativa que não seja Itzhak, mesmo estando ela na regra e Itzhak fora da regra

E assim também no nosso caso, sendo que a regra da Torá é que para ser um Cohen a pessoa tem que ser o fruto do relacionamento entre um Cohen e uma mulher permitida para ele, para que alguém se torne um Cohen por exceção de regra a mesma Torá tem que trazer essa exceção, e isso foi o que aconteceu na nossa Parashá em relação à Pin’hás, e esse caso foi o único caso de excessão de regra para tornar alguém Cohen em toda a nossa história

E qual foi o ato heróico que justificou a própria Torá abrir uma excessão de regra em relação à Pin’hás? Para entender isso vamos voltar um pouco atrás na história do nosso povo, quando eles saíram do Egito e estavam prestes a entrar na terra prometida

O povo pediu para mandar espiões e Moshe mandou. Os espiões que eram os presidentes de cada tribo, no lugar de descreverem o que viram se aproveitaram dessa situação para convencer o povo a ficar no deserto, sendo que na opinião deles deveríamos estudar muitos anos de Torá para estarmos preparados para enfrentar os testes do dia a dia na terra prometida

A prova de que eles estavam errados foi que depois de quarenta anos estudando Torá no deserto vieram as mulheres de Midian e de Moav e se oferecem aos homens do nosso povo colocando o serviço da idolatria delas como condição irrevogável para uma relação íntima onde tudo é permitido

Os homens do nosso povo que estavam acostumados à uma vida regrada se tornaram presas fáceis para essa proposta, o serviço da idolatria que ela trouxeram era fazer sobre a estátua o que você faz no toilette (isso mesmo) e por isso eles não achavam que estavam fazendo idolatria de verdade, mas estavam!

Ou seja, um deuzinho que permite tudo e até pede para você fazer encima dele o que você faz no toilette, e uma mulher que implora para você fazer com ela tudo o que você não pode fazer com a sua esposa em casa….

Mas a consequência disso foi trágica, como vimos que por causa disso começou uma epidemia e se não fosse o ato heróico de Pin’hás que conseguiu parar essa moda fazendo desaparecer a epidemia que veio por causa dela, nosso povo desapareceria

A estrutura política do nosso povo era muito boa. Cada tribo tinha um presidente e Moshe era o juíz de todas as tribos. Moshe não era o rei e nem o ditador, não tinha autonomia para deportar alguém do nosso povo e por isso até no caso do “bezerro de ouro” ele precisou do apoio político da tribo de Levi para fazer uma guerra civil contra os idólatras.

Os presidentes das tribos tinham autonomia política mas não judicial, e essa estrutura continuou igual depois que nosso povo entrou na terra prometida e a transformou em “Terra Santa”. Essa época foi conhecida como “a época dos juízes” e durou mais de trezentos anos desde Moshe, nosso primeiro juíz, até a nomeação do rei Shaul, o primeiro rei de israel

Sendo que os presidentes das tribos tinham autonomia política mas não legal, quando Zimri bem Salu, presidente da tribo de Shimon, pegou a princesa de Midian e a levou para Moshe Rabeinu que era o supremo juiz, segurou-a pela franja mostrando-a para Moshe e disse:- Se a sua esposa é permitida para você, essa mulher também é permitida para mim, mas se essa mulher é proibida para mim sua esposa também é proibida para você! (a esposa de Moshe também era midianita mas tinha se convertido ao judaísmo, o contrário de Cozbi que levou Zimri para o serviço da idolatria dela)

Depois de desafiar Moshe que ficou sem resposta, Zimri levou Cozbi para a sua tenda demonstrando por meio disso que o presidente decidiu assim e o juíz aparentemente concordou

A oficialização do relacionamento de Zimri com Cozbi, que de acordo com o que ele disse para Moshe tinha a mesma validade do que o casamento de Moshe com Tzipora, deu a legitimação para que todo aquele que quisesse pegar uma mulher de Midian e levar para casa não estava fazendo algo contra a lei, mas muito pelo contrário, estava se comportando como o presidente e aparentemente também como o juíz

Pin’hás pegou uma lança de pequeno porte, conseguiu se infiltrar até a tenda de Zimri, espetou os dois no momento do relacionamento íntimo e a partir desse momento os milagres começam a acontecer, começa a interação Divina com o nosso povo

A epidemia parou, os homens da tribo de Shimon tentaram matar Pin’hás e não conseguiram, Pin’hás milagrosamente desfilou por todas as tribos mostrando os dois espetados no meio do relacionamento, e o romance entre os homens judeus e as mulheres de Midian virou um grande filme de terror fazendo com que todos perdessem a vontade de pegar uma mulher no acampamento das midianitas e provavelmente morrerem espetados por outros loucos que com certeza já devem estar aparecendo à exemplo de Pin’hás.

Se não acontecesse a interferência Divina, Pin’hás no lugar de se tornar Cohen poderia passar por um julgamento de assassinato, mas o próprio D’us interferiu e Pin’hás que foi visto aparentemente como um assassino virou o grande herói do nosso povo

“Medida por medida”

Quando nosso povo se comportou como um amontoado de cobras falando mal de Hashem (D’us) e de Moshe, matando com palavras, matando pela boca, Hashem trouxe para eles como “medida por medida” as cobras do deserto que também mataram com o veneno das suas bocas. No caso das mulheres de Midian Hashem (D’us) trouxe para eles uma doença

Porque uma doença é a “medida por medida” para as relações ilícitas?

Para entendermos isso vamos voltar ao sexto dia da criação do mundo. Quando Hashem criou os animais Ele não fez uma vaca e um boi de terra e depois colocou nele uma Alma, somente na criação do homem ele fez um boneco de Terra e “soprou” nas narinas dele uma Alma Divina. Uma pessoa só com uma Alma só que depois foi dividida em dois corpos, uma parte se tornou o homem se tornou a mulher, dois corpos para uma única Alma, uma Alma com aspecto feminino e aspecto masculino

Pergunta o Zohar, sendo que D’us está infinitamente acima dos conceitos materiais, porque a Torá usa a expressão “soprou nele uma Alma Divina”?

O motivo para isso, diz o Zohar, é que quando sopramos, sopramos o que temos dentro de nós, e quando colocamos, colocamos o que está fora de nós, por isso, para expressar que a nossa Alma Divina é verdadeiramente uma”parte de D’us” a Torá usa a expressão “soprou”

Diz o Zohar que aquele boneco de Terra que D’us fez e “soprou” nele uma Alma Divina era um lado homem e um lado mulher, e quando Hashem separou o “lado homem” do “lado mulher” disse à Adam:- “Portanto o homem vai deixar o seu pai e a sua mãe, se “grudar” na sua esposa e se tornar junto com ela uma carne só”, essa é a linguagem do versículo

Sendo que na relação íntima marido e mulher se tornam uma carne só e assim trazem Almas Divinas para esse mundo, Almas que sobre elas a Torá usa a linguagem “e soprou dentro de suas narinas uma Alma Divina”, a “midá knegued midá” (medida por medida) das relações ilícitas é a epidemia, sendo que ela também se une ao homem e se torna junto com ele “uma carne só”

O livro “Portal das reencarnações do Ari Zal nos revela que Zimri ben Salu, Cozbi Bat Tzur e os 24.000 homens da tribo de Shimon que morreram na Epidemia se reencarnam para retificar o que fizeram

Zimri ben Salu se reencarna como Rabi Akiva, Cozbi bat Tzur como a mulher do governador romano Tornósrufos o tirano, e os 24.000 homens da tribo de Shimon que morreram na epidemia se reencarnam como os 24.000 alunos de Rabi Akiva

Rabi Akiva foi estudar Torá com 40 anos e se tornou o maior sábio de Israel, a mulher de Tornósrufos se converteu ao judaísmo e se casou com Rabi Akiva e assim tudo foi retificado

Hukat – Balak – 5780

A Guemará nos conta em nome de Rabi Akiva que devemos nos acostumar a dizer que tudo que o bom D’us faz é para o bem e também nos traz uma história de como o próprio Rabi Akiva colocou isso na prática:

Certa vez quando Rabi Akiva estava viajando e precisou dormir em uma cidadezinha no meio do caminho, os habitantes da cidadezinha que eram pessoas muito ruins não deixaram Rabi Akiva dormir lá. O que ele fez? Dormiu no meio do mato!

O veículo da época era o burro, o despertador um galo e a iluminação uma vela provavelmente de azeite (tudo ecologicamente correto).

Soprou um vento e apagou a vela, apareceu um gato e comeu o galo, veio um leão e comeu o burro

Com tudo isso, não só que Rabi Akiva não se desanimou mas muito pelo contrário! Como dizendo para Hashem (D’us) “Surpreenda-me”, ele disse :- “Tudo que o bom D’us faz é para o bem”

Naquela noite a cidade foi atacada e todos seus habitantes levados como escravos

Agora tudo o que aconteceu ficou retroativamente bem claro! Se a vela estivesse acesa, o galo cantando e o burro relinchando, Rabi Akiva teria sido descoberto e levado como escravo junto com todos os habitantes daquela cidadezinha

A explicação do Maharsha

Rabi Shmuel Eidels (Cracóvia Polonia 1555 – Ostroh Ucraina 1631) é conhecido como “o Maharsha” que é o acrônimo do seu nome em hebraico significando “Nosso mestre Rabi Shmuel Eidels”.

O Maharsha foi um dos maiores comentaristas da Guemará conseguindo decifrar muitas partes dela que até a sua época eram verdadeiras incógnitas.

Na sua explicação sobre a categoria da Guemará chamada de “Agadot” ele pergunta porque a Guemará não trouxe a história de Nahum Ysh Gam Zu como exemplo da lei judaica em relação à benção que trata do assunto que da mesma maneira que agradecemos à D’us por uma coisa boa que nos acontece devemos agradecer à ele por uma coisa ruim

A Guemará nos conta que o grande Sábio de Israel Nahum Ysh Gam Zu que foi o Rebe de Rabi Akiva certa vez foi mandado para Roma levando uma arca cheia de pedras preciosas para dar de presente ao imperador e conseguir por meio disso anular um terrível decreto do governo romano cobra o nosso povo

No caminho para Roma em uma hospedagem sem que ele percebesse os donos do hotel roubaram o tesouro que estava dentro da arca, e para não sentirem a diferença do peso encheram a arca de terra. Nachum Ysh Gam Zu e os que estavam com ele não suspeitaram que isso tivesse acontecido e continuaram a viagem para Roma

Quando Nahum Ysh Gam Zu foi recebido pelo imperador e deu à ele o “presente” o imperador abriu a arca e encontrou dentro dela somente terra. O imperador achou que os judeus estão fazendo ele de ridículo e quiz executar Nahum Ysh Gam Zu

Mesmo nessa situação extremamente perigosa Nahum Ysh Gam Zu continuou tranquilo e disse : Gam Zu Letová (também isso é para o bem)

Hashem (D’us) fez um milagre e o profeta Eliahu apareceu em forma de um dos ministros do rei e disse ao imperador que provavelmente essa é a terra que usou Avraham, o patriarca dos judeus, quando lutou contra os quatro reis e essa terra demonstrou ser a arma mais poderosa do mundo.

O imperador pediu para testar essa arma poderosa contra um país que estava em guerra com ele, o milagre aconteceu e aquilo realmente funcionou e ele conseguiu conquistar aquele lugar

Em agradecimento à esse presente tão original o imperador anulou o decreto que tinha feito contra os judeus e ainda homenageou Nahum Ysh Gam Zu e deu à ele de volta a mesma arca que ele tinha trazido, mas agora no lugar daquela terra ela estava cheia de pedras preciosas.

Portanto, pergunta o Maharsha, a Guemará poderia trazer isso como exemplo de termos que receber as coisas ruins que nos acontecem com a mesma alegria que recebemos as coisas boas

Explica o Maharsha que a Guemará preferiu as palavras de Rabi Akiva que citou D’us na sua frase de que “Tudo que D’us faz é para o bem” do que a frase de Rabi Nahum que diz genericamente “também isso é para o bem”

A explicação do Baal HaTania
De acordo com a Hassidut o nível de Nahum Ysh Gam Zu que era o Rebe de Rabi Akiva era superior

Rabi Akiva acreditou com toda a sua fé que não existe nenhum mal que desce lá de cima mas tudo o que Hashem faz tudo é para o bem, e ele também viu que na raiz de tudo lá em cima é assim

Mas Nahum Ysh Gam Zu não só acreditou com toda a sua fé e viu que o mal na sua fonte espiritual é bom, mas também conseguia trazer esse bem aqui para baixo na prática. Ele conseguia fazer com que a coisa ruim se tornasse visivelmente boa aqui em baixo também

E por isso ele sempre dizia “também isso é para o bem”, e não “tudo é para o bem” de maneira genérica. “Também ISSO é para o bem quer dizer que especificamente isso é para o bem

Rabi Shneior Zalman, o “Baal HaTania” como é conhecido em nome da sua obra principal, o livro do Tania que é a Torá escrita da Hassidut, explicou que a “cobra de cobre” da nossa Parashá representa o Mal da maneira que ele é visto aqui embaixo

Mas quando colocamos a “cobra de cobre” sobre o mastro e olhamos para cima para vê-la podemos ver que também a raíz desse mal específico é o bem, e dessa maneira podemos consertar o mal e transformá-lo em bem, sendo que as severidades não podem ser consertadas a não ser pela sua raiz

Por isso perguntam nossos sábios :- Será que a cobra mata ou faz viver?

Nossa Parashá nos conta que durante o percurso que fez nosso povo circundando a Terra de Edom houve um enorme desânimo e muitas pessoas vieram com reclamações contra Moshe Rabeinu. Reclamações tipo “Porque você nos tirou do Egito para morrermos no deserto”

Por consequência disso Hashem deixou de proteger o nosso povo na intensidade que estava nos protegendo antes, e as cobras do deserto penetraram no acampamento fazendo muitas vítimas.

Ou seja, eles argumentaram que Moshe tirou o nosso povo do Egito para morrer no deserto e isso atraiu para eles as cobras que são a maior causa de morte do deserto

O povo pediu para Moshe rezar por eles e fazer parar a infestação das cobras. Depois de rezar pelo povo Moshe recebe a ordem Divina de fazer uma cobra e colocá-la em cima de um mastro, e toda a pessoa que for picada deverá olhar para aquela cobra e ficará curada

A Guemará pergunta: “Será que a cobra mata ou faz viver? Responde a Guemará: Quando o povo de Israel olhava para cima e subjugava seu coração ao seu pai que está no céu ficavam curados

Surge a pergunta: Se todo o motivo dessa cobra de cobre era fazer com que as pessoas olhem para cima e subjuguem o seu coração

qual é a necessidade de fazer uma cobra de cobre? Seria o suficiente olhar para cima e subjugar o coração para seu pai que está no céu sem necessidade de fazer uma cobra de cobre

E mais ainda, a cobra de cobre ainda poderia fazer a pessoa se confundir e acreditar que a sua cura vem da cobra e não de Hashem, D’us nos livre. E também a regra em relação à reza é que durante a reza devemos manter nossos olhos para baixo e nosso coração para cima, ou seja, não podemos olhar para cima na hora da reza

Nahum Ysh Gam Zu via diretamente o bem que era a raíz do mal, e portanto o mal não era um teste de fé para ele, porque não só que ele via que esse mal na sua raiz é bondade , mas via também que no final aquele bem que era a raíz do mal desceria até o nível do nosso mundo e o que antes era mal se transformaria em algo extremamente bom.

Ele também sabia como “adocicar as severidades na sua raiz” e dessa forma ele fazia o bem que era a raíz do mal descer para o nosso mundo e todos verem de maneira revelada que o mal virou o bem

Mas os outros Tzadikim como Rabi Akiva, mesmo acreditando com toda a fé que a raíz do mal é o bem, e também passaram por vários testes para revelar esse bem, mesmo assim eles não conseguiram “adocicar as severidades na sua raiz” e portanto aqui embaixo o mal para eles continuou aparentando ser totalmente mal

A cobra de cobre por si só é o símbolo do mal, sendo que as cobras mataram muitas pessoas no nosso povo e também a cor do cobre é avermelhada simbolizando as severidades

Mas quando eles olhavam para cima, para seu pai do céu, ou seja, quando eles olhavam para cima e viam a cobra de cobre junto com o céu como se fosse uma coisa só, então eles se lembravam de que a cobra na sua raiz é boa, e por meio dessa conscientização fortaleciam sua fé e confiança em Hashem que estava fazendo para eles o bem a cada instante, e aí acontecia o milagre de ficarem totalmente curados

Então vamos fazer igual, só temos a ganhar, e aqui temos muito a ganhar. Vale a pena alinhar o nosso pensamento constantemente dessa forma e fazer com que os milagres aconteçam

Korah -5780

Nossa Parashá nos conta que o primo de Moshe que se chamava Korah desacreditou a profecia de Moshe Rabeinu e alegou que houve um equívoco na nomeação dos cargos dentro do nosso povo.

E o principal, que a função de Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) foi dada para Aharon somente por interesse de Moshe em nomear seu próprio irmão e não à pedido de D’us

O que leva uma pessoa extremamente rica, muito inteligente e de boa família tentar abalar toda a estrutura do nosso povo? E mais, tentar dessa maneira também assassinar à Moshe Rabeinu sendo que pela Torá o falso profeta é passível de pena de morte!

Caim e Abel, Korah e Moshe

Para entendermos isso temos que voltar ao começo do mundo quando aconteceu o primeiro assassinato da história. Caim tinha nascido antes de Abel e com ele nasceu uma irmã gêmea que seria sua esposa. Abel nasceu depois e com ele nasceram duas irmãs gêmeas que seriam suas duas esposas.

Caim ficou com inveja e planejou matar seu irmão para pegar essa esposa que ele achava merecer mais do que seu irmão

Caim fez um sacrifício para D’us. Ele plantou linho, pegou a pior parte da sua colheita, a parte que ele iria descartar de qualquer jeito, essa parte ele queimou no altar. Ou seja, no lugar de jogar fora ele fez dela uma oferenda para D’us, a primeira “reciclagem” da história da humanidade!

A fumaça do linho oferecido no altar foi dispersa por um vento forte mesmo que naquele dia não houve nenhum vento em nenhum lugar a não ser esse diretamente em cima do altar de Caim demonstrando claramente que Hashem não quer o sacrifício oferecido por ele

Abel criava ovelhas. Ele também fez uma oferenda para D’us, trouxe o melhor carneiro do seu rebanho e fez dele um sacrifício no altar. Mesmo sendo aquele dia um dia de forte ventania, a fumaça do sacrifício de Abel milagrosamente subiu direto para o céu em uma linha reta, demonstrando que D’us aceitou o sacrifício de Abel

Por esses dois motivos Caim matou Abel, por achar que, sendo que ele é mais importante do que o seu irmão ele deve estar mais próximo à D’us do que o seu irmão e também merece ter mais mulheres do que seu irmão

Várias passagens da Torá são verdadeiras incógnitas que somente são decifradas como sendo referência à assuntos espirituais muito profundos

Entre essas passagens estão o versículo “olho por olho e dente por dente” e também o versículo no qual D’us cobra até a quarta geração dos que fazem o mal

O versículo olho por olho e dente por dente não tem como ser aplicado na prática porque o castigo na prática de quem quebrou o dente de alguém é pagar o médico, a indenização pela vergonha que o outro passou e os dias de trabalho que perdeu por causa do ferimento, mas não retirar o dente do agressor. E ainda mais, nada justificaria alguém que não tem dentes ser absolvido desse tipo de julgamento. Sendo assim nossos sábios aprendem desse versículo que a indenização cobrada por um olho não é a mesma cobrada por um dente.

Mas então porque a Torá usa a linguagem olho por olho e dente por dente e já não fala diretamente que a indenização por um olho não é a mesma que a indenização por um dente?

O versículo que diz que D’us cobra até a quarta geração de quem faz o mal também não é aplicável, sendo que a própria Torá determina que os filhos não pagam pelos pecados dos pais

E mais, o fato de o filho ter sido educado de maneira errada não é culpa do filho mas sim do pai, então absolutamente não há como cobrar nem dos próprios filhos o comportamento dos pais, quanto mais dos netos ou bisnetos

A explicação do Zohar

No lado oculto da Torá a explicação desse dois versículos e a ligação entre eles é clara

Quando alguém feriu uma pessoa e causou a perda do seu olho ou do seu dente, naquele momento é imediatamente decretado lá encima que o agressor vai perder o olho ou o dente. E Hashem (D’us) na sua infinita bondade dá para aquele agressor o longo prazo de quatro reencarnações para ele retificar o que fez.

Ou seja, as quatro gerações do versículo não são quatro gerações biológicas mas sim quatro reencarnações da mesma pessoa. Ou ele consegue retificar o que fez ou vai acontecer para ele o que ele fez para o outro

O nível mais baixo da nossa Alma Divina é chamado de Nefesh. Caim matou Abel por dois motivos: ele achava que por ser mais importante do que Abel ele merecia ter aquela esposa a mais e matou Abel para roubar dele a mulher

O nível Nefesh de Caim se reencarna como o soldado egípcio que tinha colocado o judeu para trabalhar a noite inteira e enquanto isso aquele soldado passou a noite com a mulher daquele judeu, e de manhã estava tentando assassinar o judeu a chicotadas

Não só que ele não retificou o que fez mas tentou repetir o erro. Para salvar o judeu Moshe teve que falar um nome de Hashem que faz a alma do egípcio sair do corpo, e depois enterrou o corpo morto dele na terra. E assim da mesma maneira que a terra se abriu para receber o sangue de Abel quando foi assassinado agora ela recebe o sangue desse egípcio.

Ou seja, sendo que ele não retificou o que fez na reencarnação anterior mas ainda continuo insistindo no erro aconteceu para ele agora o “olho por olho e dente por dente”, o que ele fez antes levou agora

Um nível superior da alma de Caim se reencarna como Ytró, e a esposa de Abel que era o pivô da briga se reencarna como Tzipora, a filha de Ytró. A retificação desse nível da alma do Caim nesse caso acontece de maneira positiva. Ytró leva Tzipora para Moshe no deserto e dá para Moshe o conselho que salva a sua vida

Agora chegamos à parte mais complexa. Caim tinha assassinado Abel também porque ele achava que por ser mais importante do que Abel D’us teria que aceitar o sacrifício que ele fez e não aceitar o de Abel, e essa foi a parte que pegou Korah.

O teste de Korah foi o de aceitar que Moshe estava mais próximo de D’us do que ele. Mas como poderia Korah aceitar esse fato? Quando Moshe tinha três meses de idade a filha do faraó o levou para seu palácio e lá ele foi criado.

Moshe cresceu no palácio do faraó. Claro que a princesa trouxe para ele os melhores professores particulares da comunidade judaica, mas olha onde ele estava! Como comparar ele à Korah que cresceu no coração da comunidade judaica que era a terra de Goshen

E ainda mais, depois de ter crescido entre os egípcios no palácio do faraó Moshe foi morar em Midian e se casou com Tzipora, a filha do sacerdote de Midian! Claro que ela se converteu ao judaísmo, mas comparar ela com a mulher de korah, judia religiosa de nobre linhagem…

Para korah não faltavam motivos para justificar por que ele tinha que ser a pessoa mais próxima de D’us e não Moshe Rabeinu da mesma forma que para Caim era óbvio que o sacrifício dele deveria ser aceito e não o de Abel

E aqui chegamos à reta final da retificação de Caim. Ou Korah consegue se controlar ou o que ele fez na vida anterior vai ser cobrado dele agora

Por isso Moshe avisa à Korah que se a terra se abrir para recebê-lo esse é o Sinal de que Moshe é um profeta verdadeiro. Porque Moshe Rabeinu precisava lembrar à Korah esse detalhe?

Moshe Rabeinu era a reencarnação de Abel e Korah pegou o lado difícil do Caim. Sendo que a Alma Divina tem a memória das reencarnações anteriores que se despertam no nosso subconsciente, Moshe apelou para esse fator também lembrando Korah que da mesma forma que a terra se abriu para receber o sangue de Abel, se ele não retifica isso de maneira positiva vai acontecer para ele o olho por olho e dente por dente, e milagrosamente a terra vai se abrir para receber Korah e todos os que estão dando apoio à ele, porque sem esse apoio ele não teria como fazer o que tentou fazer

De Korah aprendemos que não devemos ser como Korah! Muitas vezes achamos que merecemos muito mais e estamos recebendo muito menos enquanto que nossos amigos que na nossa opinião merecem muito menos estão recebendo muito mais. Então vamos nos controlar, só temos a ganhar!

 Shla´h – 5780

Na nossa Parashá Hashem pede para Moshe mandar espiões para a Terra Prometida

A linguagem do versículo é “mande para você homens…”, uma linguagem estranha em relação ao assunto do qual a Parashá está tratando

Em primeiro lugar essa frase parece ser uma resposta à uma pergunta que não aparece aqui, e isso vamos descobrir mais para frente no próximo e último livro da Torá, quando Moshe antes do seu falecimento lembra ao povo de Israel que eles pediram à ele para mandar homens para espionar a Terra Prometida

Sendo que nossa Parashá começa com a resposta à esse pedido, porque então na Parashá Hashem pede para Moshe mandar os espiões para si próprio se o motivo de ele mandar os espiões foi somente por causa do pedido do povo e não por iniciativa própria?

E também porque a Parashá usa a palavra homens e não espiões?

Espiões de Moshe e espiões de Yehoshua

Quando Moshe estava no Monte Sinai e viu o arbusto incandescente que estava em chamas mas não queimava, D’us se revelou para ele e pediu para ele tirar os dois sapatos dizendo que o lugar onde ele se encontrava era um lugar sagrado

Quando o Anjo Gavriel se revelou para Yehoshua em Yerihó ele pediu para Yehoshua tirar um sapato

Diz o Zohar que o motivo que D’us pediu para Moshe tirar os dois sapatos era para demonstrar que todo o comportamento Divino em relação à ele seria totalmente sobrenatural

Sendo que o profeta antigo tinha que fazer uma ação para sincronizar entre o mundo material e o mundo espiritual para que a profecia acontecesse, D’us pediu para Moshe fazer a ação de tirar os dois sapatos

E isso para trazer à esse mundo o fato de que a partir desse momento o comportamento Divino em relação ao pedido que D’us vai fazer à ele nessa ocasião que é de tirar o povo de Israel do Egito e levá-los à Terra prometida aconteça de maneira totalmente sobrenatural

Mas no caso de Yehoshua, o comportamento Divino em relação à ele seria parcialmente natural e parcialmente sobrenatural

Por isso o anjo pediu para ele tirar um sapato só, para sincronizar entre o mundo espiritual e o mundo material e fazer com que a partir desse momento o comportamento Divino em relação à ele fosse parcialmente sobrenatural

Sendo que o comportamento Divino em relação à Yehoshua seria parcialmente natural, ele teve que mandar espiões por motivos de estratégia militar, enquanto que no caso de Moshe não havia necessidade de preparar uma estratégia militar da mesma maneira que no Egito não houve necessidade de estratégia militar para que nosso povo saísse de lá

A saída do Egito aconteceu de maneira sobrenatural, os egípcios receberam dez pragas sobrenaturais e ao final o mar se abriu milagrosamente para nós e se fechou milagrosamente encima do exército egípcio não havendo necessidade de nenhuma estratégia militar para que isso acontecesse

O mesmo aconteceria para os 31 reis de Canaã com seus exércitos caso aquela terra fosse conquistada pelo próprio Moshe Rabeinu

Por isso a palavra espiões não aparece uma única vez na nossa Parashá, mas no lugar disso Hashem (D’us) diz para Moshe mandar homens e não espiões. Homens para passearem na terra prometida e contar para todos que o passeio foi muito lindo

Hashem poderia dizer para ele não mandar ninguém, porque então Hashem pediu para ele mandar esses homens?

O arbusto incandescente

Quando Hashem se revelou para Moshe na ocasião do arbusto incandescente Moshe perguntou para Hashem com qual nome dele iria se revelar no Egito para salvar o povo de Israel.

Hashem disse para ele o nome de quatro letras começando com a letra Alef que representa um nível tão alto de revelação Divina que ainda não tinha sido revelado nesse mundo, um nível de “Keter Elion” (vide observação abaixo)

O nome oculto de D’us que não se revelou, o nome que no futuro vai se revelar. Nesse nível a Hessed e a Guevurá podem acontecer simultaneamente e isso foi representado pelo arbusto que estava incandescente mas não queimava, e o mesmo aconteceria no mar vermelho que se abriria para nós e se fecharia para os egípcios simultaneamente

Esse nome representa a revelação do mundo oculto acima de Atzilut, e o bem do mundo oculto é tão grande que não consegue descer para esse mundo a não ser em uma “embalagem” de sofrimento, e quando essa “embalagem” passa o enorme bem oculto se revela,

O bem oculto chamado de “Tov dealma deitkassya” é tão maior do que o bem revelado que ele não consegue descer à esse mundo a não ser em forma de sofrimento, e quando esse sofrimento passa o grande bem oculto se revela. Então o sofrimento já faz parte desse bem oculto, é como a casca da fruta, a embalagem do presente

Quando Moshe desceu para o Egito e disse o nome que D’us falou para ele ao faraó e pediu para ele deixar o povo de Israel ir para o deserto três dias fazer uma festa para D’us, o faraó disse que não conhece esse D’us, e no lugar de liberar o povo decretou uma escravidão mais intensa

A grande alegria do povo quando ouviram de Moshe que chegou a hora da redenção se transformou uma grande decepção e um grande desespero vendo que a situação piorou

E não só que Moshe teve que se ausentar dentro dessa situação mas também ele perguntou para D’us: – Porque você fez o mal para esse povo e salvá-los você não salvou, e porque você me mandou?

D’us respondeu à Moshe :- Agora você vai ver o que eu vou fazer para o Egito. Rashi explica que a intenção Divina era de que Moshe vai ver os milagres que Hashem vão fazer para o povo de Israel agora para tirá-los do Egito mas não vai ver os milagres que Hashem vai fazer na conquista da Terra Prometida,

Ou seja, no lugar de Moshe agradecer pela redenção do nosso povo que começou, ele perguntou para Hashem “porque você fez o mal para esse povo e salvá-los você não salvou”.

Moshe não entendeu que o fato de a escravidão ter ficado pior já fazia parte da redenção e por isso Hashem disse à ele que ele não vai levar entrar com o nosso povo na terra prometida

E agora que o povo inteiro desconfiou que Hashem estava nos levando para um lugar impossível de ser conquistado e pediram para mandar espiões para constatar esse fato, surgiu a oportunidade para Hashem acrescentar à Moshe 40 anos de vida nos quais ele vai se dedicar integralmente à ensinar ao nosso povo a Torá que ele recebeu para nós, a profecia de Moshe

Por isso Hashem diz para “mande para você”, ou seja, para o povo não vai ser bom porque vai ser decretado para eles por meio disso viver quarenta anos no deserto, mas para você vai ser ótimo porque você vai ganhar mais quarenta anos de vida fazendo a coisa que você mais ama que é ensinar a Torá são povo de Israel

Se Moshe tivesse entendido naquela hora que essa era a intenção Divina ele não teria mandado os espiões sendo que para ele o bem do povo estava sempre em primeiro lugar, por isso em Parashat Dvarim Moshe antes de falecer conta ao povo que eles pediram para mandar os espiões mas que ele não imaginou que a consequência seria aquela

Conclusão:

O povo de Israel merecia um grande castigo pelo seu comportamento e Moshe merecia um grande prêmio, por isso Hashem concordou em atender ao pedido do povo e mandar os espiões

Se o povo não merecesse aquele castigo ou Moshe não merecesse aquele prêmio Hashem diria para ele não mandar os espiões

Diz o “Kli Yakar” que por esse motivo D’us pediu para Moshe mandar homens para espionar a Terra Prometida e não mulheres

Porque se tivesse mandado mulheres elas diriam que aquela Terra que Hashem nos prometeu é um lugar muito lindo e maravilhoso, e assim o povo de Israel não receberia o castigo que estava decretado para eles e nem Moshe receberia o prêmio que estava decretado para ele

Por isso o decreto Divino de que toda aquela geração iria falecer no deserto não recaiu sobre as mulheres e junto com Yehoshua e Kaleb elas sobreviveram aquela geração e receberam a Terra Prometida

Behaaloteha – 5780

Nossa Parashá nos conta que o Levi entrava com 25 anos para o trabalho no Mishkan (Templo móvel) e com com 50 ele mudava para um trabalho mais leve

Em Parashát Bamidbar a Torá nos conta que o Levi começava o trabalho no Mishkan com 30 anos

Rashi explica que realmente ele começava o trabalho no Mishkan com 30 anos, então porque nossa Parashá diz que ele começava com 25?

Explica Rashi que dos 25 aos 30 ele fazia o “curso de Levi”, estudava todas leis relacionadas ao trabalho que ele deveria fazer na primeira etapa (durante os primeiros vinte anos) e também as leis relacionadas ao trabalho mais leve que ele continuaria fazendo depois dos 20 anos de trabalho mais pesado

Daqui aprendem nossos Sábios que um aluno que não teve progresso em um determinado estudo durante cinco anos com certeza não vai progredir nesse assunto após esses cinco anos também. Ou seja, ele está aconselhando pelos nossos Sábios à mudar de área

Toda regra na Torá escrita e na Torá oral pode ter uma exceção, contanto que a própria Torá escrita traga um versículo para determinar essa exceção e no caso da Torá oral nossos Sábios tragam oralmente essa excessão

No caso da Torá escrita vemos por exemplo o caso de Ishmael que era o primeiro filho de Avraham Avinu e consequentemente deveria ser o nosso segundo patriarca se a Torá não trouxesse o versículo que diz que “em Itzhak será considerada a sua descendência que vem excluir Ishmael de ser um descendente de Avraham Avinu

Ou por exemplo em relação à regra de que tudo o que sai de uma criatura impura também é impuro, e aí a Torá traz um versículo excluindo o mel de abelhas dessa regra

O mesmo acontece com a Torá oral. Mesmo nossos Sábios dizendo que na maioria dos casos a pessoa que não teve nenhum sucesso nos estudos dos primeiros cinco anos com certeza nunca mais terá sucesso nessa área, eles próprios trazem o Rabi Akiva que era o Moshe Rabeinu da Torá oral como a maior exceção dessa mesma regra

Rabi Akiva era totalmente incapaz de aprender uma letra em hebraico até os 40 anos de idade, mas por meio do seu grande esforço se tornou o maior de todos os Sábios de Israel

Para todos nós que nos avaliamos como sendo pessoas que fazem parte de uma grande maioria, a regra geral é aplicada e nossos Sábios não nos incentivam à nos esforçar ao nível de Rabi Akiva mas sim levar em conta nossas limitações e procurar a área em que nos destacamos mesmo não sendo ela uma área intelectual

portanto diz a Guemará que cada um de nós deve ensinar ao seu filho uma profissão limpa e fácil porque tanto a pobreza quanto a riqueza não dependem da profissão mas sim de Hashem (D’us) que por ter nos criado é o responsável pela nossas despesas como o pai é responsável pelas suas crianças pequenas

A diferença é que o pai é responsável pela fila até ela se casar, e então o marido se torna responsável por ela, mas Hashem (D’us) continua sendo responsável pelas nossas despesas durante toda a nossa vida!

Por isso dizem nossos Sábios, temos três associados na nossa criação: nosso pai, nossa mãe, e Hashem

Sendo que esse assunto já faz uma ponte com o nosso curso de Shalom Bait sendo que as vezes não cumprimos a nossa parte em relação à Hashem (D’us) , não estudamos Torá nem o mínimo que somos obrigados a estudar mesmo não tendo tido sucesso nos estudos por mais de cinco anos, como as leis práticas

Ou seja, as mulheres são obrigadas pela Torá à estudar as leis judaicas práticas relacionadas às mulheres (pode estudar pelo Youtube também) e os homens devem estudar as leis judaicas práticas relacionadas aos homens (também pode ser pelo Youtube)

E os dois devem estudar Chassidut sendo que essa categoria da Torá desperta em nós amor e temor à D’us que é um Mandamento Divino que abrange tanto homens quanto mulheres (nesse caso é até melhor estudar pelo Youtube sendo que essa categoria da Torá oral é um pouco mais difícil de entender diretamente do livro

E às vezes por não sabermos o que é permitido fazer e o que é proibido fazemos coisas erradas

por causa dessas coisas erradas os milagres que precisamos para o nosso dia a dia não acontecem, e culpamos um ao outro por eles não terem acontecido

Então vamos estudar esse assunto agora diretamente no nosso curso de Shalom Bait aqui mesmo

Muitas pessoas pediram para postar novamente a primeira aula do curso de Shalom Bait para não perder nenhuma aula, então vamos revisar a nossa primeira aula e colocá-la na prática

❤️ Somos um casal de três ❤️

No judaísmo marido e mulher formam um casal de três. O marido, a mulher, e o principal do casal : D’us

Antes de confiarmos um no outro temos que confiar em D’us, que se não fosse Ele não teríamos como confiar uns nos outros sendo que tudo depende em primeiro lugar de Hashem

Trouxe para vocês um texto do grande Tzadik Rabeinu Bahye ben Yosef ibn Paquda do seu livro Al Hidayah ila Faraid al-Qulub que foi escrito aproximadamente no ano de 1040 e traduzido para o hebraico por Yehuda ibn Tibbon durante os anos de 1161-80 com o título de Hovot Halevavot .

“Temos a obrigação de confiar em D’us!”

Temos a obrigação de confiar em D’us !

Porque se não confiamos em D’us , automaticamente estaremos confiando em outra coisa, e quem confia em outra coisa a não ser D’us está abrindo mão da Divina Providência e caindo nas mãos daquilo em que confiou.

Quem acha que não precisa da ajuda Divina por ser muito inteligente e esperto e ter muita força e dedicação , precisa se lembrar de que se D’us não desse à ele constantemente inteligência, esperteza, saúde e dedicação ele estaria fraco, intelectualmente e fisicamente, e também deixaria escapar grandes oportunidades por não percebê-las a tempo.

Quem confia na própria riqueza tem que se lembrar que sem a proteção Divina essa riqueza poderia ser tirada dele e dada à outros, ou poderia continuar com ele sem que tivesse proveito e ainda fosse obrigado a protegê-la e aumentá-la até que ela chegasse ao destino certo. Ou, no pior dos casos, essa riqueza poderia se tornar o motivo da sua desgraça ou da sua morte.

Quem confia em D’us vive sempre tranquilo , não fica dependente das pessoas e não tem nada acima de si a não ser D’us.

Quem confia em D’us sempre terá como manter sua família , porque D’us vai fazer com que ele descubra sempre um meio para isso sendo que nenhum meio está oculto para D’us em nenhum lugar e em nenhuma época .

Quem confia em D’us não fica preocupado com coisas que possam acontecer mas sabe que só vão acontecer para ele coisas boas ou que pelo menos sejam para o seu bem . Recebe todos os acontecimentos com alegria e trabalha sempre com muita calma e tranquilidade .

Quem confia em D’us sabe que D’us sempre vai dar à ele tudo o que ele precisar quando precisar e no lugar que precisar , da mesma maneira que D’us cuidou dele quando ainda estava no ventre da sua mãe, da mesma maneira que D’us sustenta as aves no céu e os peixes na água e até as criaturas tão pequenininhas e fraquinhas

Quem confia em D’us sempre vai ser querido por todos, até os animais vegetais e minerais querem o seu bem.

Quem confia em D’us está confiante que não vai ficar doente (e se isso acontecer por falta de confiança em D’us pelo menos vai ser uma refinação para a sua alma no lugar de alguma coisa pior).

Quem confia em D’us não vai passar necessidades em nenhuma época durante todos os dias da sua vida.

Quem confia em D’us vai estar sempre seguro no seu país e tranquilo no seu lugar, e só terá que mudar dele por motivo Divino.

Quem confia em D’us vai ser acompanhado pela recompensa da sua confiança neste mundo e no próximo !!!

Nassó – 5780

 Nossa Parashá nos conta sobre uma mulher que recebeu na frente de testemunhas uma ordem do marido de não se trancar com alguém e no final se trancou com aquela pessoa. O marido pediu divórcio pela suspeita de que ela tivesse traído e ela insistiu que a suspeita era indevida

 A grandeza do Shalom Bait

 Por pior que tenha sido a atitude dela e também até a dele, não estamos sozinhos nesse mundo. Hashem é a essência do bem e ama a cada um de nós infinitamente mais do que o amor que um pai teria pela sua filha única que nasceu quando ele tinha 100 anos de idade

 E para tirar a suspeita do marido Hashem pede para ele levar a esposa ao Beit Hamikdash. Lá o Cohen vai escrever uma parte dessa nossa Parashá, a parte que fala sobre essa proposta Divina para fazer o Shalom Bait.

Esse pergaminho chamado de Meguilat Sotá é colocado dentro de um copo de água e lá ele se apaga junto com os próprios nomes de Hashem que estão escritos nele.

Se ela não traiu o marido ela vai ser indenizada por Hashem pela vergonha que passou. Se ela não tinha filhos agora ela vai ter, se os filhos nasciam feios agora vão nascer lindos e inteligentes, e daí pra diante

Se ela tivesse traído ela morreria, e por isso antes de beber aquela água onde foi apagado o nome de D’us o Cohen avisava que se ela traiu de verdade ela pode receber do marido o “guet” (o divórcio) e se casar com outra pessoa mas não beber aquela água

Mas se ela traiu de verdade e mesmo assim optasse por dizer que não traiu e beber aquela água, ela entraria em um curto-circuito espiritual e explodiria, e não só ela explodiria mas também o amante

Diz o Ramban, Rabi Moshe ben Nachman, que nenhuma lei da Torá funciona na base de 100% milagre a não ser essa

O Sefer Torá é a coisa mais sagrada no judaísmo por estarem escritos nele os nomes de D’us, e para fazer o Shalom Bait, para que marido e mulher vivam em harmonia familiar, Hashem (D’us) exige que o seu próprio nome seja apagado para que a família não seja apagada

Daqui vemos a estrondosa importância do Shalom Bait para Hashem.

Seria uma “cara de pau” de nossa parte negligenciarmos uma coisa tão importante para D’us , ou seja, negligenciarmos o nosso próprio Shalom Bait

Se até nos preocupamos com as revisões periódicas do carro para que o motor não venha a fundir, quanto mais devemos nos preocupar com a manutenção do nosso Shalom Bait que para Hashem é infinitas vezes mais importante

Trouxe para vocês uma matéria do nosso site que vai ajudar bastante nesse assunto. Vamos continuar com essa matéria também nas próximas semanas devido à sua imensa importância 🌹❤️🌹❤️🌹❤️

[ONG  TORÁ] Pergunte ao Rabino

Pergunta :

Como saber se me fizeram algum feitiço para que eu não tenha shalom bait todas as sextas feiras, e o que devo fazer para mudar isso?

Resposta:

Diz o Zohar que o trabalho do anjo mal nas sextas feiras é causar brigas entre marido e mulher e a estatística nos mostra que o índice de brigas entre marido e mulher nas sextas feiras é bem maior do que o dos outros dias da semana.

A Guemará nos conta que duas pessoas apostaram se é possível deixar o grande Sábio Hilel nervoso, e a sexta feira foi o dia escolhido para fazer a provocação por causa dessa propensão.

Isso está totalmente dentro dos padrões judaicos e só demonstra a importância dos preparativos do Shabat nos quais até os grandes sábios de Israel faziam questão de participar ajudando a esposa com alguma coisa, e sendo que quando há muita kedushá (santidade) o “anjo mau” tenta contra atacar. Vemos que sexta-feira é o dia da batalha

O jeito simples de ultrapassar essa situação é fazer como Hilel e assumir que seja o que não for você reage somente com uma voz meiga e um sorriso nos lábios.

Sexta feira ao meio dia você se transforma em “mulher anjinho” e nem a terceira guerra mundial vai conseguir fazer você ficar irritada. você se blinda com um grande sorriso nos lábios e voz meiga, e assim se torna invencível .

Fazendo esse esforço durante algum tempo todos acabam entendendo que não dá para te irritar e mudam o comportamento parando de te atacar. Você vira uma “anjinha” verdadeira. Nas sextas feiras, você se transforma e se torna invencível , blindada de alegria e tranquilidade como na história de Hilel.

Sobre alguém ter te feito algum feitiço, hoje em dia ninguém  mais sabe como fazer essas coisas e isso se tornou simplesmente um grande comércio de “despachos” mas nada real. O real é o que eu te escrevi, você se blindar com um sorriso nos lábios e se tornar invencível

 🌷💎:)🌷💎:)🌷💎:)🌷💎:)🌷💎:)

 Para dirigir um carro primeiro vamos para uma auto escola, mas para se casar nos casamos sem a mínima noção. Não fazemos um curso de casamento e não tiramos uma habilitação, mas muito pelo contrário, entramos no casamento com toda a imaturidade e sem a mínima experiência, e a consequência é o grande número de divórcios que está acontecendo hoje

Por isso elaboramos esse micro curso de Shalom Bait (harmonia familiar) e cada semana estudaremos uma parte. As provas desse curso vocês farão dentro das suas próprias casas. Ou seja, se o seu Shalom Bait aumentou isso quer dizer que você passou no teste, e infelizmente estudando esse assunto ou não, somos testados diariamente na prática

Teremos uma aula por semana aqui mesmo na nossa Parashá. Os textos estarão sempre disponíveis no nosso site https://rabinogloiber.com/mikve/midot/ para revisão a qualquer hora

Então vamos agora à aula prática.

Material :

Uma folha A4

Uma caneta ✒

Muito amor

Vamos escrever na folha dez coisas BOAS que vocês estão vendo no outro. É um exercício difícil mas faça ele com calma. No final você lê essa página que escreveu todo dia e agradece à D’us por ter se casado com alguém que tem qualidades tão boas

No exemplo do carro vamos fazer uma pergunta básica :- Quem é melhor, o motor ou a direção? 🚘 resposta simples :- os dois se completam. Sem o motor a direção não vai para lugar nenhum e sem a direção o motor vai para o lugar errado.

Portanto essas dez coisas boas que vocês devem escrever um do outro não são “no que ele é igual a mim e portanto bom” mas sim o que ele tem que eu não tenho e nisso ele me completa.

Boa sorte !!

Aula 1

Uma família está passeando feliz. O pai tentando se concentrar na estrada (com aquela sinalização típica do nosso país), a mulher e as filhas conversando e rindo em altas vozes. Ele pede para elas falarem mais baixo porque está difícil para ele se concentrar e a viajem está ficando cada vez mais longa por causa dos erros que ele está cometendo.

Elas não entendem no que a alegria delas está atrapalhando e acham que ele é que está errado em não deixar elas conversarem. Ele acha que elas estão erradas em atrapalhar ele no trânsito, não entende como elas podem falar ao mesmo tempo sobre assuntos diferentes parecendo que ninguém ouve ninguém enquanto ele se esforça cada vez mais para dirigir.

Conclusão  

Homens e mulheres são diferentes! Os homens não são piores do que as mulheres, mas diferentes. Isso é uma coisa que a ciência e a Torá concordam, rabinos e cientistas, todos sabem que homem e mulher se completam. Ele tem o que ela não tem e ela tem o que ele não tem. 

Viver juntos pode ser penoso e infeliz, ou ao contrário, entendendo as diferenças veremos que somos aliados fiéis e nos completamos, se não estivéssemos juntos seríamos infelizmente infelizes! O erro básico é querer ver no outro algo que já temos, no lugar de procurar no outro algo que nos falta para nos completar.

Conclusão:

1- A esposa não deve querer que o seu marido seja como ela porque se ele fosse como ela ele não seria o marido mas sim a esposa

2- O marido não deve querer que a esposa seja como ele porque se ela fosse como ele ela não seria a esposa mas sim o marido

Tolerância

Sendo que o homem não é uma mulher e a mulher não é um homem, precisamos ter tolerância em relação aos nossos cônjuges e nunca cobrar deles o que nós próprios somos, porque isso eles nunca vão ser e portanto essa cobrança pode continuar durante toda a vida destruindo à quem mais amamos. Seja realista e aceite as diferenças, o mundo não é uma fantasia, aceite o seu cônjuge como D’us o criou, do jeito que ele é 🌴

Shavuot é o dia da entrega da Torá, o segundo dos três maiores Dias Festivos do ano judaico (Pêssach é o primeiro e Sucot o terceiro).

A palavra Shavuot significa “semanas”, nos indicando que nessa festa se completam as sete semanas entre Pêssach e Shavuot, época chamada de Sefirat haômer  que foi o período durante o qual o nosso povo se preparou para receber a Torá no Monte Sinai.

Durante este tempo nosso povo se purificou das cicatrizes da escravidão e tornou-se uma nação sagrada, pronta a entrar em uma aliança eterna com D’us.

A festa de Shavuot também é chamada de Atzéret que significa “parada” , porque ela  é o complemento da saída do Egito que começou em Pêssach. Ou seja, ganhamos nossa liberdade em Pêssach a fim de recebermos a Torá em Shavuot.

Outro nome para Shavuot é Yom Habikurim, ou o “Dia dos Primeiros Frutos”. Numa expressão de agradecimento a D’us, começando em Shavuot, cada fazendeiro na terra de Israel levava ao Templo Sagrado uma oferenda do primeiro trigo, cevada, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras que cresciam no campo.

Shavuot é também chamado Hag Hakatzir, a Festa da Colheita, porque o trigo, o último dos grãos a ficar pronto para ser cortado, era colhido nesta época do ano.

A maioria dos trabalhos proibidos no Shabat são proibidos também no Yom Tov que no nosso caso é Shavuot, com exceção de carregar em um domínio público e cozinhar utilizando o fogo repassado de uma chama acesa desde a véspera. Quando o Yom Tov cai no Shabat os trabalhos proibidos no Shabat prevalecem

 a véspera de Shavuot

Tem quem costuma enfeitar a casa e a sinagoga com frutas, flores e folhagens. O motivo disso é que na época do Templo Sagrado, os primeiros frutos da colheita eram oferecidos em Shavuot.

Nossos Sábios nos contam que, mesmo o Monte Sinai se encontrando no deserto, quando a Torá foi dada ao nosso povo a montanha floresceu e milhares de flores brotaram milagrosamente

Comidas de leite

Costuma-se comer alimentos à base de leite em Shavuot. Existem várias razões para este costume:

Com a entrega da Torá recebemos oficialmente todos os Mandamentos Divinos relacionados à alimentação kasher.

Como a Torá foi dada no Shabat, nenhum animal poderia ser abatido e nem os utensílios poderiam ser kasherizados, portanto neste dia come-se lacticínios em memória à esse acontecimento

Outro motivo é que a Torá é comparada ao leite. A palavra hebraica para leite é “halav”. Quando o valor numérico de cada uma das letras da palavra halav são somadas (8+30+2), chega-se ao total de quarenta. Quarenta é o número de dias que Moshê passou no Monte Sinai, recebendo a Torá diretamente de D’us.

1º dia de Shavuot

Os Dez Mandamentos

Shavuot é o dia no qual celebramos a grande revelação da entrega da Torá no Monte Sinai há 3302 anos atrás, no ano judaico de 2448.

As almas de todos os judeus que iriam nascer em todos os tempos futuros e também as almas de todas as pessoas que futuramente iriam se converter ao judaísmo, juntaram-se para ouvir os Dez Mandamentos transmitidos pelo próprio D’us.

Em Shavuot, na realidade, D’us está nos dando novamente a Torá. Por isso, o Rebe pediu para que todo judeu, homens, mulheres, e especialmente crianças (até mesmo bebês recém-nascidos) devem fazer todo o esforço para estarem presentes numa sinagoga durante a leitura dos Dez Mandamentos. Este ano no Brasil está recomendado rezar no kotel, não no Kotel Hamaaravi, mas no kotel (muro) de casa !

O Livro de Ruth

Em muitas sinagogas lê-se o Livro de Ruth no segundo dia de Shavuot. Há vários motivos para este costume:

– Shavuot é a data de nascimento e yohrzeit (dia de falecimento) do Rei David, e o Livro de Ruth registra sua ancestralidade. Ruth e seu marido Boaz foram os bisavós do Rei David.

– As cenas de colheita, descritas no Livro de Ruth lembram a festa de Shavuot que também é conhecida como Festa da Colheita.

– Ruth foi uma convertida sincera que abraçou o judaísmo de todo o coração. Em Shavuot, todos os judeus foram como convertidos, tendo aceitado a Torá e todos seus preceitos.

Refeição de leite

No almoço, após o kidush, faça uma refeição festiva de laticínios. Espere no mínimo 1h de intervalo para realizar uma refeição de carne.

•Antes da refeição festiva da noite, leia o kidush de Yom Tov.

2º dia de Shavuot

Yizcor

Falamos Yizcor em memória de entes queridos falecidos. Antes da refeição festiva leia o kidush de Yom Tov.

*Veja as receitas para Shavuot de nosso site:

https://rabinogloiber.com/receitas-de-shavuot/

Certa vez uma pessoa (que não era judeu) perguntou ao grande Sábio Hilel :-Quantos tipos de TORÁ vocês tem? Dois, respondeu Hilel. Torá escrita e TORÁ oral. Ouvindo isso a pessoa declarou :- Na TORÁ escrita eu acredito mas na oral não, eu quero me converter ao judaísmo na condição de que você só me ensine a TORÁ escrita. Hilel concordou. No primeiro dia de estudos Hilel ensinou ele a ler a TORÁ escrita.

Mostrou para ele a letra Alef em hebraico e explicou para ele que isso é um Alef. Mostrou o Beit e explicou que isso é um Beit, e o mesmo fez com as outras letras. Na outra aula Hilel mostrou para ele a letra Alef e explicou que isso é o Dalet. O aluno se espantou e disse :- Mas ontem você não me explicou assim!

Você confiou no que eu te expliquei oralmente ontem?Disse Hilel, então você tem que confiar também na outra coisa que eu te disse , que também a TORÁ oral foi dada por D’us! (ou seja, sem a TORÁ oral não saberíamos nem ler e nem entender a TORÁ escrita, e isso é a prova de que elas são uma coisa só)

Quando D’eus nos deu a TORÁ elas eram duas desde o começo. Uma escrita e uma oral. Moisés ,o maior de todos os profetas escreveu a TORÁ escrita e explicou oralmente como colocar ela na prática, ou seja, de que forma cumprir o que está escrito. Em outras palavras ,o como cumprir a Mitzvá é chamado de TORÁ oral.

A TORÁ escrita pelo maior dos profetas continuou sendo escrita posteriormente por menores profetas até o exílio da Babilônia que aconteceu depois da destruição do primeiro Templo de Jerusalém .

Os últimos profetas viveram no exílio da babilônia, época em que o império persa dominava o mundo. Na época em que o segundo Templo foi construído e chegou a época do império grego e depois do império romano não tínhamos mais profetas, e portanto não tivemos mais TORÁ escrita do que aquela que foi escrita até o exílio da babilônia,ou seja, 24 livros. Posteriormente a TORÁ oral foi escrita incluindo a TORÁ oculta conhecida como Kabala.

A TORÁ oral continua sendo escrita a cada geração sendo que surgem novas situações que precisam ser esclarecidas, comparadas às anteriores, diagnosticadas e classificadas . As pessoas precisam de explicações com mais detalhes e etc. As explicações dos Sábios de cada geração de como cumprir a TORÁ da maneira correta naquela geração também é chamada de TORÁ oral. Em resumo, o que chamamos de TORÁ inclui TORÁ oral e escrita .A TORÁ escrita é composta de 24 livros e a oral hoje já chega à milhares de volumes que mais de 52000 já estão disponíveis no site Hebrew books.

Onde fica o Monte Sinai

Hoje, mais de três mil anos após o acontecimento mais sublime do mundo, a entrega da Torá, muitos estudiosos tentam identificar o lugar da montanha que foi tão sagrada no momento em que a Torá foi dada ao povo de Israel

Inúmeros estudos foram realizados ao longo de quilômetros na península do Sinai e no oeste da Arábia Saudita tentando descobrir em qual montanha Hashem nos deu a Torá.

E finalmente chegamos a mais verdadeira conclusão: O monte Sinai pode ser qualquer montanha entre o oeste da Arábia Saudita e a península do Sinai,

contanto que seja perto o suficiente de Midian que ficava na Arábia Saudita a ponto de Moshe Rabeinu levar o rebanho de Ytró para pastar e um carneirinho conseguir fugir até lá,

e perto o suficiente do Egito para que o povo de Israel conseguisse chegar lá para receber a Torá saindo do Egito em Pessach, caminhando no ritmo das mulheres e das crianças pequenas, e chegarem em menos de cinquenta dias naquela montanha para receber nela a Torá

A importância do Monte Sinai na época em que recebemos a Torá

A saída do Egito foi nossa redenção material e a entrega da Torá nossa redenção espiritual, e por isso a entrega da Torá teve que acontecer obrigatoriamente como continuação à saída do Egito, para que nossa redenção se tornasse uma redenção total

O segredo da existência do povo judeu é a Torá. Shavuot é a festa que simboliza o fato de nos tornarmos um povo. O dia da entrega da Torá é o dia em que a revelação Divina desceu no monte Sinai.

O fato de que o evento mais importante da história judaica, a entrega da Torá, ocorreu no Monte Sinai está claro, mas porque essa montanha não teve um acompanhamento, ou seja, nenhuma tradição exata foi preservada quanto à sua identidade e a localização a ponto de parente mente até na época dos Sábios já não se sabia qual era a montanha exata

O motivo para isso é tanto o fato de o Monte Sinai se encontrar no coração do deserto, não só longe da civilização como também sem um assentamento humano contínuo, ninguém para testemunhar que esse era o lugar, até mesmo porque depois que partimos de lá a presença Divina partiu junto com o nosso povo,

quanto pelo fato de impedir com que ele se torne uma idolatria, semelhante à localização da tumba de Moshe Rabeinu no Monte Nevo, em Moav, que tradicionalmente não se conhece sua localização por esse motivo

A “briga entre as montanhas na atualidade”

O Midrash nos conta que antes de Hashem nos dar a Torá no Monte Sinai, as principais montanhas da Terra Santa brigaram entre si. Cada uma esnobou sobre as outras suas superioridades tentando assim convencer Hashem de dar a Torá sobre ela.

Diz o Midrash que Hashem optou pelo monte Sinai sendo que ele era a mais humilde de todas as montanhas e por isso não participou dessa esnobação. De acordo com a kabalá cada criatura aqui embaixo tem um anjo responsável por ela lá em cima, e esses anjos foram quem brigou, cada um representando a montanha de sua responsabilidade

Hoje muitos arqueólogos brigam entre si, cada um representando a montanha que diz ser o verdadeiro Monte Sinai. A “briga das montanhas” nos tempos atuais!

Ao longo dos anos, muitos esforços foram feitos para identificar o Monte Sinai com uma das montanhas encontradas em várias partes do deserto do Sinai e além

Todas as opções:

Como vimos anteriormente o monte Sinai pode ser qualquer montanha entre o oeste da Arábia Saudita e a península do Sinai, mas então, porque algumas opções foram vistas como preferências em relação à outras?

O monte Sinai está localizado entre os desertos de Tzin e Paran, bem como entre a terra de Amalek e a terra de Midian, mas a localização desses dois desertos e a relação entre eles é desconhecida em sua localização exata, embora seus limites sejam claramente definidos pela Torá

Jab el Mussa

O lugar mais conhecido como o Monte Sinai, e essa é a primeira foto que aparece quando você digita as palavras “Monte Sinai” no Google (cuidado com essa foto) é Jab el Mussa que foi escolhido pela Imperatriz cristã Helena como Monte Sinai.

No século IV ela fez construir ali uma igreja, a Capela da Sarça Ardente no local onde ainda se encontrava vivo um arbusto de rubus sanctus que os monges acreditavam ser a sarça ardente original.

Dr. Avigdor Shahan, especialista em estudos da terra de Israel, atesta que o vínculo entre o Monte Sinai e Jab el Mussa foi simplesmente inventado por essa Imperatriz Helena, mãe do imperador Constantino do Império Bizantico”

Ela decidiu visitar os locais cristãos na Terra Santa e se juntou a um comboio de camelos que ia do Egito à Israel. Uma noite ela ficou impressionada com a beleza de uma montanha próxima e decidiu que essa era a montanha na qual Moisés recebeu a Torá e por isso essa montanha foi chamada de “Jab el Mussa” (Monte de Moisés)

Assim nasceu a lenda de que esta montanha e não outra é o autêntico Monte Sinai. O imperador, filho de Helena, ordenou a construção de um convento naquele lugar. Imediatamente se estabeleceu ali uma comunidade cristã para proteger a igreja e os monges dos ataques de beduínos. O imperador Justiniano I mandou construir uma muralha à volta da igreja no ano 542 e os edifícios que são hoje o Mosteiro Ortodoxo de S.Catarina

Acontece que essa mesma Helena foi a que iniciou a prática de despejar lixo no Monte do Templo a fim de esconder os vestígios do” Kotel Hamaaravi, o “Muro das lamentações” e assim apagar todo e qualquer vestígio judaico na terra santa

Antes do deserto do Sinai ser dado ao Egito, os turistas israelenses podiam ser vistos frequentemente subindo as escadarias íngremes do mosteiro que levavam ao topo da montanha. Esses turistas provavelmente não sabiam que seu trabalho duro era gratuito, e pior do que isso, era visto como um apoio à idolatria.

Então, cuidado: quando você digita a palavra “Monte Sinai” no Google, essa opção aparece em primeiro lugar e esse lugar não tem absolutamente nada a ver com a nossa religião mas é um lugar totalmente vinculado ao cristianismo

Monte Karkum

Uma das hipóteses levantadas pelos estudiosos da história ao longo dos anos é o “Monte Karkum”, uma montanha no sul do Negev, onde foram descobertos sítios arqueológicos e arte rupestre,

identificada pelo arqueólogo Emanuel Anati como o monte Sinai, o monte Karkum era uma montanha sagrada para os idólatras nos séculos IV e III AC e muitas pessoas construíram suas residências no sopé da montanha. Sendo que a Torá fala sobre a proibição de subir a montanha, ele imaginou que esse era o motivo de terem construído as casas no sopé da montanha e não no seu topo, mas essa identificação é controversa na comunidade arqueológica.

Jabel Al Laws

Outra teoria sugere o Monte Jabal al-Laws, na Arábia Saudita, no lugar onde se encontrava a antiga terra de Midian. A distância entre o possível lugar da terra de Goshen e a possibilidade de lá ter sido a terra de Midian é de aproximadamente 450 km, e esse alcance não corresponde à proximidade do monte Sinai à terra de Goshen

Jab el Halal

Vários estudiosos sugeriram identificar Jab el Halal como o Monte Sinai da Torá, sendo que a localização da montanha se encaixa na “rota norte” do êxodo.  Sua escolha foi devido à sua relativa proximidade com Kodirat e Kadis que alguns estudiosos identificaram como sendo Kadesh Barnea

Serbit al-Khadam

Dr. Zvi Ilan sugeriu a identificação de Serbit al-Khadam com o Monte Sinai, que também é controverso entre os pesquisadores

Jabel Sin Bisher

Uma hipótese apresentada pelo professor Menashe Harel sugeriu a identificação de ‘Jabel Sin Bisher’ localizado na parte ocidental de Wadi Suder, no oeste do Sinai, como sendo o Monte Sinai da Torá.

E finalmente conclusão : aonde fica o verdadeiro Monte Sinai? Dentro do seu coração!

O Rebe de Lubavitch e o Monte Sinai

No início de 1956, o Egito nacionalizou a Companhia do Canal de Suez, controlada pelo Reino Unido e pela França e fechou o Estreito de Tiran à navios israelenses paralisando assim o porto de Eilat.

Ao mesmo tempo, o enorme estado árabe estava fortalecendo sua força militar e adquiriu um grande armamento da antiga Tchecoslováquia, e tudo isso levou a Grã-Bretanha e a França a convencerem Israel a entrar em uma guerra contra o Egito.

O jovem Estado de Israel embarcou em uma batalha conhecida como Operação Sinai, ou pelo segundo nome, Operação Kadesh, durante a qual conquistou a Península do Sinai, danificou a infra-estrutura militar egípcia e aniquilou dos terroristas que dominavam aguerrida região

Quando os soldados da IDF conquistaram a Península do Sinai, alguns também chegaram a uma das montanhas que os pesquisadores acreditam estar associada ao Monte Sinai.Um desses soldados era o Dr. Moshe Herb, que estava muito animado com o fato de estar pisando onde (talvez) nossos ancestrais estiveram há três mil anos atrás.

Ele se aproximou pensando que poderia estar onde o povo judeu foi criado como um povo, onde recebemos a Torá, e subiu animadamente para a montanha, onde (talvez) Moshe Rabeinu cuja montanha leva seu nome (jab el Mussa) tivesse recebido a Torá.

No entanto, chegando lá em cima, ao contrário da expectativa que ele tinha de transcendência espiritual, de uma alegria especial, ele não sentiu nada.  Apenas uma decepção.  Ele não sentiu que essa era a montanha certa, não sentiu quis lá era o Monte Sinai.

Depois que o soldado Dr Moshe Herb voltou da frente de batalha para sua casa, ele enviou uma carta ao Lubavitcher Rebbe expressando seus sentimentos sobre a identificação da montanha

O Rebe respondeu para ele com as seguintes palavras: “Em resposta ao que você escreveu que escalou uma montanha achando que lá era o Monte Sinai e não sentiu que era a mesma montanha”. Continua o Rebe dizendo: A localização física ou geográfica do Monte Sinai não tem para nós nenhum significado especial, porque todo o significado do Monte Sinai é que nele recebemos a Torá com o objetivo de cumprir a Torá conforme necessário, pois ela se torna parte integrante de nossas vidas.

A Torá, continua o Rebe escrevendo  para o soldado, é “Torá de Vida”, não é simplesmente um ensinamento mas também um modo de vida para nós.  A Torá é “o manual de instruções do mundo” e suas instruções são eternas, tanto para o mundo quanto para todo judeu a qualquer hora e em qualquer lugar.

A verdade é, explica o Rebe, que todo judeu em sua alma está vinculado com a Torá, mesmo que às vezes pareça se comportar de maneira um pouco diferente.

E esse é realmente o segredo da metodologia de Chabad: trazer todo judeu ao amor ao próximo de forma tranquila, por meio de um caminho de amor, e devolvê-lo à Torá dada no Monte Sinai, sem confundir e esconder a verdade da Torá.  Apenas removendo a cobertura que esconde seu verdadeiro vínculo (desse judeu) com a Torá.

E o Rebe termina sua carta com um resumo prático: não é suficiente entender a Torá ou o sentimento positivo que o judeu tem pela Torá, ele deve realmente colocar tudo em prática, cumprir as Mitsvot, porque esse é o propósito do homem.

Então, se te  perguntarem “onde exatamente está o Monte Sinai?”  Você pode apontar para sua localização exata: é bem aqui, dentro do coração, onde minha mente e a sua estão conectadas com a Torá.

Mas isso não basta, continua o Rebe, você tem que descer da montanha, ou, mais corretamente: dar vida à montanha, à vida cotidiana e, de fato, agir de acordo com as instruções que recebemos de Hashem no Monte Sinai, ou seja, de acordo com a Torá

Bamidbar -5780

Onde fica o Monte Sinai? 

Hoje, mais de três mil anos após o acontecimento mais sublime do mundo, a entrega da Torá, muitos estudiosos tentam identificar o lugar da montanha que foi tão sagrada no momento em que a Torá foi dada ao povo de Israel

Inúmeros estudos foram realizados ao longo de quilômetros na península do Sinai e no oeste da Arábia Saudita tentando descobrir em qual montanha Hashem nos deu a Torá

E finalmente chegamos a mais verdadeira conclusão: O monte Sinai pode ser qualquer montanha entre o oeste da Arábia Saudita e a península do Sinai,

contanto que seja perto o suficiente de Midian que ficava na Arábia Saudita a ponto de Moshe Rabeinu levar o rebanho de Ytró para pastar e um carneirinho conseguir fugir até lá,

e perto o suficiente do Egito para que o povo de Israel conseguisse chegar lá para receber a Torá saindo do Egito em Pessach, caminhando no ritmo das mulheres e das crianças pequenas, e chegando em menos de cinquenta dias naquela montanha para receber nela a Torá

A importância do Monte Sinai na época em que recebemos a Torá 

 

A saída do Egito foi nossa redenção material e a entrega da Torá nossa redenção espiritual, e por isso a entrega da Torá teve que acontecer obrigatoriamente como continuação à saída do Egito, para que nossa redenção se tornasse uma redenção total

O segredo da existência do povo judeu é a Torá. Shavuot é a festa que simboliza o fato de nos tornarmos um povo. O dia da entrega da Torá é o dia em que a revelação Divina desceu no monte Sinai.

O fato de que o evento mais importante da história judaica, a entrega da Torá, ocorreu no Monte Sinai está claro, mas porque essa montanha não teve um acompanhamento, ou seja, nenhuma tradição exata foi preservada quanto à sua identidade e localização a ponto de aparentemente até na época dos Sábios já não se sabia qual era a montanha exata

O motivo para isso é tanto o fato de o Monte Sinai se encontrar no coração do deserto, não só longe da civilização como também sem um assentamento humano contínuo, ninguém para testemunhar que esse era o lugar, até mesmo porque depois que partimos de lá a presença Divina partiu junto com o nosso povo,

quanto pelo fato de impedir com que ele se torne uma idolatria, semelhante à localização da tumba de Moshe Rabeinu no Monte Nevo, em Moav, que tradicionalmente não se conhece sua localização por esse motivo

A “briga entre as montanhas na atualidade” 

O Midrash nos conta que antes de Hashem nos dar a Torá no Monte Sinai, as principais montanhas da Terra Santa brigaram entre si. Cada uma esnobou sobre as outras suas superioridades tentando assim convencer Hashem à dar a Torá sobre ela

Diz o Midrash que Hashem optou pelo monte Sinai sendo que ele era a mais humilde de todas as montanhas e por isso não participou dessa esnobação. De acordo com a kabalá cada criatura aqui embaixo tem um anjo responsável por ela lá em cima, e esses anjos foram quem brigou, cada um representando a montanha de sua responsabilidade

Hoje muitos arqueólogos brigam entre si, cada um representando a montanha que diz ser o verdadeiro Monte Sinai. A “briga das montanhas” nos tempos atuais!

Ao longo dos anos, muitos esforços foram feitos para identificar o Monte Sinai com uma das montanhas encontradas em várias partes do deserto do Sinai e além

Todas as opções:

Como vimos anteriormente o monte Sinai pode ser qualquer montanha entre o oeste da Arábia Saudita e a península do Sinai, mas então, porque algumas opções foram vistas como preferências em relação à outras?

O monte Sinai está localizado entre os desertos de Tzin e Paran, bem como entre a terra de Amalek e a terra de Midian, mas a localização desses dois desertos e a relação entre eles é desconhecida em sua localização exata, embora seus limites sejam claramente definidos pela Torá

Jab el Mussa

O lugar mais conhecido como o Monte Sinai, e essa é a primeira foto que aparece quando você digita as palavras “Monte Sinai” no Google (cuidado com essa foto) é Jab el Mussa que foi escolhido pela Imperatriz cristã Helena como Monte Sinai.

No século IV ela fez construir ali uma igreja, a Capela da Sarça Ardente no local onde ainda se encontrava vivo um arbusto de rubus sanctus que os monges acreditavam ser a sarça ardente original.

Dr. Avigdor Shahan, especialista em estudos da terra de Israel, atesta que o vínculo entre o Monte Sinai e Jab el Mussa foi simplesmente inventado por essa Imperatriz que era mãe do imperador Constantino do Império Bizantico”

Ela decidiu visitar os locais cristãos na Terra Santa e se juntou à um comboio de camelos que ia do Egito à Israel. Uma noite ela ficou impressionada com a beleza de uma montanha próxima e decidiu que essa era a montanha na qual Moisés recebeu a Torá, e por isso essa montanha foi chamada de “Jab el Mussa” (Monte de Moisés)

Assim nasceu a lenda de que esta montanha e não outra é o autêntico Monte Sinai. O imperador, filho de Helena, ordenou a construção de um convento naquele lugar. Imediatamente se estabeleceu ali uma comunidade cristã para proteger a igreja e os monges dos ataques de beduínos. O imperador Justiniano I mandou construir uma muralha à volta da igreja no ano 542 e os edifícios que são hoje o Mosteiro Ortodoxo de S.Catarina

Acontece que essa mesma imperatriz Helena foi a que iniciou a prática de despejar lixo no Monte do Templo a fim de esconder os vestígios do” Kotel Hamaaravi, o “Muro das lamentações”, e assim apagar todo e qualquer vestígio judaico na terra santa

Antes do deserto do Sinai ser dado ao Egito, os turistas israelenses podiam ser vistos frequentemente subindo as escadarias íngremes do mosteiro que levavam ao topo da montanha. Esses turistas provavelmente não sabiam que seu trabalho duro era gratuito, e pior do que isso, era visto como um apoio à idolatria.

Então, cuidado: quando você digita a palavra “Monte Sinai” no Google, essa opção aparece em primeiro lugar e esse lugar não tem absolutamente nada a ver com a nossa religião mas é um lugar totalmente vinculado ao cristianismo

Monte Karkum

Uma das hipóteses levantadas pelos estudiosos da história ao longo dos anos é o “Monte Karkum”, uma montanha no sul do Negev, onde foram descobertos sítios arqueológicos e arte rupestre,

identificada pelo arqueólogo Emanuel Anati como o monte Sinai, o monte Karkum era uma montanha sagrada para os idólatras nos séculos IV e III AC e muitas pessoas construíram suas residências no sopé da montanha. Sendo que a Torá fala sobre a proibição de subir a montanha, ele imaginou que esse era o motivo de terem construído as casas no sopé da montanha e não no seu topo, mas essa identificação é controversa na comunidade arqueológica.

Jabel Al Laws

Outra teoria sugere o Monte Jabal al-Laws, na Arábia Saudita, no lugar onde se encontrava a antiga terra de Midian. A distância entre o possível lugar da terra de Goshen e a possibilidade de lá ter sido a terra de Midian é de aproximadamente 450 km, e esse alcance não corresponde à proximidade do monte Sinai à terra de Goshen

Jab el Halal

Vários estudiosos sugeriram identificar Jab el Halal como o Monte Sinai da Torá, sendo que a localização da montanha se encaixa na “rota norte” do êxodo.  Sua escolha foi devido à sua relativa proximidade com Kodirat e Kadis que alguns estudiosos identificaram como sendo Kadesh Barnea

Serbit al-Khadam

Dr. Zvi Ilan sugeriu a identificação de Serbit al-Khadam com o Monte Sinai, que também é controverso entre os pesquisadores

Jabel Sin Bisher

Uma hipótese apresentada pelo professor Menashe Harel sugeriu a identificação de ‘Jabel Sin Bisher’ localizado na parte ocidental de Wadi Suder, no oeste do Sinai, como sendo o Monte Sinai da Torá.

E finalmente conclusão : aonde fica o verdadeiro lugar do Monte Sinai? Dentro do seu coração!

O Rebe de Lubavitch e o Monte Sinai

No início de 1956, o Egito nacionalizou a Companhia do Canal de Suez, controlada pelo Reino Unido e pela França e fechou o Estreito de Tiran à navios israelenses paralisando assim o porto de Eilat.

Ao mesmo tempo, o enorme estado árabe estava fortalecendo sua força militar e adquiriu uma grande quantidade de armamentos da antiga Tchecoslováquia, e tudo isso levou a Grã-Bretanha e a França a convencerem Israel a entrar em uma guerra contra o Egito

O jovem Estado de Israel embarcou em uma batalha conhecida como Operação Sinai, ou pelo segundo nome, Operação Kadesh, durante a qual conquistou a Península do Sinai, danificou a infra-estrutura militar egípcia e aniquilou os terroristas que dominavam aquela região

Quando os soldados da IDF conquistaram a Península do Sinai, alguns também chegaram a uma das montanhas associadas ao Monte Sinai. Um desses soldados era o Dr. Moshe Herb, que estava muito animado com o fato de estar pisando onde (talvez) nossos ancestrais estiveram há mais de três mil anos atrás.

Ele se aproximou pensando que poderia estar onde o povo judeu foi criado como um povo, onde recebemos a Torá, e subiu animadamente para a montanha, onde (talvez) Moshe Rabeinu, cuja montanha leva seu nome (jab el Mussa), tivesse recebido a Torá

No entanto, chegando lá em cima, ao contrário da expectativa que ele tinha de transcendência espiritual, de uma alegria especial, ele não sentiu nada.  Apenas uma decepção.  Ele não sentiu que essa era a montanha certa, não sentiu que lá era o Monte Sinai.

Depois que o soldado Dr Moshe Herb voltou da frente de batalha para sua casa, ele enviou uma carta ao Lubavitcher Rebbe expressando seus sentimentos sobre a identificação da montanha

O Rebe respondeu para ele com as seguintes palavras: “Em resposta ao que você escreveu que escalou uma montanha achando que lá era o Monte Sinai e não sentiu que era a mesma montanha”, a localização física ou geográfica do Monte Sinai não tem para nós nenhum significado especial, porque todo o significado do Monte Sinai é que nele recebemos a Torá com o objetivo de cumprir a Torá conforme necessário, pois ela se torna parte integrante de nossas vidas

A Torá, continua o Rebe escrevendo  para o soldado, é “Torá de Vida”, não é simplesmente um ensinamento mas também um modo de vida para nós.  A Torá é “o manual de instruções do mundo” e suas instruções são eternas, tanto para o mundo quanto para todo judeu a qualquer hora e em qualquer lugar.

A verdade é, explica o Rebe, que todo judeu em sua alma está vinculado com a Torá, mesmo que às vezes pareça se comportar de maneira um pouco diferente.

E esse é realmente o segredo da metodologia de Chabad: trazer todo judeu ao amor ao próximo de forma tranquila, por meio de um caminho de amor, e devolvê-lo à Torá dada no Monte Sinai, sem confundir e esconder a verdade da Torá.  Apenas removendo a cobertura que esconde seu verdadeiro vínculo (desse judeu) com a Torá.

E o Rebe termina sua carta com um resumo prático: não é suficiente entender a Torá ou o sentimento positivo que o judeu tem pela Torá, ele deve realmente colocar tudo em prática, cumprir as Mitsvot, porque esse é o propósito do homem.

Então, se te  perguntarem “onde exatamente está o Monte Sinai?”  Você pode apontar para sua localização exata: é bem aqui, dentro do coração, onde minha mente e a sua estão conectadas com a Torá.

Mas isso não basta, continua o Rebe, você tem que descer da montanha, ou, mais corretamente: dar vida à montanha, à vida cotidiana, e de fato agir de acordo com as instruções que recebemos de Hashem no Monte Sinai, ou seja, de acordo com a Torá

Behar – 5780

Nossa Parashá nos conta sobre como devemos ajudar à nossos semelhantes em várias situações. E quem melhor para explicar esse assunto do que Don Itzhak Abarbanel que foi um dos maiores comentaristas da Torá e junto com isso foi ministro das finanças de três países em uma das épocas mais conturbadas que o nosso povo já passou

Don Yitzhak ben Yehuda Abarbanel (יצחק בן יהודה אברבנאל)

foi um grande Sábio do nosso povo. Ele nasceu em 1437 em Lisboa, filho de Yehuda Abarbanel que era o tesoureiro (ministro da finanças) do rei Afonso V de Portugal. A família de Don Itzhak Abarbanel tinha ascendência até o Rei David.

Depois do falecimento de seu pai, o rei Afonso V  o nomeou como ministro das finanças de Portugal. Sua alta posição e as grandes riquezas herdadas do seu pai só aumentaram nele o amor pelos pobres e oprimidos

Em 24 de agosto de 1471, durante o reinado de Afonso V,  a cidade de Arzila no Marrocos foi conquistada pelos portugueses que empregaram nesse assalto cerca de 500 navios e 30.000 soldados.

Arzila era uma cidade estratégica nas rotas comerciais antigas e por isso viviam naquela cidade centenas de judeus que foram aprisionados pelos portugueses e colocados à venda como escravos

Don Itzhak Abarbanel contribuiu largamente com os fundos necessários para os libertar e organizou também coletas em favor dessa causa nobre entre todos os judeus de Portugal. Centenas de judeus foram resgatados e ele os bancou até que pudessem se manter sozinhos

Após a morte do rei Dom Afonso V, seu filho, Dom João II, se tornou o novo rei de Portugal. Ele foi um grande tirano, concentrou o poder em volta de si retirando-o da aristocracia por meio de muitas penas de morte por qualquer mínima suspeita possível e imaginável

Nas conspirações que se seguiram suprimiu o poder da casa de Bragança e apunhalou pelas suas próprias mãos o seu primo, o Duque de Viseu, e assim, depois de assassinar todos os seus opositores João II governou o país sem nenhuma oposição

Don Itzhak Abarbanel foi obrigado a fugir de Portugal, tendo sido acusado pelo rei de cumplicidade com o Duque de Bragança que o rei executou por suspeita de conspiração.

Avisado a tempo ele conseguiu fugir com a sua família para Toledo no reino de Castela. De Toledo, Don Itzhak Abarbanel enviou uma carta ao rei provando a sua inocência. O rei se recusou a ouvir e a grande fortuna de Don Itzhak Abarbanel foi confiscada por decreto real.

(Depois disso o rei João II perdeu o herdeiro do seu trono, seu filho único de 16 anos que morreu em uma misteriosa queda de cavalo, e por fim o próprio rei João II morreu com 40 anos de idade provavelmente envenenado)

Em Toledo Don Itzhak Abarbanel se ocupou inicialmente com o estudo da Torá, e no decorrer de seis meses escreveu uma grande quantidade de comentários sobre os livros de Josué, Juízes e Samuel.

Pouco depois ele foi convidado pelos reis de Castela para administrar as receitas do país e fornecer abastecimentos ao exército real, com contratos que ele executou bem, ele se tornou o ministro das finanças para satisfação total de Isabel de Castela

Durante as guerras, Don Itzhak Abravanel emprestou quantias enormes de dinheiro ao rei. Quando foi decretada a expulsão dos Judeus de Espanha, ele tentou por todos os meios convencer o rei à revogar o decreto, inclusive oferecendo ao rei 30.000 ducados que era uma fortuna exorbitante na época. A rainha influenciou o rei à não ceder e em 1492 os judeus da Espanha foram expulsos

Don Itzhak Abarbanel deixou a Espanha com 600.000 judeus que fugiram para todas as direções para poder continuar professando sua fé

Ele foi para Nápoles e lá ele foi convidado para trabalhar com o rei. Por um pequeno período ele viveu em paz, mas no fim a cidade foi tomada pelos franceses, ele foi roubado de todas as suas possessões e seguiu o rei de Nápoles para Messina e mais tarde para Corfu

Em 1496 instalou-se em Monopoli, e finalmente em 1503 em Veneza, onde trabalhou na negociação de um tratado comercial entre Portugal e a República de Veneza. Faleceu em Veneza em 1508 com 71 anos e foi enterrado em Pádua

Don Itzhak Abarbanel ficou conhecido em nome do seu livro “Abarbanel sobre a Torá” e daí para frente todas as gerações o chamaram de Abarbanel

A explicação do Abarbanel 

Nossa Parashá nos conta sobre a Shemitá, o ano sabático no qual os campos são abertos aos pobres.

A Parashá nos conta também sobre o resgate das terras que foram vendidas pelos seus donos originais que empobreceram e as venderam por necessidade, sobre o ano do Yovel em que as terras voltam automaticamente aos seus donos originais que as tinham vendido por necessidade, e todos esses mandamentos Divinos vem favorecer aos empobrecidos

Por final a Parashá fala sobre o último estágio da pobreza no qual todos se igualam, tanto o que chegou à ela depois de ter vendido o que tinha e ficou sem fonte de renda, quanto aqueles que não tinham nenhuma fonte de renda desde o começo como por exemplo alguém que se converteu ao judaísmo vindo de outro povo.

Ou até mesmo o “guer toshav” que assumiu no Beit Hadin sete mandamentos, e por causa disso, diz o Abarbanel, ele também é chamado de “o seu povo” e a ordem Divina é de que “ele vai viver com você”, ou seja, por meio da sua ajuda ele vai viver e não vai morrer

E sendo que a linguagem do versículo é de que todas essas categorias de pobres “vão viver com você”, a Torá está nos indicando que os pobres da sua cidade são prioridade, não podemos abandoná-los, não podemos deixá-los

E eles vão ser esses aos quais devemos emprestar nosso dinheiro à eles sem juros e também fazer para eles Tzedaká do nosso dinheiro. E quando o versículo fala sobre a proibição de pegar juros ele usa as palavras “e você vai ter temor à D’us”

Porque talvez (D’us nos livre) um dia nós próprios ou nossos filhos ou nossos netos poderemos estar nessa situação, porque a pobreza é um círculo que roda pelo mundo. E então nossos irmãos vão estar ao nosso lado

E por isso a Torá diz para darmos à ele nosso apoio como presente, como Tzedaká. E nesse caso o versículo usa a frase “Eu sou Hashem seu D’us que tirei de do Egito”, onde vocês estavam no aperto e na pressão, na extrema pobreza, para dar à vocês a terra de Canaã, uma terra boa e ampla, uma herança sem limites, e não dei ela para vocês com juros mas para ser o D’us de vocês

O primeiro estágio da pobreza

A primeira fase da pobreza é a venda da própria fonte de renda, por isso a Torá começa nos dando a lei em relação à pessoa que empobreceu à ponto de ter que vender o campo e o vinhedo da sua herança – pobreza nível 1

O segundo estágio da pobreza

A segunda fase da pobreza é venda da própria casa, por isso a Torá continua nos dando a lei em relação à pessoa que teve que vender a própria casa – pobreza nível 2

O terceiro estágio da pobreza 

A terceira fase da pobreza é a pessoa deixar seus objetos de valor como hipoteca para pegar um empréstimo em dinheiro ou em mantimentos por isso a Torá continua nos dando as leis em relação aos empréstimos, leis de juros – pobreza nível 3

O quarto estágio da pobreza 

A quarta fase da pobreza é a pessoa se vender a si próprio ou roubar e ser vendido como escravo por causa do seu roubo, por isso a Torá continua nos dando a lei do escravo judeu – pobreza nível 4

A reversão da pobreza 

Primeira etapa – Em primeiro lugar a Torá nos proíbe de dar à um escravo judeu um trabalho escravo como se ele fosse um escravo de verdade, mas ele tem que ser para nós como um cidadão, como se você tivesse contratado alguém para trabalhar com você. Ou seja, primeira etapa é levantar a moral do pobre

Segunda etapa – até o ano do Yovel ele vai trabalhar com você, e não mais do que isso, e então ele sai livre e volta para a sua família. Ou seja, no máximo até o ano do Yovel o empobrecido vai trabalhar com você, mas se os seis anos que ele precisa trabalhar com você terminaram antes do Yovel, ele sai no sétimo ano. E se o ano do Yovel chegou antes, ele sai antes. E até se ele quiser ficar escravo a vida inteira, ele sai no Yovel e volta para a sua dignidade por voltar para a sua família

E também os campos que ele vendeu, sua fonte de renda, vai voltar para ele, ele volta para a herança dos seus pais

Então por que nesse meio tempo D’us deixaria você tratá-lo como escravo, um trabalho duro e humilhante, e quanto mais pelo fato de isso ser uma profanação da honra de D’us sendo que todos os judeus são escravos de D’us que os tirou do Egito, então como você pode tratar ele como se fosse seu escravo, como se tivesse roubado o escravo de D’us

Por isso você tem que tratar ele como se fosse alguém que trabalha por um salário, ter temor à D’us que é o único que tem o poder de diminuir alguém e também engrandecer, e é possível que também você ou um descendente seu pode futuramente (D’us nos livre) estar nessa mesma situação

Conclusão :

Em primeiro lugar D’us nos dá a oportunidade de participarmos da interação Divina no mundo nos dando a oportunidade de resgatar o campo, a fonte de renda que o nosso semelhante teve a necessidade de vender, e devolver à ele

Se o nosso semelhante já caiu mais do que isso e teve a necessidade de vender sua própria casa também, D’us nos dá a oportunidade de participarmos da interação Divina no mundo nos dando a oportunidade de resgatar a sua casa e devolver à ele

Em terceiro lugar, se o nosso semelhante já está em uma situação de hipotecar os seus pertences para comprar mantimentos D’us nos dá a oportunidade de dar à ele toda a Tzedaká necessária para que ele não precise hipotecar seus pertences

Em quarto lugar, se ele já se tornou um escravo, D’us nos dá a oportunidade de resgatá-lo e torná-lo novamente um homem livre e voltar a viver junto à sua família com toda a dignidade

E por final, se não aproveitarmos a oportunidade de participar da interação Divina no mundo e não fizermos nada disso, o próprio D’us vai fazer tudo isso sozinho sem a nossa participação

Mas sendo que a pobreza é um círculo que gira pelo mundo, mesmo agora estando são e salvos, ou seja, estando na parte de cima desse círculo, ninguém nos garante que não estejamos futuramente na parte de baixo. Ninguém a não ser D’us que não nos deixaria cair se tivéssemos levantado quem já caiu

A Torá é eterna e todos os assuntos dela se encontram espiritualmente em cada etapa da nossa vida. Na época da Torá a fonte de renda era a nossa terra que nos foi dividida aparentemente por sorteio, mas nesse sorteio a interação Divina foi de 100%. Dessa mesma forma hoje em dia quando encontramos a fonte de renda dos nossos sonhos e acreditamos que tivemos sorte em encontrar, na verdade isso nos foi dado totalmente lá de cima

E o mesmo D’us que nos deu a nossa fonte de renda aparentemente por “sorteio”, mas na verdade por Divina Providência, nos dá a oportunidade de interagir com essa Divina Providência em relação ao nosso próximo!

Essa Parashá é tão atual para os nossos dias! Como dizem nossos Sábios, que precisamos nos relacionar à Torá como se ela nos tivesse  sido entregue hoje!

Behukotai

Nossa Parashá nos conta sobre as grandes bênçãos Divinas que recebemos quando estudamos a Torá e cumprimos os mandamentos Divinos

E depois nos conta sobre as coisas ruins que podem acontecer por não termos estudado a Torá e não termos cumprido os mandamentos Divinos

Uma dessas “maldições” é o fato de fugirmos sem que ninguém esteja nos perseguindo

Aparentemente, se ninguém está nos perseguindo, isso deveria estar da lista das bênçãos, e por qual motivo está na lista das maldições?

Explica o rav Moshe Kramer de Vilna, que era o avô do Gaon de Vilna

O rei Salomão no livro do “Kohelet” escreve “D’us ajuda o perseguido”. Quando alguém é perseguido Hashem (aparentemente) deixa tudo o que está fazendo para ajudá-lo

E mesmo quando um Tzadik está perseguindo um Rashá (uma pessoa santa está perseguindo uma pessoa criminosa) Hashem deixa tudo o que está fazendo para ajudar o perseguido. Por isso o fato de ninguém estar nos perseguindo entra na lista das maldições

Então, se você sente que existem pessoas que querem o seu mal e tentam te sabotar, você tem que ficar feliz, você está na lista dos abençoados por D’us!

Emor – 5780

Nossa Parashá nos conta sobre uma pessoa que brigou com outra, perdeu a causa no julgamento, e ao sair culpado disse o nome explícito de D’us e o amaldiçoou (à D’us)

Antes de nos aprofundarmos nesse assunto temos que deixar claro que se esse caso acontecesse hoje em nossos dias não seria visto como um assunto religioso mas sim como um caso médico, para ser mais preciso, um caso psiquiátrico

Dessa mesma maneira o suicida dos nossos tempos não é mais visto como alguém que se matou intencionalmente e conscientemente, mas sim como um caso de depressão profunda que não foi diagnosticado a tempo de podermos ajudá-lo a salvar a própria vida

Mas aquela pessoa na Torá que amaldiçoou à D’us, fez isso conscientemente e intencionalmente, abrindo a porta para todos os que usufruíram da bondade Divina de tê-los tirado da escravidão mas não concordavam com a condição Divina de terem que se comportar da maneira correta, simplesmente amaldiçoarem à D’us

E como consequência disso à partir desse momento estarem totalmente livres dos mandamentos Divinos e se sentirem à vontade para fazer o mal sempre que desejarem sem que ter o mínimo peso na consciência, e isso poderia incluir até assassinatos, roubos e etc

Em outras palavras ele achou que tinha encontrado uma brecha na lei Divina que lhe permitiria isso, sendo que até aquele momento nem o próprio Moshe sabia o que fazer em um caso desses. Em breve ele teria inúmeros seguidores que viam os mandamentos Divinos como uma barreira entre eles e os desejos dos seus corações

Todos estavam conscientes de que a idolatria era uma coisa grave, mas porque não uma ideologia? Você é filho de uma mãe judia, e portanto é judeu, mas você não quer D’us na sua vida porque você quer decidir sozinho o que é considerado assassinar ou roubar e tudo o mais de acordo com a sua própria vontade, sem que D’us que cria e dirige o mundo interfira em absolutamente nada

E quando nosso povo chegasse na terra prometida, no lugar de transformá-la na “Terra Santa” transformariam ela em um estado laico, onde algumas pessoas rezariam para D’us e outras não acreditariam em D’us

E o intermediário seria esse que acredita em D’us mas se dá ao luxo de amadicoá-lo, demonstrando que acredita em D’us e até está disposto a cumprir um pouquinho dos mandamentos Divinos para garantir o seu paraíso, mas deixar com que D’us interfira em todos os aspectos da sua vida a ponto de ele sair culpado em um julgamento que é feito de acordo com a Torá, isso já é demais

Cada um de nós tem um “Yetzer Hará” que nos induz a pensar que D’us é bom quando os mandamentos da Torá estão à nosso favor, e o contrário, D’us nos livre, quando saímos aparentemente “perdendo” por causa desses mesmos mandamentos

E a solução para isso está na própria Torá. Quando esses pensamentos surgirem, jogue sobre eles um monte de pedrinhas e faça-o desaparecer. Você só tem a ganhar!

Maldições

Aprendemos da nossa Parashá que por pior que seja a situação nunca devemos amaldiçoar nem à nós próprios e nem aos nossos semelhantes, e isso por muitos motivos

E um deles é que quando amaldiçoamos alguém estamos expressando nosso desejo de que aquela pessoa receba um castigo lá de cima, e nessa hora nossa ficha também é aberta lá em cima

Cada um de nós traz méritos e pendências de reencarnações anteriores. Pode ser que a pessoa que estamos amaldiçoando tem o mérito que justifica a proteção Divina contra a nossa maldição, mas nós temos uma pendência de alguma reencarnação anterior que ainda não foi retificada, e que agora é cobrada de nós por termos despertado isso conta o nosso semelhante

E isso se compara ao caso de alguém que transgrediu a lei mas não foi encontrado. Quando ele comparece ao tribunal para processar o amigo ele expõe a própria identidade

Por isso, para o nosso próprio bem nunca devemos amaldiçoar ninguém e nem à nós próprios, mas confiar em D’us que dirige o mundo e nada é oculto para Ele, que caso seja necessário dar um castigo para alguém que isso não aconteça por meio de nós, e assim Hashem nos protege sempre de todos os que nos amaldiçoam.

Da mesma maneira que não queremos que Hashem dê um castigo à alguém por causa de nós, por esse motivo Hashem nos protege de não recebermos um castigo por causa de alguém

Aharei Mot – Kedoshim – 5780

Na nossa Parashá Hashem nos pede para não nos comportamos da mesma maneira que os egípcios e os cananeus se comportavam

O Midrash chamado de Sífra que é o Midrash do Humash Vaykrá nos conta que o comportamento dos egípcios e dos cananeus era muito pior do que todos os outros povos do mundo e ainda se agravou naquela geração

Pior ainda eram os egípcios que viviam na parte do Egito onde nosso povo morava, eles eram piores do que os outros egípcios

E por fim aqueles povos que estavam na terra que iríamos conquistar e que futuramente seria a “Terra Santa” eram os piores povos de toda a humanidade. E ficaram ainda piores na época em que nos foi dada a permissão de fazer uma guerra contra eles e transformar a terra de Canaã em “Terra Santa”.

Quando a Parashá nos pede para não fazermos como eles ela usa uma linguagem muito dura, talvez até um pouco ameaçadora, como uma boa mãe advertindo suas crianças para que não façam algo que as coloque em perigo de vida

A linguagem usada é : Eu sou Hashem seu D’us.

Diz o Midrash Sifra que quando a Torá usa essa linguagem ela quer dizer:

1 – Eu sou Hashem que falou e o mundo surgiu

2 – Eu sou o juiz

3 – Eu sou cheio de piedade

4 – Eu sou o juiz para te cobrar pelo que você fez de errado e mais confiável ainda para te recompensar pelo que você fez de certo

5 – Eu sou o que cobrou da geração do dilúvio, de Sodoma e Gomorra, do Egito, e futuramente de vocês se vocês se comportarem da mesma maneira que eles se comportaram

Rabi Shimon bar Yohai, autor do maior clássico da Kabala, o livro do Zohar, diz que Hashem já sabe antecipadamente como cada geração vai se comportar, e por isso colocou aquela geração criminosa de egípcios e cananeus naquela mesma época em que tivemos o mérito de sairmos do Egito e conquistarmos a terra de Canaã

Colocou na nossa frente aqueles que deveriam ser destruídos por causa de suas próprias atrocidades para que recebessem seu castigo por meio de nós

Rabi Yossi Hagalili pergunta : A má conduta dos cananeus já era comparada à dos egípcios 47 anos antes de serem conquistados por nós. Porque Hashem permitiu que eles continuassem a viver na sua terra quarenta e sete anos depois de terem atingido o nível máximo de “Tolerância Divina” em relação às atrocidades que eles faziam?

E ele mesmo responde: Isso foi a recompensa que eles receberam por terem respeitado nosso patriarca Avraham Avinu e dito para ele “você é o representante de D’us no meio de nós”

Raban Shimon ben Gamaliel em nome de Rabi Shimon ben Lakish explica que se até os cananeus por terem respeitado Avraham, no mérito desse Tzadik viveram tanto tempo em paz mesmo que não seguiram o caminho do Tzadik e não tinham amor à D’us, quanto mais nós que somos os filhos do Tzadik e seguimos o seu caminho, damos Tzedaká e gostamos tanto de ajudar aos outros

Pergunta o Midrash. Quando a Torá fala que não devemos fazer como os egípcios e os cananeus, será que a intenção é a de não construirmos casas e não fazermos plantações como eles fazem?

Responde o Midrash: a linguagem do versículo é “não sigam suas leis” (suas tradições). Ou seja, o costume que eles tinham de geração em geração. E o que eles costumavam fazer que os distinguia?

O homem se casava com homem e a mulher com mulher, o homem se casava com mãe e filha simultaneamente e a mulher com dois maridos simultaneamente, e por isso está escrito “não siga as suas tradições”

Mas na lista de relações proibidas a Torá já nos proibiu a relação íntima entre um homem e outro e também a proibição de se casar com mãe e filha simultaneamente e de a mulher se casar com dois maridos simultaneamente, então o que a Torá está nos acrescentando com essa proibição de não fazer como os egípcios e como os cananeus?

 E a resposta para isso é :

Nas relações proibidas a Torá fala sobre “relações”, como no exemplo da Guemará: “pincel dentro do tinteiro”, e aqui o Midrash nos conta também sobre uma relação entre duas mulheres que não está na lista de relações proibidas por não ser “pincel dentro do tinteiro”,

nos ensinando que qualquer contato físico íntimo com uma pessoa que não é a esposa com o marido é proibido mesmo não acontecendo uma situação de “pincel dentro do tinteiro”

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Nossa Parashá nos conta que é proibido se vingar e proibido guardar rancor

Sendo que a Torá nos proíbe assassinar, ferir e etc, e qualquer coisa que fazem para nós não podemos pegar a lei com as mãos mas temos que procurar o tribunal rabínico que vai cobrar do agressor o que é devido pela Torá, então o que sobrou para nós nos vingarmos que a Torá precisa acrescentar esses dois mandamentos?

O Midrash Sífra nos traz a explicação para esses dois mandamentos

O que é considerado vingança pela Torá?

Uma pessoa disse para a outra :- Me empresta a sua foice? A outra pessoa não emprestou.

No outro dia aconteceu o contrário. A pessoa que não emprestou a foice pediu a enxada emprestada para aquele que tinha pedido a foice, e a resposta foi:- Não vou te emprestar a minha enxada da mesma maneira que você não quis me emprestar a sua foice. Sobre isso foi dito : “É proibido se vingar”

O que é considerado guardar rancor pela Torá?

Uma pessoa disse para a outra :- Me empresta a sua foice? A outra pessoa não emprestou.

No outro dia aconteceu o contrário. A pessoa que não emprestou a foice pediu a enxada emprestada para aquele que tinha pedido a foice, e a resposta foi:- pode pegar, não sou como você que não quis me emprestar a sua foice.

Sobre isso foi dito : “É proibido guardar rancor”

Em outras palavras o rancor é comparado à uma “prisão de ventre” espiritual. Você só tem a perder com isso, nesse mundo você sofre e no próximo você ainda é julgado por causa disso

Se até uma prisão de ventre material quanto mais tempo passa mais duro fica de tirar e mais perigoso fica, quando mais uma prisão de gente espiritual

Então vamos fazer todo dia a nossa higiene espiritual e baixar a descarga sobre todas as nossas mágoas antes que elas fiquem duas demais e precisemos de mais esforço para removê-las

Tazria – Metzorá – 5780

Na Parashá anterior estudamos sobre animais puros e animais impuros e nossa Parashá nos conta sobre Pureza Familiar. Rashi explica isso trazendo o Midrash que diz que da mesma maneira que a criação do ser humano foi após a criação de todos os animais e aves assim, também as leis referentes aos seres humanos aparecem depois de todas as leis relacionadas aos animais e às aves

Fora o fato de serem um Mandamento Divino na categoria de “Hukim”, leis para as quais não existe uma explicação lógica, as leis de pureza familiar ajudam a manter o casal atraído um pelo outro, respeitando-se mutuamente por toda a vida.

Certamente não há melhor maneira de trazer as bênçãos de D’us à um casamento do que tornando o próprio D’us parte integrante dele. O Mikve também faz com que a renovação contínua do casamento esteja garantida e a lua de mel jamais termine; e a atração permanece tão forte como no dia em que o casal se conheceu.

Sendo que as leis de “Taharat Hamishpahá” envolvem pequenos cálculos e lembretes eu recomendo também a inscrição no site

http://www.mymikvahcalendar.com

que faz para você todos esses cálculos e te manda por e-mail ou SMS todos os lembretes. Eles pedem uma doação de 18 dólares que pode ser descontada da sua Tzedaká. (eu também me escrevi)

O Mikve

O Mikve é uma construção feita sobre uma fonte de água natural, pode ser também um receptáculo de água da chuva ou mesmo um receptáculo de neve que se derreteu após cair dentro dele.

De acordo com a Kabala, quando você mergulha no Mikve espiritualmente você é como uma criança no ventre da mãe e recebe a oportunidade de nascer de novo e recomeçar a vida sem ter mais vínculos aos erros do passado.

No princípio o mundo estava envolvido pela água e a revelação Divina envolvia ele, como uma criança no ventre da mãe. Quando você entra no Mikve você se vincula ao princípio da criação, se purifica das impurezas que vieram depois disso e nasce novamente para uma vida melhor que não carrega mais os erros do passado

Antigamente ir ao Mikve era uma aventura, hoje em dia, na maioria dos lugares, o Mikve está funcionando em instalações modernas com rigoroso controle de limpeza e acessórios que lembram mais um SPA do que um Mikve antigo

Tanto a piscina ritual quanto o armazenamento da água da chuva são mantidos sob rigoroso controle higiênico, assegurando que a água permaneça pura e límpida. O Mikve deve ser um tributo à grandeza da mulher judia: limpo, confortável e bonito.

Ninguém sabe se ou quando você freqüenta o Mikve, exceto você e seu marido. Naturalmente, haverá uma atendente para te ajudar e ela foi escolhida para essa função justamente por ser discreta.

O importante é que a experiência do Mikve seja algo extremamente personalizado. No Mikve cada mulher tem seu próprio vestiário e usa o Mikve com total privacidade, preservando desta forma seu recato e refinamento tão peculiares à mulher judia.

Toda Mitzvá que cumprimos atrai as  bênçãos Divinas para você, e por meio de você para o mundo inteiro, especialmente as Mitzvot que se relacionam à intimidade judaica. Ao cumprir estas leis eternas, marido e mulher mantêm o respeito mútuo essencial no casamento. Este é o segredo que tem evitado tantos problemas conjugais e tem edificado belas famílias judias por milhares de anos.

Para quem mora em S. Paulo pode receber a relação dos Mikvaot de SP com a Nossa diretora Bátya Odessa pelo email batya@rabinogloiber.com

Se você ligou para um Mikve da lista da Batya e o telefone mudou, ou descobriu um Mikve kasher que não está nessa lista, ou tem alguma informação que possa ajudar à mulheres judias chegarem ao Mikve sem perder o dia, por favor escreva para a nossa diretora Batya Odessa e passe para ela esses detalhes.

Quando você está em uma cidade que não tem Mikve o melhor Mikve é o mar.

Você também pode mergulhar em um lago natural ou em um rio. Quando se trata de um rio, não podemos mergulhar na água corrente, nesse caso temos que procurar uma bahia na margem do rio onde a água está parada. Uma fonte natural é o ideal dos ideais.

*Para As Mulheres – Melhores  informações sobre o assunto de como se preparar para o Micve : Acesse nossa Página –http://rabinogloiber.com/mikve/

Em acréscimo ao assunto dos peixes que estudamos na Parashá anterior ficamos em dúvida em relação ao bacalhau e fui correndo pedir a ajuda da nossa Super Mashguichá Rivka Hadassa que nos socorreu nesse assunto tão importante do qual ela é supervisora. Ela me mandou uma pesquisa detalhada sobre esse assunto e peço à todos que leiam com muita atenção

Bacalhoada, por Rivka Hadassah

Bacalhoada é mesmo uma delicia, não é mesmo? Mal consigo resistir…Mas nós judeus temos que estar sempre atentos para tudo aquilo que comemos – nosso alimento tem que ser Kasher, conforme definido em nossa Torá, tornando assim possível a ligação entre nossa alma e nosso corpo, entre nossa alma e D’ us.

Em Vayicrá (Levítico) 11:9-10 a Torá nos diz que para um peixe ser Kasher ele deve ter tanto barbatanas como escamas. Estas escamas devem ser de um tipo tal que ao serem retiradas não dilacerem a pele do peixe. Todos os peixes que têm escamas deste tipo têm também barbatanas. O contrário não é verdade – nem todo peixe que tem barbatana tem escamas.

Para saber se o nosso delicioso bacalhau é um peixe Kasher fui fazer uma rápida pesquisa pela internet. Descobri que não existe uma espécie de peixe chamada bacalhau.

Dá-se o nome de bacalhau a certos peixes específicos depois de passarem por um processo de salga e secura.

Somente os peixes das espécies Gadus Morhua, Gadus Macrocephalus e Gadus Ogac (estes últimos menos comuns hoje em dia) podem ser chamados bacalhau.
Os Gadus Morhua são comumente chamados de Bacalhau do Porto, ou Cod ou ainda Legítimo Bacalhau da Noruega.
Os Gadus Macrocephalus são chamados de Bacalhau do Pacífico.

Alguns peixes salgados secos como o Saithe, o Ling e o Zarbo entre outros não são bacalhau! E alguns deles também não são Kasher. Portanto, muito cuidado!

Shemini -5780

Nossa Parashá nos conta sobre animais puros e animais impuros. O versículo usa a expressão : e esta é a “hayá” que vocês vão comer dentre todos os animais na face da terra
 
Sendo que imediatamente após isso a Torá nos traz os sinais de todos os animais puros que existem sobre a face da terra e “hayá” que significa animal selvagem é somente uma subdivisão dentro dessa categoria, porque então a Torá não usou desde o começo o termo “behemá” que é o termo genérico para animais, mas começou com a subdivisão “hayá” que nesse caso é aparentemente totalmente desnecessária?
 
Rashi nos conta que a Torá fez questão de usar esse termo por ele significar também palavra “viva”, nos indicando que Hashem te proibiu de comer certas coisas para que você viva!
 
O Midrash nos traz sobre isso o exemplo de um médico que visitou dois pacientes.
 
Depois de verificar o primeiro paciente o médico disse à sua família que eles podem dar para ele comer tudo o que quiser
 
Depois de verificar o segundo paciente o médico fez uma lista do que é permitido para ele comer e o que é proibido
 
Aparentemente poderíamos pensar que o primeiro paciente estava em uma situação muito melhor do que o segundo, mas quando perguntaram isso para o médico todos ficaram espantados em saber que era exatamente o contrário
 
O primeiro paciente, disse o médico, já estava para morrer e não havia como curá-lo, então porque privá-lo de comer algo? Mas o segundo tem a possibilidade de se curar, por isso indiquei para ele o que ele deve comer e do que deve se abster para ficar totalmente saudável
 
E esse é o motivo, diz o Midrash, que o versículo usa a palavra “hayá” (animal selvagem, mas que também significa viva ) no lugar da palavra mais correta para esse caso que seria “behemá” (animal), nos indicando que os mandamentos Divinos foram feitos para nos dar vida! Então, vamos cuidar bem de nós próprios e comer só o que a Torá nos permitiu!
 
 
Nossa Parashá nos conta sobre os sinais dos animais puros que são o fato de serem ruminantes e terem a pata fendida por cima e por baixo (não é o suficiente ter a pata fendida só por cima) .
 
O que determina pela Torá uma espécie é o fato de todas as raças dessa espécie se cruzarem entre si e terem filhos férteis. Ou seja, o que é muitas vezes classificado pela zoologia como duas espécies diferentes dependendo do caso pode ser classificado pela Torá como duas raças de uma mesma espécie
 
O Motivo para isso é que quando os animais saíram da arca de Noé eles receberam a bênção Divina de se multiplicar, e portanto uma nova espécie, ou seja, uma espécie que não estava na arca de Noé e não recebeu a bênção Divina na saída da arca, simplesmente não se multiplica como é o caso da mula.
 
Ou seja, quando duas espécies se cruzam entre si, ou elas não tem filhos ou o filho não é fértil
 
Imediatamente após nos trazer os dois sinais de pureza que são a condição para que possamos comer aquele animal ou usar o seu leite, a Torá nos conta sobre quatro espécies de animais que tem somente um desses sinais e por isso eles são animais impuros e não podemos comê-los, que são :
 
O “shafan” que é ruminante mas não tem pata fendida
 
A “arnevet” que é ruminante mas não tem pata fendida
 
O camelo que é ruminante mas não tem pata fendida (a pata dele é fendida só por cima mas não é fendida por baixo
 
E o porco que tem a pata fendida mas não é ruminante
 
De acordo com o Shul’han Aru’h que é o código da legislação judaica, o motivo que a Torá nos conta sobre essas quatro espécies de animais que tem um só sinal de pureza é para caso encontrarmos no meio do deserto um animal ruminante com as patas cortadas saberemos se ele é um animal puro ou impuro
 
Ou seja, sendo que só as espécies chamadas de Gamal, Shafan e Arnevet ruminam mas não tem pata fendida, conhecendo essas três espécies e sabendo que o animal que você encontrou não pertence à uma dessas três espécies, você sabe que ele é um animal puro
 
Sendo que a Torá determina que somente essas três espécies ruminam mas não tem pata fendida, a Torá está te dizendo que todos os ruminantes que não pertencem à essas três espécies tem pata fendida
 
O mesmo acontece com o porco. Todo animal que tem pata fendida também ruminam fora a espécie chamada de porco. Ou seja, tanto o porco quanto todo o animal que se cruzar com ele e tiver com ele um filho fértil, o que para nós vai determinar que ele é uma raça da espécie “porco”
 
Portanto se você encontrar um animal com a pata fendida e tiver dificuldade em identificar se é ruminante, se você conhece o porco em todas as suas versões e sabe que esse animal de pata fendida não é o porco, você sabe que ele é um animal ruminante
 
Sendo que o camelo pode se cruzar com o dromedário, lhama, alpaca, vicunha e guanaco gerando filhos férteis como foi constatado em uma experiência feita por uma veterinária inglesa nos Emirados Árabes, quando a Torá fala sobre o fato de a espécie “camelo” ser ruminante mas não ter a pata fendida (não é fendida por baixo) e portanto ser um animal impuro, a Torá inclui todas “raças” dessa espécie, ou seja, todos os animais que se cruzam com o camelo e tem filho fértil
 
Eliezer ben Yehuda foi o autor do hebraico moderno. Ele definiu o shafan e a arnevet no seu dicionário da língua hebraica como coelho e lebre que sempre foi o clássico erro da tradução cristã da Bíblia para as línguas europeias
 
Sendo que o coelho e a lebre pelo fato de não serem ruminantes mas sim roedores ou logomorfos, e também pelo fato de se cruzarem entre si e terem filho fértil o que determina que eles são duas raças de uma mesma espécie, absolutamente eles não são o shafan e a arnevet que são duas espécies distintas e são ruminantes e não roedores ou logomorfos
 
O fato de as vezes os coelhos comerem a própria excreção não os torna ruminantes sendo que o porco também faz isso e a Torá determina que ele não é ruminante.
 
As características dos roedores e logomorfos existem em centenas de espécies e não em apenas na do Coelho e lebre, e o Shafan e a arnevet da Torá são expecies únicas, determinando explicitamente que coelho e lebre não são o Shafan e a arnevet
 
A Guemará nos conta que o fato de a Torá nos revelar que dentre todos os animais do mundo existem somente quatro espécies com somente um sinal de pureza deve ser usado como resposta para aqueles que não acreditam que D’us nos deu a Torá mas que foi o próprio Moisés que a escreveu,
 
Porque sendo que Moshe não tinha como verificar todos os animais que existem no mundo, ele não teria como saber que existem somente quatro espécies com um único sinal de pureza, e essa é a prova de que a Torá é Divina
 
E aí vem o ben Yehuda e coloca no dicionário do hebraico moderno que shafan e arnevet são coelho e lebre porque a igreja traduziu assim… e para onde vai a nossa moral? Vamos rezar para que Mashiach chegue rápido!!!
 
Algumas traduções da Torá já tentaram corrigir esse erro mas o certo é transliterar as palavras shafan e arnevet e colocar no rodapé da página as expeculações de que talvez o shafan seja isso e a arnevet seja aquilo (mas absolutamente não coelho e lebre) , mas não determinar nada, sendo que mantivemos o acompanhamento do camelo e do porco mas perdemos o acompanhamento desses dois animais que nem temos como saber se eles já se extinguiram ou não
 
Aves puras e aves impuras
 
Todo lugar onde aparecem duas categorias de espécies com leis diferentes relativas à elas, a Torá sempre te faz a lista do número pequeno.
 
No caso dos animais a Torá te faz a lista dos animais puros que são a minoria, mas no caso das aves a Torá nos traz a lista das 24 espécies de aves impuras, e qualquer ave que não faz parte dessas 24 espécies é uma ave pura.Mas sendo que perdemos o acompanhamento das aves impuras ficamos com uma pequena variedade de aves que podemos comer
 
Aula prática de kashrut com Moshe Rabeinu
 
A linguagem que a Torá usa sempre que Moshe fala sobre um animal puro ou impuro é “e este”. Daqui aprendemos que quando Moshe falava o nome do animal, da ave ou do peixe, aquela criatura aparecia milagrosamente na frente dele e ele mostrava ela para o povo e dizia : “esses vocês vão comer” ou “esses vocês não vão comer”
 
Curiosidades
 
Sabemos que para fazer a Shehitá (abate kasher) de um animal o Shohet que é a pessoa que faz o abate kasher tem que receber do seu professor a tradição de quais animais o professor aprendeu a fazer a Shehitá
 
Se o Shohet encontra um animal novo e não sabe se é simplesmente uma raça de alguma espécie que ele aprendeu a fazer a Shehitá ou é uma espécie que ele não aprendeu, ele coloca esse animal para viver com uma fêmea semelhante já reconhecida como animal kasher pelo seu professor de shehitá
 
Se eles tiverem um filho fértil essa é a prova de que esse novo animal é simplesmente uma raça daquela mesma espécie, como no caso do beefalo que é a prole fértil bem sucedida do búfalo americano e do gado doméstico.
 
Conclusão, pela Torá não existe híbrido fértil, se ele é fértil essa é a prova de que ele não é um híbrido mas sim uma raça dentro daquela mesma espécie

Tzav -5780

Nossa Parashá continua nos contando sobre os Korbanot. Na Parashá passada estudamos os motivos dos Korbanot, e agora vamos estudar o motivo de certos animais terem sido exclusivamente escolhidos para que somente eles sejam abatidos como Korban e não outros, começando pelo mais famoso de todos, o Korban Pessach

Korban Pessach 

O Rambam nos conta no seu livro “Moré Nevuhim” que uma grande parte dos idólatras do Egito serviam a constelação de áries e portanto proibiam abater carneiros e também abominavam os pastores de ovelha

Outros povos da antiguidade serviam os demônios e diziam que eles se revelavam em forma de bodes e portanto proibiam fazer abate de bodes. Essa religião também era muito difundida na época de Moshe Rabeinu

Mas em relação ao abate de bois provavelmente a maioria dos povos antigos tinham reverência por essa espécie e por isso, diz o Rambam, vemos que os hindus até hoje não fazem abate de gado mesmo em terras que costumam abater outros animais

E para apagar os resquícios que essas religiões deixaram no nosso povo recebemos a ordem Divina de sacrificar essas três espécies de animais para nos conscientizar de que aquilo que considerávamos o ápice da divindade agora se transformou em um sacrifício para  D’us também para nos desculpar por termos feito idolatria, entre outros motivos

E assim, diz o Rambam, funciona a cura dos falsos conceitos que são uma verdadeira doença do intelecto humano. A cura disso é feita por meio da inversão desses conceitos ao extremo oposto

O Korban Pessach 

E por causa desse mesmo assunto Hashem nos ordenou fazer o abate do cordeiro de Pessach e fazer um spray do sangue dele no lado de fora das portas, para nos limparmos daquelas ideologias e publicarmos o contrário delas

E nos consientizarmos de que o que considerávamos uma atitude destrutiva, como nesse caso matar uma divindade e publicar isso abertamente, isso é a nossa própria salvação, e se não fizéssemos isso aí sim seria a nossa destruição

E por isso está escrito, diz o Rambam, que Hashem pulou nossas casas “e não deixará o destruidor vir para as suas casas trazer a epidemia” no mérito da publicação que fizemos de termos destruído o que era sagrado para os idólatras

Por incrível que pareça hoje depois de 3332 anos desse acontecimento nunca esse versículo foi tão atual!
Shabat Hagadol:

Nosso Shabat é chamado Shabat Hagadol porque nele aconteceu um grande milagre ligado à saída do nosso povo do Egito, quando os egípcios em vez de lutarem contra nós lutaram contra si próprios.

Nesse Shabat Hagadol os Rabinos nas Sinagogas dão uma palestra sobre as leis de Pessach, mas sendo que no momento as Sinagogas estão fechadas leia isso como sendo nossa palestra de Shabat hagadol

Vaykrá – 5780

Nossa Parashá começa com as palavras  Vaykrá el Moshe (e chamou à Moshe). D’us chama Moshe pelo seu nome

Rashi explica que sempre quando Hashem (D’us) se revelava para Moshe Rabeinu ou para qualquer outro profeta judeu, antes de dizer à ele a profecia Hashem o chamava pelo nome para demonstrar o afeto que tinha por ele, e só depois dizia para ele a profecia

Uma revelação Divina para um profeta que não era judeu só acontecia por algum motivo relacionado à nós como foi o caso da profecia de Bilaam que falou o “Ma Tovu”,

Quando Hashem era obrigado a se revelar para um profeta que não era judeu, Hashem revelava para ele a profecia sem chamá-lo pelo nome, como uma pessoa que se encontra com alguém por acaso, com alguém que não é importante o suficiente para primeiro chamá-lo para que ele possa se preparar para ouvir o que vai ser dito

A linguagem do versículo para “e chamou” (uma linguagem de afeto) é Vaykrá. A linguagem do versículo para “e encontrou por acaso” é Vaykr. A mesma palavra mas faltando a letra Alef (a letra “a” em hebraico) no final da palavra

Na nossa Parashá, a palavra Vaykrá aparece com uma letra Alef pequena, menor do que as outras letras daquela palavra. Qual seria o motivo para essa diferença de tamanho?

A explicação do Baal Haturim 

Rabeinu Yaakov ben Asher nasceu em Colônia na Alemanha antiga aproximadamente em 1269 e faleceu em Toledo na Espanha aproximadamente em 1343. Ele foi o terceiro filho do famoso “Rabeinu Asher ben Yechiel” conhecido como “o Rosh”

Rabeinu Yaakov foi uma autoridade rabínica medieval influente e é conhecido como “o Baal haTurim” por causa da sua obra principal, o livro Arba’ah Turim (quatro fileiras), livro de lei judaica dividido em quatro categorias diferentes e que serviu posteriormente como inspiração para a escrita do Shul’han Aru’h por Rabeinu Yossef Karo (Espanha 1488 – Tzfat 1575)

Essa obra foi dividida em 4 seções, cada uma chamada de um “Tur”, aludindo às fileiras de jóias da placa peitoral do Sumo Sacerdote.

Rabeinu Yaacov nos explica que Moshe Rabeinu era tão humilde que não queria escrever a palavra Vaykrá em relação à si próprio  como demonstração do afeto que Hashem tinha por ele, mas queria escrever em relação à si próprio a palavra Vaykr, como está escrito em relação à Bilaam, ou seja, como se Hashem não tivesse por ele mais consideração do que teve por Bilaam, D’us nos livre

Mesmo assim Hashem obrigou Moshe a escrever a palavra Vaykrá demonstrando o grande afeto que Hashem tinha por ele, então ele escreveu o Alef em letra pequena expressando que não se considerava merecedor de todo esse afeto

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O Motivo de se trazer um Korban (sacrifício) para Hashem

Nossa Parashá nos conta sobre os Korbanot, os sacrifícios que eram feitos inicialmente no Templo móvel no deserto e posteriormente no Beit Hamikdash em Yerushaláim

O Rambam, Rabi Moshe ben Maimon (Córdoba 1138, Fustat 1204) No seu livro Moré Nevuhim (Professor dos Desorientados) explica que uma pessoa normal não consegue mudar de um extremo ao outro repentinamente. Diz o Rambam que o ser humano por natureza não consegue abandonar de imediato o que sempre estava acostumado a fazer

Quando Hashem enviou Moshe Rabeinu para transformar o nosso povo em um reinado de sacerdotes,em um povo sagrado, era necessário para isso que eles se entregassem ao trabalho Divino de todo o coração, servir somente à D’us e à nada fora Ele

As pessoas do mundo inteiro naquela época estavam acostumadas à sacrificar alguns tipos de animais nos templos onde eram colocadas as estátuas, se prostravam na frente das estátuas e acendiam para elas incenso. Todos cresceram educados dessa maneira e os mais dedicados eram sacerdotes nos templos que eram feitos para o Sol, a lua e as estrelas

Diz o Rambam que o motivo de Hashem não ter pedido para deixar todos esses trabalhos e não anulá-los foi porque a natureza humana é de as pessoas estarem sempre apegadas ao que estão acostumadas a fazer,

E se Hashem pedisse para eles pararem de fazer os sacrifícios seria comparado à um profeta que surgisse na nossa época e dissesse que Hashem nos ordenou à não rezar para ele e não pedir a ajuda dele na hora do sofrimento, mas somente fazer todo o trabalho Divino por meio de pensamento sem ação, o que seria um absurdo para nós

Por isso, no lugar de anular esses costumes Hashem pediu para que eles fizessem isso para Ele

Não fizessem os sacrifícios para a idolatria mas sim para Hashem

Não fizessem um Templo para a idolatria mas sim para Hashem

Não fizessem um Altar para fazer sacrifícios para a idolatria mas sim para fazer sacrifícios para Hashem

Não se prostrassem para a idolatria mas sim para Hashem

Hashem pediu para terem sacerdotes no Templo de Hashem como tinham sacerdotes no templo da idolatria

Pediu para que fossem dados presentes para os sacerdotes de Hashem para que eles possam se manter fazendo esse trabalho, e essa é a origem dos presentes que os Cohanim e os Leviim tinham que receber do nosso povo

E essa foi a perspicácia Divina para apagar a lembrança da idolatria e fazer uma verdadeira reviravolta no nosso povo nos direcionando dessa forma à conscientização da existência de D’us e da sua unicidade

E assim impedindo que as pessoas daquela época ficassem perdidas por ter sido anulado o trabalho que elas estavam acostumadas a fazer e que não sabiam fazer nada fora disso

Até aqui a tradução das palavras do Rambam no seu livro Moré Nevuhim, em árabe dalalat al ha’irin دلالة الحائرين

O Rambam começou a escrever esse livro em 1185 quando ele tinha 47 anos, e terminou de escrevê-lo em cerca de 1191. Esse livro foi redigido em judeo-árabe (árabe escrito com o alfabeto hebraico) quando o Rambam morava em Fustat, antiga parte do Cairo atual e trabalhava ali como médico do vizir egípcio e também como líder da comunidade judaica, atuando como representante da mesma junto as autoridades muçulmanas.

Mesmo assim na prática o Rambam escreve no seu livro Mishne Torá, a obra prima do Rambam que é a lei judaica colocada na prática, que os Korbanot fazem parte da categoria de mandamentos da Torá chamada de Hukim, mandamentos Divinos que para eles não existe uma explicação lógica

Na próxima Parashá vamos trazer a explicação do Rambam sobre o motivo da escolha Divina em relação aos animais que deveriam ser sacrificados, entre eles o motivo pelo qual o Korban Pessach tinha que ser um carneiro. Não percam!

Vayakhel – 5780

Nossa Parashá começa com as palavras “e reuniu Moshe toda a congregação do povo de Israel”. Esse fato aconteceu depois que a “erev rav” fez o “bezerro de ouro” e Moshe desceu novamente do monte Sinai após o Yom Kipur, após Hashem ter desculpado o povo de Israel

Rabi Hiya no Zohar nos trás como explicação para essa passagem da Torá a história do rei Shaul, o primeiro rei de Israel e o que foi incumbido de fazer a guerra contra Amalek

Ele nos conta que antes da guerra, Shaul reuniu os “Keinim” que eram os descendentes de Itró e moravam misturados  com o povo de Amalek.

Shaul pediu para os Keinim se separarem do Amalek sendo que Shaul iria atacá-los e na hora da guerra seria difícil discernir entre o povo bom que eram os Keinim e o povo ruim que era Amalek

O Zohar também nos conta que a diferença entre Amalek e os outros povos é uma diferença de Alma. As almas dos amalequitas aqui embaixo em todas suas gerações até Mashiach chegar são uma extensão da “cobra espiritual” que eles representam lá em cima, e juntos formam o “pacote do mal”.

Por isso Hashem pediu para exterminar o Amalek, mesmo aqueles que iriam nascer no futuro, e não pediu para fazer isso à outros povos que nos atacaram desde que saímos do Egito até entrarmos na terra de Israel

Ou seja, fomos atacados por Sihon rei dos emoreus e Og rei de Bashan, mas Hashem não nos pediu para continuar lutando contra aqueles povos de geração em geração a não ser com Amalek. O Zohar vai comparar isso ao problema que tivemos com a “erev rav”

Diz o Zohar que na nossa Parashá Moshe reúne todo o povo de Israel para separá-los da “erev rav”

Quem era a “erev rav”? 

Uma única vez aparece na Torá uma referência direta à erev rav. Quando nosso povo saiu do Egito está escrito “e também uma grande mistura subiu com eles”. Rashi explica que a palavra “mistura” no versículo se refere à uma grande mistura de povos que se converteram ao judaísmo mas o Zohar diz que eles eram egípcios

Rabi Ismael no Midrash diz que eles eram o dobro do povo de Israel

Rabi Akiva diz que o número deles era equivalente à quatro vezes o povo de Israel

Rabi Yonatan diz que o número deles era equivalente à seis vezes o povo de Israel

Então podemos concluir que eles eram “pelo menos” o dobro do nosso povo

Yossef no Egito começou o “tikun” da “erev rav” obrigando os egípcios a fazerem “brit milá” como condição para poderem comprar dele trigo nos sete anos da fome no Egito

Moshe fez a conversão da “erev rav” ao judaísmo e por isso antes da décima praga do Egito eles também tiveram que fazer o “korban Pessach” e os primogênitos deles não morreram

A “erev rav” recebeu a Torá junto com o povo de Israel. Lá nos tornamos um povo, e eles se tornaram uma parte do nosso povo. Ou seja, o fato de eles terem se convertido ao judaísmo antes da entrega da Torá desaparece com a entrega da Torá, eles perderam o status de “guerim” e por isso a Mitzvá da Torá de amar o “guer” não inclui a “erev rav”

E uma prova disso é que pela Torá um egípcio daquela época que se convertesse ao judaísmo após a entrega da Torá só poderia se casar com uma mulher egípcia que se converteu também. Seu filho se casaria com a filha de uma egípcia convertida e seu neto já poderia se casar com uma mulher judia.

Após a entrega da Torá aconteceram casamentos entre homens da erev rav e mulheres da tribo de Shimon demonstrando que a “erev rav” não tinha status de convertidos

Diz o Zohar que a palavra “grande mistura” não está se referindo à uma mistura de povos mas sim à uma mistura entre o bem e o mal.

Ou seja, eles eram egípcios, mas na alma deles havia uma grande mistura entre o bem e o mal

Moshe Rabeinu era a reencarnação de Hevel (Abel) e todo o povo de Israel daquela geração eram ramificações da Alma dele incluindo a “erev rav”, mas no caso da “erev rav” o bem e o mal estavam misturados de forma que nem o próprio Moshe Rabeinu conseguiria refinar,

e por isso acabamos chegando à essa situação que após Hashem ter desculpado nossa cumplicidade em relação ao bezerro de ouro, ou seja, o fato de não termos feito nada contra isso, Moshe é obrigado à separar o povo de Israel da “erev rav”, o que acontece na nossa Parashá

Por isso o Zohar compara o fato de Moshe separar o povo de Israel da erev rav com o fato de Shaul ter separado o Keini do Amalek

Como lá é uma separação entre Almas boas e almas ruins, aqui também. A partir desse momento Moshe não aceitou mais doações da “erev rav” e todos os doadores e doadoras e voluntários e voluntárias que participaram das doações e dos trabalhos para construir o Mishkan e tudo o que é relacionado à ele não podiam ser mais da “erev rav”.

Ou seja, esse mérito Moshe já não deu mais para eles, e diz o “Ora’h Haiim que a erev rav morreu no deserto pelo fato de até o próprio Moshe não ter pedido mais por eles

Conclusão : Tzedaká salva vidas 

Ki tissá – 5780

Nossa Parashá nos conta que Hashem disse para Moshe que quando ele precisar contar o povo de Israel cada pessoa deve dar um “resgate” de si próprio para Hashem quando forem contados, e dessa maneira eles não terão uma epidemia por terem sido contados.
 
A Parashá continua nos contando que cada um deveria dar meio shekel para essa contagem, ou seja, o dinheiro seria contado no lugar das pessoas e assim se saberia quantas pessoas estavam lá sem precisar contá-las.
 
Rashi explica que o “mau olhado” tem domínio sobre o que é contado e as epidemias vem para as pessoas contadas por causa desse motivo, como aconteceu na época do rei David
 
E surge a pergunta: “mau olhado de quem? Se até na época de Bilam que conseguia de verdade dar um “mau olhado” em alguém Hashem transformou a maldição dele em bênção, quanto mais agora que não existem mais pessoas assim com esses super poderes do mal como Bilam
 
E até se existisse alguém assim nos nossos dias Hashem nos protegeria e nenhum “mau olhado” nos afetaria. Então porque o próprio D’us pede para não contarmos as pessoas diretamente?
 
E ainda mais, Rashi nos traz a história do censo que foi feito na época do rei David e causou a maior epidemia como prova de que, não só que esse assunto é coisa séria, mas também de que é muito mais sério do que poderíamos imaginar
 
A explicação do Zohar
 
O Zohar explica que a Benção Divina não paira sobre uma coisa contada medida ou pesada, e por isso foi pedido o “resgate” em dinheiro de cada pessoa que deveria ser contada, e o que foi contado foi esse dinheiro e não as pessoas
 
Pergunta o Zohar : Porque a morte paira sobre o que foi contado? E o próprio Zohar responde que isso acontece pelo motivo de a Benção Divina não pairar sobre o que é contado, e sendo que a Benção Divina sai do que é contado, o “outro lado” paira sobre aquilo e tem o poder de prejudicar,
 
Ou seja, quando cada um deu meio shekel não foi um prejuízo para ele, mas na verdade foi um prejuízo no lugar dele. Ele perdeu meio shekel mas salvou a própria vida
 
Diz o Zohar que o motivo de a Benção Divina não pairar sobre o que foi contado é porque a “Sitra Ahara”, que ela é o que é chamado de “mau olhado” nesse caso , tem domínio sobre o que foi contado, e se a Benção Divina estivesse lá a “Sitra Ahara” teria a capacidade de usufruir dela, e por isso Hashem é obrigado a tirar de lá a sua Benção quando a contagem acontece
 
Ou seja, se a Benção Divina caísse nas mãos da “Sitra Ahara” seria como fazer uma bomba atômica e dar de presente para o inimigo
 
O motivo de a “Sitra Ahara” , essa estrutura espiritual negativa que é chamada também de “mau olhado”, ter acesso ao que foi contado medido ou pesado é pelo fato de a contagem do número do peso ou do tamanho causar uma separação, e tudo o que é separado abre um acesso à “Sitra Ahara”.
 
Antes de algo ser contado medido ou pesado ele faz parte do “tudo” , e no “tudo” existe a Benção porque o “tudo” está unido à raiz e fonte da Benção e de lá desce a vitalidade para todos
 
Ou seja, no lado bom tudo é unido e no lado ruim todo é separado, o lado bom é infinito e ilimitado e o lado ruim é a fonte dos limites, limite de número de tamanho de peso e etc.
 
O exílio do Egito foi o nosso maior sofrimento e a palavra Egito, Mitzraiim em hebraico tem como raiz a palavra metzarim que quer dizer limitações
 
Sendo assim, na hora em que algo é contado medido ou pesado é oficializada a separação daquilo em relação ao “todo” do qual fazia parte
 
Essa separação dá acesso à “Sitra Ahara”, mas antes disso acontece a saída da Benção Divina para que a “Sitra Ahara” não tenha acesso à ela
 
Essa é a regra cabalística em relação à tudo o que é contado medido ou pesado
 
Mas quando Moshe faz todas as contas das doações do Mishkan e de tudo o que foi feito com essas doações essa regra não se aplica, sendo que Moshe está ligado ao mundo de Atzilut, o mundo oculto, e a “Sitra Ahara” como vimos só tem acesso ao que é revelado por meio da contagem pesagem ou medida.
 
A explicação do “Sfat Emet”
 
Rabi Yehudah Arie Leib Alter foi o Rebe da cidade de Gur na Polônia
 
Ele explicou que quando vivemos com fé em D’us estamos conectados à raiz, e mesmo que estamos ocupados com assuntos materiais, sabemos e nos lembramos constantemente de que tudo é de Hashem, e isso faz com que a Benção Divina paire sobre tudo o que fazemos, e esse é o nosso diferencial
 
Quando trabalhamos simplesmente para termos mais bens materiais estamos “separando para nós”, mas quando trabalhamos para Hashem e tudo o que temos vemos como equipamento para o trabalho Divino, estamos ligados à raiz, e a Benção Divina recai sobre tudo o que fazemos
 
(Mais assuntos sobre a Parashá no nosso canal no YouTube)
 
Parashat Pará, a Vaca Vermelha
 
Nesse Shabat vamos ler no Sefer Torá na Sinagoga Parashat Pará que fala sobre a Vaca Vermelha
 
Essa Parashá é lida antes de Pessach para lembrar o povo de se purificar para ir ao Beit Hamikdash e fazer o “korban Pessach”
 
O Baal Shem Tov nos ensinou que todos os mandamentos Divinos são eternos, porque a Torá é a revelação Divina e D’us é eterno.
 
A Torá é a sabedoria Divina que desceu ao nosso nível, como por exemplo um pai muito sábio que ensina ao filho mais velho uma sabedoria muito profunda.
 
Quando ele fala com o filho pequeno, a sabedoria profunda desce ao nível da criança aparentando ser uma coisa simples, mas por trás disso se encontra uma sabedoria profunda. Assim também são os mandamentos Divinos, cada um tem por trás de si diferentes aspectos, muitas vezes desconhecidos.
 
O lado simples do mandamento Divino chamamos de “Pshat”.
 
O Pshat é o jeito simples e específico de cumprir o mandamento na prática tendo muitos deles um local e tempo determinado que não é necessariamente “aqui e agora”.
 
No Pshat o mandamento pode acontecer poucas vezes como no caso da Vaca Vermelha da nossa Parashá, ou não acontecer nunca como no caso do ”ben sorer umore” que é um mandamento da Torá que nunca aconteceu e nunca acontecerá.
 
Mas todos os mandamentos Divinos tem um aspecto no qual eles são eternos e acontecem “aqui e agora” mas em outro nível. Um desses aspectos é chamado de ”Remez” (indicação)
 
Nossa Parashá nos conta sobre o mandamento da Vaca Vermelha, um mandamento que aconteceu na prática somente nove vezes em toda a nossa história e vai acontecer mais uma vez na época do Mashiach
 
Esse mandamento tem uma característica interessante que é a de impurificar os puros e purificar os impuros
 
Diz o Baal Shem Tov que o “Remez” desse mandamento é o orgulho.
 
Orgulho: qualidade ou defeito?
 
O orgulho é comparado à Pará Adumá, a Vaca Vermelha, ele purifica os impuros e impurifica os puros.
 
Quando uma pessoa se comporta de maneira incorreta ele está distante de D’us, e para conseguir sair dessa impureza a pessoa deve se encher de orgulho
 
Ter orgulho de cada mandamento que cumpre, de cada Tzedaká que dá, sentir que faz algo por D’us e que agora D’us está em dívida com ela e vai dar para ela um paraíso enorme
 
Mas aí ela chega à uma etapa aonde se acomoda e acha que já fez até demais.
 
Nessa hora o orgulho que serviu para ela crescer faz ela se acomodar. Se torna uma barreira, se torna um um bloqueio. De purificador vira impurificador!
 
Sendo que nessa etapa o orgulho deixa de ser um remédio e se torna um veneno, deve ser eliminado
 
Para eliminá-lo a pessoa deve se lembrar que toda a Tzedaká que deu foi somente parte do que Hashem deu para ela, ainda mais, foi a parte pequena da benção Divina que ela recebeu.
 
E todos os mandamentos Divinos que ela cumpriu foram com a força e saúde que Hashem deu para ela, e ainda mais, foi somente com um pouquinho dessa energia que recebeu de Hashem
 
Descobre que ela era somente uma criança pequena segurando a direção do carro do papai e achando que estava dirigindo
 
Aí o Yetzer Hará (a má inclinação) pode falar para ela- : Viu! Você nunca fez nada! Você é uma incapaz! Ou sugerir para ela uma falsa humildade dizendo:- Quem é você para fazer alguma coisa? E tirando dessa maneira a auto estima dela e a derrubando para baixo.
 
Aí o orgulho é novamente necessário para fazer ela subir, e agora que ela já está cumprindo os mandamentos Divinos ela toma a decisão de acrescentar na qualidade, caprichar mais nos mandamentos, estudar mais Torá, subir de verdade!
 
Agora ela se sente verdadeiramente um Tzadik!
 
E nessa hora que ela chegou à um nível mais elevado e parou de subir, o orgulho se torna novamente um veneno, ela se sente dona da razão reage com crueldade, de maneiradesproporcional e fora de controle à qualquer mínimo ataque feito à ela ou ao que ela representa, achando que quando atacada, em legítima defesa pode massacrar quem a atacou,
 
principalmente quando se trata de um assunto religioso no qual ela tem razão, se esquecendo totalmente que as palavras dos sábios são ouvidas com tranquilidade, e principalmente ditas com tranquilidade
 
Novamente o orgulho faz com que ela volte a ser impura e tem que ser eliminado
 
Conclusão: o orgulho em relação ao nível superior que devemos alcançar é indispensável, sem ele não chegamos lá, mas em relação ao nível que já foi alcançado é destrutivo
 
Por isso não temos que olhar para trás, para o que já fizemos, mas sim para frente, para o que podemos fazer melhor, porque sempre em relação ao nível superior o orgulho é um vento à nosso favor!

Tetzavê – 5780

Nossa Parashá começa com as palavras “e você”.

Rabi Hiya no Zohar nos conta que todo lugar na Torá que está escrito “e você” está nos indicando que a presença Divina está junto com ele

Ou seja, este “e” vem nos indicar “alguém e você”, e esse “alguém” é a própria revelação Divina

Rabi Itzhak no Zohar nos explica que essa linguagem aparece para nos indicar que nesse caso a luz de cima e a luz de baixo se unem se tornando uma só

A consequência disso nesse caso foi que Moshe Rabeinu simplesmente teve que cumprir a missão de repassar ao povo de Israel os assuntos relacionados à construção do Mishkan, mas na prática cada um teve a inspiração Divina causada por essa sincronização entre o mundo de cima e o mundo de baixo e fez o que precisava ser feito mesmo nos mínimos detalhes que Moshe Rabeinu não chegou a repassar a ponto de ele próprio se espantar com o fato de tudo ter sido feito como Hashem tinha mostrado para ele no Monte Sinai

Em Parashat Bereshit Hashem diz aos anjos “façamos o homem”. Existem alguns motivos para o uso dessa linguagem.

Hashem não precisou falar para os anjos “façamos um boi ou façamos um cavalo, mas sendo que o nível do ser humano seria superior ao dos anjos Hashem teve que dizer para eles” façamos o homem”, como uma mãe que já tem uma criança e vai dar a luz, diz para a criança que está indo ao hospital para trazer para ele um irmãozinho, e ela fala isso para que ele não fique com inveja. Outro motivo é porque os anjos teriam várias responsabilidades em relação à nós

Sendo assim, se na nossa Parashá a intenção Divina na expressão “e você” é dizer “nós”, porque o versículo já não diz explicitamente “nós” como no caso do versículo que fala sobre a criação do homem, e porque nesse caso parece que o “você” é a pessoa dominante nesse versículo e Hashem aparece simplesmente indicado indiretamente por um simples “e” ?

Nessa mesma Parashá o Zohar traz uma regra profunda que por meio dela podemos entender claramente todos esses “porquês”

Diz o Zohar que o mundo de baixo está sincronizado com o mundo e cima e está sempre dependendo de receber de lá tudo o que precisa, e o que receberemos vai depender de nós e não do mundo de cima.

Se aqui nesse mundo estamos com um sorriso no rosto, alegres e felizes, recebemos um sorriso lá de cima, e não precisamos mais nos preocupar com nada porque somos queridos no mundo de cima e todos os nossos problemas vão ser resolvidos com muito amor e carinho

Por isso, diz o Zohar, está escrito no Tehilim que devemos servir à D’us com alegria, porque a alegria da pessoa traz para ela outra alegria superior

Ou seja, quando você está triste você desperta o lado esquerdo do mundo superior, o lado da “guevurá”, e atrai para você todos esses “dinim”, todos os decretos ruins que vem purificar a sua Alma da pior maneira possível e consequentemente a mais dolorosa

Quando você se esforça e fica alegre mesmo não tendo o mínimo motivo para isso mas muito pelo contrário, você desperta o lado direito no mundo superior, o lado da “Hessed”, e Hashem te dá verdadeiros motivos para ficar alegre.

Todos os seus problemas são resolvidos com muito amor e carinho e você recebe todos os motivos do mundo para ser feliz.

Sua Alma é purificada de uma maneira positiva, Hashem te dá muito dinheiro para dar para a Tzedaká, você consegue fazer muitos favores para muitas pessoas e purifica a sua Alma sem precisar sofrer

Mas isso não vai depender lá de cima mas sim de você. E por isso nossa Parashá coloca a palavra você como principal e a revelação Divina como algo que te acompanha.

Porque você vai decidir que tipo de revelação Divina vai te acompanhar, se Hashem vai se revelar para você como um pai ou como um rei, isso depende somente de você

Conselho de amigo: Fique sempre alegre não importa a situação, você só tem a ganhar!

Trumá- 5780
Nossa Parashá nos conta que Hashem disse para Moshe pedir para o povo de Israel fazerem doações para a construção do Mishkan e tudo o que era relacionado à ele
A linguagem do versículo é: “Fale ao povo de Israel e peguem para mim uma doação, de cada pessoa que doar de coração peguem a minha doação”

Essa linguagem é uma incógnita, sendo que os Mandamentos Divinos não dependem da nossa boa vontade, mas ao contrário, devemos vencer a nossa má inclinação e obrigarmos a nós próprios fazermos a vontade Divina contra a nossa própria vontade.

Ou seja, mesmo que a nossa vontade é o contrário disso devemos fazer a vontade Divina. Então porque logo aqui no assunto das doações é necessário doarmos do fundo do coração?

A explicação do Zohar
Diz o Zohar que sobre o que é gratuito paira a impureza, e por isso todos os assuntos do lado puro devem ser pagos, para que a impureza não paire sobre eles.
Ou seja, nosso mundo é o mundo da ação, e o que vem de graça é falta de ação. O profeta antigo tinha que fazer uma ação para que a profecia descesse para esse mundo, ou seja, ela não descia de graça
Essa explicação justifica automaticamente o motivo de todo o povo de Israel ter que participar das doações feitas para a construção do Mishkan e tudo o que foi relacionado à ele, sendo que todo o povo de Israel iria usufruir do Mishkan e de tudo o que estava contido nele, todos tiveram que pagar por essa construção para que a impureza não pairasse sobre esse usufruto
Mas como poderíamos explicar que até a doação do “Meio Shekel” na qual o rico não poderia acrescentar mais do que meio shekel por pessoa e o pobre não poderia dar mais do que meio shekel por pessoa, ou seja, uma doação 100% obrigatória, também teria que ser dada do fundo do coração?
A diferença entre doação e descarte
Hoje nos Estados Unidos a coisa mais comum é você comprar um móvel “monte você mesmo”,montar o móvel junto com toda a família como se fosse um grande brinquedo de montar, e junto com isso terminar de quebrar o móvel anterior para conseguir tirá-lo de casa para ser descartado na calçada ao lado da lata de lixo na manhã em que o lixeiro passa na sua rua
Uma família comprou uma cama nova e ficou muito feliz. A família inteira montou junto a cama nova, e sem conseguir desmontar a cama velha sendo que os parafusos já estavam enferrujados e etc, quebraram a cama velha em muitos pedaços e colocaram ao lado da lata de lixo, e de tanto entusiasmo esqueceram que naquele dia o lixeiro não passaria
Eles poderiam ter recebido uma grande multa se não fosse uma pessoa que estava passando por lá e ficou muito feliz ao encontrar aquelas madeiras quebradas que serviriam exatamente para fazer as prateleiras da garagem que ele sempre quis fazer mas que não achou certo gastar dinheiro com isso
Pergunta: quem fez a Tzedaká para quem? Com certeza a pessoa que precisava da madeira foi quem fez o favor para quem deixou a madeira na rua no dia errado, porque se não fosse ele, a família que descartou a madeira teria levado uma grande multa
E como nesse exemplo extremo o mesmo pode estar acontecendo, mesmo que com menor intensidade, em todas as nossas doações
Muitas vezes ficamos tão felizes com aquela pessoa que não precisa mais da nossa Tzedaká, mas nossa felicidade não é pelo fato de o pobre ter ficado rico, mas sim pelo fato de que agora vamos “perder menos dinheiro”, agora vamos economizar! Muitas vezes vemos o pouco que damos para a Tzedaká como um grande prejuízo. Mas será que a Tzedaká é isso mesmo?
O câmbio
Essa semana tivemos que vir para New York. Domingo à noite já dentro do aeroporto em um guichê do banco Safra troquei todo o meu salário em dólares e vi que ele encolheu cinco vezes. Estava em um grande dilema.
Na minha mão tinha muito dinheiro, mas se trocasse tudo o que tinha por dólares iria ficar com poucos dólares. Por outro lado os meus reais na América não valeriam nada, e pior ainda, lá não daria nem para trocar esses reais por dólares e teria que cuidar desse dinheiro sem utilidade
Afinal das contas troquei meus muitos reais por aqueles poucos dólares e inventei um novo provérbio: “é melhor uma pequena águia na mão do que cinco grandes urubus voando em volta de você”!
Nesse momento me lembrei da história que a Guemará traz sobre Mumbaz, o rei de Hadayev que se converteu ao judaísmo junto com sua mãe, a rainha Heleni, e provavelmente junto com toda a nobreza do seu país
A Guemará nos conta que há muitos e muitos anos atrás, em uma cidade que hoje é chamada de Erbil, havia um rei muito rico chamado Munbaz.
Certa vez seu país passou por uma grande crise. Mas sempre que tinha um ano difícil todos sabiam que podiam contar com o bom rei.
Ele gastou todos seus tesouros e os tesouros que tinha herdado de seus antepassados com a Tzedaká, com as doações que deu nos anos de crise.
Seus irmãos e parentes se reuniram contra ele e lhe disseram
:- Seus antepassados ajuntaram muito dinheiro, seu avô e seu pai acrescentaram ao que eles ajuntaram, e você gastou tudo! E agora, o que você tem a dizer?
A Guemará nos conta que “As palavras dos sábios são ouvidas com tranquilidade”, e assim o bom rei respondeu com muita calma e sabedoria:
:-Meus antepassados guardaram as riquezas deles aqui embaixo, mas eu guardei essas riquezas lá em cima.
:-Meus antepassados guardaram as riquezas deles em um lugar onde poderiam ser roubadas, mas eu guardei essas riquezas em um lugar onde ninguém pode roubar.
:-Meus antepassados guardaram as riquezas deles em um lugar escondido que não dá frutos, mas eu guardei essas riquezas em um lugar onde posso receber aqui os frutos dela e mesmo assim elas continuam intactas lá onde estão guardadas!
:-Meus antepassados guardaram as riquezas deles para outros, mas dando elas para a Tzedaká eu guardei essas riquezas para mim!
:-Meus antepassados guardaram as riquezas para serem usadas neste mundo e se foram sem elas, mas eu guardei essas riquezas no próximo mundo, para onde todos nós vamos!
O bom rei Munbaz e sua mãe Heleni Hamalka foram para Yerushalim e se converteram ao judaísmo, e o exemplo deles foi seguido por todas as pessoas sábias daquele país formando lá uma comunidade judaica linda e maravilhosa.
No aeroporto, nessa hora de desespero no guichê do câmbio me lembrei dessa história.
Me lembrei que vai chegar o dia em que terei embarcado para o próximo mundo, mas pensei em alguns detalhes que poderia acrescentar à história do rei Mumbaz
1- Naquele “aeroporto” não há “casa de câmbio”. Temos que chegar lá com o dinheiro já trocado
2- Ao contrário da casa de câmbio desse mundo onde a cada cem reais que você dá você recebe em troca vinte dólares, quando você dá dez centavos para a Tzedaká nesse mundo você recebe em troca centenas de milhões de dólares no próximo mundo, e você ainda usufrui desse investimento aqui nesse mundo e ele continua do mesmo tamanho no próximo mundo
E por isso é tão importante que a Tzedaká seja feita do fundo do coração e não em forma de descarte. Quando ela é feita do fundo do coração ela é uma “ação”, quando ela é feita em forma de descarte ela é uma “falta de ação”
Por isso, até a Tzedaká que somos obrigados a dar tem que ser dada do fundo do coração

  Mishpatim – 5780

Nossa Parashá nós conta sobre leis judaicas referentes à vários assuntos, e começa nos ensinando as leis referentes à um escravo judeu. A Parashá nos conta que o escravo judeu deve trabalhar seis anos e ao final desses seis anos ele sai livre.

A linguagem do versículo é: “Quando você comprar um escravo judeu seis anos ele vai trabalhar e no sétimo ele vai sair livre e de graça”.

Sendo que a Torá já está dizendo que ele vai trabalhar seis anos e já entendemos disso que no primeiro dia do sétimo ano o escravo está livre, porque o versículo precisa trazer a palavra “e no sétimo ele vai sair livre e de graça”

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que Parashat Mishpatim é a Parashá das reencarnações, dela estudamos muitas regras básicas sobre reencarnações que se ocultam por trás dessas leis referentes aos escravos judeus e outros assuntos da Parashá

E por isso o versículo usa essas duas expressões que aparentemente uma delas é desnecessária. Desnecessária para a lei em relação à libertação do escravo, mas extremamente necessária para a lei das reencarnações

Diz o Zohar que a linguagem do versículo “seis anos ele vai trabalhar” está se referindo à uma Alma Divina que se reencarna para sua própria retificação e os seis anos se referem à seis níveis espirituais diferentes que ela tem que retificar. Essa Alma desce para o mundo para trabalhar sobre si própria, para retificar o que fez de errado nas reencarnações anteriores

“E no sétimo ele vai sair livre e de graça” se refere ao Tzadik que vem para esse mundo sem que tenha nenhuma necessidade de retificação para só próprio, mas ele só vem para o mundo para nos ajudar a fazer a nossa própria retificação, para nos orientar

O Zohar também nos conta que o versículo que diz “Quando um homem vender sua filha como escrava ela não vai sair da escravidão da mesma maneira que saem os escravos”, se refere à Hashem e o povo de Israel

A palavra “Homem” no versículo está nos indicando a revelação Divina por meio da “Guevurá”, como está escrito “Hashem é um Homem de guerra”. Ou seja, quando Hashem se revela por meio da Sefirá chamada de Guevurá ele é chamado de Homem

” Vender sua filha como escrava”: O versículo usa a palavra “sua filha” e não “uma filha”, nos indicando que ela é a filha única, o povo de Israel que é comparado à filha única de Hashem

Não vai sair da escravidão da mesma maneira que saem os escravos” está nos indicando que a saída do nosso exílio não vai ser rápida como a saída da escravidão do Egito

Sendo que o principal do nosso exílio são as Almas Divinas do povo de Israel que saiu do Egito, faleceu no deserto e se reencarna na última geração, a saída do nosso exílio vai ser de maneira calma e tranquila, não como a saída do Egito que foi uma fuga

O Zohar também diz que o versículo que fala sobre a filha do Cohen que se casou com uma pessoa que não é Cohen e por causa disso está profanando o seu pai se refere às Almas Judias que nascem em pessoas que não são judias e depois se convertem ao judaísmo. Nesse versículo, diz o Zohar, a palavra Cohen se refere à Hashem e a filha do Cohen à Alma judia. Nesse caso o homem estranho é qualquer homem ou mulher não judeus

Rabi Yonatan Eibeschitz explica essa passagem do Zohar e diz que o final do versículo que diz que “o seu pai ela está profanando” se aplica quando essa Alma Divina se reencarna em um corpo de um não judeu e não se converte ao judaísmo.

Nesse caso o objetivo foi perdido e o fato de ela ter sido uma Alma Divina no corpo de um não judeu por toda a sua vida é a profanação de que o versículo está falando, e depois da sua morte ela volta para o céu, ou seja, perdeu a viagem

O versículo na nossa Parashá que fala sobre “olho por olho e dente por dente” também está se referindo às reencarnações, sendo que ele é uma incógnita e toda incógnita na Torá se refere à um assunto espiritual profundo

Sendo que aparentemente esse versículo vai contra a própria Torá que não permitiria à uma pessoa que não tem dentes quebrar os dentes de outra e sair impune, e também o olho por olho não tem como ser aplicado sendo que tirar o olho de alguém é causar a sua morte e a pena para quem feriu alguém não é pena de morte, o versículo vem nos indicar outro assunto

Nossos Sábios estudam desse versículo que a indenização por um olho não é a mesma que a indenização por um dente, mas a própria Torá poderia nos dizer que a indenização por um olho não é como a indenização por um dente

Por isso diz o Zohar que essa linguagem vem nos indicar que se a pessoa não retifica o mal que fez, em uma das reencarnações posteriores vai acontecer para ele o que ele fez para o outro exatamente igual, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, ao pé da letra. Ou seja, também esse versículo está falando sobre reencarnações

Por tudo isso diz o Zohar sobre a nossa Parashá que começa com as palavras ” e essas são as sentenças que você vai colocar na frente deles, que a intenção é: essa é a ordem das reencarnações!

Então vamos pegar leve com os nossos sofrimentos, parar de reclamar e ficar felizes pelo fato de a nossa Alma Divina ficar cada vez mais linda pura e refinada por meio deles, mas junto com isso pedir para Hashem nos trazer a Gueulá imediatamente e assim não só que esses sofrimentos terminam de vez, mas também vamos agradecer à Hashem por eles terem acontecido. E o principal, por eles terem terminado!

Shabat Shekalim

O Shabat que cai antes do Rosh Hodesh Adar ou no próprio Rosh Hodesh Adar é chamado de Shabat Shekalim porque fora a Parashá da semana lemos nele também Parashat Shekalim

O motivo para isso é porque no mês de Adar se anunciava ao povo o assunto dos Shekalim, meia moeda de prata antiga que era doada por cada judeu anualmente para a compra dos Korbanot do Beit Hamikdash (essa doação era para comprar os sacrifícios públicos)

Na Parashat Shekalim, D’us dá ordens a Moshê sobre a mitsvá do meio-shekel. Ao descrever a mitsvá, a Torá diz: “Esta será dada…” (Shemot 30:13). O Midrash discute o diálogo entre D’us e Moshê e nos diz que Moshê se perguntou o que alguém poderia dar como resgate pela sua alma. Para responder a Moshê, o Midrash declara:

“O Eterno, bendito seja, pegou o que se parecia com uma moeda de fogo de sob o trono da Glória e mostrou a Moshê, dizendo: “’Esta deverás dar’, ou seja, eles deverão dar uma moeda que se pareça com esta. (Midrash Rabá, Bamidbar 12:3)”

O comentário Tosafot sobre o Tratado Chulim, 42a, parafraseia a dúvida de Moshê: “Moshê ponderou sobre este problema: “O que uma pessoa poderia dar que seja um resgate para sua alma [vida]?”

Por que Moshê ficou perplexo?

Quando o indivíduo comum escuta a dúvida de Moshê fica perplexo. Por que era tão estranho a Moshê que alguém pudesse alcançar a salvação para sua alma com o meio-shekel? Afinal, até uma simples pessoa da comunidade, desprovida de uma capacidade excepcional de intelecto, e certamente sem comparação a Moshê, com freqüência explica em termos muito simples, que quando um judeu cumpre uma mitsvá ele merece, e recebe, uma grande recompensa. A Torá afirma claramente: “Se seguires Meus estatutos … Eu te concederei chuva no tempo certo…” (Vayicrá 43:3), o que inclui também as bênçãos adicionais relacionadas naquele capítulo. Certamente Moshê, que tinha atingido o auge do intelecto humano, podia entender que a recompensa para a mitsvá do meio-shekel poderia ser “resgate para sua alma!”

Esta questão está baseada em raciocínio bastante sólido e, com razão, é perturbador aos olhos do judeu simples. Talvez se alguém com mente mais elevada pudesse pensar que devemos cumprir mitsvot altruisticamente – não pela recompensa – bom para ele; mas o entendimento básico e fundamental da Torá é que quando alguém cumpre uma mitsvá, existe uma recompensa devida a ele por D’us. Portanto, qual é o mistério? A recompensa para o meio-shekel é o resgate da alma.

Além disso, quando estamos falando da mitsvá da tsedacá, sobre a qual o Midrash declara: “Você deu vida ao pobre”, D’us sempre paga na mesma moeda, não deveria Ele agora dar sua vida como recompensa!?

A reflexão de Moshê esbarra numa séria questão.

Ora, e quanto à “moeda de fogo”? Por um lado, se todas as aparições espirituais são em forma de fogo, como vemos em muitos casos, então por que enfatizar “de fogo”. Se por outro lado Moshê poderia ter visto uma moeda de prata, como ele viu modelos reais do Mishcan, então por que a moeda mostrada a Moshê era de fogo?

O entusiasmo traz o resgate

As duas perguntas sobre a moeda de fogo podem ser respondidas em série.

D’us mostrou a Moshê a moeda de fogo e lhe disse que quando um judeu cumpre uma mitsvá com uma moeda física e acrescenta o elemento do fogo, i.e., seu entusiasmo, calor e energia, isso forma um “fogo” espiritual e então isso pode ser um resgate, até para sua alma.

Esta explicação, no entanto, combina nossa incompreensão sobre a dúvida original de Moshê. Todo expositor da Torá conhece esta “derush” (exegese homilética), que quando alguém acrescenta calor e entusiasmo ao cumprimento de qualquer mitsvá, conecta um “fogo” espiritual à mitsvá. Moshê certamente sabia disso; por que sua dúvida, e por que ele fez esta pergunta somente a respeito do meio-shekel? Outro ponto difícil surge agora. Se esta foi a resposta de D’us a Moshê, por que foi necessário para D’us tirar realmente uma moeda de fogo de sob o Trono da Glória? Ele poderia ter simplesmente indicado a Moshê que Ele desejava fervor, engajamento e calor.

Claramente, se D’us estava inclinado a responder a Moshê aqui mostrando-lhe uma moeda de fogo e dizendo: “É isto que eles devem dar”, deve haver alguma conexão especial e lição no meio-shekel que não se aplica no caso das outras mitsvot.

Recompensa para as mitsvot

Em geral, a recompensa pelas mitsvot, e especificamente a recompensa do resgate da alma, pode tomar duas formas: a) O tema central da mitsvá é tal que engendra uma recompensa na mesma moeda, quid pro quo. b) Não há uma conexão aparente entre a mitsvá e a recompensa, exceto que esta era a vontade de D’us.

Estas duas formas de recompensa correspondem aos temas diferentes de mitsvot. Há aquelas mitsvot que aparentemente não fazem sentido, são estatutos e decretos da vontade de D’us, ao passo que outras são Mishpatim – leis lógicas.

Aplicando-se estas regras à mitsvá do meio-shekel, seria razoável afirmar que a recompensa para esta mitsvá se encaixa na categoria de recompensas que são concedidas não em relação ao ato da mitsvá, mas sim como decreto de D’us, que prescreveu uma recompensa incomparavelmente maior para uma mitsvá aparentemente pequena – um decreto da vontade do Eterno! Afinal, o meio-shekel era apenas uma moeda e embora estivesse imbuída com calor, entusiasmo e fervor, que criaram um “fogo na alma” espiritual, este efeito subordinado não era um resultado direto da moeda. Assim, não é realmente relativo à recompensa de resgate da alma.

Tendo isso em vista, podemos entender as reflexões de Moshê: A recompensa do resgate da alma para o meio-shekel estava na forma de um decreto Divino, ou presente, completamente além do relativismo lógico e concedido somente porque o Eterno, bendito seja, assim desejava e decretou?

Se esta interpretação é correta, isso nos deixa intelectualmente humilhados; não sendo capazes de descobrir o relacionamento, devemos aceitá-lo pela fé. Ou, a recompensa foi quid pro quo pela mitsvá do meio-shekel? Este foi o mistério de Moshê.

D’us respondeu mostrando a Moshê uma moeda de fogo e declarando: “Isso é o que eles devem dar.” Quando um judeu doa o meio-shekel a moeda em si se torna uma medalha flamejante – não apenas pelo fervor que a acompanha – mas se torna realmente uma moeda de fogo. Agora tente entender pela razão o relacionamento da mitsvá com sua recompensa.

Esta abordagem proporciona mais discussão e elaboração.

Dinheiro versus Resgate da Alma

A pergunta de Moshê se revolvia ao redor do conceito que logicamente, não há relação entre o meio-shekel e o resgate da alma, porque o dinheiro é o mais baixo dos objetos materiais, e o resgate da alma é o conceito espiritual mais elevado, diametralmente oposto! Como pode um resultar do outro?

Sim, na época da Outorga da Torá, foi feita uma conexão entre o físico e o espiritual, para que um influenciasse o outro.

[Segundo o Midrash,”– quando D’us criou o mundo Ele decretou: ‘Os céus são os céus do Eterno; mas a terra Ele deu aos filhos do homem’! Porém, quando Ele estava para outorgar a Torá, Ele rescindiu o primeiro decreto e disse: ‘Aqueles que estão abaixo ascenderão para aqueles no alto, ao passo que aqueles que estão no alto descerão àqueles que estão abaixo e Eu começarei como está escrito: ‘E o Eterno desceu ao Monte Sinai.” (Shemot Rabá 12:3)

Porém ainda parece ilógico que objetos como alma e dinheiro tenham qualquer relação. Por que eles são opostos?

Prata e ouro representam a base de toda a existência física e materialista. Como vimos, a abundância de ouro e prata trouxe o bezerro de ouro. A ganância pelo dinheiro é o mais baixo e mais vil das fraquezas humanas, e por isto o Talmud declara: “E toda a substância que estava aos pés deles (Devarim 11:6)… Isso refere-se à riqueza do homem…” tão baixa quanto seus pés!

Esta inferioridade simbólica também é expressa na forma e lugar, onde e como, prata e ouro existem na natureza. Não somente são minerais e inanimados, como também são extraídos não em montanhas, ou planícies, mas nas entranhas da terra – certamente o reino de toda existência inanimada, mundana, materialista.

O Dinheiro cega as pessoas

Além disso, o dinheiro tem o poder de cegar completamente uma pessoa e confundi-la – a tal ponto que algumas pessoas arriscam a vida por causa da riqueza – por isso o Talmud declara que as palavras “com todo teu poder” significa tua “riqueza”. Há pessoas que dariam a vida para salvar sua riqueza – [por mais absurdo que pareça, é verdade!].

Ora, por força da razão, você pode realmente dizer que a inferior prata física, aquele meio-shekel, pode na verdade efetuar um resgate para a alma elevada? Resgate para a alma é o mais elevado dos conceitos. Até a pessoa média sabe que a alma está no nível mais elevado, e especialmente a alma judaica, que é” … verdadeiramente uma parte do D’us acima” (Tanya, cap. 2). Isso é o que preocupava Moshê!

O mistério de Moshê foi solucionado quando D’us lhe mostrou a moeda de fogo e disse: “Isso eles deverão dar… eles darão uma moeda que se assemelhe a esta.” Com efeito, ao mostrar a Moshê a moeda de fogo, D’us nos concedia a capacidade de dar realmente uma moeda de fogo. Não apenas simbolicamente, mas de verdade; semelhante à moeda celestial. Isso significa que não apenas eles podiam juntar o “fogo” do fervor e calor a esta mitsvá, mas que o meio-shekel em si seria também de fogo verdadeiro. Não somente em sua fonte espiritual, mas também em sua manifestação física.

Devemos parar por um instante para perceber e avaliar a inovação singular forjada por D’us na mitsvá do meio-shekel, relativa a todos os outros mandamentos. Quando “… o Eterno, bendito seja, tomou aquela que parecia uma moeda de fogo sob o Trono da Glória… e disse a ele: ‘Isso eles deverão dar’”, Ele estava criando o potencial para um novo fenômeno, que dois opostos deveriam se fundir.

Quatro Elementos – Quatro Mundos

A moeda é feita de metal básico, um mineral extraído nas profundezas da terra e o mais baixo dos quatro elementos. De modo contrário, o fogo é o mais elevado dos elementos. O tema espiritual dos quatro elementos corresponde aos quatro mundos: fogo, ar, água, terra, a Atzilut (Emanação), Beriá (Criação), Yetzirá (Formação) e Asiyá (Ação).

Neste sistema, a moeda (elemento da terra) corresponderia ao mundo da “ação” – o inferior, e o elementos do fogo corresponderia ao mundo da “emanação”, o mais elevado. Um é a antítese do outro.

Em todo aspecto, fogo e moeda são opostos, diametralmente opostos. Porém D’us causou uma fusão, simbiose, combinação e união, para que o meio-shekel, doado ao Mishcan, se tornasse uma moeda de fogo! Para elaborar mais este ponto, tal simbiose é ilógica e contra o sistema e ordem do desenvolvimento espiritual dos mundos que seguem o axioma de que o inferior evolui a partir do mais elevado e não combina com o elevado!

Na Torá o exotérico vem do esotérico

Até mesmo no estudo de Torá, quando apresentamos o significado esotérico ao significado simples, ou quando o significado simples evolui a partir do esotérico, a combinação do aspecto mais elevado e inferior da interpretação da Torá não cria uma verdadeira fusão, ao contrário, o significado exotérico permanece num nível inferior ao esotérico.

Esta fusão absoluta de moeda e fogo é conseguida somente pela super-imposição dos poderes sobrenaturais de D’us – não um anjo, nem mesmo a Torá, podem realizá-la.

União de opostos

Como D’us é onipotente e “ilimitado por quaisquer limitações”, Ele pode unir os dois opostos do físico e do espiritual – para fazer a moeda de prata, uma moeda de fogo.

Ora, em todas as outras mitsvot, a ação do ato de bondade atrai a vida espiritual – o “fogo”, que eleva o ato físico, mas o objeto físico mundano permanece num nível mais baixo que o espiritual. No caso do meio-shekel – a moeda se torna fogo.

Isso pede uma maior elucidação. Já estabelecemos que certamente está dentro do poder de D’us unificar dois opostos. Com certeza, Moshê também estava ciente deste poder e ele deveria ter presumido que a recompensa do resgate da alma estaria baseada na fusão do relacionamento, super-imposto por D’us, sobre a moeda e a alma, que nos leva de volta à questão: Por que Moshê se pergunta: “O que um homem pode dar em resgate de sua alma?”

São propostas as duas explicações a seguir:

Lógica do estatuto

1 – Moshê sabia que D’us podia combinar o físico e o espiritual. Sua questão era: sob o ponto de vantagem da sabedoria e do intelecto – o nível do próprio Moshê – a fusão é problemática. Não pode ser mencionada como Mishpat – neste caso Moshê mostrava-se intelectualmente perturbado e expressava suas reservas.

2 – Como o meio-shekel não é chamado um “estatuto”, [como vemos, a Torá continua dizendo: “eles não serão atingidos por uma peste”]. Neste caso, deve haver alguma explicação lógica para esta dúvida. Aparentemente a mitsvá do meio-shekel deveria de alguma forma se encaixar no sistema de desenvolvimento de Torá – não como um “estatuto”. Daí esta pergunta a D’us.

Agora podemos entender melhor os detalhes da explicação dada pelo Midrash. Voltemos por um momento para olhar novamente as palavras do Midrash:

O Eterno, bendito seja, pegou o que parecia uma moeda de fogo de sob o Trono da Glória e mostrou-a a Moshê, dizendo a ele: “Isso eles darão” – ou seja, eles deverão dar um moeda que se pareça com esta.

O momento explosivo da fusão!

Quando D’us mostrou a Moshê a moeda de fogo, aquele foi o momento explosivo da fusão! Antes, era apenas uma teoria, poderia haver uma moeda e ela poderia se unir com o fogo – uma boa idéia. Então quando D’us tirou a moeda de fogo de sob o Trono da Glória, aquilo transmitiu o poder de forma verdadeira, e então as moedas de meio-shekel, dadas pelo povo judeu, se tornaram “moedas de fogo”.

Uma análise cuidadosa das palavras do Midrash irão enfatizar diversos pontos que se destacam:

1 – O termo “Eterno, bendito seja” (Criador) é especificamente usado!

2 – D’us mostrou-a a Moshê e Moshê teve de vê-la!

3 – D’us disse: “Isso será rachado.”

A explicação dada apenas nos ajudará a entender algumas destas ênfases.

Criação ex-nihilo

O Midrash tinha estas idéias em mente.

1 – Somente o próprio D’us, não um anjo, nem a Torá poderia efetuar a fusão da moeda com o fogo. Sendo opostos, a nova substância a emergir é como a criação ex-nihilo. Portanto, somente o próprio Criador poderia fazer isso acontecer. Como vemos no Tanya, quarta parte, capítulo 20: “… a natureza e essência do bendito Emanador, cujo Ser é de Sua essência, e Ele não é, os céus não permitam, provocado por qualquer outra causa precedente a Ele mesmo. Somente Ele, portanto, tem em Seu poder e capacidade criar algo a partir do nada absoluto…”

2 – Por que foi necessário para D’us falar com Moshê? Tendo explicado que esta fusão de moeda e fogo é no âmbito da criação ex-nihilo, é certo que assim como a criação do mundo foi causada pela palavra de D’us, assim também isso deveria ser feito pela palavra de D’us. Quando D’us disse: “Isso eles devem dar”, Ele imbuiu a moeda, que os judeus doavam como meio-shekel, com a qualidade do fogo na forma da criação a partir do nada, assim como no tempo da criação do mundo.

3 – D’us teve de mostrar a moeda a Moshê para indicar que o poder de trazer o fogo espiritual até a moeda física seria tão evidente que todos o veriam, e cada judeu teria aquele poder – doar uma moeda de fogo.

Mas por que o fogo?

Você poderia dizer que, como a moeda deve encerrar as características celestiais do Trono de Glória, deve ser de fogo. Porém não existe também o elemento sobrenatural da água? O arcanjo Michael é chamado o “ministro da água” e Gavriel o “ministro do fogo” (Midrash Tanchuma). A água também representa o atributo da misericórdia e da bondade, que está acima do fogo, que representa severidade. Portanto, por que a escolha do fogo?

A resposta

Quando se compara os quatro elementos: fogo, ar, água e terra, a diferença do fogo das outras é que a natureza do fogo é se elevar, e devemos contê-lo por meio do pavio e do azeite.

Esta idéia está explicada no Tanya, capítulo 19:

… É necessário esclarecer o significado do versículo: “A vela de D’us é a alma do homem” (Mishlê 20:27)… A título de ilustração, como a chama da vela, cuja natureza é sempre cintilar para cima, pois a chama do fogo intrinsecamente procura se afastar do pavio para se unir com sua fonte acima… e embora assim ela poderia ser extinta e não produzir qualquer luz abaixo, e mesmo acima, em sua fonte, sua luz seria anulada, mesmo assim é isso que ela busca em sua natureza.

A natureza do fogo – elevar-se

Ao escolher uma moeda de fogo, D’us indicou a Moshê que o ato tem a natureza do fogo; elevar-se cada vez mais no reino da santidade.

O judeu comum também sente um anseio interior de elevar-se, e percebe que isso deve ser expresso intensificando suas atividades espirituais e elevando-se acima do aspecto materialista de sua vida. Isso enfatiza a idéia de resgate para a alma.

Como “a prática é essencial” (Avot 1:17), há uma profunda lição prática aqui.

Embora a mitsvá do meio-shekel se aplicasse somente quando o Bet Hamicdash estava de pé e os shekalim fossem usados para adquirir os sacrifícios diários para o ano inteiro, mesmo assim na época contemporânea ainda persiste o costume de doar meios-shekels. Como declara o Shulchan Aruch:

“É costume antes de Purim (antes de Minchá na véspera de Purim) doar meia moeda corrente (unidade monetária, ex. Dólar, shekel, real) daquele local e época. Como uma lembrança simbólica do meio-shekel que era doado no mês de Adar. Como a palavra terumá (oferenda) é mencionada três vezes no capítulo de Shekalim, a pessoa deve doar três meios-shekels.

Tsedacá – moedas de fogo

Isso nos ensina que quando um judeu dá uma moeda para tsedacá, ele não está apenas doando uma moeda física, mas sim uma moeda de fogo, como aquela que D’us mostrou a Moshê; é um ato espiritual e sagrado que se esforça para subir, e o eleva ainda mais alto. Por extensão aprendemos também que, em todas as mitsvot, cada observância física como tsitsit, tefilin, etc., não é apenas uma ação física, mas pelo exemplo da moeda de fogo, pode ser espiritual e sagrado, e elevar-se ainda mais alto.

Quando há entusiasmo e calor no cumprimento das mitsvot, haverá o fogo do Trono da Glória em todas as suas ações.”

E quanto à outra metade?

Outro ponto que nos vem à mente é que a moeda de fogo era meio-shekel. Após doar o meio-shekel, a outra metade permanece em sua posse, mas ainda está relacionada com a metade doada para tsedacá, para que juntas venham a formar um “shekel sagrado”. O judeu não doa tudo que tem para caridade, ao contrário, ele dá dez ou vinte por cento. Aquilo que permanece com ele também é elevado pelo um décimo ou um quinto doado. E a parte doada e elevada, juntamente com sua parte remanescente, são incluídas no todo; sua metade é também uma moeda de fogo!

Portanto, não apenas o Santuário se torna uma morada para a Divindade, mas a morada do judeu e todos os seus atos se tornam sagrados, proporcionando uma morada para a Shechiná; duas metades da moeda de fogo, que fazem um “shekel sagrado”.Que seja a vontade do céu que todo aquele que escuta estas palavras seja levado à ação para cumprir a verdadeira intenção do meio-shekel agora, e que mereça no futuro doar o verdadeiro meio-shekel no Terceiro Bet Hamicdash na Cidade Sagrada Jerusalém, na Terra Santa, através da verdadeira e completa Redenção

 

YTRO – 5780

Nossa Parashá nos conta que Ytro, que era o Cohen Midian (sacerdote de Midian) e também sogro de Moshe, ouviu tudo o que Hashem fez para Moshe e para o povo de Israel. O versículo termina com as palavras: “porque Hashem tirou o povo de Israel do Egito

O Baal Haturim nos conta que na hora em que o mar se abriu para nosso povo passar, ele fez um ruído tão grande que foi ouvido por todos os reis do oriente e do ocidente causando um grande temor à todos, e isso foi o que Ytró ouviu

Diz o Zohar que lá em cima, nas Sefirot, existe um aspecto de revelação Divina no qual D’us é chamado de Rei

Tanto na Sefirá chamada de Biná quanto na Sefirá chamada de Malhut existe o aspecto da realeza

O Malhut recebe de todas as Sefirót anteriores e tem uma ligação direta com o “Keter” que está acima de todas as Sefirót

A Biná recebe da Hohmá e por isso ela tem um aspecto de Malhut (realeza) também

Diz o Zohar que lá em cima também existe um aspecto de Cohen Gadol (sumo sacerdote) que se revela na Sefirá chamada de Hessed

Hashem criou o “mundo de baixo” à semelhança do “mundo de cima”, e por isso nosso povo tem um Rei e um Cohen Gadol (sumo sacerdote

E mesmo que no momento não temos nem o Rei e nem o Cohen Gadol, no futuro próximo quando tivermos a Gueulá, a redenção final, vamos ter tanto o Rei quanto o Cohen Gadol

Da mesma forma que no lado da Kedushá, no lado puro, existe um Rei e um Cohen Gadol, dessa mesma maneira existe na “sitra ahara”(o outro lado), ou seja, no lado impuro, um Rei e um Cohen Gadol, sendo que da mesma maneira que existem as dez Sefirót no lado da Kedushá existem dez Sefirót no lado da impureza

E nesse lado impuro o faraó era o Rei, sendo que ele era o Rei da superpotência mundial em uma época em que existia uma única superpotência mundial sem que existisse uma segunda e uma terceira como em nossos dias

Ainda nesse mesmo lado impuro, Ytró era o Cohen Gadol, o “Papa” de absolutamente todas as idolatrias da época, sendo que naquela época não havia um Papa, um Ayatolá e um dalai lama como hoje, mas somente Ytró era o único “Papa” de todas as religiões que existiam na sua época

Diz o Zohar que, sendo que o mundo de cima está sincronizado com o mundo de baixo e a entrega da Torá iria oficializar essa sincronização fazendo com que o mundo de baixo recebesse a Kedushá do mundo de cima por meio do nosso estudo da Torá e do nosso cumprimento das Mitzvót, o pré requisito para isso era que o Rei e o Cohen Gadol de baixo ficassem submissos ao Rei e ao Cohen Gadol de cima,

Ou seja, a “Sitra Ahara” representada por Ytró e pelo faraó se subjugasse à Hashem, fazendo com que Hashem se tornasse o Rei em cima e em baixo criando a circunstância adequada para unir o mundo de cima com o mundo de baixo por meio da entrega da Torá

Por isso, diz o Zoar, era imprescindível para que pudesse acontecer a entrega da Torá, que tanto o faraó quanto o “Cohen Midian” se subjugassem à Hashem

Por isso Hashem mandou as dez pragas para o Egito e fez o milagre de o faraó sobreviver o fechar do mar vermelho, sendo que esse reconhecimento do faraó de que “Hashem é o Rei e eu e o meu povo somos pecadores” (como disse o próprio faraó) era uma condição para a entrega da Torá

O faraó era o maior Rei do mundo e todos os outros reis seguiam o seu exemplo. O fato de ele ter reconhecido Hashem como o verdadeiro Rei fez com que todos os outros reis fizessem igual

E também o reconhecimento de Ytró que era o “Papa” de todas as idolatrias do mundo fez com que todos os sacerdotes do mundo fizessem igual

E por final nosso povo acampou embaixo do Monte Sinai em um clima de união que nunca existiu igual, diferente das outras vezes que acamparam em meio à brigas e discussões

Tudo isso fez com que nesse momento Hashem se tornasse o Rei de todos os mundos criando as condições para a entrega da Torá que veio fazer a união entre os mundos de cima e o mundo de baixo

Por isso, diz o Zohar,a entrega da Torá não pode acontecer antes de o faraó proclamar que Hashem é o único Rei e Ytró proclamar que Hashem é o único D’us

Os Dez Mandamentos

A entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai não foi uma aula de lei judaica mas sim uma revelação Divina sobrenatural que uniu espiritualmente o mundo material com o mundo espiritual

Os Dez Mandamentos estão sincronizados com os dez pronunciamentos que por meio deles Hashem criou o mundo e com as Dez Sefirót, dez emanações Divinas de dez categorias diferentes que são o DNA de toda a criação

Está escrito que o povo “viu as vozes”. Dizem nossos Sábios que as revelações Divinas que a pessoa mais simples do nosso povo viu na entrega da Torá nem o profeta Yehezkel na sua profecia mais exotérica que é conhecida como “a carruagem Divina” não chegou a ver

Diz o Zohar que na própria linguagem material dos Dez Mandamentos existem várias alusões à assuntos espirituais muito profundos, como o que está escrito que Hashem cobra até a quarta geração dos que fazem o mal

Sendo que pela Torá, não só que os filhos não pagam pelos pecados dos pais, mas ainda mais, o fato de eles terem sido educados daquela forma tira deles a responsabilidade pelas coisas erradas que eles próprios fizeram, como pode estar escrito nos dez Mandamentos que Hashem cobra até a quarta geração dos que fazem o mal

Diz o Zohar que aqui explicitamente está se tratando unicamente de um assunto espiritual profundo que é o assunto das reencarnações

Nesse caso não se trata de quatro gerações biológicas mas sim de quatro gerações espirituais, ou seja, quatro reencarnações da mesma Alma.

Assim dá para entender como pode Hashem cobrar da segunda geração algo que foi feito pela primeira e assim por diante

Ou seja, ninguém sofre por causa de ninguém mas somente por causa de si próprio

Se estamos sofrendo um pouco, a causa disso não são as más ações dos nossos pais, avós ou bisavós, mas unicamente pelo que fizemos nas nossas reencarnações anteriores que são o pai, avô e bisavô da nossa reencarnação atual

Outro assunto interessante nos dez Mandamentos é o Mandamento de “honrar pai e mãe

A Guemará nos conta que certa vez Rabi Akiva viu um não judeu dar o próprio pai como presa para um cachorro raivoso

Ou seja, quando a família cresce na “lei do mais forte”, enquanto o pai é mais forte ele bate no filho para educá-lo, mas quando o filho fica mais forte ele pode se vingar do pai por ter apanhado

Mas quando o filho cresce sabendo que Hashem, que é obviamente o “mais forte”, e também o mais piedoso, deu aos seus pais a autoridade para poder educar os filhos, aí tudo fica diferente

Mesmo o filho tendo a tendência para faltar com o respeito para com os pais que é causada pela intimidade que ele tem de forma natural com os pais, mesmo assim ele se controla sabendo que acima dele e acima dos seus pais existe Hashem que dirige o mundo e que lhe deu esse Mandamento de honrar pai e mãe

O fato de existir um mandamento de honrar os pais já demostra que por natureza, por causa da intimidade natural que uma criança tem pelos pais, a tendência é de tratar os nossos pais com menos respeito do que tratamos as outras pessoas, e por isso há necessidade de um mandamento, para equilibrar a nossa tendência natural

Dessa mesma existe a necessidade de haver um Mandamento de amar uma pessoa que se converteu ao judaísmo fora o Mandamento de amar ao próximo como a si mesmo

Em outras palavras, sempre que existe uma inclinação natural para fazer o contrário da vontade Divina, a Torá nos acrescenta um Mandamento para aumentar o mérito do nosso autocontrole transformando as coisas que são “nada mais do que a nossa obrigação” em grandes Mitzvót pelas quais recebemos uma grande recompensa no mundo vindouro e usufruímos dos frutos dela nesse mundo sem diminuir o valor dela no mundo que vem

Beshala´h  – 5780

Nossa Parashá nos conta que quando o faraó mandou o nosso povo sair do Egito Hashem não deixou nosso povo ir pela terra dos filisteus, e o motivo que a Torá nos traz é de que aquele caminho era próximo e talvez o povo vendo a guerra se arrependesse de ter saído do Egito e voltasse para lá

A Parashá continua nos contando que Hashem fez nosso povo dar uma volta pelo caminho do deserto do mar vermelho e também que nosso povo saiu com armas do Egito

A consequência disso foi que chegamos à um “beco sem saída” com o faraó e todo o seu exército de um lado e o mar nos fechando pelo outro.

Nesse momento nosso povo se dividiu em quatro opiniões sendo que uma delas era a de lutar contra os egípcios, e isso só seria possível pelo fato de eles terem saído do Egito com armas, como nos contou a Parashá logo no começo

Moshe Rabeinu diz ao povo “Hashem vai lutar por vocês, e vocês fiquem quietos”. Ou seja, não precisam nem usar as armas e até mesmo nem rezar

Nessa hora Hashem faz o maior de todos os milagres sobrenaturais que aconteceram na nossa história e abre o mar vermelho nos salvando definitivamente dos egípcios

Será que Hashem não poderia ter feito um milagre desses caso tivéssemos ido pelo caminho mais rápido e acontecesse uma guerra?

Com certeza para nos livrar de uma guerra no caminho da terra dia filisteus não seria necessário um milagre tão grande como a abertura do mar vermelho, como vimos posteriormente nas guerras contra os mais poderosos reis de Canaã que eram Sihon e Og

Então porque Hashem nos conduziu por um caminho mais longo e foi obrigado a fazer um milagre muito maior para nos salvar se poderia nos conduzir por um caminho mais próximo e fazer milagres muito menores para ganharmos imediatamente qualquer guerra que surgisse no meio do caminho

A explicação do Zohar 

O Zohar nos conta que quando a Parashá nos diz que o caminho da terra dos filisteus é próximo ela está nos indicando outro motivo que não é o geográfico mas muito mais profundo do que isso

Hashem tinha revelado ao nosso primeiro patriarca, Avraham Avinu, que seus filhos iriam ser forasteiros em uma terra que não era deles, iriam ser afligidos por quatrocentos anos e depois disso iriam sair de lá com grandes riquezas.

Depois que Hashem destruiu Sodoma e Gomorra e aconteceu o grande escândalo das filhas de Lot que engravidaram do próprio pai, Avraham Avinu teve que se mudar para Beer Sheva que ficava no Neguev, na terra dos filisteus.

Lá nasceu Itzhak, nosso segundo patriarca e assim começou a história de “seus filhos vão ser forasteiros em uma terra que não é deles”.

Avimele’h, o rei da Filistéia fez uma aliança de três gerações com Avraham Avinu, e com esse apoio Avraham viveu 26 anos em Beer Sheva na terra dos filisteus. Lá ele abriu sua tenda para os quatro pontos cardeais dando comida e bebida à todos que passavam por lá e ensinando todos à deixarem a idolatria e rezarem somente para Hashem

Durante esses anos em que Avraham morava na terra dos filisteus ele não tinha medo de ninguém porque ele tinha um pacto com o rei, e por meio desse apoio ele pôde fazer a maior divulgação pública de Hashem no mundo ensinando à todos que existe um D’us de verdade sem que ninguém pudesse se opor à ele

Diz o Zohar que a intenção da Parashá quando diz que Hashem não nos conduziu pelo caminho da terra dos filisteus porque era próximo não é uma referência ao espaço geográfico mas sim uma referência à esse pacto que Avraham fez com Avimele’h, isso que ainda estava próximo.

Ou seja, Avimele’h fez um pacto com Avraham Avinu de três gerações, e esse pacto ainda estava próximo, ou seja, algum neto de Avimele’h ainda estava vivo

Por isso Hashem teve que nos conduzir pelo caminho mais longo e nos fazer um milagre muito maior, para honrar o pacto que Avraham Avinu tinha feito com o rei dos filisteus

Nossa Parashá nos conta que nosso povo estava acampado ao longo da praia do mar vermelho, uma tribo ao lado da outra, quando o faraó aproximou. Hashem fez um grande milagre, trouxe um vento leste forte e quente e o mar se abriu

Muitos pintores fizeram quadros lindos sobre a abertura do mar vermelho mas todos se esqueceram de dois detalhes importantes e por isso suas grandes obras de arte se tornaram simplesmente grandes fantasias

O primeiro detalhe é que se o mar estava aberto por causa de um vento tão forte que fosse a causa dessa abertura, toda e qualquer pessoa que ousasse entrar nesse mar voaria quilômetros no mesmo instante. Ou seja, o mar não se abriu por causa do vento e por isso mulheres e crianças pequenas entraram lentamente dentro dele sem voarem para todos os lados

O segundo detalhe é que se o mar se abrisse em um único lugar, o povo inteiro teria que entrar por uma única abertura, o que possibilitaria aos egípcios nos alcançarem com facilidade. Por isso, diz o Midrash, o mar se abriu em doze túneis ao lado de cada tribo facilitando a entrada delas para dentro do mar

Pelo motivo de ter um vento tão forte acima da água o mar foi aberto em túneis para nos proteger do vento. Se esse vento não só que não foi necessário para a abertura do mar vermelho, mas Hashem ainda teve que abrir o mar em túneis para nos proteger do vento, por que Hashem trouxe esse vento quente e forte durante o milagre da abertura do mar vermelho?

 A explicação do Ramban

Rabi Moshe ben Nahman, o Ramban, nos explicou que os egípcios estavam obcecados em nos perseguir, e por isso Hashem trouxe esse vento totalmente desnecessário à abertura do mar, mas necessário para que eles, em meio à pressa da obcessão, pensassem que o mar se abriu por causa do vento e não por causa do milagre de Hashem

Isso deu à eles a coragem de entrarem no mar atrás de nós. Por meio desse vento Hashem endureceu o coração do faraó e de todo seu exército. Ou seja, deu à eles o livre arbítrio de nos perseguir sem ter medo de que um milagre estivesse acontecendo

 O motivo da abertura do mar vermelho

O motivo da abertura do mar vermelho não foi a travessia do mar para a península do Sinai, porque a distância entre a margem egípcia e a península do Sinai é muito maior do que mulheres e crianças poderiam andar em uma noite,

Também o relevo dentro do mar aumentaria bastante o tempo da caminhada. Por isso eles entraram e saíram pelo mesmo lado, e o milagre aconteceu somente para nos salvar dos egípcios

Os milagres da Gueulá, da nossa redenção final, vão ser chamados de milagres até em relação aos milagres que aconteceram na saída do Egito de tão grandes que vão ser.

Então, vamos rezar forte, estudar muita Torá e fazer muitas Mitzvót para Hashem nos trazer a Gueulá imediatamente!

Bo – 5780

Na nossa Parashá Hashem diz à Moshe “Venha ao faraó…” Na Parashá anterior Hashem diz à Moshe “Vá ao faraó… ” Porque a Torá usa duas linguagens diferentes aparentemente se referindo ao mesmo assunto?

 A explicação do Baal Haturim 

Rabeinu Yaacov ben Asher foi um grande Tzadik que nasceu na cidade de Colônia que hoje pertence à Alemanha no ano de 1269. Rabeinu Yaacov é conhecido como “Baal Haturim” por causa da sua obra principal chamada de “Arbaá Turim”, dividido em quatro categorias, uma obra prima da literatura judaica que serviu como inspiração para Rabi Yossef Karo na configuração do código da legislação judaica, o שולחן ערוך

Mesmo sendo mundialmente conhecido como um grande legislador da lei judaica, Rabi Yaacov ben Asher não aceitou trabalhar como rabino e optou por viver uma vida simples.

Naquela época os livros ainda eram escritos à mão e seu sogro que patrocinava os seus livros pediu para que ele escrevesse um livro que não fosse sobre legislação judaica, e assim ele escreveu uma explicação sobre a Torá que se tornou mundialmente conhecida como “Baal Haturim al HaTorá”.

Hoje a explicação do Baal Haturim acompanha cada livro de Torá junto com a tradução da Torá para o aramaico escrita por Unkelus e a explicação de Rashi

O Baal Haturim explica na nossa Parashá que quando Hashem dizia para Moshe ir à casa do faraó falar com ele é usada a expressão “Bô el Paró” (Venha ao faraó), e quando Hashem dizia para Moshe ir ao faraó quando ele estava na água do rio Nilo é usada a expressão “Vá ao faraó” (até aqui a explicação do Baal Haturim)

Diz o Midrash que o faraó se fazia de divindade. Ele ia todas as manhãs para o rio Nilo fazer suas “necessidades” e dizia para todos que ele é um deus, e a prova disso era de que ele não precisava fazer essas “necessidades” como todos os seres humanos.

Com certeza quando Moshe se posicionava na frente dele nessa hora ele se sentia “desmascarado” e ficava intimidado, e por isso não havia a necessidade de uma proteção Divina adicional

Mas quando ele ia ao palácio do faraó sobre o qual está escrito “Venha ao faraó porque eu endureci o seu coração e o coração de todos os seus servos… ” aí ele precisava de uma proteção adicional e por isso está escrito “Venha ao faraó”, ou seja, Hashem já está esperando Moshe lá para protegê-lo antes mesmo de ele vir

Um exemplo disso vimos com o profeta Elishá. Certa vez o profeta Elishá visitou a cidade de Yerihó (Jericó). Os habitantes da cidade contaram à ele que a cidade é” tudo de bom”, fora um pequeno grande detalhe: a água da cidade era insalubre e uma “máfia” dominava o comércio da água na cidade colocando em real risco de vida todo aquele que tentar concorrer com esse monopólio

 O profeta deu uma bênção para que as fontes da cidade se purificassem e toda a água da cidade virou água mineral. Os jovens que lucravam com o desespero dos habitantes da cidade resolveram assassinar o profeta e o esperaram fora da cidade imaginando que esse “Homem de D’us” só pode fazer o bem e é um velho indefeso nas nas mãos deles

 Quando o profeta saiu da cidade eles os cercaram e disseram “Suba careca”, ou seja, vamos te fazer subir para o céu em uma carruagem de fogo como subiu seu mestre. Ou seja, chegou a sua hora

 O profeta virou para trás, olhou com o seu “Rua’h Hakodesh“, viu que deles não sairia coisa boa e os amaldiçoou com o nome de D’us

 Nessa hora aconteceu um grande milagre, e naquela cidade que é um oásis no deserto surgiu uma floresta. Da floresta saíram dois ursos que mataram os 42 jovens assassinos, e depois disso a floresta e os ursos desapareceram

 Se Hashem queria fazer um milagre para salvar o profeta dos assassinos, porque tinha que fazer surgir a floresta junto com os ursos? Aparentemente seria o suficiente surgirem os ursos. Mas não, se o urso não está na própria floresta ele fica intimidado, para os ursos ficarem tão confiantes e atacarem 42 assassinos eles precisariam estar na floresta deles

 E assim também o faraó. No rio Nilo ele era um farsante pego no flagrante, mas no seu próprio palácio, cercado dos seus servos durões igual à ele, ele se torna um perigo muito maior. E por isso Hashem diz para Moshe “Venha ao faraó”, venha para cá onde eu estou antes mesmo de você chegar para te proteger.

Nossa Parashá nos conta que Hashem endureceu o coração do faraó e dos seus servos para fazer lá grandes maravilhas e termos o que contar para os nossos filhos até a Gueulá, a redenção final, quando os milagres serão tão grandes a ponto de tudo o que aconteceu no Egito virar coisa pequena em relação à Gueulá

 Hashem na sua infinita bondade já nos comunica que não vamos mais passar por uma escravidão dessas e que não haverá mais necessidade de milagres tão grandes assim até a redenção final, e até lá, em breve em nossos dias, já temos muito o que contar para os nossos filhos sobre a interação Divina no mundo sem que precisemos passar por isso

 Mesmo assim, Hashem na sua infinita bondade continuou se revelando para nós por meio dos Tzadikim de cada geração, e mesmo que milagres tão grandes que envolveram todo o nosso povo não aconteceram mais dessa forma e até redenção da babilônia não incluiu as dez tribos perdidas e não foi uma redenção final como será a nossa Gueulá, mesmo assim cada um de nós tem muitos milagres pessoais para contar sobre a interação Divina que acontece com cada um de nós particularmente

 Então, vamos aumentar os nossos méritos, estudar mais Torá e cumprir sua Mitzvót e os milagres vão acontecer

Vaerá -5780

Na Parashá anterior Hashem dá à Moshe Rabeinu a missão de ir ao Egito avisar o povo de Israel que Hashem vai tirá-los de lá, e também a missão de repassar ao faraó a ordem Divina de deixá-los sair

Moshe e Aharon se encontram no Monte Sinai que fica entre Midian aonde estava Moshe naquele momento e o Egito onde estava Aharon

Moshe e Aharon vão juntos ao Egito, reúnem todos os anciões, os líderes do nosso povo, e repassam à eles a mensagem Divina de que chegou a hora da redenção. Os líderes do povo recebem essa mensagem com total aceitação, plena credibilidade e muita felicidade

Moshe e Aharon vão ao faraó e dizem à ele:- “Assim disse Hashem D’us de Israel (usando o nome de D’us de quatro letras conhecido como tetragrama), libere o meu povo para eles me fazerem uma festa no deserto”

Ouvindo isso, o faraó respondeu determinadamente:-“Quem é Hashem que eu tenho que ouví-lo e liberar o povo de Israel? Não sei quem é Hashem e o povo de Israel não vou liberar”.

O faraó era o maior especialista em religiões do mundo e todo o nosso povo morava naquele país haviam 210 anos, ele sabia quem era o nosso D’us, mas esse nível de revelação Divina representado por esse nome de D’us ele não conhecia

Nosso povo estava escravizado no Egito, o governo trazia para eles palha e eles faziam tijolos. O faraó cancelou a participação do governo com a palha sem reduzir a cota de tijolos que nosso povo era obrigado a fazer, usando como argumento o fato de eles estarem com muito tempo livre e por isso estarem pensando em fazer uma festa no deserto

 

A consequência disso foi que nosso povo teve que se espalhar pelo Egito à procura de palha e os responsáveis pelo povo foram açoitados por não estarem conseguindo entregar a cota de tijolos exigida pelo governo

 

Moshe pergunta à Hashem:- “Por que você fez a situação do povo piorar, e para que você me mandou para lá? Desde que eu vim ao faraó falar em seu nome ele piorou a situação do povo e você não os salvou”

 

Hashem responde à Moshe :-” Agora você vai ver o que eu vou fazer para o faraó…”

A Guemará explica que Hashem está dizendo para Moshe que agora ele iria ver o que Hashem iria fazer para o faraó, mas que futuramente ele não iria ver o que Hashem iria fazer para os 31 reis da terra de Canaã

Ou seja, Moshe recebeu um castigo pela observação que fez, mas não uma resposta para a sua pergunta

Hashem não disse para Moshe que aparentemente perdemos uma batalha mas não perdemos a guerra

Simplesmente Hashem quis dizer para Moshe que ele não é como Avraham ao qual Hashem prometeu que iria dar tanto à ele quanto à sua descendência a terra onde ele estava, mas para enterrar a própria esposa teve que comprar um túmulo por uma exorbitância, e mesmo assim não reclamou

Ou como Itzhak, que Hashem disse para ele morar naquela terra, e quando seus servos precisaram de água tiveram que brigar com os pastores de Grar e mesmo assim Itzhak não reclamou

Ou como Yaakov que Hashem disse à ele:- “A terra onde você está deitado para você eu vou dar”, mas quando ele precisou de um lugar para montar sua tenda ele precisou comprá-la por uma exorbitância, e não reclamou!

Hashem responde para Moshe que por ele ter reclamado ele vai ver os milagres que Hashem vai fazer a ponto de o faraó expulsar nosso povo do Egito antes mesmo de conseguirmos preparar comida para levar, mas ele não vai ver os milagres que Hashem vai fazer para nos colocar dentro da “Terra Santa”.

Em outras palavras, Moshe fez uma pergunta e o que Hashem respondeu à ele ainda não foi a resposta para a sua pergunta

Nossa Parashá começa com a continuação da conversa entre Hashem e Moshe, e agora Hashem dá à Moshe Rabeinu a resposta à sua pergunta

Hashem diz para Moshe que se revelou para Avraham, Itzhak e Yaakov com o nome de E-l Sha-dai, mas esse nome pelo qual ele está se revelando para Moshe não revelou para eles.

Ou seja, ele não se revelou para eles nesse nível elevadíssimo que ele está se revelando para Moshe. No nível de revelação Divina representado pelo nome de E-l Sha-dai, Hashem pôde prometer que vai dar à eles a Terra Santa, mas esse nível de revelação ainda não era o suficiente para eles à receberem na prática

Na continuação Hashem diz para Moshe :-“Agora diga ao povo de Israel que eu sou Hashem (representado pelo nome de quatro letras indicando uma revelação Divina elevadíssima) e tirei vocês debaixo do sofrimento do Egito, e salvei vocês do trabalho deles, e redimi vocês com grandes milagres”

No lugar de dizer “e vou tirar”, a linguagem do versículo é “e tirei”, nos indicando que a parte principal já aconteceu, o que nos leva à profundidade desse assunto

O bem do mundo revelado e o bem do mundo oculto 

Entre o mundo de Atzilut, o mundo espiritual mais elevado, e o mundo de Briá que está abaixo dele, existe uma grande ocultação à qual chamamos de “Tzimtzum”. O mundo de Atzilut em relação ao mundo de Briá é o “mundo oculto”

Uma bondade Divina que chega para nós do mundo revelado, ou seja, do mundo de Briá, desce para nós de forma revelada. Um bem revelado, visível e palpável, como Hashem explica para Moshe que para os nossos patriarcas ele se revelou nesse nível e prometeu que vai dar à eles e à sua descendência a terra onde eles estavam, a terra de Canaã, a futura terra de Israel.

Nesse nível eles puderam receber a promessa Divina de que essa terra seria deles, mas ainda não tinham como recebê-la na prática

Uma bondade Divina que chega para nós do mundo oculto, ou seja, do mundo de Atzilut que está oculto do mundo de Briá por meio do primeiro Tzimtzum, é uma bondade Divina infinitamente maior, mas ela não tem como descer para esse mundo de forma revelada. Ela só consegue descer para esse mundo em uma embalagem de sofrimento.

Quando esse sofrimento chega é sinal de que essa bondade oculta que é infinitamente maior do que a bondade revelada já está lá, mas ainda de forma oculta. E quando a embalagem é aberta, ou seja, quando passa o sofrimento, essa bondade Divina se revela com toda a sua intensidade

Isso foi o que aconteceu no Egito. Quando a bondade Divina do mundo oculto desceu para esse mundo, a primeira manifestação dela foi o aumento dos sofrimentos, e isso era o sinal de que a redenção do Egito já desceu para o nosso mundo e já começou a acontecer.

Moshe Rabeinu perguntou para Hashem por que ele fez o mal ao povo e não os salvou. Hashem responde para Moshe na nossa Parashá que aqui ele está se revelando com o nome representado pelo tetragrama, uma revelação infinitamente maior do que a revelação que tiveram nossos patriarcas.

E por ser uma revelação infinitamente maior ela começou em forma de sofrimentos. E por isso Hashem diz para Moshe:-“Agora diga ao povo de Israel que eu sou Hashem (representado pelo nome de quatro letras indicando uma revelação Divina elevadíssima) e tirei vocês debaixo do sofrimento do Egito, e salvei vocês do trabalho deles, e redimi vocês com grandes milagres”.

Ou seja, toda essa bondade Divina já desceu para esse mundo e a prova disso é que os sofrimentos começaram,  a continuação dela são milagres sobrenaturais infinitamente maiores do que os milagres que aconteceram aos nossos patriarcas

Isso também acontece com cada um de nós. Muitas vezes recebemos lá de cima verdadeiros milagres que por serem do mundo oculto são muito maiores do que os milagres do mundo revelado, mas só conseguem descer para esse mundo em uma embalagem de sofrimentos.

Depois que passa a embalagem o milagre se revela em toda a sua intensidade, mas por incrível que pareça muitas vezes continuamos pensando na embalagem de sofrimentos que já se desfez e não temos tempo para ficarmos felizes com o grande milagre que surgiu como consequência dela. Fazemos da embalagem de sofrimentos o principal e do seu conteúdo de milagres o secundário, uma verdadeira “prisão de ventre” espiritual

Então vamos ser espertos e depois de “descascarmos o abacaxi” vamos esquecer imediatamente das cascas que se passaram e nos focarmos na fruta que estava dentro dela!

Torá na prática: Agradecendo à D’us por uma coisa ruim

Temos que fazer uma bênção agradecendo à D’us por uma coisa ruim que acontece para nós com o mesmo entusiasmo que agradecemos à D’us por uma coisa boa, como diz o Rambam: “Somos obrigados a agradecer por uma coisa ruim que nos acontece com a mesma alegria que agradecemos por uma coisa boa, como está escrito e você vai amar Hashem seu D’us com tudo o que ele te der

Assim fazemos passar bem rápido o lado ruim da coisa boa e já começamos a usufruir dessa grande alegria mesmo antes de vê-la, simplesmente por ela já estar aqui

Shemot – 5780

Nossa Parashá nos conta que “O rei do Egito conversou com as parteiras judias cujo nome de uma era Shifra e o nome da outra era Pua… ” essa linguagem por mais linda que seja não é a linguagem usual da Torá e isso nos indica que por trás dela existe um ensinamento oculto

Geralmente a Torá chama qualquer rei do Egito de Faraó, e porque nesse caso o versículo usa o termo de “rei do Egito”? As parteiras judias se chamavam Yoheved e Miriam, e porque o versículo diz que o nome de uma era Shifra e o nome da outra era Pua?

Rashi explica que Yoheved era apelidada de Shifra porque ela cuidava extremamente bem de cada criança que nascia, “melhorava” a criança. A filha de Yoheved, Miriam, foi apelidada de Pua porque ela conversava com as crianças recém nascidas para acalmá-las.

As pessoas chamavam Yoheved e Miriam de Shifra e Pua lembrando a bondade que essas parteiras tinham no seu coração e se dedicavam ao seu trabalho com muito amor e carinho

O faraó era conhecido pela sua imensa crueldade e com certeza não importava para ele que Yoheved cuidava bem dos recém nascidos e Miriam conversava com eles para acalmá-los.

Ele às chamou para lhes dar a ordem de assassinar os meninos recém nascidos, então porque ele às chamou pelo apelido que enfatizava as suas boas qualidades?

A estratégia do Faraó 

Baseado nos ensinamentos do Rav Moshe Weber que foi um grande Tzadik que viveu em Yerushaláim, por trás dessa linguagem se oculta a estratégia que o faraó tentou usar para persuadir essas duas mulheres extremamente boas à se tornarem duas grandes assassinas, a “estratégia do reconhecimento”

Em primeiro lugar elas são convidadas pelo “Rei do Egito”, a pessoa mais importante do país mais importante, a mais alta autoridade da maior potência do mundo

Lá elas recebem o reconhecimento do próprio Rei pelo maravilhoso trabalho que estão fazendo a ponto de terem recebido do povo os títulos lo de “Shifra” e “Pua” que agora serão reconhecidos e oficializados pela mais alta autoridade do país, pelo próprio Rei que às chama por esses nomes

A intenção do Faraó era de que por meio disso essas pobres mulheres aparentemente tão discriminadas por não pertencerem à elite da sociedade egípcia ficariam repletas de orgulho de si próprias e fariam de tudo para nunca perder esse reconhecimento, o “prêmio Nobel” das parteiras!

Agora elas estavam prestes a entrar na história! Finalmente se tornariam pessoas importantes! Estando cheias de orgulho elas estariam dispostas a fazer tudo para não abrir mão desse “poder” que receberam por meio do reconhecimento oficial do faraó, estariam dispostas a fazer qualquer coisa para que o faraó não ficasse decepcionado com elas, o que poderia fazê-las perder esse reconhecimento e voltarem a ser as simples parteiras que sempre foram

A proposta do Faraó 

Depois de amarrá-las por meio desse “reconhecimento oficial”, o faraó faz para elas a proposta de elas se tornarem as heroínas do povo. A proposta é : “Quando vocês fizerem o parto das mulheres judias, vejam na hora do parto, se é um menino vocês devem matá-lo, se é uma menina ela vai viver

Se a proposta do faraó era de assassinar os meninos, por que ele cita as meninas também? Por trás disso se encontra a parte principal dessa estratégia. Elas não se tornarão assassinas de meninos mas sim salvadoras de meninas, e o único jeito de salvar as meninas é matando os meninos

O faraó propõe para elas que no lugar de ele fazer um decreto para assassinar toda criança judia que nascer, se elas cooperarem com o governo e assassinarem os meninos na hora do parto elas estarão salvando as meninas, mas se não fizessem isso despertariam a fúria do faraó que poderia decretar a morte de todas as crianças

E dessa forma, não só que elas perderiam o reconhecimento do faraó mas também se tornariam responsáveis pela morte das meninas, e aí é que elas seriam chamadas de assassinas de verdade e consequentemente perderiam o reconhecimento até das pessoas simples que até agora às chamavam pelos títulos de reconhecimento pelo seu lindo trabalho, Shifra e Pua

Salvando a vida de todas as meninas judias e dando à elas a oportunidade de subirem na vida recebendo uma educação egípcia totalmente subsidiada pelo governo para ajudá-las a mais futuramente se casarem com maridos egípcios sendo que não haveriam mais homens judeus por causa do decreto do faraó, elas se tornariam as mulheres mais importantes do país

O “Yetzer Hará”, nossa má inclinação, vive de orgulho e de justificativas. Ou seja, ele está disposto a justificar qualquer coisa em honra ao próprio orgulho, e o faraó que era o principal representante do “Yetzer Hará” nesse mundo já deu para elas o orgulho junto com a justificativa,

E assim ele estava certo de que elas não abririam mão da honra que receberam dele e usariam a justificativa de estarem salvando a vida das meninas e transformando elas de pobres judias em ricas egípcias, e mesmo que para isso seriam obrigadas a matarem os meninos em prol dessa causa tão nobre, elas não seriam assassinas de meninos mas sim heroínas, salvadoras de meninas

A resposta das parteiras 

A Parashá continua contando que as parteiras tiveram temor à D’us e não fizeram como disse à elas o Rei do Egito, mas fizeram os meninos viverem e até levando para as suas mães água e comida também . Ou seja, o único temor delas era de perder o “reconhecimento Divino”.

O único orgulho delas era o de ter o “reconhecimento Divino” pelo o que elas estão fazendo, e nunca, D’us nos livre, trocar isso pelo inútil reconhecimento do ser humano mesmo sendo ele o ser humano mais importante da face da terra. E isso vemos também na resposta que elas deram ao faraó

 A resposta das parteiras

Vendo que a sua estratégia não deu certo o faraó mandou chamá-las e perguntou:- Porque vocês fizeram isso? Fizeram viver os meninos! Ou seja, não só que não mataram os meninos mas ainda levaram água e comida para as mães

O faraó as chamou para retirar o seu “reconhecimento oficial” na esperança de que elas pediriam uma segunda chance para não perder o enorme orgulho de si próprias que receberam pelo reconhecimento oficial dele

Mas a resposta delas foi :- As mulheres judias não são como as egípcias, elas são como as feras do campo que não precisam de parteiras, mesmo antes de chegarmos elas já dão a luz

O faraó sabia que as mulheres judias chamavam as parteiras de Shifra e Pua não só porque sim precisavam de parteiras mas até mais do que isso, elas se dedicavam às parturientes muito mais do que precisavam, como agora tudo pôde ter mudado de um extremo ao outro?

A mensagem delas estava clara. As mulheres judias são comparadas às feras selvagens que não precisam do ser humano para cuidar delas mas são cuidadas diretamente por D’us, e toda a nossa participação nesses cuidados é totalmente decorativa.

Dessa maneira elas também responderam para o faraó o quanto para uma mulher judia como elas o reconhecimento dele é totalmente inútil e não faz para elas a mínima diferença, sendo que elas também são como as feras selvagens que não precisam do reconhecimento do ser humano porque são cuidadas diretamente por D’us. Por isso quando Yaakov abençoou os seus filhos ele os comparou à animais selvagens como Yehudá que foi comparado à um filhote de leão, Biniamin à um lobo, Naftali à um alce e etc

A Parashá continua nos contando que Hashem recompensou as parteiras por elas terem tido temor à D’us e não aos seres humanos, e fez para elas “casas”. Nossos Sábios explicam essa linguagem de “casas” como sendo “famílias nobres”.

De Yoheved saiu Aharon que se tornou o primeiro Cohen, e Moshe que por meio dele a tribo de Levi recebeu uma importância tão grande no nosso povo. De Miriam saiu o Rei David e toda a sua descendência incluindo o Mashiach que vai ser um descendente do Rei David

Não só que Hashem salvou Yoheved e Miriam do faraó que poderia com certeza matá-las por elas não o terem obedecido, mas também Hashem levou em conta o fato de elas terem aberto mão da falsa honra que lhes foi oferecida pelo faraó e as indenizou dando à elas uma honra verdadeira

Aprendemos daqui que não devemos nos entusiasmar com a honra e com o reconhecimento que recebemos nos países em que as nossas comunidades se encontram porque geralmente isso desenvolve o nosso ego muitas vezes tirando ele do nosso controle, nos fazendo concorrer com os povos do mundo para receber deles mais honra e mais reconhecimento, o que pode nos levar a fazer coisas erradas e tentarmos ser como eles para não perdermos o reconhecimento que eles nos dão

Mas temos que fazer como Shifra e Pua, ter temor à D’us, saber que o importante é o reconhecimento Divino. E o principal: Saber que D’us não fica devendo, e quando por motivos religiosos abrimos mão da honra e do reconhecimento que recebemos dos povos que vivemos no meio deles Hashem nos recompensa e nos dá a honra e o reconhecimento verdadeiros

VAYEHI – 5780

 Nossa Parashá nos conta sobre o falecimento de Yaakov, e o nome da Parashá é Vayehi que quer dizer “e Viveu”, nos indicando que para um Tzadik não existe vida após a morte mas sim vida após a vida

A Parashá nos conta que Yossef enterrou Yaakov na Mearat Hamahpelá em Hevron. Diz o Zohar que lá é a porta do Paraíso e todas as Almas acessam ao Paraíso por aquele lugar

O Zohar nos conta que na hora em que uma pessoa falece é dada à ela a permissão de ver o que ela não conseguiria ver durante toda a sua vida

Naquele momento ela vê todos os seus parentes e amigos que estão no Paraíso e que agora vieram recebê-la para acompanhá-la até lá. Ela reconhece cada um deles sendo que todos se revelam para ela com a aparência que tinham aqui nesse mundo

Se essa pessoa tem o mérito, todos aparecem com muita alegria para recebê-la e antecipam em cumprimentá-la com um grande Shalom. Ela vai com todos os seus parentes e amigos para o Paraíso e se delicia com os prazeres sublimes do mundo superior. Ela fica lá até o momento do enterro do seu corpo aqui nesse mundo. Na hora do seu enterro ela desce de volta para esse mundo por sete dias para se enlutar pelo seu corpo que faleceu

Rabi Yehudá no Zohar nos conta que em cada um desses sete dias ela vai da sua casa para o seu túmulo e do seu túmulo para a sua casa, e se enluta pelo corpo do qual saiu. Por isso a Torá nos pede para fazermos sete dias de luto, para compartilharmos com essa Alma o seu sofrimento

Depois de sete dias ela sobe para o lugar que está guardado ela. Primeiro ela vai para o túmulo dos nossos patriarcas, a Mearat Hamachpelá. Lá ela vê as revelações que tem permissão para ver e entra aonde é permitido para ela entrar até chegar ao baixo Paraíso (o mundo da Yetzirá)

No baixo Paraíso ela é recebida pelos quatro Anjos chamados de “os quatro pilares” que são os Anjos Michael, Gabriel, Uriel e Refael que estão lá designados para vestir essa Alma que está entrando no “Gan Éden” (Paraíso).

Uma aparência de corpo se encontra nas mãos deles. Esse “corpo espiritual” foi feito por essa própria pessoa, foi feito pelas Mitzvót que ela fez nesse mundo, e por isso Hashem nos deu 613 mandamentos sendo que para usufruir do próximo mundo precisamos de 613 sentidos .

Cada um dos 613 mandamentos que cumprimos nesse mundo se torna um sentido nesse corpo espiritual que a nossa Alma recebe no Paraíso, e por meio dele conseguimos usufruir de todos os prazeres sublimes do mundo superior. A Alma se veste nesse corpo espiritual com muita alegria e assim ela entra no lugar reservado para ela no baixo Paraíso até ela ser chamada para o Alto Paraíso.

No futuro quando acontecer a “Tehiát Hametim”, a ressurreição dos mortos, o lado espiritual do nosso corpo material vai se revelar e todas as pessoas que estão no Paraíso vão se revestir novamente nos seus corpos materiais nesse mundo,

Mas nessa etapa nosso corpo material cuja raiz espiritual é elevadíssima vai ser infinitamente melhor do que nosso corpo material de hoje, e por meio dele, ou seja, por meio da Kedushá que trouxemos para ele em vida com o cumprimento dos mandamentos Divinos, vamos usufruir eternamente do mundo da Tehiát Hametim que vai ser infinitamente mais Paraíso do que o mais alto Paraíso

Mas se a Alma não teve o mérito….
Mas se ela não tem o mérito, não se revelam para ela na hora da morte a não ser as pessoas ruins que estão sendo atordoados todo dia no “gehinom”(inferno judaico limitado para doze meses).

E todos surgem para ela tristes, dão um grito de dor pelo castigo que vai ser acrescentado à eles por causa desse “rashá” (pessoa ruim) que está chegando e terminam com outro grito de dor por causa do castigo que o próprio “rashá” vai receber

Depois de ouvir os gritos de dor ela levanta os olhos e os vê em forma de chamas subindo do fogo. E aí ela próprio dá um grito de dor pelo sofrimento que está preparado para ela

Ao contrário da Alma que foi para o Paraíso e só desceu para o enterro do seu corpo e para os sete dias de luto, a Alma do rashá depois da morte fica aqui nesse mundo até o corpo ser enterrado

Após seu corpo ser enterrado, muitos anjos que aparecem para cobrar dele as coisas ruins que ele fez agarram essa Alma até ela chegar para o anjo chamado de Duma, e aí ela é levada para o guehinom

Por isso quando um ente querido falece costumamos fazer muitas Mitzvót no mérito da Alma dele começando pelo Kadish e acrescentando na Tzedaká

Sendo que a sentença do Rashá no Guehinom tem um limite de doze meses, costumamos falar o Kadish somente durante onze meses porque nenhum judeu é suspeito de ter sido tão ruim assim a ponto de ter que ficar no Guehinom por todos os doze meses.

 Mas a Tzedaká no mérito da Alma do ente querido benificia ela no Paraíso também, sendo que o nível de cada um no Paraíso é determinado pela quantidade de Mitzvót que ele fez nesse mundo, e a Tzedaká é uma Mitzvá tão grande que na época do Zohar quando se falava a palavra Mitzvá sem especificar qual Mitzvá, a intenção era a Tzedaká. Quando damos uma Tzedaká no mérito do nosso ente querido a Alma dele tem uma elevação dentro do próprio Paraíso 🌹

Vaygash -5780

Nossa Parashá começa nos contando que Yehudá (na presença de todos os seus irmãos) dirigiu-se ao vice-rei (Yossef) para explicar os motivos pelos quais ele não vai abrir mão de Beniamin . Até esse momento os irmãos de Yossef não imaginavam que estavam conversando com o próprio Yossef que tinham vendido como escravo há 22 anos atrás.

Yehudá diz para o “vice-rei” não ficar bravo com o pedido dele, e usa como argumento o motivo de o “vice-rei” ser como o faraó, ou seja, como o próprio Rei. Esse argumento é estranho sendo que o faraó era mundialmente conhecido pela sua crueldade.

Rashi explica que de acordo com o “Pshat” (o nível mais simples de se entender a Torá) a intenção de Yehudá era de dizer que ele tem tanta consideração pelo “vice-rei como se ele fosse o próprio faraó.

Sendo que essa explicação ainda não resolve a incógnita da comparação, Rashi vai mais fundo e traz o Midrash que explica que com essa comparação Yehudá lembra delicadamente ao “vice-rei” o que aconteceu com o faraó quando ele não deixou sua bisavó Sarah sair do Egito por um único dia, e que o mesmo vai acontecer para o “vice-rei caso ele não deixe Beniamin sair também

Rashi traz mais uma explicação e diz que com essa comparação Yehuda está expressando que caso o vice-rei opte em brigar com ele não aceitando a proposta de ele ser escravo no lugar de Beniamin, Yehudá tem a capacidade de reagir e vencer não só a ele como também ao faraó libertando assim Beniamin

Essa conversa entre os dois começa com Yehudá comparando Yossef ao Rei e termina com a revelação de Yossef para os seus irmãos.

22 anos antes Yehudá tinha vendido Yossef como escravo, mas agora está acontecendo o contrário, ele está disposto a se tornar escravo para que Beniamin, o irmão mais próximo de Yossef, não se torne um escravo

Yossef viu dessa conversa que seus irmãos tinham entendido a gravidade do crime que cometeram contra ele no passado. Isso causou para Yossef se revelar aos seus irmãos com muita emoção, e o que começou como um filme de terror terminou em uma união revelada entre Yossef e seus irmãos a ponto de o Egito inteiro e até o faraó ficarem sabendo que os irmãos de Yossef chegaram

Nos aprofundando mais no fato de Yehudá estar dizendo que Yossef é como um Rei, e Yehudá, o ancestral do Rei David que é o verdadeiro Rei estar sendo nesse caso o receptor, nos conduz ao lado “Sod” da Torá que é o estudo dos segredos profundos que a Torá esconde por trás dessas palavras que são pequenas incógnitas dentro do seu contexto

Diz o Zohar que fora o fato de essa história ter acontecido de verdade ela também está nos indicando um fenômeno que acontece no mundo de cima e que depende de como nos comportamos aqui no mundo de baixo, como a desunião entre Yossef e seus irmãos foi causada pelo mau comportamento deles e agora a união entre Yossef e seus irmãos é causada pelo bom comportamento deles.

Yossef era o receptáculo da Sefirá chamada de “Yssod” de Atzilut que repassa a vitalidade  do mundo de cima para a Sefirá chamada de “Malhut” que recebe essa vitalidade de todas as Sefirót por meio do Yssod. A partir do “Malhut” essa fartura espiritual  se transforma em toda a fartura que temos nesse mundo material.

Yehudá, ancestral do Rei David que é o receptáculo do “Malhut” de Atzilut, se une a Yossef e recebe Beniamin, representando a união lá em cima entre as Sefirót “Yssod” e “Malhut” que por meio dela (do Malhut) a vitalidade é repassada para baixo, até se transformar aqui em baixo em filhos, saúde e todos os bens materiais

 O Zohar continua explicando dentro desse mesmo contexto que o homem e a mulher são por natureza espiritual baseada nas Sefirot dois opostos que só conseguem se unir por milagre, da mesma maneira que Yehuda e Yossef  representam duas Sefirot contrárias uma da outra e que só conseguem se unir por milagre verdadeiro

Diz o Zohar que o nível do milagre necessário para fazer com que um casamento aconteça e para manter esse casamento existindo depois que ele já aconteceu é o mesmo nível do milagre da abertura do mar vermelho que foi o maior milagre de toda a história Judaica e todo dia na reza da manhã lemos o cântico de Moshe e o povo de Israel agradecendo por esse grande milagre que oficializou a nossa liberdade, nossa saída da escravidão

O que aconteceu de tão especial na abertura do mar vermelho que não aconteceu em todos os outros milagres da nossa história?

Todos os milagres aconteceram em uma única categoria. O Rio Nilo se transformou em sangue somente para os egípcios mas para os judeus ele continuou sendo água, não se transformou em água, simplesmente continuou sendo o que era antes

As rãs vieram somente para os egípcios, a terra do Egito se transformou em piolhos somente para os egípcios, até que na última praga somente os primogênitos do Egito morreram. Como consequência das pragas que Hashem mandou para o Egito o faraó nos deixou sair e depois nos perseguiu novamente.

No deserto Hashem nos deu a Torá, nos deu água, comida, e nuvens para nos proteger. Ou seja, todos os milagres que tivemos na nossa história foram de uma categoria só. Ou o milagre foi um castigo para os egípcios ou o milagre foi uma salvação para nós

O grande cabalista Rabi Menahem Rekanati que viveu na Itália no ano 1300 explicou o versículo no qual Moshe Rabeinu comunica ao faraó sobre a praga dos primogênitos que aconteceria no Egito na meia noite da quarta-feira (que para nós já é quinta-feira sendo que o dia judaico começa com o pôr do sol).

Nessa hora a estrela vermelha conhecida como “mazal maadim” que representa sangue e morte causa essa tendência no mundo. A linguagem do versículo que fala sobre isso é: “na meia noite eu saio dentro do Egito”.

Diz Rabi Menahem que o versículo está nos indicando que Hashem vai sair da “Midat Harahamim”, do comportamento de bondade representado pelas Sefirót “Hessed” e “Tiféret”, para a “Midat Hadin”, o comportamento rígido representado pela “Guevurá”

Ou seja, para Hashem dar um castigo para os egípcios, a revelação Divina surge no Egito em forma de “guevurá”, mas para fazer um milagre para o nosso povo a revelação Divina surge em forma de “Midat Harahamim”

Mas para que o mesmo milagre seja ao mesmo tempo uma salvação para nós e um castigo para os egípcios, a revelação Divina precisa acontecer muito acima da Hessed, da Guevurá e da Tiféret, e até mesmo acima da “Hohmá” de Atzilut. Para que um milagre aconteça ao mesmo tempo em duas categorias opostas a fonte dele tem que ser a revelação Divina no nível chamado de “Keter”, um nível extremamente alto

A revelação do “Keter” aconteceu na abertura do mar vermelho, quando o mesmo milagre tinha dois aspectos opostos. O mesmo mar ia se abrindo para os judeus e ao mesmo tempo ia se fechando para os egípcios, como se as águas do mar soubessem quem é quem e fizessem o bem para nós e o mal para eles. Esse nível de milagre é o nível mais alto possível e imaginável

Para Hashem fazer com que um homem e uma mulher se casem e depois fazer com que esse casamento continue sempre a existir mesmo que em um casamento comum acontecem todas as crises possíveis e imagináveis, diz o Zohar que para isso é preciso que Hashem faça constantemente um milagre tão grande como a abertura do mar vermelho.

 Então vamos participar desse milagre nos comportando bem com o nosso cônjuge! E sendo que também a nossa parnassá é um milagre do nível da abertura do mar vermelho e também para ter um baby precisamos de um milagre assim, vamos participar de todos esses milagres acrescentando no nosso estudo de Torá e no cumprimento das Mitzvót

Miketz  – 5780

“Nossa Parashá começa com a palavra “Miketz” que quer dizer “no final”, nos contando como Yossef saiu da prisão que ficava em um buraco e se tornou o vice rei do Egito, a maior potência do mundo naquele momento

Cada um dos nossos patriarcas foi o receptáculo de uma das “Sefirót” do mundo de Atzilut. Para chegarem à esse nível eles tiveram que retificar o nível dessa Sefirá que tinha descido até o lado impuro por meio dos três pecados do Adam Harishon

A cobra disse para Havá que comendo a fruta proibida ela se tornaria D’us. Adam acreditou que essa árvore já existia antes de D’us e que D’us tinha se tornado D’us por ter comido aquela fruta. Adam comeu a fruta para virar D’us cometendo dessa maneira o primeiro pecado de idolatria da face da terra e fazendo com que a Sefirá chamada de “Hessed” desça até o lado impuro.

Para retificar isso nosso primeiro patriarca, Avraham Avinu, recebe o nível Nefesh da Alma de Adam Harishon e toda a impureza contida nele por ter caído aonde caiu.

Ou seja, por causa da impurezas contidas na Nefesh de Adam Harishon adquirida por meio do alto nível da idolatria que ele fez, Avraham Avinu nasceu com uma inclinação para a idolatria muito maior do que as pessoas normais, e mesmo assim conseguiu chegar ao outro extremo investindo tudo o que tinha para divulgar o conhecimento Divino

Em resumo Avraham Avinu nasceu com um grande Yetzer Hará para fazer idolatria mais do que qualquer outra pessoa na face da terra e com três anos de idade já rezava para o Sol e para a Lua e já tentava descobrir qual é o D’us verdadeiro, e também todas as circunstâncias à sua volta eram favoráveis à idolatria incluindo a fábrica de ídolos do seu pai tornando quase impossível para ele chegar ao D’us verdadeiro

Avraham conseguiu vencer o Yetzer Hará da idolatria e se tornou o receptáculo da “Hessed” de “Atzilut” neste mundo. Mesmo assim, dos resquícios dessa impureza que foi refinada ainda saiu da Alma de Avraham Ismael e os Bnei Pilagshim deixando a Alma dele após isso totalmente refinada e livre de qualquer resquício

Hashem tinha dito para Adam que comendo a fruta proibida ele traria a morte ao mundo. Adam comeu a fruta proibida e trouxe a morte para o mundo impurificando totalmente o nível “Rua’h” da sua Alma

Itzhak recebeu o nível Rua’h da Alma de Adam e nasceu com o maior Yetzer Hará de assassinatos do mundo, mais do que qualquer ser humano na face da terra

Itzhak conseguiu se controlar, e até mesmo quando seu pai o colocou no altar e levantou sobre ele uma faca para fazer dele um sacrifício humano quem segurou a mão de Avraham para não sacrificar Itzhak foi um anjo enquanto que o próprio Itzhak se controlou retificando assim o nível Rua’h da Alma de Adam Harishon. Itzhak se tornou o receptáculo da Guevurá de Atzilut nesse mundo

Mesmo assim, dos resquícios dessa impureza que foi refinada ainda saiu da Alma de Itzhak a guevurá da klipá, Essav, deixando assim a Alma dele totalmente refinada e livre de qualquer resquício

Depois de comer a fruta proibida Adam conviveu maritalmente com duas demônias durante 130 anos sendo uma delas a “Lilit”, o lado feminino do anjo da morte conhecido como o “Satan”. Ou seja, Adam conviveu maritalmente com a pior coisa ruim do mundo impurificando o mais alto nível da sua Alma, o nível Neshamá

Para retificar isso nosso terceiro patriarca, Yaakov Avinu, recebe o nível Neshamá do Adam Harishon com toda a impureza contida nele por ter caído aonde caiu, trazendo para Yaakov o maior Yetzer Hará do mundo para relações proibidas

Yaakov conseguiu vencer esse enorme Yetzer Hará e retificar a Neshamá de Adam Harishon sem deixar resquícios. Yaakov se tornou o receptáculo da Tiféret nesse mundo

Agora esse trabalho chega à sua reta final. Yossef vem fazer o conserto do Issod que é a Sefirá da coluna do meio, continuação da Tiféret e que repassa toda a fartura do mundo superior para baixo

Diz o Zohar que Yossef saiu do “buraco” das impurezas, foi testado por meio da mulher de Potifar que era uma “miss universo” e que tentava seduzir Yossef diariamente.

Yossef se controlou e passou no teste, se tornando o receptáculo da Sefirá chamada de “Yssod de Atzilut” nesse mundo, se tornando o vice rei do Egito e sustentando o mundo inteiro nos anos difíceis, repassando a fartura espiritual para o nosso mundo material

Por isso nossa Parashá começa com a palavra Miketz (no final), nos indicando que Hashem colocou um final para a escuridão

Aprendemos daqui que a Mitzvá mais difícil de se fazer é a principal missão da nossa vida e é isso que viemos retificar.

Para uns o mais difícil é se controlar e não ser agressivo com alguém, mesmo estando “louco por uma briguinha” e tendo o maior prazer de estar dentro dela

Para outros é se proteger de ser seduzido por alguém mesmo que de manhã acorda com o desejo de que alguém tente seduzi-lo e de noite dorme com essa vontade também

Para alguns o mais difícil é deixar a idolatria e servir o D’us verdadeiro

Mas cada um de nós tem que estar consciente de que o mais difícil de se fazer, aonde nosso Yetzer Hará nos ataca com bombas atômicas, é o motivo pelo qual a nossa Alma desceu pata esse mundo. Por isso temos que fazer isso com muita alegria e caprichar mais particularmente nas Mitzvót que temos mais dificuldade para fazer

Vayeshev – 5780

 Nossa Parashá começa nos contando que Yaakov se estabeleceu na terra onde moraram seus pais (Avraham que já tinha falecido e Itzhak que ainda estava vivo), na terra de Canaã.

 No próximo versículo a Parashá nos conta que “Esses são os descendentes de Yaakov”, e sem nenhuma referência cronológica aos doze filhos de Yaakov a Parashá começa imediatamente a contar sobre Yossef, citando que Israel gostava de Yossef mais do que de todos os outros filhos, e que fez para ele uma túnica exclusiva

 O que leva um pai a gostar mais de um filho do que de outro ?

 O Zohar nos conta que quem olhava para Yossef dizia que ele era idêntico à Yaakov, o que não acontecia em relação aos outros irmãos. Mas será que isso justificaria esse amor a mais?

 O Midrash nos conta que Itzhak era idêntico à Avraham a ponto de as pessoas pensarem que Itzhak era Avraham, e mesmo assim diz o Zohar que Avraham gostava mais de Ishmael do que de Itzhak, e o motivo para isso é porque em Avraham se revelava a Sefirá chamada de “Hessed” do mundo de Atzilut e Ishmael era a “Hessed” da “klipá”, a “Hessed” do lado impuro, mas que não deixava de ser “Hessed” .

 Ou seja, a Hessed é a fonte do amor. No mundo de Atzilut ela é o amor da Kedushá (Santidade), o amor à D’us na sua maior intensidade, mas no caso de Ishmael a “Hessed” tinha caído tanto até se tornar a “Hessed” da “klipá” (o lado impuro), ou seja, o amor pelas mulheres proibidas.

 Sendo que a “Hessed” da Kedushá pode cair até a “klipá” mas também pode subir de volta para a Kedushá, Avraham tinha uma “caidinha” por Ishmael, e sempre estava na esperança de que ele iria fazer Teshuvá e voltar para o lado bom que é a “Hessed” da Kedushá,

E por isso, diz o Zohar, Avraham gostava de Ishmael a ponto de que quando Hashem disse para ele que ele vai ter um filho com Sarah, a resposta de Avraham foi: “Quem dera” que Ishmael voltasse a ter uma vida correta à sua frente”. Ou seja, ele preferiria que Ishmael fizesse Teshuvá do que ter um filho com Sarah

Mesmo que Itzhak era a cara de Avraham, Avraham gostava mais de Ishmael porque ele tinha seu mesmo aspecto espiritual que era a “Hessed”, enquanto que Itzhak, mesmo tendo a aparência idêntica à de Avraham, tinha o aspecto espiritual oposto. Em Itzhak estava a revelação da “Guevurá” do mundo de Atzilut

Por esse mesmo motivo Itzhak tinha mais amor por Essav do que por Yaakov, sendo que em Itzhak se revelava a Sefirá chamada de “Guevurá” de Atzilut e Essav era a “Guevurá” da “klipá”

Ou seja, a “Guevurá” que lá em cima é o temor à grandeza Divina desceu até a klipá fazendo com que Essav se tornasse o temor da humanidade. Mas Itzhak acreditava que um dia Essav iria retornar à “Guevurá” da Kedushá, o que não aconteceu.

 Mas sendo que “Guevurá” tem afinidade com “Guevurá” e Yaakov era a revelação da Sefirá chamada de “Tiféret” de Atzilut, Itzhak não sentia uma afinidade direta por ele e gostava mais de Essav que mesmo sendo a “Guevurá” da “klipá” não deixava de ser “Guevurá”

 De Yaakov não saiu nenhuma klipá. Diferente de Ishmael que saiu de Avraham e, como diz a Guemará, se misturou com os persas se tornando posteriormente o Irã, e diferente de Essav que deu origem à Edom se tornando posteriormente os povos europeus, os filhos de Yaakov deram origem somente ao nosso povo, o povo de Israel

Ou seja, Ishmael não é a continuação de Avraham, mas sim Itzhak. Essav não é a continuação de Itzhak, mas sim Yaakov, mas os filhos de Yaakov, absolutamente todos, são a continuação de Yaakov, são o povo de Israel, somos nós!

Yaakov é a revelação da Sefirá chamada de “Tiféret” de Atzilut e de Yaakov não saiu “Tiféret” da klipá porque as Sefirót da “coluna do meio” não descem até a klipá. Então, porque Yaakov teve essa “caidinha” por Yossef se Yossef não é “Tiféret” , nem uma simples “Tiféret” da klipá D’us nos livre?

A coluna direita, a coluna esquerda e a coluna do meio

As dez Sefirót são dez emanações Divinas, cada uma com um aspecto diferente da outra, mesmo assim elas estão interligadas de maneira complexa. Sendo que as Sefirót são emanações Divinas elas estão na categoria das coisas que temos que “desmaterializar” no nosso pensamento

Ou seja, quando falamos sobre um mandamento Divino como por exemplo uma Mezuzá, temos que saber detalhadamente sua imagem e semelhança para escrevê-la da maneira correta, e quando estudamos as leis referentes à Mezuzá temos que imaginar cada coisa até entendermos perfeitamente do que se trata

O mesmo acontece com todos os mandamentos práticos da Torá, e hoje em dia muitos livros já trazem até um desenho ou foto de cada coisa para facilitar o entendimento

Mas quando a Torá fala sobre assuntos espirituais como D’us, Sefirót, Almas, Anjos e etc, temos que desmaterializar totalmente esses conceitos e qualquer imagem que imaginarmos é classificada como pensamentos de idolatria

Portanto é proibido para nós tentarmos imaginar essas dez Sefirót sendo que elas são emanações Divinas. Mas para estudar a influência delas sobre cada coisa, sendo que tudo que existe é uma combinação dessas dez Sefirót onde uma se sobressai mais e outras podem estar ocultas, fazemos um cronograma dessas dez Sefirót (escrevemos os nomes delas em forma de cronograma)

Nesse cronograma escrevemos as dez Sefirót dentro de círculos e em três colunas, e ligamos os nomes delas com um risco mostrando as conexões diretas que elas têm entre si, mas desmaterializando os conceitos e sabendo que apenas estamos escrevendo os nomes delas dentro desses círculos, mas que os círculos com os nomes delas absolutamente não são elas, mas são somente os nomes delas dentro de círculos. Muitas vezes esses círculos são coloridos sendo que cada Sefirá é ada a uma cor diferente

Como vimos acima Yaakov não tinha como gostar de todos seus filhos tanto quanto gostava de Yossef, mas o ensinamento da Parashá é que nunca devemos deixar que alguém saiba disso. Devemos guardar esse segredo pata nós e nunca fazermos para o nosso “Yossef” uma túnica exclusiva para que não aconteça para nós o que aconteceu para Yossef da nossa Parashá

  

Vayshla’h – 5780

Nossa Parashá nos conta que Yaakov mandou anjos para Essav que vivia na terra de Seir no país de Edom. Ele pediu para esses anjos explicarem para Essav que Yaakov morou com Lavan e mesmo assim continuou cumprindo todos os mandamentos Divinos, e agora está voltando e quer se reconciliar com Essav

Muitos Sábios do nosso povo tentam explicar que anjos eram esses que Yaakov mandou para Essav. Rabi Yehuda no Zohar explica que ao lado de cada um de nós se encontram permanentemente dois anjos que são o Yetzer Hatov e o Yetzer hará, e sendo que esses dois anjos são subjugados à nós, eles foram os anjos que Yaakov mandou para Essav

Aprendemos das conversas entre Rabi Yehudá Hanassí e Antoninus na Guemará,  que para acontecer uma gravidez é obrigatório que entre dentro dessas relação entre o homem e a mulher uma nova alma que vai fazer com que o óvulo fecundado se torne uma criança.

 

Essa alma que entra no óvulo é a alma da criança e sem ela esse óvulo se desfaz, ela é que faz o óvulo se desenvolver, e quando a criança nasce entra nela o Yetzer hará que é a má inclinação

 A explicação profunda para isso é que essa primeira alma que entra no óvulo é chamada de alma animal, e quando a criança nasce, a má inclinação da alma animal se revela, mas não antes da criança nascer

Quando um menino judeu faz treze anos ou uma menina judia faz doze anos, se revela neles uma Alma Divina que estava envolvendo essa criança até chegarem à essa idade.

Essa Alma Divina é uma parte de D’us, e quando alguém se converte ao judaísmo ela se revela nessa pessoa no dia da sua conversão, por isso está escrito “guer shemitgaier” (convertido que se converte) e não “goi shemitgaier” (um não judeu que se converte), porque essa Alma Divina já está envolvendo essa pessoa desde que ela nasceu, mas se revela somente no dia da sua conversão

 O Yetzer Hatov que é a boa inclinação está ligado diretamente à Alma Divina e se revela na pessoa quando a Alma Divina se revela nela. Ou seja, no dia do nosso Bar Mitzvá (quando um menino judeu faz treze anos), no dia do Bat Mitzvá (quando uma menina judia faz doze anos), ou no dia que alguém se converte ao judaísmo. É como se essa pessoa tivesse nascido novamente, mas dessa vez no lugar de receber um Yetzer hará ao nascer recebemos um Yetzer Hatov

 Então como pode Rabi Yehudá no Zohar ter dito que o Yetzer Hatov e o Yetzer hará são dois anjos? E não só isso, mas são os dois anjos que Yaakov mandou para Essav!

 A explicação de Rabi Eliahu, o cabalista de Lissandra

 Rabi Eliahu ben Refael Shlomo, um grande cabalista que foi durante cinquenta anos o Rabino chefe da cidade de Lissandra na Itália há 250 anos atrás analisou profundamente essa questão por todos os seus ângulos, e determinou que existe um anjo designado lá de cima para ajudar o nosso Yetzer Hatov e um anjo designado lá de cima para ajudar o nosso Yetzer hará, e foram esses anjos que Yaakov mandou para Essav

 Assim conseguimos entender o que acontece quando alguém quer fazer uma coisa ruim e parece que ele recebe super poderes para fazer com que essa coisa ruim aconteça. E quanto mais quando queremos fazer uma coisa boa, vemos com  nossos próprios olhos que conseguimos fazer coisas boas muito além da nossa capacidade.

 Transformando o Yetzer hará em Yetzer Hatov

 O Yetzer hará é um imediatista. Ele nos inclina a querer tudo perfeito e de imediato, “ou tudo ou nada”, ele é a nossa má inclinação, o raciocínio do lado impuro.

O Yetzer Hatov nos induz à ter paciência, a nos controlarmos, a fazermos tudo passo a passo e nunca ficarmos desanimados pelo fato de tudo o que queremos não acontecer imediatamente e do jeito que queremos. Ele é a nossa boa inclinação, o raciocínio do lado puro

Nosso trabalho é desanimar o Yetzer hará não dando à ele de imediato o que ele quer mesmo que seja uma coisa permitida, e dando para ele o que ele não quer depois de ter ficado emburrado e ter decidido que se ele não pode ter tudo então ele não quer nada.

Ou seja, não dê para ele tudo na hora que ele quer tudo, mas dê para ele o necessário na hora que ele já não quer mais nada de pirraça, isso é chamado de “itkáfia”. Assim você domina o Yetzer hará e consequentemente o anjo que está por trás dele.

Você subjuga o seu Yetzer hará para o seu Yetzer Hatov e os superpoderes dele viram à seu favor. O anjo do Yetzer hará também se torna um anjo do bem e você fica com superpoderes em dobro

E por isso Yaakov mandou esses dois anjos para Essav, para contar para Essav que Yaakov morou com Lavan, o maior feiticeiro do mundo, e mesmo assim continuo cumprindo todos os mandamentos Divinos. Yaakov está mostrando dessa maneira para Essav que é possível fazer isso, transformar o Yetzer hará em um aliado do Yetzer Hatov,  dando à Essav a sugestão de fazer isso também

Os anjos voltaram com a notícia de que Essav não se interessou em mudar o seu comportamento e se comportar como irmão de Yaakov, mas continua se comportando como Essav o criminoso, e pior do que isso, essa proposta dos anjos teve efeito contrário e despertou Essav à vir com 400 homens da sua confiança assassinar Yaakov

Porque Yaakov mandou esses anjos tão longe, para a terra de Seir, no risco de despertar Essav que estava vinte anos quieto? Diz o Zohar que Yaakov avaliou que Essav não faria nada para ele enquanto seu pai estivesse vivo, e por isso agora era a oportunidade de reconciliar com ele antes que Itzhak falecesse. O efeito foi contrário, e agora Essav estava disposto a assassinar Yaakov mesmo durante a vida do seu pai

A Reza de Yaakov

Yaakov rezou para Hashem e pediu para Hashem salvar ele do seu irmão, de Essav, para que Essav não venha e assassine as mães e as crianças.

Aprendemos de Yaakov como devemos rezar

Yaakov não começou a sua reza diretamente fazendo o seu pedido, mas primeiro ele fez elogios para Hashem e depois fez o seu pedido explicando detalhadamente o que ele quer e o motivo que ele está pedindo isso

Quando Moshe Rabeinu rezou por Miriam ele disse só cinco palavras: “Por favor Hashem cure ela por favor (em hebraico são só cinco palavras). Mas lá o motivo para isso era para que as pessoas não pensassem que pelo fato de ela ser sua irmã  ele está aumentando tanto a reza, e por isso ele resumiu a sua reza ao máximo

Mas aqui Yaakov nos revela como devemos rezar. Em primeiro lugar ele faz elogios para Hashem como uma criança que antes de pedir alguma coisa para o pai diz para o pai que ele é o melhor pai do mundo. Depois Yaakov pede para Hashem salvá-lo de seu irmão, de Essav, e logo após explica o motivo do seu pedido, para que Essav não venha e assassine as mães e as crianças, mas em nenhum momento Yaakov pede para Hashem dar algum castigo para Essav

Assim também devemos fazer os nossos pedidos para Hashem, como Yaakov.

Yaakov pediu para Hashem salvá-lo de Essav. Não pediu para que caia um raio na cabeça de Essav e nem uma chuva de meteoros sobre os quatrocentos homens que vieram ajudá-lo. Não deu para Hashem nenhuma idéia de como salvá-lo de Essav e de que forma isso deveria ser feito

Os anjos do tribunal Divino já fazem essa contabilidade lá em cima e já determinam o castigo que cada um tem que levar, a nossa função não é essa. Hashem sabe exatamente como nos salvar e não precisa das nossas sugestões, nós devemos sempre focar as nossas rezas no que nós precisamos, e nunca fazer sugestões do que deve ser feito para quem está nos prejudicando

Pior ainda, quando pedimos para Hashem dar um castigo para alguém, nossa ficha lá em cima é aberta para verificar se somos melhores do que a pessoa que queremos castigar, e sendo que essa ficha inclui reencarnações anteriores e estamos pessoalmente pedindo para que a pessoa que fez uma certa coisa receba um castigo, se essa mesma coisa foi feita por nós em uma reencarnação anterior o primeiro a receber o castigo somos nós, por isso dizem nossos Sábios que quem pede um castigo para o outro ele é o primeiro a receber esse castigo

 Então vamos fazer como Yaakov. Rezar para Hashem nos salvar de Essav sem dar sugestões do que poderia ser feito para Essav, isso já é problema do tribunal Divino. Nós devemos sempre nos focar no bem, pedir para Hashem nos salvar, mandar presentes para Essav e até nós preparar para uma guerra, mas sempre focados no que nós precisamos, e nunca no que precisa ser feito para o outro

Vayetze – 5780

 Nossa Parashá nos conta que nosso terceiro patriarca, Yaakov Avinu, saiu de Beer Sheva e foi para Haran.

Seu pai pediu para ele ir para lá para procurar uma esposa dentro da família da sua mãe e sua mãe pediu para ele se mudar para lá para fugir de seu irmão Essav que queria matá-lo por ele ter comprado sua primogenitura e recebido a Brahá do seu pai.

A intenção de Essav era clara: Quando Yaakov morresse Essav seria novamente o único herdeiro de Itzhak. Ou seja, ele voltaria a ser o terceiro patriarca do nosso povo no lugar de Yaakov e nós não seríamos mais judeus

Essav manda seu filho Elifaz perseguir e matar Yaakov. Elifaz alcança Yaakov e os dois juntos tentam encontrar uma solução para que Elifaz não precise matar Yaakov e também para que Elifaz não se complique por não ter cumprido a ordem de Essav

Yaakov explica para Elifaz que um pobre em relação à sociedade tem a mesma falta de importância que um morto, e por isso, se Elifaz pegar o dinheiro de Yaakov, isso será considerado como se o tivesse matado .

Yaakov dá à Elifaz todo o seu dinheiro. Elifaz considera dessa maneira ter atendido ao pedido de seu pai, e agora só restou explicar isso para Essav e fazê-lo entender que isso é considerado como se ele tivesse matado Yaakov…

Elifaz sabia que Essav queria que ele explicitamente matasse Yaakov e não no “faz de conta”, e mesmo assim optou por não obedecer a ordem do seu pai e deixou Yaakov vivo tirando de Essav a possibilidade de ele ser a continuação do nosso povo e de dar à Elifaz esse status também. Elifaz abriu mão do próprio bem para que Yaakov continuasse vivo e desse origem ao povo de Israel deixando Elifaz totalmente fora da nossa história

 A recompensa de Elifaz

Rabi Menahem Azaria de Fano escreve no seu livro das reencarnações que Elifaz se reencarna como Unkelus e Essav como Titus, o imperador romano que destruiu o segundo Beit Hamikdash

Antes de se converter ao judaísmo, Unkelus se comunica com Titus por meio de uma “baalat ov” (o que obviamente seria proibido fazer após a sua conversão). Unkelus ouve de Titus detalhes sobre o grande castigo que ele está recebendo por ter destruído o Beit Hamikdash, e pergunta para ele se ele o aconselharia a se converter ao judaísmo.
” O conselho de Titus “

Titus diz que os judeus tem muitos mandamentos e que ele não vai conseguir cumprir todos, e o aconselha a ser inimigo dos judeus, e dessa maneira de tornar uma pessoa importante.

Esse é o conselho de Titus: “ou tudo ou nada”! Se você desconfiar que não vai conseguir fazer tudo, então não faça nada! O contrário do conselho da Torá que nos ensina progredir constantemente no trabalho Divino pouco à pouco mesmo sem saber se conseguiremos um dia terminar.

Essa obsessão por perfeicionismo tem uma fonte impura e pode acontecer para cada um de nós. Nosso”Yetzer hará” nos dá um “conselho de Titus” nos desanimando a continuar fazendo tudo passo a passo e nos tirando o entusiasmo quando não vemos resultados imediatos

Mas Unkelus, a exemplo de Elifaz, não fez o que Titus mandou, e se converteu ao judaísmo se tornando um grande estudioso da Torá.

Unkelus fez a tradução da Torá para o aramaico, a língua falada em Israel naquela época, para tornar o estudo da Torá mais acessível às pessoas mais simples.

Unkelus se converteu ao judaísmo e se tornou um “Tana” , que é o título dado aos grandes Sábios da época da Mishná.

Deixou de ser Unkelus bar Kalonikus e se tornou Unkelus ben Avraham Avinu.

Ele traduziu a Torá para o aramaico, que era a língua falada pela maioria dos judeus da época para facilitar o entendimento dela para as mulheres, crianças e pessoas menos estudadas, tornando a Torá acessível aos menos privilegiados

Mesmo havendo naquela época outras traduções da Torá para o aramaico, a tradução de Unkelus, que não é uma tradução literal mas sim explicativa, foi escolhida pelos Sábios de Israel para ser lida toda semana junto com a Parashá (por isso ela já vem impressa em todo Humash ao lado do texto em hebraico).

Essa tradução foi feita quando Unkelus já estava em um nível espiritual elevadíssimo, o nível de Tzadik. Ele fez essa tradução por meio de Rua’h Hakodesh, ou seja, ele viu lá em cima como teria que traduzir aqui embaixo.

Um exemplo de que a tradução de Unkelus é uma tradução explicativa e não literal é a tradução do versículo que diz para “pegar” para Hashem uma doação. Nesse caso ele traduziu “dar” para Hashem uma doação. Se a explicação para esse “pegar” é “dar”, porque no texto em hebraico está escrito pegar?

Unkelus revela aqui um grande segredo oculto da Torá: quando você está dando uma doação, na verdade você está “pegando” para você muito mais. Ou seja, no mérito da sua doação Hashem te dá muito dinheiro!

Rabi Menahem Azaria nos conta que posteriormente Essav se reencarna como o imperador romano Antoninus que se converte secretamente ao judaísmo e Yaakov se reencarna como Rabi Yehudá Hanassí para ajudá-lo nessa empreitada. Rabi Yehudá Hanassí promete para ele que ele vai para o “Olam Habá”, o Paraíso, demonstrando que terminou assim a retificação da Alma de Essav

A Guemará nos conta sobre os estudos de Antoninus com Rabi Yehudá Hanassí. Dessas conversas entre eles que a Guemará nos trás aprendemos muitas coisas extremamente importantes, entre elas que a Alma entra no corpo da criança na hora da concepção e não na hora do nascimento, e sem que a alma animal entre no óvulo no momento em que ele está sendo fecundado a mulher não tem como engravidar

E também aprendemos da conversa entre eles a visão da Torá em relação ao sistema solar. Antoninus pergunta para Rabi porque o Sol sai no oriente e se põe no ocidente, determinando que a Terra está parada no universo e tudo gira em volta de nós.

O Rebe de Lubavitch explica que essa linguagem não é figurada e quer dizer isso mesmo, que a terra está parada e o Sol em movimento. Hoje, de acordo com a teoria da relatividade de Einstein já temos como fazer as contas dessa forma, e no futuro, diz o Rebe, vamos descobrir que isso não é uma “relatividade” mas sim uma realidade.

Toldot  5780

A Parashá começa nos contando que Itzhak, nosso segundo patriarca, quando tinha quarenta anos se casou com Rifká.

A Parashá nos conta que Rifká era filha de Betuel o arameu, era irmã de Lavan o arameu, e a cidade dela se chamava Padan Aram. Qual é o motivo de a Torá ter que descrever tão detalhadamente o meio de onde veio Rifká

Rashi explica que tudo isso foi escrito para mostrar a grandeza de Rifká, que era era filha de uma pessoa ruim, irmã de uma pessoa ruim, morava em uma cidade de pessoas ruins, e mesmo assim não quiz aprender deles a fazer coisas ruins, mas muito pelo contrário. Ela era como uma rosa entre os espinhos.

Imediatamente depois disso, no próximo versículo quase como sendo uma continuação deste, a Torá nos conta que Itzhak e Rifká rezaram para ter filhos e Hashem atendeu à reza dele, de Itzhak.

A Guemará nos dá a explicação para isso: não se compara a reza de um Tzadik (uma pessoa elevada) que é filho de um Tzadik, com a reza de um Tzadik filho de um Rashá (uma pessoa ruim)

Sendo que a Torá deixou bem claro que ter um pai ruim, um irmão ruim, morar em uma cidade de pessoas ruins e ser uma Tzadeket é a grandeza de Rifká, entendemos daqui que ter um pai Tzadik não causa toda essa grandeza para uma pessoa, então aonde entra a vantagem de ser filho de um Tzadik em relação à quem é filho de um Rashá?

Os três passos de Nabucodonosor

Nabucodonosor era um escriba na corte do rei da Babilônia, ele era uma pessoa que nunca tinha feito nada de bom na vida. Ele era tão ruim que Hashem (D’us) queria pagar para ele neste mundo por qualquer coisa boa que ele fizesse para que ele não recebesse absolutamente nada no mundo vindouro

Um dia ele chegou atrasado ao trabalho e perguntou aos outros escribas se o rei tinha pedido para escrever alguma carta. Os escribas disseram que o rei pediu para escrever uma carta parabenizando o rei da Judéia pelo grande milagre que D’us fez no mérito dele. Ele perguntou como eles tinham escrito essa carta

Os escribas disseram que escreveram a carta parabenizando o rei da Judéia, a cidade de Jerusalém e o grande D’us dos judeus que fez esse milagre tão grande.

Nabucodonosor ficou indignado e exclamou:- Vocês chamaram ele de “o grande D’us e escreveram ele no final? Se eu tivesse escrito essa carta eu daria honra à ele e escreveria ele no começo

Os escribas disseram para ele que caso queira, ele pode trazer o carteiro de volta e escrever essa carta do jeito que ele quiser. Nabucodonosor foi atrás do carteiro para reescrever essa carta e assim dar honra à D’us.

Ele deu um passo, dois passos, três passos, mas não conseguiu dar o quartro passo porque o Anjo Gabriel desceu do céu com urgência para fazer ele cair e não dar esse quarto passo. E qual foi o motivo para isso?

Hashem queria pagar para ele nesse mundo por qualquer coisa que ele fizesse de bom para ele não ter direito à absolutamente nada no próximo mundo.

Pelo primeiro passo que ele deu para dar essa honra à D’us de escrever D’us em primeiro lugar na carta do rei, ele recebeu lá de cima o pagamento integral aqui nesse mundo, e se tornou o rei da Babilônia, o rei mais rico do mundo com todos os prazeres deste mundo à sua disposição

Pelo segundo passo já não tinha mais como pagar para ele, sendo que pelo primeiro passo ele já ganhou tudo de bom e de melhor neste mundo. Então pelo segundo passo Hashem fez com que o filho dele fosse o rei da Babilônia depois dele, sendo que por natureza o pai tem o prazer de o seu filho ganhar alguma coisa como se ele próprio tivesse ganho isso

Pelo terceiro passo já não tinha mais como pagar para ele ou para seu filho, então pelo terceiro passo Hashem fez com que seu neto se tornasse o rei da Babilônia, porque o avô tem o prazer de o seu neto ganhar alguma coisa como se ele próprio tivesse ganho

Mas se ele desse um quarto passo em honra à Hashem já não teria mais como pagar isso para ele nesse mundo, sendo que o bisavô não tem por natureza o sentimento de que quando seu bisneto ganha alguma coisa é como se ele próprio tivesse ganho, e por isso o Anjo Gabriel desceu para impedir ele de dar esse quarto passo em honra à Hashem e assim ser obrigado à receber o pagamento por isso no próximo mundo

Tzadik filho de Tzadik

Avraham Avinu tinha um mérito imensurável lá encima, Hashem tinha prometido para ele que a sua descendência vai ser tão numerosa como as estrelas do céu que não tem como ser contadas.

Depois de a reza de Rifká e de Itzhak não terem surtido efeito, vamos para os pais deles, sendo que o que é dado para os filhos é como se fosse dado para os pais como vimos na história acima, e nessa etapa fica relevante a diferença entre Rifká e Itzhak.

Betuel, o pai de Rifká, não tinha nenhum mérito para que Rifká recebesse alguma coisa no mérito dele, e por isso, o que ela não conseguiu receber no próprio mérito ela não recebeu.

Mas Itzhak, mesmo não tendo o mesmo mérito de Rifká que era uma “rosa entre os espinhos” como disseram nossos Sábios, tinha o mérito de Avraham, que o que fosse dado à Itzhak é como se fosse dado à Avraham, sendo que por natureza o pai tem o prazer de o seu filho ganhar alguma coisa como se ele próprio tivesse ganho

Avraham tinha a promessa Divina de a sua descendência ser tão grande que não terá como ser contada, e por isso o fato de Itzhak ser um Tzadik filho de um Tzadik fez a diferença nesse caso e sua reza foi atendida

Tzadik filho de um Tzadik de acordo com o Ari Zal

 

O Ari Zal vai mais fundo ainda, e explica que quando a Guemará nos conta que um Tzadik que tem uma vida boa é um Tzadik filho de um Tzadik, e um Tzadik que está tendo uma vida ruim é um Tzadik filho de um Rashá, não está se referindo ao pai biológico, sendo que vemos na prática muitos Tzadikim filhos de Tzadikim que vivem em meio à grandes dificuldades e isso não desqualifica seus pais

Ou seja, o fato de um Tzadik filho de um Tzadik estar passando dificuldades não é a prova de que seu pai, mesmo aparentando ser um Tzadik é na verdade um Rashá

Mas, diz o Ari Zal, Tzadik filho de um Tzadik é alguém que na reencarnação anterior foi um Tzadik e nesta ele também é um Tzadik. Por isso ele tem uma vida boa, sendo que não tem pendências anteriores para pagar.

Ou seja, não importa se o seu pai biológico é um Tzadik ou Rashá, o que importa é a reencarnação anterior. Ou seja, de acordo com o Ari Zal a reencarnação atual é chamada de filha da reencarnação anterior e isso é o que vai determinar se ele vai ter uma vida boa ou não

O mesmo acontece, de acordo com o Ari Zal, em relação ao Tzadik filho de um Rashá. Nesse caso, na reencarnação anterior ele era um Rashá e na atual ele é um Tzadik, e por isso ele sofre nessa reencarnação mesmo sendo um Tzadik filho de um pai biológico que também é um Tzadik, porque fora o fato de ele ser atualmente um Tzadik ele também está passando por uma retificação do que fez de errado na reencarnação anterior, e por isso ele é um Tzadik que sofre, mesmo sendo materialmente filho de um Tzadik

Yaakov e Essav

Avraham Avinu tinha que viver 180 anos, mas sendo que Hashem tinha prometido para ele que ele vai falecer com tranquilidade, ele faleceu cinco anos antes para não ouvir que seu neto Essav se tornou um assassino, um idólatra e etc e assim falecer no desespero, sendo que o avô por natureza tem uma afinidade com o neto que tudo o que acontece com o neto é como se tivesse acontecido com ele próprio como vimos acima

No dia em que Avraham faleceu, Yaakov cozinhou lentilhas para o seu pai, sendo que as lentilhas são redondas representando o ciclo da vida, e também por elas não terem “boca” como os feijões por exemplo, da mesma maneira que o enlutado não tem “boca”, ou seja, não tem o que falar em vista à situação em que se encontra

Aquelas lentilhas eram vermelhas, ou cozidas com algo que fez elas ficarem vermelhas, e Essav voltou cansado depois de ter feito idolatria, assassinato e adultério, e pediu para Yaakov dar para ele aquela “coisa vermelha”

Yaakov não podia aceitar que esse assassino idólatra e adúltero vai ser o terceiro patriarca do nosso povo, vai ser a continuação da divulgação do judaísmo que começou com Avraham. Yaakov não queria que esse criminoso depois da morte de Itzhak se tornasse o Rabino chefe e ainda fosse enterrado depois disso na Mearat Hamahpelá

Yaakov fez uma proposta de trocar as lentilhas pela primogenitura. Essav poderia comer aquelas lentilhas e Yaakov seria o nosso terceiro patriarca. Para ter certeza de que Essav está consciente do que está fazendo, primeiro ele deu pão para ele como diz a escritura e depois as lentilhas, para Essav se acalmar um pouco e não dizer depois que vendeu o reinado porque estava surtado de fome

Em Yaakov estava a Neshamá de Adam Harishon e o anjo de Essav era aquele que estava encarnado na cobra e roubou por meio de trapaça todas as bençãos de Adam. Agora, diz o Zohar, Yaakov é obrigado a pegar essas bençãos de volta da mesma maneira, por meio de trapaça, esse é o único jeito

Rifká fez Yaakov se vestir de Essav e receber as bençãos, mais uma trapaça.

Itzhak era um Tzadik. Se as bençãos dele eram tão importantes, não pode ser que ele não sabia o que estava acontecendo.

Quando Yaakov entra vestido com a roupa de Essav e com uma pele de bode recém extraída enrolada nos seus braços para parecer peludo como Essav, Itzhak dá um beijo nele, cheira suas roupas e diz que está vendo que o cheiro dele é como o cheiro do paraíso, uma expressão estranha sendo que ele era cego e o cheiro da pele de bode recém extraída é um cheiro insuportável. Então o que ele estava vendo? O que estava cheirando lá que lembrava o Paraíso?

Ele estava vendo que toda essa história está cheirando o que aconteceu no paraíso, quando a cobra roubou as bençãos de Adão por meio de trapaça, e agora todas as bençãos que a cobra roubou por meio de trapaça voltam para Adam pelo único jeito de elas voltarem, por meio de trapaça

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A Parashá nos conta que Itzhak gostava de Essav porque tinha “caça na sua boca”. O Rav Moshe Veber, um grande Tzadik que viveu em Jerusalém, explica que a “caça na sua boca” eram Almas altamente elevadas que estavam “caçadas” dentro de Essav, e ele citou como por exemplo a Alma de Rabi Akiva

Rabi Menahem Azaria de Fano, um grande cabalista que viveu na Itália na época do Ari Zal escreve no seu livro das reencarnações que Essav se reencarna como o imperador romano Antoninus e Yaakov como Rabi Yehudá Hanassí que escreveu a Mishná

Quando os dois nasceram havia um decreto do império romano no qual a criança que fizesse o Brit Milá seria condenado à morte junto com seus pais. Os pais de Rabi Yehudá Hanassí eram pessoas extremamente importantes no nosso povo, e não deixaram de fazer o Brit no seu filho.

O governador romano resolveu fazer disso um exemplo para o povo e leva os pais de Rabi Yehudá Hanassí com o nenê para o imperador para fazer uma execução pública. No meio do caminho a mãe de Antoninus que também tinha acabado de dar a luz, troca o nenê com a mãe de Rabi, e quando eles chegam ao imperador romano todos vêem que o nenê não tinha feito o Brit, sem saber que esse nenê não era o verdadeiro, e assim Antoninus salva a vida de Rabi

Muitos anos depois Antoninus se torna imperador romano e constrói um palácio de veraneio do lado da casa de Rabi Yehudá Hanassí com um túnel secreto entre as duas casas

Rabi Yehudá Hanassí e Antoninus estudam Torá juntos e se tornam amigos inseparáveis. Antoninus se converte secretamente ao judaísmo e Rabi Yehudá Hanassí promete para ele que ele vai para o paraíso. E assim termina a história de Yaakov e Essav com um final feliz

Hayei Sarah  – 5780
A “Vida de Sarah”
O nome da nossa Parashá é “Hayei Sarah”, a “Vida de Sarah”. Então porque a Parashá nos conta principalmente sobre a morte de Sarah?
 
O Ari Zal nos revelou que em Avraham Avinu estava a Alma de Adam Harishon (o primeiro homem) no seu nível mais baixo, nível “Nefesh”, e Sarah era a reencarnação de Havá (a primeira mulher)
 
Diz o Zohar que a fonte do aspecto feminino da Alma, ou seja, aonde uma parte da Alma se define para ser a Alma de uma mulher, é a Sefirá chamada de Biná (traduzida como entendimento) que é uma Sefirá do lado esquerdo, o lado “rígido” das Sefirót
 
Na estrutura das Sefirót, abaixo da Biná se encontra a Sefirá chamada de Guevurá (rigidez), e por isso toda mulher tem por natureza uma inclinação para a severidade.Para equilibrar essa inclinação da Alma, Hashem (D’us) coloca a Alma da mulher em um corpo de “Hessed” (bondade)
 
O corpo da mulher por natureza não tem barba ou pelos e a mulher por natureza tem uma voz fina e a capacidade de dar o leite para a criança do seu próprio corpo. A mulher é a “Guevurá” dentro de um receptáculo de “Hessed”, o contrário do homem que é a “Hessed” em um receptáculo de “Guevurá”.
 
A origem do aspecto masculino da Alma, ou seja, quando aquela parte da Alma se define para ser a Alma de um homem, acontece na Sefirá chamada de “Ho’hmá” que é a primeira Sefirá do lado direito, o lado da bondade. A “Ho’hmá” se encontra acima da “Hessed”.
 
Para equilibrar isso, Hashem coloca o homem em um corpo de “Guevurá”, com voz grossa, barba, pelos, e sem a capacidade de dar leite para a criança do próprio corpo
 
Por serem dois opostos, o homem e a mulher se completam, sendo que eles são duas partes da mesma Alma, uma com o aspecto masculino e a outra com o aspecto feminino, duas metades que se completam
 
Diferente das outras Sefirót, a Guevurá tem a característica de “escorregar” com facilidade até o abismo espiritual, chamado pelo Zohar de “sitra áhara” (o outro lado, o lado ruim)
 
Por esse motivo a “cobra”, que era nada mais nada menos que o próprio “Anjo da morte” revestido em uma cobra material (e por isso ela falava) teve mais facilidade em seduzir Havá, e por isso abordou ela e não Adam
 
Sendo que essa “cobra” era a essência do mal, ela era a própria “sitra áhara” que é o fundo do precipício para onde a Guevurá escorrega com facilidade,
 
e sendo que a raíz da Alma feminina é a Biná que está no lado esquerdo acima da Guevurá, a “cobra” que não teria a capacidade de seduzir Adam diretamente teve a capacidade de seduzir Havá e assim seduzir Adam indiretamente, porque a “cobra” também se origina no lado esquerdo, mesmo que no lado impuro dele. O lado mais baixo, mas que não perde o vínculo com sua origem, a Guevurá
 
A cobra disse para Havá que se eles comessem a fruta proibida eles seriam como D’us. Havá, pelo motivo de a fonte da sua Alma estar ligada à “Guevurá”, tinha um vínculo com a essência da cobra que também é a “Guevurá”, e por isso sentiu afinidade com ela, e no lugar de escutar à D’us escutou à cobra.
 
Havá convenceu Adam à comer a fruta proibida para ele se tornar uma divindade. Esse ato foi considerado idolatria e afetou o nível mais baixo da Alma Divina dele, o nível “Nefesh”
 
A “Etz Hadaat” (árvore do conhecimento) estava sincronizada até o por do sol do sexto dia da criação com um nível espiritual chamado de “Klipat Noga”, nível no qual o bem e o mal estão sempre misturados e não existe nesse nível uma coisa boa sem um lado ruim e nem uma coisa ruim sem um lado bom.
 
Adam comeu aquela fruta, e pelo fato de a árvore estar sincronizada naquela hora com a “Klipat Noga”, o mundo inteiro despencou ao nível de “Klipat Noga”.
 
Sendo que Adam caiu ao nível de idolatria, o que impurificou o nível “Nefesh” da Alma Divina dele, para consertar isso ele teve que nascer como idólatra e sair da idolatria, e por isso ele nasceu como Avraham Avinu, filho de Tera’h que fabricava estátuas para serem idolatradas.
 
A partir desse ponto de partida ele teve que chegar ao D’us verdadeiro por próprio esforço e ensinar as pessoas a fazerem o mesmo.
 
Havá se reencarna como Sarah. Adam ouviu Havá para fazer idolatria, e agora, para a retificação da Alma Divina de Havá que estava em Sarah, Sarah teve que ouvir Avraham para deixar a idolatria.
 
A Luz de Havá e as velas de Sarah
 
Havá tirou a luz do mundo e Sarah trouxe a luz para o mundo
 
No primeiro dia D’us criou a luz, e no quarto dia criou o Sol a Lua e as estrelas. Então para onde foi a luz que foi criada no primeiro dia?
 
Uma das explicações sobre essa luz do primeiro dia é de que ela era uma luz tão especial que dava para ver por meio dela o mundo de ponta a ponta e em sua total transparência. Mas ela iluminou somente naqueles dias porque Havá, por meio da sua transgressão, tirou essa luz do mundo
 
Avraham e Sarah cumpriam toda a Torá antes de ela ser dada, e quando Sarah começou a acender as velas de Shabat ela começou a trazer essa luz de volta para o mundo
 
O sinal que Hashem deu para ela de que essa retificação começou a acontecer e por isso essa luz começou a voltar para o mundo, era de que as velas que Sarah acendia para Shabat continuavam acesas milagrosamente a semana inteira
 
A fruta proibida e a Halá de Sarah
 
A fruta proibida não era uma maçã. Uma das opiniões é de que ela era o trigo, que originalmente foi criado alto como um coqueiro. Para retificar essa transgressão, sendo que Havá deu a fruta à Adam para fazer o mal, agora Sarah fazia a Halá (o pão) para Avraham para fazer o bem, para distribuir para os hóspedes e ensiná-los à fazer a Brahá (a benção)
 
O sinal que Hashem deu para ela de que ela começou a fazer essa retificação era de que por mais hóspedes que viessem a Halá nunca acabava. Ela tinha “Brahá na massa”, a massa da Halá crescia de acordo com o número de hóspedes que geralmente apareciam sem aviso prévio e em qualquer número
 
O que aprendemos com a “Vida de Sarah”
 
O que aconteceu com Avraham e Sarah acontece na prática com cada um de nós. Começamos nossa reencarnação atual a partir do lugar em que chegamos na reencarnação anterior.
 
Quando um judeu nasce em uma família distante do judaísmo e tem que se esforçar mais para chegar aonde outros chegaram sem nenhum esforço, na maioria das vezes o motivo para isso é que em uma reencarnação anterior ele chegou por opção própria à essa distância do judaísmo e agora voltou para retificar
 
Um exemplo disso é a história que nos conta a Guemará sobre Eliézer ben Dordaia que conseguiu fazer Teshuvá só com 80 anos de idade e depois disso faleceu. Na hora em que ele faleceu, saiu uma voz do céu dizendo:- “Rabi Eliézer ben Dordaia está convidado para o paraíso.
 
Mesmo sendo ele uma pessoa totalmente leiga a voz do céu o chamou de Rabi, isso por ele ter sido na sua reencarnação anterior Yohanan Cohen Gadol, um grande estudioso da Torá que no final da sua vida caiu na idolatria. Assim também, Eliézer ben Dordaia tinha que fazer Teshuvá no final da sua vida para retificar o que tinha feito na reencarnação anterior
 
Dessa mesma forma acontece com cada um de nós. Nosso ponto de partida é onde tínhamos chegado na reencarnação anterior, seja ele o melhor lugar ou o pior lugar, e a partir daí vamos crescendo espiritualmente e nos refinando cada vez mais. E enquanto nosso corpo vai ficando cada vez mais velho nossa Alma vai ficando cada vez mais jovem, refinada e reluzente, uma pessoa jovem dentro de uma roupa velha
 
A Caverna
 
Diz o Zohar que quando os três Anjos vieram visitar Avraham Avinu, a presença do Anjo Refael fez com que Avraham ficasse totalmente curado das consequências de ter feito o Brit Milá com 99 anos
 
Avraham sabia que eles eram Anjos, mas sendo que eles apareceram como pessoas ele os tratou como pessoas, e correu para fazer uma comida importante, de acordo com o nível que aparentavam ter aquelas “pessoas”
 
A comida mais cara da época era “língua de bezerro com mostarda”, e nesse caso Avraham tinha que abater três bezerros para fazer essa “iguaria”. Um dos bezerros fugiu, e Avraham, por estar milagrosamente totalmente curado, saiu correndo atrás dele.
 
O bezerro fugiu para uma caverna, Avraham entrou na caverna atrás dele e descobriu que lá se encontrava nada mais nada menos que o túmulo de Adam e Havá e a entrada do Paraíso. Depois desse acontecimento Avraham voltava sempre para rezar naquele lugar.
 
Diz o Zohar que Avraham via uma grande luz nessa caverna enquanto que Efron, o dono do campo aonde estava a caverna, nunca via nada lá e nunca teve interesse em entrar naquele lugar.
 
O motivo para isso, diz o Zohar, é que essa caverna estava guardada lá de cima para Avraham, e aprendemos daqui que uma pessoa não tem como ficar com o que está guardado para a outra
 
Mesmo assim Avraham não pediu para Efron vender para ele aquela caverna sem que tivesse um motivo para justificar isso. Para não despertar em Efron suspeitas de que, se Avraham quer tanto comprar aquele lugar, com certeza ele deve ser muito valioso, e talvez por esse motivo Efron não quisesse mais vendê-la para Avraham
 
Mas quando Sarah faleceu, Avrhaham fez como se estivesse procurando um túmulo em qualquer lugar e comprou de Efron a caverna como se ela fosse algo que não servisse para nada a não ser para enterrar alguém. E mesmo assim Efron cobrou dele uma exorbitância, imagine se Avraham tivesse feito à ele uma proposta antes disso!
 
Daqui aprendemos que, mesmo se uma coisa está determinada lá de cima para ser sua, devemos fazer a negociação de maneira natural.
 
Em Rosh Hashaná é decretado para cada um de nós quanto dinheiro vamos ter aquele ano, mas mesmo assim, para trazer esse dinheiro aqui para esse mundo temos que fazer um trabalho. Assim também fez Avraham.
 
E mesmo que essa caverna estava guardada para ele sendo que Avraham e Sarah eram a reencarnação de Adam e Havá, mesmo assim Avraham teve que fazer essa negociação de maneira natural
 
O segundo casamento de Avraham
Depois que Sarah faleceu Avrhaham se casou novamente sendo que ele cumpriu a Torá inteira antes de ela ser dada e pela Torá a pessoa não deve ficar sozinha mas tem que se casar novamente. Avraham se casou com Ketora
 
Diz o Zohar que Ketora era Hagar, mãe de Ishmael que fez Teshuvá e voltou para o bom caminho.
 
O que aprendemos com o segundo casamento de Avraham?
Não encontrou a sua cara metade? Sua cara metade faleceu ou te divorciou? Faça como Avraham que se casou novamente com Hagar mesmo não sendo ela a cara metade dele. E o único critério para isso foi que Hagar fez Teshuvá, voltou para o bom caminho.
 
 
Então, se você está sozinho ou sozinha, não importa o motivo, procure alguém que esteja no caminho da Torá e construa novamente a sua família

Vayerá  – 5780

Nossa Parashá nos conta que nosso patriarca, Avraham Avinu, recebeu a visita de três Anjos que apareceram para ele em forma de árabes idólatras da época, e isso aconteceu três dias depois de Avraham Avinu ter feito o “‘Brit Milá” aos 99 anos de idade

Sua saúde estava abalada, e mesmo assim ele estava sentado na porta da tenda em um dia tão quente, olhando para todos os lados procurando pessoas para convidar para a sua tenda, dar para eles comida e bebida e depois ensiná-los à deixar a idolatria e rezar só para Hashem. Quando Avraham avistou os três “árabes” ficou muito contente em poder fazer essa Mitzvá, mesmo no estado em que se encontrava.

Um desses três Anjos que vieram visitá-lo era o Anjo Refael, o Anjo da cura, e com a presença dele Avraham ficou imediatamente curado e até conseguiu correr para o gado, abater três bezerros e fazer para seus “hóspedes” a comida mais cara da época que era “língua com mostarda”

Em primeiro lugar aprendemos com nosso patriarca a importância de que quando temos o mérito de cumprir essa grande Mitzvá de receber hóspedes em casa devemos dar para eles “do bom e do melhor”, como fez Avraham Avinu, e também a melhor comida espiritual, ensinando nossos hóspedes a deixarem as “idolatrias” desse mundo e se aproximarem de Hashem

Em segundo lugar, por mais que nossa saúde esteja abalada, nossos hospedes não são culpados disso e não precisam sofrer por causa de nós. Mas uma coisa é certa, cada um desses hóspedes pode ser o próprio “Anjo da cura”, e quando um anjo desce para o mundo ele pode aparecer com o corpo material que quiser, e até uma mulher cheia de crianças te tirando do sério pode ser o próprio Anjo Refael com toda a sua equipe. Faça como Avraham Avinu, cuide bem dos seus hóspedes, você só tem a ganhar!

Nossos Sábios escreveram vários livros em uma categoria chamada de “Midrash” que consiste em uma mistura de historinhas com estorinhas aonde não temos como saber qual delas é a história verídica e qual delas é uma linda estória que vem nos ensinar conceitos judaicos de extrema importância independente do fato de ela ter acontecido ou não. Por isso diz o Zohar que não precisamos justificar um “Midrash”

Sendo que não temos como saber qual Midrash é uma história verídica e qual é uma parábola, não precisamos justificar nenhum Midrash, e a regra em relação à eles é que mesmo se muitos deles não aconteceram de verdade e vem somente dar ênfase à algum assunto, ou como uma parábola para aprendermos um ensinamento, mesmo assim, se Hashem quisesse fazer aquela estória acontecer de verdade nada seria impossível para Ele

Dessa mesma maneira nos relacionamos às histórias Hassídicas, histórias que são contadas sobre o Baal Shem Tov e seus alunos. Se até um Midrash não precisamos justificar porque talvez ele não aconteceu de verdade, ou aconteceu, mas não com todo o ênfase que aparece nele, quanto mais as histórias do Baal Shem Tov e seus alunos.

Muitas dessas histórias são verídicas, muitas delas ouvimos dos nossos próprios Rebes comprovando sua veracidade, mas a regra em relação às histórias Hassídicas que não foram contadas pelos próprios Rebes é que, se você acha que todas elas aconteceram você é “bobinho”, mas se você acha que nenhuma delas aconteceu você é uma “pessoa ruim”

Ou seja, muitas dessas histórias que não tem uma fonte comprovada aconteceram de verdade, mas como diz o Zohar, “não precisamos justificar um Midrash”, no nosso caso não precisamos justificar as histórias Hassídicas que não foram repassadas de Rebe para Rebe

Mas uma dessas histórias chegou até nós em tantas versões e de tantos lugares diferentes que com certeza ela deve ter acontecido de verdade, e essa é a história do Dr Gardio com o Anjo Refael

A história começa com um grande comerciante de Vilna que era uma cidade importante no mundo judaico. As pessoas antigamente tinham menos distrações e sobrava mais tempo para estudar Torá. Em Vilna sabiam valorizar esse tempo livre, e o comerciante da nossa história, se vivesse na nossa geração seria considerado um grande Rabino

Certo dia ele estava passando pela cidade de Mezritch aonde vivia o sucessor do Baal Shem Tov, o grande Tzadik, o Maguid de Mezritch. Mesmo não sendo um “Hassid” e com certeza não tendo estudado a parte oculta da Torá, ele fez uma visita ao Maguid imaginando que vai ouvir dele ensinamentos muito profundos

No lugar disso, o Maguid contou para ele uma historinha aparentemente mais adequada para ser contada à crianças do que à um grande estudioso da Torá como era esse grande comerciante

O Maguid contou para ele que ao lado de cada médico existe um “anjo da cura”, mas ao lado do maior médico está o próprio Anjo Refael que desce para esse mundo na hora que ele se encontra com o doente, e o cura milagrosamente

Aparentemente foi uma decepção para aquele comerciante ter ouvido uma coisa assim de alguém que se encontra no nível mais elevado de todos os seres humanos que vivem sobre a face da terra. Mas como dissemos, só aparentemente

Voltando para Vilna o grande comerciante ficou muito doente, e sendo que dinheiro para ele nunca foi problema, a família trouxe para visitá-lo os melhores médicos de Vilna, mas para seu sofrimento o diagnóstico de todos foi igual: não há o que fazer, em alguns dias ele vai falecer.

Quando a família comunicou à ele que talvez seja a hora de decidir aonde ele quer ser enterrado, ele se lembrou do que contou à ele o Maguid e pediu para a família ver o que dá para fazer em relação à isso

Um dos familiares era dono de um hotel de luxo em Vilna, e o rei Frederico da Prússia veio se hospedar lá como parte de um passeio que estava fazendo naquela região.

O rei chegou com toda sua comitiva incluindo seu médico particular, Dr Gardio, o médico do rei, que com certeza para ter sido contratado pelo rei da Prússia tinha que ser pelo menos o melhor médico do mundo

Os familiares do comerciante convenceram o médico do rei a fazer uma visita ao doente. Para a decepção de todos, o maior médico do mundo deu o mesmo diagnóstico que deram os outros, que o doente já está chegando ao final, e que agora a família teria que se reunir para apoiá-lo nos últimos instantes da sua vida

Mas para o espanto de todos, enquanto o médico se encontrava lá, a face do doente começou a mudar e as cores começaram a voltar. Dr Gardio leva um susto muito grande, verifica novamente o coração do doente e leva um susto ainda maior! Nada ainda havia sido feito mas o doente, aparentemente sem nenhum motivo começou a reagir! Um verdadeiro milagre

Dr Gardio escreve rápido uma receita e manda um dos familiares para a farmácia. Nesse meio tempo o doente melhora ainda mais e o Dr Gardio, mais espantado ainda, escreve uma nova receita com remédios mais fracos. Nesse meio tempo o doente se senta na cama e começa a conversar normalmente, como se nada tivesse acontecido, e o médico foi quem quase morreu…

Agora o doente que se curou milagrosamente entende o que aconteceu na sua visita ao Maguid e conta toda a história para o médico. Dr Gardio, impressionado com o grande milagre que presenciou, começa a se lembrar de sua origem. Ele era judeu, um judeu assimilado, um judeu alemão

Depois de presenciar esse grande milagre, Dr Gardio volta para a comitiva do rei, e terminando o passeio eles voltam para a Prússia. Dr Gardio não consegue continuar vivendo daquela maneira, pede demissão do trabalho, viaja para o Maguid de Mezritch, estuda com ele muitos anos e se torna um grande erudito da Torá. Agora, no lugar de ser o médico pessoal do rei da Prússia ele se torna o médico pessoal do Maguid, o Tzadik, o verdadeiro rei

Daqui vemos que quando nossos Sábios dizem que a Torá deu permissão para o médico curar, a intenção não é somente permissão, mas sim a Torá deu forças especiais ao médico, ou seja, um anjo da cura que o acompanha

O Anjo Refael, Avraham e Lot

Hashem pediu para Avraham fazer o Brit Milá com 99 anos e Avraham ficou com a saúde em risco. Sendo que Hashem pediu para ele fazer o Brit, Hashem poderia ter feito o milagre de ele não ter ficado doente, ou fazer o milagre de curá-lo, e porque essa cura teve que ser por meio do Anjo Refael?

Uma explicação para isso é que o Anjo Refael teria que salvar Lot e suas filhas de Sodoma, e ele não desceria para esse mundo especialmente para isso. Por isso Hashem trouxe ele para curar Avraham, e sendo que a salvação de Lot já estava dentro dessa mesma categoria, ele salvou Lot também

Avraham reza por Sodoma e Gomorra

A Guemará nos conta que Rabi Meir Baal Hanes sofria muito por causa de certas pessoas ruins que deturpavam os versículos da Torá. Certa vez ele já estava tão atordoado com esse assunto que queria dar à eles uma maldição.

Sua esposa Brúria lhe lembrou um versículo do Tehilim que diz:- “Desapareçam as maldades da Terra e os maus não existirão”. Você deve rezar para que o mal deles desapareça, disse ela, e assim eles não serão mais pessoas más. Reze para que eles façam Teshuvá, para que voltem a ser bons judeus.

Rabi Meir rezou para Hashem (D’us) e pediu para Ele despertar aquelas pessoas para elas fazerem Teshuvá. Hashem atendeu às rezas de Rabi Meir e aquelas pessoas voltaram para o bom caminho.

Quando Avraham rezou para Hashem não destruir Sodoma e Gomorra não rezou para Hashem despertar aquelas pessoas para elas voltarem ao bom caminho e nem se relacionou nas suas rezas às pessoas ruins, mas pediu para Hashem não destruir a cidade no mérito das poucas pessoas boas que talvez ainda vivessem naquelas cidades

Porque Avraham não fez como disse Bruria ao Rabi Meir? Porque ele não rezou para eles fazerem Teshuvá?

A resposta para isso está na conversa entre Lot e o Anjo Refael. Quando o Anjo Refael tirou Lot e sua família de Sodoma queria levá-los para Avraham Avinu. Lot ficou com medo e disse para o Anjo não levá-lo para Avraham, porque enquanto ele morava em Sodoma ele era considerado uma pessoa boa em relação aos habitantes da cidade, mas se ele for morar ao lado de Avraham ele já não será considerado assim, mas muito pelo contrário, e isso pode encurtar sua vida

Por isso pediu Lot ao Anjo levá-lo para Tzoar que era uma cidade de 51 anos e portanto ainda não tinha terminado para ela o prazo que é dado lá de cima para uma cidade fazer Teshuvá, mas esse prazo em Sodoma já tinha terminado

E por isso Avraham já não tinha mais como rezar para eles fazerem Teshuvá, mas ainda podia salvar a cidade se Hashem fizesse no mérito da reza dele uma exceção e levasse em conta os Tzadikim que ainda poderiam existir lá.

Avraham começa pedindo para Hashem fazer essa exceção de regra caso existam cinquenta Tzadikim nas cinco cidades, Hashem concorda. Avraham pergunta :-E se faltarem cinco dos cinquenta?… Hashem também concorda. E daí para diante até chegarem à dez onde termina a “negociação”.

Porque Avraham não começa pedindo pelos dez e gradativamente ir aumentando até cinquenta como é o costume em uma negociação?

A resposta para isso é que quando Avraham pediu para Hashem não destruir a cidade no mérito dos cinquenta Tzadikim ele tinha visto com o seu sentido espiritual (רוח הקודש) que naquelas cinco cidades haviam cinquenta Tzadikim e por isso pediu a excessão de regra caso existam lá cinquenta Tzadikim.

Mas enquanto estava rezando aqueles Tzadikim iam deixando de ser Tzadikim até ele chegar ao mínimo, e esse mínimo também “chutou o pau da barraca” nesse meio tempo

Mihael, o Anjo do Shalom Bait

A Parashá nos conta que o Anjo Mihael disse às Avraham que em um ano Sarah vai ter um filho. Sarah estava na porta da tenda bem atrás do Anjo Mihael, ouvindo com muita atenção cada palavra do Anjo, e quando ouviu que em um ano ela vai ter um filho ela deu risada e fez um comentário no qual ela expressa que seu marido está velho

O Anjo Mihael perguntou :-Porque Sarah está rindo dizendo que é velha? E o Anjo confirmou novamente que na data marcada ele voltará e Sarah já terá um filho

Rashi explica que o Anjo trocou o que disse Sarah por motivos de “Shalom Bait”. Ou seja, talvez na dúvida de que Avraham tenha ouvido isso o Anjo mudou a frase de Sarah confirmando para Avraham que ela não falou dele, e daqui aprendemos a importância do “Shalom Bait”

Ou seja, se até o Anjo que não tem livre arbítrio e não tem como mentir falou uma mentirinha nessa hora para confirmar para Avraham que ela não falou sobre velhice em relação à ele, mesmo para Avraham que nunca se importaria com os comentários de Sarah, quanto mais nós, que não somos Anjos, e em relação à pessoas que não tem a bondade no coração que tinha Avraham Avinu,

Por isso, diz o Baal Shem Tov, está escrito na Torá que devemos ficar longe da mentira e não está escrito que é proibido mentir. Porque a mentira é um veneno.

O veneno na dose certa se transforma em remédio, em uma dose menor ele prejudica a saúde, e em uma overdose ele mata. Assim também é a mentira. Às vezes ela é o único remédio que na dose certa pode salvar o “Shalom Bait”,  e por isso o Anjo Mihael, o Anjo da Hessed nos revelou esse remédio

Mas como todo remédio tem que ser dado na dose certa, uma dose menor não faz efeito e uma maior destrói, com certeza quando alguém vai fazer um “Shalom Bait” o próprio Anjo Mihael entra junto com ele e faz os milagres sobrenaturais acontecerem, como no caso do Anjo Refael que entra junto com o médico e faz a cura acontecer milagrosamente.

Le’h Le’há   – 5780

 Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) pediu para Avraham Avinu sair da sua terra, do lugar onde nasceu, deixar a família do seu pai, e ir para o lugar que Hashem iria mostrar para ele.

A linguagem do versículo é: “Vá para você”. Rashi explica que essa linguagem de “Vá para você” quer dizer “para o seu proveito próprio”, “para o seu próprio bem”

O Zohar nos conta que por trás da história do nosso patriarca Avraham Avinu, nossa Parashá está nos indicando um segredo Cabalístico muito importante que é o segredo da descida da nossa Alma para esse mundo.

Nós somos a nossa “Neshamá”, nossa Alma Divina, uma parte de Hashem. Antes de descer para esse mundo nossa Neshamá estava no mundo de Atzilut, e mesmo sendo a fonte da nossa Neshamá a própria essência Divina, mesmo assim só nos tornamos “parte de Hashem” na décima Sefirá do mundo de Atzilut, na Sefirá chamada de “Malhut”

Hashem decreta para a nossa Alma que para o próprio bem dela, ela vai ter que descer do lugar aonde ela “nasceu”, daquele nível tão elevado aonde ela surgiu como “parte de Hashem”, daquele lugar tão alto, de lá ela tem que descer para o “fundo do precipício” que é esse nosso mundo material com todas as suas ocultações, e essa descida é para o nosso próprio bem, para o nosso próprio proveito.

Da mesma maneira que Avraham saiu primeiro de Ur e posteriormente de Haran, e de lá ele foi para a terra prometida, assim também nossa Neshamá sai do “Malhut de Atzilut” e se reveste no mundo de Briá, Yetzirá, ou no lado espiritual do nosso mundo de Assiá antes de descer para o lado material do mundo de Assiá que é onde nós encontramos agora

Da mesma maneira que, quando Avraham chegou à terra prometida os cananeus estavam lá lutando contra os “bnei Shem”, ou seja, as pessoas ruins estavam lutando contra as pessoas boas, dessa mesma maneira nossa Alma chega à esse mundo aonde geralmente as pessoas ruins estão “por cima” causando um grande sofrimento para as pessoas boas

E por final, da mesma forma que Avraham fez o seu trabalho Divino naquela terra, ensinou as pessoas à rezarem para Hashem, fez tudo o que Hashem pediu para ele fazer, e no mérito disso aquela terra futuramente se tornou a “Terra Santa”, dessa mesma forma nossa Alma Divina faz o seu “Trabalho Divino” nesse mundo, e no mérito desse “Trabalho Divino” estudando Torá e cumprindo as Mitzvót (Mandamentos Divinos) no futuro esse mundo se torna um lugar ainda melhor do que o mundo de Atzilut aonde começamos a nossa jornada, e aí vamos agradecer à Hashem por tudo o que passamos sendo que tudo isso nos trouxe para um nível muito superior

 O motivo da criação do mundo

De acordo com o Zohar o motivo da criação do Mundo começa no “Malhut”, a décima Sefirá, que na ordem dos quatro mundos é a que dá origem à cada mundo abaixo dela. O “Malhut de Atzilut” dá origem ao mundo da “Briá” e “Malhut de Briá” dá origem ao mundo da “Yetzirá”, e o “Malhut de Yetzirá” dá origem ao mundo da “Assiá”.

“Malhut” é traduzido como “Reinado”, e por isso o “Malhut de Atzilut” se torna o “Keter” (Coroa) de “Briá”. Sendo que o Rei só é Rei quando existe o povo, e a existência dessa décima Sefirá requer a existência do povo, nesse nível Hashem seria obrigado a criar o mundo, e de filhos que éramos antes disso, no mundo de Atzilut, aqui no mundo material nos tornamos algo separado, nos tornamos o povo

“טֶבַע הַטּוֹב לְהֵטִיב”

O motivo da criação do mundo de acordo com o Ari Zal 

O Ari Zal traz como motivo da criação do mundo a quarta Sefirá, a “Hessed”. Diferente das primeiras três Sefirot que estão na categoria de “Mohin” (intelectos) que existem por si só e não requerem algo fora delas para existir, a quarta Sefirá, a “Hessed”, já entra na categoria de “Midot” e requer a existência de alguém fora dela para que ela possa existir

Para entendermos como isso funciona vamos pegar como exemplo uma pessoa boa e sábia. Para ser chamada de sábia ela não precisa de ninguém que usufrua da sua sabedoria, mas ao contrário, quanto mais ela se concentra dentro de si própria mais ela consegue se aprofundar na sua própria sabedoria.

Mas em relação à bondade, não temos como chamar essa pessoa de boa se ela nunca fez uma bondade para alguém, e o fato de ela ter sido boa com si própria ainda não a considera uma pessoa boa. Para ela ser chamada de uma pessoa boa ela é obrigada a ter feito uma bondade para alguém que não seja ela própria

E sendo que na quarta Sefirá, na “Hessed” (bondade) já se revela a necessidade de o mundo ser criado, o Ari Zal não espera chegarmos até a décima Sefirá para justificar essa criação

D’us é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem

Mais do que isso, o Ari Zal vê a “Hessed” como expressão da própria essência Divina, e sendo que a “Hessed” só existe quando existe alguém fora dela para receber essa “Hessed”(bondade), ela requer a criação do mundo porque sem isso ela não é “Hessed”, sem isso ela não existe

Ou seja, a “Hessed” só é chamada de “Hessed” se existir alguém para receber essa “Hessed”, como uma pessoa só é chamada de boa se ela já fez uma bondade para alguém

E por isso, diz o Ari Zal, D’us criou o mundo. Não era o suficiente nossa Alma Divina se tornar uma “parte de Hashem” no mundo de Atzilut, mas Hashem precisava fazer para nós essa bondade de criar o mundo, nos fazer descer até aqui para fazer o trabalho Divino e por meio dele receber essa grande bondade Divina de chegar à um nível superior ao nível da nossa própria criação.

Não teríamos como ser “parte de D’us” antes de Atzilut a não ser por essa grande bondade Divina de decretar para a nossa Alma descer à esse mundo e por meio dele chegar à esse nível tão alto, e somente isso faz com que a quarta Sefirá seja chamada de Hessed, sem isso ela não é Hessed.

E sendo que essa bondade com a nossa Alma Divina só tem como acontecer na “Tehiát Hametim”, na ressurreição dos mortos, agora a partir da criação do mundo a “Hessed” já se torna “Hessed” porque o começo do mundo já está vinculado à sua “meta final”, a “Tehiát Hametim”

Um exemplo simples para conseguir entender facilmente toda essa equação:

Imagine uma família na Espanha há quinhentos anos atrás que recebe a notícia de que quem não deixar o país em um mês vai ter que rezar na igreja ou morrer queimado em praça pública.

Essa família vem perguntar ao Rabino o que fazer. Eles encontram o Rabino com toda a família arrumando as malas para fugir. Eles perguntam ao Rabino o que fazer caso eles não consigam sair da Espanha até o dia do ultimato

O Rabino explica para eles que é melhor morrer do que fazer idolatria, e que a pessoa que morre dessa forma que é chamada de “Kidush Hashem” ganha por próprio mérito o “Alto Paraíso”. Uma hora no baixo paraíso que é o mundo da “Yetzirá” equivale à setenta anos dos maiores prazeres neste mundo, e uma hora no “Alto Paraíso” que é o mundo da “Briá” equivale à setenta anos no “Baixo Paraíso”, e se eles não conseguirem fugir, morrendo queimados em praça pública para não rezarem na igreja dá direito à eles de irem para o “Alto Paraíso” por próprio mérito e ninguém mais pode tirar eles de lá.

Todo mundo consegue fugir daquela cidade, fora aquela família. Os espanhóis oferecem para eles o decreto final: ou eles se tornam cristãos ou eles serão queimados vivos em praça pública.

A família conversa novamente entre si sobre o que foi combinado com o Rabino e decidem morrer queimados em praça pública mas não fazerem idolatria

Os espanhóis fazem uma grande fogueira na praça da cidade, decretam um feriado para todos virem ver essa família pegando fogo, amarram as crianças com os pais na fogueira e acendem.

A família fala o Shemá Israel entre as chamas e em poucos minutos chega ao “Alto Paraíso”, o lugar aonde os grandes Tzadikim e Tzadikaniot chegaram no mérito de terem se esforçado a vida inteira fazendo o trabalho Divino com a mais alta dedicação e empenho.

A alegria deles é infinita, o negócio valeu a pena! Uma família normal conseguiu chegar à um nível aonde só os grandes Tzadikim conseguiram chegar, e tudo isso quase sem nenhum esforço!

Em breve Mashiach vai chegar, e quarenta anos depois os mortos vão ressuscitar. A família no “Alto Paraíso” é avisada de que um dos treze princípios da fé judaica é que os mortos vão ressuscitar e em breve isso vai acontecer.

 A família declara que o combinado com o Rabino não foi isso. Ninguém falou sobre limite de tempo de quinhentos anos no Paraíso, e eles fizeram para merecer, não chegaram lá por favor, tudo foi por próprio mérito, e até o próprio Rabino que fugiu da Espanha não conseguiu chegar à esse nível tão elevado como o deles. De jeito nenhum! Nada de ressuscitar!

:-Não chegamos até aqui de favor, dizem eles, recebemos isso como recompensa pela Mitzvá que fizemos, e esse também é um dos treze princípios da fé judaica, que D’us dá um castigo para quem fez o mal, castigo limitado somente ao mal que fez, no máximo doze meses no “guehinon”. Mas Hashem dá uma recompensa eterna para quem fez o bem, e esse é o nosso caso, não tem como nos “despejar” do Alto Paraíso para agora irmos procurar emprego em Israel! D’us é justo e não vai fazer para nós uma injustiça dessas só porque o Rambam escreveu isso nos treze princípios da fé judaica

O que você responderia para essa família? Simples! Está escrito na Guemará que este mundo material do jeito que o conhecemos tem um prazo de validade de no máximo seis mil anos dos quais já estamos no 5780, e no sétimo milênio Hashem reforma o mundo e com certeza esse mundo vai ficar mais alto paraíso do que o alto paraíso, ou seja, nosso mundo de “Assiá” vai virar o mundo da “Atzilut”, e todos os Tzadikim que estão no mais alto paraíso vão querer ressuscitar imediatamente, sendo que nosso mundo vai virar mais alto paraíso do que o próprio alto paraíso

Isso seria uma ótima resposta para resolver o problema dos Tzadikim do alto paraíso, mas não resolve o problema da nossa Neshamá, sendo que não justifica o fato de ela ter descido à esse mundo para depois de tanto esforço e sofrimento conseguir voltar somente até o lugar aonde ela estava antes, aonde ela se tornou “parte de D’us”, o mundo de Atzilut

E portanto, para que a bondade Divina de ter criado o mundo para fazer para cada um de nós uma grande bondade seja considerada uma bondade de verdade, não é o suficiente devolver para a nossa Alma Divina o nível que foi tirado dela porque isso seria justiça e não uma bondade

Por causa disso o mundo da ressurreição obrigatoriamente tem que ser mais alto do que o mundo de Atzilut, e por isso temos que ressuscitar com a nossa Alma Divina, nossa alma animal e nosso corpo, sendo que a raíz da nossa alma animal e do nosso corpo são a “quebra dos receptáculos”, fenômeno espiritual que aconteceu acima do mundo de Atzilut, e por mais que a alma animal e o corpo tenham descido eles ainda mantém um vínculo oculto com a sua raíz, e portanto nossa Alma Divina também pode alcançar esse nível estando unida à eles, e isso é o que vai acontecer no futuro, na “Tehiát Hametim

Mas obviamente o lado espiritual do material, o lado espiritual do nosso corpo e da nossa alma animal vão se revelar no futuro e não vamos ressuscitar como somos agora mas sim como criaturas imortais

 E por isso na nossa Parashá Hashem diz para Avraham que aquela terra futuramente vai ser dada aos seus filhos, nos indicando que depois de a Neshamá decer para seu próprio bem do lugar mais alto ao lugar mais baixo, ela chega à um nível tão elevado que para usufruir dele ela tem que ressuscitar.

Por enquanto ela tem o direito de esperar por esse dia em um paraíso “cinco estrelas”, mas o objetivo final, a verdadeira bondade Divina é o mundo da ressurreição sobre o qual está escrito que ninguém o viu fora Hashem, sendo que nunca estivemos nesse nível tão elevado antes

Então, vamos rezar forte para Mashiach chegar imediatamente, e não só que o nosso mundo vai ser um mundo melhor, mas vai ser infinitamente melhor, uma coisa jamais vista antes nem pela nossa própria Neshamá

Noa’h  5780
Nossa Parashá nos conta que desde que Hashem (D’us) criou Adam e Havá que eram o primeiro homem e a primeira mulher, até a décima geração deles, as pessoas se comportaram de maneira catástrofica

Hashem decidiu mandar um dilúvio, mas junto com isso disse para Noa’h construir uma arca durante 120 anos para que as pessoas fizessem “Teshuvá”. Parassem de fazer atrocidades e voltassem para o bom caminho e aí não teria mais dilúvio

Ou seja, durante todos os 120 anos que Noa’h estava construindo a Arca, todos perguntavam porque ele estava gastando seu precioso tempo construindo algo totalmente desnecessário? E ele respondia que se eles não pararem de fazer coisas tão ruins Hashem vai mandar um dilúvio para o mundo.

Daqui vemos a grande bondade Divina de fazer com que Noa’h avisasse todo o mundo durante tanto tempo o que estava para acontecer, dando à eles a oportunidade de reverter essa situação

A Arca não era um navio, não tinha remos ou mastro e vela como os navios da época, e também não tinha nenhum meio de dirigí-la para nenhuma direção, e por isso ela é chamada de “Arca”.

A Torá nos traz as medidas da Arca mostrando a grandeza do milagre que tantos animais viveram dentro de um lugar tão pequeno durante um ano inteiro em plena harmonia nos lembrando os tempos do Mashiach

Por um lado Hashem pediu para Noa’h construir a Arca para salvar a sua família e os animais, pediu para ele se comportar de maneira natural e não esperar por um milagre sobrenatural de o dilúvio acontecer em volta dele e não atingí-lo.

Por outro lado Noa’h não tinha como dirigir a Arca e ela ia para a direção que Hashem à levasse, nos mostrando que mesmo tendo Hashem pedido à ele para se comportar de maneira natural, mesmo assim a parte principal, ou seja, aonde ele vai chegar, isso Hashem não deixou nas mãos dele.

Quando Noa’h soltou a pomba para ver se a terra tinha secado, ela voltou com um ramo de oliveira, o que seria impossível de acontecer no final de um dilúvio desses.

A Guemará nos conta que no lugar aonde seria a futura “Terra de Israel” não houve dilúvio, e de lá a pomba trouxe o ramo de oliveira

Mesmo Hashem mostrando para Noa’h que esse grande milagre tinha acontecido, de uma região inteira não ter sido afetada pelo dilúvio, mesmo assim Hashem conduziu a Arca para outro lugar e ela aterrizou no Monte Ararat, que por mais que hajam especulações de aonde ele fica, uma coisa é certa, ele não ficava na terra de Israel

O Monte Ararat esteve embaixo do dilúvio e agora tinha começado a secar, fazendo com que Hashem tivesse que fazer mais um grande milagre fazendo com que tanto Noa’h e sua família quanto todos os animais e aves do mundo tivessem que recomeçar a vida nesse mundo em um lugar que não tinha a vegetação adequada para isso, milagre aparentemente desnecessário

Mas daqui aprendemos muitos ensinamentos vitais para o nosso dia a dia

Por um lado Hashem pediu para Noa’h fazer a Arca e por outro lado a Arca não tinha direção, nos ensinando que mesmo Hashem tendo deixado, aparentemente, o nosso destino nas nossas próprias mãos, ou seja, mesmo tendo Hashem pedido para cada um de nós fazer um trabalho para manter a própria família, mesmo assim o principal do nosso destino incluindo o fato de o nosso trabalho nos trazer a possibilidade de mantermos a nossa família ainda está totalmente nas mãos de Hashem, como a Arca que foi construída por Noa’h mas totalmente dirigida por Hashem

Às vezes soltamos uma “pomba” da nossa “Arca” e por meio dela descobrimos que existem lugares muito melhores do que a “Arca” em que vivemos. Nessa hora poderíamos pensar que se Hashem tem lugares no mundo tão melhores do que essa “Arca” no mundo, porque ele já não nos levou para lá junto com todos os animais e aves, e enquanto o mundo “afundasse” com o dilúvio estaríamos lá curtindo a “terra que emana leite e mel”? E a resposta para isso é : O mundo inteiro está afundando e eu vou ficar assistindo isso de dentro de um hotel de 5 estrelas?

Diz o Rebe que a nossa geração é a última geração do Galut e a primeira da Gueulá. Essa geração é chamada de “os calcanhares do Mashiach”

Nosso povo se encontra divido entre o exílio de Edom que é o exílio nos países europeus e posteriormente mas suas colônias, e o exílio de Ishmael que é o exílio entre os árabes, Israel no oriente médio, com um pouco de Irã na faixa de gaza, um pouco de Irã no Líbano, um pouco de Irã na Síria, um pouco de Irã no Iraque, um pouco de Irã no Qatar, um pouco de Irã no Iêmen e muito Irã no Irã. E todos cheios de mísseis de longo alcance com GPS e margem de erro entre 5 e 10 metros. Vemos que a Gueulá está nas portas, e é hora do “Venha para a Arca”.

Diz o Baal Shem Tov que a palavra em hebraico “Teivá” usada para “Arca” também quer dizer “Palavra” se referindo às palavras da Tefilá e da Torá

Nessa hora tão difícil para todo o nosso povo, não devemos pensar porque Hashem nos colocou na Arca e não no hotel de 5 estrelas, mas ao contrário, devemos acrescentar nas rezas e no estudo da Torá, entrar na “Teivá”, e sair dela para um mundo melhor, o mundo da Gueulá.

Bereshit  5780

Nossa Parashá começa nos contando que no princípio D’us criou o céu e a terra, e continua descrevendo o que aconteceu em cada um dos seis dias da criação. Vemos que no segundo dia Hashem (D’us) fez uma separação entre as águas de cima e as águas de baixo. Colocou limites, como a força da gravidade que segura as águas de baixo em baixo e etc, mas não vemos que algo realmente palpável foi criado nesse segundo dia da criação.

No terceiro dia a linguagem é :”e a terra tirou”. A terra “tirou” as árvores, a terra “tirou” as ervas. Rashi explica que essa linguagem vem nos ensinar que no primeiro dia D’us criou tudo, e cada dia “tirou” o que já tinha sido criado no primeiro dia. Ou seja, tudo foi criado potencialmente no primeiro dia, e cada coisa surgiu na prática no seu dia específico.

Continuando com esse raciocínio podemos concluir de que D’us “tirou” da Terra no quarto dia o Sol, a Lua e as estrelas. Hoje muitos cientistas também chegaram à conclusão de que todo o universo se originou de um único lugar, sendo que as galáxias estão sempre se distanciando de nós. Eles chamam isso de a “hipótese” do Big Bang dentro dos limites da ciência e seus “bloqueios”

Bilhões de anos luz foram criados em um só dia

No primeiro dia D’us criou (e também revelou) a luz. Fora a explicação profunda de que aquela luz dos sete dias foi guardada para os Tzadikim usufruírem dela no mundo vindouro, mesmo assim nenhum versículo sai do seu significado simples, e nesse caso isso vem nos mostrar que a criação da luz do Sol e das estrelas antecede a criação do próprio Sol e das próprias estrelas

D’us criou no primeiro dia todos os bilhões de anos luz que levariam para a luz da estrela chegar até a terra, e no quarto dia D’us tirou daqui as estrelas e colocou cada uma no final desses “bilhões de anos” que levariam para essa luz chegar até aqui

Outro detalhe interessante é que no quarto dia, quando D’us tirou daqui todas as galáxias, já existia aqui ar e vegetação, e daqui concluímos que é possível haver vegetação em outros planetas se a temperatura permitir

Todos os animais foram criados por Hashem no Gan Éden deste mundo, entre os rios Tigre e Eufrates no oriente médio de lá eles se espalharam pelo mundo inteiro.

Quando Colombo chegou à América, descubriu “novas espécies” de animais e aves que não existiam no oriente médio, e qual era o motivo para isso? Com certeza por causa das mudanças climáticas eles se extinguiram no oriente médio, mas não na América, mas tudo foi criado no paraíso terrestre que ficava no oriente médio

Mas quando falamos sobre o homen, sobre vida inteligente, aí a história muda totalmente

Não há vida inteligente em outros planetas

Quando chegamos à criação do homem, aí tudo muda. O homem foi feito à parte

Diferente de todas as criaturas que D’us criou no primeiro dia e durante os seis dias “a terra tirou”, diferente de todas as criaturas que “saíram da terra” macho e fêmea separadamente, o homem foi criado à parte e junto com a mulher em uma criatura só, e depois separado em homem e mulher

E em relação à nossa Alma, a Parashá nos conta que Hashem “soprou” dentro de nós uma “Alma de vida”. Diz o Zohar que a linguagem “soprou” foi usada para indicar que D’us colocou em nós uma “parte Dele”, uma Alma Divina, e por isso é usada a palavra “soprou”, como diz o Zohar, quem sopra, sopra parte do que tem dentro de si próprio

E mesmo que o espiritual está tão acima do material que qualquer coisa que imaginarmos não se compara à ele, mesmo assim é usada essa expressão para termos uma leve idéia da grandeza do assunto

Adam e Havá foram criados juntos, receberam uma Alma Divina e se tornaram os únicos seres inteligentes do universo que foi criado em seis dias, a Terra não “tirou” Adãos e Evas em outros planetas e vida inteligente existe somente aqui.

Não estamos falando sobre criaturas espirituais como Anjos ou até demônios, mas sim sobre vida, uma Alma dentro de um corpo, isso só existe aqui no nosso planeta.

Pelo fato de sermos “vida inteligente” e por natureza nosso cérebro dominar nosso coração, nosso intelecto dominar nossos impulsos, Adam e Havá receberam um Mandamento Divino, diferente dos animais aonde o impulso domina o intelecto e portanto não há como cobrar deles um Mandamento Divino, portanto somente Adam e Havá, os únicos seres inteligentes de todo o universo receberam o Mandamento Divino de comer todas as frutas das árvores do paraíso mas de não comer a fruta da “Etz Hadaat”

A cobra

De repente aparece a cobra no Paraíso. Uma cobra que foi criada originalmente muito parecida com o ser humano mas com uma diferença, ela era a mais esperta de todas as criaturas, como diz a Torá. Até mais inteligente do que Havá a ponto de usar argumentos que Havá não tinha como refutar.

E sendo que o homem é o único ser inteligente de todas as galáxias, os Sábios do Zohar discutem se essa cobra existiu de verdade ou se ela simplesmente representava nosso “Yetzer hará”, nossa má inclinação.

Se ela não existiu, mas representava nosso “Yetzer hará”, isso quer dizer que Adam e Havá já nasceram com uma má inclinação, o que não pode ser, porque explicitamente eles receberam o “Yetzer hará” depois de terem feito a transgressão, e o motivo que eles fizeram a primeira transgressão foi por erro de avaliação e não por “Yetzer hará”, mesmo que as posteriores já foram por “Yetzer hará”

E se ela existiu de verdade, ela foi o primeiro ser inteligente, sendo que ela foi criada no quinto dia da criação, o que também não pode ser

A explicação do Zohar

Rabi Itzhak e Rabi Yehudá discutem sobre esse assunto no Zohar

Rabi Itzhak disse que essa cobra não existiu e que a Torá usa a palavra”cobra” para apelidar nossa própria má inclinação que nos seduz para fazer contra a vontade Divina.

Rabi Yehudá disse que ela era uma cobra de verdade, uma cobra material como descreve o versículo. Então eles vieram fazer essa pergunta para o maior de todos os Tzadikim daquela época, Rabi Shimon bar Yohái

Rabi Shimon explicou que os dois estão parcialmente certos, e a opinião de um simplesmente completa a opinião do outro.

Rabi Shimon explicou que na hora em que a cobra veio seduzir Havá, o “S.M” que é o anjo da morte, o anjo de Essav e a fonte do nosso Yetzer hará, “pacote completo” de tudo o que é ruim, se revestiu na cobra, e daí o fato de ela aparecer para Havá como uma criatura esperta, inteligente e falante.

Os argumentos dela eram mais inteligentes do que a refutação de Havá, como vimos na Parashá que ela ganha de Havá na discussão. Mas o fato de ter “baixado” o “S.M.” na cobra foi uma exceção de regra naquele momento, e depois que ela recebeu o castigo e foi transformada em rastejante, aquela “entidade espiritual negativa” à deixou definitivamente. Ela foi criada originalmente como animal irracional e voltou a ser o animal irracional que era antes

Mas o que Havá deveria responder naquela hora para a cobra? Simples! Ela deveria responder:- “Se D’us falou para não comer essa fruta e uma cobra falou para comer, a quem eu devo ouvir”? E por mais que essa cobra tenha uma forma humana, seja esperta, inteligente, diplomada e pós-graduada, ela não é D’us

Muitas vezes nos encontramos em situações semelhantes à essa, e devemos aprender com Havá a não ser como Havá, e sempre nos lembrar que por mais sedutora que seja uma proposta e por mais impressionante que seja a pessoa que está propondo, se ela é contra a vontade Divina que nos foi revelada por meio da Torá e das Mitzvót, devemos nos lembrar de que “se D’us pediu para não fazer algo, e uma criatura que aparenta ser mais inteligente do que nós pediu para fazer, a quem devemos ouvir”?

E mais, D’us é a essência do bem, ama cada cada um de nós infinitamente mais do que amamos nossos próprios filhos, e todos os Mandamentos Divinos foram dados para o nosso bem, para a nossa própria proteção.

Então devemos estar sempre com a resposta pronta para qualquer um que diz que a nossa vida vai melhorar quando deixarmos de cumprir um Mandamento Divino. E a resposta é: “Se D’us pediu para não fazer e uma cobra está pedindo para fazer à quem devemos ouvir?”

Matando a cobra com seu próprio veneno

Com quem aprendemos essa resposta que é na verdade o “soro antiofídico para todas as seduções do mundo? Com a própria cobra! Como nos conta a Guemará que o motivo que Hashem não perguntou nada para a cobra antes de dar o castigo para ela foi por que ela já tinha essa resposta em mãos, e se Hashem tivesse dado à ela o direito de responder ela usaria essa resposta e sairia livre

Daqui vemos também que a intenção Divina de ter perguntado para Adam e Havá se eles comeram a fruta da Etz Hadaat era de eles fazerem Teshuvá, mas sendo que cada um justificou o que fez, eles receberam um castigo

Daqui aprendemos a importância de nunca justificarmos antes de fazer uma coisa errada e quanto mais se já fizemos uma coisa errada, como por exemplo gritar com o nosso cônjuge porque ele ou ela gritou primeiro, ou depois de ter gritado dizer que gritou por causa disso ou daquilo. Aprendemos com Adão e Eva a não ser como Adão e Eva!

Esse Shabat é chamado de Shabat Bereshit. Diz o Rebe que da maneira que nos comportamos nesse Shabat recebemos força lá de cima para nos comportar assim todos os Shabatot do ano. Então vamos aumentar a alegria nesse Shabat até não poder mais!

Shabat Hol moed Sukot 5780

Alegria

 Em Tishá BeAv estávamos tristes, no Yom Kipur estávamos sérios, mas essas situações eram excepcionais. Diz o Rambam que o trabalho Divino tem que ser feito com muita alegria, e isso inclui tudo, inclusive o próprio Yom Kipur e o Tishá BeAv

 E mais ainda, trabalhamos para poder dar Tzedaká, comemos e dormimos para ter força para rezar e trabalhar

Ou seja, nosso trabalho também é Mitzvá, é parte da Mitzvá da Tzedaká. E não só parte dela, mas a parte principal, a parte que sem ela não teríamos como cumprir essa Mitzvá

 Ou seja, todo o nosso dia e noite o ano inteiro é trabalho Divino, e como diz o Rambam, devemos fazer o trabalho Divino com muita alegria!

 Com certeza ninguém teve que se esforçar para ficar triste em Tishá BeAv ou sério no Yom Kipur. Parece que a nossa natureza é assim. Parece que se não fizermos nenhum esforço para ficarmos alegres automaticamente ficamos tristes

 Nosso dia a dia é assim, nossa redondeza é assim. Às vezes somos cobrados de coisas que estão acima da nossa capacidade. Às vezes somos capazes de fazer algo, mas não na quantidade ou no prazo que nos cobram, e por causa disso sofremos diversos tipos de pressão.

 Alguém te “joga na cara” que essa foi a única coisa que ele te pediu e mesmo assim você não fez, ou simplesmente te vira a cara.

 Você ouve um “poxa vida” de cá e um “poxa vida” de lá, a cidade é grande e você quase sempre chega atrasado somente comprovando os “poxa vidas” que você ouve durante o dia.

 E mesmo que você nasceu alegre e na sua infância tinha muito mais dificuldade em ficar sério no Yom Kipur do que alegre em Sucot

Depois de anos vivendo em um ambiente assim você fica feliz quando chega o Yom Kipur mas não sabe o que fazer em Sucot.

Você vai para um psiquiatra procurando uma solução para o problema, o psiquiatra também é alguém que não tem a capacidade de dar um sorriso e te receita um remédio para você poder ouvir reclamações e cobranças e não se matar.

Cada aniversário que passa você fica feliz por estar mais próximo do próximo mundo do que deste e compartilha a sua felicidade com todos sem explicar o verdadeiro motivo pelo qual você está feliz

 Aí chega a festa de Sucot, Shemini Atzéret e Sim’hat Torá, você vê todos dançando e com muita dificuldade você consegue dar um sorriso, mas entra na dança

 Depois de uma hora dançando você já toma um “lehaim”, já puxa outras pessoas para a roda, você voltou a ser uma pessoa normal como era quando nasceu, uma pessoa feliz, uma pessoa alegre

 E não precisou de todos os anti-depressivos para chegar à isso. Simplesmente, e de maneira natural, você se liberou de todos os bloqueios causados pelo cotidiano da nossa amada e idolatrada “Galut” (exílio do nosso povo)

 Dizem nossos Sábios que esse é o referencial para o ano inteiro. Daqui absorvemos a alegria que precisamos para o ano inteiro.

Ou seja, aprendemos como precisamos nos comportar o ano inteiro. Não só torcer os lábios e dizer -: poxa vida, vocês não estão vendo como estou alegre? Mas daqui aprendemos o que é ser alegre de verdade

E como diz o Rambam, o trabalho Divino deve ser feito obrigatoriamente com muita alegria, e toda a nossa vida é um grande trabalho Divino, e por isso somos obrigados a estar alegres o ano inteiro

 E porque o referencial para isso é a festa de Sucot?

 Diz o “Pirkei Avot” que quanto mais bens materiais adquirimos, mais preocupação trazemos para nós próprios.

 Sendo assim, a festa de Sucot que é o referencial da alegria para o ano inteiro, tem como condição a necessidade de sairmos da nossa “mansão” e nos mudarmos para uma sucazinha

 Ou seja, durante o ano inteiro devemos nos desapegar, parar de viver obsecados pelos nossos bens materiais que nos trazem todas as preocupações, e nos lembrarmos da nossa sucazinha.

Ela é a nossa casa verdadeira, o resto é lucro, e não devemos deixar esse lucro nos dominar e nos obrigar a vivermos em função dele, obsecados por ele

 Rabi Nachman de Breslev nos ensinou que devemos nos lembrar sempre que a alegria não é uma coisa supérflua na vida, ela é uma necessidade básica

 Não existe nada que nos liberta mais do que a alegria, ela liberta o seu cérebro e faz pairar sobre você a tranquilidade

 Perder a esperança é como perder a liberdade, é se perder a si próprio. Encontrar a alegria verdadeira é a mais importante das metas.

 Se o único jeito de você se alegrar é fazendo palhaçadas que não prejudicam as pessoas, faça isso, porque a tristeza causa prejuízos imensuráveis. Use todos os meios que você pode para se tornar alegre.

 Hoje você se sente ótimo? Não deixe as lembranças do passado e as preocupações do futuro baixarem seu ânimo.

 Se mesmo você querendo ficar alegre você se sente triste, lembre-se dos bons momentos que você já teve e a alegria voltará

 Se você não se sente alegre, faça de conta que está alegre, faça um sorriso artificial, comporte-se como se você estivesse alegre e a alegria verdadeira virá em decorrência disso.

 Acostume-se a cantar, isso vai te dar uma vida nova e encher você de alegria.

 Acostume-se a dançar, a dança vai tirar a sua tristeza e espantar os seus sofrimentos.

 Sorria sempre, você vai ter em mãos um presente “vida” para dar para todos

 De vez enquando as pessoas estão em um grande desespero e não tem para quem contar os seus problemas, se você aparece com um sorriso reluzindo no seu rosto você as motiva e dá para elas uma vida nova.

 É tão importante estar alegre a ponto de você ter que se obrigar a estar alegre nem que seja de uma maneira artificial.

 É normal ver o esquecimento como um defeito, mas eu vejo ele como uma virtude. Saber esquecer quer dizer se livrar de todos os sofrimentos do passado.

Nunca, mas nunca se desanime ! É proibido abrir mão da esperança.

 Se você acredita que tudo pode ficar pior, isso quer dizer que você é uma “pessoa de fé” então, já que você tem fé, use ela para o bem e acredite que tudo pode ficar melhor, e não só que pode ficar melhor, mas que vai ficar melhor. E imediatamente!

 

Rav Moshe Weber

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Nossa Parashá nos conta sobre a Mitzvá de amar ao próximo como a si mesmo

0 Ari Zal explica que o segredo que está por trás disso é que todo o povo de Israel é uma Alma só e cada um de nós é uma ramificação dessa Alma Divina que Hashem (D’us) deu ao Adam Harishon (o primeiro homem) e por isso cada um de nós é responsável pela transgressão do outro

Por isso, diz o Ari Zal, a reza chamada de “Vidui” na qual falamos uma lista de pecados (que geralmente não fizemos) foi instituída no plural (Como por exemplo “roubamos”, e não no singular “roubei”) sendo que somos responsáveis pelos roubos de todos os judeus por fazermos parte de uma Alma só

Por isso, mesmo quando rezamos sozinhos falamos essa reza no plural sendo que o pecado que um judeu faz é como se todos nós tivéssemos feito, pelo motivo de sermos a mesma Alma ramificada

Nossa Parashá também nos ensina que devemos dar uma advertência à qualquer judeu que está fazendo uma coisa ruim.

Na maioria dos casos a pessoa se comporta errado por não saber o que é certo, e por isso no lugar de dar uma bronca causando uma revolta nessa pessoa devemos ensinar  à ela com muito amor e carinho o que é certo e assim estamos cumprindo essa Mitzvá com eficiência

Isso também aprendi com o Rav Moshe Weber, que com oitenta anos de idade dedicava várias horas do dia para ensinar os soldados israelenses a colocarem Tefilin, e muitas vezes ele me contou sobre soldados que colocaram o Tefilin pela primeira vez na vida

Ou seja, temos que advertir cada judeu, mas dessa maneira. Ensinando ele a cumprir as Mitzvót (Mandamentos Divinos) com muito amor e carinho

Nossa Parashá nos conta que devemos amar o “guer” (alguém que se converteu ao judaísmo)

O Rebe de Lubavitch nos ensina que a linguagem da Torá que se refere ao “guer” diz “guer shemitgaier” (convertido que se converte) nos ensinando que ele já tinha uma Alma judia, mas que se revelou no dia da sua conversão

Sendo assim, tudo o que o Ari Zal explicou sobre o mandamento de amar ao próximo como a si mesmo se aplica ao guer também, mas com mais intensidade sendo que a Torá acrescenta no caso do guer mais uma Mitzvá