Bereshit

No Princípio”A Torá nos conta que “No princípio D’us criou o céu e a Terra, e a Terra estava vazia e desolada”.A linguagem do versículo aparentemente está contradizendo a si própria, sendo que o versículo atesta que D’us criou o céu e a Terra, e a  palavra “criação” já está nos indicando o contrário de vazia e desolada.Então por que a Torá nos conta que a Terra estava vazia e desolada se ela tinha acabado de ter sido criada e não estava nem vazia e nem desolada?

Olam HaTohu – O mundo vazio e desolado

Muitos versículos da Torá estão nos indicando coisas ocultas, e esse é um deles.O Zohar nos conta que a palavra “estava” está se referindo à antes da criação.Ou seja, antes de ter sido criada, a Terra estava vazia e desolada, mas depois que foi criada ela já não estava mais vazia e desolada, muito pelo contrário.

Como pode uma coisa ter existido antes de ter sido criada?

Diz o Zohar que Hashem (D’us) criou nosso mundo material usando como  “matéria prima” a quebra dos receptáculos do “mundo do Tohu”, o mundo vazio e desolado.A criação do mundo do Tohu antecedeu a criação do nosso mundo. O Zohar nos conta que  para que Hashem  criar o nosso mundo, a revelação Divina aconteceu  por meio de dez “Sefirot”. Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e essas dez Sefirot são a expressão Divina em dez categorias diferentes.

“AK”

A primeira expressão da revelação Divina por meio das dez Sefirot acontece em um nível elevadíssimo chamado de Adam Kadmon, ou simplesmente “AK”.A palavra Adam se aplica à revelação Divina por meio das dez Sefirót, mas no nível do mundo de “AK” as dez Sefirót são uma coisa só.

“Olam HaAkudim” 

O nível abaixo de “AK” é chamado de “Olam HaAkudim”. Nesse nível de revelação Divina as dez Sefirót já se revelam separadamente, mas lá, essas dez “Luzes” compartilham um único receptáculo.

 “Olam HaNekudim”, o mundo do “Tohu”

O nível abaixo do “Olam HaAkudim” é chamado de “Olam HaNekudim”.Lá, cada uma das Sefirót, cada uma dessas “luzes” tão diferentes uma da outra, tem o seu próprio receptáculo, mas são comparadas a pontos por não terem nenhuma sincronização entre si e não se unirem em nenhum aspecto.

“A quebra dos receptáculos” 

Naquele nível de mundo chamado de “Olam HaNekudim”, aconteceu o fenômeno cabalístico chamado de “a quebra dos receptáculos”.Sendo que as luzes eram intensas e os receptáculos não conseguiram contê-las, eles  se quebraram.Isso aconteceu em sete Sefirót a partir da Sefirá chamada de “Hessed”. Por causa da quebra dos receptáculos, o mundo dos “Nekudim” se tornou o mundo do “Tohu”, o mundo vazio e desolado.

“Olam HaTikun”, o mundo do conserto 

As luzes e os receptáculos do “Mundo do Tohu” caíram quatro níveis, e aí começa uma nova categoria de mundos, chamados de “Olam HaTikun”, o mundo do conserto.

“O Mundo de Atzilut”

O primeiro dos quatro “mundos do conserto” é chamado de “Mundo de “Atzilut”.No mundo de “Atzilut” as dez Sefirót estão cada uma no seu próprio receptáculo, mas a sincronização entre elas é perfeita e em todos os aspectos.No mundo de Atzilut o mal já existe, sendo que ele surge com a quebra dos receptáculos, mas lá ele não é reconhecível.

“O Mundo de Briá”

Depois de um  “Tzimtzum”, uma grande ocultação, Hashem criou o mundo da Briá, o “alto paraíso”.Lá o bem prevalece, o mal é proporcionalmente muito menor do que o bem, e também lá o bem e o mal não se misturam.

“O Mundo de Yetzirá”

Depois de um novo “Tzimtzum”, uma nova grande ocultação, Hashem criou o mundo da “Yetzirá”, nosso baixo paraíso.Lá o bem e o mal estão na mesma proporção, mas também não se misturam.

“O Mundo de Assiá”

Depois de mais um grande “Tzimtzum”, Hashem criou o nosso mundo da “Assiá” a partir da quebra dos receptáculos do mundo do “Tohu”. Sendo que a quebra dos receptáculos de “Tohu” aconteceu nas sete Sefirot de baixo começando pela Hessed, a criação do nosso mundo no primeiro dia acontece por meio da revelação da Hessed, e cada um dos dias da criação acontece por meio da revelação de uma das Sefirot do conjunto de Sefirot chamado de “Zeir Anpin” que são:Hessed – bondade, generosidade, expansividade. A característica da criação do primeiro dia é a expansão que são as características da água e da luz, principais criações do primeiro dia. Guevurá– justiça, disciplina, restrição. A característica do segundo dia da criação são os limites que expressam a revelação da Guevurá.Tiféret – mais do que bondade, fazer o bem mesmo para quem não merece, beleza, equilíbrio.A característica do terceiro dia da criação expressa a revelação da Tiféret que é representada pelo fato de que a partir desse momento surge a vida na Terra, vida vegetal que vai se expandir por todo o planeta para que possam existir as aves e os peixes que vão ser criados no quinto dia e também os animais e o ser humano que vão ser criados no sexto dia. Netza’h – vitória, ambição, eternidade, fazer o bem mesmo para quem não quer recebê-lo. A característica da criação do quarto dia que é o Sol que brilha para todos, mesmo para aqueles que não querem.Hod – esplendor, glória, humildade, submissão, que são as características da criação do quinto dia quando Hashem criou as aves e os peixes, as aves que cantam e desaparecem voando e os peixes ocultos nas águas.Yessod – estrutura, carisma, conectividade, que são as características da criação do sexto dia quando Hashem criou os animais e o ser humano.Mal’hut – realeza, liderança, supremacia, que são as características do Shabat, dia em que nele nada foi criado mas que recebeu tudo pronto de todos os seis dias da criação.

Matéria “Yuli”

O Zohar não encontrou uma palavra em hebraico ou aramaico para definir uma matéria totalmente invisível, que não tem forma, cheiro, gosto,  medida, peso, aparência, consistência, não está dentro dos conceitos de tempo e espaço, não é palpável, etc etc etc. Em hebraico ou aramaico isso é considerado uma coisa que não existe. Mas em grego havia uma palavra para essa categoria de matéria, matéria “Yuli”.E a partir dela, diz o Zohar, Hashem criou o céu e a Terra. A palavra vazia e desolada se refere à matéria “yuli” e não ao nosso mundo.

Dez Sefirót, dez pronunciamentos Divinos, dez Mandamentos

As Letras dos dez pronunciamentos Divinos representam as inúmeras combinações das inúmeras ramificações das manifestações das Dez Sefirót.O Zohar nos conta que o Sefer Yetzirá, livro escrito pelo nosso primeiro patriarca, Avraham Avinu, diz que os dez pronunciamentos Divinos que por meio deles Hashem criou o mundo não foram palavras de verdade mas sim a revelação das Dez Sefirót por meio de inúmeras ramificações. Essas forças Divinas fazem existir todas as coisas que existem no mundo, e se elas se ocultassem tudo desapareceria.Por isso a Torá usa a linguagem “disse Hashem” sendo que fala é revelação. Ou seja, os dez pronunciamentos Divinos representam a revelação das Dez Sefirót que fazem o mundo existir.Cada uma das letras dos dez pronunciamentos Divinos se une com todas as outras letras em todas as possibilidades de variação dando origem à tudo o que existe no mundo.

“Naassé Adam” – “façamos o homem”

Antes de nos criar, Hashem criou os Anjos. Sendo que Hashem é a essência do bem e nós somos o objetivo da criação, Hashem criou os Anjos antes de nos criar para montar um tribunal Divino e não podermos receber alguma coisa nesse mundo sem ter que dar para Hashem um bom argumento para ele interceder à nosso favor, e assim somos obrigados a nos comportar certo mesmo sendo os “filhos do Rei”.E sendo que os Anjos foram criados à nossa função, antes de nos criar Hashem compartilhou essa informação com eles. Vemos aqui um pequeno exemplo da infinita Humildade Divina. A palavra Adam se refere à revelação Divina por meio das dez Sefirot, por isso quando Hashem diz para os Anjos “vamos fazer o homem à nossa imagem e semelhança” não está falando sobre uma imagem e semelhança material.Sendo que está escrito no segundo dos dez Mandamentos que Hashem está acima dos conceitos materiais e não se compara a nada material, mas está se tratando da imagem e semelhança Divina, ou seja, a revelação Divina por meio das dez Sefirot.

A Alma Divina e a alma animal

A criação do ser humano acontece de maneira totalmente diferente de tudo o que foi criado anteriormente. Todas as criaturas ”saíram” da terra, enquanto que o ser humano foi “feito de terra”.  Quando o primeiro boi foi criado, seus chifres saíram da terra antes das suas patas.Mas para fazer o ser humano, primeiro Hashem fez uma criatura de terra de dois lados, lado homem e lado mulher, diferente dos animais que Hashem criou o macho e a fêmea separadamente. A Torá nos conta que Hashem “soprou” nas narinas dessa criatura uma “Alma Vida” e o ser humano se tornou uma alma viva.Diz o Zohar que a palavra “soprou” não pode ser aplicada à D’us, sendo que, como vimos no segundo mandamento, nenhum conceito material se aplica à D’us. D’us está infinitamente acima dos limites materiais. Conclusão, D’us não soprou. Então por que a Torá usa a palavra “soprou”? Para nos indicar que a nossa Alma Divina é uma “parte de D’us”. Por isso foi usada a palavra soprou. Por que quem sopra, sopra o que tem dentro de si próprio, mas quem coloca, coloca o que está fora de si próprio.Sendo que D’us não soprou e a palavra soprou aparece somente como exemplo para entendermos o raciocínio desse assunto, então a palavra narinas também é desnecessária.Sendo que se D’us não soprou, não soprou nas narinas. Então por que aparece a palavra narinas? Também para facilitar o nosso entendimento. A palavra “soprou” nos indica que D’us colocou no ser humano uma Alma que é uma “parte de D’us”, e a palavra “narinas”, no plural, vem nos indicar que a Alma Divina que Hashem colocou naquela criatura foi colocada em aspecto masculino e aspecto feminino.Quando D’us separou os dois lados daquela criatura, ela se tornou o homem e a mulher, mas a Alma continuou uma só.No homem o aspecto masculino da Alma Divina e na mulher o aspecto feminino. Ou seja, marido e a mulher são a mesma Alma em dois aspectos diferentes. Somos nossa Alma Divina, mas para podermos interagir com o corpo precisamos de uma alma animal que é o software do nosso corpo.

A Árvore da vida

As Dez Sefirot são a fonte da vida e por meio delas Hashem repassa a vitalidade à todas as criaturas. As Dez Sefirot são representadas por uma árvore de cabeça para baixo.As três primeiras Sefirót, a Ho’hmá, a Biná e a Daat são as raízes da “arvore da vida”Tiferet é o tronco da árvore da vida. Hessed, a Guevura, a Netza’h e a Hod são os galhos da árvore da vida.Yessod é o galho da fruta e a Mal’hut é a fruta enquanto está unida à árvore.

A árvore do conhecimento do bem e do mal

Da mesma forma que existem Dez Sefirot no lado puro, assim também acontece no lado impuro. Mas no lado puro elas são “dez e não onze” como nos conta o Sefer Yetzirá. O lado impuro depende de uma pequena revelação do lado puro para lhe dar vida, e sendo assim, tudo o que existe no lado impuro existe porque uma pequena “Luz Divina”  está fazendo aquilo existir. Essa pequena Luz Divina não se reveste no lado impuro, mas dá vida para ele por meio de estar envolvendo, mas não se revestindo nele, e por isso o lado impuro sempre é ligado ao número 11. Dez Sefirót da “Tumá” e a pequena Luz Divina que faz elas existirem.A árvore do conhecimento do bem e do mal estava naquele sexto dia da criação sincronizada com o lado impuro chamado de “klipat noga” onde o bem e o mal se tornam uma mistura.Quando Adam e Hava comeram aquela fruta eles fizeram a ação material que trouxe o mundo para baixo, para o nível da klipá.

Roupas de luz

Adam e Havá no Gan Éden tinham uma roupa de Luz como nos mundos superiores. Depois que eles comeram aquela fruta, a roupa de luz desapareceu, por isso eles disseram para Hashem (D’us) que estavam sem roupaHashem fez para eles túnicas de couro. De onde era esse couro?

A explicação do Hizkuni
Rabi Hizkiá ben Manoa’h  רבי חזקיה בן מנוח foi um grande Tzadik, uma pessoa espiritualmente muito elevada, que viveu na França há mais de setessentos anos atrás, na época das cruzadas.Rabi Hizkiá viajou para comunidades judaicas de vários países da época para estudar explicações profundas da Torá, e no final dessas viagens ele escreveu o seu livro chamado de Hizkuni que era o fruto de tudo o que ele estudou com os grandes Sábios daqueles lugares.Ele explicou que a única criatura que teve que ser morta depois de ter sido criada foi a fêmea do Leviatã que é um peixe kasher gigantesco que vive nas profundezas do oceano desde a criação do mundo até hoje.Hashem (D’us) foi obrigado a matar a fêmea do Leviatã porque se eles se reproduzissem o mundo seria destruído.O Midrash nos conta que Hashem fez com a carne dela “peixe em conserva” para a festa da nossa Gueulá, nossa redenção final.Diz o Hizkuni que a única pele que estava disponível naquela sexta feira da criação do mundo era essa pele da fêmea do Leviatã, e dela Hashem fez as túnicas de Adam (Adão) e Havá (Eva)E já que chegamos ao assunto da Gueulá vamos rezar forte para que Hashem nos traga a Gueulá, nossa redenção final, imediatamente, e essa é a única solução para nos livrarmos definitivamente de todos os nossos inimigos.Vamos rezar forte para que os milagres da Gueulá já aconteçam e no lugar de irmos agora para a guerra vamos pular essa etapa e já ir direto para a festa da Gueulá tendo como parte principal do cardápio a Leviatã em conserva que já está pronta para ser servida desde o começo do mundo!

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Noa’h

E Hashem (D’us) abençoou Noa’h e seus filhos

O Zohar nos conta sobre o que escreveu o rei Salomão, que “a benção Divina ela é que traz as riquezas e não precisamos acrescentar sofrimentos e esforço para receber essas riquezas, porque é o suficiente a benção Divina, e dela somente vem as riquezas”.

A She’hiná 

A “Shehiná”, traduzido como “a presença Divina”, é a Sefirá chamada de Mal’hut. Ela é comparada pelo Zohar a uma grande represa que recebe águas de muitos lugares e repassa essas águas para as nós de acordo com as nossas necessidades, sem nos causar uma inundação.

A palavra “represa”,  em hebraico  brehá בְּרֵכָה ,  vem da mesma raiz que a palavra benção em hebraico, Brahá בְּרָכָה  nos mostrando que a Mal’hut é uma represa em relação às Sefirot que a antecedem, e isso se transforma para nós na benção Divina que nos traz todas as riquezas.

Zeir Anpin, a “Pequena Face”

O conjunto de Sefirot (plural de Sefirá) chamado de Zeir Anpin é composto pelas Sefirot: Hessed, Guevura, Tiferet, Netza’h Hod e Yessod.

Esse conjunto de Sefirot que também é chamado de “Kudsha Brih’hu”, repassa para a Mal’hut, que também é chamada de “She’hinta”, todas as coisas boas lá de cima. Esse repasse acontece quando o Zeir Anpin e a Mal’hut se unem.

O Zeir Anpin é comparado ao noivo, a Mal’hut comparada a noiva, e a união dessas Sefirot lá em cima é comparada ao casamento.

Yhud (a união) de Kudsha Brih’hu e She’hinta

A união do Zeir Anpin e Mal’hut lá em cima só acontece no mérito do nosso estudo da Torá e do nosso cumprimento das Mitzvot, dos Mandamentos Divinos, aqui no nosso mundo da Assiá, o mundo da ação.

Quando estudamos Torá e cumprimos os Mandamentos Divinos, estamos fazendo o “vestido” e as “jóias” da noiva. Espiritualmente falando, preparando a noiva para o casamento.

Quando essa união acontece, a Mal’hut recebe a fartura do Zeir Anpin por meio da Yessod e a repassa para nós, e essa é a benção Divina que nos trás as riquezas.

Podemos comparar a Mal’hut a uma mãe  amamentando seu nenê. Depois que ela comeu tudo o que precisava, deu tudo aquilo para o nenê, mas no nível dele. Naquele leitinho que ele está mamando estão todas as variedades de comida que ela comeu, e ela consegue fazer com que tudo isso chegue até o nenê, mas no nível dele.

Se ela desse para o nenê diretamente os alimentos que ela recebeu, ele não conseguiria comer e morreria de fome na frente de todos aqueles alimentos.

E essa é a característica da mãe, o pai não conseguiria fazer isso. A capacidade de transformar o espiritual em bens materiais e repassar tudo isso para nós no nosso nível é a característica da Mal’hut e não do Zeir Anpin.

Essa formação de Sefirot chamado de Zeir Anpin representa o lado espiritual masculino, o pai que traz a comida para casa.

A Mal’hut nas Sefirot representa o lado espiritual feminino, a mãe que, depois de ter comido, amamenta o nenê repassando para o nível dele a comida que ela recebeu do marido.

Ou seja, não temos como receber a fartura lá de cima a não ser dessa forma. Depois que essa fartura chega ao Mal’hut, a Mal’hut nos repassa tudo isso em forma de bens materiais. Somente assim conseguimos usufruir aqui nesse mundo o que recebemos do mundo de cima. E essa é a benção Divina que nos traz as riquezas.

Mas se a mãe não se alimenta, ela não tem como amamentar. Por isso, quando não estudamos Torá e não cumprimos os Mandamentos Divinos, causamos a separação entre o Zeir Anpin e a Mal’hut. A Mal’hut não recebe do Zeir Anpin e não tem como nos repassar o que ela não recebeu.

A “sitra ahara”, o outro lado”.

A pequena cota de bençãos que recebe o lado de trás

Nossa Parashá nos conta sobre a geração que fez a Torre de Babel.

Aparentemente o comportamento deles foi muito estranho. Eles queriam fazer uma torre que chegasse até os céus, mas no lugar de procurar um lugar alto como ponto de partida viajaram até o lugar mais baixo do oriente médio para fazer essa torre.  Eles poderiam colocar pedras sobre pedras mas optaram por fazer tijolos, um trabalho mais difícil e menos eficaz.

Diz o Zohar que da mesma forma que existem dez Sefirot no lado puro existem dez Sefirot no lado impuro também. Mas no lado puro elas são dez e não nove, dez e não onze, na linguagem do Sefer Yetzirá, e no lado impuro elas são onze. Por que?

A origem do mal está na quebra dos receptáculos do mundo do Tohu. Toda a descida de nível é chamada de mal. Mas  tudo o que é ruim só existe porque uma pequena Luz Divina está envolvendo a “coisa ruim” fazendo ela existir sem se revestir nela, e por isso as dez Sefirot do lado ruim, mesmo sendo dez, obrigatoriamente  elas estão envolvidas por uma pequena Luz Divina que faz com que elas existam. Por isso elas nunca são somente dez, mas são sempre onze.

No lado puro a revelação Divina se reveste nas Sefirót, por isso elas são somente dez.

Por que o lado espiritual das coisas ruins, as dez Sefirot do lado impuro, é chamado de sitra ahara, o outro lado? Será que lá em cima existem dois lados? Como nas idolatrias, o deus do bem lutando contra o deus do mal?

Absolutamente não! Hashem (D’us) é a essência do bem. Hashem está em todo lugar e não existe nada que tenha vida própria, mas cada criatura material ou espiritual nos seus mínimos detalhes está recebendo sua vitalidade somente de Hashem, e se Hashem não repassar a vitalidade para o lado ruim ele desaparece. E isso vai acontecer no futuro, quando todo o lado impuro deixar de existir. Então o que é a “sitra ahara”, o que é o outro lado ?

behinat ahoraim

O lado da frente e o lado de trás

O Zohar nos traz como exemplo um rei bom e piedoso que precisa de um carrasco ruim e cruel para executar o assassino que foi condenado a morte. O rei bom e piedoso precisa manter o carrasco temporariamente até que não hajam mais assassinos, mas o bom rei não é capaz de olhar para o carrasco que é uma pessoa ruim e cruel.

Então, quando o carrasco vem receber o seu salário, o rei joga o dinheiro do carrasco pelas costas, sem olhar para ele, e isso o Zohar chama de “behinat ahoraim” , “aspecto de trás”. E por isso o Zohar chama as coisas ruins de “o outro lado” , o lado de trás.

Enquanto existe a necessidade de esse outro lado existir, ele recebe uma cota de vitalidade “pelas costas”. Mas se nós nos comportamos errado, esse lado de trás suga o que deveria ser repassado para nós.

Ou seja, se nós caímos eles levantam, se nós nos levantamos eles caem.

Se a Mal’hut se eleva e se une ao Zeir Anpin no mérito do nosso estudo de Torá e cumprimento das Mitzvot, nós recebemos tudo de bom. Mas se o Mal’hut desce de nível por causa das nossas transgressões, eles tem acesso ao Mal’hut quando ela está nesse nível baixo, e sugam o que deveria chegar para nós.

E isso é o que aquelas pessoas que construíram a torre de Babel queriam. Um acesso à fartura de cima sem precisar fazer nada de bom que justifique recebê-la. Eles queriam interceptar essa fartura por meio dos anjos responsáveis por fazer esse repasse. Eles procuraram intermediários.

Por isso eles não queriam nenhuma ajuda Divina como uma montanha ou uma pedra, mas fizeram a torre em um lugar baixo e fizeram tijolos de barro “feitos por eles”,  não quiseram usar as pedras “feitas por D’us”.

Eles falavam a Língua Santa, o hebraico da criação do mundo, e conseguiram invocar dessa forma os anjos responsáveis pelo repasse dessa abundância que desce do Mal’hut para o nosso mundo. Por causa que eles estavam unidos, o tribunal Divino não pôde decretar nada contra eles.

Hashem foi obrigado a fazer um milagre. O anjo Gavriel se revelou e eles começaram milagrosamente a falar setenta línguas que são as raízes de todos os idiomas do mundo, e assim eles não conseguiram mais invocar os anjos por meio dos seus nomes.

Mas no futuro Hashem vai reverter isso para que todos os povos falem uma língua clara, que é a Língua Santa, o hebraico original, e toda a Terra vai se preencher com o conhecimento Divino como a água preenche o mar.

Como no mar um lugar é mais superficial e o outro é mais profundo, mas todos os lugares estão preenchidos pelas águas, dessa mesma forma vai ser no futuro em relação ao conhecimento Divino. Alguns vão ter um conhecimento Divino mais superficiais e outros mais profundos, mas todos vão conhecer Hashem.

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Le’h Lehá

A Guemará nos conta que três participantes são necessários para existirmos:

Nossa mãe, que participa com a parte dela (o óvulo), nosso pai, que participa com a parte dele, e Hashem (D’us) que participa colocando nesse óvulo fecundado uma Alma.

Ou seja, se Hashem não coloca nele a Alma, o óvulo não se torna um embrião e é descartado automaticamente.

Em outras palavras, Hashem também é o nosso pai biológico e consequentemente responsável por nós como os pais são responsáveis em suprir todas as necessidades dos seus filhos.

E ainda mais, sendo que a participação de Hashem é mais importante do que a dos nossos pais, ele é mais responsável por nós do que nossos próprios pais.

E essa responsabilidade não termina quando fazemos dezoito anos e nos casamos, porque para Hashem sempre seremos suas amadas crianças pequenas durante todos os nossos 120 anos de vida neste mundo.

Em outras palavras, nós somos essa Alma que Hashem colocou, e nosso corpo é a nossa vestimenta, a roupa da nossa Alma.

Por isso, quando alguém perde o pai, ou a mãe, ou a irmã, ou o irmão, ou a filha, ou o filho, ou quando a esposa perde o marido ou o marido perde a esposa, D’us nos livre de tudo isso, nesses sete casos de falecimento, o costume judaico é rasgarmos a roupa.

O motivo oculto para isso é o de demonstrar que a pessoa querida está deixando uma roupa que é o corpo material e daqui a pouco ela vai vestir outra roupa.

Ela vai ganhar um corpo espiritual no mundo superior para poder usufruir daquele mundo por meio daquele corpo espiritual.

O Zohar nos conta que quando a Alma sai do corpo, depois que a pessoa falece, ela vai para a “Mearat Hama’hpela”, o túmulo dos nossos patriarcas, porque lá é o ponto de acesso ao Paraíso.

Lá ela se encontra com o Adam HaRishon, o primeiro homem, e se encontra também com os patriarcas do nosso povo.

Se ela tem o mérito, eles ficam muito alegres com a chegada dela, abrem o portão que liga o mundo material ao mundo espiritual, e ela tem acesso ao Paraíso.

Chegando ao “Gan Éden”, traduzido como o “jardim dos prazeres”, o Paraíso, ela recebe uma “roupa nova”.

Um corpo espiritual na aparência do corpo material que ela tinha nesse mundo, para poder, por meio dele, usufruir de todos os prazeres daquele mundo espiritual.

Quando falamos sobre a aparência que tínhamos nesse mundo, levamos em conta que nossa aparência muda de um extremo ao outro durante nossos longos anos de vida.

É claro que esse corpo espiritual que vamos receber lá, mesmo tendo a aparência do corpo material que tínhamos aqui nesse mundo, não vai ter a aparência dos sinais de idade ou outros problemas de estética que tivemos durante a nossa longa vida neste mundo material.

O panorama do Gan Éden HaTahton, o Baixo Paraíso, que fica no mundo da Yetzirá, é composto de imagens desse mundo e imagens do mundo de cima, sendo que ele é o intermediário entre o mundo de cima, mundo da Briá, e o nosso mundo.

Uma hora no Gan Éden HaTahton, no baixo paraíso, equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo.

No meio do Gan Éden HaTahton existe uma grande “coluna bordada de todas as cores”, ou seja, sincronizada com todas as sincronizações entre o baixo Paraíso e o Alto Paraíso.

Quando chega o Shabat, e também quando chega o Rosh Hodesh que é o começo do mês judaico, todos sobem por meio dela do Gan Éden HaTahton, do baixo Paraíso, para o Gan Éden HaElion, para o Alto Paraíso.

Uma hora no Gan Éden HaElion, no alto Paraíso, equivale a setenta anos dos maiores prazeres do baixo Paraíso.

Mas para subir para o alto Paraíso, a Alma tem que deixar o corpo espiritual que ela recebeu no baixo Paraíso na entrada dessa “coluna”, e lá no Alto Paraíso ela recebe um corpo espiritual compatível para usufruir do Alto Paraíso.

Depois do Shabat e do Rosh Hodesh, ela deixa o corpo espiritual do Alto Paraíso, desce por essa “coluna” para o baixo Paraíso e se reveste novamente no corpo espiritual dela compatível para o baixo Paraíso.

Rabi Israel Baal Shem Tov, fundador da Hassidut que é a linha do judaísmo feita para tornar o lado oculto da Torá acessível à cada um de nós, escreveu uma carta para o seu cunhado Rabi Avraham Guershon Kitover, contando sobre a sua viagem ao Gan Éden.

Trouxe aqui para vocês uma parte dessa carta:

Escreveu o Baal Shem Tov: Em Rosh Hashaná no ano de 5507 (1746) acessei (somente Alma) aos mundos superiores, e vi lá coisas maravilhosas que nunca havia visto antes.

E o que eu vi e aprendi lá é impossível de te compartilhar mesmo pessoalmente de tão maravilhoso.

Quando voltei para o Gan Éden HaTahton (baixo Paraíso) vi muitas e muitas Almas de pessoas que conhecia, e também de pessoas que não conhecia.

Todos estavam subindo e descendo de mundo para mundo por meio da “coluna” conhecida pelos estudiosos da Torá oculta.

E estavam com tanta alegria, uma alegria tão grande que não conseguiria descrever em palavras, e até se conseguisse você não conseguiria imaginar de tão grande que era.

E também encontrei lá pessoas que nesse mundo fizeram muitas coisas erradas, mas no final se arrependeram e foram desculpados, porque aquele momento era um momento muito especial que até eu fiquei muito impressionado.

Porque muitos e muitos foram desculpados e aceitos lá no Paraíso, muitos que você conheceu e nunca imaginaria que eles estariam aqui.

E eles também estavam em uma alegria tão intensa, tão grande, que não conseguiria descrever, e subiam também todas aquelas subidas.

E todos juntos, como se fossem uma só pessoa, me pediram e insistiram muito muito dizendo:- Alto dos altos, maior de todos os eruditos da Torá, Hashem te abençoou com um entendimento profundo para compreender todos esses assuntos.

Suba com a gente para ser a nossa ajuda e o nosso apoio (sendo que existem inúmeros níveis de inúmeros aspectos nessas subidas)

E por causa da alegria tão grande que vi entre eles decidi subir junto com eles.

Lá eu descobri por meio de uma visão, que o anjo da morte estava atuando no tribunal Divino por meio de delações para conseguir trazer ao mundo decretos contra as comunidades judaicas, e muitas pessoas morreriam de formas trágicas.

Fiquei muito espantado e arrisquei a vida de verdade para impedir com que isso acontecesse.

Pedi ao meu Rebe e mestre, o profeta Ahiya HaShiloni, ir comigo. Porque é um grande perigo para uma pessoa viva subir mais e mais nos mundos superiores.

Porque desde que cheguei ao nível de conseguir subir aos mundos espirituais nunca subi à alturas tão grandes como essas.

E subi de nível em nível, até chegar ao salão do Mashia’h, onde ele estuda Torá com todos os Tanaim que são os Sábios da Mishná, e com todos os Tzadikim que são as pessoas altamente elevadas.

Lá eu vi uma alegria extremamente grande, e não sabia qual era o motivo de toda essa alegria.

Achei que eles estavam tão alegres porque provavelmente eu iria deixar o mundo físico e me unir a eles.

Mas me avisaram depois que eu ainda não iria falecer porque eles tem um grande prazer lá em cima dos Y’hudim que eu faço lá embaixo no mundo material com a Torá que eles nos ensinaram.

Mas a essência daquela grande alegria eu não sei até hoje.

E perguntei para o Mashia’h :- Quando o Sr. vem para o mundo? E ele me respondeu :-Vou te dar um sinal: Quando o seu estudo (a Hassidut) for publicado e revelado pelo mundo, e se espalharem suas fontes para fora.

Daqui vemos a importância de estudar a Hassidut que começou a ser revelada pelo Baal Shem Tov e continuou a ser revelada de geração em geração pelos seus sucessores, o Maguid de Mezritch, o Baal Hatanya, e todos os Rebes de Lubavitch que vieram após eles.

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Nosso primeiro patriarca é conhecido por todos nós como Avraham Avinu.

A palavra Avinu quer dizer “nosso pai”, ou seja, o pai do nosso povo, nosso patriarca.

Na Torá,  Avraham Avinu é chamado de hebreu, e nosso povo de “o povo hebreu”.

O conceito “judeu” só surge a partir do filho de Yaakov chamado de Yehudá, traduzido como “judá”. Yehudá deu origem à tribo de Judá que são chamados de judeus.

Mas de maneira genérica, costumamos chamar todo o nosso povo de “o povo judeu”. E até o próprio Avraham Avinu que foi o bisavô de Yehudá e faleceu bem antes de ele nascer, é chamado de “o primeiro Judeu” .

O motivo para isso é que Hashem (D’us) fez uma aliança com ele e pediu para ele fazer o Brit Milá, a circuncisão.

A partir dessa hora ele se tornou o nosso primeiro patriarca, o primeiro Judeu

Avraham tinha uma tenda enorme no deserto, talvez maior do que a tenda de um circo de hoje em dia.

Por ela ser tão grande, ele fez uma porta de entrada em cada um dos seus lados, e recebia nela todo dia muitas e muitas pessoas.

Avraham dava para essas pessoas uma “Tzedaká”, uma doação material, ou seja, comida e bebida do bom e do melhor, e também dava para eles uma Tzedaká espiritual. Ensinava essas pessoas a deixarem a idolatria e rezarem para Hashem (D’us).

Nossa Parashá nos conta que três dias depois de Avraham Avinu ter feito o Brit Milá, a circuncisão, ele estava muito fraco.

Hashem (D’us) fez aquele dia ficar um dia muito quente para que ninguém viesse para a tenda de Avraham e ele pudesse descansar um pouquinho.
 
Mas no lugar de ficar deitado descansando, ele se esforçou e sentou na porta da tenda olhando para todos os lados.

Ele ficou muito preocupado pelo fato de ninguém estar na região para que ele pudesse convidar para a sua tenda e fazer para essas pessoas uma bondade material, dando comida e bebida para elas, e também uma bondade espiritual, ensinando elas a agradecer à Hashem pelo que receberam.
 
Para consolar Avraham, Hashem enviou para ele três hóspedes.

O Zohar nos conta que esse três hóspedes apareceram em forma de três árabes, mas na verdade eles eram os Anjos Mihael, Gravriel e Refael, que entrando na dimensão do nosso mundo criaram para si próprios corpos de pessoas desse mundo.

Os Anjos são criaturas espirituais que estão continuamente ligados à Hashem (D’us). O lugar onde eles se encontram é nos mundos de Briá, Yetzirá e na dimensão espiritual do mundo de Assiá.
 
Existem Anjos e Anjas, tanto do lado puro quanto do lado impuro, mas as interações reveladas que aconteceram entre nós e os Anjos do lado puro geralmente foram com Anjos e não Anjas.

Por outro lado, o Zohar nos conta que Adam HaRishon, o primeiro homem, teve relações conjugais durante 130 anos com duas anjas do lado impuro que se materializavam para ter essas relações com ele.

Uma dessas anjas do lado impuro é chamada de “Li” (não podemos falar o nome inteiro dela para não atrair a coisa ruim), ela é a “esposa”, o aspecto feminino, do anjo da morte.

Ele também teve relações conjugais com outra anja do lado impuro que era chamada “Na” (também nesse caso não podemos falar o nome inteiro dela para não atrair a coisa ruim). O Zohar nos conta que “Na” é a “mãe” dos demônios.
 

O que é um Anjo?

 
A tradução da palavra anjo significa mensageiro, porque o trabalho deles inclui também trazer a fartura e abundância Divina para os mundos, e também realizar diferentes missões.
 
As criaturas Divinas do mundo de Atzilut e dos mundos acima do mundo de Atzilut, não sentem a própria existência, sendo que esses mundos estão tão unidos com Hashem a ponto de não poderem ser chamados de mundos.

O exemplo para isso é o brilho do Sol antes de se separar do Sol e chegar à terra, que mesmo existindo ele não tem como ser chamado de brilho.

As criaturas do mundo de Atzilut são chamados de Neetzalim e lá é o Paraíso dos grandes Tzadikim que são chamados de “A Carruagem Divina”.

Eles receberam esse título porque eles chegaram a um nível de união com Hashem que é comparado a uma carruagem em relação à quem está dirigindo ela. Ou seja, a única vontade deles é a vontade Divina.

Nesse nível estão nossos patriarcas Avraham, Itzhak e Yaakov, e também nossas matriarcas, Sarah, Rifka, Rahel e Leah. Lá também se encontram Moshe Rabeinu e os Tzadikim que chegaram a esse nível tão elevado.

Rabi Shimon bar Yo’hái nos contou no Zohar que somente uma ou duas pessoas em cada geração conseguem chegar a esse nível, de tão elevado que ele é.
 
Em contraste a isso, nos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá já existe uma separação entre Hashem e a criação.

As criaturas desses mundos já tem opinião própria, mesmo estando totalmente submissas à Hashem.

Por isso, mesmo não tendo o “livre arbítrio”, eles são passíveis de fazerem um erro de avaliação, e por esse motivo Moshe Rabeinu não aceitou que um Anjo dirigisse o nosso povo no deserto no lugar de Hashem (D’us).

São nesses mundos de Briá, Yetzirá e Assiá que existem os Anjos, e não acima deles.
 
Os Anjos foram criados a partir da queda das “luzes” da “quebra dos receptáculos”, fenômeno espiritual que aconteceu no mundo chamado de “Olam HaTohu” que se encontra acima de Atzilut.
 
Essas “luzes caídas” receberam uma característica de “partes separadas”, e mesmo estando a “raiz” delas ainda ligada ao mundo do “Tohu”, por causa da descida que tiveram, as criaturas originárias delas sentem sua própria existência. Mesmo que submissas à Hashem devido a grandeza da revelação Divina que acontece nesses mundos .
 
Os Anjos são divididos em categorias chamadas de “acampamentos”.

Os profetas Yeshaiahu (Isaías) e Yehezkel (Ezequiel) receberam uma profecia metafórica onde eles descrevem a “Carruagem Divina”.
 
O profeta Yeshaiahu chegou ao nível de “mundo da Briá”, e a “Carruagem Divina” que ele descreve é a origem dos Anjos do mundo de Briá que são criados lá a partir das “luzes caídas” do mundo do Tohu.
 
A “face do leão” da “carruagem” é a origem dos Anjos ligados à Sefirá chamada de Hessed.

Eles têm como raiz a quebra do receptáculo da Sefirá chamada de Hessed do mundo de Tohu.

Sendo que eles são originários da Hessed, o trabalho Divino deles é sempre na categoria de amor.
 
A “face do boi” da “carruagem” é a origem dos Anjos ligados à Sefirá chamada de Guevura.

Eles tem como raiz a quebra dos receptáculos da Sefirá chamada de Guevura do mundo de Tohu.

Sendo que eles são originários da Guevura, o trabalho Divino deles é sempre na categoria de temor, ou seja, reverência.
 
O Rambam enumera dez categorias de anjos, mas a Hassidut explica que elas são ramificações de três categorias principais que são:
 

Serafim


Os Serafim que quer dizer “Anjos incandescentes”, são os Anjos do mundo de Briá.
 
A palavra Serafim é o plural da palavra Saraf que quer dizer “incandescente”.
 
Os Serafim são os Anjos do mundo da Briá. O trabalho Divino dos Serafim consiste na compreensão intelectual de D’us que por meio dela eles chegam ao nível de entusiasmo “incandescente” no trabalho Divino, e por isso são chamados de Serafim, ou seja, Anjos “incandescentes”.
 
Os Serafim são uma criação por si só e de estrutura completa de dez Sefirot, tendo como primeira raiz o “Kav” que é o começo do “Seder HaHishtalshelut, “a ordem de desencadeamento” que dá origem aos mundos espirituais.
 
Os Anjos Mihael, Refael e Gavriel que vieram “visitar” nosso patriarca Avraham eram Serafim.
 

Hayot HaKodesh


Anjos chamados de Hayot HaKodesh, “animais sagrados”, são os Anjos do mundo de Yetzirá.
 
O trabalho Divino dos Hayot HaKodesh acontece por meio do entusiasmo que eles tem por própria natureza, e não pelo entendimento intelectual, e por isso são chamados de Hayot “animais”, sendo que o animal age por instinto e não por compreensão.
 

Ofanim

 
Ofanim é o plural de Ofan, que quer dizer roda e também eixo. Esse é o nome dos anjos que estão no lado espiritual do nosso mundo, o mundo de Assiá.

O trabalho Divino deles consiste apenas em reconhecimento, contemplação e submissão à distância, e por isso são chamados de “Ofanim” que são as rodas e os eixos da “carruagem Divina”.
 
Sendo que eles são os anjos do mundo de Assiá, eles fazem o último “repasse” da abundância do mundo superior para o mundo material.

Cada etapa desse “repasse” consiste na transformação dessa abundância da dimensão na qual ela é recebida para a dimensão para a qual ela é repassada.

Por isso, esses anjos dizem “Bendita é a glória de D’us desde o seu lugar”, que significa a continuação da abundância Divina para o mundo de baixo que é o nosso mundo, o lado material do mundo de Assiá.

 

Hayei Sarah

Nossa Parashá nos conta que nossa primeira matriarca, Sarah, viveu 127 anos.

Na Parashá, as palavras “cento e vinte sete” aparecem escritas de maneira não usual, nos indicando que por trás disso existe um lado oculto.

A Parashá começa com as palavras:

E foi a vida de Sarah:וַיִּהְיוּ֙ חַיֵּ֣י שָׂרָ֔ה
cem “ano”, no singular מֵאָ֥ה שָׁנָ֛ה
e vinte “ano”, no singular, וְעֶשְׂרִ֥ים שָׁנָ֖ה
e sete “anos” וְשֶׁ֣בַע שָׁנִ֑ים, no plural, terminando com as palavras: “foram os anos da vida de Sarah” שְׁנֵ֖י חַיֵּ֥י שָׂרָֽה

O Zohar nos conta em relação à esse versículo, que no Gan Éden HaTahton, no baixo Paraíso que fica no mundo da Yetzirá, existe um lugar chamado “Yeshivá Shel Mala”, a Yeshivá do mundo de cima.

Ou seja, da mesma forma que no nosso mundo material existe a Yeshivá que é o lugar onde a Torá é estudada, o mesmo acontece no Gan Éden.

Mas claro que de forma muito diferente, sem os limites desse mundo material, como ter que ler um livro ou ouvir um áudio para aprender a Torá.

E da mesma forma que no nosso mundo material toda Yeshivá tem um Rosh Yeshivá que é o Rabino chefe da Yeshivá, a Yeshivá do Gan Éden tem o “Reish Metivta” que é o Rabino chefe da Yeshivá do mundo superior.

Rabi Shimon bar Yohai que escreveu o Zohar teve uma “subida de Alma” para o baixo Paraíso e conversou com o Reish Metivta do Gan Éden sobre esse versículo da nossa Parashá, e sobre isso diz o Zohar:

Feliz é aquele que se diminui nesse mundo. Quão grande e elevado é ele no mundo de cima!

E assim abriu suas palavras o Reish Metivta do Gan Éden:

– Quem é pequeno, ele é o grande, quem é grande, ele é o pequeno.

Quem é grande ele é o pequeno, como está escrito sobre a vida de Sarah, após o número “cem” que é uma contagem grande aparece a palavra “ano” que representa a menor contagem de anos, ou seja, um ano.

A Torá diminuiu a importância do número grande no versículo que fala sobre a vida, nos mostrando a regra de que quem se considera grande nesse mundo é diminuído.

Quem é pequeno ele é o grande.

O número sete que é uma contagem pequena foi engrandecido e chamado de “anos” que representa uma grande contagem, mostrando a regra de que quem se diminui é engrandecido.

Venha e veja, que D’us não engrandece a não ser a quem diminui a si próprio, e D’us não rebaixa a não ser a quem engrandece a si próprio.

Feliz é aquele que se diminui nesse mundo, porque ele será muito grande e elevado no mundo de cima.

🌻🌻🌻

O Zohar nos conta que os dias da nossa vida são uma criação sincronizada com os níveis superiores que são as Sefirot conhecidas como “as sete de baixo”, que são:

Hessed

Guevurá

Tiféret

Netz’ah

Hod

Yessod

Mal’hut

Cada uma dessas Sefirót tem em segundo plano todas as dez Sefirót Incluindo ela própria.

Por isso diz o rei David no Tehilim (capítulo 90 versículo 10) “os dias da nossa vida são setenta anos”.

Depois de receber nossa vitalidade de cada um desses níveis, não teríamos mais de onde receber nossa vitalidade, e por isso o versículo continua dizendo que o melhor desses dias passa com trabalho e sofrimento e depois disso tudo desaparece rapidamente como se não tivesse existido, se referindo à época que chega depois dos setenta anos de vida.

Ou seja, depois dos setenta anos não recebemos mais nossa vitalidade do lado puro sendo que já completamos todos os níveis das sete Sefirót, então passamos a receber nossa vitalidade do lado espiritual chamado de “superficial” que é o lado impuro.

Por isso a continuação do versículo fala sobre as “guevurot”, as durezas, ou seja, o lado impuro que é o lado “perecível”.

E por isso, nessa etapa de “guevurot” nossos anos desaparecem “voando” como se nunca tivessem existido, e vamos aos poucos perdendo a vontade de usufruir dos prazeres desse mundo. Pouco a pouco vamos decaindo.

O Zohar nos revela que essa regra se aplica somente às pessoas normais.

Mas os dias dos Tzadikim, das pessoas espiritualmente mais elevadas, continuam recebendo a vitalidade do lado puro, porque eles acessam à Sefirá chamada de Biná, eles acessam às três primeiras Sefirót, e lá já não há limite para a vida sendo que elas estão conectadas ao “ein sof”, ao “sem fim”.

Por isso, diz o Zohar, a Torá usa a linguagem “e foram os dias de Sarah”, nos mostrando que todos os dias da vida dela receberam a vitalidade da mesma fonte, do lado puro.

Sobre Avraham, diz o Zohar, é usada a linguagem “e esses são os dias e anos da vida de Avraham”, também indicando que ele continuou recebendo a vitalidade do lado puro até o final da sua vida.

Em relação à Ishmael, a Torá usa a mesma linguagem que usou para Avraham, nos indicando que Ishmael fez Teshuvá, voltou para o bom caminho.

Então vamos sempre estudar Torá e cumprir os Mandamentos Divinos, só temos a ganhar!

🌻🌻🌻

Nós somos a nossa Alma. Nosso corpo é como uma roupa que despimos toda noite quando dormimos e nos vestimos nela novamente quando acordamos de manhã.

Venha e veja, diz o Zohar. Essa é a linguagem usual do Zohar, a Guemará sempre usa a linguagem “Venha e ouça”, mas o Zohar usa sempre a linguagem “Venha e veja”.

Toda noite, na hora em que estamos dormindo, nossa Alma sobe para o mundo de cima e lá somos julgados pelo tribunal Divino.

Se tivermos o mérito de continuar vivendo, retornamos à este mundo. Esse fenômeno espiritual é comparado a uma ressurreição.

E esse julgamento acontece simultaneamente de duas maneiras diferentes.

Não somos julgados pelas coisas ruins que vamos fazer no futuro, mas somente pelas coisas ruins que já fizemos e não nos arrependemos de tê-las feito.

Ou seja, as coisas ruins que ainda constam no nosso currículo.

Sobre essa categoria de julgamento está escrito em Bereshit 21 sobre Ishmael “D’us ouviu a voz do jovem ali onde ele está”.

Ou seja, Ishmael não foi julgado naquele momento pelas atrocidades que iria fazer no futuro, mas somente pelo que tinha feito até aquela hora, e por isso continuou vivo.

Mas em relação às coisas boas, somos julgados de um jeito totalmente diferente.

Fora as coisas boas que já fizemos, somos julgados também pelas coisas boas que iremos fazer futuramente.

Sendo assim, mesmo que até aquele momento não fizemos nada de bom, somos julgados favoravelmente por causa das coisas boas que vamos fazer mais futuramente.

E por isso acordamos novamente todos os dias, mesmo que naquele momento ainda não temos o mérito para que isso aconteça.

Porque Hashem (D’us) é a essência do bem e o interesse Divino é sempre o de fazer o bem com todas as suas criaturas.

E por isso ele nunca julga o ser humano de acordo com o mal que ele vai fazer futuramente.

Por isso, quando uma pessoa chega ao limite de quanto mal ela pode fazer nesse mundo, aquela pessoa não continua vivendo para não aumentar a intensidade do sofrimento que ela vai ter que passar para retificar o mal que ela fez, e isso também nos mostra a bondade Divina.

Por isso às vezes acontecesse de uma pessoa falecer antes dos setenta anos.

Mas não necessariamente o motivo é esse. Pode ser também pelo motivo de ela ter terminado o trabalho Divino que veio fazer nesse mundo, como vimos no caso do profeta Shmuel que faleceu aos cinquenta anos.

Às vezes alguém vem para esse mundo para passar por uma retificação, e sendo que uma hora no Gan Éden HaTahton que é o baixo paraíso equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo.

Se a pessoa já terminou essa retificação, o combinado lá em cima com aquela Alma antes de ela descer é de que ela não vai sofrer mais do que o que foi decretado para ela.

A vida nesse mundo é um sofrimento em relação à vida no mundo de cima, e por isso ele deixa esse mundo mais rapidamente.

🌻🌻🌻

A Mearat Hama’hpela

Nosso primeiro patriarca Avraham estava passando muito mal quando recebeu a visita dos três Anjos no terceiro dia depois de ter feito o Brit Milá.

O Zohar nos conta que Anjo Refael que era um desses três Anjos, fez um milagre e Avraham ficou totalmente curado.

Avraham queria fazer o abate de três bezerros para preparar para esses três hóspedes a maior iguaria da época, que era língua de boi com mostarda, para cada um, mas um desses bezerros fugiu para bem longe.

A saúde de Avraham ficou tão forte por causa do milagre da cura que o Anjo Refael fez para ele, que mesmo tendo noventa e nove anos de idade, ele saiu correndo atrás do bezerro até chegar a uma caverna em Hevron.

Avraham viu uma grande luz na caverna e descobriu que lá era o túmulo de Adam e Havá (Adão e Eva).

Aquela caverna pertencia a uma pessoa que se chamava Efron.

O Zohar nos conta que Efron passava todo dia ao lado dessa caverna e nunca viu o que Avraham tinha visto.

Diz o Zohar, venha e veja:

Se Efron estivesse vendo naquela caverna o que viu Avraham, nunca teria vendido a caverna para ele.

E por qual motivo ele não viu? Porque uma coisa não é revelada a não ser para seus verdadeiros donos.

E por isso, para Avraham foi revelado o que estava lá e não para Efron.

Para Avraham foi revelado por que à ele ela pertencia. Para Efron ela não era revelada porque ele não tinha uma parte nela, e por isso não foi revelado para ele nada, e ele não viu lá a não ser escuridão, e por isso ele vendeu a caverna para Avraham.

Mesmo assim Avraham esperou 37 anos até ter um motivo para comprar essa caverna.

Por que se Avraham fizesse a proposta de compra para Efron sem precisar da caverna para nada, Efron poderia desconfiar que existe lá algo valioso e não vender a caverna para Avraham.

Mas quando Avraham publicou que estava procurando qualquer túmulo para enterrar Sarah, e citou a caverna como algo sem utilidade que serviria somente para aquilo, Efron concordou em vendê-la, e ainda assim por uma exorbitância.

Daqui aprendemos que mesmo que algo valioso está guardado lá de cima para nós e por isso somente nós conseguimos identificar o verdadeiro valor disso, mesmo assim temos que agir com sabedoria.

 

Toldot

Nossa Parashá nos conta que quando nosso segundo patriarca Itzhak tinha quarenta anos ele se casou com Rifka, filha de Betuel de Padan Aram, irmã de Lavan.

Pergunta o Zohar, por que a Parashá nos conta que Rifka era filha de Betuel, e porque a Parashá nos conta que ela era da cidade de Padan Aram, e também que era irmã de Lavan?

A Torá já tinha nos contado que quando Itzhak tinha 37 anos, depois que ele passou pelo teste de Avraham quase ter feito dele um sacrifício humano, Betuel teve a filha Rifka.

Então por que a nossa Parashá repete que ela era filha de Betuel e ainda acrescenta o nome da cidade onde ela nasceu e também o nome do irmão dela?

Responde o Zohar que a Torá nos conta esses detalhes para nos mostrar a grandeza de Rifka que, mesmo sendo filha de uma pessoa ruim, morando em uma cidade de pessoas ruins e sendo irmã de uma pessoa ruim, mesmo assim ela não se deixou influenciar pelo seu meio ambiente.

Ela é comparada à uma rosa no meio dos espinhos, que mesmo tendo nascido e vivido no meio dos espinhos não se tornou um espinho, mas muito pelo contrário, cresceu uma flor, o contrário dos espinhos.

Porque a Torá precisa nos atestar a grandeza de Rifka?

Porque naquela época ela tinha três anos de idade e poderíamos pensar que ela não era madura o suficiente para optar em ser uma pessoa boa mesmo não tendo aprendido isso com ninguém.

Por isso a própria Torá tem que nos testemunhar que a escolha dela era verdadeira.

Quando Eliezer, o servo de Avraham, chegou ao poço de Aram com dez camelos, já era no final da tarde quando os pastores já tinham deixado o poço e recolhido seus rebanhos.

Naquele horário chegavam as jovens que vinham encher seus jarros de água para abastecer suas casas.

Eliezer pediu para Rifka um pouco de água e ela tirou daquele poço água para Eliezer e também para todos seus dez camelos.

Tanto pelo horário que essas jovens chegavam ao poço, quanto pela quantidade de água que ela carregava, entendemos que elas eram grandes e fortes, e sendo que esse poço abastecia a cidade inteira incluindo seus rebanhos, entendemos que esse poço era gigantesco.

Rifka tinha somente três anos de idade e já era grande e forte. Daqui vemos que não temos como aplicar conceitos de força e tamanho de uma criança de três anos de hoje às crianças de 3.700 anos atrás.

Não só que as pessoas cresciam rapidamente, mas também os animais. Mas mesmo sendo uma menina de três anos de idade com um corpo tamanho 18, mesmo assim a maturidade não se desenvolvia tão rapidamente como o tamanho das pessoas.

Por isso a Torá tem que testemunhar sobre Rifka que ela era exceção de regra, e sua opção em fazer o bem e de não fazer o mal era totalmente madura e consciente.

 

🌻🌻🌻

Adoçando a Guevurá

O Zohar nos conta que nosso patriarca Itzhak era a revelação da Sefirá chamada de Guevurá do mundo de Atzilut nesse nosso mundo material.

A Guevurá é a essência da rigidez, e essa era a essência de Itzhak. Mas mesmo sendo essa Guevurá do lado puro, ela não deixa de ser guevurá.

Rifka, diz o Zohar, também era guevurá, mas ela já era uma guevurá bem mais leve.

Na linguagem do Zohar, uma guevurá com um fio de, Hessed, um fio de bondade.

O Zohar nos conta que por causa disso Rifka conseguiu “adocicar” a guevurá de Itzhak conseguindo fazer com que a guevurá dele ficasse bem mais leve.

O Zohar explica que Hashem (D’us) tem que fazer um milagre nível abertura do mar vermelho para que uma mulher e um homem se casem.

E sendo que o objetivo Divino do casamento é que os dois se refinem, sempre vai haver essa diferença entre o marido e a mulher.

No caso de Avraham, ele era a revelação da Sefirá chamada de Hessed (bondade) de Atzilut nesse nosso mundo material.

Sarah estava ligada a Sefirá chamada de Guevurá (rigidez).

Nosso terceiro patriarca, Yaakov era a Tiferet que é mais Hessed do que Hessed, e Leah era Guevurá.

E esse é o trabalho que Hashem coloca nas nossas mãos. Marido e mulher vão lapidando um ao outro durante toda a vida, mas com jeitinho para não causar atrito.

E assim, diz o Zohar, refinamos a nós próprios e consequentemente o mundo fica mais refinado.

🌻🌻🌻

Por que Itzhak queria dar a Brahá para Essav?

O Zohar nos conta que Itzhak era a Guevura do lado puro e Essav era Guevura do lado impuro. Essav era o resquício da Guevura de Itzhak.

Diz o Zohar que cada pessoa se atrai por alguém que tem as mesmas características, independentemente da procedência dessas características.

Por isso Avraham gostava tanto de Ishmael que também era hessed, mesmo sendo Ishmael a hessed do lado impuro.

Da mesma forma que existem dez Sefirot no lado puro, paralelamente a elas existem as dez Sefirót do lado impuro.

A origem desse lado impuro é a quebra dos receptáculos do mundo de Tohu, e por isso os quatro mundos que vem abaixo do mundo de Tohu são chamados de Olam HaTikun, os mundos do conserto.

Esse conserto é o refinamento do lado bom separando dele o lado ruim. É por isso que de Avraham que era a Hessed do lado bom, saiu Ishmael que era a Hessed do lado ruim.

De Itzhak que era a Guevura do lado bom, saiu Essav que era a guevura do lado ruim.

Sendo que as dez Sefirót do lado ruim que repassam a vitalidade de tudo o que é ruim tem origem na quebra dos receptáculos do mundo de Tohu, elas desaparecerão no futuro quando finalizarmos o conserto do mundo do Tohu.

Então tudo o que é ruim desaparecerá junto com elas, sendo que o lado impuro não vai ter de onde receber sua vitalidade.

A época do Mashia’h é dividida em duas etapas. Na segunda etapa acontece a profecia de Zeharia capítulo 13 versículo 2 que diz: “e o espírito da impureza vou tirar da terra”.

Anjos do lado puro e anjos do lado impuro

Antes de Hashem nos criar, ele criou os Anjos. Sendo que os quatro mundos espirituais e nosso mundo material foram criados a partir da destruição do mundo do Tohu que deu origem ao mal, o conserto dos mundos aconteceria quando o primeiro homem, que era o objetivo da criação, se recusasse a fazer o mal.

Para que isso pudesse acontecer, Hashem criou o anjo do mal para seduzir Adam e Havá e eles terem a oportunidade de recusar fazer o mal, e por meio dessa ação os mundos estariam consertados.

O anjo da morte que é o extremo do lado impuro da Guevura, “baixou” na cobra que é a mais traiçoeira das criaturas, e a cobra começou a falar.

A origem do aspecto feminino da Alma é a Sefirá chamada de Biná, que também é Sefirá do lado esquerdo como a Guevura.

A Biná está acima da Guevura e está sincronizada com ela, por isso o anjo da morte que é o lado impuro da Guevurá, baixou na cobra que é um animal impuro ligado à Guevurá e foi falar com a mulher que também tem uma ligação com a Guevurá.

Havá convenceu Adam a fazer aquela primeira transgressão. Adam, Havá, e consequentemente o mundo inteiro, caíram na klipat noga que é o nível de impureza onde o bem e o mal estão misturados.

Quando Adam e Havá caíram, o anjo da morte ficou mais forte. Ele roubou as bênçãos de Adam e Havá por meio de trapaça, e o único jeito de tirar essas bençãos dele e nos trazer elas de volta seria por meio de trapaça também.

Espiritualmente falando, a humanidade se divide em setenta povos raízes, cada um falando uma língua diferente que são a origem de todas as línguas do mundo.

Todos os povos do mundo de hoje com todos os seus idiomas, são ramificações desses setenta povos originais e de seus setenta idiomas.

Cada povo tem um anjo responsável por ele que repassa a “cota” de vitalidade que esse povo vai receber lá de cima, e isso se transforma nos bens materiais desse povo aqui em baixo.

Quanto maior e mais importante se torna um povo aqui em baixo, mais importante se torna o anjo responsável por esse povo lá em cima.

Por isso, quando um desses setenta anjos reivindica para o seu povo aqui embaixo uma parte maior de terra e de bens, ele começa uma “briga” entre os anjos adversários a ele lá em cima, e consequentemente acontece uma guerra entre os povos que eles representam aqui em baixo.

No livro do profeta Daniel vemos várias indicações citando indiretamente os anjos responsáveis pela Pérsia e pela Grécia, e o Anjo Mihael que nessa divisão de povos lá em cima representa o nosso povo.

O Anjo Mihael é um dos Serafim que são os Anjos do mundo de Briá, Anjos do lado puro.

Os setenta anjos dos setenta povos são anjos do lado impuro, e o extremo de baixo desses povos é o povo de Essav que mais futuramente se divide em tribos, dando origem aos romanos e aos outros povos europeus.

Sendo que os Bnei Essav, os filhos de Essav, são o extremo de baixo de todos os povos, o anjo responsável por eles é o anjo do extremo de baixo, o S.M. (não falamos o nome para não atrair a coisa ruim) que é o anjo da morte, aquele que por meio de trapaça roubou as bençãos de Adam e Havá e as reivindicou para os Bnei Essav que são os povos da sua responsabilidade.

Recuperando as bênçãos roubadas por meio de trapaça

Na nossa Parashá, Essav diz ao seu pai:

-Será que por isso Yaakov “foi chamado” de Yaakov? (uma linguagem de “Ekev” que quer dizer calcanhar) já “me passou a perna” duas vezes. Pegou minha primogenitura e agora pegou a minha Brahá (benção).

O Zohar nos conta que realmente Yaakov nasceu para fazer isso.

Nossos três patriarcas eram a reencarnação dos três níveis da Alma de Adam HaRishon, do primeiro homem.

Avraham era a reencarnação do nível Nefesh de Adam HaRishon, Itzhak era a reencarnação do nível Rua’h e Yaakov do nível Neshamá, o nível mais elevado.

A cobra disse para Havá que Adam HaRishon se tornaria um deus depois de comer aquela fruta, e também disse que por isso Hashem (D’us) pediu para ele não comer aquela fruta, sendo que ninguém gosta de concorrência.

Ao comer a fruta da Etz Hadaat com aquela intenção, Adam HaRishon cometeu a transgressão de idolatria que afetou o nível mais baixo da sua Alma, o nível Nefesh.

Avraham era a reencarnação do nível Nefesh do Adam HaRishon, por meio de Avraham ter deixado as idolatrias e ensinado à todos o que é D’us, ele retificou o nível Nefesh da Alma do Adam HaRishon que tinha sido afetado pela idolatria que Adam fez por causa do conselho da cobra.

Hashem tinha avisado Adam HaRishon que se ele comesse aquela fruta, ele iria trazer a morte para o mundo.

Adam causou com que ele próprio e o mundo inteiro morressem por causa dessa transgressão, e isso afetou o nível Rua’h da Alma dele.

Itzhak era a reencarnação do nível Rua’h de Adam HaRishon e o retificou por meio de ter se controlado no teste da “Aquedá”, quando Avraham quase fez dele um sacrifício e ele não reagiu.

Sendo que os dois níveis da Alma de Adam HaRishon que tinham sido danificados pelos “conselhos” da cobra já tinham sido retificados e Yaakov já era a retificação do nível Neshamá de Adam HaRishon, o nível mais elevado da Alma que se reveste nesse mundo, (existem mais dois níveis, mas eles não se revestem nesse mundo) chegou a hora de pegar as bênçãos de volta.

Mas sendo que elas tinham sido roubadas por meio de trapaça, elas só poderiam ser recuperadas dessa mesma forma.

Foi para isso que nasceu Yaakov, como disse o próprio Essav, para passar a perna nele. Mas será que essa era a intenção daquele Tzadik, daquela pessoa tão elevada que era Yaakov?

Nossa Parashá nos conta que Yaakov era um homem ingênuo. Rashi explica que a palavra “tam”, usada pela nossa Parashá para definir a personalidade de Yaakov, significa alguém que não sabe enganar.

Então como Yaakov conseguiu recuperar as bençãos de Adam HaRishon por meio de trapaça se ele não sabia e também não era capaz de fazer isso?

A Parashá nos conta que no dia do falecimento do nosso primeiro patriarca, Avraham, Yaakov estava cozinhando lentilhas para seu pai que estava enlutado.

Aquele costume de o enlutado comer lentilhas era pelo fato de as lentilhas serem redondas, representando assim o ciclo da vida.

Essav chegou do campo “cansado”. Dizem nossos Sábios que naquele dia Essav tinha cometido adultério, assassinato e idolatria, e esse era o motivo do cansaço.

Hashem (D’us) tinha prometido para Avraham que ele iria falecer com tranquilidade. Por isso, Avraham faleceu cinco anos antes do tempo que teria que falecer, para não ver que Essav tinha cometido essas atrocidades e ficar atordoado por causa disso até o final da vida.

Ou seja, o que Essav tinha cometido aquele dia não tinha como esconder de ninguém, a ponto de Avraham ter que falecer antes da hora para não ficar sabendo disso. Nessa situação Essav pede para Yaakov dar aquela comida “vermelha” para ele que acabou de derramar sangue.

A tradição judaica desde Avraham até o caso do bezerro de ouro, era de o primogênito ser o responsável por todos os assuntos religiosos da família. Qualquer pessoa, por mais ingênua que fosse, estava vendo que Essav não tinha condições de ser o “Rabino” da família.

No momento em que Essav pediu para Yaakov a comida que estava sendo feita para seu pai, Yaakov entendeu que está recebendo lá de cima uma oportunidade única de se tornar o responsável pelos assuntos religiosos da família no lugar desse criminoso, e assim Yaakov comprou a primogenitura de Essav.

Ou seja, Yaakov não teve a mínima intenção em enganar Essav. A única intenção de Yaakov era a de não deixar aquele criminoso se tornar o líder religioso da sua geração como foram Avraham e Itzhak antes dele.

Vendo a Divina providência que trouxe Essav morrendo de fome até ele, Yaakov viu que chegou a hora de assumir essa responsabilidade e se tornar o líder religioso da sua geração no lugar desse criminoso.

Yaakov não sabia que nesse momento e por meio dele, as bênçãos roubadas pela cobra por meio de trapaça começaram a ser recuperadas.

Muito pelo contrário, Yaakov sentiu que estava exercendo o mínimo de responsabilidade em relação aos assuntos religiosos da família e nunca imaginou que Hashem estava fazendo com que esse resgate espiritual de extrema importância estivesse acontecendo em tempo real por meio dele.

A Brahá

A Parashá nos conta que quando Itzhak sentiu que sua vida já havia entrado na última etapa, pediu para Essav preparar comida para ele, e que nessa ocasião ele repassaria para Essav as bênçãos Divinas.

A partir daquele momento Essav se tornaria literalmente o “dono do mundo”, se tornaria nosso terceiro patriarca.

Rifka entrou em pânico pelas consequências que isso acarretaria ao mundo inteiro.

Imediatamente, mas de maneira sigilosa, ela pediu para Yaakov fazer o abate de dois bodes, preparar a comida que seu pai tinha pedido para Essav, e amarrar nos seus braços a pele recém extraída dos bodes para seu pai pensar que ele é Essav.

Novamente Yaakov estava sendo induzido a fazer uma coisa contra seus princípios.

Novamente a “cobra” seria enganada por aquele que tinha nascido ingênuo e não sabia enganar.

Novamente Hashem (D’us) iria fazer isso acontecer por meio dele.

Hashem (D’us) tinha revelado ao nosso primeiro patriarca, Avraham, toda a Torá antes de ela ter sido entregue para nós no Monte Sinai, incluindo obviamente as leis de abate “kasher”.

Yaakov obedeceu sua mãe, fez o abate dos dois bodinhos, extraiu a pele deles, e Rifka amarrou essas peles de bode nos braços e no pescoço de Yaakov.

Quando Yaakov trouxe a comida para seu pai, Itzhak, que já não estava enxergando, entendeu pela delicadeza das palavras do seu filho que era Yaakov quem estava na sua frente, e não Essav.

Itzhak pediu para Yaakov se aproximar e apalpou seus braços para verificar se ele era Essav de verdade.

Depois disso, Itzhak cheirou as roupas de Yaakov e disse:- O cheiro do meu filho está como o cheiro do campo que Hashem abençoou, se referindo ao mundo superior.

Yaakov estava vestindo peles de bode recém extraídas, e o cheiro dessas peles com certeza está longe de ser chamado de “cheiro do paraíso”. Então, como pôde Itzhak dizer que o cheiro do seu filho está como o cheiro do campo que Hashem abençoou, como o cheiro do Paraíso?

Diz o Zohar que absolutamente não se tratava do cheiro das roupas de Yaakov, sendo que o próprio versículo diz: “o cheiro do meu filho”, mas essa afirmação aparece após o versículo dizer que ele cheirou as roupas de Yaakov.

O sopro e o cheiro nos exemplos da Torá

Está escrito que quando Hashem (D’us) criou o homem, fez uma criatura de terra e “soprou” nas suas narinas uma Alma de vida.

O Zohar nos conta que D’us não soprou, como vemos no segundo dos Dez Mandamentos que D’us está acima de todos os conceitos materiais.

Então por que a Torá usa a palavra soprou? Para nos mostrar que nossa Alma Divina é uma parte de D’us, como diz o Zohar, quem sopra, sopra o que tem no seu interior.

Nesse caso a palavra “soprou” vem nos indicar que a fonte da nossa Alma Divina é o mundo de Atzilut, por que acima de Atzilut já somos o “brilho do Sol dentro do próprio Sol”, já não somos uma “parte” de Hashem. Acima de Atzilut já não temos nossa própria identidade.

Depois do dilúvio, quando Noa’h fez os sacrifícios, está escrito que “D’us cheirou o cheiro agradável…”. Novamente vamos para o Segundo Mandamento e vemos que nenhum conceito material se aplica à D’us. Ou seja, D’us não cheirou! Novamente a Torá está nos dando um exemplo para nos indicar o raciocínio do assunto.

O animal é o extremo da grosseria deste mundo. Quando Noa’h transformou o animal em “trabalho Divino”, esse ato chegou ao mais alto nível espiritual.

Ou seja:

“Soprou”, como vimos no caso da Alma Divina, representa o mais alto nível descendo e se revestindo nesse mundo.

“Cheirou” que é o contrário de “soprou” representa o mais baixo nível subindo até o mais alto nível.

Itzhak “cheirou” as “roupas” de Yaakov e falou sobre o “cheiro” do seu filho e não sobre o cheiro das suas roupas.

Diz o Zohar que, sendo que Itzhak não tinha dados para determinar quem estava na sua frente porque estava quase cego e “a voz era a voz de Yaakov e os braços eram os braços de Essav”, Itzhak teve que “cheirar”.

Diz o Zohar que nesse caso, “cheirar” é olhar a partir do mundo de cima.

O versículo diz que Itzhak cheirou as roupas e sentiu o cheiro do filho. Explica o Zohar que cada ação no mundo de baixo causa uma sincronização no mundo de cima.

Quando fazemos algo, nossa Alma Divina recebe uma vestimenta. Se o que fizemos é uma boa ação, nossa Alma recebe uma vestimenta no paraíso, e por meio dessa vestimenta vamos usufruir de todos os prazeres do mundo superior.

Ou seja, nós somos a nossa Alma. Para usufruirmos desse mundo material precisamos de um corpo material que é a nossa vestimenta nesse mundo.

Para usufruirmos dos prazeres do paraíso superior precisamos de um corpo espiritual que é a nossa vestimenta naquele mundo.

Cada ação causa uma sincronização

Quando fazemos algo que é considerado uma boa ação pela Torá, recebemos uma vestimenta para a nossa Alma no Paraíso.

Quando fazemos algo ruim, recebemos uma vestimenta para a nossa Alma no gehinom que é o “inferno” judaico que já não vai mais existir no mundo da ressurreição.

Sendo que Itzhak não tinha como verificar neste mundo material quem era a pessoa que estava na sua frente, ele “cheirou as suas roupas” cheirou as roupas de Yaakov.

Ou seja, ele viu que as vestimentas da Alma de Yaakov estavam no nível do campo que Hashem (D’us) abençoou, no nível do Paraíso espiritual.

Consequentemente, a pessoa que estava na sua frente era digno de receber as Brahot, as bençãos Divinas.

E assim, sem saber, Itzhak repassou todas as bênçãos roubadas pela cobra para o seu verdadeiro dono, para quem merecia recebê-las.

Depois que Yaakov saiu Essav chegou. Está escrito que Itzhak ficou apavorado.

Novamente, sendo que Itzhak achava que Essav já esteve ali antes e já tinha recebido as bênçãos, Itzhak teve que olhar para as vestimentas espirituais da pessoa que estava na sua frente para ver quem ele era.

Nesse momento, diz o Zohar, Itzhak viu o gehinom, o inferno, aberto embaixo de Essav, e por isso entrou em pânico.

Esse inferno é o local espiritual da retificação da alma, e só vai existir enquanto o lado impuro existe, Ou seja, até a época do Mashia’h

O fato de Essav já estar ligado à ele fez com que Itzhak entrasse em um grande pânico

Yaakov não usou as bençãos que recebeu e as guardou para a época do “parto” da nossa redenção final.

Yaakov entendeu que sem essas Brahot não teríamos como sobreviver a saída do último exílio que são os nossos exílios atuais, os exílios de Edom e Ishmael.

O Zohar nos conta sobre o que diz o profeta Yeshaiahu (Isaías capítulo 11 versículo 3) que Mashia’h vai fazer os julgamentos pelo “cheiro” e não por meio de testemunhas.

Agora entendemos como isso funciona. Sendo que um dos trabalhos do Mashia’h é o de trazer de volta as dez tribos perdidas que hoje de acordo com o que se ouve ou o que se vê não teríamos como determinar quem é quem, o único jeito para isso é fazer como fez Itzhak e ver essa pessoa a partir do mundo de cima.

Então vamos rezar forte para que a Gueulá, nossa redenção final, aconteça imediatamente e o nosso mundo se torne realmente um mundo melhor 🌻

Vayetzê

Nossa Parashá nos conta que nosso terceiro patriarca, Yaakov, saiu de Beer Sheva e foi para Haran.

No meio do caminho, a Parashá nos conta que ele “se encontrou com o lugar”, sem especificar qual era o lugar, e depois dormiu lá porque o Sol se pôs.

Vemos que depois disso ele continuou sua viagem até Haran, e concluímos que o “lugar” não era o lugar para o qual ele estava viajando, mas que era um lugar tão importante que todos o conheciam como “o lugar”, sem precisar especificar o nome dele.

Sendo que Yaakov estava no meio do caminho entre a Terra Santa e Haran, e não havia lá nenhum lugar de destaque nesse caminho, por que nesse caso a Parashá usa somente a palavra “o lugar” como se estivesse nos contando sobre o lugar mais importante do mundo?

A linguagem do versículo é “se encontrou com o lugar” nos indicando que um foi ao encontro do outro, como pode um lugar ir ao encontro de alguém?

E também, por que a Parashá tem que nos contar que “o Sol se pôs” e por isso ele dormiu lá, sendo que aparentemente isso é uma coisa óbvia?

Fugindo de Essav para Lavan

Os dois motivos pelos quais Yaakov teve que sair de Beer Sheva e ir para Haran foram o fato de Rifka ter ouvido que Essav estava esperando seu pai falecer para assassinar Yaakov, e também para se casar com a filha de Lavan que não era menos perigoso do que Essav.

Por esses motivos Yaakov estava atordoado, e por isso, mesmo tendo passado próximo ao Monte Moriá, que era o lugar mais sagrado do mundo, ele não parou lá para rezar.

Nossos Sábios nos contam que quando ele chegou no final da Terra Santa, a caminho de Haran, Yaakov se questionou e disse:

– Como pode ser que eu passei pelo lugar sagrado e não parei para rezar lá?

Yaakov decidiu viajar de volta para o Monte Moriá, para rezar, e depois voltar para continuar sua viagem à Haran.

O “despertar de baixo” causa o “despertar de cima”

Diz o Zohar que quando “despertamos” para fazer uma coisa boa aqui em baixo, causamos o “despertar de cima”.

Ou seja, quando você toma a iniciativa para fazer uma coisa boa aqui nesse mundo, você desperta a ajuda Divina que é sempre imensamente maior do que a iniciativa que tínhamos tomado.

E foi isso o que aconteceu com Yaakov. No momento em que ele tomou a iniciativa de viajar de volta para o Monte Moriá, o Sol se pôs milagrosamente.

Por isso o versículo diz que o Sol se pôs, sendo que nesse caso não seria uma coisa óbvia porque não era o horário de o Sol se pôr.

E não só isso, mas também Hashem (D’us) fez mais um milagre sobrenatural e sincronizou toda a Terra de Israel embaixo dele, na linguagem dos nossos Sábios “dobrou embaixo dele toda a Terra de Israel”.

Por isso Hashem disse para ele no sonho profético que ele teve naquele lugar : – “A Terra que você está deitado sobre ela, para você eu vou dar, e para todos os seus descendentes”.

Ou seja, a Terra que ele estava deitado sobre ela era toda a Terra de Israel.

Nosso primeiro patriarca, Avraham, tinha instituído a reza de Shaharit, a reza da manhã.

Seu filho, Itzhak, instituiu a reza de Min’há, a reza da tarde.

E agora seu neto, Yaakov, institui a reza da noite, a reza de Arvit.

Ele queria ir ao Monte Moriá, mas Hashem fez com que o Monte Moriá viesse até ele!

Yaakov adormeceu e teve um sonho profético. Nesse sonho ele viu uma escada apoiada na terra e essa escada chegava até o céu. Ele também viu que os anjos subiam e desciam por ela.

Quando o profeta Yeshaiahu (Isaías) descreve a profecia da “Merkavá”, da “Carruagem Divina” do mundo de Briá, e o profeta Yehezkel (Ezequiel) descreve a Profecia da Merkavá do mundo de Yetzirá, eles descrevem os anjos como sendo criaturas com asas e absolutamente sem necessidade de terem escadas para subir e descer.

Quando os anjos são citados em qualquer escritura Judaica eles também aparecem e desaparecem “voando”, sem nenhuma necessidade de terem escadas para subir e descer de qualquer lugar.

Então uma coisa aqui é óbvia, a escada que Yaakov viu no seu sonho profético não era uma escada de verdade, mas a palavra escada na Parashá veio somente para nos mostrar o raciocínio que está por trás desse assunto, e nesse caso, como em vários outros assuntos na Torá, somos obrigados a desmaterializar o conceito.

Como por exemplo no caso da criação do ser humano. Quando a Torá nos conta que Hashem (D’us) fez um homem de terra e “soprou” nele uma Alma, isso vai diretamente contra o segundo dos Dez Mandamentos onde está explícito que nenhum conceito material se aplica à D’us.

Nesse caso, diz o Zohar, a palavra soprou aparece somente para nos mostrar o raciocínio que está por trás desse assunto e facilitar o nosso entendimento.

Quem sopra, diz o Zohar, sopra o que tem dentro, e a palavra soprou aparece no lugar da palavra colocou para nos mostrar que a nossa Alma Divina é uma parte de D’us.

Ou seja, a primeira raiz dela é a Sefirá chamada de Ho’hmá do mundo de Atzilut.

Quando a Torá nos conta que D’us “cheirou” o cheiro agradável dos sacrifícios de Noa’h, e jurou que nunca mais iria trazer um dilúvio para a humanidade, aqui também a intenção não é a de que D’us “cheirou”, sendo que nenhum conceito material se aplica à Ele.

Então por que a Torá usa a palavra “cheirou” se referindo à D’us, se ele está infinitamente acima de qualquer conceito material?

Novamente para facilitar o nosso entendimento, a Torá nos traz o raciocínio que está por trás desse assunto.

Ou seja, quando Noa’h transformou o animal que é a coisa mais grosseira do mundo, em Trabalho Divino, essa atitude chegou até o nível espiritual mais elevado.

Soprou é o contrário de cheirou. Quando a Torá nos conta que D’us soprou a Alma, ela está dizendo que a nossa Alma Divina desceu do nível espiritual mais elevado ao mundo mais baixo.

Quando a Torá nos conta que D’us cheirou o cheiro agradável dos korbanot (sacrifícios), ela está dizendo que o korban, o sacrifício que Noa’h fez, subiu do mundo mais baixo para o nível espiritual mais elevado.

Em resumo, D’us não soprou e D’us não cheirou, mas a Torá usa essas palavras para facilitar o nosso raciocínio.

Aqui na nossa Parashá, quando a Torá nos conta sobre uma escada, a intenção da Torá também é a de facilitar o nosso raciocínio.

Ou seja, os anjos não precisam de escada nem para subir e nem para descer. Então por que a Torá usa a palavra escada? Para facilitar o nosso entendimento.

Diz o Zohar que nesse caso a Parashá está falando sobre a Sefirá chamada de Mal’hut.

Ela é comparada a uma escada que liga o nosso mundo ao mundo superior.

Quando nos comportamos da maneira correta, estudamos Torá e cumprimos os Mandamentos Divinos, a Mal’hut sobe e se une a Sefirá chamada de Yessod que está acima dela.

A Yessod recebe a fartura e a abundância das Sefirót que estão acima dela e repassa para a Mal’hut.

A Mal’hut transforma essa fartura do mundo de cima em assuntos materiais e a repassa para nós.

Mas quando nosso comportamento decai, quando não encontramos mais tempo para estudar Torá e perdemos o interesse em cumprir os Mandamentos Divinos, enfraquecemos a Mal’hut lá em cima, e ela cai ao nível dos setenta anjos responsáveis pelos setenta povos.

Esses anjos pertencem ao lado impuro, e eles tem uma cota de vitalidade pré-determinada para repassar aos povos pelos quais eles são responsáveis.

Esses anjos estão na função de intermediários entre a fartura repassada pela Mal’hut e o povo que cada um deles representa.

Cada um deles serve como um “deus” para aquele povo que é representado por ele.

E da mesma maneira que os setenta povos originais e seus setenta idiomas se ramificaram em centenas de povos e idiomas, esses setenta anjos também tem suas ramificações representadas por anjos inferiores e subjugados a eles.

Quando a Mal’hut baixa de nível devido ao nosso comportamento e chega ao nível deles, eles acessam a ela e conseguem sugar a abundância Divina que estava guardada para nós e repassá-la para os povos aos quais eles são responsáveis.

E esses, diz o Zohar, foram os anjos que Yaakov viu “subindo” por aquela escada. Primeiro subindo, sendo que o nível deles é baixo e eles só conseguiram subir devido a “queda” do Mal’hut.

Yaakov também viu que quando fazemos Teshuvá, voltamos para o bom caminho, encontramos tempo para estudar Torá e voltamos a cumprir os Mandamentos Divinos, a Mal’hut sobe novamente.

Então esses anjos que são chamados de “Sarim”, ministros, por que eles governam os povos do mundo, são obrigados a descer para não se desintegrarem com a subida do Mal’hut para o nível espiritual mais elevado, e por isso Yaakov viu que os anjos que no começo estavam subindo naquela “escada”, depois estavam descendo.

Ele viu o ciclo dos “Sarim” e entendeu que Hashem revelou tudo isso para ele por que agora que ele estava saindo da casa dos seus pais para dar origem ao nosso povo.

Hashem mostrou para ele a responsabilidade que estava nas mãos dele e que posteriormente estaria nas nossas mãos.

As setenta faces da Torá

Encontramos outras explicações para essa passagem da Torá, uma explicação não anula a outra mas somente acrescenta mais detalhes à ela.

Rashi explica que nessa sincronização da Mal’hut também subiram os anjos que acompanhavam Yaakov da Terra Santa e desceram anjos de outra categoria para acompanhá-lo fora da Terra Santa.

Diz o Shla que nessa mesma ocasião subiram de volta para o céu os Anjos Refael e Gavriel, anjos do primeiro escalão, que levaram uma “suspensão” do tribunal Divino e ficaram na Terra desde a época do nosso primeiro patriarca Avraham até a “escada de Yaakov”

Quando nosso patriarca Avraham fez o “Brit Milá”, a circuncisão, com 99 anos, os anjos Mihael, Refael e Gavriel vieram visitá-lo.

Saindo da tenda de Avraham, Mihael voltou para o céu, Gavriel foi destruir Sodoma e Gomorra, e Refael foi com ele para salvar Lot e sua família.

Chegando em Sodoma, Gavriel e Refael disseram aos seus habitantes que eles vieram destruir a cidade.

Eles achavam que dessa forma estavam fazendo a vontade Divina.

Ou seja, como pode ser que D’us que é a essência do bem mandou eles fazerem uma destruição dessas?

Mas na verdade eles estavam fazendo contra a vontade Divina, sendo que se eles dissessem que foi D’us quem mandou eles para destruírem a cidade, talvez aquelas pessoas tivessem feito Teshuvá, voltado para o bom caminho, como aconteceu posteriormente em Nínive na época do profeta Yona.

Por terem feito contra a vontade Divina, esses Anjos receberam uma suspensão, foram obrigados a ficar nesse mundo, e só puderam voltar para o céu naquela revelação da Mal’hut que foi a “escada de Yaakov”.

Estamos falando sobre anjos do lado puro, anjos do lado bom. Não se trata do anjo da morte e suas ramificações ou outras categorias diferentes de anjos do lado impuro que não vão mais existir depois da Gueulá como os “setenta Sarim”, os anjos responsáveis pelos setenta povos.

Esses Anjos do “primeiro escalão” são anjos do lado bom. Eles são os Anjos do mais alto nível, Anjos do mundo de Briá onde o bem e o mal não se misturam, e portanto eles não tem o livre arbítrio.

Eles não tem nenhuma inclinação para fazer o mal. Eles não precisam optar entre fazer o bem fazer ou o mal sendo que eles não tem o lado mau e nem a má inclinação conhecida como “yetzer hará”.

Então como podem eles terem feito algo contra a vontade Divina?

Diz o Rebe, eles fizeram contra a vontade Divina achando que estavam fazendo a vontade Divina, fizeram um erro de avaliação.

Como pode ser que esses Anjos chamados de Serafim que são os Anjos principais, fazem um erro de avaliação?

Por que tudo o que D’us criou não é perfeito ?

Sobre o término dos seis dias da criação a Torá nos conta que “D’us abençoou o sétimo dia e o santificou porque nele cessou todo o trabalho que D’us criou para fazer”.

Se D’us terminou todo o trabalho da criação, por que aparece no final do versículo a palavra “para fazer”? Diz o Midrash que a intenção de “para fazer” é para fazer um conserto, para consertar.

O Midrash nos conta que tudo o que Hashem (D’us) criou não é perfeito, até mesmo os Anjos do primeiro escalão podem fazer contra a vontade Divina por meio de um erro de avaliação causado pela imperfeição de tudo o que foi criado por D’us .

E esse é o nosso trabalho aqui nesse mundo, isso Hashem deixou para nós. Vivemos neste mundo para nos refinar.

Estamos aqui para trabalhar continuamente o nosso intelecto e os nossos sentimentos, e pouco a pouco chegar à essa perfeição que D’us deixou intencionalmente para nós.

Para que tenhamos o mérito de termos participado da criação do mundo junto com Hashem, o mérito de termos feito a parte final da criação, a parte principal!

Vaishla’h

Nossa Parashá nos conta sobre a luta entre Yaakov, nosso terceiro patriarca e o anjo responsável por Essav e pelos povos que posteriormente sairiam dele.

Esses povos se originariam das “tribos” de Essav, representadas na Torá pelos seus “generais”. Essas “tribos” posteriormente iriam migrar de Edom para a Europa por vários caminhos, dando origem aos povos europeus.

Cada povo tem o anjo que merece!

Da mesma forma que nosso povo tem sua representação lá em cima por meio do Anjo Mihael, que é o extremo da bondade entre os Anjos e está ligado diretamente à Sefirá chamada de Hessed que é a fonte da bondade e do amor, o anjo que representa Essav é o extremo oposto.

Ele é o extremo do lado ruim e está ligado diretamente à Sefirá chamada de Guevura que é a fonte da rigidez, a fonte da dureza e da severidade.

Pior ainda, essa Guevurá à qual o anjo de Essav está ligado não é a nível de mundo da Briá como o Anjo Mihael, não é a Guevura do lado puro, do lado bom, mas é a Guevura das dez sefirot do lado impuro, da “sitra ahara” que quer dizer “o outro lado”.

Essas dez sefirot do lado ruim se originaram da “queda das luzes” na quebra dos receptáculos do mundo de Tohu, e não vão mais existir na segunda etapa da Gueulá, quando os mortos ressuscitarem.

Sendo que elas são a fonte da vitalidade de todas as coisas ruins, no futuro, quando elas desaparecerem, as coisas ruins vai desaparecer também, incluindo os anjos ligados à elas.

Nessa ocasião, o anjo de Essav conhecido como Satan que quer dizer “desviador” e conhecido também como o anjo da morte que é o extremo de baixo da Guevura do lado ruim, vai desaparecer, como consta na profecia de Zeharia ( Zacarias capítulo 13 versículo 2) que diz: “e o espírito da impureza vou tirar da terra”, incluindo o Satan que representa o extremo desse lado espiritual impuro.

Junto com ele vão desaparecer os setenta anjos que representam os setenta povos do mundo, e todas suas ramificações que também são anjos do lado impuro, estão abaixo deles e são responsáveis por cada uma das ramificações daqueles povos originais.

Dessa maneira vai acontecer a profecia de Zeharia (Zacarias capítulo 14 versículo 9) que diz: “E Hashem será o Rei de toda a Terra”.

Entendemos das palavras do profeta que por enquanto Hashem (D’us) ainda não é o Rei de toda a Terra. O motivo para isso é porque por enquanto esses setenta anjos responsáveis pelos setenta povos servem como deuses para esses povos, sendo que eles repassam para eles a cota de vitalidade determinada lá em cima para cada um desses povos.

Por esse motivo, por mais que estejamos na geração do conhecimento o mundo continua na idolatria, sendo que os povos do mundo tem uma ligação espiritual com a fonte da vitalidade que eles recebem.

Mesmo assim vemos milhares de pessoas maravilhosas procurando o judaísmo, e isso é a maior prova de que essas pessoas tem uma Alma Divina que não recebe sua vitalidade desses setenta anjos chamados de “Sarim”, mas recebem sua vitalidade diretamente do lado puro, como vai ser no futuro quando o lado impuro não existir mais.

A procura do judaísmo é a manifestação da nossa Alma Divina, e isso está acontecendo em todos os lugares onde nosso povo se perdeu. Agora muitas pessoas estão descobrindo a luz da Torá e voltando para ela.

Voltando ao nosso assunto, Yaakov lutou contra um anjo durante toda a noite, e de manhã segurou o anjo e não deixou ele voltar para o céu até que ele reconhecesse que as bençãos que Yaakov recebeu do seu pai pertenciam a Yaakov por direito.

Como pode um ser humano segurar um anjo?

Os anjos estão em outra dimensão, em uma dimensão espiritual. Pergunta o Zohar:- como pode uma pessoa de “carne e sangue” (esse é o termo judaico para “carne e ossos”) segurar um anjo que é uma criatura totalmente espiritual?

Daqui aprendemos, diz o Zohar, que os anjos enviados lá de cima, quando descem para esse mundo se revestem em um corpo material que criam para si próprios quando entram na dimensão do nosso mundo.

E isso foi o que aconteceu aqui. Esse anjo que desceu para lutar com Yaakov se revestiu em um corpo material, e por isso Yaakov lutou com ele materialmente toda aquela noite, e de manhã segurou o anjo até ele reconhecer que Yaakov recebeu as bençãos por direito.

Venha e veja, diz o Zohar, todos reconheceram as bençãos que recebeu Yaakov, tanto lá em cima quanto aqui em baixo. E até ele próprio, o próprio anjo de Essav chamado de Satan e anjo da morte, reconheceu o direito de Yaakov de ter recebido as bençãos de seu pai.

O próprio Satan foi subjugado por Yaakov nessa ocasião e foi obrigado por ordem Divina a mudar o nome de Yaakov de “aquele que nasceu para passar a perna”, nasceu segurando o calcanhar de Essav, para aquele que lutou contra um anjo e venceu. Assim Yaakov recebeu o reconhecimento até mesmo desse anjo que era o extremo do lado ruim.

O Zohar explica que essas criaturas espirituais do lado impuro só conseguem se materializar e nos prejudicar em certas ocasiões. Eles são poderosos apenas no período da noite, quando rege a Sefirá chamada de Guevura.

E é por isso que Essav, representado pelos povos europeus e suas colônias, só tem poder sobre nós durante o “galut”, durante nosso exílio que é comparado a uma grande noite.

Por isso o anjo de Essav lutou contra Yaakov durante toda a noite, e quando amanheceu ele enfraqueceu, perdeu sua força e não pôde mais com Yaakov.

No amanhecer Yaakov se fortaleceu, sendo que a força de Yaakov é de dia. E assim a “Gueulá”, nossa redenção final, é comparada ao amanhecer de um dia lindo que nunca mais vai terminar.

Quem é o “Satan”, o anjo do mal que lutou contra Yaakov?

O Zohar nos trás um exemplo de um grande rei que contratou uma prostituta para testar o nível de fidelidade de seu filho querido. Ela recebeu o dinheiro para fazer esse trabalho mas entrou em um grande dilema.

Por um lado, se ela não tentasse seduzir o príncipe ela não receberia o salário, por que para isso ela foi contratada. Por outro lado, se ela conseguir seduzir o príncipe, o rei vai ficar muito bravo por ela ter corrompido seu filho querido. Por final ela decide seduzir o príncipe com tanta má vontade que até o próprio príncipe vai sentir isso e perder o desejo por ela.

Assim funciona toda a estrutura da “Sitra Ahara”, o “outro lado” na linguagem do Zohar, o lado ruim. Ele recebe sua bem pequena cota de vitalidade do lado puro como salário para nos testar com toda a má vontade.

Continuando o exemplo do Zohar, caso o príncipe se deixe seduzir, ela vai imediatamente prestar contas ao rei e pedir permissão para ela própria ter o grande prazer de castigar o príncipe por ele ter se relacionado com ela.

E assim, no lugar de ela ser vista como uma prostituta cruel e de mau caráter que é o que ela realmente é, ela é vista como uma importante promotora judicial lutando pela justiça.

Isso é o Satan que em hebraico quer dizer desviador. Ele nos desvia do bom caminho aqui em baixo, nos delata no tribunal Divino por termos nos deixado seduzir e recebe lá a autorização para nos castigar por termos feito algo que ele próprio nos induziu a fazer, ou seja, o extremo da crueldade.

Mesmo sendo o Satan a essência do mal, para esse mal existir ele depende de uma mínima cota de vitalidade do lado bom, e esse é o “salario da prostituta” no exemplo do Zohar.

E sendo que o bom rei nesse exemplo não quer nem olhar para essa criatura extremamente cruel, quando ela vem receber esse salário ele joga para ela pelas costas para não precisar vê-la.

Esse conceito cabalístico é chamado de “behinat ahoraim”. A “sitra ahara”, o outro lado, não só que recebe uma vitalidade extremamente pequena, mas também de forma indireta.

Na mitologia antiga existia o deus do céu e o deus do inferno. Zeus e Hades na mitologia grega, que se tornaram Júpiter e Plutão na mitologia romana, e posteriormente deus e o diabo no cristianismo que tem como conceitos básicos os princípios da mitologia romana oferecidos ao público em uma “nova embalagem”.

Sendo assim, no cristianismo o Satan tem poderes divinos, e tanto ele quanto o seu reino que é o inferno existem eternamente. Ou seja, no cristianismo o Satan é uma divindade. Ele é o Hades dos gregos, o Plutão dos romanos e o Satan dos cristãos. O mesmo personagem que só vai trocando de nome conforme eles vão reformando a religião. Esse é o conceito básico da idolatria em relação ao Satan, ele é simplesmente um dos deuses dela com vida e território próprios.

O Zohar nos trás mais um exemplo para nos mostrar o que são as “forças do mal”, novamente o exemplo de um rei. Nesse exemplo, um rei bom e sábio precisa de um carrasco para executar os assassinos que precisam ser condenados a morte. O rei jamais mataria alguém, por ser um rei bom e piedoso, então ele contrata uma pessoa extremamente cruel que tem prazer em matar, e coloca essa pessoa na função de carrasco.

Também nesse exemplo o rei não é capaz de olhar para essa pessoa tão ruim e cruel, e quando esse carrasco vem receber seu salário, o rei joga o dinheiro pelas costas para não ter que olhar para esse criminoso. E esse é o conceito cabalístico que o Zohar chama de “behinat ahoraim” traduzido como “o aspecto de trás”.

Ou seja, tanto o Satan quanto qualquer coisa do lado ruim, existe somente devido a uma pequena cota de vitalidade que recebem do lado puro e mesmo assim pelas costas.

O trabalho Divino que fazemos nesse mundo é comparado a uma corrida de obstáculos, e o Satan e toda a “sitra ahara”, todo o lado espiritual negativo que faz existir tudo de ruim nesse mundo, são os obstáculos.

No futuro, quando não houver mais necessidade de esse lado impuro existir, essa cota de vitalidade do lado puro não será mais repassada para as dez Sefirót do lado impuro. Consequentemente essas dez sefirot do lado impuro desaparecerão e tudo que é ruim no mundo vai desaparecer junto com elas.

Então vamos rezar forte para a Gueulá, nossa redenção final, chegar rápido, e toda a escuridão desaparece automaticamente com a chegada do amanhecer.

 

Vayeshev

O segredo dos sofrimentos

Nossa Parashá nos conta sobre os sofrimentos do nosso terceiro patriarca, Yaakov. Mesmo sendo Yaakov o maior dos três patriarcas, ele foi o que mais sofreu.

A Guemará nos conta que se alguém é um Tzadik completo, ou seja, estuda Torá e cumpre os Mandamentos Divinos, Hashem (D’us) dá para ele uma vida muito boa nesse mundo e um grande Paraíso no próximo mundo.

A Guemará também nos conta que um Tzadik que é filho de um Tzadik, também está nessa classificação.

Pergunta o Zohar, como pode ser que Yaakov, o principal dos nossos três patriarcas, que também estava em um nível de Tzadik perfeito e também era um Tzadik, filho de Tzadik e neto de Tzadik, passou por terríveis sofrimentos durante todos os seus 130 anos de vida?

Quando Yaakov chegou ao Egito, o faraó perguntou a ele qual era a sua idade. Yaakov sabia que o faraó recebia antecipadamente todas as informações sobre aqueles que iriam se encontrar com ele, o faraó sabia que Yaakov tinha 130 anos.

Então porque fez à ele essa pergunta? Porque as informações não batiam, Yaakov aparentava ser muito mais velho do que realmente era.

Pela resposta de Yaakov vemos que ele entendeu certinho o que o faraó estava perguntando. Naquela época, há mais de 3.500 anos atrás, as pessoas eram muito fortes e às vezes tinham uma vida excepcionalmente longa, e esse era o caso do próprio faraó. Pela cara de Yaakov, o faraó pensou que ele era nosso primeiro patriarca, Avraham.

Yaakov justificou o espanto do faraó com a seguinte resposta:- “Os dias da minha vida foram poucos e ruins, e não alcançaram os dias de vida de meus pais”. Ou seja, Yaakov justificou o por que de sua aparência não ser compatível com a sua idade em relação a sua época.
A resposta de Yaakov para o faraó foi que os dias da sua vida, mesmo tendo sido poucos relativos à sua época, foram ruins, e por isso ele aparentava ser muito mais velho do que realmente era. Ou seja, o próprio Yaakov concordou que sofreu todos os 130 anos de sua vida.

Sendo que Hashem (D’us) é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, como pode ser que Yaakov, que de acordo com a própria Torá deveria ter vivido uma vida extremamente boa, foi a pessoa que mais sofreu?

O Zohar nos traz algumas possibilidades que justificam o fato de uma pessoa boa ter uma vida ruim.

Sofrimentos de amor

A Guemará nos conta que quando alguém está sofrendo, a primeira coisa que deve fazer é um check-up espiritual. Verificar se está fazendo alguma coisa errada que justifique esses sofrimentos e voltar para o caminho o certo. Deixar de fazer a coisa ruim e se arrepender de ter feito aquilo.

Se depois disso os sofrimentos continuarem, essa pessoa deve estudar mais Torá, porque talvez esteja fazendo alguma coisa errada sem saber, ou está em falta com o próprio estudo da Torá.

Diz a Guemará que se depois disso os sofrimentos ainda continuarem, saiba que eles são sofrimentos de amor. Sofrimentos que não são ligados a coisas erradas que fizemos, não são uma retificação para as nossas transgressões.

A corrida de obstáculos

Nossa vida é uma corrida de obstáculos. Quando entramos nesse mundo estamos entrando nessa corrida, e de acordo com a intensidade dos obstáculos, assim será a grandeza da vitória e a recompensa por termos vencido.

Diz o Zohar que por causa do grande amor que Hashem tem por cada um de nós, ele nos dá uma vida mais difícil. Ou seja, aumenta o tamanho dos obstáculos que temos que ultrapassar para que a nossa recompensa por ultrapassá-los seja muito maior.

E por isso esses sofrimentos são chamados de “sofrimentos de amor”, sendo que o único objetivo dessa categoria de sofrimentos é a de recebermos uma recompensa muito maior no próximo mundo.

As vezes o motivo desses sofrimentos de amor é para nos refinar. Quando nascemos, a primeira alma que se revela em nosso corpo é a nossa alma animal. Um óvulo só é fecundado se Hashem colocar nele essa alma animal, e assim começa a vida.

Nós próprios somos a Alma Divina, mas se a Alma Divina se revestisse diretamente no corpo, nosso corpo se desintegraria, sendo que o nível espiritual da Alma Divina e o do corpo são totalmente desproporcionais.

Para nossa Alma Divina se revestir no corpo é necessário uma alma animal que é uma alma espiritual do nível mais baixo, que é o lado espiritual desse nosso mundo material chamado de mundo da Assiá. Ela é a intermediária entre a Alma Divina que somos nós e o nosso corpo.

A Alma Divina se reveste por etapas na alma animal e por meio dela no corpo. Quando o óvulo é fecundado, a alma animal já está revestida nele, caso contrário ele não se tornaria um embrião.

Quando o menino faz treze anos ou a menina faz doze, nossa Alma Divina finalmente se reveste totalmente em nossa alma animal que por sua vez está revestida no nosso corpo, então nossa Alma Divina assume o controle deles, e assim nossa alma animal e nosso corpo se transformam em acessórios para nós que somos a Alma Divina.

Mas as vezes nossa alma animal está tão forte, que no lugar de ela se tornar nosso acessório e nossa vestimenta, nós é que nos tornamos o acessório dela. Como uma pessoa que montou em um cavalo, e no lugar de o cavalo ir para onde essa pessoa quer conduzi-lo o cavalo leva essa pessoa para o pasto. Nesse caso, o cavaleiro só está montado no cavalo, mas quem manda é o cavalo!

A consequência disso é que essa pessoa, mesmo sendo um judeu religioso que estuda Torá e cumpre os Mandamentos Divinos, o comportamento dele lembra muito mais um animal que está mais interessado no pasto do que na Torá que estuda e nos Mandamentos Divinos que cumpre.

E para ajudar essa pessoa, diz o Zohar, pelo grande amor que Hashem (D’us) tem por ele, aumenta para ele a intensidade dos obstáculos da vida.

Devido aos sofrimentos o lado animal dessa pessoa enfraquece, e consequentemente o lado espiritual dela se fortalece. Essa é uma categoria de sofrimentos de amor.

E por esse motivo, diz o Zohar, Unkelus traduziu o versículo em (Deuteronômio 7) “e paga seus inimigos, etc”. – Ele recompensa seus inimigos nesse mundo pelas coisas boas que fazem para não receberem nenhuma recompensa no mundo de cima.

Daqui vemos que quando sofremos nesse mundo somos chamados de amados de Hashem, o contrário do inimigo de Hashem que recebe uma vida boa nesse mundo Como recompensa pelas coisas boas que fez, e não tem direito ao paraíso superior.

Esses sofrimentos de amor as vezes estão ligados ao que fizemos na reencarnação anterior, e nesse caso o Tzadik filho de um Tzadik não é visto do ponto de vista biológico mas sim do ponto de vista espiritual. Sua reencarnação anterior é chamada de “pai” da sua reencarnação atual mesmo que se trata da mesma pessoa.

O raciocínio que está por trás disso é de que aquele aspecto da Alma Divina que já se retificou se separa da parte que ainda não se retificou dando origem a uma nova identidade que será sempre ligada àquela mesma ramificação. E sendo que na ressurreição dos mortos elas ressuscitam como duas pessoas diferentes elas, são chamadas espiritualmente de pai e filho.

Sendo assim, a pessoa pode ser biologicamente filho de um Tzadik e neto de um Tzadik e mesmo assim ter uma vida ruim, porque o pai que é levado em conta nesse caso é a própria pessoa em uma reencarnação anterior na qual ela tinha o lado ruim que se separou dela e está se retificando nessa segunda reencarnação na qual ele é um Tzadik, mas está sofrendo pelo que ele próprio fez na reencarnação anterior na qual ele não era um Tzadik.

 

A reencarnação anterior de Yaakov

Depois que Adam HaRishon, o primeiro homem, comeu a fruta do “etz hadaat”, ele acusou Hava, a primeira mulher, de tê-lo induzido a comer aquela fruta, e se separou dela por 130 anos.

O anjo da morte tem um aspecto feminino, tem uma esposa. Essa anja da morte chamada de Ly… (não falamos o nome para não atrair a coisa ruim) se materializava, e junto com outra demônia chamada de Na… tiveram relações conjugais com Adam HaRishon durante todos esses 130 anos. Elas conseguiam se materializar para ter essas relações, engravidavam de Adam mas davam a luz a demônios.

Essas relações conjugais com as demônias afetaram o nível Neshamá de Adam, o nível mais alto da Alma Divina que ainda consegue se revestir no corpo.

Yaakov era a reencarnação do nível Neshamá de Adam, e por isso todos os sofrimentos dele foram ligados à assuntos familiares, medida por medida para retificar o que fez Adam HaRishon. Por isso sofreu Yaakov, e ele sabia que veio para esse mundo fazer essa retificação.
Quando Yaakov contou para o faraó que seus anos foram 130, acrescentou que não chegaram aos anos de vida de seus pais. Como Yaakov poderia afirmar que só viveria 130 anos e não chegaria a idade de seus pais? Porque ele sabia que veio para o mundo para retificar esses 130 anos que Adam se relacionou com as demônias.

Mesmo assim Hashem deu para ele 17 anos de vida a mais. E sendo que nesses 17 anos que recebeu de bônus ele não precisava retificar nada, Hashem deu para ele as revelações do Gan Éden aqui nesse mundo.
O mesmo acontece com cada um de nós. Sofremos somente pelo que fazemos errado conscientemente, às vezes sofremos também por algo que fizemos conscientemente em uma reencarnação anterior.

Às vezes já retificamos a reencarnação anterior e também a atual, entramos na etapa dos sofrimentos de amor e achamos que ainda estamos na etapa retificação e que a retificação está sendo desproporcional ao que fizemos.

Então vamos rezar forte para que já venha a Gueulá, nossa redenção final. Hashem vai tirar o espírito da impureza do mundo, o mal não vai mais existir e consequentemente ninguém mais vai sofrer, no futuro esse nosso mundo vai se tornar mais alto Paraíso do que o Alto Paraíso.

 

Miketz

Nossa Parashá nos conta sobre os sonhos do faraó que por causa deles Yossef foi tirado da prisão e se tornou o vice rei do Egito.

O versículo diz: “e foi do final de dois anos e o faraó sonhou”. A Parashá usa a palavra Miketz que quer dizer “do final” no lugar de dizer “no final”.

Sempre que a Torá usa uma linguagem não usual ela está nos indicando que existe algo oculto por trás dessas palavras. Diz o Zohar que essa linguagem quer dizer “depois do final”, e o “final” é o “Satan” que em hebraico quer dizer desviador.

Ele é o próprio anjo da morte que é o final de todos os que caem em suas mãos.

O Zohar nos ensina que o versículo usa a linguagem “depois do final” querendo dizer: depois de ter saído do esquecimento do ministro das bebidas que tinha prometido conversar sobre ele com o faraó e dos sofrimentos na prisão.

Tanto o esquecimento que é um limite de memória quanto os sofrimentos que são limite de saúde, de dinheiro e etc sempre são causados pelo “satan” que é o extremo de baixo da Guevura que é a raiz dos limites

O satan atua no mundo por meio de suas inúmeras ramificações, e o fato de o ministro das bebidas ter esquecido Yossef também foi “trabalho” dele.

Depois de Yossef ter saído do “final”, aí aconteceu uma reviravolta de um extremo ao outro.

Diz o Zohar que esse “anjo do mal” é chamado de final porque ele é o extremo dos resquícios da Guevurá, ou seja, pior do que isso não existe.

No começo do mundo ele “baixou” na cobra e a cobra começou a falar.

Ela escolheu falar com Havá (Eva) por que sentiu mais proximidade com ela, e por meio dela conseguiu roubar as bençãos de Adam.

Esse é o cartão de visitas desse “satan”, desse desviador. Ele se une às coisas ruins para interagir no mundo por meio delas, e sempre encontra alguém ou alguma coisa compatível para que por meio dela possa roubar as nossas bençãos também.

Por isso dizem nossos Sábios que quando tem que acontecer uma coisa ruim no mundo o tribunal Divino dá autorização ao “satan” para fazer essa coisa ruim acontecer somente por meio de uma pessoa ruim.

O Zohar nos conta que todo esse “sistema” chamado de “sitra ahara” que quer dizer “o outro lado”, funciona da seguinte forma:

Em primeiro lugar o “satan” pessoalmente ou por meio de algumas das suas inúmeras ramificações, aborda a pessoa de várias maneiras para tentar seduzi-la a fazer uma coisa errada.

Nessa etapa ele também joga baixo, como fez com Adam HaRishon, o primeiro homem, que comeu a fruta do Etz Hadaat pressionado por sua própria esposa sem saber que por trás disso estava “a cobra”

Cada um de nós é abordado diariamente por alguma ramificação dessa coisa ruim que “baixou” em alguém ou em alguma coisa para nos seduzir.

Se a pessoa se deixa seduzir ele registra o B.O. imediatamente no tribunal Divino e pede a autorização para castigar severamente essa pessoa por meio dele próprio que tem o maior prazer em castigar cruelmente a pessoa que ele próprio seduziu.

Como fazer para nos proteger do “satan”?

Quando Hashem perguntou para Adam HaRishon por que ele comeu a fruta do Etz Hadaat, Adam jogou culpa em Havá e Havá jogou a culpa na cobra. A justificativa é o maior privilégio do satan.

Porque se eles tivessem assumido que fizeram uma coisa errada e pedido para Hashem (D’us) desculpá-los, com certeza eles não teriam recebido castigo nenhum.

O que a cobra queria era isso mesmo, que Adam jogasse a culpa na Eva e Eva na cobra, porque a cobra já tinha uma resposta automática: D’us pediu para não comer aquela fruta e uma conta pediu para eles comerem, a quem eles deveriam escutar?

E essa é a resposta que devemos dar para nós próprios sempre que recebemos uma sedução, como por exemplo quando alguém por qualquer motivo te tirou do sério e se trata de uma pessoa fraca em todos os aspectos a ponto de, se você “pisar nela”, ela simplesmente quebra e nada vai te acontecer por causa disso.

E você está com toda a vontade de quebrar essa pessoa com muito prazer e só assim você vai dormir melhor!

Nessa hora essa pessoa tem que dizer para si próprio :- D’us falou para não maltratar nem um animal, e essa pessoa está “pedindo” para eu maltratar ela, a quem eu devo ouvir?

O Zohar nos conta que tanto esse “anjo ruim” quanto todo o lado ruim já não vão mais existir no futuro quando Hashem (D’us) tirar o lado ruim do mundo. Então vamos rezar forte para que isso aconteça o mais rápido possível!

 

Vaygash

Eis que os dias estão chegando

O Zohar nos traz um conceito chamado de Ketz hayamim, o extremo dos dias, se referindo ao extremo do mal, e Ketz hayamin, o extremo da direita, se referindo ao extremo das Sefirót que é a Mal’hut representando nesse caso o extremo do bem.

Explica o Rebe que antes da redenção final, durante o período chamado de “calcanhares do Mashia’h” que é o período no qual estamos vivendo, o mal aumenta no mundo em forma de disputas entre judeus e também entre não judeus.

Isso entre outros sinais negativos que acontecem nessa época e que não aconteceram em épocas anteriores.

Sinais para sabermos que estamos próximos à nossa Gueulá, à nossa redenção final.

Por outro lado o bem também aumenta.

Novas formas de estudar a Torá são reveladas e ações de caridade e bondade são feitas em uma escala sem precedentes.

Como podemos entender essa tão grande contradição no comportamento das pessoas da nossa época?

Em relação ao povo de Israel, e em particular agora que estamos no final do nosso exílio, depois de termos passado por todas as previsões em relação aos prazos finais dele incluindo a condição de fazer “Teshuvá” antes da Gueulá, da redenção final.

Como atestou o Rebe Yossef Yitzhak, o Rebe Anterior de Lubavitch, que também esse requisito nosso povo já cumpriu.

E com tudo isso esperamos todo dia pela nossa verdadeira e completa redenção final, e ela ainda não chegou!

A palavra “Ketz”, é traduzida como “extremo”, mas também pode ser traduzida como “final”. Assim também a ligação entre o conceito de “Ketz” e a nossa redenção é dupla.

“Ketz” se refere ao extremo final da escuridão do nosso exílio, “final dos dias”, final do nosso exílio.

E junto a isso, a palavra “Ketz” também está se referindo à uma nova era, a era da Gueulá. “Ketz hayamin, o extremo do bem.

E assim nos conta o Zohar que a palavra Ketz pode estar representando o extremo do bem, e ao contrário, pode também estar representando o extremo do mal.

Esses dois extremos, sendo um o extremo da direita que representa a Hessed, a bondade, e o outro que é o extremo da esquerda que representa a Guevura, a rigidez, são os dois caminhos que temos à nossa frente nesse mundo.

O extremo da direita que é o extremo do bem é citado no final do livro do profeta Daniel, e o extremo da esquerda é citado no livro de Yov (Jó), quando diz que Hashem D’us colocou um final para a escuridão.

Também em relação a Yossef, quando a Torá usa a palavra “Ketz” se referindo ao final dos dois últimos anos que Yossef estava na cadeia encontramos esses dois significados.

Por um lado o versículo está se referindo ao final da “estadia” de Yossef na prisão, e por outro se referindo ao começo da “redenção” de Yossef que se torna o vice-rei do Egito.

Esses dois conceitos, mesmo aparecendo juntos, representam duas coisas totalmente opostas, como nos conta o Tzema’h Tzedek que foi o terceiro Rebe de Lubavitch no seu livro chamado de “explicações sobre o Zohar”:

Diz o Tzema’h Tzedek que “Ketz hayamim representa a parte final da “Klipá”, o extremo do lado ruim, indicando o fortalecimento do lado ruim antes de ele desaparecer totalmente.

Ou seja, o “extremo de baixo” do lado “esquerdo”, o mal em sua maior intensidade.

Enquanto que “Ketz hayamin” representa o supremo bem da Gueulá, da nossa redenção final.

Se trata de dois opostos que chegam ao mesmo tempo. Com o começo do brilho da luz da Gueulá, “Ketz hayamin”, começa também o fortalecimento do mal ao encontro do seu final definitivo. “Ketz hayamim”, a extrema intensidade do mal.

A ligação entre esses dois opostos se encontra em muitas citações dos nossos Sábios, como por exemplo no final do tratado de Sotá que nos conta sobre a depravação que acontece no mundo na época que antecede a Gueulá, e isso vemos hoje com os nossos próprios olhos.

Essas citações aparecem também em algumas partes do tratado de Sanedrin, como por exemplo: “o filho de David não chegará a não ser em uma geração que seja totalmente boa ou totalmente ruim”, nos indicando que a geração da Gueulá vai ser caracterizada por esses dois extremos. Diz o Rebe que eles acontecem simultaneamente.

E qual é realmente a ligação entre esses dois “extremos”?

A separação entre o bem e o mal

O principal problema causado pelo primeiro homem quando ele fez a primeira transgressão foi a mistura entre o bem e o mal. Ele causou a indefinição entre os limites da “luz” e da “escuridão”.

Mesmo no início da criação havia uma realidade de ‘mal’ no mundo como consequência da quebra dos receptáculos do mundo de Tohu, mas esse mal estava separado e isolado, sem nenhum contato e ligação com o lado bom.

Em tal situação, o mal estava claramente definido e as criaturas não cometeriam um erro seguindo algo que é claramente visto como mal, visto como uma coisa negativa.

O que levou ao fortalecimento do mal e da impureza foi o pecado da árvore do conhecimento que misturou os conceitos e criou uma situação em que não há bem sem mal e não há mal sem bem.

Em tal situação, quando não há uma definição clara de quem é bom e de quem é ruim, o mal engana, prevalece e domina. Além disso, o mal entrelaçado na realidade do bem o impede de atingir sua perfeição.

O papel da redenção é acabar com essa mistura e confusão, e criar limites claros e definidos para a realidade do mal como última etapa antes de ele desaparecer totalmente.

Quando a verdade for revelada com a chegada da redenção, o mal será visto em seu verdadeiro estado. A mentira por si só “não tem pernas”, a única coisa que permite a existência da mentira e do engano, é um pouquinho de verdade que existe nela.

Quando essa centelha do bem que existe no mal é removida, o mal perde toda a sua capacidade de existência, e então retorna às suas dimensões originais e verdadeiras.

E assim escreveu Rabi Shneior Zalman que foi nosso primeiro Rebe, “O trabalho do Mashiah vai ser o de separar entre o bem e o mal.

Portanto, a preparação do mundo para a redenção é a de se separar totalmente do mal causando com que o bem e o mal se tornem claramente separados e isolados um do outro.

Dessa forma há até uma vantagem na situação trágica que previram nossos Sábios em relação aos acontecimentos que antecedem a nossa redenção final, situação em que o mal predomina completamente.

Por que dessa forma ele se torna totalmente visível, claro e definido, e está mais exposto ao seu final do que em uma situação na qual o mal está menos forte por estar misturado com o bem.

Por isso dizem nossos Sábios no tratado de Sanedrin que na geração que antecede a Gueulá os governos se tornarão totalmente corruptos, indicando que o mal que se encontra no mundo se tornará cada vez mais “reconhecível”.

E a verdade de que qualquer governo que não se comporta de acordo com o “governo Divino” é uma “corrupção absoluta” estará claramente visível.

A verdadeira crença na unidade de D’us é encontrada apenas entre os judeus. Esta é a preparação para a redenção, quando todos conhecerão a pura verdade e seguirão a verdadeira fé que o nosso povo representa.

Essa também é a explicação para o que disseram nossos Sábios, que Mashia’h chegará em uma geração totalmente boa ou totalmente ruim.

A redenção, conforme mencionado, virá quando o trabalho de diferenciar o bem do mal for concluído.

Nosso trabalho é separar o mal que se misturou com o bem e estabelecer limites claros entre o que é bom e o que é ruim.

Enquanto o bem e o mal estiverem misturados, a redenção completa não pode vir.

Mas virá quando uma das duas possibilidades ocorrer:

Ou nos refinamos causando com que o nosso lado ruim gradativamente nos deixe

Ou, D’us nos livre, o lado ruim nos domina por não encontrar em nós uma resistência compatível com a sua intensidade.

O Rebe nos contou que nos nossos tempos, coisas assustadoras estão acontecendo no mundo, tanto para o bem quanto para o mal.

A começar pela questão da disputas

Hoje em dia vemos disputas até entre tais judeus que nunca foi possível supor que haveria uma disputa entre eles.

Isso causou para eles uma real mudança de perfil, e eles até tentaram disfarçar isso dizendo que tinham entrado nessas discussões por motivos religiosos e etc…

E por outro lado, em relação as coisas boas

Em nossos tempos vemos atos de bondade e amor ao próximo tão grandes que não imaginávamos antes que isso poderia um dia se tornar uma realidade.

Doações para a caridade em tão grande proporção, dedicação tão grande em benefício de outros judeus.

Temos histórias de gerações passadas, e em todas as gerações houve caridade e benevolência entre os judeus, mas nunca tínhamos alcançado níveis tão altos em relação à Tzedaká, em relação a caridade.

E também em relação ao estudo e ensino da Torá

Justamente nas gerações mais recentes conseguimos revelar por meio do intenso estudo da Torá assuntos profundos que ninguém imaginou que poderiam ser decifrados. E não vemos esses assuntos nos livros das gerações anteriores.

Também a forma de ensinar e aprender em nossos tempos é especial, uma nova forma de estudar.

Mas a mudança é tanto para o bem, quanto vice-versa.

Entre os sinais que mencionamos sobre o período da redenção, a questão de “países que se provocam” também aconteceu no passado

Mas hoje em dia a situação nesta categoria é de uma forma que não se imaginava, com uma crueldade desproporcional

Como vemos acontecer na prática em muitos países nesses dias mesmo e que não existia nas gerações anteriores, e ninguém está se importando muito com isso.

Sendo que a nossa Torá é uma Torá “luz”, tudo tem uma resposta na Torá e de forma clara e esclarecedora. E se assim for, a explicação para esta situação alarmante também deve estar na Torá. E em relação a nós, não há necessidade de pesquisar muito, porque a Guemará fala abertamente sobre esse assunto

De acordo com todos os sinais que foram ditos no final do Tratado Sota, nosso tempo está próximo do ‘final dos dias’, tão próximo que não existe mais próximo do que isso, porque nunca houve uma existência real de todos os sinais como nestes dias.

E em relação ao ‘final dos dias’, tempo em que se aplicarão muitas mudanças no mundo até a grande mudança concernente ao mundo inteiro que será a redenção final, está explícito no final do livro do profeta Daniel:

“Muitos se definirão, se purificarão e se retificarão, e os maus farão maldades”.

Termina o profeta Daniel com as palavras: “e os sábios entenderão do que se trata

Ou seja, há coisas que até o final dos tempos existem na realidade, mas não estão claras.

Ou que se tornaram claras, mas ainda estão misturadas com outras coisas e ainda não se separaram delas e por isso ainda não são totalmente reconhecíveis. Ou que já são reconhecíveis mas não de maneira claramente explícita.

Mas, quando chegarem muito perto do final dos dias, e este é um dos principais sinais de que já estamos na etapa em que isso vai começar a acontecer, vai se cumprir a profecia do profeta Daniel de que “Muitos se definirão, se purificarão e se retificarão, e os maus farão maldades”.

Ou seja, não se trata de algo que vai acontecer para um grupo pequeno de pessoas, mas como diz o profeta Daniel, Muitos se definirão, se purificarão e se retificarão, se trata do mundo inteiro. E conclui que “os sábios entenderão”.

Ou seja, para entender porque isso está acontecendo é preciso ser um Sábio, mas para ver que isso está acontecendo, qualquer um pode ver.

O Rebe nos explicou por que existe a necessidade de o bem e o mal se revelarem separadamente em sua maior potência antes da Gueulá, como o mundo inteiro está vendo isso acontecer diariamente.

O motivo para isso, diz o Rebe, é que cada um de nós tem forças ocultas que não poderiam ser refinadas porque não sabíamos da existência delas.

Nessa situação todas as nossas forças ocultas se revelam, se tornam forças reveladas, e se existe nelas um lado ruim que precisa ser refinado.

Ou seja, excluído de nós que somos parte de D’us que é a essência do bem, imediatamente reconhecemos sua existência e o consertamos, ou o excluímos, ou direcionamos ele para o bem.

Não teríamos como retificar nossas forças ocultas se elas não se revelassem e portanto não saberíamos que elas existem.

Porque afinal das contas somos obrigados a refinar o mal das nossas forças ocultas, e se elas continuassem ocultas estaríamos ocupados com outras coisas, mesmo sendo elas coisas boas, e não consertaríamos o que precisamos consertar.

E assim conseguimos entender que quando o profeta Daniel fala sobre essa época de refinamento, ele está nos indicando o lado bom que ela nos traz

Porque somente assim conseguimos descobrir o lado ruim das nossas forças ocultas e fazer nelas o reparo necessário.

O fato de a revelação das nossas forças ocultas acontecer somente agora nessa época está ligado aos dois “extremos”, Ketz hayamim e Ketz hayamin.

Porque à medida que nos aproximamos do “final dos tempos”, do final do nosso exílio, a escuridão no mundo se fortalece e aumenta cada vez mais.

As forças negativas que até agora estavam ocultas se revelam, e por isso há necessidade de revelarmos forças superiores, por meio das quais você pode superar a escuridão e resistir.

E mais uma razão para isso:

Já que nos aproximamos do “Ketz Hayamin”, da nossa redenção final, começa a se materializar o fenômeno do fortalecimento do bem, que também se torna “claro” e se revela em toda a sua intensidade.

Uma das manifestações disso é a descoberta dos segredos da Torá, a Torá oculta, a categoria da Torá que é comparada ao azeite que se transforma em luz.

Por isso, já começamos agora por meio do estudo da Hassidut a provar um pouquinho dos segredos da Torá oculta que o Mashia’h vai nos revelar. A palavra Mashia’h quer dizer ungido, como diz o Tehilim (89/21)

O Rei David escreve no Tehilim (Salmos 90/10) que: “os dias da nossa vida são setenta anos e se forem com Guevurot (durezas) serão oitenta anos”, o versículo continua com as palavras: “a melhor parte desses dias é gasta com esforço e sofrimento porque esses anos passam rápido e voando”. Vemos que a expectativa de vida mundial também oscila em volta desses números.O Zohar nos conta que no momento em que a pessoa falece é dada a ela, a permissão de ver a dimensão que ela não conseguia ver antes. Ela vê seus parentes e amigos que já estão no Gan Éden (Paraíso), e eles se revelam para ela com a aparência que tinham neste mundo para que ela possa reconhecê-los. Se essa pessoa era um “Tzadik” todos vêm alegres ao seu encontro e o cumprimentam com a palavra “Shalom” que quer dizer paz.A palavra Tzadik tem vários significados, e nesse caso se aplica a uma pessoa que passou pelo julgamento do tribunal Divino e saiu vitoriosa. A aplicação desse termo em relação à pessoa que está deixando esse mundo, se refere ao fato de ela ter saído de forma justa do seu julgamento. Passamos por esse julgamento no momento em que a Alma deixa o corpo.Os motivos para uma pessoa sair vitoriosa do julgamento do tribunal Divino, são o fato de ela ter se arrependido em vida das coisas ruins que fez, e por isso receber um grande desconto nos sofrimentos que deveria passar para retificar essas coisas ruins; e também pelo fato de ela ter sofrido “medida por medida” e retificado dessa maneira todo o mal que fez nesse mundo.As coisas boas que uma pessoa fez para ter direito ao Gan Éden (Paraíso Espiritual), raramente se perdem; exceto se tiver se arrependido profundamente de tê-las feito, o que geralmente não acontece. A retificação pelas coisas ruins que fizemos são no máximo “medida por medida”, e não mais do que isso, e não existe castigo eterno. Mas para as coisas boas que fizemos recebemos uma recompensa eterna.Quando a pessoa falece com o mérito da recompensa eterna, ela é recebida com muita alegria pelos seus parentes e amigos que vêm especialmente do Paraíso para recebê-la. Mas se ele não foi um Tzadik, as únicas pessoas que se revelam para ele no momento da morte, são as pessoas ruins que estão sendo temporariamente atordoadas no “gehinon”, o qual é o lugar da retificação das Almas. Nesse caso todos aparecem para ele tristes, o recebem com um grito de dor e se despedem com um grito de dor. Ele olha para eles e os vê como fagulhas que sobem do fogo, e ao vê-los ele também dá um grito de dor.Diz Rabi Shneior Zalman, nosso primeiro Rebe: “sempre devemos nos relacionar aos sofrimentos deste mundo com alegria”. Porque não existe sofrimento de verdade, a não ser o do gehinom. Um pouquinho de sofrimentos neste mundo nos livra dos verdadeiros sofrimentos que são os sofrimentos do gehinom. Mesmo sendo o gehinom limitado a 12 meses e não mais, a intensidade dele é muito grande e uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores sofrimentos aqui nesse mundo.Referente ao nosso assunto (falecimento); depois que todos os parentes e amigos se encontram com muita alegria com a pessoa que faleceu, levam-na para um passeio lá no mundo de cima e mostram o lugar reservado para ela no Gan Éden (Paraíso), depois ela volta para o este mundo, para o enterro do seu corpo.Rabi Yehuda no Zohar, nos conta que após o enterro a Alma ainda continua sete dias neste mundo, e todos esses sete dias ela vai da sua casa para o seu túmulo e do seu túmulo para a sua casa, e fica enlutada pelo seu corpo que morreu. Ela se senta dentro de sua casa e vê que todos estão tristes e enlutados, e fica enlutada com eles também. Depois de sete dias ela vai para o seu caminho. Em primeiro lugar, ela chega ao túmulo dos nossos três patriarcas. Esse lugar fica na cidade de Hevron em Israel e é chamado de Mearat Hama’hpela. Lá, diz o Zohar, ela: “vê o que vê” e “sobe para o lugar que sobe” até chegar ao Gan Éden HaTahton, ao baixo Paraíso. Lá ela encontra os Kruvim que são os anjos guardiões do Gan Éden. Se ela tem o mérito de entrar, eles liberam a entrada dela.A Alma é comparada à Luz, e para ela usufruir do Gan Éden ela precisa de um corpo que é o receptáculo da luz. Da mesma forma que ela precisou do corpo material para interagir aqui no nosso mundo material, ela precisa de um corpo espiritual para usufruir do mundo espiritual, do Gan Éden. Entrando lá ela se encontra com os Anjos Mihael, Gavriel, Uriel e Refael segurando para ela um corpo espiritual lindo feito pelos mandamentos Divinos que ela cumpriu nesse mundo. Aqui no nosso mundo material temos um corpo feito com os elementos básicos que são o fogo, o vento, a água e a terra, no Gan Éden a alma recebe um corpo espiritual feito para ela com quatro elementos básicos espirituais, e no mérito dos Mandamentos que ela cumpriu. Ela se reveste nesse corpo com muita alegria, e assim ela entra no Gan Éden HaTahton, no baixo Paraíso, onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui. Ela fica lá até subir ao Gan Éden HaElion, o alto Paraíso, onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres no Gan Éden HaTahton.Para entendermos essa passagem do Zohar, precisamos primeiro entender o conceito cabalístico de luzes e receptáculos. Hashem (D’us) é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem. O Zohar chama a revelação Divina de “a luz infinita”. A partir do nível chamado de a “essência Divina” começa uma descida, e a primeira etapa dessa descida é a grande ocultação chamada de “o grande tzimtzum” que é a primeira raiz dos “receptáculos”.A partir do nível “Essência Divina”, cada descida de nível nesse desencadeamento, até chegarmos ao nível no qual deixamos de ser o “brilho do Sol no Sol”; e já recebemos nossa identidade própria, e nos tornando “Parte de Hashem”, é um paralelo de “luzes” e “receptáculos” até o mundo de Atzilut onde finalmente começamos a existir,  e nos tornamos “parte de Hashem”. Alma animal e Alma Divina A primeira alma a entrar no nosso corpo é chamada de alma animal, e está vinculada ao sangue. A Guemará nos conta que no momento em que uma mãe engravida, é colocado nesse óvulo uma alma animal do nível deste mundo, onde o bem e o mal estão misturados. Essa alma animal está revestida em todo o corpo, mas a principal revelação dela é no sangue, no lado esquerdo do coração, que bombeia o sangue oxigenado para todo o corpo. Sendo que a alma animal, é uma alma espiritual, podemos fazer transfusões de sangue, transplante de coração, e mesmo assim ela continua no nosso corpo.Uma segunda alma é dada à cada judeu e também à quem faz uma conversão kasher ao judaísmo. Ela já estava vinculada a essa pessoa desde que nasceu. Essa segunda alma é chamada de Alma Divina (Neshamá). No começo ela está no nosso corpo de maneira “envolvente”. Ou seja, ela está no nosso corpo, mas não está “revestida” nele. Portanto, não recebe a influência das coisas “ruins” que fazemos.Quando uma menina faz doze anos ou um menino faz treze anos, nossa Alma Divina, que somos nós próprios, deixa a condição de “envolvente” e se reveste na alma animal, e assim tanto a alma animal quanto o corpo se tornam acessórios da nossa Alma Divina.Toda linguagem na Torá indica um assunto espiritual. Quando D’us coloca essa Alma Divina no primeiro homem é usada a linguagem “soprou”. Diz o Zohar que essa língua é representativa. Quem sopra, sopra o que estava dentro, e quem coloca, coloca o que estava fora. Não está escrito que D’us colocou a Alma no primeiro homem, mas sim que D’us soprou, nos indicando que essa Alma vem da essência Divina e é definida como sendo “uma parte de D’us”.Essa Alma é você!Você que desceu do céu para vencer uma corrida de obstáculos que chamamos de vida, e ganhará por mérito próprio um “baixo paraíso” no qual uma hora equivale a setenta anos dos maiores prazeres neste mundo. Se você se esforçar mais, você ganhará um alto paraíso, onde uma hora equivale a setenta anos no baixo paraíso. E tudo isso como prêmio por fazer o trabalho Divino, meta da corrida de obstáculos.A Neshamá é pura e linda, cada ano que passa ela fica mais refinada e reluzente por meio do nosso cumprimento dos 613 mandamentos Divinos. Poderíamos dizer como exemplo que a cada ano que passa, enquanto o corpo fica mais velho, a Neshamá fica “mais jovem”.O povo de Israel é chamado de “O povo escolhido”. Mas quem participou desse concurso Divino para ser escolhido? Nossa Neshamá não poderia ter participado, sendo que ela é diferente das almas dos povos do mundo.Quem se parece com os povos do mundo? Nosso corpo! Ele foi escolhido! E o que ele ganhou com essa escolha? Ele ganhou Kedushá, ganhou santidade! Quando cumprimos um Mandamento Divino ele recebe Kedushá, ele recebe santidade!A cada Mandamento Divino que cumprimos, nosso corpo e nossa alma animal se tornam mais sagrados e refinados. No futuro, quando ressuscitarmos, este nosso mundo material vai se tornar mais alto Paraiso do que o alto Paraíso, usufruiremos do mais alto nível chamado de Keter de Atzilut. Sendo que esse nível de revelação está acima da raiz da nossa Alma Divina, só conseguiremos usufruir desse nível tão elevado por meio do nosso corpo e da nossa alma animal, pois a raiz deles é o mundo do Tohu que está acima da raiz da nossa Alma Divina. Com o fenômeno espiritual da “quebra dos receptáculos” do mundo de Tohu, tanto nossa alma animal quanto nosso corpo se tornaram “luzes caídas”; mas mantém o vínculo com a sua raiz, e por isso vamos precisar deles no futuro como um filtro para podermos usufruir da intensidade dos prazeres do Keter de Atzilut.Transmigrações da AlmaNossa Neshamá se reencarna quantas vezes for necessário até cumprirmos todos os 613 mandamentos Divinos; e de cada um desses Mandamentos  que cumprimos surge um novo sentido no corpo espiritual que receberemos para podermos usufruir do mundo de cima, do Gan Éden. Da mesma forma que para usufruirmos deste nosso mundo material precisamos de cinco sentidos; para usufruirmos do Gan Éden precisaremos lá de 613 sentidos, sendo que a intensidade dos prazeres do Paraíso espiritual é imensamente maior do que a intensidade dos prazeres deste mundo material e por isso Hashem, D’us, nos deu 613 mandamentos na Torá. Diz o Ari Zal que por esse motivo temos que nos reencarnar até cumprir todos os Mandamentos Divinos, para não nos faltar nenhum desses sentidos no próximo mundo.
Shemot

Nossa Parashá nos conta sobre o exílio do nosso povo no Egito. O Zohar compara esse exílio, e a saída dele, aos nossos exílios posteriores.

O profeta Yeshaiahu (Isaías), descreve a saída do Egito como algo que Hashem (D’us) fez com a maior facilidade. Ele traz um exemplo para entendermos o raciocínio desse assunto:

As guerras antigas no Oriente Médio eram feitas por meio de cavaleiros montados em cavalos.

O profeta Yeshaiahu descreve a revelação Divina no Egito como estando Hashem “montado em uma nuvem leve”.

Após descrever com que leveza Hashem se revelou no Egito, ele descreve que todos os ídolos do Egito se balançaram na frente dele, nos mostrando que Hashem não precisa fazer nenhum “esforço” até para destruir o país mais forte do mundo.

O Zohar explica que todos os governantes mais poderosos do mundo e também todos os seus povos são considerados nada diante de Hashem, como diz o profeta Daniel:

“E todos os habitantes da Terra como um nada são considerados”.

Mesmo que a nossa saída do Egito tenha acontecido por meio de pragas enormes e de maneira sobrenatural, tudo isso é descrito pelo profeta como um “cavalgar em uma nuvem leve”, mostrando que Hashem, não precisa de qualquer esforço para destruir a maior potência mundial.

O que motivou Hashem a se revelar pessoalmente para destruir o Egito, se ele poderia fazer isso por meio de um Anjo ou por meio de qualquer outro fator?

Diz o Zohar que o motivo para isso é que Hashem é comparado ao Rei, e nós somos comparados à Rainha. Por isso o Rei fez questão de vir pessoalmente salvar a Rainha, a fim de demonstrar o seu grande amor por ela.

Dessa mesma forma, Hashem vai se revelar no final do exílio de Edom, o qual é o nosso exílio atual.

Mas sendo que o nosso exílio atual foi mais longo do que os anteriores, e o nosso sofrimento foi mais intenso, a honra que o Rei dará para a Rainha dessa vez será muito maior, e a revelação Divina acontecerá com muito mais intensidade.

Em nossa redenção final, que já está para acontecer, além de o Rei vir pessoalmente salvar a Rainha em honra a ela, ele também mostrará a sua força ao mundo, porque isso enobrece ainda mais a Rainha.

Na redenção da Babilônia, quando as tribos de Yehudá e Beniamin saíram do exílio e construíram o segundo Beit Hamikdash com a autorização do rei da Pérsia, os milagres sobrenaturais não aconteceram;

O motivo para isso, foi que aquela redenção não era uma redenção final, sendo que dez Tribos ainda se mantiveram perdidas, e o comportamento do nosso povo naquela época não justificou que grandes milagres fossem feitos, sendo que eles eram uma parte do nosso povo e estavam misturados aos povos locais.

Diferente do Egito, onde a redenção naquela época aconteceu para todo o nosso povo, que estava diferenciado dos egípcios, “o povo de Israel entrou no Egito e o povo de Israel saiu do Egito”.

Mas no exílio de Edom, nosso exílio atual, Hashem quer revelar a Sua honra no mundo, levantar a Rainha definitivamente e tirar dela todos os vestígios de que um dia ela estava exilada.

Por esse motivo, o atual estado de Israel não representa nem a nossa redenção final, e nem o começo dela, sendo apenas uma grande comunidade judaica.

Haja visto que, o local do nosso futuro Beit Hamikdash, é um patrimônio tombado pela Unesco, onde é negando nosso acesso a ele, e a Judéia (onde estão os túmulos dos nossos patriarcas), devido à autonomia Palestina; estes territórios, os povos do mundo não nos dão o direito de anexar.

O “PARTO DA GUEULÁ”.

Coitado de quem estiver vivendo na época em que acontecer a nossa redenção final, diz o Zohar. Coitado de quem estiver contra nós, quando acontecer a profecia do profeta Yeshaiahu que diz:

“abane o pó, levante-se e sente-se no seu trono Yerushalaim (Jerusalém), tire as correntes que estão prendendo o seu pescoço”.

Quem é o Rei e o povo que poderá desafiar Hashem nessa hora? Pergunta o Zohar.

O Zohar também nos explica que o fato de os ídolos do Egito terem caído frente a mínima revelação Divina, foi devido à anulação lá em cima dos anjos do lado impuro que eram responsáveis pelas forças ocultas da idolatria egípcia;

Fazendo com que elas desaparecessem aqui em baixo, e que o mesmo acontecerá na nossa Gueulá, só que em uma intensidade infinitamente maior.

De todo lugar onde fomos exilados, Hashem vai nos tirar, e não só isso, mas também cobrará daqueles povos o mal que fizeram para nós.

Aqui vemos que também os descendentes dos judeus, que estão misturados com esses povos, incluindo as dez tribos perdidas, vão ser redimidos, e aqueles povos serão castigados por terem nos maltratado.

Da mesma maneira que as gerações que causaram o dilúvio, fizeram a Torre de Bavel e Sodoma e Gomorra, se reencarnaram como o nosso povo no Egito para receber a sua retificação; assim também aqueles povos que nos fizeram o mal, se reencarnarão e eles próprios receberão o castigo que está decretado para eles, sendo que os filhos não pagam pelos pecados dos pais.

Os portugueses e espanhóis que viveram na época da inquisição, aqueles próprios ingleses, franceses e alemães que viveram na época das cruzadas, romanos da época da destruição do segundo Beit Hamikdash, babilônios da época da destruição do primeiro Beit Hamikdash e assírios da época da destruição do reino de Israel; que era o país das nossas dez Tribos perdidas, eles pessoalmente irão desafiar o Mashia’h e receber o castigo pelo que nos fizeram.

Assim como Moshe Rabeinu (Moisés, nosso mestre) não precisou de um exército para lutar contra o faraó, o Mashia’h lutará contra esses povos, com muito mais intensidade, os quais são a reencarnação daquelas pessoas que nos fizeram o mal durante todos os nossos mais de 3.300 anos de história.

O Zohar dá ênfase no castigo que esses povos vão receber, comparando a nossa redenção final à saída do Egito dizendo:

Se até os egípcios que nos receberam entre eles, nos deram a melhor parte do seu país que era a terra de Goshen, e mesmo que nos maltrataram no exílio; contudo não roubaram nossos bens, não roubaram nosso dinheiro e nem a terra que eles nos deram, mas por terem nos maltratado no exílio foram julgados pelo tribunal Divino e receberam todas aquelas pragas.

Quanto mais os Assírios, os babilônios e os romanos que vieram nos atacar sem motivo, nos assassinaram, roubaram nossas terras e nossos bens e nos exilaram em todos os cantos do mundo, nesse caso;

Hashem revelará a Sua honra em sua maior intensidade e o castigo que eles receberão será muito maior do que o que receberam os egípcios antigos.

Logo, vemos que os milagres que vão acontecer em breve em nossos dias, serão infinitamente maiores do que aqueles que aconteceram no Egito, como dizem nossos Sábios:

Serão chamados de milagres relativos a milagres; ou seja, imagine o nosso povo atravessando o Mar Vermelho, como se fosse uma coisa óbvia, e Moshe dizer para eles que daqui a pouco vão acontecer milagres.

Esses milagres têm que ter uma intensidade tão grande, que na frente deles um milagre sobrenatural não seria chamado de milagre!

Por isso diz o profeta Yehezkel que na Gueulá futura, brevemente em nossos dias, Hashem (D’us) vai se revelar em tal nível de grandeza que causará o reconhecimento de todo o mundo.

Não perca o próximo capítulo! 🌻🥰💕 Shabat Shalom!

🌻🌻🌻

Vaerá

Moshe Rabeinu (Moisés, nosso mestre).

Moshe Rabeinu, o maior de todos os profetas, era filho do maior Tzadik da geração, a pessoa mais elevada espiritualmente da sua época. O pai de Moshe se chamava Amram e sua mãe Yoheved. O Zohar nos conta que quando Moshe nasceu, sua casa se encheu de luz. Rabi Meir na Baraita nos conta que quando Moshe nasceu, sua mãe lhe deu o nome de “Tov” que quer dizer “bom”. Essa mesma linguagem aparece na Torá em relação à criação da luz”.

Os astrólogos e feiticeiros do faraó disseram que aquele que iria tirar nosso povo do Egito, receberia um castigo ligado à água. Eles descobriram isso porque tinham um pequeno acesso a “fontes espirituais pouco confiáveis”; ou seja, anjos do lado impuro, “demônios” ligados às idolatrias do Egito antigo. Essas “fontes espirituais negativas” repassaram para os “assessores espirituais” do faraó, inclusive o próprio dia do nascimento de Moshe.

Sendo que essas fontes espirituais eram pouco confiáveis, os magos do Egito não conseguiram saber se Moshe será um judeu ou um egípcio. Eles conseguiram descobrir que Moshe iria receber um castigo devido à água, mas não tinham como saber em qual etapa da vida de Moshe isso ocorreria. Por isso, naquele dia que conforme o cálculo deles, Moshe Rabeinu teria nascido, o faraó decretou jogar todos os bebês recém nascidos no Rio Nilo, tanto judeus quanto não judeus.

Os magos do Egito também não conseguiram descobrir que Moshe já tinha nascido três meses antes, sendo que ele nasceu de sete meses, três meses antes da data que eles previram.

Amram, o pai de Moshe, era um grande Tzadik (uma pessoa altamente elevada espiritualmente) e líder religioso do nosso povo. Ele e Yoheved sabiam o que estava acontecendo no palácio do faraó, e as consequências disso para as crianças do nosso povo.

Yoheved teve uma ideia! Colocou Moshe em uma cestinha impermeável e o colocou no Rio Nilo para que os magos do Egito achassem que ele já havia morrido na água. Miriam, sua irmã, ficou perto para ver o que iria acontecer.

Os feiticeiros do Egito foram informados pelas fontes espirituais do lado impuro que aquele que vai nos tirar do Egito já está na água. Essa era a estratégia dos pais de Moshe, isso era o que eles queriam que acontecesse e conseguiram! Nesse momento, o decreto de jogar todos os bebês no Rio Nilo foi anulado. O faraó chegou a conclusão de que essa criança estava morta, exceto se alguém tivesse tirado ela do Rio, e quem arriscaria a vida para fazer uma coisa dessas?

O Midrash nos conta que a filha do faraó veio naquele dia mergulhar no Rio Nilo para se purificar das idolatrias do seu pai. Dizem nossos Sábios que ela veio se converter ao judaísmo, o Rio Nilo nesse caso foi o Mikve dela.

Quando uma pessoa faz uma coisa boa, nesse mérito Hashem dá a ela a oportunidade de fazer mais uma coisa boa para que ela ganhe mais méritos lá em cima e tenha um paraíso maior no futuro. No mérito de ela ter vindo mergulhar no Rio Nilo para se tornar judia, ela encontrou a cestinha com Moshe que acabara de ser colocada lá; uma verdadeira Divina Providência para os dois.

A princesa observou que Moshe estava chorando, e pediu para suas ajudantes o amamentarem, mas ele não aceitou ser amamentando por elas. Miriam sugeriu para a filha do faraó contratar Yoheved, sua mãe para amamentá-lo, sem contar para ela que Yoheved era a mãe biológica desse nenê. Dessa forma, filha do faraó contratou a mãe de Moshe para amamentá-lo, e quando ele cresceu e desmamou, Yoheved o trouxe para a filha do faraó que o adotou como um filho.

Batya era como se chamava a filha do faraó, a qual deu a criança o nome Moshe. A Torá nos explica que esse nome no hebraico clássico quer dizer que “ele foi tirado da água”.

A DIVINA PROVIDÊNCIA

Rabi Haim Ibn Atar foi um grande Tzadik que nasceu no Marrocos e viveu em Yerushalaim (Jerusalém) há mais de trezentos anos. Ele fez um estudo muito profundo sobre todas as escrituras judaicas, e escreveu uma explicação profunda chamada de Ora’h Haim.

Rabi Haim ibn Atar nos explicou que a filha do faraó não falava hebraico, e também com certeza não gostaria de publicar o fato de ela ter tirado a criança da água para não colocá-la em risco em relação a seu pai. E por isso, quando ela deu esse nome a ele, ela não tinha nenhuma intenção em dizer que ele foi tirado da água. Mesmo assim, a Torá nos revela que o nome de Moshe está nos indicando o fato de ela tê-lo tirado da água e isso chamamos de Divina Providência.

Batya deu esse nome a ele por Divina Providência. Hashem deu a ela a inspiração de dar esse nome na língua dela, porque esse nome na nossa língua tem esse significado, de ela tê-lo tirado da água.

Diz o Zohar que a Divina Providência nesse caso foi muito maior do que a própria Batya poderia imaginar. O nome que ela deu para Moshe não está indicando somente que ela o tirou da água, mas também está nos revelando quem era Moshe em suas vidas anteriores.

A palavra Moshe em hebraico é escrita por meio de três letras

מ = mem

ש = shin

ה = hei

O hebraico clássico, o qual é o idioma original dos dez pronunciamentos que por meio deles Hashem (D’us) criou o mundo, é um idioma escrito da direita para a esquerda. Milhares de anos depois surgiram as escritas europeias que escrevem ao contrário.

Batya, a filha do faraó, deu para Moshe um nome escrito em hieróglifos e não sabia que esse nome em hebraico clássico está indicando que ela o tirou da água e que quando o nome é lido ao contrário, suas iniciais nos mostram as três reencarnações de Moshe.

O Zohar nos conta:

 A letra “hei” que é a última letra no nome de Moshe nos mostra que Moshe em sua primeira reencarnação era Hevel, o Abel da Torá, que foi morto por seu próprio irmão Caim.

A letra “shin” que é a letra do meio no nome de Moshe nos mostra que em sua segunda reencarnação ele era Shet, o filho de Adam e Havá que nasceu 130 anos depois de Hevel ter sido assassinado por Caim.

A letra “mem” que é a primeira letra no nome de Moshe vem nos mostrar que agora, em sua terceira reencarnação, ele é Moshe.

O fato de as duas reencarnações anteriores estarem incluídas no seu nome vem nos mostrar que ele não veio para o mundo somente para cumprir a sua missão como Moshe, mas também para resolver assuntos ligados às reencarnações anteriores também.

Ainda sobre a Divina Providência, o nome Batya que era o nome egípcio da filha do faraó em hebraico quer dizer “filha de D’us” indicando o que nos conta a Guemará que ela não morreu, mas subiu viva para o paraíso superior!

A MISSÃO DOS ASPECTOS “ABEL” E “SHET” DA ALMA DE MOSHE.

Moshe cresceu na família real do Egito, após ter contratado Yoheved, sua mãe para amamentá-lo, a princesa contratou para ele os melhores professores de Torá, e com certamente, o melhor desses professores era o próprio Amram, pai de Moshe, que era o líder daquela geração. Sabemos isso porque quando Moshe cresceu e saiu do palácio do faraó para ver o que estava acontecendo com seu povo, ele viu um egípcio tentando assassinar um judeu a chicotadas.

O versículo usa a linguagem “e viu” duas vezes. Diz o Zohar que aqui se trata de um caso em que ele viu com seu Rua’h Hakodesh, ele olhou e viu com sua visão espiritual. Olhou para o egípcio que estava tentando assassinar aquele judeu e o matou com seu olhar. Por isso está escrito “e viu” pela segunda vez.

Moshe era a reencarnação de Abel, o qual foi assassinado por Caim, o primeiro assassinato da história da humanidade. Um dos motivos que Caim assassinou Abel foi porque quando Caim nasceu, com ele nasceu uma irmã gêmea, e com Abel nasceram duas.

Naquela segunda geração, em um mundo recém-criado, eles se casariam com suas irmãs gêmeas, que naquele caso eram gêmeas tanto de corpo quanto de alma. Sendo assim, Caim teria somente uma esposa, enquanto seu irmão teria duas. Caim assassinou seu irmão por acreditar que ele, como primogênito, teria que ter o dobro de tudo, inclusive o dobro de esposas. Na opinião de Caim, o fato de Abel ter nascido com duas gêmeas foi um erro Divino que pôde ser consertado dessa forma, assassinando Abel.

Os dois se reencarnaram e chegou a hora da retificação do ocorrido. Moshe era a reencarnação de Abel e aquele egípcio que estava tentando assassinar um judeu para roubar sua esposa era a reencarnação do nível Nefesh da Alma de Caim, o nível mais baixo que se reveste no corpo. Ele se reencarnou para retificar o assassinato que fez na reencarnação anterior, e não só que não retificou esse assassinato, mas já estava prestes a repeti-lo  assassinando um judeu para roubar sua esposa.

E foi isso que viu Moshe. Ele olhou para cá e para lá. Diz o Zohar que Moshe viu com seu Rua’h Hakodesh, com sua visão espiritual, o que aquele egípcio fez na reencarnação anterior e viu que, não só que ele não estava retificando o que fez antes, mas também estava repetindo o erro.

Moshe olhou para ele, e ele morreu, fazendo assim a retificação daquela alma na regra chamada de “medida por medida”; ou seja, o que ele fez de errado aconteceu para ele integralmente e sem nenhum desconto, e assim aquela alma ficou retificada sem precisar fazer Teshuvá, sem precisar se arrepender do mal que fez.

Diz o Midrash que Moshe falou um nome de Hashem e a alma do egípcio saiu do corpo. Moshe não teria chegado a esse nível sem que tivesse estudado a Kabala, que não é uma categoria da Torá que dá para estudar sozinho, mas é uma categoria da Torá repassada dentro do nosso povo de mestre para aluno de geração em geração. O que se apresenta como mais uma prova de que Batya contratou Amram, pai de Moshe, para estudar com ele após ter contratado Yoheved sua mãe para amamentá-lo.

O caso de Moshe com o egípcio chegou até o palácio do faraó. Moshe foi condenado a morte e fugiu para Midian, um país que ficava próximo ao Monte Sinai, provavelmente na região onde hoje se encontra a Arábia Saudita.

Chegando ao poço da cidade, local onde os pastores traziam os rebanhos para beber água, as filhas de Ytró chegaram com o rebanho de seu pai sendo hostilizadas pelos pastores de Midian. Moshe as salvou dos pastores, e deu água para o rebanho delas. Quando elas voltaram para casa, Tzipora, filha de Ytró e futura esposa de Moshe, disse a seu pai que um egípcio as salvou dos pastores.

Ela sabia que ele era um judeu porque nosso povo era uma etnia muito diferente da etnia dos egípcios; então, por que ela o chamou de egípcio? Diz o Zohar que aqui também aconteceu um caso de extrema Divina Providência. Muitas vezes nossos Sábios usam uma linguagem chamada de: “profetizou, mas não sabia o que profetizou”. No caso de Tzipora, diz o Zohar que por trás da linguagem dela se encontra uma indicação para a Divina Providência, como aconteceu com Batya em relação ao nome de Moshe.

O que ela “disse sem saber o que disse” é que “um egípcio”, ou seja, o egípcio que Moshe matou e por isso teve que fugir para Midian, ele a salvou dos pastores; ou seja, aquele egípcio fez com que Moshe encontrasse sua alma gêmea e ela o encontrasse também, e ela não precisasse se casar com alguém que estivesse somente procurando uma “ovelha para cuidar”.

O Midrash nos conta que Ytró, que era o sacerdote de Midian, chegou a conclusão de que o judaísmo é a religião verdadeira, deixou a idolatria e se aproximou do judaísmo. Por isso ele foi boicotado pelo seu povo e por isso teve que mandar suas filhas para pastorear o seu rebanho.

Diz o Zohar que Ytró era a reencarnação do lado bom de Caim e sua filha Tzipora era a reencarnação daquela gêmea de Abel, que por causa dela ele foi assassinado por Caim. Agora acontece uma verdadeira retificação de Almas.

Ytró que é a reencarnação de Caim, salva a vida Moshe, sendo a reencarnação de Abel assassinado por ele na reencarnação anterior; e não só isso, mas também devolve para ele sua Alma gêmea que roubou na reencarnação anterior, Tzipora que foi o pivô da briga entre Caim e Abel.

O ARBUSTO INCANDESCENTE

Moshe se tornou o pastor do rebanho de Ytró. Um dia um carneirinho fugiu do rebanho e Moshe correu atrás dele até o Monte Sinai. Daqui vemos a grande proximidade entre o Monte Sinai e Midian, nos mostrando que o Monte Sinai de hoje não é nada mais do que um erro histórico, e com certeza não é o Monte Sinai da Torá.

Quando Moshe alcançou o carneirinho, e no lugar de bater nele como faria qualquer pastor depois de uma corrida dessas, ele o pegou no colo, considerando que o mesmo estava cansado de tanto fugir. Esse era o teste que Moshe precisava passar para se tornar oficialmente o pastor das ovelhas de Hashem, para se tornar o líder do nosso povo.

Moshe era um grande cabalista. Ele viu um arbusto pegando fogo, mas o fogo estava alimentando o arbusto no lugar de destruí-lo. Moshe sabia que isso só pode acontecer nesse mundo quando acontece nele a revelação Divina no nível da Sefirá chamada de “Keter” que está acima das Dez Sefirót. Nela os opostos não só que não se neutralizam mas também se acrescentam.

Moshe se aproximou do arbusto incandescente. Hashem (D’us) se revelou para ele, e pediu para ele tirar os sapatos porque aquele lugar naquele momento era um lugar sagrado devido à revelação Divina que estava acontecendo lá naquele instante. O motivo de tirar os sapatos representa que tudo o que acontecerá na continuação será de maneira sobrenatural.

Hashem pede para Moshe voltar para o Egito para tirar nosso povo de lá. Moshe pergunta para Hashem com qual nome ele vai se revelar no Egito, sendo que cada nome de Hashem representa um nível de revelação Divina diferente. D’us revela para Moshe um nome de quatro letras começando com a letra א Alef . Diz o Ari Zal que esse nome representa a revelação Divina no “Keter”. Ou seja, a revelação Divina no Egito será sobrenatural, chegando até nível “Keter”.

Veremos depois que as dez pragas no Egito vão ter uma ligação com as Dez Sefirót gradativamente e de baixo para cima até chegar à abertura do mar vermelho que está ligada à revelação Divina no nível “Keter”.

COMO AS BONDADES DIVINAS SOBRENATURAIS SE REVELAM NO MUNDO.

Moshe foi para o Egito e repassou o pedido Divino para o faraó usando o nome de Hashem de quatro letras começando pela letra “Yud”. O faraó respondeu que não conhece esse D’us e por isso não vai deixar o nosso povo sair do Egito.

Os egípcios antigos eram os maiores estudiosos de todos os assuntos religiosos, e quando Yossef se encontrou com o faraó, e usou o nome de Hashem nível “Mal’hut” que é a décima Sefirá na qual os povos do mundo também podem ter acesso; o faraó não falou que não conhecia esse D’us. Mas um nível de revelação Divina sobrenatural mostrando a revelação Divina no nível das Sefirót que estão acima da Mal’hut, sendo representado pelo nome de Hashem de quatro letras começando com a letra Yud, esse nível de revelação Divina o faraó não conhecia.

A consequência da conversa que Moshe teve com o faraó foi trágica para o nosso povo. O exílio ficou mais difícil, e a escravidão ficou mais intensa.

Na nossa Parashá, Moshe pergunta para Hashem porque ele causou essa piora e não salvou o nosso povo, e para que ele foi mandado para falar com o faraó se o resultado disso foi o aumento da escravidão? Hashem responde à Moshe que esse nível de revelação Divina não teve precedentes na época dos nossos patriarcas e funciona dessa maneira.

A Gueulá, a redenção do Egito, já havia começado, a Gueulá já havia descido para o mundo, e dessa forma ela começa a se revelar. Quão maior a intensidade do milagre que se aproxima, maiores são os sofrimentos que o antecedem. Se vemos os sofrimentos aumentando, sabemos que o milagre sobrenatural ligado àquele assunto já aterrissou nesse mundo, e depois de ele passar pela etapa de abertura da “embalagem”(uma embalagem de sofrimentos), chegamos à etapa de recebermos o presente que se encontra dentro dela, o qual é a bondade Divina revelada.

Hashem conta para Moshe sobre o nível de revelação Divina que atingiram nossos patriarcas e o nível de revelação Divina extremamente superior que vão acontecer agora….

Não perca o próximo capítulo…

Nossa Parashá começa com as palavras: “venha ao Faraó, porque eu endureci o coração dele, etc.”

Sendo que Hashem está falando com Moshe, sobre o que ele tem de fazer no Egito, a linguagem certa seria “vá ao Faraó” e não como está escrito: “venha ao Faraó”. O motivo pelo qual Hashem endureceu o coração do Faraó, foi para que ele pudesse ter o livre arbítrio em tomar sua própria decisão, sem ser intimidado pelas pragas que Hashem colocou no Egito.

Esse versículo está nos indicando o modo pelo qual D’us endureceu o coração de Faraó, de qual fonte o faraó recebeu toda sua autoconfiança, a ponto de não se deixar intimidar pelas pragas e poder tomar sua própria decisão em relação a nós.

O SEGREDO DO GRANDE CROCODILO

Quando Hashem se revelou a Moshe no Monte Sinai na ocasião do arbusto incandescente, Hashem pediu para Moshe jogar seu cajado no chão. O cajado se transformou em cobra e Moshe pulou de susto. Hashem disse para Moshe pegar a cobra pelo rabo e a cobra voltou a ser um cajado.

Podemos questionar: como pode Moshe ter se assustado com a cobra se ele sabia que o que estava acontecendo naquele momento era um milagre que Hashem? E mais: se Moshe estava com medo da cobra, como pôde ele pegá-la pelo rabo?

Diz o Zohar que por meio daquela cobra Hashem mostrou para Moshe a fonte do mal no mundo superior representado por dez Sefirot impuras, que Moshe teria de enfrentar, e por isso Moshe se assustou.

Mas Hashem mostrou para Moshe que começando a anulação da Klipá pelas forças inferiores dela, ele consegue neutralizá-la sem dificuldade; e por isso Hashem pediu para Moshe pegar a cobra pelo rabo e dessa forma ela voltou a ser cajado, mostrando que ele deve começar a desativar a Klipá pelo lado inferior. E assim foi, as Dez Sefirót do lado puro foram se revelando de baixo para cima, e por meio delas Hashem fez as Dez pragas no Egito.

O CAJADO DE AHARON

Quando Aharon jogou seu cajado na frente dos cajados dos magos do Faraó, o cajado de Aharon se transformou em crocodilo, como traduz Unkelos, demonstrando que podemos desafiar até o nível mais alto da impureza, o nível “keter” do lado impuro. Esse nível mais alto de impureza representado por um grande crocodilo no centro de vários rios, onde o crocodilo representa o lado espiritual da klipá, e os rios representam os receptáculos dessa klipá no esquema corpo-alma.

Quando Hashem pede para Moshe vir ao Faraó, Hashem está chamando Moshe para a fonte de vitalidade do Faraó no mundo superior, representada lá por um grande crocodilo, e por isso Hashem usa a palavra “venha” ao faraó, ao faraó de cima. Sendo que tudo aqui em baixo só acontece após acontecer em sua raiz lá em cima. Para que a nossa redenção final aconteça, no futuro Hashem fará desaparecerem todos os 70 anjos responsáveis pelos 70 povos e desta maneira, acontecerá a Gueulá, mas essa é a etapa final.

Está escrito: “como nos dias de nossa saída do Egito, mostre-nos maravilhas”. Isso quer dizer que, os milagres que irão acontecer em breve em nossos dias, na saída do nosso exílio atual, serão considerados milagres mesmo em relação aos milagres que ocorreram na saída do Egito.

AS TRÊS GUERRAS QUE VÃO ACONTECER ANTES DA NOSSA REDENÇÃO FINAL

O Zohar foi escrito por Rabi Shimon Bar Yohai, na época da Mishná, há quase 2.000 anos, época em que ninguém imaginava que existiria o império árabe no mundo.

Diz o Zohar se referindo à sua própria época, que futuramente os filhos de Ishmael iriam conquistar a Terra Santa em uma época em que ela estaria vazia. E no Zohar nosso Rabi escreveu isso, em uma época em que o Império Romano estava no auge da força e Israel era um Estado importante no Império Romano.

Diz o Zohar que cada ação feita nesse mundo causa uma reação no mundo de cima. E sendo que Ishmael fez o Brit Milá (circuncisão) por Mandamento Divino dado à Avraham, e seus descendentes continuaram essa tradição, eles tiveram um mérito lá em cima.

Mesmo que a circuncisão dos filhos de Ishmael é parcial, diferente da circuncisão judaica, esse mérito deu a eles o direito sobre a Terra Santa na época em que ela estivesse vazia, da mesma forma que a circuncisão deles é vazia por ser incompleta. E assim eles receberam de cima, a permissão de permanecer na Terra Santa por todo o tempo em que ela estivesse vazia, e por isso, diz o Zohar: “durante muito tempo eles impedirão o Povo de Israel de voltar a sua Terra até que termine esse mérito lá em cima.”

O Zohar nos conta que os “Bnei Ishmael” (os filhos de Ishmael), farão três grandes guerras no mundo. Uma no mar, uma na terra e uma próxima a Jerusalém. Todos os “Bnei Edom”, (os descendentes de Essav), os quais são os europeus e suas colônias, vão lutar contra os Bnei Ishmael.

Naquela hora vai se unir aos filhos de Ishmael um povo do final do mundo, e vão guerrear contra os Bnei Edom durante três meses. Vão se reunir lá exércitos de vários povos, mas vão cair nas mãos deles, até que se reúnam todos os filhos de Edom, de todos os cantos do mundo para lutar contra os Bnei Ishmael.

Nessa hora Hashem fará desaparecerem todos os anjos responsáveis por todos os povos no mundo lá em cima, e assim entraremos em nossa redenção final; quando todos os povos voltarão a falar a língua santa e todos conhecerão Hashem. E sobre aquela época está escrito: “D’us será um e o Seu Nome um”. Nunca estivemos tão próximos a essa época!

CURIOSIDADES:

O Tosfot nos conta, que os filhos de Ishmael se misturaram com os persas antigos, que hoje são a região do Irã e Iraque.

O Irã tem grandes pretensões militares como planos do fechamento do estreito de Ormuz que é a entrada para o Golfo Pérsico, o que poderia causar uma grande guerra no mar.

O Irã também está constantemente ameaçando fazer uma invasão à Arábia Saudita, o que poderia causar uma grande batalha na terra.

O Irã está constantemente ameaçando Israel, e a última batalha, diz o Zohar, será próxima a Jerusalém.

Sobre o povo do final do mundo que auxiliará os filhos de Ishmael, vemos hoje que o Irã tem acordos militares com a China e a Coreia do Norte.

Então rezemos forte, para que a Gueulá aconteça imediatamente, em breve, em nossos dias.

Shabat Shalom

Beshala’h

Nossa Parashá nos conta sobre o cântico de agradecimento que Moshe e o povo de Israel cantaram para Hashem (D’us).

No lugar de nos contar que Moshe e o povo de Israel cantaram um cântico para Hashem, a linguagem do versículo é de que Moshe “vai cantar” este cântico. O Zohar nos conta que esse versículo está nos revelando que Moshe ressuscitará e cantar novamente este cântico na nossa redenção final.

A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

A origem da ressurreição na Torá é discutida longamente pela Guemará. Vários versículos são citados como fonte para isso: Como por exemplo, no versículo [במדבר יח כח]: “E você deu a contribuição de Hashem para Aharon o Cohen (o sacerdote)”. Aqui vemos uma alusão a esse assunto.

A categoria de Mandamentos Divinos ligadas à Terra de Israel começou somente depois que a terra foi conquistada e dividida. Nessa época, Aharon já havia falecido e não estava entre os que entraram nela.

Aprendemos desse versículo que ele ressuscitará e entrará na Terra Santa, e lá daremos a ele as contribuições que Hashem pediu para darmos aos Cohanim (aos sacerdotes).

No versículo [שמות פרק ו’ פסוק ש’]: “e também estabeleci a minha aliança com eles para dar a eles a terra de Canaã, a terra onde eles moraram e que nela eles habitavam”.

Esse versículo que Hashem (D’us) disse à Moshe está falando sobre os nossos patriarcas. A Terra de Israel seria dada a seus filhos e não teria como ser dada a eles, sendo que eles já haviam falecido. Aprendemos daqui que eles vão ressuscitar e receber a Terra que Hashem prometeu.

No versículo [.וילך לא, טז.] Hashem (D’us) diz à Moshe: “Você vai se deitar com os seus pais e se levantará…”. Aqui também a Torá nos dá uma indicação sobre a ressurreição dos mortos.

“Do versículo [עקב יא, כא.]: “Para que seus dias e os dias dos seus filhos sejam numerosos sobre a terra que D’us jurou para os seus ancestrais que dará a eles…”. Ou seja, Hashem jurou que dará essa terra aos nossos patriarcas Avraham, Itzhak e Yaacov, e ela ainda não foi dada a eles, sendo que quando recebemos a Terra de Israel eles já não estavam mais vivos. Daqui também aprendemos a ressurreição dos mortos pela Torá.

Também do versículo [דברים ד, ד] “E vocês que estão apegados à Hashem seu D’us vivem todos vocês hoje”. Ou seja, todos vão ressuscitar. A profecia sobre a ressurreição dos mortos é mencionada em muitos lugares nos livros dos profetas. A Gemara em Sanedrin cita muitas fontes dos livros dos profetas nas quais a profecia sobre a ressurreição dos mortos aparece explicitamente.

O profeta Yeshaiahu (Isaías) profetizou: [ישעיה כו, יט.]: “Os mortos viverão…”

A Gemara também explica que a profecia dos “ossos secos”[יחזקאל לז] profetizada por Yehezkel (Ezequiel), é uma profecia explícita sobre a ressurreição dos mortos.

O profeta Daniel também foi informado por D’us sobre a ressurreição dos mortos como diz o versículo (Daniel 12, 2-13) “E muitos do pó da terra se levantarão…”

O Rambam no livro Ressurreição dos Mortos e o Rav Saadia Gaon viram esses versículos como fonte clara da ressurreição dos mortos.

No versículo do Tehilim [ עב, טז ] “E brotarão da cidade (de Jerusalém) como a grama-da-terra”. Por meio desse versículo o Rei David nos indica a ressurreição.

A crença na ressurreição dos mortos é um dos 13 princípios da fé judaica.

O Rebe nos contou que a ressurreição dos mortos acontecerá após a construção do Terceiro Templo, e após todos os judeus do mundo retornarem à Terra Santa, não conforme as fronteiras de hoje, mas segundo as fronteiras dela, determinadas pela Torá.

Esse retorno inclui o retorno das dez Tribos perdidas e também de todos os judeus, que estão misturados com os povos do mundo como consequência das cruzadas, da inquisição, e de outros fatores diversos.

Conforme o Rambam, a ressurreição dos mortos ocorrerá na segunda fase da Gueulá, no segundo período da nossa redenção final. Também o Zohar explica que a volta de todos os judeus espalhados pelo mundo precede a ressurreição dos mortos em quarenta anos.

Nosso Rebe afirma que isso pode acontecer imediatamente no início da redenção. Em relação às palavras de o Zohar, diz o Rebe que, dependendo do nosso mérito, os quarenta anos também podem se tornar quarenta minutos. Como isso pode acontecer? O profeta Eliahu que estará naquela ocasião explicará como foi possível receber esse desconto tão grande depois de ele acontecer.

Certamente este tempo de ressurreição de quarenta anos após a construção do Beit Hamikdash, e a volta de todos os judeus perdidos, é para todo o povo de Israel.

Mas nossos Sábios na Guemará nos contam que os Tzadikim, os quais são as pessoas altamente elevadas espiritualmente, vão ressuscitar imediatamente no início da era do Mashia’h. O Rebe acrescenta que isso inclui todo o povo de Israel, sendo que todo o nosso povo são chamados pelo profeta Yeshaiahu [ישעיה ס, כא] de Tzadikim.

QUEM RESSUSCITARÁ PRIMEIRO?

Rabi Shimon bar Yohai nos conta que as pessoas enterradas na Terra Santa vão ressuscitar primeiro. Depois deles vão ressuscitar todos aqueles do nosso povo que estão enterrados fora da nossa terra, e por final nossos patriarcas ressuscitarão. O motivo de nossos patriarcas e nossas matriarcas ressuscitarem por último, é para que eles tenham a alegria de ver nessa hora toda a terra cheia de Tzadikim e Hassidim.

O Zohar nos conta que os Tzadikim ressuscitarão primeiro e depois todas as outras pessoas. Aqueles que se destacaram no estudo da Torá ressuscitarão antes daqueles que se destacaram no cumprimento das Mitzvot, mas aqueles que eram humildes ressuscitarão antes de todos.

Nosso próprio corpo será ressuscitado e não será criado um novo corpo, sendo que cada um de nós tem um osso microscópio indestrutível chamado de “etzem luz” é a partir dele nosso corpo ressuscita. Os mortos ressuscitarão exatamente como foram sepultados, e com as mesmas roupas com que foram sepultados, mesmo que já tenham há tempo desaparecido.

Aqueles que faleceram com alguma deformidade ressuscitarão daquela forma, mas imediatamente serão totalmente curados e rejuvenescidos.

Almas que reencarnaram neste mundo várias vezes ressuscitarão com cada um dos corpos em que essa Alma se reencarnou. Cada corpo receberá a “parte” da alma, que foi reparada por ele.

O QUE ACONTECERÁ NO MOMENTO DA RESSURREIÇÃO COM AS PESSOAS QUE AINDA ESTARÃO VIVAS NAQUELA HORA?

O Rebe explica segundo a opinião do Zohar que Hashem fará com que cada uma dessas pessoas faleça por um curto período, e então eles serão ressuscitados.

Baseado no versículo [בראשית ג, יט] que diz “ao pó você retornará” a Gemara nos ensina que os Tzadikim retornarão ao pó “uma hora antes da ressurreição dos mortos”.

Mas o Rebe afirma que podemos cumprir essa obrigação de “ao pó você retornará” de maneira espiritual. Por meio da qualidade da humildade atingimos o nível de “e minha alma é como pó para todos”. Na prática, as almas permanecerão nos corpos e entrarão na vida eterna sem precisar morrer e ressuscitar materialmente.

O “DIA DO JUÍZO FINAL” APÓS A RESSURREIÇÃO

O Ari Zal nos conta que o Dia do Grande Julgamento é apenas para as nações do mundo. Diz o Ari Zal que após termos passado em vida pelo dia de Yom Kipur todo ano, e também pelo fato de termos passado por sofrimentos neste mundo e reencarnações para retificar a nossa Alma, estamos totalmente refinados e, portanto isentos do “dia do juízo final”.

E o que acontecerá para aqueles judeus que vão morrer próximos à ressurreição dos mortos e não terão tempo de sofrer ou de retificar suas transgressões por meio de reencarnações?

Diz o Ari Zal que durante aquele longo tempo do grande julgamento em que os povos do mundo estarão sendo julgados, aqueles judeus vão receber um castigo tão grande em um espaço de tempo tão pequeno; que a qualidade do castigo substituirá a quantidade de tempo para que eles possam viver a vida eterna com todos os seus infinitos prazeres.

A PRINCIPAL RECOMPENSA E O PROPÓSITO DA CRIAÇÃO

A ressurreição é o momento em que o mundo alcançará seu pleno propósito. Nesse período, o propósito da criação será concluído, como diz o Midrash: “Fazer uma morada para Hashem (D’us) aqui nesse mundo baixo”.

Uma hora no Gan Éden HaTahton, no baixo Paraíso que é o mundo da Yetzirá, equivale a setenta anos dos maiores prazeres possíveis e imagináveis aqui neste mundo. Também uma hora no Gan Éden HaElion, no alto Paraíso que é o mundo da Briá equivale a setenta anos dos maiores prazeres no Gan Éden HaTahton.

Acima disso se encontra o mundo de Atzilut, e o nível mais alto dele que é o Keter de Atzilut está acima da raiz da nossa Alma.

Por meio do trabalho Divino que fizemos nesse mundo, trouxemos as “luzes envolventes” do Keter para cá , e no futuro tudo isso vai se revelar, fazendo com que esse nosso mundo material se torne mais alto Paraíso do que o próprio alto Paraíso.

Por causa disso, todos os Tzadikim do Gan Éden HaElion(do alto Paraíso) vão querer ressuscitar nesse mundo. O mundo atual é o trabalho e o mundo da ressurreição é o pagamento por esse trabalho. Rezemos forte e fazer tudo o que pudermos para que tudo isso aconteça o mais rápido possível, em breve, em nossos dias!

 

Ytró

Nossa Parashá nos conta sobre a entrega da Torá no Monte Sinai e começa com as palavras “E ouviu Ytró, sacerdote de Midiã, sogro de Moshe, tudo o que fez Hashem (D’us) para Moshe e para Israel seu povo, porque Hashem tirou o povo de Israel do Egito.”

Por que a Torá nos lembra que ele era o sacerdote de Midiã, com o fato de ele ser o sogro de Moshe, se na época em que ele se tornou o sogro de Moshe ele já tinha abandonado a idolatria?

Quando nosso povo saiu do Egito há mais de 3.337 anos atrás, o mundo habitado se encontrava entre o vale do rio Indo e o rio Nilo. Isso era o mundo inteiro e o resto era floresta virgem.

Enquanto o faraó era a maior autoridade civil do mundo, Ytró era a maior autoridade religiosa. Tanto o faraó quanto Ytró tinham reconhecimento internacional, eram temidos e respeitados por todos, e o mundo inteiro alinhava suas escolhas às escolhas deles.

Hashem (D’us) poderia ter dado a Torá antes, mas esperou até o momento em que o mundo estivesse definido e estruturado. Isso aconteceu na época de Moshe, época em que tanto o Faraó quanto Ytró representavam o mundo inteiro e Hashem esperou o reconhecimento deles para entregar a Torá no Monte Sinai.

Na praga do granizo, o faraó declarou que Hashem é o Tzadik e ele e seu povo são transgressores. Isto é, o povo egípcio apoiava totalmente o faraó, e por isso, quando o faraó reconheceu a grandeza de Hashem, ele pôde representar também seu povo nesse reconhecimento.

Quando o mar vermelho se fechou sobre o exército egípcio e todos os soldados egípcios morreram, Hashem (D’us) teve que fazer um milagre dentro de outro milagre para o faraó continuar vivo naquela situação.

O principal motivo para isso foi o fato de Hashem querer o reconhecimento definitivo do faraó que era a maior autoridade civil do mundo. O reconhecimento do faraó era respeitado por todos os governantes do mundo, e assim Hashem recebeu o reconhecimento mundial nos padrões civis.

Sabemos que quando Moshe se casou com Tzipora, filha de Ytró, naquela época Ytró já havia abandonado todas as idolatrias do mundo e se aproximado de Hashem, e por isso ele foi hostilizado pelo seu povo e teve que pedir para suas próprias filhas pastorearem seu rebanho.

Quando Ytró ouviu que o povo de Israel saiu do Egito, ele expressou seu reconhecimento definitivo dizendo: “Agora sei que Hashem é maior do que todos os deuses”, expressando dessa forma que ele é a pessoa autorizada a determinar isso, sendo que ele era a única pessoa no mundo que já havia sido o sacerdote de todos os deuses e, portanto, poderia fazer essa comparação.

Nossos Sábios discutem sobre o que ouviu Ytró, e por causa disso decidiu se converter oficialmente ao judaísmo; e chegaram a conclusão de que o levou a tomar sua decisão definitiva foi o fato de ter chegado a ele a notícia da abertura do mar vermelho e da guerra de Amalek. A expressão de Ytró foi de que “o que eles fizeram aconteceu para eles”. No caso da abertura do mar vermelho podemos entender isso perfeitamente.

Os egípcios assassinaram crianças recém-nascidas jogando-as na água, e no final eles morreram na água, mostrando a justiça Divina de que quando uma pessoa não se arrepende do mal que fez, ela recebe o castigo de “medida por medida”, o que ela fez é feito para ela.

Mas onde vemos o conceito de “medida por medida” citado por Ytró no caso da guerra de Amalek?

A Guemará em San’hedrin 99/b nos conta sobre Timná, irmã de Lotan. Timná pertencia à realeza da sua região. Ela queria se converter ao judaísmo e veio para Avraham, Itzhak e Yaacov, mas eles não a aceitaram.

Por causa disso, ela optou por ser a concubina de Elifaz, que era o primogênito de Essav. Sendo que ela não conseguiu entrar no judaísmo pela porta da frente, ela entrou pela porta de trás! Diz a Guemará que ela preferiu ser uma concubina dentro do nosso povo, a ser uma princesa dentro de outro povo. O filho dela foi Amalek, e a Guemará explica que esse povo é o povo que mais nos faz sofrer. A Guemará conclui que o motivo para isso é que nossos patriarcas não deveriam afastá-la.

Do fato citado, entendemos um detalhe importante no mandamento do extermínio de Amalek. A Guemará nos conta que os netos de Haman, que era descendente de Agag, rei de Amalek, se converteram ao judaísmo e estudaram Torá em Bnei Brak. Daqui vemos que quando um amalequita se converte ao judaísmo ele é considerado exterminado. Em outras palavras, alguém que faz uma conversão verdadeira ao judaísmo, se torna judeu de povo, raça, ascendência e etnia. Ele se torna filho de Avraham Avinu. Se torna judeu retroativamente.

Por isso os netos de Haman foram considerados exterminados. A ascendência deles foi trocada pela nossa. Eles deixaram de existir como Amalek e começaram a existir como filhos e filhas de Avraham.

Foi isso que deduziu Ytró quando disse que “o que eles fizeram”, que não aceitaram a existência de Timná no nosso povo, “aconteceu para eles”, os amalekitas não aceitaram a nossa existência. Mas como vimos no caso dos netos de Haman, podemos reverter isso.

A diferença entre nós e os outros povos foi identificada por Ytró. Ele viu o “medida por medida” que aconteceu aos egípcios, e viu o “medida por medida” que aconteceu para nós. Percebeu claramente que nós não conseguimos chegar ao nível de maldade deles, nível sem conserto, mas que por mais que um judeu afunde, ele não consegue afundar tanto, e sempre ainda sobra a possibilidade de consertar.

O conserto de Cain.

A Torá nos conta que Adam e Havá tiveram três filhos e três filhas. Os dois primeiros filhos foram Caim e Hevel. Diz o Zohar que quando Hashem criou o primeiro homem ele incluía a primeira mulher.

Hashem fez um homem de terra que era um lado homem e o outro lado mulher. Hashem fez o homem adormecer e separou dele o lado mulher. Adam a chamou de Havá porque ela seria a mãe de todas as criaturas, e com ela ele se casou. Em outros termos, Adam e Havá se casaram consigo, sendo que desde o início eles eram uma só pessoa.

Na segunda geração, Cain e Hevel se casaram com suas irmãs, e para isso com Caim nasceu uma irmã gêmea e com Hevel nasceram duas. Diz o Midrash que quando eles tinham quarenta anos, Caim fez um sacrifício para Hashem. Uma oferenda de linho que tem como raiz espiritual a Guevurá lá em cima.

Caim tinha a intenção de fazer a sincronização com o atributo Divino da Guevurá e fazer com que o mundo se conduzisse dessa forma. Hevel fez uma oferenda de lã cuja fonte espiritual é a Hessed. Ele queria fazer a sincronização do mundo com o atributo Divino da Hessed para que esse mundo se tornasse um mundo melhor.

Cain assassinou Hevel por dois motivos. Para roubar uma de suas duas esposas, que Cain achava que pertencia a ele por direito, e para determinar a “linha dura” nos assuntos espirituais.

Depois desse assassinato, Hashem se revelou para Cain e deu a ele sete gerações para retificar sua Alma. Não vimos que isso aconteceu. Na sétima geração Caim foi morto, perdeu aquela oportunidade de se retificar.

Diz o Zohar que Batya, a filha do faraó, deu à Moshe o nome Moshe por Divina Providência. A palavra Moshe em hebraico משה contém as iniciais de três nomes: Hevel, Shet e Moshe. Moshe era a reencarnação de Hevel e Shet, e entre os trabalhos que ele veio fazer nesse mundo estava o conserto de Cain.

Nossa Alma Divina tem cinco níveis, mas somente três deles se revestem nesse mundo. Diz o Ari Zal que o lado bom da Alma Divina de Cain era maior do que o da Alma Divina de Hevel, mas o lado ruim da Alma de Cain era maior do que o lado bom da alma dele. O contrário disso era Hevel. O lado bom da Alma de Hevel não era tão grande quanto o da Alma de Cain, mas o lado ruim da Alma de Hevel era menor do que o lado bom dela.

Ytró era a reencarnação de Cain.

Rabi Shimshon de Ostropoli foi um grande cabalista que viveu na Polônia há 400 anos. Ele nos conta que quando uma pessoa morre assassinada, o conserto da Alma do assassino quando não se arrepende do que fez, tem que ser feito “medida por medida” pela pessoa assassinada.

Assim, Moshe, que era a reencarnação de Hevel, teve que matar o egípcio que era a reencarnação do nível Nefesh de Cain quando esse egípcio estava tentando fazer novamente o que fez na reencarnação anterior, assassinar alguém para roubar sua esposa. Desse modo, Moshe, consertou “medida por medida” o nível mais baixo da Alma de Cain, o nível Nefesh.

Outro motivo que levou Cain a assassinar Hevel, foi para roubar sua função em relação ao trabalho Divino. Kora’h que era a reencarnação do nível Rua’h de Cain, não só que não retificou o que tinha que retificar, mas também tentou assassinar novamente, alegando que Moshe era um falso profeta e consequentemente passível de pena de morte conforme a própria Torá.

Moshe disse para Kora’h que se ele não retrocedesse, e se arrependesse do que estava tentando fazer, a terra iria se abrir. Nossa Alma Divina desce para o mundo com a memória das reencarnações anteriores no seu subconsciente, e por isso Moshe lembrou à Kora’h que a terra iria se abrir. Para lembrá-lo de como ela se abriu para receber o sangue de Hevel quando foi assassinado e tentar retificar isso sem precisar chegar ao extremo de “medida por medida”. Kora’h não retrocedeu e a terra se abriu para ele, e assim, o nível Rua’h de Cain também foi consertado “medida por medida”.

Ytró era o nível mais alto da Alma de Cain, o nível Neshamá. Tzipora era a reencarnação daquela gêmea que foi o pivô do assassinato. Ytró devolveu Tzipora, a esposa de Moshe, para Moshe, consertando o que fez Cain.

Ytró também se converteu ao judaísmo, aceitando Moshe como o responsável por todos os assuntos religiosos do nosso povo.

Ytró também salvou a vida de Moshe com o conselho que deu de dividir o trabalho de Moshe em juízes de 10, de 50, de 100 e de 1.000 pessoas, delegando o trabalho de Moshe para 78.600 juízes, e somente o que eles não conseguiam resolver de forma alguma chegaria até Moshe.

Ytró fez a completa retificação da Alma de Cain, uma Alma cujo lado bom era maior do que a Alma Divina do próprio Moshe, Ytró conseguiu refiná-la.

Por isso nossa Parashá na qual Hashem nos entregou a Torá não é chamada de “Torá”, mas é chamada de Ytró, nos mostrando que o principal da Torá é colocarmos ela na prática.

Mishpatim

Nossa Parashá nos conta sobre a proibição de se comer carne com leite. E sabemos que todo animal impuro é considerado impuro porque tem uma alma animal proveniente de três níveis espirituais impuros chamados pela Kabalá de três “Klipot Tmeot”.

A Alma do homem não consegue elevar o “Nitzutz” (Centelha Divina) , a ínfima Kedushá (Santidade) que faz essa Klipá existir. Esse “Nitzutz” não está revestido na Klipá pelo fato de ela ser uma “Klipá impura”, mas ele dá vida a ela de maneira envolvente sem se revestir nela.

Se não houvesse esse Nitzutz, a klipá não existiria, sendo que Hashem (D’us) é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem. E a coisa ruim só existe enquanto suga a sua vitalidade do lado bom, mas quando esse Nitzutz é tirado da coisa ruim ela não tem mais de onde sugar sua vitalidade e, portanto, desaparece.

Muitas regras na Torá tem exceção, mas a exceção só pode acontecer se a própria Torá trouxer um versículo que determine essa exceção. No caso de comer uma coisa não kasher por motivos de perigo de vida, a Torá “libera”, ou seja, libera o Nitzutz da comida impura que não teríamos capacidade de liberar em uma situação normal.

Se um náufrago judeu se encontra em uma ilha na qual a única coisa que ele tem para comer lá são pequenos lagartos; nesse caso devido ao perigo de vida a Torá libera esses animais impuros e por meio dessa exceção conseguimos liberar o Nitzutz fazendo o lado espiritual ruim desses lagartos desaparecer por não ter de onde sugar a sua vitalidade.

Em todos os casos de perigo de vida esse fenômeno Kabalistico (de conseguir liberar o Nitzutz de maneira não convencional) acontece. Tanto no caso do náufrago que teve que comer lagartos quanto no caso do doente que recebeu do médico um remédio não kasher, em todos os casos em que nossa vida é salva dessa forma nossa Alma Divina recebe uma força especial para conseguir liberar o Nitzutz da comida impura.

Em uma situação normal, que não é um perigo de vida, não temos essa capacidade (liberar o Nitzutz da comida impura). Nesse caso, a comida impura nos baixa para o nível dela, para o nível das três Klipot Tmeot, para as três categorias de impureza espiritual com todas as suas consequências.

A carne cozida com leite é o pior problema no assunto de Kashrut. Essa proibição aparece três vezes na Torá nos ensinando ser proibido para nós, comermos carne com leite, cozinhar carne com leite, mesmo que não comeremos, e por final, ter qualquer proveito de uma carne cozida com leite mesmo que não fomos nós que fizemos essa mistura.

Aqui está se tratando até de uma carne kasher com leite kasher, uma carne que pairava sobre ela uma energia espiritual do lado bom e um leite que pairava sobre ele também uma energia espiritual do lado bom; na hora que eles se misturam, essa energia espiritual do lado bom desaparece e lá se revela a maior impureza possível e imaginável do assunto de Kashrut.

E A PERGUNTA É:

Se até o próprio porco, o qual é a “marca registrada” dos animais impuros, se liberta do seu lado impuro quando alguém precisa comê-lo por motivos de perigo de vida; como pode acontecer esse caso totalmente contrário quando uma carne de animal puro que passou por um abate kasher, e o sangue dele foi tirado depois do abate com sal grosso, ou se expeliu quando essa carne estava sendo assada. Como pode ser que depois disso, se ela for cozida com leite, ela se torna o maior de todos os problemas de Kashrut possíveis e imagináveis?

A EXPLICAÇÃO DO ZOHAR:

Quando Hashem trouxe as dez pragas para o Egito, pediu para Moshe fazer uma ação antes de cada uma delas, para que o castigo do tribunal Divino que se encontra em uma dimensão espiritual desça para o nosso mundo material; o qual é o “mundo da ação”, e por isso Moshe Rabeinu precisou fazer uma ação para a praga se revelar no Egito.

Hashem pediu para Moshe bater com seu cajado nas águas do rio Nilo, para assim ele se transformar em sangue; Moshê respondeu que não poderia dar essa cajadada no rio Nilo porque quando Moshe era nenê sua mãe o colocou em uma cestinha impermeável nesse rio e assim sua vida foi salva. Por isso ele não pôde dar essa cajadada.

Diante do fato citado, Hashem poderia dizer para ele então que o rio Nilo se transformaria em sangue sem a cajadada, mas no lugar disso, Hashem pediu para Moshe falar para Aharon para ele dar a cajadada, e não Moshe. O mesmo aconteceu na praga dos piolhos. Hashem pediu para Moshe jogar a terra do Egito para cima, e assim começaria a praga dos piolhos. Moshe disse para Hashem que não pode ser ingrato com a terra do Egito e por isso não pôde atirá-la para cima.

Nesse caso também, Hashem não fez a praga dos piolhos sem que tivesse uma ação material que sincronizasse a praga com o nosso “mundo da ação”, e pediu para Moshe pedir para Aharon que jogasse a terra para cima, e assim a praga começaria.

Diz o Zohar que exatamente isso acontece na mistura da carne com leite. A raiz do leite lá em cima é a Sefirá chamada de Hessed, a qual é a fonte das bondades. A Hessed é representada pela cor branca.

A raiz espiritual da carne, lá em cima, é a Sefirá chamada de Guevurá, a qual é a fonte das durezas, a fonte das severidades; a Hessed sempre limita a Guevurá e nos salva das calamidades que a Guevurá pode nos causar.

Diz o Zohar que quando comemos carne com leite aqui neste mundo estamos fazendo a ação, dando a “cajadada” que vai neutralizar a Hessed lá em cima, a impedindo de ser um filtro para a Guevurá, que quando não tem o limite da Hessed desce até o fundo do abismo. E por isso, diz o Zohar que, todas as comidas de Nebuzaradã (Nabucodonosor), rei da Babilônia, eram compostas de carne com leite, e assim ele recebia suas energias negativas para fazer todo o mal que ele fazia.

Nebuzaradã mandou dar essa comida para o profeta Daniel, que por sua vez subornou o responsável por ele para não precisar comer nada do palácio do rei. E diz o Zohar que, quando o profeta Daniel foi colocado na cova dos leões, os leões não fizeram nada a ele. Sendo o motivo para isso, o fato de ele não ter comido os derivados de carne com leite que o rei mandava.

Diz o Zohar que isso acontece pelo motivo de termos uma aparência espiritual que nós próprios não vemos, mas que os animais conseguem ver. E se o profeta Daniel tivesse comido a carne com leite que o rei mandava, ele perderia a aparência espiritual de ser humano criado à “imagem e semelhança Divina”; e no lugar disso teria a aparência espiritual do cabritinho, ao qual os demônios também são comparados, e nesse caso os leões o teriam comido.

Conclusão: Coma só kasher, você só tem a ganhar!

🌻🌻🌻🌻🌻

Nossa Parashá começa com as palavras: “E essas são as sentenças que você vai colocar na frente deles”

A Parashá anterior nos contou sobre a entrega da Torá e os de Dez Mandamentos, e aparentemente nossa Parashá está continuando esse assunto com mais detalhes.

Mas se a intenção da nossa Parashá é a de nos ensinar as leis judaicas, por que ela usa a linguagem “sentenças” e não “leis”? Sentenças são a consequência dos julgamentos, considerando que a pessoa já sabia anteriormente a lei, tendo sido sentenciada por tê-la transgredido. Sentenças não são o próprio estudo das leis, mas sim a colocação das leis, na prática.

O LADO REVELADO E O LADO OCULTO DA TORÁ

A Torá tem um lado simples e um lado profundo. Quando a linguagem da Torá não se encaixa exatamente no significado simples, ela está nos indicando que por trás disso há também algo mais profundo.

Um exemplo disso é a linguagem, também na nossa Parashá, “olho por olho, dente por dente, braço por braço, perna por perna, queimadura por queimadura, ferida por ferida”. Essa linguagem é analisada e explicada, e a conclusão é de que ela quer dizer que a indenização por um olho não é a mesma que a indenização por um dente.

Mas jamais a intenção da Torá seria de que se uma pessoa sem dentes quebrasse os dentes de alguém, estaria isento de punição. Ou de que alguém que causou a perda de um olho de outra pessoa, tivesse seu próprio olho arrancado, o que provavelmente também poderia causar a sua morte, que não é a penalidade nesse caso.

Então, por que a Torá já não diz diretamente que aqui está se tratando de indenizações? Por que a Torá não usa uma linguagem direta, mas no lugar disso usa uma linguagem que tem que ser analisada e explicada? O motivo para isso é que essas linguagens vêm nos indicar grandes segredos que estão por trás delas, como explica o Zohar.

Diz o Zohar que nossa Parashá está nos revelando o segredo das reencarnações, o sentenciamento das Almas, e por isso está escrito que essas são as sentenças que você colocará na frente deles.

A lei do escravo judeu, que trabalha seis anos e no sétimo sai livre, representa dois tipos de Alma. Um tipo de Alma que se reencarna para consertar a si própria, representada pelos seis anos de trabalho que indicam seis Sefirot, seis níveis espirituais que ela tem que consertar. Outro tipo de Alma que não tem nada para consertar, mas se reencarna para auxiliar os outros a se consertarem, representada pelo sétimo ano, o qual é o ano da liberdade do escravo na Parashá, indicando a Sefirá chamada de Mal’hut.

A ESTRUTURA DA REENCARNAÇÃO

Quando uma pessoa falece, ou seja, a Alma deixa o corpo e ele se torna um corpo sem vida, devemos enterrá-lo dentro de 24 horas, considerado pela Torá um dia e uma noite.

O motivo para isso, é porque talvez tenha sido decretado para ele se reencarnar novamente imediatamente, naquele mesmo dia que faleceu, para seu próprio benefício; e todo o tempo que o corpo não é enterrado, a Alma não se apresenta na frente de Hashem, e não pode entrar em um segundo corpo para uma segunda reencarnação, sendo que não é dado um segundo corpo para a Alma até que seja enterrado o primeiro.

O SEGUNDO CORPO

O segundo corpo recebe aquela mesma Alma, com o mal que ela fez na reencarnação anterior, e ela deve se refinar nesta segunda reencarnação. Ela deve se separar desse mal ao qual veio ligada.

Conseguimos eliminar esse mal por meio da Teshuvá, e do estudo da Torá; estudando as leis do que é permitido e proibido, do que é puro e do que é impuro, do que é adequado e do que é inadequado, e dessa maneira separamos o mal do bem. E assim, sem o bem para lhe dar a vida, o mal desaparece.

Em último recurso. Se não fizermos Teshuvá (retorno) e estudarmos Torá, esse mal desaparece por meio de sofrimentos relativos ao que fizemos na reencarnação anterior, mas novamente, esse é o último recurso. E por isso, em relação à reencarnação, a linguagem “olho por olho e dente por dente” está exata.

Se ele causou para alguém na reencarnação anterior a perda de um olho ou de um dente e morreu sem fazer Teshuvá. Se não corrigir essa pendência de maneira positiva na reencarnação posterior, ele pode chegar a perder o olho ou o dente na prática.

O motivo de a Teshuvá, e o estudo da Torá, limparem totalmente as pendências da nossa Alma, sem precisarmos de um castigo adicional pelo que fizemos, é porque a própria reencarnação já é um castigo, e já serve para nos purificar. Esse é o motivo, diz o Zohar, que vemos às vezes um Tzadik que tem uma vida difícil. Porque talvez ele já tenha estado alguma vez nesse mundo, mas daquela vez ele não foi muito Tzadik, e faleceu assim, sem fazer Teshuvá. E agora que veio novamente para esse mundo, é cobrado dele o que ele fez da vez passada

PESSOA QUE MUDA DE LUGAR, MUDA O SEU DESTINO PARA MELHOR.

A Guemará nos conta que uma pessoa que muda de lugar, muda o seu destino para melhor. E a fonte da Guemará, é baseada na história do nosso patriarca Avraham Avinu. Hashem diz para ele deixar a sua terra, e a continuação do assunto, é que Hashem fará dele um grande povo, e onde ele morava antes, ele não teria filhos.

Diz o Zohar que uma mudança é considerada uma nova reencarnação. E por isso, diz o Zohar, quando um Tzadik tem que mudar de lugar para lugar, de uma casa para outra, é como se ele tivesse se reencarnado várias vezes, e sobre isso está escrito “e faz bondade milhares de vezes para os seus amados”.

As pessoas ruins, tem direito somente a três reencarnações, três chances de se consertar de maneira positiva. Se fizerem Teshuvá, o exílio limpa os pecados, e as mudanças de lugar para lugar são consideradas para ele, como várias reencarnações, mais do que ele tinha direito, purificando sua Alma mais ainda. E assim ele chega à perfeição da mesma forma que o Tzadik.

Essa mudança de lugar para lugar, são consideradas uma nova reencarnação e purificam mais um pouquinho a nossa Alma; pode ser até uma viagem de férias ou de negócios, sendo que nesse caso você não está na sua casa.

UMA PESSOA RUIM COM UMA VIDA BOA.

Da mesma maneira que existe o Tzadik, que sofre por não ter sido tão Tzadik na reencarnação anterior, existem pessoas que tem uma vida boa agora, por serem pessoas melhores na reencarnação anterior.

Conclusão:

Aprendemos daqui que devemos sempre estar felizes em qualquer situação, mesmo que nossa situação atual não justifique essa felicidade, e nunca devemos questionar o fato de alguém que se comporta pior do que nós estar tendo uma vida melhor do que a nossa; porque quando estamos felizes sem motivo, Hashem nos dá um desconto das pendências anteriores, e nos dá o motivo para estarmos felizes de verdade

 

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Trumá

Nossa Parashá nos conta sobre o pedido Divino ao povo de Israel de doarem para a construção do Mishkan. O Mishkan é traduzido como Tabernáculo, palavra que por sua vez também precisa de uma tradução, então vamos usar para ele a palavra Mishkan mesmo!

A linguagem do versículo é: “pegue para mim (para D’us) uma doação”.

Unkelus bar Kalonikus era filho da irmã do imperador romano Titus que destruiu o segundo Beit Hamikdash e causou um verdadeiro holocausto para o nosso povo.

Unkelus se converteu ao judaísmo e se tornou um “Tâna”, que é o título dado aos grandes Sábios da época da Mishná. Deixou de ser Unkelus bar Kalonikus e se tornou Unkelus ben Avraham Avinu.

Ele traduziu a Torá para o aramaico para facilitar seu entendimento para as mulheres, crianças, e pessoas menos estudadas, tornando a Torá acessível aos menos privilegiados, sendo que o aramaico era a língua falada pela maioria dos judeus da época.

Mesmo havendo na época outras traduções da Torá para o aramaico, a tradução de Unkelus que não é uma tradução literal mas sim explicativa, foi escolhida pelos Sábios de Israel para ser lida toda semana junto com a Parashá, e por isso ela já vem impressa em todo Humash ao lado do texto em hebraico.

Essa tradução foi feita quando Unkelus já estava em um nível espiritual elevadíssimo, o nível de Tzadik.

Ele fez essa tradução por meio de Rua’H hakodesh. Ou seja, ele viu lá no mundo de cima de que forma deveria traduzir aqui no mundo de baixo.

Quando ele chegou a esse versículo que diz “pegar” para Hashem uma doação, ele traduziu “dar” para Hashem uma doação.

Se a explicação para esse “pegar” é “dar”, por que então no texto em hebraico está escrito pegar? Aqui revelamos um segredo oculto da Torá: quando você está dando uma doação, na verdade você está “pegando” para você muito mais.

Ou seja, no mérito da sua doação Hashem (D’us) te dá muito dinheiro.

Hashem pediu para Moshe pedir ao povo de Israel uma doação. Diz o versículo: “De toda pessoa que queira doar de coração pegue para mim uma doação”.

Quando Hashem pede essa doação, o versículo usa a palavra “Trumá” como doação e não a palavra “nedavá” que é a palavra certa para isso, sendo que a palavra “Trumá” quer dizer elevação e a palavra nedavá doação.

A tradução da Torá para o aramaico feita por Unkelus não é uma tradução literal mas sim uma tradução explicativa. Quando ele traduz a palavra Trumá ele não a traduz no seu sentido literal que é o de “elevar” mas traduz como separar que já é a explicação do sentido da palavra nesse caso.

Rashi traz a tradução de Unkelus na sua explicação sobre essa passagem da Torá e conclui que a intenção da palavra Trumá no nosso versículo é a de separar. Ou seja, os doadores vão separar uma parte do seu dinheiro para dar como doação.

Sendo que o versículo explicitamente está falando sobre uma doação, e não está falando sobre levantar alguma coisa, como vimos na tradução de Unkelus trazida também por Rashi, por que então a Torá usa a palavra “Trumá” (elevar) e não a palavra “nedavá” (doar)?

 

צְדָקָה תְרוֹמֵם גּוֹי וְחֶסֶד לְאֻמִּים חַטָּאת

No livro dos provérbios, o rei Salomão usa essa palavra no seu sentido literal: “a Tzedaká eleva o povo”.

Mas o que a Tzedaká eleva mais do que qualquer outro Mandamento Divino a ponto de a nossa Parashá já usar diretamente a palavra elevação no lugar de doação?

O motivo do trabalho

Quando Adam Harishon, o primeiro homem, fez a primeira transgressão, ele perdeu o direito ao paraíso terrestre onde se encontrava, e no lugar disso foi dito a ele:-“Com o suor da sua face você vai comer pão”.

Ou seja, a partir daquele momento ele teria que trabalhar duro para ter o que precisa.

Sendo que precisamos “trabalhar para comer”, acabamos levando o trabalho mais a sério do que as outras coisas.

Colocamos o principal da nossa dedicação e empenho no trabalho, e também perdemos as melhores horas do dia trabalhando.

O trabalho é a única coisa que fazemos “de todo o coração”, a única coisa que nos dedicamos de verdade.

Diz o rei David no Tehilim que os dias da nossa vida são setenta anos e se formos fortes serão oitenta, e no final chegamos a um “mundo melhor”.

Quando já começamos a nos preparar para essa “viagem” pensamos em todo o tempo perdido, toda a grande dedicação e empenho que tivemos no trabalho por medo de não conseguir pagar as contas, quanto tempo levou para ir e voltar do trabalho e quanto tempo ficamos no próprio trabalho.

Chegamos cansados em casa e damos graças a D’us por ter sobrado um pouquinho de tempo para dormir e recuperar as forças para poder ir de manhã novamente para o trabalho e novamente perder o dia inteiro lá.

E só de pensar que no próximo mundo o importante não é o trabalho material que fizemos aqui mas sim o trabalho Divino, e que lá vamos receber o pagamento pelo trabalho Divino e não pelo trabalho material, ficamos abalados.

E esse pagamento não é pouca coisa. Uma hora no baixo Paraíso equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui neste mundo.

Então, com que cara vamos chegar no próximo mundo depois de ter perdido tanto tempo e foco com o trabalho material?

Mas Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e por isso nossa Parashá se chama Trumá e não Nedavá.

Por trás da doação

Não teríamos como fazer uma doação de parte do nosso dinheiro sem ter o dinheiro para fazê-la, e para ter esse dinheiro precisamos viajar até o trabalho, nos dedicar à ele de corpo e Alma, perder nele as melhores horas do dia e os melhores anos da nossa vida.

Mas quando damos uma parte desse dinheiro para a Tzedaká, sendo que ele é a consequência do nosso trabalho, todo nosso trabalho se transforma em Mitzvá.

Ele se torna a parte principal desta Mitzvá, sem ele a Mitzvá não teria como acontecer.

Por isso nossa Parashá chama a doação de “elevação”, nos mostrando que essa Mitzvá eleva todo o nosso trabalho, incluindo o tempo perdido para ir até ele e também para voltar dele, sendo que ele é a parte principal da Mitzvá da Tzedaká.

Então quando terminamos o nosso trabalho e voltamos para casa, podemos dizer confiantes que o dia inteiro estávamos fazendo uma Mitzvá.

Por meio da Tzedaká todo o nosso trabalho se transforma em Mitzvá, todo o nosso trabalho se torna a Mitzvá da Tzedaká.

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Nossa Parashá nos conta que Hashem disse para Moshe pedir para o povo de Israel fazerem doações para a construção do Mishkan e tudo o que era relacionado à ele.

A linguagem do versículo é: “Fale ao povo de Israel e peguem para mim uma doação, de cada pessoa que doar de coração peguem a minha doação”.

Essa linguagem é uma incógnita, sendo que os Mandamentos Divinos não dependem da nossa boa vontade, mas ao contrário, devemos vencer nossas más inclinações e obrigarmos a nós próprios fazermos a vontade Divina mesmo que isso seja contra nossa própria vontade.

Ou seja, mesmo que a nossa vontade é o contrário disso, devemos fazer a vontade Divina.

Então porque logo aqui no assunto das doações é necessário doarmos do fundo do coração?

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que sobre o que é gratuito paira a impureza, e por isso todos os assuntos do lado puro devem ser pagos, para que a impureza não paire sobre eles.

Ou seja, nosso mundo é o mundo da ação, e o que vem de graça é falta de ação.

O profeta antigo tinha que fazer uma ação para que a profecia descesse para esse mundo, ou seja, ela não descia de graça.

Essa explicação justifica automaticamente o motivo de todo o povo de Israel ter tido que participar das doações feitas para a construção do Mishkan e tudo o que foi relacionado à ele.

Sendo que todo o povo de Israel iria usufruir do Mishkan e de tudo o que estava contido nele, todos tiveram que pagar por essa construção para que a impureza não pairasse sobre esse usufruto.

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Nossa Parashá nos conta que Hashem pediu para fazermos uma arca de madeira revestida de ouro maciço por dentro e por fora.

Dentro dela estavam as segundas “Tábuas da Lei”, os Dez Mandamentos lapidados pelo próprio Moshe Rabeinu em pedra preciosa, e de acordo com Rabi Yehuda na Guemará, dentro da Arca, embaixo das segundas “Tábuas da Lei”, estavam também os pedaços das primeiras “Tábuas da Lei”. Sobre a Arca havia uma tampa de ouro maciço com dois anjos de ouro sobre ela.

Hashem pediu para soldar duas argolas de ouro puro em cada lado da arca para passar dentro delas duas varas de madeira revestidas de ouro e por meio delas carregar a Arca quando for preciso.

No deserto a Arca foi carregada sobre os ombros dos Bnei Kehat da tribo de Levi por meio dessas varas.

Não precisamos fazer uma faculdade de engenharia para compreender que só por milagre essas argolas não se soltariam quando a Arca fosse carregada, sendo que o ouro puro é demasiadamente mole para ser utilizado, e por esse motivo geralmente ele é endurecido antes do uso sendo fundido com prata e cobre para que possa ser feito dele uma joia.

Mas o milagre da Arca não foi somente o fato de as argolas de ouro não se soltarem quando a Arca era carregada, o milagre era muitas vezes maior do que isso

Dizem nossos Sábios que, não só que os carregadores não carregavam a Arca, mas era a Arca que carregava seus carregadores.

Sendo assim, porque a Torá pede para anexar as varas revestidas de ouro para que ela possa ser carregada sobre os ombros dos Bnei Kehat dessa forma?

Rabi Hanina Ben Dossa e a pedra que subiu para Yerushaláim

Rabi Hanina Ben Dossa viveu há dois mil anos atrás no norte de Israel. O Midrash nos conta que Rabi Hanina, vendo que as pessoas da sua cidade sempre levavam animais para o Beit Hamikdash, e ele que era uma pessoa extremamente pobre, nunca levava nada, foi para o deserto ao lado da sua cidade decidido a encontrar alguma coisa para doar também, e viu lá uma pedra que seriam necessárias pelo menos cinco pessoas para carregá-la.

Ele cortou, lapidou, talhou, modelou e alinhou aquela pedra até ela ficar prontinha para ser doada para o Beit Hamikdash. Agora que a pedra estava pronta, Rabi Hanina tinha que levá-la para o Beit Hamikdash.

Como dissemos, Rabi Hanina era uma pessoa extremamente pobre. Agora ele precisava de cinco carregadores para levar a pedra para Yerushaláim, mas por um preço que combinasse com o seu bolso.

Ele conseguiu cinco carregadores, mas eles pediram uma exorbitância para fazer esse trabalho. Rabi Hanina não tinha como pagar e os carregadores foram embora.

Rabi Hanina rezou e pediu para Hashem ajudá-lo. Hashem mandou para ele cinco Anjos do céu em forma de carregadores sem que ele soubesse que eram Anjos.

Eles ofereceram carregar a pedra por uma bagatela, mas com uma condição: que ele também fizesse alguma coisa! Mesmo que nesse caso isso não iria ajudar em nada. Eles pediram para Rabi Hanina colocar um dedinho na pedra, como se fosse levantá-la também.

Rabi Hanina colocou o dedo na pedra e milagrosamente naquele mesmo instante eles chegaram em Yerushaláim.

Os “carregadores” misteriosamente desapareceram e nem pegaram o pouco dinheiro que Rabi Hanina queria pagar para eles.

Agora podemos entender porque os Bnei Kehat tinham que colocar um ”dedinho” na Arca como se eles estivessem carregando ela, mas na verdade era ela que os carregava.

Os milagres Divinos funcionam dessa forma. No Egito, para que as dez pragas acontecessem, Moshe e Aharon precisavam fazer alguma coisinha. Seja bater o cajado no rio, ou até mesmo somente incliná-lo em frente ao mar vermelho.

Assim também acontece com cada um de nós. Por maior que seja o milagre que Hashem quer nos fazer, somos obrigados a pelo menos colocar um dedinho da nossa parte para que ele aconteça

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Tetzavê

Nossa Parashá começa com as palavras: “e você vai ordenar”. Essa linguagem não é usual na Torá, sendo que nesse caso esse “e” está adicionando alguém junto à Moshe Rabeinu. Às vezes vemos na Torá que Moshe Rabeinu está falando em uma linguagem, como se fosse Hashem (D’us) falando, e não ele.

Diz o Zohar, é a própria Shehiná (Presença Divina) falando por meio das cordas vocais de Moshe. Às vezes Moshe discute com Hashem (D’us), e pede para Ele desculpar o nosso povo. Nesse caso, Moshe é Moshe e não Hashem falando por meio das cordas vocais de Moshe.

Consoante o Zohar, que a linguagem da nossa Parashá está nos indicando que nesse caso Hashem e Moshe estão falando juntos. E não é Hashem sozinho falando por meio das cordas vocais de Moshe, e nem Moshe sozinho fazendo um pedido para Hashem, mas os dois falando juntos.

Rabi Hiya no Zohar nos conta que todo lugar na Torá que está escrito “e você” está nos indicando que a presença Divina está com ele. Ou seja, este “e” vem nos indicar “alguém e você”, e esse “alguém” é Hashem (D’us).

Rabi Itzhak no Zohar nos explica que essa linguagem aparece para nos indicar que nesse caso a luz de cima e a luz de baixo se unem se tornando uma só.

Moshe Rabeinu cumpriu a missão de repassar ao povo de Israel, os assuntos relacionados à construção do Mishkan, mas, na prática, cada um teve a inspiração Divina causada por essa sincronização entre o mundo de cima e o mundo de baixo.

Cada um dos “Sábios de coração” que trabalharam com a construção do Mishkan, e de todos os seus artefatos, fizeram o que precisava ser feito mesmo nos mínimos detalhes que Moshe Rabeinu não chegou a repassar. E fizeram tudo tão perfeito a ponto de ele próprio se espantar com o fato de tudo ter sido feito como Hashem havia mostrado para ele no Monte Sinai, e não para eles.

Mais a frente, o Zohar nos conta como esse fenômeno espiritual acontece com cada um de nós.

 אי איהו קיימא בנהירו דאנפין מתתא, כדין הכי נהרין ליה מעילא, ואי איהו קיימא בעציבו, יהבין ליה דינא בקבליה

Diz o Zohar que “se estamos com um sorriso aqui embaixo, assim somos iluminados lá de cima”. Em outros termos, Hashem (D’us) nos dá motivo para ficarmos alegres de verdade.  Mas se estamos tristes aqui embaixo (mesmo tendo um motivo justo para ficarmos tristes), trazemos para nós as severidades “lá de cima”.

וּמִמַּעַל לָרָקִיעַ אֲשֶׁר עַל רֹאשָׁם כְּמַרְאֵה אֶבֶן סַפִּיר דְּמוּת כִּסֵּא וְעַל דְּמוּת הַכִּסֵּא דְּמוּת כְּמַרְאֵה אָדָם עָלָיו מִלְמָעְלָה

O Alter Rebe nos traz uma explicação do Maguid de Mezritch sobre o versículo em Yehezkel que diz: “sobre a aparência do trono, uma aparência como a aparência humana”. Diz o Maguid, que isso quer dizer que como nos comportamos aqui em baixo, causamos a revelação Divina lá em cima. Isto significa que, a revelação Divina acontece para nós como a nossa aparência naquele momento.

A descrição do profeta Yehezkel sobre a revelação Divina ser comparada à aparência da pessoa, não é uma coisa material, sendo que Hashem está acima dos conceitos materiais e não tem nenhuma comparação com o material. Mas a intenção é de que a revelação Divina que está sobre o trono reflete espiritualmente nossa aparência aqui em baixo.

Se estamos tristes, mesmo por motivos justos, a revelação Divina em relação a nós é Guevurá. Mas se estamos alegres, a revelação Divina em relação a nós é a Hessed, (bondade) e aí todos os milagres acontecem.

וְאַתָּה תְּצַוֵּה אֶת בְּנֵי יִשְׂרָאֵל

Nossa Parashá começa com as palavras “e você”. Em Parashat Bereshit, Hashem diz aos Anjos “façamos o homem”, e depois Hashem faz o ser humano sem a mínima participação desses Anjos.

Hashem não precisou falar para os Anjos “façamos um boi ou façamos um cavalo, então por que no caso da criação do ser humano Hashem convidou os Anjos para participarem dela mesmo que no final eles não participaram?

Um dos motivos para isso, é para consolar os Anjos, sendo que até aquele momento eles eram as criaturas mais elevadas e agora seria criado o ser humano que seria superior aos Anjos. Assim dizendo, Hashem teve que dizer para eles “façamos o homem” para dar um consolo a eles.

Outro motivo para isso, é porque os Anjos teriam várias responsabilidades em relação a nós, e por humildade Divina Hashem deu uma satisfação para eles, antes de nos criar, oferecendo a eles, até mesmo uma participação na nossa criação.

Na nossa Parashá, a intenção Divina na expressão “e você” é dizer “nós”, por que o versículo já não diz explicitamente “nós”, no mesmo estilo do versículo que fala sobre a criação do homem?

Porque aqui na nossa Parashá o “você”, é a pessoa principal desse versículo, e Hashem aparece como secundário indicado indiretamente por um simples “e”. Nessa mesma Parashá o Zohar traz uma regra profunda que por meio dela podemos entender claramente todos esses porquês.

Diz o Zohar que o mundo de baixo está sincronizado com o mundo de cima, e está sempre dependendo dele para receber de lá tudo o que nosso mundo precisa. Mas tudo o que receberemos dependerá de nós, e não do mundo de cima.

Se aqui nesse mundo estamos com um sorriso no rosto, alegres e felizes, recebemos um sorriso lá de cima, e não precisamos mais nos preocupar com nada, porque somos queridos no mundo de cima e todos os nossos problemas serão resolvidos com muito amor e carinho.

Por isso, diz o Zohar, está escrito no Tehilim que devemos servir à D’us com alegria, porque a alegria da pessoa traz para ela outra alegria superior. Isto é, quando você está triste, você desperta o lado esquerdo do mundo superior, o lado da guevurá (severidade), e atrai para você todos esses “dinim”, todos os decretos ruins que vem retificar a sua Alma da pior maneira possível e consequentemente a mais dolorosa.

Quando você se esforça e fica alegre, mesmo não tendo o mínimo motivo para isso, você desperta o lado direito no mundo superior, o lado da Hessed (a bondade Divina), e Hashem te dá verdadeiros motivos para ficar alegre. Todos os seus problemas são resolvidos com muito amor e carinho, e você recebe todos os motivos do mundo para ser feliz.

Nesse processo, sua Alma é purificada de maneira positiva. Hashem te dá muito dinheiro para dar para a Tzedaká, você consegue fazer muitos favores para muitas pessoas, e purifica a sua Alma dessa maneira sem precisar sofrer. Mas isso não dependerá lá de cima, mas sim de você.

E por isso nossa Parashá coloca a palavra você como principal, e a revelação Divina em segundo plano como algo que te acompanha, e você determina para qual direção ela vai te acompanhar. Você decidirá se Hashem vai se revelar para você como um pai ou como um rei, e isso dependerá somente de você.

Conclusão: Fique sempre alegre, não importa a situação. Você só tem a ganhar!

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AS ROUPAS DO COHEN GADOL.

Muitos segredos se ocultam por trás dessas roupas, como por exemplo o pedido Divino de colocar dentro do Hoshen (peitoral sacerdotal) o Urim e o Tumim. E nas doze pedras preciosas encaixadas no Hoshen estavam gravados os nomes dos doze filhos de Yaakov, patriarcas das treze tribos de Israel (no lugar dos nomes de Efraim e Menashe estava o nome de Yossef). Por trás das pedras preciosas, dentro do Hoshen, estavam o Urim e o Tumim.

Quando surgia uma pergunta de importância pública, como uma dúvida relativa à estratégia de guerra, ou outro assunto público importante, que necessitava de uma resposta Divina explícita, ela era perguntada em frente ao Cohen Gadol que vestia o Hoshen. Nessa hora, por causa do Urim e Tumim, um milagre acontecia com as letras dos nomes lapidados nas pedras preciosas.

Rabi Yohanan na Guemará em Yoma diz que um conjunto de letras se destacava e o Cohen Gadol montava com elas palavras por meio de Rua’H hakodesh (Inspiração Divina). Reish Lakish diz que as letras se moviam milagrosamente e montavam palavras.

O Ramban, Rabi Moshê ben Nahman explica que as letras se iluminavam para o Cohen Gadol, e assim elas se ressaltavam.

Urim e Tumim?

Rashi esclarece que o Urim e o Tumim são o Nome explícito de Hashem escrito e colocado dentro das dobras do Hoshen. E por meio dele, as palavras Hoshen se tornavam perfeitas e iluminadas, e por causa desse Nome de Hashem que estava nele, o Hoshen é chamado de Hoshen Mishpat (peitoral do juízo). Porque por meio dessa escrita, as perguntas eram milagrosamente julgadas e as respostas do Hoshen eram explícitas determinando se fazer ou não fazer o que foi perguntado.

Urim

O Ari Zal explica que o Urim era o Nome de Hashem conhecido como Nome “Mem Beit”, letra Mem e letra Beit do alfabeto hebraico cujo valor numérico delas juntas é 42.

Esse nome é chamado de “Mem Beit” por ser composto pelas iniciais de cada uma das 42 palavras da reza cabalística “Ana Bekoa’h”.

Tumim

O Ari Zal explica que o Tumim era o Nome de Hashem conhecido como “Ain Beit” (72) que é assim chamado por ser o valor numérico do “Milui” (preenchimento) do nome de Hashem de quatro letras conhecido como Tetragrama. Quer dizer, o nome de cada letra é escrito literalmente e o resultado do valor numérico das letras que compõem os nomes das quatro letras é 72.

Quando o Cohen Gadol estava no Mishkan ou no primeiro Beit Hamikdash, esses Nomes se encontravam dentro do Hoshen. Diz o Ari Zal que não era possível fazer perguntas dessa forma a não ser dentro do Beit Hamikdash ou do Mishkan. E por isso o Hoshen de Aviatar, o Cohen que fugiu da cidade de Nov que foi atacada por Shaul e se uniu à David antes de ele ser o rei de Israel, não tinha o Urim e Tumim. Ou seja, David recebia respostas Divinas do Hoshen de Aviatar por meio do Rua’H Hakodesh do próprio David, e não por causa do Urim e Tumim.

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AS ROUPAS DOS COHANIM, OS SACERDOTES DO NOSSO POVO.

Rabi Anani bar Sasson na Guemará nos conta que essas roupas tinham uma característica espiritual muito interessante: elas faziam a reparação das nossas transgressões.

Sendo que D’us é a essência do bem, e a natureza de quem é bom, é fazer o bem, quando tomamos a decisão de não fazer mais uma coisa ruim, e nos arrependemos de tê-la feito, ele nos dá várias oportunidades de retificação para não precisarmos chegar à “medida por medida”. Ou seja, para não precisarmos passar por um sofrimento relativo ao mal que fizemos.

Um exemplo disso é o Shabat que serve como reparação para a transgressão da idolatria.

Imagine um judeu que volta da Índia depois de ter rezado para todas as milhares de estátuas que tem lá, ter feito oferendas para as estátuas e etc. E no final essa pessoa se arrepende de toda a idolatria que fez, e vai perguntar ao Rabino, o que fazer para retificar toda a idolatria que praticou.

:- Rabino, diz a pessoa, eu acabei de voltar de uma peregrinação religiosa de um ano na Índia. Não teve uma estátua que eu não me prostrei na frente dela, que não rezei, ou fiz uma oferenda para ela. Mas agora estou profundamente arrependido de ter feito isso. Como faço para consertar o que fiz? Vou sentar em um formigueiro?

:- D’us nos livre, responde o Rabino. Você vai consertar isso da seguinte maneira:

Compre uma roupa muito bonita para Shabat, faça quatro Chalot (pães para Shabat), compre um peixe bem grande, tire as escamas e prepare ele bem gostoso para Shabat. Compre dois quilos de uva e faça um suco de uva bem gostoso para o kidush. Faça muitas saladinhas e sobremesa, comemore o Shabat com a sua família com muita alegria, e essa é a sua retificação!

:- Mas Rabino, exclama o homem espantado, isso parece mais um prêmio do que um castigo!

:- Você decidiu que não vai mais fazer idolatria? Pergunta o Rabino, se arrependeu do que fez? Agora tem dois jeitos de retificar, um muito bom e o outro muito ruim. Qual você escolhe?

Como nesse exemplo verídico em relação à idolatria, assim também acontece com todas as transgressões da Torá. Previamente temos de tomar a decisão de não fazer a coisa ruim novamente e se arrepender de tê-la feito. Assim, o que sobra é retificar o que fizemos.

Se não retificamos de maneira positiva, essa pendência continua. E quando chega o limite, D’us nos livre, somos retificados contra a nossa vontade, e de maneira negativa, “medida por medida”. Ou seja, o que fizemos de errado conosco.

Rabi Anani nos conta que no livro de Vaykrá a Torá fala sobre os Korbanot, os sacrifícios de animais, e logo em seguida fala sobre as roupas dos Cohanim. Nos indicando que da mesma maneira que os Korbanot vem para retificar as nossas transgressões, dessa mesma maneira as roupas dos Cohanim retificam as nossas transgressões.

Quando essas roupas eram usadas pelo Cohen Gadol no Mishkan que era um Templo móvel, e posteriormente no Beit Hamikdash que era o Templo Sagrado de Jerusalém, cada uma delas reparava um tipo de transgressão diferente.

Cada roupa com a sua função:

●    Ktonet – a túnica do Cohen Gadol, retificava os assassinatos.

●    Mi’hnassaim – a calça do Cohen Gadol, retificava as relações ilícitas.

●    Mitznefet – o turbante do Cohen Gadol, retificava a prepotência.

●    Avnet – o cinturão do Cohen Gadol, retificava os maus pensamentos.

●    Hoshen – a jóia de doze pedras preciosas que o Cohen Gadol tinha sobre o peito, retificava os erros de legislação.

●    Efod – o avental do Cohen Gadol, retificava a idolatria.

●    Meil – o manto do Cohen Gadol, retificava a difamação.

●    Tzitz – como uma tiara de ouro sobre a testa do Cohen Gadol, retificava a arrogância.

A explicação do “Rosh”

Rabeinu Asher bem Yehiel, conhecido como “o Rosh”, nasceu em Colônia na Alemanha antiga aproximadamente no ano de 1250.

O Rosh era descendente do grande rabino, Rabi Eliezer bem Nathan, conhecido como o Raaban. Um dos seus oito filhos foi Rabi Yaacov Baal Haturim, autor do Arba’ah Turim, famoso código de lei judaica.

Seu principal professor foi o grande Rabi Meir de Rothenburg que naquela época vivia em Worms na Alemanha antiga. Naquela época o Rosh também trabalhava com empréstimos e a situação financeira dele era muito boa.

Quando Rabi Meir de Rothenburg foi preso pelo governo, que queria extorquir a comunidade judaica, o Rosh quis pagar uma fiança astronômica exigida por eles para libertá-lo, mas Rabi Meir recusou, com medo de que isso servisse de incentivo para a prisão de outros rabinos.

Após isso, o Rosh assumiu a posição do rabino Meir em Worms. Porém, foi obrigado a emigrar para a França e depois para Toledo na Espanha, onde se tornou o Rabino da cidade por recomendação de Rabi Shlomo ben Aderet conhecido como Rashba.

Rabeinu Asher faleceu em Toledo no ano de 1328. Ele trouxe o espírito Talmúdico rigoroso e estreito da Alemanha antiga para a Espanha antiga.

Em um dos seus comentários sobre a Guemará, o Rosh explica que as roupas do Cohen Gadol não conseguiram retificar as transgressões de idolatria, assassinatos e relações ilícitas na época do primeiro Beit Hamikdash. E o Beit Hamikdash foi destruído e nosso povo exilado para a Babilônia por causa dessas transgressões.

O motivo para isso, explica o Rosh, é que eles não fizeram Teshuvá. Não se arrependeram das atrocidades que tinham feito e não tomaram a decisão de não fazê-las novamente. Mas se tivessem feito Teshuvá, as roupas do Cohen Gadol retificariam as transgressões, o Beit Hamikdash não seria destruído e nosso povo não seria exilado.

Shabat Shalom!
Rabino Gloiber e equipe.

🌻🌻🌻

Ki Tissá

Nossa Parashá nos conta que Hashem disse para Moshe que quando ele precisar contar o nosso povo, cada pessoa deve dar um “resgate” de si próprio para Hashem quando forem contados, e dessa maneira eles não terão uma epidemia por terem sido contados.

A Parashá continua nos contando que cada um deveria dar meio shekel para essa contagem.

Ou seja, o dinheiro seria contado no lugar das pessoas, e assim se saberia quantas pessoas estavam lá sem precisar contá-las.

Rashi explica que o “olho mau” é a revelação da “Sitra Ahara”, do “outro lado”, ou seja, o lado ruim, tem domínio sobre o que é contado e as epidemias vem para as pessoas contadas por causa desse motivo, como aconteceu na época do rei David.

A explicação do Zohar

O Zohar nos explica que a Bênção Divina não paira sobre uma coisa contada medida ou pesada, e por isso foi pedido o “resgate” em dinheiro de cada pessoa que deveria ser contada, e o que foi contado foi o dinheiro do “resgate” e não as pessoas.

Pergunta o Zohar: Porque a morte paira sobre o que foi contado? E ele próprio responde que isso acontece pelo motivo de a Bênção Divina não pairar sobre o que é contado, medido ou pesado.

E sendo que a Bênção Divina abandona o que é contado, o “outro lado” paira sobre aquilo e por isso tem o poder de prejudicar.

Ou seja, quando cada um deu meio shekel, não foi um “prejuízo” para ele, mas um “prejuízo” no lugar dele. Ele perdeu meio shekel mas salvou a própria vida.

Diz o Zohar que o motivo de a Bênção Divina não pairar sobre o que foi contado é porque a “Sitra Ahara” que é o que apelidamos de “olho mau” tem domínio sobre o que foi contado, e se a Bênção Divina estivesse lá a “Sitra Ahara” teria a capacidade de usufruir dela, e por isso Hashem é obrigado a tirar de lá a sua Benção quando a contagem acontece.

Ou seja, se a Bênção Divina caísse nas mãos da “Sitra Ahara”, seria como fazer uma bomba atômica e dar de presente para o inimigo.

O motivo de a “Sitra Ahara” , essa estrutura espiritual negativa que é chamada também de “olho mau”, ter acesso ao que foi contado medido ou pesado, é pelo fato de a contagem do número do peso ou do tamanho causar uma separação, e tudo o que é separado abre um acesso à “Sitra Ahara”.

Antes de algo ser contado, medido ou pesado, ele faz parte do “tudo”, e no “tudo” existe a Benção, porque o “tudo” está unido à raiz e fonte da Bênção, e de lá desce a vitalidade para todos.

Ou seja, no lado bom tudo é unido e no lado ruim todo é separado. O lado bom é infinito e ilimitado e o lado ruim é a fonte dos limites, limite de número de tamanho de peso e etc.

O exílio do Egito foi o nosso maior sofrimento e a palavra Egito, Mitzraiim em hebraico, tem como raiz a palavra metzarim que quer dizer limitações.

Sendo assim, na hora em que algo é contado, medido ou pesado, é oficializada a separação daquilo em relação ao “todo” do qual fazia parte, e essa separação dá acesso à “Sitra Ahara”.

Mas antes disso acontece a saída da Benção Divina para que a “Sitra Ahara” não tenha acesso à ela.

Essa é a regra cabalística em relação a tudo o que é contado, medido ou pesado.

Mas quando Moshe fez todas as contas das doações do Mishkan e de tudo o que foi feito com essas doações, essa regra não se aplicou, sendo que Moshe está ligado ao mundo de Atzilut, o mundo oculto, e a “Sitra Ahara” como vimos só tem acesso ao que é revelado por meio da contagem pesagem ou medida.

Aprendemos na nossa Parashá que quando quisermos contar nosso povo, não devemos contá-lo de maneira convencional porque isso pode atrair coisas negativas, como vimos posteriormente na época do Rei David que após a contagem do povo muitas pessoas faleceram por uma epidemia que surgiu repentinamente.

Na nossa Parashá Hashem pede para cada uma das pessoas que serão contadas doarem meio “Shekel”, e a conta dessas moedas vai nos mostrar o número de pessoas que foram contadas sem precisarmos contá-las de verdade. Esse assunto se aplica aos nossos tempos também e a qualquer quantidade de pessoas judias.

Quando não há uma extrema necessidade de contar as pessoas, podemos contar, como por exemplo dez pessoas para a reza, por meio de um versículo que tem dez palavras, dizendo cada palavra olhando para uma pessoa diferente.

Quando há necessidade de contar, como no caso de um ônibus levando crianças para a escola, contamos as camisas das crianças, e não as próprias crianças. Há muitas formas de saber quantas pessoas estão em um lugar sem precisar contá-las. Então, vamos usar a nossa criatividade!

Quando trabalhamos simplesmente para termos mais bens materiais, estamos “separando para nós”.

Mas quando trabalhamos para Hashem e tudo o que temos vemos como equipamento para o trabalho Divino, estamos ligados à raiz, e a Bênção Divina recai sobre tudo o que fazemos.

Como a Tzedaká transforma todo o nosso trabalho em Mitzvá
Não teríamos como fazer uma doação de parte do nosso dinheiro sem ter o dinheiro para fazê-la, e para ter esse dinheiro precisamos viajar até o trabalho, nos dedicar à ele de corpo e Alma, perder nele as melhores horas do dia e os melhores anos da nossa vida.
Mas quando damos uma parte desse dinheiro para a Tzedaká, sendo que ele é a consequência do nosso trabalho, todo nosso trabalho se transforma em Mitzvá. Ele se torna a parte principal desta Mitzvá, sem ele a Mitzvá não teria como acontecer.

Por isso nossa Torá chama a doação de “elevação”, nos mostrando que essa Mitzvá eleva todo o nosso trabalho, incluindo o tempo perdido para ir até ele e também para voltar dele, sendo que ele é a parte principal da Mitzvá da Tzedaká.

Então quando terminamos o nosso trabalho e voltamos para casa, podemos dizer confiantes que o dia inteiro estávamos fazendo uma Mitzvá. Por meio da Tzedaká todo o nosso trabalho se transforma em Mitzvá, todo o nosso trabalho se torna a Mitzvá da Tzedaká.

Nossa Parashá nos conta que Moshe Rabeinu desceu do monte Sinai com as “Tábuas da Lei”, em hebraico: Luhot Habrit.

A Guemará nos conta que essas Luhot eram dois quadrados de pedra de 48cm de comprimento, 48cm de altura e 24cm de largura ” ou seja , elas eram quadradas.

Em muitos casos elas aparecem arredondadas em cima, fato que não tem nada a ver com a nossa cultura judaica mas tem origem na cultura cristã.

Ou seja, os primeiros livros judaicos impressos após o século 15 foram impressos em gráficas de cristãos, a maioria delas na Itália.

As gráficas costumavam colocar um enfeite na página inicial, e sabendo que estavam imprimindo um livro religioso judaico, colocaram desenhos das “Tábuas da Lei” feitos por artistas de arte sacra cristã como por exemplo Michelangelo, no século 16, que era famoso na época.

Naquela época, a tecnologia de impressão recém descoberta baixava tanto o preço dos livros, que antes eram escritos a mão, que ninguém se importou com os desenhos dos enfeites, contanto que tivessem os livros impressos em hebraico.

Tempos depois, Judeus que nunca tiveram contato com arte sacra cristã acharam que, sendo que este desenho está em um livro judaico antigo, com certeza ele tem uma origem judaica.

E assim essas “Tábuas arredondadas” foram copiadas em todas as sinagogas, lapidadas na parede e no “Aron Hakodesh” que é o armário onde se guarda o Sefer Torá, bordadas na cortina do Aron Hakodesh, no “Meíl” que é o manto do Sefer Torá e na cobertura da “Bimá” que é a mesa na sinagoga onde se lê o Sefer Torá.

Sendo que essas Tábuas redondas estavam em livros e sinagogas antigas, com o tempo todos se acostumaram com elas e acharam que com certeza elas eram um símbolo judaico puro.

Até chegar o Rebe de Lubavitch e revelar essa história para nós, fazendo com que até o rabinato de Israel mudasse seu símbolo, de “Luhot” redondas para “Luhot” quadradas. Então, vamos tirar essas “Tábuas redondas” da nossa cultura!

Milagres revelados demonstrando a presença Divina entre nós

Alguns milagres aconteciam com essas Luhot. A escrita ultrapassava de lado a lado, mas aparecia do lado de trás e do lado da frente da mesma maneira, e as partes internas das letras que não tinham ligação com suas laterais ficavam paradas no ar no meio delas.

Quando Moshe Rabeinu estava nos trazendo as “Luhot”, o povo tinha sido induzido pela “erev rav” a fazer um “bezerro de ouro”, uma idolatria.

Moshe Rabeinu estava descendo do monte Sinai com as “Luhot”, e ao ouvir a festa da idolatria as “Luhot” caíram das suas mãos e se quebraram.

Depois que Moshe conseguiu resolver a situação e a idolatria parou, pediu para Hashem desculpar o povo de Israel pelo acontecido, nos ensinando que o principal da Teshuvá é parar de fazer a coisa ruim e a próxima etapa é pedir desculpas por tê-la feita.

Hashem revelou para Moshe uma mina de safira que, por incrível que pareça, estava embaixo da terra dentro da tenda de Moshe.

Hashem pediu para Moshe lapidar duas “Luhot” como as anteriores e subir novamente ao monte Sinai. No Yom Kipur Moshe desceu com as segundas Luhot.

As novas “Luhot” foram guardadas dentro das “Arca da Aliança” junto com todos os pedaços das primeiras “Luhot” e acompanharam nosso povo até a destruição do primeiro Beit Hamikdash, quando foram escondidas nos túneis que construiu o Rei Salomão, e vão ser reveladas novamente quando Mashiach chegar.

 

O bezerro de ouro

Nossa Parashá nos conta que depois da entrega da Torá no Monte Sinai, Moshe Rabeinu avisou o povo de Israel que iria subir novamente ao Monte Sinai e ficar lá quarenta dias e quarenta noites.

Quando ele deu esse aviso já tinha passado uma parte do dia, e por isso ele não considerou o dia em que subiu como sendo o primeiro dos quarenta dias. O povo contou os quarenta dias incluindo o dia em que Moshe subiu, e por isso, depois de 39 dias eles acharam que chegou o dia de ele descer.

Existe um anjo chamado de “Satan” que em hebraico quer dizer “desviador”. Esse anjo é comparado a um fiscal do governo que entra em uma loja, compra uma coisa barata e diz que não precisa de nota fiscal. Depois disso manda um relatório para o tribunal de contas acusando o dono da loja de não ter dado essa nota fiscal.

Assim também trabalha o Satan, desce e nos seduz a transgredir um Mandamento Divino, e depois disso sobe e nos acusa no tribunal Divino. Delata a transgressão que fizemos mesmo tendo sido causada por ele.

O método de trabalho dele é simples. Quando Hashem (D’us) criou Adam (Adão) e Havá (Eva), o Satan “baixou” na cobra, e todo o tempo que ele estava nela ela falava, era esperta e inteligente. Depois que ele saiu dela, ela voltou a ser o animal irracional que era desde o começo.

Caso fosse perguntado à ele porque ele falou para Havá comer a fruta proibida, ele responderia:- Hashem pediu para não comer aquela fruta e uma “cobra” falou para comer, à quem eles deveriam escutar?

O tribunal Divino dá um limite para ele. Sempre que há uma revelação Divina, o Satan pode fazer alguma coisa paralela somente até aquele mesmo nível de revelação para que haja o livre arbítrio, nos dando a possibilidade de optar entre fazer o que Hashem (D’us) pediu ou fazer o que a cobra pediu.

Ou seja, se o túmulo de um Tzadik foi aberto depois de centenas de anos do seu falecimento e o corpo dele estava intacto como se estivesse vivo, o mesmo tem que acontecer com o túmulo de um sacerdote da idolatria, para podermos ter o livre arbítrio para escolher entre Hashem (D’us) e a idolatria.

Sendo que a revelação Divina que aconteceu com a entrega da Torá nos tirou esse livre arbítrio, porque vimos uma revelação Divina eternamente incontestável, agora chegou a vez do Satan fazer a revelação dele para podermos escolher entre Hashem e a cobra.

E da mesma maneira que na entrega da Torá, Moshe Rabeinu teve uma participação fundamental, Hashem falou os primeiros dois Mandamentos e o povo pediu para Moshe ouvir de Hashem os outros oito Mandamentos e repassar para eles.

Agora chegou a vez do Satan e os representantes dele que naquele momento que eram os feiticeiros da “Erev Rav”.

Agora no lugar de escolher entre Hashem e a cobra vamos ter que escolher entre Hashem e um bezerrinho feito de ouro.

O plano “diabólico”

No começo o Satan fez uma revelação visual. Todos viram no “céu” uma “visão” do “enterro” de Moshe. E como acontece muitas vezes de pessoas verem discos voadores mas nunca conseguirem pegar um desses “marcianos” com as mãos, assim também aconteceu nesse caso.

O Satan mostrou o “enterro de Moshe” acontecendo no Céu, bem longe de alguém que quisesse ir lá para ver se é de verdade ou não.

Aí chegou a equipe dos feiticeiros da “Erev Rav” que fizeram a declaração oficial de que Moshe Rabeinu faleceu e a religião judaica terminou, agora a nova religião vai ser uma estátua, continuação da religião do Egito, país da “Erev Rav”.

E da mesma forma que os cristãos colocaram um “antigo testamento” no cristianismo para dizer que a idolatria deles é nada mais nada menos do que o nosso D’us que nos tirou do Egito, dando assim legitimidade à idolatria deles, assim também a “Erev Rav” precisou de Aharon para ser o Cohen da idolatria e dizer que esse bezerro de ouro é aquele D’us que tirou os judeus do Egito.

Depois de ver os setenta anciãos serem assassinados pela “Erev rav” por não concordarem em fazer idolatria, e depois de ver Hur, o filho de Miriam, também ser assassinado por não concordar em fazer idolatria, Aharon chegou a conclusão de que se matarem ele também, nosso povo estará perdido nas mãos da “Erev rav” e será levado de volta para o Egito sem que o faraó precise fazer o mínimo esforço.

O plano de Aharon

Quando Moshe Rabeinu subiu ao Monte Sinai, Aharon Hacohen e Hur, o filho de Miriam, ficaram responsáveis pelo nosso povo. Aharon Hacohen viu que Hur foi assassinado pela Erev Rav e que não conseguiria impedir a Erev Rav de fazer a idolatria batendo de frente com eles, então planejou sabotar a Erev Rav por dentro.

Ele pediu para os homens trazerem os brincos de ouro das mulheres para fazer a estátua. Ele sabia que as mulheres não iriam doar seus brincos para a idolatria, e assim a Erev Rav iria perder a moral.

E ele tinha razão! As mulheres se recusaram a apoiar a idolatria. Até aqui o plano de Aharon deu certo, mas o que Aharon não esperava que acontecesse foi exatamente o que aconteceu. Os homens arrancaram os brincos das mulheres a força e os trouxeram para fazer a estátua

Diz o Ari Zal que a geração do Mashia’h é a reencarnação da geração que saiu do Egito e morreu no deserto, e o Mashia’h é a reencarnação de Moshe Rabeinu, e por isso essa geração vai ser uma geração de intelectuais a exemplo da geração do deserto que estudou Torá durante quarenta anos.

E a principal característica dessa geração, diz o Ari Zal, vai ser o fato de todas as mulheres mandarem em todos os maridos. E o motivo para isso é o fato de elas terem ido contra a idolatria e os homens terem arrancado delas os brincos a força para doarem para a idolatria. O Rebe diz que essa geração somos nós! Precisamos de mais sinais para sabermos que estamos na geração da Gueulá?

O “yetser hará” da idolatria

A cobra falou para Havá que D’us se tornou D’us porque comeu a fruta da Etz Hadaat, e se eles comessem essa fruta eles também virariam D’us. Eles comeram a fruta proibida para se tornarem D’us, fazendo de si próprios uma idolatria.

Por causa disso, a Alma Divina de Adam Harishon se impurificou e recebeu o que chamamos de “yetzer hará” (mau instinto) da idolatria.

Ou seja, sendo que a raiz da Alma de cada um de nós no seu DNA é a Alma Divina do Adam Harishon, sendo assim todos tinham na própria natureza a vontade de fazer idolatria por causa da auto idolatria de Adam Harishon.

Por isso o povo de Israel foi cúmplice da Erev Rav no bezerro de ouro, e por isso durante 790 anos, desde o falecimento de Josué até a destruição do primeiro Beit Hamikdash o principal problema do nosso povo foi a idolatria.

A Guemará nos conta que os “Anshei Knesset Hagdolá”, que eram os Sábios e profetas que viveram entre a destruição do primeiro Beit Hamikdash e a construção do segundo Beit Hamikdash, fizeram um jejum de três dias e três noites direto, e no final desse jejum pediram na Tefilá para que nesse mérito o “yetzer hará” da idolatria fosse anulado.

Nesse momento caiu um bilhetinho do céu com a palavra “Emet” confirmando essa anulação.

Tem quem diz que foram quarenta jejuns e tem quem diz que eles não precisaram fazer nenhum jejum, mas simplesmente o fato de eles terem instituído as Bênçãos matinais, as rezas que fazemos todos já deu à eles o direito de fazer esse pedido, e essa é a opinião do Hatam Sofer que foi um grande Tzadik que viveu na Hungria há duzentos anos atrás.

E sendo que por meio disso aconteceu novamente o mesmo desequilíbrio espiritual que tinha acontecido com a entrega da Torá, ou seja, o livre arbítrio desequilibrou, Hashem (D’us) teve que reduzir a revelação Divina que acontecia por meio dos profetas para equilibrar novamente o livre arbítrio no mundo.

E por isso, a partir daquele momento não temos mais yetzer hará para fazer idolatria, mas também não temos mais profetas.

Conclusão:

Vamos rezar com muita alegria e pedir para Hashem fazer com que a nossa Gueulá aconteça imediatamente, só temos a ganhar

Vayakhel

Nossa Parashá nos conta sobre os tipos de doações que Hashem (D’us) pediu para Moshe pedir ao povo de Israel

Nesse caso são citadas algumas cores desses materiais que seriam doados para a construção do “Mishkan que era o nosso Templo móvel no deserto, e também para tudo o que estava ligado à ele, incluindo as roupas dos Cohanin que eram os sacerdotes.

Nesse caso a Torá nos traz pequenos detalhes como o fato de certas lãs de carneiro terem sido tingidas com uma tonalidade de vermelho, outras lãs serem tingidas com uma tinta extraída de uma criatura marinha chamada de Hilazon que dava à essa lãs uma tonalidade azul e lãs tingidas com um tipo de tinta chamado de “argaman” que é uma cor polêmica, ninguém ainda conseguiu definir totalmente essa cor

Também foram doadas peles de um animal chamado de Tahash que tinha um só chifre e sua pele tinha uma grande mistura de cores

E sendo que a Torá dá um destaque para as cores das doações que foram feitas para construir o Mishkan, levamos em conta que as cores das doações de ouro, prata e cobre não foram citadas pelo fato de serem a própria cor desses metais, diferente das lãs que foram tingidas

Sendo que o Mishkan e tudo o que era relacionado à ele tinha a função de sincronização entre os mundos de cima e o nosso mundo de baixo que é o “mundo da ação”, com certeza por trás dessas cores havia um motivo espiritual importante que justificava o fato de Hashem pedir para o nosso povo fazer a doação desses materiais especificando suas cores

E não só isso, mas também o fato de a Torá especificar que essas doações estavam sendo pedidas somente para as pessoas que quisessem doar de bom coração e de boa vontade, não deixando claro o motivo desse pedido, sendo que seria difícil verificar quem estava doando de coração e quem estava doando por outros motivos

Ação e intenção

Nosso mundo é o mundo da ação, e por isso os Mandamentos Divinos são uma lista de boas ações que devemos fazer, e más ações que devemos não fazer

Os mundos de cima estão em um nível muito superior, e esse nível superior está ligado à intenção que é mais profunda do que a ação

Sendo que o Mishkan e tudo o que estava relacionado a ele seria uma sincronização entre o mundo da ação e o mundo da intenção, Hashem colocou como condição o fato de as doações do Mishkan terem que ser feitas obrigatoriamente com uma boa intenção

Sendo que não é possível cobrar esse nível de todos, as doações para o Mishkan foram voluntárias para aqueles que estavam doando com intenção, de bom coração e de boa vontade

Enquanto que em outros casos todo o povo de Israel foi convocado a doar, nesse caso, sendo que o Mishkan teria a função de unir entre o mundo da ação e o mundo da intenção, à ação dessa doação precisaria obrigatoriamente conter uma intenção

Sendo que quanto mais elevado o mundo, mais a característica de essência do bem que é a essência Divina está revelada, essas doações deveriam ser feitas de bom coração e de boa vontade

 

As cores na representação das Sefirót

Rabi Moshe ben Yaakov Cordovero, conhecido como “o Ramak” (1522 – 1570) foi um grande cabalista que viveu em Tzfat (Safed) no norte da Galileia na nossa Terra Santa

Aquela época foi marcada pela inquisição espanhola e todo o império otomano que incluía a pequena cidade de Tzfat ficou cheio de judeus refugiados da Espanha

Provavelmente Rabi Moshe também fazia parte de uma família de refugiados, e talvez mais particularmente de Córdoba, devido a seu apelido “Cordovero”, sendo que naquela época ainda não existiam sobrenome

Depois de ter estudado toda a parte revelada das escrituras judaicas com Rabi Yosef Karo que foi o grande Sábio daquela época, aos vinte anos de idade ele se aprofundou no estudo da Kabalá e rapidamente se tornou a grande autoridade nesse assunto

Nos seus 48 anos de vida, ele conseguiu escrever muitos livros, sendo o principal deles chamado de “Pardês”, no qual ele traz, entre muitos assuntos, a ligação entre as cores e as Sefirót do mundo superior

Rabi Moshe Cordovero nos ensinou que toda Sefirá está caracterizada por uma cor. O Zohar chama isso de “tonalidade” evitando usar a palavra cor

O motivo para isso é que, sendo que cada Sefirá se revela com mais intensidade ou menos intensidade, e também a Sefirá se inclina espiritualmente para todas as Sefirót que estão sincronizadas com ela

Essa inclinação pode ser para a direita que são as cinco Sefirót chamadas de cinco bondades, ou para a esquerda que são as cinco Sefirót chamadas de cinco severidades

E sendo que a cor representa o estado em que a Sefirá se encontra naquele momento, e isso depende das nossas boas ou más ações, nunca a Sefirá vai ser representada por uma cor única, mas sempre por uma tonalidade daquela cor que a caracteriza

 

A cor lá em cima vai ser comparada a intenção aqui em baixo

 

Rabi Moshe Cordovero deixa claro que o que a cor aqui em baixo é uma criação material, e quando falamos sobre cores em relação às Sefirót as cores materiais são somente um exemplo em relação à fonte dessas cores no mundo superior

E assim nos conta o Ramak, nosso querido Rabi Moshe Cordovero, que a Sefirá chamada de Hessed que é a fonte da bondade, às vezes é representada pela cor branca, às vezes pela cor prata e às vezes pela cor azul, enquanto que a Sefirá chamada de Guevurá que é a fonte da rigidez varia entre vermelho claro, dourado e vermelho escuro

Esse fato também demonstra que a prata está vinculada a Hessed e o ouro está vinculado a Guevurá

Por isso, para fazer a sincronização espiritual entre o mundo de baixo e o mundo de cima, foram pedidos também ouro e também prata para as pessoas que doassem de bom coração e com uma boa intenção

A função do Mishkan e de tudo o que estava vinculado a ele era a de fazer a harmonia entre as forças ocultas espirituais que são as Sefirót e o nosso mundo material, trazendo para esse nosso mundo material só coisas boas e impedindo as coisas ruins de chegarem aqui

A exemplo da torre de comando do aeroporto que determina o que vai aterrizar e o que não pode aterrizar, assim também o Mishkan dava um acesso para a fartura e abundância do mundo superior “aterrizar” aqui e se transformar em bens materiais, e “segurava no ar” não deixando aterrizar aqui os maus decretos do tribunal Divino, para que tivéssemos tempo de fazer Teshuvá e fazer com que esses maus decretos desaparecessem

Pekudei

Na nossa Parashá Moshe Rabeinu prestou contas de todo o ouro, prata e

cobre doado para construir o Mishkan e todos os objetos necessários para o trabalho que seria feito nele

Diz Rashi que a palavra Mishkan aparece duas vezes no versículo que fala sobre essa contagem, nos indicando os dois Templos de Jerusalém seriam futuramente destruídos, e dando a entender que isso aconteceu por causa dessa contagem

A Guemará em Baba Metzia nos conta que a bênção Divina não recai sobre uma coisa contada, pesada ou medida, o que reforça essa possibilidade

Diz o Zohar que o principal motivo para isso é que a Bênção Divina se encontra onde há união, e o “todo” está conectado à “raiz”

Quando uma coisa é contada, pesada ou medida, ela está sendo separada de um todo e por isso perde a benção

Na prática, esse “todo” é dividido em partes por meio da contagem, fazendo com que a benção Divina não recaia mais sobre ele

Será que isso é o que Rashi está nos indicando dizendo que o fato de a palavra Mishkan aparecer duas vezes no versículo que se refere à contagem das doações dos materiais do Mishkan nos indica que os dois futuros Templos de Jerusalém foram destruídos por causa dessa contagem

“A explicação do “Or Hahaim HaKadosh

O grande Tzadik Rabi Haim ben Atar, conhecido como “Or Hahaim HaKadosh” devido ao seu livro principal chamado de “Or Hahaim” sobre a Torá, nasceu no Marrocos há mais de trezentos anos

Viveu no Marrocos 40 dos seus 47 anos de vida, em uma época conturbada e repleta de problemas como fome e guerras internas que tiveram como consequência perseguições aos judeus que muitas vezes tiveram que fugir de região para região

Rabi Haim ben Atar mudou-se para a Itália com a sua família, onde editou sua maior publicação, o “Or Hahaim”, uma explicação da Torá que lhe deu reconhecimento mundial

O Rebe HaRashab de Lubavitch contou que Rabi Haim ben Atar escreveu seu livro “Or Hahaim” enquanto estudava com as suas filhas Humash com Rashi

Disseram ao Rebe de Lubavitch anterior que Rabi Haim bem Atar não teve filhos, e ele respondeu que temos uma “kabalá”, um recebimento de Rebe para Rebe, que ele não teve filhos homens, mas filhas ele teve, e o seu livro é a coletânea das explicações do Humash que ele estudou com as suas filhas

Rabi Haim organizou na Itália um grupo de doadores para abrir uma Yeshivá na terra de Israel

Mudou-se para a Terra Santa com sua família e seus alunos, e no final da sua curta vida conseguiu abrir duas Yeshivot em Yerushalaim, uma para o estudo da parte oculta da Torá, e uma para o estudo da parte revelada

Rabi Haim nos ensinou que o fato de ter sido usada para a contagem das doações do Mishkan a palavra “Pekudei”, vem nos revelar que essa contagem não só que não retirou a Bênção Divina do que foi contado, mas ao contrário, veio acrescentar muitas e muitas bençãos para os doadores

E quanto mais detalhes foram acrescentados nessa contagem, mais bênçãos receberam os que acrescentaram nessas doações

A palavra Pekudei usada pela nossa Parashá para demonstrar a contagem das doações do Mishkan, é usada pela Torá em caso de grandes bênçãos, como, por exemplo, quando Hashem dá um filho para Sarah, e como sinal de que chegou a hora da redenção do Egito. Mas ela também é usada em casos totalmente contrários a bênçãos

Diz o Or Hahaim que sendo que aqui está se tratando das doações do Mishkan, a palavra “Pekudei” vem nos revelar que nesse caso não há nenhuma aversão Divina, mas ao contrário, grandes bênçãos

E esse é o motivo de que, mesmo que Hashem não pediu para Moshe Rabeinu fazer essa prestação de contas, ele a fez isso para acrescentar Bênçãos Divinas aos doadores do Mishkan, fora as que eles receberam pelo próprio fato de terem doado

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que o motivo para recaírem bênçãos sobre essa contagem foi o fato de o próprio Moshe Rabeinu tê-la feito, e isso foi o que trouxe bênçãos para ela

Mas se não fosse isso, essa contagem não teria saído da regra geral que é de que por meio da contagem separamos algo do “todo” e ele perde as bênçãos

Enquanto uma coisa não é contada, ela faz parte de um todo, e no todo há bênção, porque o todo está ligado à raiz e fonte das bênçãos, e de lá vem a vida para tudo

Por isso, Moshe Rabeinu que era o homem da fé; um homem, que está ligado à raiz a ponto de mesmo quando estava ocupado com assuntos relacionados à natureza desse mundo, (assuntos materiais), continuava todo o tempo consciente e se lembrando de que tudo é de Hashem, e por isso as bênçãos pairaram sobre os seus feitos

E por isso, pelo fato de ele próprio ter feito a contagem, as bênçãos Divinas pairaram sobre o contado

? Será que “mau-olhado” existe de verdade

De uma maneira geral, uma pessoa normal não consegue contar, pesar e medir o que é nosso e comparar com o que é dele, provocando com a própria inveja a separação entre o que é nosso e o “todo”

E o pior é que se acreditarmos que isso possa acontecer realmente, ou seja, acreditarmos que alguém nos colocou um “mau-olhado”, conseguiremos por meio da nossa fé fazer com que a coisa ruim aconteça de verdade. Mas devido à nossa fé e não porque colocaram sobre nós um “mau-olhado”

Mesmo assim devemos evitar as “exceções de regra” não “esnobando” as pessoas à nossa volta, mas nos comportando com “pudor”, ocultando as coisas boas que Hashem nos deu até que elas cresçam e apareçam e não tivermos mais como esconder

Por isso, uma mulher judia não costuma publicar que está grávida até o quinto mês, quando esse fato já fica visível para todos. Claro que podemos contar para nossas mães e sogras, mas é melhor pedir para elas também não publicarem até o quinto mês

Mesmo assim, se o mundo inteiro ficar sabendo, você não deve acreditar em um mau-olhado, porque a sua fé no mau-olhado é o maior motivo para ele acontecer de verdade. Então, por um lado não podemos acreditar no mau-olhado, mas por outro devemos ter pudor em relação aos nossos bens mais valiosos e não ficar nos exibindo para não atrair por engano alguma “exceção de regra”

O principal: não seja você essa pessoa que vai contar, medir e pesar o que os outros têm e comparar com o que você tem

Não seja você essa exceção de regra que pode prejudicar alguém. Não seja você a pessoa que só consegue imaginar uma mão fechada e tem dificuldade em imaginar uma mão aberta

Contando pessoas

Por esse mesmo motivo não devemos contar as pessoas

Para saber se já temos dez pessoas na Sinagoga não fazemos a contagem de um, dois, três, mas falamos o versículo 9 do Tehilim 28 , um versículo que tem dez palavras, e a cada palavra apontamos para uma pessoa diferente

Quando terminamos esse versículo sabemos que temos dez pessoas na Sinagoga

הוֹשִׁיעָה אֶת עַמֶּךָ וּבָרֵךְ אֶת נַחֲלָתֶךָ וּרְעֵם וְנַשְּׂאֵם עַד הָעוֹלָם.

Nossa querida aluna Aziza (Vitória) tem uma escola em Belém do Pará, e quando pergunto a ela quantos alunos ela tem na escola, ela me responde com o número de carteiras ocupadas e não o número de crianças

Observação importante

Não há problema quando você verifica diariamente o extrato do banco, sendo que a escrita e o pensamento não entram nessa regra, mas somente o que foi contado verbalmente. Por isso não há problema em preencher formulários especificando o número de crianças. O problema é só falar o número
explicitamente

As colunas do Mishkan

Somente Moshe Rabeinu conseguiu levantar as colunas do Mishkan

A maior prova para o nosso povo de que Moshe não precisaria prestar contas para eliminar suspeitas foi que quando tudo ficou pronto e ninguém conseguia levantar as colunas do Mishkan somente Moshe conseguiu

Nesse momento Hashem pediu para Moshe fazer como se ele estivesse levantando as colunas e elas se levantaram milagrosamente, mostrando a todos que o Moshe de agora continua o mesmo Moshe de antes, o grande Tzadik que ele sempre foi, longe de qualquer suspeita de desonestidade

A explicação do Kli Yakar

Rabi Shlomo Efraim de Luntshits, conhecido como “Kli Yakar” em nome do seu livro principal; nasceu em Luntshits na Polônia no ano de 1540 sendo considerado um dos maiores rabinos da época, comparado ao Maharal de Praga que fez o Golem e ao Rabi Yeshayahu Horovitz de Praga conhecido como Shl’o em nome do seu livro principal

Após o falecimento do Maharal de Praga, Rabi Shlomo Efraim se tornou o Rabino de Praga com o Shl’o

Ele nos explicou que da mesma maneira que Hashem pediu para Moshe se ocupar com o levantamento do Mishkan e Hashem “fez acontecer”, assim também Hashem faz com cada um de nós.

A nossa parte nesse mundo é somente a de nos ocupar com o que precisamos fazer, e a parte de Hashem é “fazer acontecer”. Nós começamos, e Hashem termina

Então, muita fé e mãos à obra

Vaykrá

Nossa Parashá começa com a palavra Vaykrá (e chamou) fazendo com que

essa palavra se torne tanto o nome da nossa Parashá quanto o nome desse nosso terceiro livro do Pentateuco

Algumas letras no Sefer Torá são escritas obrigatoriamente maiores do que o normal, e algumas são escritas obrigatoriamente pequenas

Uma dessas letras aparece na nossa Parashá, uma letra “Alef” pequena, sendo a última letra da palavra Vaykrá

Quando o terceiro Rebe de Lubavitch era uma criança e fez três aninhos de idade, seu avô, o “Baal HaTanya”, o levou ao “Heider” (escolinha de meninos) e pediu para o “Melamed” (professor dos meninos) estudar com ele a primeira parte da nossa Parashá, Vaykrá, como é o costume Judaico quando uma criança entra pela primeira vez na escola

Após estudar, a criança perguntou ao avô por que a letra “Alef” da palavra Vaykrá é pequena

A pergunta da criança despertou no Baal HaTanya um profundo entusiasmo de devoção, e depois de alguns instantes explicou

A Torá tem letras normais, tem letras pequenas como essa da nossa Parashá, e letras grandes como a letra “Alef” da palavra “Adam” (no livro Divrei Hayamim)

Tanto o Adam do “Alef” grande, quanto Moshe Rabeinu do “Alef” pequeno, foram pessoas que existiram com grandes méritos, mas por humildade, Moshe Rabeinu utilizou o “Alef” pequeno referindo-se a si

Adam foi criado pessoalmente por D’us e dele saiu toda a humanidade. Moshe Rabeinu foi o que recebeu a Torá diretamente de Hashem, falou com D’us face à face

Mas Moshe Rabeinu, mesmo tendo toda essa grandeza, a Torá testemunha sobre ele que ele era o mais humilde de todas as pessoas do mundo

Moshe Rabeinu era filho de Amram, o líder da geração. D’us se revelou para ele na ocasião do “arbusto incandescente”, e D’us o chamou para subir ao monte Sinai, etc., e depois de tudo isso como ele conseguiu se manter humilde

Moshe imaginou que qualquer outra pessoa que estivesse nessas mesmas circunstâncias que ele estava, e tivesse tido essas mesmas oportunidades que ele teve, teria feito muito melhor do que ele. Chegaria a níveis muito mais elevados, e aproveitaria essas dádivas Divinas de uma maneira muito melhor

Por isso, nesse versículo que está expressando o carinho que D’us tinha por Moshe, “e chamou Moshe”, a letra Alef é pequena, mostrando a humildade de Moshe Rabeinu

Temos que aprender com Moshe Rabeinu e começar a pensar dessa forma também

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A explicação do Kli Yakar sobre o Alef pequeno

Rabi Shlomo Efraim ben Aharon conhecido como o “Kli Yakar”, nasceu na cidade de Luntschitz, na Polônia por volta do ano de 1550. Estudou com o famoso Maharshal, Rabi Shlomo Lúria, e depois disso foi rabino da cidade de Lvov durante 25 anos

Desde jovem foi conhecido como grande orador e ficou famoso por suas palestras cheias de conteúdo e entusiasmo

Em 1601 ficou gravemente doente. Por esse motivo adicionou o nome Shlomo ao seu nome que originalmente era Efraim, e prometeu para Hashem (D’us) que se ele sobrevivesse, iria escrever um comentário sobre a Torá. Rabi Shlomo Efraim sobreviveu à sua doença, e no ano seguinte escreveu e publicou seu livro chamado de Kli Yakar

O livro se tornou imediatamente popular em todo o mundo judaico e foi sua publicação mais famosa a ponto de, como acontece com muitos outros grandes rabinos, Rabi Shlomo Efraim ser agora conhecido simplesmente como o Kli Yakar

No ano seguinte à publicação do Kli Yakar, Rabi Shlomo Efraim foi nomeado rabino-chefe da grande cidade de Praga, onde também serviu como Rosh Yeshiva (diretor do seminário rabínico) e Rabino chefe do Beit Din (tribunal rabínico)

Rabi Shlomo Efraim faleceu em 1619. Seu filho e seus netos seguiram seus passos, mantendo também a posição estimada de rabino-chefe de Praga. Entre seus alunos mais famosos estava o rabino Yom Tov Lipman Heller, também conhecido como Tosfot Yom Tov

O “Kli Yakar” explica que o fato de a letra “Alef” aparecer menor na nossa Parashá, vem nos indicar que aqui está havendo uma comparação em um certo aspecto entre a profecia de Moshe Rabeinu e a profecia de Bil’am

O Midrash nos conta que não existiu um profeta no povo de Israel como Moshe, mas entre os povos do mundo existiu. E quem era ele? Era Bil’am

A intenção do Midrash não é de que Bil’am se igualou à Moshe Rabeinu em profecia, D’us nos livre, mas o que eles tinham em comum, era o fato de terem recebido temporariamente um nível ao qual eles não teriam como alcançar por meio do próprio esforço

Moshe Rabeinu recebeu uma revelação maior do que o nível ao qual ele chegara por força própria

Hashem revelou para ele mais do que ele poderia receber pelo próprio mérito, e todo esse acréscimo foi no mérito do povo de Israel e não no mérito do próprio Moshe, sendo que o que ele tinha direito a receber por próprio mérito ele já tinha recebido

Por isso, vemos que no caso do “bezerro de ouro”, Hashem pede para Moshe descer do Monte Sinai. Diz o Midrash que a intenção Divina era de que todo aquele acréscimo de grandeza espiritual que Moshe Rabeinu estava recebendo, era no mérito do povo de Israel, e quando eles perderam esse mérito fazendo a idolatria, Moshe perdeu esse nível de revelação

Depois que eles foram desculpados, a revelação de Hashem para Moshe ficou ainda maior do que era antes de eles terem feito a idolatria, o que não aconteceria se a revelação fosse no mérito dele próprio

Nossos outros profetas, não receberam a profecia a não ser de acordo com seu próprio nível, e não mais do que isso. Mas entre os povos do mundo surgiu Bil’am, que em honra ao nosso povo também chegou a um nível maior do que conseguiria chegar

A regra geral é de que o nível de profecia, que o profeta alcança de acordo com seu próprio esforço, fica incorporado nele, em sua própria essência, e não se separa mais dele

Mas se ele alcança um nível acima da sua própria capacidade, esse nível de profecia é considerado como sendo dado a ele como algo que “aconteceu”, algo “temporário”, ou seja, não devido à essência do profeta, mas somente por dádiva Divina

Essa mesma linguagem, que chamaríamos de “acontecimento” e não de “merecimento”, é usada tanto em relação à profecia de Moshe Rabeinu quanto em relação à de Bil’am; nos ensinando que eles eram comparados somente nesse aspecto. No fato de os dois terem tido uma revelação acima da própria capacidade, acima da própria essência

Isso é chamado de “acontecimento”, por ser uma revelação adicionada ao que eles conseguiram chegar por si só

De acordo com isso, continua o Kli Yakar, conseguimos entender a explicação de Rashi em relação à palavra “vaykar” usada pela Torá em relação à profecia de Bil’am. Rashi explica a palavra “vaykar”, como sendo uma linguagem de “acontecimento”, e também explica essa palavra como uma linguagem de impureza

Seria o suficiente para Rashi optar por uma dessas duas possibilidades para determinar a diferença entre “vaykar” e Vaykrá, mas Rashi traz as duas opções, porque, segundo o Kli Yakar, também Rashi opina que a profecia de Moshe foi por “acontecimento” e não por essência. Ou seja, uma dádiva Divina e não o fruto do seu próprio esforço

Sendo assim, por que não é usada a mesma linguagem para os dois? O motivo para isso é para diferenciar entre a profecia de Moshe, que foi um acréscimo à santidade de Moshe, e entre a profecia de Bil’am que foi um acréscimo de santidade naquele momento. Um acréscimo paralelo ao lado da impureza que Bil’am tinha naquele momento, e que continuou tendo também depois disso

Portanto, foi acrescentada a letra “Alef” à profecia de Moshe para diferenciá-la da profecia de Bil’am. Mas mesmo assim, a letra “Alef” aparece aqui menor, nos indicando que as duas profecias tinham o mesmo aspecto, sendo o fato de nos dois casos elas terem “acontecido”, e não terem sido alcançadas por próprio esforço

O Kli Yakar dá mais uma explicação sobre o fato de a letra Alef estar pequena na nossa Parashá. Ele diz que o significado do nome da letra Alef, ou seja, a tradução literal da palavra Alef, é “estudo”. E o estudo da Torá não se mantém a não ser em quem se diminui e foge das honrarias

Em nossa Parashá, isso está indicado explicitamente. Moshe teve o mérito de receber esse chamado Divino por ter se diminuído no episódio do “arbusto incandescente”, quando Hashem se revelou para ele, e pediu para tirar o povo de Israel do Egito

Qual foi a resposta de Moshe lá? Simplesmente ele fugiu das honrarias, disse que não sabia falar bem e pediu para Hashem mandar outra pessoa no lugar dele

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A explicação do Baal Haturim, Rabeinu Yaakov ben Asher

Nossa Parashá começa com as palavras “Vaykrá el Moshe” (e chamou à Moshe). Nos indicando que D’us chamou Moshe pelo seu nome

Rashi explica que quando Hashem (D’us) se revelava para Moshe Rabeinu ou para qualquer outro profeta judeu, antes de dizer a ele a profecia, Hashem o chamava pelo nome para, demonstrar o afeto que tinha por ele, e só depois dizia para ele a profecia

Uma revelação Divina para um profeta que não era judeu só acontecia por algum motivo relacionado a nós, como foi o caso da profecia de Bil’am que falou a profecia conhecida como Ma Tovu

Quando Hashem era obrigado a se revelar para um profeta que não era judeu, como, por exemplo, um idólatra e depravado como Bil’am, Hashem revelava para ele a profecia sem chamá-lo pelo nome

Isso é comparado a uma pessoa que se encontra com alguém por acaso, com alguém que não é importante o suficiente para primeiro chamá-lo para que ele possa se preparar para ouvir o que vai ser dito

A linguagem do versículo para “e chamou”, uma linguagem de afeto, é Vaykrá

A linguagem do versículo para “e encontrou por acaso” é Vaykr. Essa mesma palavra, mas faltando a letra Alef no final da palavra

Na nossa Parashá, a palavra Vaykrá aparece com uma letra Alef pequena, menor do que as outras letras daquela palavra

Qual seria o motivo para essa diferença de tamanho

Rabeinu Yaakov ben Asher nasceu em Colônia na Alemanha antiga aproximadamente em 1269 e faleceu em Toledo na Espanha aproximadamente em 1343. Ele foi o terceiro filho do famoso “Rabeinu Asher ben Yehiel” conhecido como “o Rosh”

Rabeinu Yaakov foi uma autoridade rabínica medieval influente, sendo conhecido como “o Baal Haturim” devido à sua obra principal, o livro Arba’ah Turim (quatro fileiras), livro de lei judaica dividido em quatro categorias diferentes, e que serviu posteriormente como inspiração para a escrita do Shul’han Aru’h por Rabeinu Yossef Karo (Espanha 1488 – Tzfat 1575)

Essa obra foi dividida em 4 seções, cada uma chamada de um “Tur”, aludindo às fileiras de joias da placa peitoral do Sumo Sacerdote.

Rabeinu Yaacov nos explica que Moshe Rabeinu era tão humilde que não queria escrever a palavra Vaykrá em relação a si, como demonstração do afeto que Hashem tinha por ele, mas queria escrever em relação a si, a palavra Vaykr, como está escrito em relação à Bil’am. Ou seja, como se Hashem não tivesse por ele mais consideração do que teve por Bil’am, D’us nos livre

Mesmo assim, Hashem obrigou Moshe a escrever a palavra Vaykrá, demonstrando o grande afeto que Hashem tinha por ele. Então ele escreveu o Alef em letra pequena, expressando que não se considerava merecedor de todo esse afeto

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O Motivo de se trazer um Korban (sacrifício) para Hashem

Nossa Parashá nos conta sobre os Korbanot, os sacrifícios que eram feitos inicialmente no Templo móvel no deserto e posteriormente no Beit Hamikdash, o Templo Sagrado de Jerusalém

O Rambam, Rabi Moshe ben Maimon (Córdoba 1138, Fustat 1204). No seu livro Moré Nevuhim que quer dizer “professor dos desorientados”, explica que uma pessoa normal não consegue mudar de um extremo ao outro repentinamente. Diz o Rambam que o ser humano por natureza não consegue abandonar de imediato o que sempre estava acostumado a fazer

Quando Hashem enviou Moshe Rabeinu para transformar o nosso povo em um reinado de sacerdotes, em um povo sagrado, era necessário para isso que eles se entregassem ao trabalho Divino de todo o coração, servir somente à D’us e à nada fora Ele

As pessoas do mundo inteiro naquela época estavam acostumadas a sacrificar alguns tipos de animais nos templos onde eram colocadas as estátuas, se prostravam na frente das estátuas, e acendiam para elas incenso.l

Todos cresceram educados dessa maneira, e os mais dedicados eram sacerdotes nos templos que eram feitos para o Sol, a lua e as estrelas

Diz o Rambam, que o motivo de Hashem não ter pedido para deixar todos esses trabalhos e não anulá-los, foi porque a natureza humana é de as pessoas estarem sempre apegadas ao que estão acostumadas a fazer

Caso Hashem pedisse para eles pararem de fazer os sacrifícios, seria comparado a um profeta que surgisse na nossa época, e dissesse que Hashem nos ordenou à não rezar para ele e não pedir, a ajuda dele na hora do sofrimento; mas somente fazer todo o trabalho Divino por meio de pensamento sem ação, o que seria um absurdo para nós.

Por isso, no lugar de anular esses costumes, Hashem pediu para que eles fizessem isso para Ele

Não fizessem os sacrifícios para a idolatria, mas sim para Hashem

Não fizessem um Templo para a idolatria, mas sim para Hashem

Não fizessem um Altar para fazer sacrifícios para a idolatria, mas sim para fazer sacrifícios para Hashem

Não se prostrassem para a idolatria, mas sim para Hashem

Hashem pediu para terem sacerdotes no Templo de Hashem, como tinham sacerdotes no templo da idolatria

Pediu para que fossem dados presentes para os sacerdotes de Hashem, para que eles possam se manter fazendo esse trabalho, e essa é a origem dos presentes que os Cohanim, e os Leviim tinham que receber do nosso povo

Essa foi a perspicácia Divina para apagar a lembrança da idolatria, e fazer uma verdadeira reviravolta no nosso povo, nos direcionando dessa forma à conscientização da existência de D’us e da sua unicidade

E assim impedindo que as pessoas daquela época ficassem “perdidas”, por ser anulado o trabalho que elas estavam acostumadas a fazer, e que não sabiam fazer nada fora disso

Até aqui, a tradução das palavras do Rambam no seu livro Moré Nevuhim. O Rambam começou a escrever esse livro em 1185, quando tinha 47 anos, e terminou de escrevê-lo em cerca de 1191

Esse livro foi escrito no idioma árabe, mas com letras hebraicas. O Rambam escreveu esse livro quando morava em Fustat, antiga parte do Cairo atual, e trabalhava lá como médico do Vizir do Egito

Mesmo assim, na prática, o Rambam escreve no seu livro Mishne Torá, que os Korbanot fazem parte da categoria de mandamentos da Torá chamada de Hukim, mandamentos Divinos
para os quais não existe uma explicação lógica

Tsav

Nossa Parashá continua nos contando sobre os Korbanot

 

Na Parashá passada estudamos os motivos dos Korbanot, e agora vamos estudar o motivo de certos animais terem sido exclusivamente escolhidos para que somente eles sejam abatidos como Korban e não outros, começando pelo mais famoso de todos, o Korban Pessa’h

 

Korban Pêssa’h

O Rambam nos conta no seu livro “Moré Nevuhim” que uma grande parte dos idólatras do Egito serviam a constelação de áries e portanto proibiam abater carneiros, e também abominavam os pastores de ovelhas

Outros povos da antiguidade serviam os demônios e diziam que eles se revelavam em forma de bodes e portanto proibiam fazer abate
de bodes

Essa religião também era muito difundida na época de Moshe Rabeinu

Mas em relação ao abate de bois, provavelmente a maioria dos povos antigos tinham reverência por essa espécie, e por isso, diz o Rambam, vemos que os hindus até hoje não fazem abate de gado mesmo em terras que costumam abater outros animais

E para apagar os resquícios que essas religiões deixaram no nosso povo recebemos a ordem Divina de sacrificar essas três espécies de animais para nos conscientizar de que aquilo que considerávamos o ápice da divindade agora se transformou em um sacrifício para D’us

O motivo disso é também para expressar o nosso pedido de desculpas por termos feito desses animais uma idolatria

E assim, diz o Rambam, funciona a cura dos falsos conceitos que são uma verdadeira doença do intelecto humano

A cura disso é feita por meio da inversão
desses conceitos ao extremo oposto

 

O Korban Pêssa’h

E por causa desse mesmo assunto Hashem nos ordenou fazer o abate do cordeiro de Pêssa’h e espirrar o sangue dele no lado de fora das portas, para nos limparmos daquelas ideologias e publicarmos o contrário delas

E também para nos conscientizarmos de que o que considerávamos o maior pecado que seria matar uma divindade e ainda publicar isso abertamente para motivar outras pessoas a
fazer o mesmo, isso é a nossa própria salvação. E se não fizéssemos isso, aí sim seria a nossa
destruição

E por isso está escrito, diz o Rambam, que Hashem pulou nossas casas “e não deixará o destruidor vir para as suas casas trazer a destruição” no mérito da publicação que fizemos de termos destruído o que era sagrado para os idólatras

Nossa Parashá também nos conta sobre a origem da ramificação sacerdotal do nosso povo , o “Cohen”

,Como sabemos, nosso terceiro patriarca Yaakov Avinu, teve doze filhos, e deles se originaram treze tribos sendo que Yossef se transformou em duas tribos, as tribos de Efraim e Menashe

Na nossa Parashá Hashem pede para Moshe ungir Aharon e seus filhos com o “azeite de unção sagrado”, e por meio disso tira eles do status de tribo de Levi dando origem à um novo status no nosso povo que é o Cohen

A unção de Aharon e seus filhos é comparada à unção do Rei David pelo profeta Shmuel que a partir dela David foi chamado de Mele’h HaMashia’h (Rei ungido)

O rei Salomão, filho do rei David, já não precisou da unção do profeta, sendo que filho de rei ungido já nasce rei ungido, e essa regra continua até o último descendente do rei David
que é chamado de Mele’h HaMashia’h

,Ou seja, filho do filho do filho etc do rei David que chegará em breve em nossos dias

O mesmo acontece com o Cohen. Os primeiros Cohanim foram ungidos na nossa Parashá, e seus filhos já nascem Cohanim até hoje, como no caso do Rei

Esse Shabat é chamado de Shabat Pará porque nele vamos ler também a Parashá que nos
conta sobre a Pará Adumá, a Vaca Vermelha

O motivo que lemos a Parashá da Pará Adumá antes de Pêssa’h é para nos lembrarmos que precisamos nos purificar antes de Pêssa’h para podemos comer um pedacinho do Korban Pêssa’h

Pará

 

Parashat Pará nos conta sobre uma Mitzvá (um Mandamento Divino) que aconteceu somente nove vezes em toda a nossa história, e acontecerá pela décima e última vez na época do Mashia’h

Essa Mitzvá é chamada de Pará Adumá, que literalmente significa a “Vaca Vermelha”

Ela consiste em se fazer o abate de uma vaca totalmente vermelha sobre uma estrutura de toras de madeira e depois acender um fogo nessa estrutura transformando-a em uma grande fogueira

Quando a maior parte da vaca vermelha (que já foi abatida) está queimando e a barriga dela se abre, se joga dentro dela um pedaço de “erez” que é a maior árvore da terra de Israel, um pedaço de “ezov” que é a menor árvore daquela região, e tolaat shani que é uma lã tingida com tinta vermelha originaria de um vermezinho

As cinzas da fogueira da vaca vermelha junto com tudo o que foi queimado nela é usada para purificar as pessoas da maior de todas as impurezas, a impureza dos mortos

Todos os que participam da preparação dessas cinzas em todas as suas etapas devem estar puros antes de começar esse procedimento, e ao final dele se tornam impuros, caracterizando a vaca vermelha como algo que purifica os impuros mas impurifica os puros

 

A explicação do Baal Shem Tov

a vaca vermelha representa o orgulho

 

O Baal Shem Tov nos ensinou que todos os Mandamentos Divinos são eternos

 

Mesmo que na prática eles precisam ser cumpridos por meio de uma ação determinada e em um tempo determinado, mesmo assim eles sempre trazem para nós um ensinamento que pode ser colocado na prática por cada um de nós e em qualquer momento

 

Nesse aspecto os Mandamentos Divinos são eternos, pelo motivo de a Torá ser Divina e a revelação Divina ser eterna

 

Dizem os alunos do Baal Shem Tov em seu nome, que toda a Torá tem que estar sempre presente na nossa vida diária dentro desse aspecto, o de aprendermos de cada Mandamento Divino uma instrução que pode ser colocada na prática no nosso dia a dia

 

Eles perguntaram ao Baal Shem Tov:- O que podemos aprender da Mitzvá da “Pará Adumá”(a vaca vermelha) para o nosso trabalho Divino diário, se até na época do Beit Hamikdash ela não aconteceu a não ser raramente

 

E também, o que podemos aprender do fato de que ela impurifica os puros e purifica os impuros

E assim respondeu o Baal Shem Tov

A “Pará Adumá” representa o orgulho

 

No princípio, quando nos comportamos de maneira incorreta e portanto estamos distantes de Hashem (D’us), o começo do nosso “conserto” é por meio do orgulho e das segundas intenções

Temos que cumprir os Mandamentos Divinos para “nos exibir”, por exemplo, ou de uma maneira mais nobre, mas ainda com “segundas intenções”, de “ganharmos o Paraíso futuro”

Temos que pensar que é mais do que justo que Hashem nos dê uma enorme recompensa por tudo o que estamos fazendo, temos que achar que estamos fazendo algo para D’us

Mas a verdade é que se D’us não nos desse força, o que seria de nós? Como podemos cobrar de Hashem uma coisa que fizemos com a força que ele próprio nos deu

Mas nunca conseguiríamos chegar à essa verdade, e D’us nos livre, ficaríamos de fora, se não começássemos o trabalho Divino como uma criança pequena, para exibir que estamos fazendo o que é certo e portanto somos importantes, ou para receber algo em troca, por mais nobre que seja a recompensa como por exemplo o futuro Paraíso

Depois que começamos o trabalho Divino com essas “segundas intenções” e conseguimos “crescer e amadurecer” dentro do trabalho Divino, descobrimos que Hashem é a essência do bem e ele nos ama mais do que nós amamos nossas próprias crianças, infinitamente mais do que imaginávamos

Perdemos o interesse pelo que os outros vão pensar de nós, perdemos a vontade de nos “exibir”, e vemos o futuro paraíso como uma coisa óbvia, como voltar para casa depois de estarmos perdidos na selva por tanto tempo

Paramos de pensar em nós próprios e começamos a pensar em Hashem que está tão preocupado com a nossa “volta para casa”. Vamos pelo caminho certo para que Hashem fique “menos preocupado” com a gente e não para termos algum lucro com isso

Nessa segunda etapa, ter orgulho, cumprir os Mandamentos Divinos para nos exibir ou para ganhar o paraíso é uma regressão à etapa anterior. Nessa segunda etapa se tivermos orgulho ele nos derruba

Nessa segunda etapa, na qual voltamos a ser crianças puras, temos que manter essa pureza e nos afastar do orgulho até o extremo

Porque a prepotência é uma auto idolatria, e aonde há idolatria a revelação Divina se oculta. Nessa etapa o orgulho nos impurifica

Conclusão: o orgulho purifica os impuros e impurifica os puro

 

E esse assunto existe em todos os níveis, até no nível dos Tzadikim, das pessoas mais elevadas espiritualmente

Até os próprios Tzadikim, para subirem do seu nível tão elevado para um nível mais elevado ainda, precisam usar esse sistema de começar pelo orgulho para decolar, e depois se apegar à humildade para aterrissar com segurança no nível superior

 

E por isso, também sobre os Tzadikim podemos dizer que o orgulho purifica os impuros, sendo que qualquer nível espiritual em relação ao nível superior à ele é comparado à impureza em relação à pureza

 

Sendo que o nível espiritual inferior está distante do superior, em relação ao nível de revelação Divina superior o Tzadik está longe de D’us, mesmo que para nós que estamos em um nível muito mais baixo ele está infinitamente mais perto de D’us do que nós

 

E antes de qualquer pessoa se aproximar de Hashem por meio de alguma Mitzvá, Torá ou Tefilá (reza) ele é considerado impuro, ou seja, distante de Hashem em relação ao nível da aproximação que ele vai chegar por meio da Mitzvá, da Torá ou da Tefilá que ele vai fazer, e não temos como nos aproximar de Hashem a não ser por meio do orgulho

 

Na “sitra ahara”, no lado espiritual impuro, representado principalmente pelo que está mais próximo à nós que é o nosso próprio “yetzer hará” (nossa má inclinação), o raciocínio é totalmente contrário

 

O yetzer hará começa pela humildade e termina no orgulho

Começa pela humildade dizendo : “Quem é você para fazer uma Mitzvá e o que adianta você estudar Torá, de qualquer jeito você nunca vai saber tudo. Ou com argumentos como : Você acha que é tão querido por Hashem para que a sua reza seja ouvida? Quando um pensamento desses proveniente do yetzer hará nos atinge como um míssil do Hamas que sai de dentro da própria terra de Israel para destruí-la, você deve responder com todo o orgulho dizendo

:-Quem sou eu para não fazer uma Mitzvá

:-O meu estudo de Torá lá encima é visto como uma pequena luz na escuridão que é muito mais importante do que uma grande luz que não está na escuridão

:- A minha reza lá encima é ouvida com mais atenção ainda, como uma criança aprendendo a falar que mesmo falando errado o pai está tão feliz em ouvi-la que até repete as palavras dela de tanta felicidade

 

O fato de o orgulho no começo do trabalho Divino fazer parte da santidade e não ser comparado à uma Mitzvá feita por meio de uma “averá” (transgressão) é porque por trás dele se encontra a verdadeira humildade como vemos nos exemplos acima

A humildade da “sitra ahara” é dizer :-quem sou para fazer uma Mitzvá

A humildade da Kedushá (santidade) é dizer :-quem sou eu para não fazer uma Mitzvá

E esse lado oculto da verdadeira humildade se disfarça de orgulho para enfrentar o Yetzer hará que tenta nos seduzir dizendo que é uma grande Mitzvá ser humilde mas que por motivos de humildade você não deve cumprir Torá e Mitzvót sendo que você ainda não está nesse nível!

 

E você só consegue refutar os argumentos dele com orgulho. E por meio desse orgulho você se purifica e se aproxima de Hashem, por meio de ter orgulho em estudar Torá, em rezar, em cumprir as Mitzvót

O orgulho de fonte impura é o orgulho da segunda etapa, quando você já está estudando Torá, cumprindo Mitzvót e caprichando na Tefilá. Aí aparece o Yetzer hará e tenta te convencer de que você é melhor do que as pessoas que não estão fazendo o que você faz

Esse é o orgulho proveniente da “sitra ahara” e o objetivo dele é te derrubar dessa forma fazendo com que você se ache melhor do que os outros, fazendo com que você se sinta um deuzinho, transformando você em uma pequena idolatria e te distanciando de Hashem muito mais do que você estava antes de começar

Por isso o orgulho é chamado de Pará Adumá. Pará(vaca) é uma linguagem de crescimento, o orgulho de fazer uma Mitzvá faz você crescer

Adumá (vermelha) se refere à “sitra ahara” que é o orgulho que você sente depois de ter feito a Mitzvá, o orgulho de ser melhor do que alguém que não fez essa Mitzvá, orgulho proveniente do lado impuro

Portanto é colocado dentro da fogueira da vaca vermelha um pedaço de Erez que é a maior árvore, um pedaço de ezov que é a menor árvore, e tolaat shani, a lã tingida com a tinta vermelha originaria de um vermezinho

Como explica Rashi que quem se orgulhou como um Erez, tem que se rebaixar como um ezov e como uma tolaat, um vermezinho

Diz o Rambam que o cajado de Erez que era colocado dentro da fogueira da vaca vermelha tinha um limite de altura de cinquenta centímetros

Disso nos ensina o Baal Shem Tov mais uma regra importante que aprendemos da Mitzvá da Pará Adumá

Que mesmo sendo necessário o orgulho no começo do trabalho Divino, ele tem que ter um limite. Não podemos perder o controle sobre ele para que seja possível eliminá-lo depois
com muita facilidade

Conclusão

Leia novamente tudo o que foi dito acima e coloque na prática com muito amor e carinho

Shemini

Nossa Parashá nos conta sobre animais puros e animais impuros. O versículo usa a expressão : e esta é a “hayá” que vocês vão comer dentre todos os animais na face da terra.

Sendo que imediatamente após isso a Torá nos traz os sinais de todos os animais puros que existem sobre a face da terra e “hayá” que significa animal silvestre é somente uma subdivisão dentro dessa categoria, porque então a Torá não usou desde o começo o termo “behemá” que é o termo genérico para animais, mas começou com a subdivisão “hayá” que nesse caso é aparentemente totalmente desnecessária?

Rashi nos conta que a Torá fez questão de usar esse termo por ele significar também palavra “viva”, nos indicando que Hashem te proibiu de comer certas coisas para que você viva!

O Midrash nos traz sobre isso o exemplo de um médico que visitou dois pacientes. Depois de verificar o primeiro paciente o médico disse à sua família que eles podem dar para ele comer tudo o que quiser. Depois de verificar o segundo paciente o médico fez uma lista do que é permitido para ele comer e o que é proibido.

Aparentemente poderíamos pensar que o primeiro paciente estava em uma situação muito melhor do que o segundo, mas quando perguntaram isso para o médico todos ficaram espantados em saber que era exatamente o contrário.

O primeiro paciente, disse o médico, já estava para morrer e não havia como curá-lo, então porque privá-lo de comer algo? Mas o segundo tem a possibilidade de se curar, por isso indiquei para ele o que ele deve comer e do que deve se abster para ficar totalmente saudável.

E esse é o motivo, diz o Midrash, que o versículo usa a palavra “hayá” que significa animal selvagem mas que também significa viva, no lugar da palavra mais correta para esse caso que seria “behemá”,animal, nos indicando que os mandamentos Divinos foram feitos para nos dar vida! Então, vamos cuidar bem de nós próprios e comer somente o que a Torá nos permitiu!

Aprendendo com Moshe Rabeinu como dar uma aula prática

A linguagem que a Torá usa sempre que Moshe fala sobre um animal puro ou impuro é “e este”. Daqui aprendemos que quando Moshe falava o nome do animal, da ave ou do peixe, aquela criatura aparecia milagrosamente na frente dele, ele mostrava ela para o povo e dizia : “esse vocês vão comer” ou “esse vocês não vão comer”.

Nossa Parashá nos conta sobre os sinais de pureza dos animais. Para um animal ser considerado pela Torá um animal puro ele tem que ser ruminante e ter o casco fendido por cima e por baixo.

A Torá nos traz quatro espécies de animais que tem somente um sinal de pureza e determina que eles são impuros por terem somente um sinal de pureza, e daqui concluímos que: “se até o animal que tem um sinal de pureza é classificado pela Torá como animal impuro, quanto mais os animais que não tem nenhum dos sinais de pureza

O que é uma espécie de acordo com a Torá?

Antes do dilúvio vieram para a Arca de Noé pelo menos um casal de cada animal daqueles que não tinham se corrompido. Entre a criação do mundo e a Arca de Noé muitas espécies diferentes de animais se cruzaram entre si dando origem à novas espécies que não entraram na Arca.

Depois do dilúvio, Hashem (D’us) pediu para Noa’h (Noé) deixar os animais saírem da Arca, e nessa ocasião Hashem deu para eles a bênção de se multiplicarem sobre a Terra. Essa benção fez com que espécies corrompidas não tivessem mais continuidade como tinham antes do dilúvio.

As espécies de animais que estavam na Arca receberam essa bênção, mas uma nova espécie que surge como consequência do cruzamento de duas espécies diferentes não herda essa benção, sendo que essa nova espécie não é nem a espécie da mãe e nem a espécie do pai mas sim uma nova espécie.

E sendo que essa nova espécie não existia na Arca de Noé e portanto não recebeu a benção de se multiplicar ela não se multiplica, e por esse motivo ou ela não tem filhotes ou ela tem filhotes não férteis, como é o caso da mula que é o cruzamento do cavalo com a jumenta.

Quatro espécies impuras com um sinal de pureza

Imediatamente após nos trazer os dois sinais de pureza que são a condição para que possamos comer aquele animal ou usar o seu leite, a Torá nos conta sobre quatro espécies de animais que tem somente um desses sinais, e por isso eles são animais impuros e não podemos comê-los, que são:

O “shafan” que é ruminante mas não tem pata fendida.

A “arnevet” que é ruminante mas não tem pata fendida.

O “Gamal” (camelo) que é ruminante mas não tem pata fendida (a pata dele é fendida só por cima mas não é fendida por baixo.

E o “Hazir” (porco) que tem a pata fendida mas não é ruminante.

De acordo com o Shul’han Aru’h que é o código da legislação judaica, o motivo que a Torá nos conta sobre essas quatro espécies de animais que tem um só sinal de pureza é para caso encontrarmos no meio do deserto um animal ruminante com as patas cortadas sabermos se ele é um animal puro ou impuro.

Ou seja, a regra é de que todo animal que rumina tem a pata fendida em cima e em baixo, e a exceção de regra nesse caso são somente as espécies chamadas de Gamal, Shafan e Arnevet que ruminam mas não tem pata fendida em cima e em baixo. Conhecendo essas três espécies e sabendo que o animal que você encontrou não pertence à uma delas, você sabe que ele é um animal puro.

Sendo que a Torá determina que somente essas três espécies ruminam mas não tem pata fendida, a Torá está te dizendo que todos os ruminantes que não pertencem à essas três espécies tem pata fendida.

O mesmo acontece com o porco. A regra é de que todo animal que tem pata fendida em cima e em baixo também rumina, fora a espécie chamada de Hazir (porco). Ou seja, tanto o porco quanto todo o animal que se cruzar com ele e tiver com ele um filho fértil, o que para nós vai determinar que ele é uma raça da espécie “porco”.

Portanto se você encontrar um animal com a pata fendida e tiver dificuldade em identificar se é ruminante, se você conhece o porco em todas as suas versões e sabe que esse animal de pata fendida não é o porco, você sabe que ele é um animal ruminante.

Sendo que o camelo pode se cruzar com o dromedário, lhama, alpaca, vicunha e guanaco gerando filhos férteis como foi constatado em uma experiência feita por uma veterinária inglesa nos Emirados Árabes, quando a Torá fala sobre o fato de a espécie “camelo” ser ruminante mas não ter a pata fendida (não é fendida por baixo) e portanto ser um animal impuro, a Torá inclui todas “raças” dessa espécie, ou seja, todos os animais que se cruzam com o camelo e tem filho fértil.

Eliezer ben Yehuda foi o autor do hebraico moderno. Ele definiu o shafan e a arnevet no seu dicionário da língua hebraica como coelho e lebre que sempre foi o clássico erro da tradução cristã da Bíblia para as línguas europeias.

Sendo que o coelho e a lebre pelo fato de não serem ruminantes mas sim roedores ou logomorfos, e também pelo fato de se cruzarem entre si e terem filho fértil o que determina para nós que eles são duas raças de uma mesma espécie, absolutamente eles não são o shafan e a arnevet que são duas espécies distintas e são ruminantes, e não roedores ou logomorfos.

O fato de as vezes os coelhos comerem a própria excreção não os torna ruminantes sendo que o porco também faz isso e a Torá determina que ele não é ruminante.

As características dos roedores e logomorfos existem em centenas de espécies e não em apenas na do coelho e lebre, e o shafan e a arnevet da Torá são espécies únicas, determinando explicitamente que coelho e lebre não são o Shafan e a arnevet.

A Guemará nos conta que o fato de a Torá nos revelar que dentre todos os animais do mundo existem somente quatro espécies com somente um sinal de pureza deve ser usado como resposta para aqueles que não acreditam que D’us nos deu a Torá mas que foi o próprio Moshe (Moisés) que a escreveu.

Porque sendo que Moshe não tinha como verificar todos os animais que existem no mundo, ele não teria como saber que existem somente quatro espécies com um único sinal de pureza, e essa é a prova de que a Torá é Divina.

E aí vem o ben Yehuda e coloca no dicionário do hebraico moderno que shafan e arnevet são coelho e lebre porque a igreja traduziu assim…

Algumas traduções da Torá já tentaram corrigir esse erro trazendo outras opções para o shafan e a arnevet, mas o certo é transliterar as palavras shafan e arnevet e colocar no rodapé da página as especulações de que talvez o shafan seja isso e a arnevet seja aquilo, mas não determinar nada, sendo que durante a nossa história mantivemos o acompanhamento do camelo e do porco mas perdemos o acompanhamento desses dois animais que nem temos como saber se eles já se extinguiram ou não.

O Gamal nos acompanhou desde a época da Torá. É a espécie que inclui todos os camelídeos que se cruzam entre si e tem filhos férteis. Pelo fato de se cruzarem entre si e terem filhos férteis desses cruzamentos para nós eles são considerados raças dentro de uma mesma espécie que é a espécie chamada pela Torá de “Gamal”. As raças do “Gamal” que conhecemos são o Camelo, o Dromedário e os camelídeos dos Andes como o Lhama, a Alpaca, a Vicunha e o Guanaco

O Shafan e a Arnevet não tiveram um acompanhamento durante as últimas centenas de anos da nossa história, não sabemos que animais são esses e provavelmente não chegaram até os nossos dias. O que sabemos sobre eles é que eles são ruminantes mas não tem o casco fendido.

O erro de tradução da igreja traduzindo o shafan como coelho e a arnevet como lebre é um erro grave sendo que o coelho e a lebre não são ruminantes, e a definição da Torá para ruminante é que ele “faz subir” a comida do estômago para ser mastigada novamente, e o estômago do coelho não tem nenhuma comparação com o estômago dos ruminantes.

O fato de ele mexer a boca constantemente como todos os roedores não torna ele um ruminante, sendo que a Torá leva em conta o fato de a comida subir do estômago e não o jeito de ele mastigar.

O Hazir teve um acompanhamento durante a nossa história e é a espécie representada pelo porco e qualquer animal que se cruze com ele e tenha filhotes férteis que nesse caso também seriam considerados raças dentro dessa espécie

Aves puras e aves impuras

A Torá sempre nos traz a lista do número pequeno. Sendo que os animais puros são uma minoria, a Torá traz os sinais das espécies puras.

O fato de a Torá nos contar sobre as quatro espécies que têm somente um sinal de pureza e determinar que eles são impuros pelo motivo de terem somente um único sinal de pureza e não os dois necessários nos conduz automaticamente para um “Kal VaHomer”, um “quanto mais” em relação aos animais que não tem nem um sinal de pureza.

Ou seja, se até o animal que tem somente um sinal de pureza já é classificado pela Torá como sendo um animal impuro, quanto mais aquele que não tem nenhum sinal de pureza.

No caso das aves o número pequeno são as espécies impuras, que são as 24 espécies enumeradas pela Torá. Sendo assim, se soubéssemos reconhecer essas 24 espécies de aves impuras enumeradas pela Torá saberíamos que todas as espécies de aves fora elas são aves puras

Mas sendo que também as aves não tiveram um acompanhamento durante a nossa história não sabemos hoje quais são as espécies impuras e também para isso não confiamos nas traduções da Torá feitas por outros povos também por “Kal VaHomer”

Ou seja, se nem nós que somos o povo da Torá sabemos hoje quais são as espécies de aves impuras enumeradas pela nossa própria Torá, quanto mais os outros povos que pegaram a nossa Torá e à traduziram sem nos consultar

Peixes

O peixe é um alimento de alta importância na cultura judaica. Por exemplo, no Shabat costuma-se comer peixe por uma série de razões, incluindo razões cabalísticas.

A Guemátria, o valor numérico da palavra “dag” que quer dizer peixe em hebraico é 7, representando o sétimo dia que é o Shabat .

Nossos Sábios nos contam que os peixes foram os únicos animais que não morreram no dilúvio porque eles foram as únicas criaturas a não se corromperam.

Os peixes também representam a alta multiplicação familiar e também a prosperidade. Os peixes nunca fecham os olhos, nos lembrando que nosso Protetor jamais “fecha os olhos” para nós.

Peixe Kasher

A Torá define que para o peixe ser considerado Kasher ele tem que ter os dois sinais de peixes espiritualmente puros que são o “senapir” e a “kaskésset”.

Senapir – são barbatanas ou nadadeiras.

Kaskésset – é um determinado tipo de escamas.

Embora se costume traduzir simplesmente como “escamas”, nem toda “escama” determina a kashrut do peixe.

kaskésset é a escama que é possível ser retirada do peixe, sem que isso danifique a sua pele. Uma escama que rasga a pele do peixe ao ser removida, não é considerada kaskésset.

Por exemplo, os tubarões possuem escamas que parecem unhas e estão presas na pele de forma que, ao arrancá-las, a pele rasga.

Portanto, embora o tubarão tenha escamas, elas não são consideradas kaskésset e por isso o tubarão não é casher.

Outro exemplo são as enguias, que também possuem escamas, mas ao tirá-las a pele se fere. Portanto, não são casher.

A kaskésset também precisa ser grande o suficiente para ser visível a olho nu.

A Torá diz que a kaskésset precisa estar sobre o peixe quando este se encontra debaixo d’água.

Se, ao tirar o peixe d’água, ele perde as escamas ele não deixa de ser um peixe casher por causa disso

Por exemplo, o hering ao sair da água perde as suas escamas e, como sabemos, é um peixe kasher.

O Bagre, não é Kasher por ter somente pele, por ser um peixe sem escamas.

O esturjão (Scaphyrhynchus suttkusi) não é Kasher porque possui escamas do tipo ganóide. Escamas que estão presas de tal forma, que só saem rasgando a pele.

A espécie de peixes brasileiros com o nome científico de Cyphocarax voga tem escamas ciclóides e por isso é Kasher

Geralmente as escamas ctenóides e ciclóides (ex. carpa) atendem aos padrões exigidos pela Halachá. Mas essa regra também tem exceções.

• A Lota-do-Rio (Burbot em inglês, Lota lota em latim) é um peixe que possui escamas do tipo ciclóide mas não é Kasher. Geralmente essa é uma escama considerada “Kasher”, no caso da Lota-do-Rio sendo que elas não saem com facilidade nesse caso o peixe não é kasher!Peixes-espada possuem escamas, porém são tão minúsculas, que não são visíveis a olho nu. Portanto, não são considerados casher.

Um peixe interessante é o Marlin Azul (Makaira mazara). Ele também possui umas escamas pequenas que estão presas muito de leve na pele. Possui uma camada transparente sobre as escamas.

Segundo a OU, este peixe foi levado ao Rav Elyashiv zts”l que o aprovou como casher.

O tubarão e a enguia não são Kasher por terem escamas ganóides ou placóides.

Pelo fato de as escamas ganóides ou placóides. serem muito inseridas na pele do peixe elas deixam de ser consideradas kaskésset sendo que ao tirá-las fere-se a pele

Conclusão:

Não podemos nos basear na Ictiologia (ramo da zoologia voltado ao estudo dos peixes) determinar se um peixe é Kasher ou não, sendo que não depende somente do tipo de escamas mas também do tamanho e do nível de aderência dela ao corpo do peixe.

Sendo que a Torá e a ictiologia classificam as escamas de acordo com regras e critérios diferentes e não é possível de acordo com a ictiologia especificar qual tipo de escama é kasher, cada peixe precisa ser analisado separadamente e de acordo com a hala’há, de acordo com a lei judaica.Nossos Sábios ensinam que todo peixe que possui escamas, possui obrigatoriamente barbatanas. Portanto, se queremos saber se um peixe é kasher, basta procurar por escamas.

É recomendável checar a existência de escamas na parte superior (dorso) ou ao lado das guelras ou no encontro do corpo com o rabo. Basta raspar, por exemplo, com a unha, a pele (no sentido rabo-cabeça) e perceber se as escamas são removidas com facilidade sem ferir a pele do peixe.

Nossos Sábios ensinam que todo peixe que possui escamas, possui obrigatoriamente barbatanas. Portanto, se queremos saber se um peixe é kasher, basta procurar por escamas.

É recomendável checar a existência de escamas na parte superior (dorso) ou ao lado das guelras ou no encontro do corpo com o rabo. Basta raspar, por exemplo, com a unha, a pele (no sentido rabo-cabeça) e perceber se as escamas são removidas com facilidade sem ferir a pele do peixe.

Porque não podemos confiar em uma “Lista de peixes Kasher”?

Nós conhecemos e compramos os peixes pelos seus nomes populares. Porém, o nome popular não é suficiente sendo que, em muitos casos, para cada nome popular são associados inúmeros peixes com nomes científicos diferentes, e alguns deles são kasher e outros não.

Portanto, o nome popular não basta, e pedir na peixaria pelo nome científico não é possível.

Por isso, é importante ver o peixe e verificar a existência de escamas que se destacam do peixe sem arrancar a pele dele junto.

Mesmo se o nome do peixe estiver escrito na plaquinha de mostruário que o acompanha, ainda assim você ainda tem que verificar que tipo de escamas ele tem. Depois de fazer isso muitas vezes e você se familiarizar com aquele tipo de peixe, é o suficiente olhar para ele para reconhecê-lo.

Mesmo conhecendo o nome de um peixe kasher, não se pode comprar um peixe sem pele, ou seja, que você não tem como saber se ele tinha escamas ou não, que não possua hashga’há, selinho de supervisão rabinica.

Isto porque é possível que não estejam vendendo, de fato, aquele peixe que o cliente está pedindo.

Por exemplo, há carpas que são kasher e há as que não são.

Como saber se um peixe que perdeu suas escamas era um peixe Kasher?

Peixe que Perde as Escamas

Num peixe que perde escamas ao sair da água, avaliamos de outra forma para saber se é casher.

Um praticante da Torá, ”entendido” em peixes, pode verificá-lo e, baseado em seu conhecimento, dizer se este é um peixe kasher.

Isto só pode ser feito se o peixe estiver com a pele, para que se possa reconhecê-lo.

Todo peixe vendido sem pele (ou com pele, sem que seja possível perceber que tinha escamas – na ausência do “entendido” acima citado) só pode ser comprado com hashgahá e lacrado.

Vários lugares vendem peixes com sabor semelhantes como sendo o mesmo peixe. Da mesma forma, em restaurantes, muitas vezes servem peixes com mesmo sabor ao descrito no menu e não, obrigatoriamente, é aquele citado.

Vários peixes são muito caros e, para baixar o custo, coloca-se outro semelhante.

ABATE DE PEIXES

Os peixes não precisam passar por qualquer abate específico. Da mesma forma, não é necessário salgar a sua carne, pois não há proibição de comer o sangue que sai do peixe.

PEIXES DEFUMADOS

Podemos comprar um peixe fresco em qualquer lugar sendo que podemos verificar se suas escamas são arredondadas e se destacam da pele com facilidade sem arrancar um pouquinho da pele junto com elas.

Se a barriga do peixe foi cortada na fábrica e suas entranhas retiradas, você pode comprar esse peixe e depois cortar com a sua faca um milímetro do local em que ele foi cortado com a faca não identificada. Ou seja, tirar uma casca de toda a extensão cortada pela faca da fábrica.

O peixe defumado, precisa de supervisão rabinica sendo que o mesmo equipamento em que se preparam peixes não casher, como por exemplo, o esturjão pode ter sido usado para defumar um peixe kasher, causando dessa maneira que ele deixasse de ser Kasher.

Peixes enlatados em pedaços ou em forma de patê

Qualquer produto processado de peixes, só pode ser consumido se for possível reconhecer o peixe conforme as regras vistas acima, ou se possuir hashgahá, o selo do Rabino garantindo a Kashrut e autenticidade daquele produto.

Além disso, precisamos levar em consideração que os demais ingredientes podem não ser kasher. Portanto, não se pode consumir nenhum peixe industrializado sem a hashgachá que é a supervisão rabinica que pode aparecer impressa no produto ou em uma lista de produtos liberados sem precisar de supervisão.

Ovas de peixe

Só são permitidas ovas de um peixe casher. O costume é permitir ovas vermelhas e proibir as pretas, pois nossos sábios verificaram que não há ovas vermelhas provenientes de peixes proibidos. Por isto, permitimos apenas o caviar vermelho. Há quem sustente ser necessária supervisão mesmo no caso do caviar vermelho.

É permitido comer caviar vermelho pintado de preto, desde que os corantes e demais aditivos não apresentem problemas de cashrut.

VERMES DOS PEIXES

Certos tipos de peixes podem conter vermes.

Um cuidado que deve-se ter é a observação dos peixes, pois alguns costumam ter vermes compridinhos, principalmente na cabeça, espinha e às vezes até na carne, o que o torna proibido ao consumo, conforme a Halahá. Portanto, devemos ter o cuidado de verificá-los e limpa-los.

Devemos olhar minuciosamente o peixe cru para constatar sua pureza com relação aos vermes . Se você for comprar o peixe em uma peixaria que vende todo tipo de peixe, você deve levar sua própria tábua e facas à peixaria além de assistir a limpeza e corte do peixe

Neste caso é aconselhável procurar por uma autoridade rabínica para saber como proceder. Há lugares onde a água é tratada, o que evita o crescimento de vermes nos peixes, facilitando assim o seu consumo.

Comprando peixe em peixaria

Ao comprar peixe em peixarias, conforme a OU, são necessários alguns cuidados:

• Pedir ao peixeiro que lave bem a faca antes de cortar o seu peixe (ou possuir uma faca própria).

• Cobrir a tábua sobre a qual for cortar o peixe (ou levar tábua própria)

. • Se o peixeiro for retirar a pele do peixe, o comprador não pode deixar de acompanhar o corte do peixe até ser entregue em suas mãos.

Deixar de supervisionar, pode ser um grande problema.

Apesar disso, se não há motivo para suspeitar que ele trocou o peixe que foi escolhido, poderá comer deste peixe – se, sem querer, deixou de acompanhar.

• Pode-se pedir ao peixeiro que deixe sobrar em cada pedaço um pouco de pele, de forma que dê para reconhecer que é um peixe casher. Neste caso, não será necessário ficar supervisionando.

• Se o peixeiro cortou o peixe sem ter lavado a faca, ou colocou em cima da tábua suja – é preciso raspar o peixe com uma faca de fio (sem serra) para retirar a camada externa do peixe.

Lembre-se: Na peixaria, você é o supervisor do seu peixe!

Curiosidade:

Embora normalmente um peixe comprado sem pele, que não foi acompanhado por um supervisor, não possa ser consumido, há uma exceção: a OU permite o uso de salmão fresco, mesmo sem pele, pois apenas o salmão, a truta salmonada e, eventualmente, algum tipo de carpa, têm carne cor de salmão.

Conforme pesquisa da OU, não há nenhum outro peixe no mercado que tenha esta cor e tonalidade.

O que dá esta tonalidade ao salmão é a astaxantina, da família dos carotenóides. Esta família de químicos dá a tonalidade amarelada, alaranjada ou avermelhada aos alimentos tais como: tomates, cenouras, damascos, abóboras e batata doce.

Logicamente, estes carotenóides são muito mais do que corantes; eles são essenciais à vida. Os carotenóides estão associados a uma melhor resposta imunológica, possuindo propriedades antioxidantes e anti cancerígenas, além de ser a fonte de vitamina A para o corpo.

O excesso de carotenóides, que o corpo não precisa para funções vitais, é acumulado e armazenado, em diferentes partes do corpo, variando de criatura para criatura.

No salmão e truta, é armazenado no tecido muscular, tornando a carne rosada. Isso, independentemente se for astaxantina natural (extraída de camarão, lagosta, plânctons e algas) ou se for artificial. A pele destes, por outro lado, se manterá na cor cinzenta. Os demais peixes não acumulam carotenóides em sua carne, por isso, não há outro peixe de carne rosada-avermelhada.

Vale notar que o homem armazena carotenóides, entre outros lugares, na pele. Mas, não há acúmulo significativo na carne. Por isso, uma pessoa que come quantidades excessivas de frutas amarelas e laranjas, pode ficar com aparência amarelada (ictérica).

A astaxantina não modifica a cor da pele do salmão, assim como não muda a cor de nossa carne e dos demais peixes.

Os salmões de criação ficariam com a carne branca, uma vez que nas criações não existem os alimentos que são comuns para o salmão nos mares e rios. Ninguém compraria salmão branco. Por isso, os cultivadores dão alimentação rica em astaxantina aos salmões, para que fiquem com a carne rosada.

Portanto, a OU considera a cor rosada uma prova clara que o peixe é casher. Esta lei é baseada na lei que o Shulchan Aruch traz sobre ovas vermelhas. O Shulchan Aruch diz que não há ovas vermelhas de peixe não casher e por isso pode-se consumir qualquer ova de peixe que seja vermelha.

Esta curiosidade, de acordo com a OU, de preferência, deve ser usada apenas entre os entendidos em peixes. Para o público geral, recomenda-se que o salmão somente seja adquirido quando a pele estiver intacta, com as escamas (como visto acima). Se for manipular qualquer peixe, deve-se levar a faca e tábua casher

Proibido – Comer peixes sem escamas nem nadadeira dorsal, como por exemplo o bagre, o pintado e o cação

FRUTOS DO MAR

É expressamente proibido comer frutos do mar, ou seja, nunca coma ostras, polvos, moluscos, camarão, caranguejo, siri, lagosta, ou qualquer outro “fruto do mar”.

ALGAS MARINHAS

É permitido comer alga marinha mas verifique detalhadamente se não tem algum camarãozinho ou coisa parecida grudado nela

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Tzaria

Nossa Parashá nos conta que quando a mulher tem o grande mérito de fazer a importante Mitzvá de dar a luz a um filho, ela se torna impura para o marido por sete dias.

Depois disso, mesmo já estando pura para o marido depois ter mergulhado no Mikve, ela continua impura por mais 33 dias em relação ao Beit Hamikdash.

Ou seja, por mais 33 dias fora os sete anteriores ela não pode entrar no lugar sagrado.

Como pode ser que depois de ter feito uma Mitzvá tão grande de dar a luz a um menino, ela ficou impura por quarenta dias?

Nossa Parashá continua nos contando que quando a mulher tem um mérito ainda maior e faz a importante Mitzvá de dar a luz a uma menina, ela se torna impura por quatorze dias para o marido.

Depois disso, mesmo já estando pura para o marido depois de ter mergulhado no Mikve, ela continua impura por mais 66 dias em relação ao Beit Hamikdash.

Ou seja, como pode ser que depois de ela ter feito uma Mitzvá ainda maior e ter dado a luz a uma menina, como consequência disso ela fica impura por oitenta dias?

Pureza material, pureza espiritual e purificação das impurezas

Rav Yeshayahu ben Avraham HaLevi Horowitz conhecido como HaShlá HaKadosh por causa do seu livro Shnei Luḥot HaBrit, foi um grande Tzadik e estudioso da Kabalá.

Ele nasceu em Praga (hoje república Tcheka) por volta de 1555 e faleceu em Tvéria (Tiberíades) por volta de 1630.

Em 1621, após a morte de sua esposa Haya, ele se mudou para Jerusalém onde se casou novamente e se tornou o Rabino da cidade.

Por ser um Rabino tão grande e famoso, o paxá Muhamed ibn Faruk aplicou sobre ele um golpe de extorsão usual no Oriente Médio.

O paxá mandou colocar o Shlá na prisão junto com os quinze judeus mais importantes de Jerusalém, e exigiu uma grande fortuna para soltá-los.

Depois que ele foi libertado, por motivos de segurança mudou-se para Tzfat (Safed). Três anos depois ele se mudou para Tiberíades onde viveu mais cinco anos, lá ele faleceu e lá se encontra o seu túmulo. Tzfat e Tvéria eram naquela época as cidades dos cabalistas e lá também viveram o Ramak e o Ari Zal.

O Shlá nos conta que existem três categorias de impureza:

1- impureza espiritual

Como por exemplo o “espírito de impureza” que entra no nosso corpo durante o nosso sonho, quando nossa Alma tem acesso ao mundo superior.

Essa categoria de impureza é retirada por meio da “Netilat Yadaiim”. Lavamos as mãos de maneira intercalada pelas manhãs e assim nos purificamos dessa impureza

Você pega com a mão direita um recipiente cheio de água e passa para a mão esquerda. Então você despeja um pouco dessa água inicialmente sobre a mão direita

Depois você segura novamente o recipiente com a mão direita, despejando um pouco dessa água na mão esquerda. Faça isso três vezes, alternadamente.

Caso não haja água suficiente você pode despejar a água sobre os dedos (até a junção dos dedos com as mãos) mas o ideal é ter água o suficiente para cada vez jorrar a água sobre todo o punho.

Essa netilá deve ser feita sempre com um recipiente. Compre um pote redondo e grande, encha ele de água e coloque ele do lado da sua cama. De manhã sem descer da cama faça a Netilat Yadaiim.

A água utilizada para a netilá não poderá ser usada para nenhuma outra finalidade (pois um espírito de impureza paira sobre ela) e também não deve ser jogada em lugares por onde transitam pessoas que possam entrar em contato com ela.

2- impureza parcialmente espiritual e parcialmente material

A impureza parcialmente espiritual e parcialmente material é a causada quando mexemos em animais mortos sendo que quando o animal morre, mesmo tendo sido ele em vida um animal puro, após a morte para sobre ele um espírito impuro.

O animal que passou por um abate Kasher não impurifica porque sendo que o abate foi feito da maneira que a Torá pede para ser feito nesse caso paira sobre ele um espírito puro

3- impureza material

A impureza material é a que é causada pelo sangue que saiu do útero como no caso da nossa Parashá e tudo o que é comparado a isso.

A purificação desses tipos de impureza é por meio do mergulho no Mikve.

O Rambam nos conta que as purezas e impurezas citadas pela Torá são um “decreto do versículo”. Ou seja, mandamentos Divinos que estão acima da nossa capacidade de entendimento e por isso são chamados de hukim חוקים.

Diferente da categoria de leis da Torá chamadas de “Mishpatim” que são leis que conseguimos entender, como “não assassinar”, “não roubar” e etc, os “hukim” são leis da Torá que estão acima do nosso entendimento, e todas as leis da Torá relacionadas a assuntos de pureza e impureza estão nessa categoria.

Quando fazemos uma Mitzvá, quando cumprimos um mandamento Divino, trazemos para nós próprios uma grande pureza espiritual. E não somente para a nossa Alma, mas principalmente para o nosso corpo.

E esse é o motivo da descida da nossa Alma para esse mundo, cumprir os mandamentos Divinos como por exemplo dar a luz a uma menina ou a um menino e por meio disso trazer uma enorme pureza espiritual para o nosso corpo e também para a nossa Alma.

Ao mesmo tempo que a mulher por meio de cumprir o Mandamento Divino de dar a luz recebe toda aquela imensa pureza espiritual para seu corpo e sua Alma, uma pureza que vai reluzir eternamente nela, junto com isso ela recebe uma impureza material não detectável, que veio para ela por meio de uma ação material e vai sair dela por meio de outra ação material, e não por meio de rezas ou outros assuntos espirituais.

Como nos conta o Rambam que todo o assunto da pureza e impureza não é detectável, e por isso é chamado de “hok”, uma lei da Torá que está acima do nosso entendimento. Assim também a sua purificação por meio do mergulho no Mikve é um “hok”.

Da mesma maneira que a impureza não é detectável, sua purificação por meio da água também não é detectável, e todo esse assunto é chamado pelo Rambam de “decreto do versículo” por estar acima do nosso entendimento.

No caso da impureza e sua purificação, esse “decreto do versículo” vem nos revelar a impureza que existe nesse mundo material e não temos como saber que ela existe a não ser pelo fato de o versículo nos revelar a existência dela.

Ela aparece no nosso corpo por meio de uma ação material como no caso da mulher que deu a luz. Nesse caso a impureza material surge por consequência do corrimento de sangue para fora do ventre, e desaparece por meio de outra ação material que é o mergulho no Mikve após sete ou quatorze dias.

Mas nem a entrada dessa impureza material no nosso corpo e nem a sua saída são materialmente detectáveis.

Morte e impureza

Rabi Yehudah Halevi nos ensinou que a impureza está sempre ligada à morte e o caso mais grave de impureza é um judeu ou judia que faleceram.

Abaixo disso está a mulher que dá à luz uma menina. Antes de dar a luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma, ou seja, menos vida.

E sendo que essa vida que saiu dela vai dar origem à outras vidas ela fica impura 66 dias por causa da vida que saiu do seu próprio corpo, mesmo que a menina que saiu dela não só que tem vida própria mas também futuramente vai dar a luz à mais vidas

Abaixo disso está a mulher que dá à luz a um menino. Antes de dar à luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma. Ou seja, menos vida

Abaixo disso está a mulher que perdeu o óvulo e por isso ficou Nidá. O óvulo era vida, e ele saiu dela, agora ela é menos vida

Abaixo disso está o marido que teve relação com a mulher. O que saiu dele entrou nela, mas quem ficou impuro foi ele e não ela, porque dele saiu vida, e nela entrou

Nessa regra se aplica também no caso da “nega tzaraat”, a manifestação espiritual que se revelava na pele da pessoa causando a morte das células, e onde há morte há impureza, e por isso a pessoa ficava impura por causa da “nega tzaraat”

Quando acordamos de manhã estamos impuros (até jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) porque nossa Alma sobe para os céus nos colocando em uma situação de 1/60 da morte. Ou seja, durante o sono estamos menos vivos

Quando cortamos as unhas ou os cabelos, ou quando fazemos uma doação de sangue, também devemos fazer a “netilat yadayim”, (jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) para tirar a impureza que pairou sobre nós por causa da perda de uma pequena parte de vida, uma pequena parte do nosso sangue, dos nossos cabelos ou das nossas unhas

Mas porque a impureza paira sobre nosso corpo sempre que há nele um pouquinho de redução de vida, ou, D’us nos livre, a própria morte que traz com ela a maior de todas as impurezas?

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que a pessoa não morre antes de ver a “Shehiná” (Presença Divina) e por causa do intenso desejo da nossa Alma em se unir à Shehiná, nossa Alma sai do corpo ao seu encontro

Depois que a Alma sai do corpo e, consequentemente, aquele corpo se torna um corpo morto, é proibido deixá-lo sem que seja enterrado

O Zohar traz vários motivos para isso

1- Porque se deixamos passar 24 horas entre a morte e o enterro causamos uma fraqueza nas Sefirot do mundo superior, sendo que a “imagem e semelhança” Divina descritas pela Torá em relação à criação do homem se refere às Sefirot lá de cima e por isso cada um de nós está sincronizado com essas Sefirot

E da mesma maneira que existe a infiltração do lado espiritual negativo no corpo do falecido aqui em baixo, se ele não é enterrado em 24 horas esse lado espiritual negativo acessa ao mundo superior e suga vitalidade das Sefirot lá de cima

2- Outro motivo que não podemos atrasar o enterro é para não atrasar a ajuda Divina decretada para aquela pessoa. Porque talvez Hashem tenha decretado para o bem daquela pessoa que ela vai se reencarnar naquele mesmo dia que faleceu, explicitamente para o bem dela

E enquanto o corpo não é enterrado a Alma não pode se apresentar na frente de Hashem, e consequentemente não pode entrar em uma próxima reencarnação. Isso pelo motivo de que não é dado para a Alma um segundo corpo enquanto o primeiro não é enterrado

O Zohar compara esse caso à uma pessoa cuja esposa faleceu. Não é correto ele se casar com outra mulher enquanto a esposa falecida não é enterrada, assim também não é correto ele receber um novo corpo enquanto o corpo anterior não é enterrado

3- Outro motivo para que a pessoa seja enterrada no mesmo dia é porque quando a Alma sai do corpo e precisa ir para o mundo superior, para o Gan Éden (o Paraíso) e ela não pode entrar lá enquanto não é dado a ela um novo corpo. Mas sendo que o Gan Éden fica no mundo superior, esse novo corpo é infinitamente melhor do que o atual e é denominado pelo Zohar como um “corpo de luz”.

Um corpo espiritual para usufruir do Gan Éden HaTahton (Baixo Paraíso) onde uma hora lá equivale à setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, ou do Gan Éden HaElion (Alto Paraíso) onde uma hora lá é comparada à setenta anos no Gan Éden HaTahton

Mas só depois que a Alma recebe esse corpo espiritual ela pode entrar no mundo superior, e isso só acontece depois que o corpo material que ela usou aqui embaixo é enterrado. Somente depois disso ela recebe o corpo espiritual e pode entrar no mundo superior

Diz o Zohar que aprendemos isso de Eliahu Hanavi (o profeta Elias) que tem dois corpos. Um corpo que ele usa para aparecer para as pessoas aqui nesse mundo, mas com esse corpo ele não consegue subir para o mundo superior. Outro corpo ele usa para aparecer lá em cima entre os Anjos do céu

4- Mais um motivo que traz o Zohar é o de que todo o tempo em que o corpo ainda não foi enterrado a Alma sofre por causa do espírito impuro que aparece para habitar nele (causando com que o corpo morto fique impuro)

E sendo que o espírito impuro aparece por causa da morte, a pessoa não deve deixar aquele corpo por uma noite sem enterrá-lo porque o espírito impuro se encontra com mais intensidade durante a noite e vaga por toda a terra procurando um corpo sem Alma para impurificá-lo, e de noite ele impurifica com muito mais intensidade

 

Metzorá

A Torá nos conta sobre manchas que poderiam aparecer nas paredes das casas, nas roupas e nas pessoas. Essa mancha é chamada de “Nega Tzaraat” , a pessoa portadora dela é chamada de “Metzorá”. Isso foi traduzido erroneamente como lepra, doença causada pelo Mycobacterium leprae, mas é um verdadeiro erro de tradução como veremos a seguir:

Don Itzhak Abarbanel foi o grande Tzadik que encorajou os judeus espanhóis na época da inquisição a deixarem a Espanha e não fazerem idolatria. Ele nos explicou que a “Tzaraat” não é uma doença física, mas sim uma “praga” mandada dos céus que aparecia de uma maneira sobrenatural, e sua cura era por meio de um ritual espiritual como ele explica detalhadamente:

1- O Cohen começa a purificação do “Metzorá” com o abate de um pássaro em um pote de barro , nos mostrando que o ser humano é como um pote de barro na mão do seu artesão que vai modelando ele conforme a sua vontade. (nos indicando que a Tzaraat vem de Hashem para melhorar nossa forma, nosso caráter).

2- Dentro desse pote de barro onde é feito o abate do pássaro são colocadas águas de fonte (em hebraico “águas vivas”) representando a Torá que está no coração de cada um de nós , e por não a guardarmos da maneira correta morre o pássaro abatido (representando que a Tzaraat aparece por meio de nossas ações e não por contágio).

3- Um pássaro vivo é mergulhado (mas continua vivo) no sangue do pássaro morto , nos ensinando que a “Tzaraat” por natureza não é doença e nem é contagiosa (como na lepra pelas vias respiratórias) mas sim um decreto Divino ligado ao comportamento errado daquela pessoa (representando pelo pássaro morto).

4- A cura de “Tzaraat” não acontece de maneira natural, mas sim de maneira milagrosa, e por isso o “Metzorá” vai para o Cohen e não para o médico.

 

5- A “Tzaraat” da roupa, e da casa, é a mesma que a das pessoas, e ela não tem nenhum vínculo a doenças do corpo humano; pois, o fato de que a mesma Tzaraat pode aparecer em paredes (mineral) e em roupas (vegetal e animal) nos obriga a ver a Tzaraat como expressão sobrenatural, milagrosa.

 

Conclusão: depois dessa explicação tão detalhada do Don Itzhak Abarbanel, vemos que o certo é transcrever a palavra Tzaraat, e não pegar uma tradução errada, a qual tem por fonte aquela mesma idolatria que por causa dela Don Itzhak Abarbanel teve que sair da Espanha com seiscentos mil judeus na inquisição!

 

A “Tzaraat” era um decreto Divino que afetava principalmente pessoas que causavam intrigas entre marido e mulher, ou entre uma pessoa e outra, pessoas que causavam separações.

 

Por isso, primeiro o Metzorá era separado do acampamento (porque causou separações) e depois sua purificação envolvia dois passarinhos (que tem a característica de piar na casa de um e na casa de outro representando o que ele fazia). Mas nem sempre a Tzaraat era um decreto Divino para corrigir a personalidade da pessoa (enriquecê-la espiritualmente) , ocasionalmente a Tzaraat era um decreto Divino para enriquecer a pessoa materialmente.

 

O Midrash nos conta em nome de Rabi Shimon Bar Yohái, que quando os povos de Cnaan ouviram que o povo de Israel estava se preparando para vir conquistá-la; se prepararam para nos “receber”, e entre outras coisas esconderam nas paredes e embaixo do piso das casas todos os seus tesouros. Depois, quando fugiram, muitos esqueceram ou não tiveram tempo de pegar os tesouros, que continuaram escondidos nas paredes.

Conta o Midrash que o bom D’us disse:- Prometi para o povo de Israel casas repletas com tudo de bom, e quem vai avisar eles sobre os tesouros que eles têm em casa?

 

Portanto, continua o Midrash, quando aparecerem sinais de Tzaraat a pessoa será obrigada a demolir a casa, é aí ele encontra os tesouros escondidos! Então a Tzaraat , e como consequência a destruição da casa , eram uma grande alegria para eles porque dessa maneira eles encontravam fortunas escondidas.

 

Daqui aprendemos um ensinamento básico para todos os acontecimentos de nossa vida:

 

Quando temos “tzarot”(sofrimentos) e achamos que estamos passando por uma fase ruim e que D’us esqueceu só de nós, temos que nos lembrar que por causa dessas “tzarot” vamos descobrir tesouros de todos os tipos que não descobriríamos a não ser por meio (no mérito) dessas tzarot.

 

Como disse o rei David no Tehilim:-“de noite dormimos chorando e de manhã acordamos cantando”; ou seja, o mesmo que causou para dormirmos chorando, ela vai nos fazer acordar cantando! E não se trata de pegar experiência com as “tzarot”, mas sim tesouros verdadeiros , ou seja, depois que a “casa quebra” ficamos ricos de verdade!

 

Principalmente agora que já passamos por todos os sofrimentos, já está na hora de Mashiach chegar, e veremos com nossos próprios olhos que nunca existiram sofrimentos, mas tudo era a bondade Divina oculta que agora chegou a hora de ela se revelar em breve em nossos dias!

Aharei Mot

Nossa Parashá começa nos contando sobre os dois filhos de Aharon que faleceram por terem entrado com um “fogo estranho” na parte mais sagrada do Mishkan

A Parashá termina nos ensinando que existe uma situação em que a Terra Santa “vomita” seus habitantes devido ao comportamento deles em relação a “casamentos” e a santidade daquele lugar

Existe uma ligação entre esses dois assuntos que fazem parte de uma mesma categoria, mas em níveis diferentes

Quando Hashem (D’us) nos deu a Torá no Monte Sinai, pediu para Moshe avisar nosso povo para não subir naquela montanha e nem tocar nela enquanto estivesse acontecendo lá a entrega da Torá

A linguagem do versículo naquele caso é de que todo aquele que tocar em qualquer parte daquela montanha, mesmo em sua parte mais extrema, vai falecer

E também os animais deveriam ser impedidos de pastar no Monte Sinai no momento da entrega da Torá, porque eles morreriam também se estivessem naquele momento naquele local

A Torá nos conta mais adiante que Nadav e Avihu, os dois filhos de Aharon que faleceram por terem entrado no Mishkan com o “fogo estranho”, eram pessoas muito elevadas espiritualmente como o próprio Moshe diz ao seu irmão Aharon que Nadav e Avihu estavam em um nível superior ao deles

O “fogo estranho era o incenso feito de acordo com a Torá, mas esse trabalho deveria ter sido feito pelo pai deles, por Aharon que era o sumo sacerdote, e não pelos seus dois filhos, por uma pessoa e não por duas

Mas o fato de o Midrash ter nos contado que eles faleceram por ter entrado no Mishkan bêbados já nos ensina que o fato de eles terem entrado no Mishkan com o incenso no lugar de Aharon não justificaria a morte deles

Sendo assim, é óbvio que o motivo do falecimento deles naquela ocasião não tinha relação com o nível espiritual deles, que era elevado o suficiente

Pelo fato de Moshe ter avisado os Cohanin para não entrarem “bêbados” no Mishkan, surge a possibilidade de eles terem bebido muito vinho antes de terem entrado lá, e pode ser que foi isso o que causou a morte deles

Essa hipótese trazida pelo Midrash é vista como uma lição de moral, mas não é a prova de que esse foi o motivo verdadeiro, sendo que em relação à conduta moral Nadav e Avihu estavam dentro dos padrões e não havia nenhuma base para suspeitar de alguma conduta negativa em relação à eles

Também o fato de não ter sido possível encontrar vinho naquele lugar nos leva a conclusão de que o Midrash está usando essa hipótese como lição de moral, mas não como prova de que o motivo do falecimento deles foi esse

Então qual foi o motivo real da morte de Nadav e Avihu

A Torá nos conta que no momento da entrega da Torá Hashem (D’us) chamou Moshe para subir na montanha, dando à ele por meio desse chamado uma proteção especial para que ele pudesse presenciar a intensidade da revelação Divina sem que sua Alma deixasse seu corpo

Mas qualquer pessoa ou animal que tocasse naquela montanha naquele momento, mesmo que fosse somente no extremo da montanha, a Alma sairia do corpo devido ao nível da revelação Divina que estava acontecendo lá

Depois da entrega da Torá, a revelação Divina deixou definitivamente o Monte Sinai

O Monte Sinai voltou a ser uma montanha como qualquer outra, e não haveria mais nenhum problema para os pastores com seus animais subirem até o ponto mais alto dela, e eles já poderiam fazer isso sem que nada acontecesse

Aprendemos daqui que quando a revelação Divina paira sobre um lugar, todo o tempo que ela se encontra lá, nem as pessoas e nem os animais conseguem manter as almas nos corpos a não ser que ele seja chamado para, lá como foi o caso de Moshe Rabeinu no Monte Sinai na hora em que a presença Divina pairou sobre ele

Quando o Mishkan, nosso “Templo-móvel” foi construído no deserto, a revelação Divina pairou sobre ele se revelando na sua parte mais sagrada chamada de “Kodesh HaKodashim”

O sinal de que a revelação Divina pairou sobre o Mishkan foi o mesmo que aconteceu no Monte Sinai, a nuvem baixou sobre ele

A regra em relação ao Mishkan foi a mesma que no monte Sinai. Quando a nuvem pairava sobre o Mishkan mostrando claramente que a revelação Divina estava acontecendo lá, Moshe era chamado para o Mishkan e Hashem (D’us) falava com ele. Se Moshe não fosse chamado ele não iria lá por si só,

Por outro lado, Aharon e seus filhos faziam parte da estrutura do Mishkan. Ou seja, o Templo-móvel tinha os seus sacerdotes que eram Aharon e seus filhos, e por isso está escrito em relação à entrada no Kodesh HaKodashim “o estranho que entrar vai falecer. E quem está na categoria de estranho

A Guemará nos conta que certa vez alguém estava passando por trás de uma Sinagoga, escutou do lado de fora uma descrição sobre as roupas do Cohen, entrou na Sinagoga e perguntou :- Quem vai vestir essas roupas? :- O Cohen Gadol, respondeu o professor

A pessoa que não era judeu tomou uma decisão consigo próprio: – vou me converter ao judaísmo com a condição de ser o Cohen Gadol

Chegou ao tribunal rabínico onde se encontrou com Shamai, que ouvindo esse argumento concluiu que a pessoa não tinha uma boa intenção

Mas aquela pessoa não desistiu e foi procurar o outro grande Rabino da época que se chamava Hilel. Hilel fez para ele um curso de Cohen Gadol

Quando chegaram nesse assunto de “o estranho que se aproximar vai morrer” a pessoa perguntou:- Quem é considerado “estranho” em relação ao “Kodesh HaKodashim”

Até David, o rei de Israel que também era a pessoa mais elevada espiritualmente da sua geração e também a mais rica e poderosa, nada disso adiantaria em relação ao “Kodesh HaKodashim”, e se ele entrasse lá ele morreria como qualquer outro

Aquela pessoa descobriu que não poderia ser Cohen Gadol e se tornou um bom judeu

Nadav e Avihu não estavam na classificação de “o estranho que se aproximar vai morrer” sendo que eles eram Cohanin, eles eram os sacerdotes

Mesmo assim, a permissão para eles entrarem lá era restrita aos trabalhos específicos que deveriam fazer. Incluindo detalhes como roupas específicas para eles poderem trabalhar lá

Cada ação no nosso mundo material tem uma sincronização com o mundo espiritual, e de acordo com essa sincronização acontece uma reação

O Cohen, por meio do seu trabalho, sincroniza entre o mundo de baixo e o mundo de cima, trazendo para cá fartura e abundância

Isso acontece por meio da sincronização entre as Dez Sefirót lá em cima. A fartura e abundância lá de cima é repassada por meio da Sefirá chamada de Yessod para a Sefirá chamada de Mal’hut, a Mal’hut transforma a abundância espiritual em bens materiais

Um exemplo para isso é uma mãe que após comer um jantar de Shabat completo, com vinho, pão, peixe e saladas, carne com batata, sucos e sobremesa, transforma em seu corpo tudo isso em leitinho para o nenê

Se ela desse todo esse jantar de Shabat para o nenê do jeito que foi oferecido para ela, o nenê simplesmente morreria de fome. Não por causa da qualidade desses alimentos, mas por causa da incapacidade do nenê em relação a esse nível de alimentação

Então a mãe come toda essa comida, transforma ela em leitinho e depois dá de mamar para ele. Assim o nenê cresce saudável

Dessa maneira a Sefirá chamada de Mal’hut transforma a fartura e abundância espiritual em bens materiais. Mas para que o repasse dessa fartura do Yessod para o Mal’hut aconteça, nós precisamos merecer

E aí entra o trabalho do Cohen. Ele faz o trabalho Divino nos representando como se cada um de nós estivesse lá fazendo esse trabalho junto com ele. Esse trabalho é feito totalmente em sincronização com as forças ocultas espirituais

Quando Moshe Rabeinu trouxe as dez pragas para o Egito, ele teve que fazer ação material que causasse a reação espiritual para cada uma das dez pragas separadamente

Na primeira praga, quando Hashem (D’us) pediu para ele dar uma cajadada no Rio Nilo, Moshe respondeu que não vai poder dar essa cajadada porque esse rio salvou a sua vida quando sua mãe o colocou lá em uma cestinha

Hashem não cancelou a ordem da cajadada para trazer a praga, mas pediu para Moshe pedir ao seu irmão Aharon para ele dar essa cajadada

Porque para trazer algo lá de cima precisamos fazer uma ação nesse mundo material para que aconteça a reação no mundo superior

E essa ação precisa ser de acordo com os detalhes da ordem Divina que no caso da primeira praga foi a cajadada

No caso da praga dos piolhos, Hashem pediu para Moshe jogar a terra do Egito para o alto. Moshe novamente se desculpou de não poder fazer isso sendo que aquela terra o ajudou quando ele salvou um judeu de ser assassinado por um soldado egípcio

Novamente Hashem não cancelou essa ação, mas pediu para Moshe pedir à seu irmão Aharon para ele fazer esse ato material de jogar a terra do Egito para cima e assim começou a praga dos piolhos

Se Aharon tivesse invertido a ordem Divina e tivesse jogado a água do Rio Nilo para cima e dado uma cajadada na terra, nada aconteceria

E assim é o trabalho dos nossos Cohanin que são os nossos sacerdotes. Cada trabalho tem que ser feito da maneira correta, e se não for feito da maneira correta a sincronização não acontece e nada de bom desce para baixo

Sendo que é permitido para o cohen entrar no Mishkan e ele não está na classificação de “o estranho que entrar vai falecer”, e se o trabalho dele não for feito certo ele não traz as bênçãos celestiais para nós, o fato de Nadav e Avihu terem falecido ainda precisa de uma explicação

Por isso, dia o Zohar, o motivo que restou foi o fato de eles não terem se casado

E por esse motivo, quando a Torá se refere a pessoa que vai fazer o korban, o sacrifício, ela usa a palavra Adam

Quando Hashem criou o ser humano, diz o Zohar, ele fez uma pessoa que era um lado homem e o outro mulher. Essa pessoa foi chamada de Adam

Hashem fez Adam adormecer profundamente, separou entre os dois lados, e assim surgiu Hava, a Eva da Torá

(A estória de que D’us criou a mulher da costela não tem fonte judaica)

Por isso Nadav e Avihu faleceram, diz o Zohar, eles eram somente “meio corpo”. Cada um deles era “meio corpo”, e mesmo assim eles decidiram fazer o trabalho mais sagrado de todos os trabalhos do Mishkan

E por causa do contraste entre a fraqueza de eles serem “meio corpo”, de não serem casados, e a intensidade do Ketoret, do trabalho de trazer o incenso para o Kodesh HaKodashim que deveria ter sido feito pelo pai deles, eles faleceram

E por isso, diz Rabi Aba no Zohar, pelo fato de eles serem “meio corpo” e terem feito o mais importante de todos os trabalhos do Mishkan, por isso eles faleceram

Mas se eles fossem casados ou se tivessem feito outro trabalho do Mishkan que não fosse esse, não teriam falecido

Nossa Parashá começa nos contando os procedimentos tomados depois que faleceram os dois filhos de Aharon, e termina nos contando sobre as relações íntimas proibidas

Nos revelando por meio disso que de acordo com o nosso comportamento a Terra Santa pode chegar ao extremo de “Vomitar os seus habitantes como vomitou os povos que estavam lá antes de nós” por terem tido essas relações íntimas proibidas

Daqui aprendemos que da mesma maneira que aqueles povos foram tirados da nossa terra por meio de sete anos de guerra que fizemos com eles, nós também podemos ser tirados de lá da mesma forma, e isso é a expressão do conceito da Torá de
“a terra vomitar os seus habitantes”

Sendo que a Torá não está falando sobre outras terras mas somente sobre a “Terra Santa”, entendemos que também no nosso nível pode acontecer um curto circuito espiritual, entre a santidade da terra e a falta de santidade do nosso comportamento.

Por isso a Torá nos avisa isso antecipadamente. Para sabermos que cada ação no mundo material causa uma reação no mundo espiritual.

Quando essa ação aqui embaixo se compara ao comportamento dos povos que foram “vomitados” da nossa terra, estamos trazendo para nós por meio desse comportamento essa mesma consequência que esse comportamento trouxe para eles.

Então vamos estudar muita Torá e fazer muitas Mitzvot para trazer imediatamente a Gueulá