Haazinu 5780

Nossa Parashá começa com as palavras de Moshe Rabeinu, “Haazinu Hashamaim (Escutem os céus) e eu falarei, Vatishmá Haaretz (e ouça a terra) as palavras da minha boca”. Essa mesma linguagem aparece na profecia de Yeshaiahu, mas de maneira inversa

Nosso mundo é chamado de mundo da “Assiá” e tem um  lado material e um lado espiritual

Quando falamos espiritual, estamos falando de algo infinitamente melhor e infinitamente mais real do que o material. O material é o nível mais baixo, o nível perecível

Não temos os sentidos para entender o que é um mundo espiritual, mas para se ter uma pequena idéia de o que é um pouco do mundo espiritual, nossos Sábios dão como exemplo que uma hora no paraíso vale muito mais do que todos os prazeres que poderíamos ter durante todos os nossos setenta anos de vida aqui nesse mundo

E isso no baixo paraíso, um mundo acima do nosso que é chamado de o mundo da “Yetzirá”

Acima do mundo da “Yetzirá” se encontra o mundo da “Briá”, que é tão acima do mundo da Yetzirá, que para entrar nele temos que passar por um fenômeno espiritual chamado de “nahar di nur” (rio de fogo) para esquecermos os prazeres que tivemos no baixo paraíso, para que essa lembrança não nos atrapalhe no alto paraíso

Acima do mundo da “Briá” está o mundo de “Atzilut” que é o nível da Alma de Moshe Rabeinu

E por isso Moshe Rabeinu na nossa Parashá diz “Haazinu Hashamaim”. Hazaná e shmiá são quase sinônimos, mas em hebraico a palavra “Haazinu”(hazaná) se refere à escutar de perto e “Vatishmá”(shmiá) à ouvir de longe.

E portanto, Moshe Rabeinu, que estava mais perto dos céus mais do que da terra, usa a palavra Haazinu para os céus, e Yeshaiahu que estava mais próximo da terra do que dos céus, usa essa linguagem para a terra

Moshe Rabeinu era uma Alma do mundo de “Atzilut” , ou seja, também quando ele estava aqui nesse mundo ele estava no nível de mundo de “Atzilut”

Como nos explica o Rambam sobre a supremacia da profecia de Moshe Rabeinu em relação à profecia de todos os outros profetas.

Todos os outros profetas tinham que se “desmaterializar” na hora da sua profecia, sendo que seu corpo material atrapalhava nessa hora, mas Moshe Rabeinu não precisava se “desmaterializar” na hora da profecia, porque não só que o seu corpo material não atrapalhava a revelação Divina que acontecia nele, mas ao contrário, o seu corpo era o receptáculo para a revelação Divina, Hashem (D’us) falava por meio da garganta material de Moshê

E esse também é o motivo da diferença entre a profecia de todos os profetas e a profecia de Moshe  Rabeinu

Todos os profetas profetizaram com “Assim” (Assim disse D’us) que é o nível dos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá, mas Moshe profetizou com “Esse” (Esse é o meu D’us….)

E portanto, quando Moshê falou dos céus, estava se referindo ao mundo de “Atzilut”, e por isso usou a palavra Haazinu, uma linguagem de proximidade, e quando ele falou da terra estava se referindo aos mundos de “Briá”, “Yetzirá” e “Assiá, e por isso ele usou a palavra “Vatishmá”, uma linguagem de distância

Mas Yeshaiahu, sendo que a profecia dele se enquadra na categoria dos outros profetas, mesmo que ele viu uma revelação espiritual imensa descrita como a “Merkavá”  ( A Carruagem), ele viu somente a ” Merkavá” do mundo da Briá, e por isso sobre os “céus”, ou seja, o mundo de Atzilut, ele usou a palavra “shim’u”, uma linguagem de distância, e sobre a “terra” (Briá Yetzirá e Assiá) uma linguagem de proximidade.

Vayelech – 5780

Na nossa Parashá Hashem (D’us) revela para Moshe que já chegou o tempo de ele falecer, e depois que ele falecer, nosso povo vai fazer todas as idolatrias que faziam aqueles povos que estavam morando na nossa terra prometida

Nossa Parashá termina com Moshe Rabeinu dizendo para o povo de Israel que ele sabe que depois da sua morte nosso povo vai abandonar o pacto com Hashem e fazer idolatria, e adverte nosso povo sobre as consequências trágicas que virão por causa disso

Na prática isso só aconteceu vinte anos depois do falecimento de Moshe, isso aconteceu imediatamente após o falecimento do aluno e sucessor de Moshe, Yehoshua ben Nun

Rashi explica que aprendemos daqui que nossos alunos são tão queridos para nós como se eles fossem nós próprios. Todo o tempo que Yehoshua ben Nun viveu parecia para Moshe que ele próprio estava vivo

E pelo fato de Hashem ter comunicado para Moshe que o povo de Israel iria fazer idolatria depois de ele falecer, e isso só ter acontecido depois de Yehoshua ben Nun falecer, nos mostra que assim também determina a sabedoria Divina, que todo o tempo que nossos alunos estão vivos é considerado que nós próprios estamos vivos

O Rebe de Lubavitch disse que a nossa geração é a última geração, a geração da Gueulá. Nós ouvimos isso diretamente dele, e nós ainda estamos vivos! O prazo de validade não só que ainda não expirou mas ao contrário, a Gueulá já está batendo na nossa porta!

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Na nossa Parashá Hashem diz para Moshe que o nosso povo vai fazer idolatria e por isso Moshe diz para o nosso povo que eles vão fazer idolatria, e acrescenta as trágicas consequências que essa idolatria vai trazer

Hashem revelou isso para Moshe para que ele rezasse pelo nosso povo para que isso não acontecesse, e Moshe disse isso para o nosso povo com a intenção de que, sabendo da existência dessa tendência, eles tomariam mais cuidado para que isso não acontecesse

Mas porque nosso povo precisou ser advertido sobre esse assunto específico com vinte anos de antecedência, e ainda de uma maneira tão direta? (e sem nenhuma indireta)

Para entendermos isso precisamos voltar às origens do nosso povo

Rifka, nossa matriarca, engravidou de gêmeos, Yaakov e Essav. Quando ela passava perto de um templo idólatra, Essav queria nascer. Se ele já tinha essa inclinação desde a barriga da mãe, porque ele é culpado pelo que fez depois de ter nascido?

Dois tipos de Almas, dois trabalhos Divinos totalmente diferentes

Como em um casamento são servidos docinhos e salgadinhos, e mesmo tendo gostos opostos eles trazem alegria à todos talvez até pelo fato de terem gostos totalmente diferentes, assim também acontece com o nosso trabalho Divino

Existem pessoas que nascem com certas tendências negativas, como era o caso de Essav, e o trabalho dessas Almas é comparado aos salgadinhos.

É um trabalho duro mas com uma recompensa muito grande, e sobre isso dizem nossos Sábios que de acordo com a força do camelo assim é o peso da carga que é colocada sobre ele

Ou seja, nenhuma pessoa conseguiria fazer o trabalho de Essav, se controlar dos enormes impulsos que ele tinha desde o ventre materno, mas ele recebeu essa força.

E por isso dizem nossos Sábios, de acordo com o camelo assim é a carga. A força que foi dada ao camelo antecede a carga que foi colocada sobre ele

Se uma pessoa sai do psiquiatra com um diagnóstico de cleptomania isso não lhe dá uma permissão para roubar mas sim uma advertência para tomar cuidado e não se colocar em situações que possam facilitar isso. Claro que ele deve se tratar, mas isso não o isenta de cumprir o mandamento Divino de não roubar enquanto o psiquiatra não acerta o remédio para amenizar essa tendência

Ou seja, ele não pode dizer que só vai parar de roubar quando terminar o tratamento e ele não sentir mais vontade de roubar, mas ele deve sempre se controlar independente do tratamento, sendo que a força para isso já foi dada à ele antes do impulso e por natureza o cérebro domina o coração

Por isso temos que prestar contas lá encima de tudo o que fazemos nesse mundo, diferente do animal que não tem essa natureza, mas ao contrário, no caso do animal o impulso domina a razão

Quando Hashem perguntou para Havá porque ela comeu a fruta proibida, ela disse que foi a cobra que a seduziu. Porque ela recebeu um castigo? Porque antes de Hashem colocar a cobra no paraíso Hashem já tinha dado para Havá a força de não se deixar seduzir, como no exemplo do camelo acima

Havá se deixou seduzir pela cobra e Adam por Havá. Era mais fácil não se deixar seduzir pela cobra do que pela esposa, e o trabalho de Adam era mais difícil do que o de Havá, mas foram dadas à ele mais forças do que à ela, de acordo com o camelo assim é a carga

Por isso Moshe Rabeinu avisa o nosso povo que eles têm essa tendência para idolatria e os lembra das trágicas consequências que poderão vir caso eles deixem o pacto com Hashem, dando à eles as ferramentas para enfrentar os impulsos

Ou seja, as coisas ruins no começo tem um com um gosto melhor do que as coisas boas, mas as tragédias que elas nos trazem invertem o custo benefício delas

Então neste Yom Kipur vamos assumir que não fazemos mais coisas ruins e que a partir de agora vamos acrescentar nas coisas boas, só temos a ganhar

Para todas as informações sobre Yom Kipur acesse ao nosso site www.RabinoGloiber.com

❤Shabat Shalom e Gmar Hatimá Tová❤

Nitzavim – 5779

Nossa Parashá nos conta que Moshe Rabeinu reuniu todo o povo de Israel no dia da sua morte para fazerem um pacto, uma aliança com Hashem (D’us)

Parashat Nitzavim é sempre lida antes de Rosh Hashaná, e isso é indicado pela palavra “haiom” (hoje) que aparece no começo da Parashá, relacionada ao dia de Rosh Hashaná

Da mesma maneira que Moshe Rabeinu reuniu todo o povo de Israel para colocá-los dentro de uma aliança com Hashem, assim também em cada Rosh Hashaná se revela uma profunda ligação, uma verdadeira união, entre a essência Divina e a essência do povo de Israel

Essa ligação começa por meio do estudo da Torá e do cumprimento das Mitzvót, sendo que a Torá é o meio de sincronização entre nós e Hashem. Essa primeira ligação desperta uma conexão ainda mais elevada que está acima da ligação que acontece por meio da Torá

E isso é chamado de “o pacto”, a aliança com Hashem. Uma união entre a nossa essência e a essência Divina, uma união que traz também uma abundância de bondade Divina que se materializa nesse mundo em forma de uma grande abundância de coisas boas, boas de maneira visível, boas de maneira revelada

Rosh Hashaná é chamado de Yom Hazicaron, o dia da lembrança, o dia em que a nossa essência se une à essência Divina

Rosh Hashaná – o dia do julgamento

D’us é a essência do bem, e a natureza de quem é bom é fazer o bem. O julgamento Divino tem como base o nosso bem, e Hashem em sua infinita bondade e infinito amor por cada um de nós, nos julga baseado no nosso comportamento no último ano, mesmo que por exceção de regra somos julgados pelo que vamos fazer no futuro, mas a regra geral é que somos julgados de ano em ano

Outras exceções de regra:

Algumas pessoas vem para esse mundo com um crédito muito grande de uma reencarnação anterior, e por menos que façam ganham um ano muito bom, gastam o que ganharam no passado, e às vezes por causa disso esquecem de pensar no futuro

Algumas pessoas vem para esse mundo com grandes pendências de uma reencarnação anterior e aproveitam os méritos ganhos durante o ano para pagar essas pendências, usufruem de pouca coisa nesse mundo, e assim parece para nós que quem faz mais ganha menos e quem faz menos ganha mais, mas somente parece assim

Se tivemos um ano bom e nos comportamos bem, com certeza demos motivo lá em cima para recebermos um ano melhor que com certeza fará com que nosso comportamento melhore ainda mais

Se tivemos um ano bom e por isso relaxamos no estudo da Torá e no cumprimento das Mitzvót, ainda podemos fazer Teshuvá, assumir que não faremos mais o mal e decidir que faremos o bem

O problema é que não sabemos o que é bom até estudarmos Torá para saber o que D’us considera bom e o que é o mal de acordo com a visão Divina.

Rabi Nachman de Bresslev disse que muitas pessoas costumam fazer Teshuvá das coisas boas que fizeram e não fazem Teshuvá das coisas ruins

Por isso, quando assumimos que não vamos mais fazer coisas ruins e que a partir de agora vamos fazer coisas boas, em primeiro lugar temos que assumir que vamos estudar um pouquinho de Torá todo dia, um pouco de manhã e um pouco a noite para sabermos o que é bom e o que é mal, e assim somos capazes de fazer Teshuvá, que é a “volta” para o bom caminho, e só conseguimos voltar para o bom caminho quando estudamos Torá e aprendemos o que é o bom caminho

Hoje em dia perdemos muito tempo em congestionamentos, e podemos ganhar esse tempo estudando Torá.

Eu próprio estou aproveitando o trânsito de S.Paulo para gravar nossas aulas de Torá no YouTube que já estão com mais de 15.300 visualizações , e agradeço ao nosso querido Shlomo Zalman que coloca todas essas aulas em todos os canais de podcast.

 

É só digitar Rabino Gloiber no YouTube ou em qualquer canal de podcast e ouvir a sua aula de Torá preferida. Se tiver algum assunto da sua preferência nos contate pelo site www.RabinoGloiber.com e dê a sua sugestão.

Se precisar fazer uma inscrição no YouTube Premium para assistir às aulas offline, pode descontar o preço dessa inscrição da Tzedaká que você planejou dar para a nossa instituição

Os sinais da noite de Rosh Hashaná

Os profetas antigos tinham que fazer atos materiais para trazer as profecias mais rápido para esse mundo material.

Sendo que em Rosh Hashaná o mundo está sendo julgado e nós queremos que esse julgamento só nos traga benefícios, comemos na noite de Rosh Hashaná maçã doce com mel para trazer rápido para o nosso mundo material todas as coisas boas decretadas para nós

Ki Tavô – 5779

Nossa Parashá nos conta, entre muitos assuntos interessantes, sobre bençãos e maldições

D’us é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, então o que são essas aparentemente maldições descritas na Torá de maneira tão detalhada?

O refinamento da Alma

A primeira explicação para isso está no segredo das reencarnações. Nós somos uma Alma Divina jovem e linda dentro de uma roupa às vezes velha e remendada que é o nosso corpo material

Quando cumprimos os mandamentos Divinos nos tornamos uma Alma Divina mais jovem e linda, refinada e reluzente, sendo que os mandamentos Divinos são a sincronização entre nós e a fonte da vida, o mundo de cima

Quando transgredimos os mandamentos Divinos nos sincronizamos com a fonte da morte, o mundo “de baixo” o mundo da impureza que em breve vai desaparecer na época do Mashiach

Enquanto esse mundo da impureza ainda existe, ainda existe também a possibilidade de fazermos uma transgressão e nos sincronizarmos à ele fazendo grudar na nossa Alma verdadeiras “fezes espirituais” fazendo com que a nossa Alma Divina deixe de ser jovem e linda, pura e reluzente, e se torne somente um bem oculto dentro de toda essa impureza

Para nos limpar de todas essas “fezes espirituais”, principalmente quando já estamos drogados por elas e não temos mais vontade de sair do meio delas mas somente de acrescentar mais impurezas às impurezas que já nos envolvem, Hashem tem que nos fazer um verdadeiro milagre, e isso acontece dessa maneira

Recebemos lá de cima uma revelação Divina enorme, uma enorme fonte de bondade, revestida dentro de uma grande maldição, da mesma maneira que a nossa Alma Divina pura e linda está revestida dentro dessas grandes impurezas

Depois que esse revestimento desaparece, ou seja, que a embalagem em forma de maldição dessa benção enorme desaparece, sobra apenas essa enorme Benção que não teria como descer para esse mundo em outro tipo de revestimento

O revestimento de impurezas que envolve a nossa Alma desaparece dessa forma e voltamos a ser aquela Alma Divina pura e linda que éramos antes, mas agora com um grande acréscimo de revelação Divina que não tinhamos antes.

Por isso diz o Zohar que essas maldições representam o bem do mundo oculto que é muito superior ao bem do mundo revelado

Então, quando acontece uma coisa que aparentemente é uma maldição, precisamos ter muita paciência até essa embalagem desaparecer e esse enorme bem oculto se revelar

Tetzê –  5779

Parashat Tetzê nos conta três assuntos interessantes que aparentemente não tem nenhuma ligação entre si, mas que de acordo com o lado oculto da Torá eles são uma história em três capítulos

A Parashá começa nos contando como a Torá se relaciona à um caso quase impossível de acontecer na vida real, que é o casamento de um soldado judeu religioso com uma prisioneira de guerra que, não só que não é judia, mas que nos padrões de guerra de hoje seria chamada de “a mulher bomba”, a mulher que veio te assassinar

Nos bastidores da guerra

Antes de partirem para a frente de batalha, o Cohen ungido para a guerra fazia a seguinte declaração:

-Quem ficou noivo mas ainda não casou…

-Quem plantou um vinhedo mas ainda não  usufruiu das suas frutas…

-Quem construiu uma casa mas ainda não foi morar nela…

-Quem tem medo de morrer na guerra por causa de alguma coisa ruim que tenha feito…

Pode voltar para a retaguarda! Consertar os caminhos e providenciar comida e equipamento para os soldados do front.

Nessa hora muitos soldados voltavam para a retaguarda, e só ficavam no front os soldados que não tinham medo de morrer na guerra por terem feito alguma coisa ruim, e quanto mais que não fariam coisas ruins também durante a guerra, para não morrer na guerra por terem feito alguma coisa ruim.

Nessa situação nada romântica, um soldado judeu e religioso se apaixona por uma prisioneira do povo inimigo, se apaixona pela própria “mulher bomba”.

Fora o fato de isso ser um verdadeiro absurdo,  mais absurdo ainda é o fato de a Torá permitir esse casamento a ponto de esse caso se tornar um dos 613 mandamentos da Torá

Na segunda história a Parashá nos conta sobre uma pessoa que tinha uma mulher amada e uma mulher odiada.

Sendo que a Torá proibe proibe para nós odiarmos qualquer judeu, como pode alguém ter uma mulher amada e uma mulher odiada?

Mesmo que a Torá considera ódio quando você não fala intencionalmente três dias com alguém que costuma falar com você, mesmo assim isso é considerado ódio e é proibido

E ainda mais, nossa matriarca Leah disse que era odiada por Yaakov por causa de muito menos do que isso, e vemos que Hashem indenizou ela por esse sentimento dando à ela seis filhos e uma filha,

E esses seus filhos eram metade dos filhos que Yaakov Avinu teria com todas as mulheres juntas, e deles saíram as tribos principais de Israel como a tribo de Levi, que dela saíram os Cohanim, e a tribo de Yehudá que dela saíram os reis,  incluindo o Mashiach

Tudo isso para indenizá-la de uma sensação de ser odiada, mas nunca, D’us nos livre, por ter sido odiada de verdade por Yaakov que era um Tzadik, mas pelo fato de não ter sido tão amada quanto Rachel ela se “sentiu” odiada e foi altamente indenizada por Hashem por causa desse motivo

Almas caídas

Diz o Ari Zal que essa passagem da Torá está falando sobre um fenômeno espiritual de Almas judias que caíram no mundo das impurezas, e quando chega a hora de elas saírem de lá elas podem ser resgatadas dessa maneira também

E por isso aquele soldado que era um judeu religioso em uma situação nada romântica, se apaixona por ela.

O motivo para isso, diz o Ari Zal, é que a Alma Divina dele se sincroniza com a Alma Divina dela por eles terem um vínculo espiritual, e por isso ele acha ela linda.

Ela é linda para ele, mas não para qualquer outra pessoa, porque ele tem que resgatar aquela Alma por causa desse vínculo espiritual que há entre eles

E sendo que essa Alma Divina está envolvida nas klipot, no mundo das impurezas, a saída dela de lá, ou seja, o seu refinamento, acontece em etapas

Uma dessas etapas são os filhos, que no começo faziam parte da Alma Divina dela e agora recebem uma identidade própria, e são comparados pelo Ari Zal aos “siguim” que são os resquícios da purificação da prata

e por isso eles estão envolvidos pela Klipá também, e são lembrados na Parashá como sendo o caso do filho rebelde, um caso que nunca aconteceu na prática mas que nos indica essa situação

E esse fenômeno espiritual vimos acontecer com nosso patriarca Avraham Avinu, que no começo teve Ishmael com Hagar e no final os “bnei hapilagshim”.

Diz o Zohar que Hagar, a mãe de Ishmael, ela era Ketora que teve com Avraham esses filhos chamados de “bnei haplagshim”. O mesmo aconteceu com Itzhak e Rifka que tiveram Essav.

Nosso terceiro Patriarca, Yaakov, já estava em um nível de refinamento espiritual que todos os seus filhos já saíram sem esses “siguim” e deram origem às tribos de Israel

Por isso esses três casos são visitos pelo Ari Zal como uma história em três capítulos. Uma Alma Divina que é resgatada do fundo das klipot e vai se refinando e se separando de todos os resquícios que a envolviam

Shoftim 5779

Nossa Parashá nos conta que devemos colocar juízes e guardas em todos os nossos “portões”

Logo após, a Parashá descreve as qualidades que devem ter esses juízes, entre elas que eles devem ser pessoas honestas e não devem aceitar suborno, e devem fazer o julgamento de acordo com a lei Divina, ou seja, de acordo com a Torá

No lugar de escrever “em todas as suas cidades” a Torá escreve “em todos os seus portões”

Diz o Ari Zal, que por meio disso a Torá está nos indicando que, fora o significado direto que se refere aos portões da cidade, nos ensinando que devemos colocar juízes e guardas em todas as nossas cidades, a Torá está nos indicando também que devemos colocar juízes e guardas em todos os portões do nosso corpo.

Juízes honestos que não aceitam suborno e fazem o julgamento de acordo com a lei Divina, ou seja, a Torá

Explica o Ari Zal que os portões do nosso corpo são os nossos sentidos, que por meio deles nosso corpo deixa entrar para dentro o que vem de fora, ou seja, nossos olhos, nossos ouvidos, nossa boca e etc são os portões do nosso corpo.

Antes de deixarmos algo entrar dentro de nós temos que fazer um julgamento honesto e de acordo com a Torá, sem aceitar a opinião do nosso “Yetzer hará” que tenta nos subornar com todos os tipos de sedução nos pedindo para justificar a entrada para dentro de nós de tudo o que a Torá nos proíbe.

O nosso “Yetzer hará” é uma ramificação daquela cobra do paraíso enfatizando que, mesmo tendo Hashem nos proibido de comer a fruta da “Etz Hadaat”, mesmo assim devemos comer ela porque ela é “bonita e gostosa”, e que comendo o que é proibido nos tornamos “D’us” e passamos a decidir sozinhos, não somente para nós mas também para todos, o que é bom e o que não é

E assim o Yetzer hará justifica cada coisa errada que existe no mundo como sendo uma coisa bonita e gostosa e o principal: Você é que tem que decidir! Você é “D’us”!

Por isso temos que colocar em todos os portões do nosso corpo juízes honestos que não aceitam suborno e fazem o julgamento de acordo com a Torá, ou seja, antes de deixarmos algo entrar no nosso corpo devemos fazer um julgamento honesto e sem suborno.

Sem o suborno de isso ser bonito e gostoso e sem o suborno de satisfazer nosso próprio ego sentindo o poder de fazer tudo o que queremos sem que haja nada acima de nós a não ser nós próprios

Não somos uma lata de lixo eletrônico

Hashem (D’us) ama cada um de nós infinitamente mais do que amamos nossos próprios filhos. Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e tudo o que a Torá nos proíbe não é por nenhum outro motivo a não ser para o nosso próprio bem, como uma mãe que pede para uma criança não comer uma comida do lixo para o próprio bem da criança. Ou seja, quando deixamos entrar no nosso corpo uma coisa que a Torá nos proíbe estamos prejudicando somente a nós próprios

Nossa geração é uma geração WhatsApp. Todo mundo compartilha tudo com todos, muitas vezes coisas muito boas que não teríamos um acesso tão rápido e tão fácil à elas de outra maneira, mas infelizmente muitas vezes coisas muito ruins que também não teríamos acesso à elas de outra maneira

Muitas pessoas recebem coisas horrorosas e ficam horrorizadas, e querem compartilhar com todos esse horror para que todos saibam que existem coisas assim tão horrorosas no nosso mundo

E mesmo que na maioria das vezes não fazem isso por mal, acabam nos tornando uma lata de lixo eletrônico. Ou seja, antes de mandar a coisa horrorosa para a lixeira do celular compartilham esse lixo com todos, para que todos fiquem horrorizados como ela ficou

Nessa hora devemos nos lembrar das palavras do Ari Zal e colocar juízes e guardas nos nossos olhos, nos nossos ouvidos, e em todos os nossos sentidos, fazendo uma triagem honesta e sem o suborno do yetzer hará, deixando entrar no nosso corpo somente o que é permitido para nós

Até um documentário sobre o holocausto que seria um tema adequado para o jejum de Tishá BeAv, você recebe todo dia no meio do almoço e tem que continuar comendo (ou com certeza, depois disso não continuar comendo).

E o pior é que quando você pede para não te mandarem clipes de holocausto na hora do almoço porque você não é capaz de continuar comendo depois disso, a resposta é que isso é um assunto sério e de extrema importância e você está se comportando como um antisemita que nega o holocausto

Em outras palavras, fora o fato de sermos uma geração WhatsApp e Instagram, somos também uma geração sem noção, fazendo uma grande salada de coisas boas e não boas e obrigando todos os nossos contatos a comer essa salada no risco de perder o nosso contato caso não façam isso

Conclusão:

Vamos colocar juízes e guardas em todos os nossos portões e só deixar entrar alguma coisa depois de um julgamento honesto e sem suborno, e o principal, usando sempre a Torá como referencial

Reê – 5779

Nossa Parashá nos conta sobre animais puros, animais impuros, peixes puros, peixes impuros, sobre a proibição de comer sangue e sobre a proibição de comer carne com leite, entre muitos assuntos interessantes

Diz o Zohar que não precisamos justificar um Midrash. O Midrash é uma categoria da Torá que conta histórias. O motivo de não precisarmos justificar um Midrash é por que não sabemos quais dessas histórias é uma história verdadeira, qual é um exemplo e qual é uma parábola.

Quando o Midrash nos conta sobre uma história que envolveu milhões de pessoas, não sabemos se eram milhões de pessoas de verdade ou se o Midrash está simplesmente nos enfatizando que haviam lá muitas pessoas, e assim por diante

O mesmo acontece com as histórias chassídicas, e principalmente com as histórias do Baal Shem Tov, que às vezes chegam à nós em muitas versões diferentes da mesma história, a ponto de não sabermos qual é a versão verdadeira.

Por isso costuma-se dizer que mesmo se essa história não aconteceu dessa maneira, com certeza ela poderia acontecer, porque o conteúdo dela é um ensinamento profundo da Torá

Uma dessas histórias do Baal Shem Tov que chegou até nós em várias versões diferentes tem uma base profunda nos ensinamentos do Zohar, e é a história do Baal Shem Tov com o Rav Yehezkel de Praga

Nessa história surge uma dúvida em relação à kashrut de uma galinha, uma versão fala sobre a dúvida em relação ao abate da galinha e outra em relação ao sangue, se foi retirado da maneira correta depois do abate ou não

Nessa história diz o Baal Shem Tov que para ele não há dúvida que a galinha está kasher sendo que ele está vendo que um espírito puro paira sobre ela

O conteúdo dessa história nos direciona diretamente para o Zohar que explica detalhadamente esse fenômeno espiritual

Quando uma pessoa falece, a Alma deixa o corpo e consequentemente paira sobre esse corpo um espírito impuro, e por esse motivo o cemitério é considerado um lugar impuro

O mesmo acontece com o animal. Quando um animal morre, paira sobre ele um espírito impuro, em um nível de impureza menor do que o que paira sobre o ser humano que falece, mas que não deixa de ser um espírito impuro

Sendo que essa carne do animal que não foi abatido de maneira kasher, ou que o sangue dele não foi retirado depois do abate kasher se une à esse espírito impuro, a pessoa que come essa carne se une à essa impureza e cai por meio dela

Sendo que não temos a capacidade de elevar essa categoria de alimentos, no lugar de elevarmos a energia vital dessa carne para cima, ela nos arrasta para baixo, e para o nosso próprio bem a Torá nos proíbe de comer essa categoria de alimentos

O mesmo acontece quando comemos a carne dos animais que a Torá classifica como impuros, nesse caso não adianta nem fazer um abate kasher que não muda a realidade de impureza espiritual do próprio animal.

O mesmo acontece quando comemos peixes que a Torá classifica como impuros e aves que a Torá classifica como impuras, nos unimos à esse nível de impureza dessas criaturas, e não só que não conseguimos elevá-las, mas também elas nos rebaixam aí nível de impureza delas

Se todas as criaturas vem da mesma fonte Divina porque existem criaturas impuras?

O Zohar nos conta que a fonte das almas dos animais puros é chamada de “klipat noga”.

Na klipat noga o bem e o mal estão misturados e por isso temos a capacidade de elevar o lado bom dessa criatura nos elevando junto com ele quando fazemos um abate kasher e depois do abate kasher tiramos o sangue dele, sendo que não temos a capacidade espiritual de elevar o sangue, e sempre que não conseguimos elevar algo, o contrário acontece, aquilo nos leva para baixo

Quando Hashem (D’us) criou o ser humano, Adam e Havá, era proibido para eles comerem carne

Mesmo que a carne foi permitida depois do dilúvio, com a entrega da Torá aconteceu uma sincronização entre o mundo material e o mundo espiritual, o que não havia antes da entrega da Torá, e a partir desse momento conseguimos elevar a energia vital das coisas materiais ou ao contrário

A partir da entrega da Torá, foi permitido para nós comermos a carne dos animais que sacrificávamos no Mishkan, o Templo Móvel

Sendo que a permissão da Torá de comermos a carne de um animal que não foi sacrificado no Mishkan é uma extensão do status original de podermos comer somente os animais que sacrificávamos no Mishkan, a Torá manteve inalterada a regra da Shehitá (abate kasher) dos korbanot (sacrifícios) que só pode ser feito por um judeu

Portanto, para acontecer essa sincronização espiritual de após o abate kasher pairar sobre essa carne um espírito puro e não o contrário, esse abate kasher tem que ser feito por um judeu que é alguém que poderia comer o Korban na época em que ele era feito. E mesmo se for inventada uma máquina que faz o abate kasher exatamente como precisa, o animal que passar por essa máquina não será kasher por esse motivo

Carne com leite

Como uma criatura pura pode se tornar impura, e às vezes mais impura do que a própria criatura impura?

O que acontece quando uma carne kasher é cozida com um leite kasher dando origem ao maior de todos os problemas de kashrut é um verdadeiro “curto circuito espiritual” que transforma a carne kasher e o leite kasher em uma coisa mais impura do que os próprios animais impuros.

Uma bomba atômica espiritual, o pior de todos os problemas de kashrut a ponto de não podermos ter nenhum proveito dessa mistura.

Esse fenômeno espiritual acontece em algumas categorias diferentes, como uma roupa que é feita de lã e linho ou uma plantação uvas e cereais juntos.

Essas “misturas proibidas” como vimos anteriormente, são verdadeiros “curtos circuitos espirituais” e a origem disso é a sincronização espiritual de tudo nesse mundo com as Sefirot lá em cima. O choque entre a Hessed e a Guevurá destruindo as duas nesse nível microcósmico do nosso mundo e causando para nós as consequências dessa explosão

Almas obscurecidas

A diferença entre a criatura pura e a criatura impura está no nível de ocultação espiritual que se encontra por trás dela

Uma alma de nível muito baixo envolvida por imensas ocultações espirituais pode ter como receptáculo um animal enorme como um elefante ou uma baleia enquanto que uma alma animal mais elevada e envolvida com menos ocultações espirituais pode ter como receptáculo um animal pequeno como uma cabra ou uma ovelha. Nesse caso “tamanho não é documento”

Essa é a regra geral. O corpo do animal impuro é a vestimenta de uma alma de nível baixo e envolvida por grandes ocultações, e sendo que esse corpo está sincronizado com esse nível de alma, quando mantemos o desenho ou a foto desses animais impuros em casa ou nas roupas das crianças estamos atraindo coisas não boas. Por isso, diz o Rebe, não compre para as suas crianças roupinhas com desenhos de ursinhos gatinhos e cachorrinhos

Conclusão:

Tudo no mundo material está sincronizado com um nível do mundo espiritual. Vamos ficar longe do que nos leva para baixo e nos sincronizar só com o que nos leva para cima, só temos à ganhar!

Ekev -5779

Nossa Parashá nos conta sobre coisas maravilhosas que vamos receber em decorrência de cumprirmos os Mandamentos Divinos

A expressão usada pela Torá para essa decorrência é “Ekev”, que quer dizer “calcanhar”, nos indicando que, como um passo vem em decorrência do outro, assim também as enormes Bênçãos Divinas vem em decorrência do cumprimento das Mitzvót

A Torá poderia nos dizer isso de várias maneiras, então porque esse assunto tão importante é trazido dessa forma, se referindo ao nosso calcanhar, quando poderia ser dita de forma contrária, como: “A cabeça de todas as Bênçãos é o cumprimento dos Mandamentos Divinos” ?

Rashi explica que a Torá usa essa expressão para nos indicar que está se referindo aos Mandamentos que consideramos fáceis e acabamos “pisando” neles com os nossos calcanhares”, esses é que são os Mandamentos aos quais a Torá se refere que em decorrência do seu cumprimento ganharíamos as maiores Bênçãos Divinas

Mandamentos maiores e Mandamentos menores

Os Mandamentos Divinos se dividem em duas categorias: “Mitzvót Assé” que são os Mandamentos “Faça”, e “Mitzvót Ló Taassé” que são os Mandamentos “Não Faça”

Na categoria de Mandamentos “Faça” conseguimos saber quais são os mais importantes e quais são os menos importantes, sendo que a Torá nos revela o castigo que o “Beit Din”, o tribunal Rabínico, tem que aplicar em cada caso

No caso de assassinato intencional com testemunhas visuais na época do Beit Hamikdash a pena era de morte, mas no caso de roubo a pena variava de 100% à 500% de multa dependendo do caso.

Assim podemos concluir que assassinato é mais grave do que roubo, e baseado na tabela das penas que deveriam ser aplicadas em cada caso de transgressão conseguimos fazer uma tabela de gravidade das transgressões e saber qual dos Mandamentos “Não Faça” é mais importante e qual é menos importante

Quando falamos sobre a categoria de Mandamentos “Faça”, não temos como saber qual é o mais importante e qual é o menos importante. E o motivo para isso é simples: A Torá não revela a recompensa que vamos ganhar por cumprir cada um dos diferentes Mandamentos da categoria “Faça”, e portanto não temos como saber qual é o mais importante e qual é o menos importante, e isso é a causa de fazermos erros de avaliação tão grandes a ponto de pisarmos com os nossos calcanhares nesses próprios Mandamentos que no mérito deles receberíamos todas as Bênçãos Divinas possíveis e imagináveis

E o que nos causa fazer esses erros de avaliação tão graves?

A prepotência

Na nossa Parashá Moshe Rabeinu pede para nosso povo tomar cuidado para não chegar à uma situação em que, por causa de tanta fartura, de comer bem a ponto de estarmos totalmente satisfeitos, de construir casas tão boas e viver nelas com tanto conforto, por termos tanto gado e tantos rebanhos, tanta prata e tanto ouro, por termos tudo em tanta fartura, por causa disso chegarmos ao extremo da prepotência e esquecer de Hashem nos tirou da terra do Egito, da casa da escravidão, mas pensarmos que nossa própria força, o esforço das nossas próprias mãos nos deu toda essa fortuna

Nessa hora, diz Moshe Rabeinu, devemos nos lembrar de Hashem, nosso D’us. Ele é que nos dá força para fazermos toda essa fortuna

Daqui vemos que existe o orgulho. A auto-idolatria causada pelo sucesso que Hashem nos dá, isso é que nos traz à esse erro de avaliação, de olharmos para cima e esquecermos de olhar para qualquer coisa que na nossa opinião está lá embaixo,  apenas no nível dos nossos calcanhares

As vezes avaliamos que amar ao próximo como a si mesmo está escrito sobre um próximo que tem muito mais dinheiro do que nós, e com certeza teremos grandes benefícios desse “amor ao próximo”, e ainda justificamos isso trazendo uma história da Guemará que Rabi Yehudá HaNassi honrava os ricos porque o fato de Hashem ter dado à eles riqueza demonstra o seu mérito

E as vezes avaliamos que amar o “guer”, alguém que se converteu ao judaísmo, está escrito sobre um guer que tem mais contatos do que nós no alto escalão da sociedade dos não judeus, e com certeza teremos grandes benefícios desse “amor ao guer” quando fizermos grandes negócios com os não judeus

No final acabamos valorizando mais as Mitzvót que nos trazem algum benefício social ou financeiro, pisando naquelas que aparentemente seriam uma perda de tempo ou até mesmo poderiam nos causar prejuízos sociais ou financeiros

E aí vem a Torá e nos diz: Você quer ganhar de verdade? Então olhe para baixo e veja que todas as Bênçãos Divinas possíveis e imagináveis estão exatamente onde? Embaixo do seu calcanhar!

Vaet’hanan 5779

Na nossa Parashá, Moshe Rabeinu conta que rezou 515 vezes pelo mesmo motivo, entrar na terra prometida!

Moshe pertencia à tribo de Levi que não iria receber uma parte da Terra Santa como as outras tribos, porque eles precisariam ter todo seu tempo livre para estudar Torá e assim poder ensinar a Torá à todo o nosso povo

Portanto, o único motivo pelo qual Moshe Rabeinu queria tanto entrar na Terra Santa era para cumprir os Mandamentos Divinos que dependem dela, Mandamentos que podem ser cumpridos somente na terra de Israel

Depois de ter feito 515 rezas pedindo isso, Hashem pede para ele não rezar mais sobre esse assunto e diz que ele não vai receber isso, mas sim algo muito melhor do que isso

Diz o Ari Zal que Moshe se reencarna como Mashiach e a geração dele como geração Gueulá. Diz o Rebe que essa geração é a nossa!

Pelo fato de Moshe ter concordado em parar de rezar para entrar na Terra Santa, vemos que com certeza o fato de ele se reencarnar como Mashiach e a sua “geração do conhecimento” como “geração da Gueulá” foi realmente mais importante para ele do que entrar naquela época na terra de Israel e ele sozinho alcançar os maiores níveis espirituais, mas deixando sua geração para trás, Moshe não faria isso

Às vezes nós rezamos e pedimos muitas e muitas vezes para Hashem nos dar algo, e no final não recebemos.

Nessa hora devemos nos lembrar que Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e o amor que Hashem tem por cada um de nós é infinitamente maior do que o amor que temos pelos nossos próprios filhos

Sendo assim, se Hashem não nos deu o que pedimos, com certeza muito melhor do que isso Ele tem guardado para nós

Quanto mais grave o assunto maior tem que ser a reza

Quando Moshe rezou para Hashem curar sua irmã Miriam, ele falou somente cinco palavras e o pedido dele foi atendido imediatamente

Quando Moshe rezou pelo nosso povo na ocasião do bezerro de ouro, ele teve que se esforçar muito na sua reza

Subiu ao Monte Sinai, ficou lá quarenta dias e quarenta noites, pediu para Hashem apagar o nome dele da Torá caso nosso povo não fosse desculpado, e não abriu mão de rezar até conseguir o que queria. Esse foi um esforço sobrenatural

Quando Moshe rezou pelo nosso povo no caso de Korah o povo foi desculpado imediatamente

Vemos daqui que quanto mais grave o caso, maior tem que ser a reza

No caso de Miriam, ela era uma Tzadeket e tinha uma boa intenção, mas a atitude dela estava errada. Por isso cinco palavras de reza bastaram

No caso de Korah, o povo inteiro se reuniu à volta dele para ver o que vai acontecer. Korah imaginou erroneamente que todos estavam a favor dele e isso o motivou a continuar a “mahloket”, a discórdia. Sendo que a intenção do povo não era a de Korah continuar a discórdia mas sim de ver o que vai acontecer, quando Moshe rezou por eles eles foram desculpados rapidamente

No caso do bezerro de ouro já foi muito mais difícil. O povo reclamou quando faltou água, reclamou quando faltou comida, reclamou que queriam carne, reclamou de tudo! E quando chegaram os idólatras para arrecadar fundos para fazer a idolatria logo após o ápice da revelação Divina na entrega da Torá, ninguém reclamou!

As mulheres não quiseram dar as jóias para fazer o bezerro de ouro e os maridos arrancaram as jóias delas à força. E tudo isso quarenta dias depois da entrega da Torá, não dava tempo de dizer que esqueceram que D’us existe

Nesse caso Moshe Rabeinu teve que se esforçar muito na reza e não foi atendido imediatamente ou apenas rapidamente, mas somente depois de quarenta dias de esforço sobrenatural

Cada um de nós recebe de Hashem absolutamente tudo o que merece receber, pelo infinito amor que Hashem tem por cada um de nós

Quando merecemos um “castigo”, uma retificação lá de cima, nunca recebemos esse castigo na sua integridade, mas recebemos muito menos do que deveríamos receber. Hashem na sua infinita bondade nos faz todos os descontos possíveis e impossíveis para diminuir o nosso castigo

Mas o que merecemos receber de bom, recebemos integralmente. Por isso, sempre que rezamos e pedimos para Hashem nos dar mais coisas boas, mesmo como adiantamento pelos nossos futuros méritos, pelas coisas boas que ainda estamos por fazer, devemos pedir para Hashem nos dar isso de presente, nos dar “de graça”

Por isso a linguagem da nossa Parashá referente à quando Moshe rezou para Hashem dar para ele mais do que planejado é Vaet’hanan, que significa que ele pediu um presente gratuito, sem um motivo que justificasse isso

E assim devemos rezar também. Agradecer à Hashem que nos dá absolutamente tudo o que merecemos, não reclamar que nos falta alguma coisa mas pedir de presente tudo o que ainda nos falta

Nunca devemos pensar nos motivos Divinos de porque alguém que na nossa opinião merece menos, tem mais, e nós que “com certeza” deveríamos receber mais de Hashem estamos recebendo menos

Porque existem inúmeros motivos para isso, e um deles é o mérito ou desmérito de uma reencarnação anterior que não temos como saber

Por isso, em relação aos assuntos materiais devemos olhar sempre para quem está em uma situação pior do que a nossa, agradecer à Hashem pelo que temos e pedir o resto “de presente”

Em relação aos assuntos espirituais devemos sempre pedir para Hashem nos dar a possibilidade de podermos fazer mais, e isso também “de presente”. Por isso Moshe rezou tantas vezes, nãopara ter uma vida material melhor, como pergunta a Guemará :- Será que Moshe Rabeinu precisava comer as frutas de Israel? Mas sim para subir espiritualmente por meio dos Mandamentos Divinos ligados à terra de Israel que ainda faltavam para ele cumprir

Assim devemos fazer também

Quando rezamos por alguém, devemos rezar forte, como fez Moshe Rabeinu

Quando rezamos para ter o mérito de conseguir cumprir mais Mitzvót, ou de conseguir cumprir  as Mitzvót que já estamos cumprindo com mais capricho, devemos rezar forte e com todo o fervor

Mas para os assuntos materiais devemos rezar com alegria sendo que já estamos recebendo tudo o que merecemos e qualquer coisa que tivermos a mais é lucro

E quando estamos felizes com o que temos, mesmo que isso é de mentirinha porque precisamos de muito mais do que isso, Hashem nos dá motivo para estarmos felizes de verdade e nos dá de presente muito mais do que merecemos

Dvarim – 5779

A bronca
Nossa Parashá nos conta que quarenta anos depois da saída do Egito, no primeiro dia do décimo primeiro mês, ou seja, no primeiro dia de Shvat, próximo ao dia da morte de Moshe Rabeinu que aconteceria no dia 7 de Adar, 37 dias depois, ele deu uma “bronca” no povo de Israel sobre as principais calamidades que eles causaram desde a saída do Egito
 
Moshe Rabeinu só fez isso depois de ter vencido pessoalmente Og, o rei de Bashan e Sihon, o rei dos emoreus, que eram os principais reis que impediam a entrada do povo de Israel na terra prometida, abrindo o caminho para a conquista da Terra Santa.
 
Moshe Rabeinu esperou vencer esses dois reis para dar essa “bronca”, para o povo não dizer que ele não teve a capacidade de abrir o caminho para a conquista da terra prometida e por isso está jogando a culpa nos erros deles
 
Mas porque Moshe Rabeinu esperou chegar tão próximo à sua morte para dar essa merecida “bronca” ao nosso povo?
 
Rashi explica que ele aprendeu isso do nosso patriarca, Yaakov Avinu
 
Yaakov esperou chegar próximo ao dia da sua morte para dar uma bronca no seu filho mais velho, Reuven, porque ele ficou com medo de que Reuven rompesse relações com ele por causa da bronca e fosse morar com seu tio Essav que imediatamente o levaria para o mal caminho
 
O Midrash nos conta que os motivos para darmos as broncas somente no final das nossas vidas são:
 
1- Para não precisarmos repetir a bronca muitas vezes
 
2- Para a pessoa que recebeu a bronca não ficar com vergonha cada vez que nos ver
 
3- Para a pessoa que levou a bronca não guardar rancor de quem deu a bronca
 
4- Para se despedirem em paz, e o exemplo que é trazido para isso é o nosso patriarca Avraham Avinu, que depois de ter dado uma bronca em Avimelech, rei dos filisteus, fez uma aliança com ele
 
Ou seja, mesmo que a Torá nos pede para darmos uma bronca em quem precisa, a própria Torá nos traz os exemplos de Yaakov Avinu e Moshe Rabeinu que isso não é uma coisa tão simples assim.
 
As consequências da bronca podem ser piores do que o seu benefício, e portanto a mesma Torá que pede para você dar uma bronca em quem precisa, também pede para você seguir o exemplo dos nossos Tzadikim
 
Em outras palavras, a bronca é uma bomba atômica não convencional que só deve ser usada em casos que com certeza nós não somos as pessoas adequadas para saber que casos são esses
 
A Guemará nos conta que na geração em que Mashiach chega a prepotência das pessoas vai ser extrema, os preços vão ser altos, não vão faltar uvas mas mesmo assim o vinho vai ser caro, todo governo vai ser corrupto, e por fim, não haverá mais repreensão
 
Com certeza a Guemará não está tirando o nosso livre arbítrio de dar broncas, mas está nos avisando que o lado bom da bronca explicitamente não existirá mais, mas as más consequências dela continuarão existindo
 
O Rebe deixou claro que nós somos essa geração da Gueulá, e esse sinal da ineficiência das broncas que a Guemará nos conta com certeza não existia na época da Guemará, senão não seria um sinal da época em que Mashiach chegará que diferencia a nossa geração de todas as anteriores
 
Não só que as broncas hoje em dia não trazem absolutamente nenhum benefício, mas ao contrário.
 
Experimente buzinar atrás de alguém para ele andar mais rápido. A consequência imediata é que ele vai andar mais devagar!
 
Então, hoje em dia o único jeito de influenciar alguém é de maneira positiva. No lugar de dar uma bronca em um judeu por não estar guardando o Shabat, convide ele para o Kidush na sua casa. Mostre para ele os benefícios da comida kasher e ensine ele a colocar Tefilin
 
Nossos Sábios não deram esses sinais para nos desanimar, mas ao contrário, para sabermos que nessa geração temos que agir diferente
 
O Beit Hamikdash foi destruído por causa de ódio gratuito, e dando broncas despertamos esse ódio mais ainda.
 
Vamos reverter o motivo do Galut fazendo tudo de maneira positiva.
 
Com certeza esse é o motivo oculto de que as broncas hoje fazem somente o efeito contrário, para nos acostumarmos a influenciar todos à nossa volta de maneira positiva e assim nos prepararmos para entrar na era do Mashiach, no mundo que é totalmente bom

Matot – 5779
Entre muitos assuntos interessantes, Parashat Matot nos conta sobre a casherização dos utensílios de metal trazidos de Midian

Diz a Parashá que todo utensílio de metal que foi usado diretamente sobre o fogo tem que ser colocado sobre a mesma intensidade de fogo para purificá-lo

Diz o Zohar que isso se refere à cada um de nós

Muitas vezes fazemos algo errado e trazemos por meio disso impurezas espirituais para a nossa Alma

Na época do Beit Hamikdash, quando fazíamos algo errado nesse nível que justificava trazer um Korban, levávamos um Korban para o Beit Hamikdash, e por bondade Divina acontecia para o nosso Korban o que deveria acontecer para nós caso ele não nos substituísse

Depois que o Beit Hamikdash foi destruído e o Korban não poderia mais nos substituir, nossas rezas e nossos jejuns substituíram os korbanot

Diz o Zohar que quando jejuamos sacrificamos nossa própria gordura sobre o Altar (com certeza hoje em dia muita gente ficaria até feliz com isso)

E também por meio do fogo da alegria e do entusiasmo que temos quando rezamos queimamos as impurezas que grudaram na nossa Alma por causa das nossas transgressões, (queimamos as nossas “gordurinhas espirituais”, e nesse caso realmente temos que ficar felizes com isso)

Diz o Alter Rebe que hoje em dia os jejuns prejudicam a nossa saúde e não devemos fazer mais jejuns do que aqueles que a Torá e os nossos Sábios nos determinaram, portanto devemos dar muito mais Tzedaká do que as gerações anteriores (e ele disse isso há mais de duzentos anos atrás quando as pessoas eram muito mais saudáveis do que nós)

A Tzedaká substitui os jejuns porque com aquele dinheiro que damos para a Tzedaká poderíamos estar comprando “docinhos e salgadinhos”, por isso quando damos Tzedaká é considerado que estamos sacrificando nossa própria gordura sobre o Altar (por isso essa geração tem mais facilidades financeiras do que as gerações anteriores, sendo que os jejuns prejudicam a nossa saúde, Hashem nos deu mais dinheiro para podermos substituir os jejuns pela Tzedaká)

A maioria das pessoas ganha dinheiro com o próprio trabalho. Sendo que uma parte desse dinheiro sempre damos para a Tzedaká, o nosso trabalho é considerado parte da Mitzvá da Tzedaká.

E sendo que geralmente nos envolvemos no trabalho mais do que nos envolvemos em outras coisas, quando damos a Tzedaká estamos sacrificando nossas próprias vidas, nossa vitalidade que foi colocada em totalidade dentro do nosso trabalho

Massei

Uma viajem com 42 escalas

Nossa Parashá nos conta que nosso povo em sua viagem de 40 anos do Egito para a terra prometida acampou somente 42 vezes

Rashi explica que vemos aqui a bondade Divina. Mesmo que foi decretado para eles andarem 40 anos pelo deserto no lugar disso fizemos só 42 viagens

Ainda tiramos disso 14 viagens do primeiro ano, de Ramsés até Ritmá de onde foram mandados os espiões que por causa deles aconteceu o decreto

E também tiramos as últimas 8 viagens da reta final que aconteceram depois do falecimento de Aharon no último dia 40 anos, 8 viagens que teríamos que fazer de qualquer jeito

Conclusão: durante todos os 38 anos restantes fizemos apenas 20 viagens. Existe um desconto maior do que esse?

A Torá chama as paradas de viagens

Rashi explica que as paradas são chamadas de viagens sendo que cada parada é o ponto de partida da próxima viagem. Diz o Rebe que de acordo com esse ponto de vista seria mais adequado chamar essas escalas de paradas e não de viagens sendo que cada uma das paradas é o objetivo da viagem anterior, então por qual motivo a Torá está chamando as paradas de “viagens”?

E a resposta para isso é: Pelo motivo espiritual que está por trás delas, e dele aprendemos um ensinamento para o nosso dia a dia

Cada uma dessas 42 viagens simboliza uma etapa espiritual que cada um de nós é obrigado a passar durante o “galut” até chegar à Gueulá

Cada vez que ultrapassamos um obstáculo espiritual desses, chegamos mais perto da Gueulá. Ou seja, os obstáculos do exílio são o único meio de chegarmos à Gueulá.

Quando encalhamos em um desses obstáculos e conseguimos superá-lo, temos uma subida e estacionamos em uma etapa superior. Por isso eles são comparados às viagens que o nosso povo fez no deserto que também tinham esse mesmo objetivo.

Quanto maior o obstáculo maior é a subida que ele nos trás. Quando sabemos que os obstáculos da galut são o combustível da nossa viagem para cima, paramos de vê-los como obstáculos intransponíveis mas vemos eles como um caminho para nos conduzir para cima

Diz o Rebe que as dificuldades desse mundo dependem muito de como nos relacionamos à elas.

Agora que entramos no mês de Av quando nosso Beit Hamikdash foi destruído e nosso povo se espalhou pelo mundo, como podemos nos relacionar à isso, à esse extremo de tragédia, de uma forma positiva?

A Guemará nos conta que Raban Gamaliel, Rabi Elazar ben Azária, Rabi Yehoshua e Rabi Akiva estavam a muitos quilômetros de distância de Roma e já conseguiam ouvir o barulho das festas que eram festejadas diariamente na cidade

Raban Gamaliel, Rabi Elazar ben Azária, Rabi Yehoshua começaram a chorar e Rabi Akiva começou a rir

Perguntaram para Rabi Akiva, porque você está rindo?

E vocês, porque vocês estão chorando? respondeu ele

Disseram eles:

Esses romanos que se ajoelham na frente das estátuas e trazem incensos para elas estão vivendo uma vida tão segura e tranquila, e nós, nosso Beit Hamikdash foi queimado pelo fogo e não choraremos?

Por isso que eu estou rindo, respondeu Rabi Akiva. Se até os que estão transgredindo a vontade Divina estão tendo uma vida assim, quanto mais nós (na Gueulá)!

E em outra ocasião os Sábios estavam indo para Yerushaláim. Quando chegaram no Har Hatzofim rasgaram suas roupas, quando chegaram no Monte do Templo viram uma raposa saindo do lugar aonde era o Kodesh Hakodashim, a parte mais sagrada do Beit Hamikdash. Eles começaram a chorar e Rabi Akiva começou a rir

Perguntaram para Rabi Akiva, porque você está rindo?

Porque vocês estão chorando? Perguntou Rabi Akiva

O lugar sobre o qual está escrito “e o estranho que se aproximar morrerá” agora está frequentado por raposas e nós não choraremos?

Por isso que eu estou rindo, respondeu Rabi Akiva, sendo que está escrito: (ישעיהו) “vão testemunhar para mim testemunhas confiáveis, Oriá o Cohen e Zehariá Ben Yevarhiahu”.

E o que tem a ver Oriá com Zehariá? Oriá estava no primeiro Beit Hamikdash e Zehariá no segundo Beit Hamikdash

Mas a escritura nos mostra que a profecia de Zehariá depende da profecia de Oriá

A profecia de Oriá fala sobre a destruição do Beit Hamikdash e a profecia de Zehariá fala sobre a Gueulá, a redenção final

Enquanto a profecia de Oriá não tinha acontecido, estava com medo de que a profecia de Zehariá não acontecesse

Agora que a profecia de Oriá aconteceu, sabemos que a profecia de Zehariá vai acontecer também

E nessa linguagem responderam os Sábios :- Akiva, você nos consolou, Akiva, você nos consolou !

Daqui vemos que, como diz o Rebe, as dificuldades desse mundo dependem muito de como nos relacionamos à elas !

Pin´hás – 5779

Nossa Parashá nos conta, entre muitos assuntos interessantes, sobre kozbi bat Tzur, a princesa de Midian que foi morta por Pin’hás

Diz a Guemará que o motivo de o nome dela aparecer aqui é para nos mostrar a grandeza do ódio que os midianitas tinham por nós, a ponto de estarem dispostos a recrutar suas próprias princesas para se prostituir com o intuito de nos destruir, nos induzindo à idolatria e à relações conjugais ilícitas, para que D’us deixasse de nos proteger e o nosso povo desaparecesse totalmente da face da terra

Pin’hás viu que isso já tinha começado a acontecer. Quando o povo começou a sevir o “Baal Peór”, que era a condição que as jovens de Midian colocaram aos judeus para elas se prostituírem à eles, começou uma epidemia dentro do nosso povo que foi se espalhando e matando muitas pessoas.

Zimri ben Salu, presidente da tribo de Shimon, levou Kozbi para Moshe Rabeinu e à comparou à Tziporah, esposa de Moshe que também era de Midian, dizendo: Se sua esposa é permitida para você essa jovem também é permitida para mim, mas se essa jovem é proibida para mim sua esposa também é proibida para você!

Em meio à uma epidemia matando tantas pessoas e em frente à prepotência desse líder tribal, Moshe Rabeinu não respondeu. Zimri levou Kozbi para a sua tenda abrindo o caminho para todos os que quisessem fazer igual à ele

A epidemia continuou se espalhando e Pin’hás chegou à conclusão de que se ele não fizer algo para parar essa moda, não vai sobrar do nosso povo ninguém para contar a história . Pin’hás pegou uma pequena lança, entrou na tenda de Zimri e matou os dois.

A estratégia de Pin’hás

Para entender qual foi a estratégia de Pin’hás vamos viajar no tempo até a época da Guemará, a época do grande Tzadik Rav Ada bar Ahava

Rav Ada bar Ahava se depara na feira com uma jovem kutit vestida com um vestido vermelho chamado de carabalta que em aramaico quer dizer crista de galo. Essa roupa era tão chamativa que as consequências dela eram óbvias…

Rav Ada bar Ahava queria parar essa moda que já tinha começado a se espalhar dentro do nosso povo

Ele imaginou uma ideia fantástica: imagina se existisse um louco obsecado por mulheres que andam na rua com esse tipo de roupa, que quando visse uma mulher assim arrancasse a roupa dela aonde quer que ela estivesse.

Nenhuma mulher sairia com uma roupa assim com medo que o louco deparasse no meio da rua exatamente com ela.

Ele decidiu que ele vai ser esse louco que vai fazer essa moda parar! Arrancou o vestido dela e teve que pagar uma exorbitante indenização. Mas foi solto… e a moda parou! (Imagine o que pensaram dele depois disso)

E isso foi o que fez Pin’hás. Depois de Moshe Rabeinu não ter respondido para Zimri, muitos viram isso como uma porta aberta para fazer a coisa ruim. A epidemia continuou se espalhando e Pin’hás viu que o único jeito de salvar o nosso povo é fazendo uma loucura dessas.

E mesmo que fosse morto por causa disso, esse precedente faria com que todos imaginassem que o próximo louco já estava a caminho e ninguém mais teria coragem de levar uma midianita para casa e atrair para si pessoas dessa “categoria”

Hashem fez muitos milagres para Pin’hás. Não só salvou Pin’hás dos que queriam matá-lo, mas também santificou ele espiritualmente tornando ele um Cohen

A Klipá Midian

Quando Adam e Havá comeram a fruta da árvore do bem e do mal, eles misturaram o bem e o mal no mundo que se tornou quase que inteiramente impregnado pelo mal a ponto de que, na época de Avraham Avinu, ele estava no lado bom e o mundo inteiro no lado ruim

Cada um dos povos do mundo tem uma característica desse mal na qual eles se destacam particularmente. Esse lado impuro é chamado de Klipá

Os midianitas se destacaram no ódio gratuito a tal ponto que ele é chamado de “a klipá de Midian”

A característica desse tipo de ódio é que ele é gratuito, não tem motivo ou o motivo é tão insignificante que não justifica as atitudes tomadas como consequência desse tão pequeno motivo

Os midianitas não tinham absolutamente nenhum motivo para nos odiar. Midian não estava na nossa rota e já tinha ficado para trás. A esposa e o sogro de Moshe eram midianitas, e não fosse esse ódio originário da Klipá eles teriam todos os motivos para serem nossos aliados

Mas o ódio deles era tão grande que eles estavam dispostos a destruir suas próprias famílias prostituindo suas próprias filhas somente para nos verem mortos

Midian foi destruída por ordem Divina, mas a Klipá de Midian que é uma força espiritual negativa, depois de mais de mil anos da destruição de Midian chegou até nós

Os próprios judeus na época do segundo Beit Hamikdash comecaram a se odiar gratuitamente e esse ódio gratuito trouxe para nós o segundo holocausto da nossa história com a destruição do Beit Hamikdash e a dispersão do nosso povo pelo mundo

Agora que a nossa Parashá nos lembra essa história dentro das três semanas em que nossa cidade Santa e nosso Templo Sagrado foram destruídos por causa desse ódio gratuito, temos que contra atacar com amor gratuito e reverter essa situação

Vamos colocar como meta de vida o amor gratuito. Amar à todos os judeus gratuitamente começando dentro de casa. Amando nossos cônjuges mesmo quando achamos que eles não estão dando motivo para isso. Amando nossas crianças mesmo achando que eles poderiam se comportar melhor. E finalmente, amando todos os judeus mesmo que todos nós somos tão diferentes uns dos outros

E dessa maneira revelamos lá encima o amor que Hashem tem por cada um de nós.

E mesmo que muitas vezes não damos motivo para isso, mesmo assim despertamos lá encima o amor gratuito de Hashem por nós fazendo com que Hashem nos tire gratuitamente desse exílio de quase dois mil anos, traga o nosso terceiro Beit Hamikdash construído dos céus e transforme esse mundo em um mundo melhor, o mundo da Gueulá

Balak – 5779

Nossa Parashá nos conta que Balak, o rei de Moav, depois de ver as grandes vitórias que tivemos sobre os mais poderosos e invencíveis reis da região que eram Sihon rei dos emoreus, e Og rei de Bashan, viu que não teria a mínima chance de vitória se fosse atacado por nós

Mesmo que era público o fato de termos uma meta pela frente que não incluía a conquista de Moav, mesmo assim ele não tinha como confiar

Balak fez uma ampla pesquisa para descobrir como pode um povo sair da escravidão, passar quarenta anos no deserto como se nada tivesse acontecido, e ainda vencer as maiores potências mundiais da época?

Ele descobriu o segredo da “bomba atômica” judaica: A Tefilá (a Reza)

Balak descobriu que o nosso povo saiu do Egito porque rezou para Hashem (D’us)

Hashem mandou Moshe tirar nosso povo do Egito com palavras! Moshe disse que o rio Nilo iria virar sangue e ele virou sangue.

Moshe disse que viriam rãs e vieram rãs.

Moshe disse que viriam piolhos e vieram piolhos.

Moshe falava e as pragas aconteciam !

O faraó prometia que iria deixar nosso povo sair e pedia para Moshe rezar para parar a praga. Moshe rezava e a praga parava!

Balak descobriu que a nossa força está nas palavras que falamos. Nenhum judeu deu uma única flexada em nenhum egípcio. O Egito que era a superpotência mundial da época  foi destruído com palavras! As palavras trouxeram as pragas e as palavras tiraram as pragas.

E no caso de Sihon e Og foi exatamente igual. Não tínhamos um exército treinado e nem equipado que justificasse vencer as maiores potências do mundo. Nossa Tefilá trouxe esses milagres. Nossa força está nas nossas palavras!

Balak contra atacou da maneira correta. Ele descobriu que não tinhamos força a não ser por meio das nossas palavras, então ele foi chamar o maior feiticeiro da época para nos atacar também com palavras. Bomba atômica contra bomba atômica!

Bilam

A Torá nos conta que não existiu no povo de Israel um profeta tão grande como Moshe. No povo de Israel não existiu mas entre os povos do mundo sim. E quem era ele? Bilam!

Para os povos do mundo não dizerem que se eles tivessem um profeta tão grande como Moshe Rabeinu eles se comportariam melhor, Hashem deu para eles Bilam. Mas por causa dele, não só que eles não se comportaram melhor, mas ao contrário, eles se comportaram pior ainda!

Bilam era mundialmente conhecido. Quem ele abençoava era abençoado e quem ele amaldiçoava…..

Da mesma maneira que nós, a força de Bilam estava nas palavras que ele dizia.

Existe um pequeno instante em que a Sefirá da Guevurá desperta lá encima. Bilam sabia qual era esse instante, e quando a Guevurá despertava ele começava a sua maldição, e quem é amaldiçoado nesse pequeno instante não escapa….

A tal ponto que o próprio D’us foi obrigado a impedir o despertar da Guevurá todo o tempo que Bilam tentou amaldiçoar o nosso povo.

Daqui aprendemos que nunca devemos falar palavras ruins, principalmente dentro da família, porque se, D’us nos livre, acertamos sem querer esse instante, estaremos causando um prejuízo irreversível. E depois que a briga terminar não adianta chorar….

Hashem trocou a maldição de Bilam por Bençãos.

Bilam profetiza sobre o Rei David e sobre o Mashiach

 Por que a Benção de Bilam e suas profecias foram necessárias para nós?

Para entender isso vamos votar na nossa história até a época do nosso patriarca Yaakov que lutou contra uma criatura espiritual que era o próprio anjo de Essav. Essav era o patriarca de Edom que mais futuramente deu origem que países europeus

Yaakov pediu para o anjo de Essav abençoar ele. O anjo de Essav abençoou Yaakov dizendo que seu nome não será mais Yaakov mas sim Israel.

Poderíamos e com razão dizer que o anjo foi forçado a abençoar Yaakov. Aí vem Bilam e diz : Quanto são boas suas tendas Yaakov, suas moradias Israel. O reconhecimento final vem por meio de Bilam que representa todos os povos do mundo

A profecia de Bilam continua revelando o futuro Rei David e o mais futuro ainda, o descendente do Rei David, o Mashiach

O Rei David subjugou todos os povos à nossa volta, e o Mashiach vai subjugar o mundo inteiro

E por que essa profecia tinha que vir por meio de Bilam?

Da mesma maneira que a profecia do término de Edom tinha que vir por meio do profeta Ovadiahu (Abadias) que tinha se convertido ao judaísmo e era proveniente de Edom

Diz o Zohar que o fato de o anjo de Essav ter ferido a perna de Yaakov não foi um simples ferimento material, mas foi um ferimento espiritual profundo que se revelou materialmente

Esse ferimento espiritual teve como consequência o fato de que qualquer profeta judeu que tentasse falar a profecia da destruição de Edom cairia antes de dizê-la. Por isso ela teve que ser dita pelo profeta Ovadiahu que não era um descendente de Yaakov mas sim de Essav

E assim conseguimos entender a necessidade das Bençãos de Bilam e de suas profecias

Conclusão

Nunca devemos amaldiçoar ninguém por pior que seja a situação, sendo que nossas palavras têm uma sincronização espiritual. Se acertamos sem querer o momento em que a Guevurá está revelada podemos causar uma tragédia mesmo não tendo intenção

  Sempre devemos dar Bençãos à todos sem limites.

Hukat  – 5779

Nossa Parashá nos conta sobre uma Mitzvá (um Mandamento Divino) que aconteceu somente nove vezes em toda a nossa história, e acontecerá pela décima e última vez na época do Mashiach

Essa Mitzvá é chamada de Pará Adumá, que literalmente significa a “Vaca Vermelha”

Ela consiste em se fazer o abate de uma vaca totalmente vermelha sobre uma estrutura de toras de madeira e depois acender um fogo nessa estrutura transformando-a em uma grande fogueira

Quando a maior parte da vaca vermelha (que já foi abatida) está queimando e a barriga dela se abre, se joga dentro dela um pedaço de “erez” que é a maior árvore da terra de Israel, um pedaço de “ezov” que é a menor árvore daquela região, e tolaat shani que é uma lã tingida com tinta vermelha originaria de um vermezinho

As cinzas da fogueira da vaca vermelha junto com tudo o que foi queimado nela é usada para purificar as pessoas da maior de todas as impurezas, a impureza dos mortos

Todos os que participam da preparação dessas cinzas em todas as suas etapas devem estar puros antes de começar esse procedimento, e ao final dele se tornam impuros, caracterizando a vaca vermelha como algo que purifica os impuros mas impurifica os puros

A explicação do Baal Shem Tov

a vaca vermelha representa o orgulho

O Baal Shem Tov nos ensinou que todos os Mandamentos Divinos são eternos.

Mesmo que na prática eles precisam ser cumpridos por meio de uma ação determinada e em um tempo determinado, mesmo assim eles sempre trazem para nós um ensinamento que pode ser colocado na prática por cada um de nós e em qualquer momento

Nesse aspecto os Mandamentos Divinos são eternos, pelo motivo de a Torá ser Divina e a revelação Divina ser eterna.

Dizem os alunos do Baal Shem Tov em seu nome, que toda a Torá tem que estar sempre presente na nossa vida diária dentro desse aspecto, o de aprendermos de cada Mandamento Divino uma instrução que pode ser colocada na prática no nosso dia a dia

Eles perguntaram ao Baal Shem Tov:- O que podemos aprender da Mitzvá da “Pará Adumá”(a vaca vermelha) para o nosso trabalho Divino diário, se até na época do Beit Hamikdash ela não aconteceu a não ser raramente?

E também, o que podemos aprender do fato de que ela impurifica os puros e purifica os impuros?

E assim respondeu o Baal Shem Tov:

A “Pará Adumá” representa o orgulho!

No princípio, quando nos comportamos de maneira incorreta e portanto estamos distantes de Hashem (D’us), o começo do nosso “conserto” é por meio do orgulho e das “segundas intenções”

Temos que cumprir os Mandamentos Divinos para “nos exibir”, por exemplo, ou de uma maneira mais nobre, mas ainda com “segundas intenções”, de “ganharmos o Paraíso futuro”.

Temos que pensar que é mais do que justo que Hashem nos dê uma enorme recompensa por tudo o que estamos fazendo, temos que achar que estamos fazendo algo para D’us

Mas a verdade é que se D’us não nos desse força, o que seria de nós? Como podemos cobrar de Hashem uma coisa que fizemos com a força que ele próprio nos deu?

Mas nunca conseguiríamos chegar à essa verdade, e D’us nos livre, ficaríamos de fora, se não começássemos o trabalho Divino como uma criança pequena, para exibir que estamos fazendo o que é certo e portanto somos importantes, ou para receber algo em troca, por mais nobre que seja a recompensa como por exemplo o futuro Paraíso

Depois que começamos o trabalho Divino com essas “segundas intenções” e conseguimos “crescer e amadurecer” dentro do trabalho Divino, descobrimos que Hashem é a essência do bem e ele nos ama mais do que nós amamos nossas próprias crianças, infinitamente mais do que imaginávamos!

Perdemos o interesse pelo que os outros vão pensar de nós, perdemos a vontade de nos “exibir”, e vemos o futuro paraíso como uma coisa óbvia, como voltar para casa depois de estarmos perdidos na selva por tanto tempo.

Paramos de pensar em nós próprios e começamos a pensar em Hashem que está tão preocupado com a nossa “volta para casa”. Vamos pelo caminho certo para que Hashem fique “menos preocupado” com a gente e não para termos algum lucro com isso

Nessa segunda etapa, ter orgulho, cumprir os Mandamentos Divinos para nos exibir ou para ganhar o paraíso é uma regressão à etapa anterior. Nessa segunda etapa se tivermos orgulho ele nos derruba

Nessa segunda etapa, na qual voltamos a ser crianças puras, temos que manter essa pureza e nos afastar do orgulho até o extremo

Porque a prepotência é uma auto idolatria, e aonde há idolatria a revelação Divina se oculta. Nessa etapa o orgulho nos impurifica

Conclusão: o orgulho purifica os impuros e impurifica os puros

E esse assunto existe em todos os níveis, até no nível dos Tzadikim, das pessoas mais elevadas espiritualmente.

Até os próprios Tzadikim, para subirem do seu nível tão elevado para um nível mais elevado ainda, precisam usar esse sistema de começar pelo orgulho para decolar, e depois se apegar à humildade para aterrissar com segurança no nível superior

E por isso, também sobre os Tzadikim podemos dizer que o orgulho purifica os impuros, sendo que qualquer nível espiritual em relação ao nível superior à ele é comparado à impureza em relação à pureza

Sendo que o nível espiritual inferior está distante do superior, em relação ao nível de revelação Divina superior o Tzadik está longe de D’us, mesmo que para nós que estamos em um nível muito mais baixo ele está infinitamente mais perto de D’us do que nós

E antes de qualquer pessoa se aproximar de Hashem por meio de alguma Mitzvá, Torá ou Tefilá (reza) ele é considerado impuro, ou seja, distante de Hashem em relação ao nível da aproximação que ele vai chegar por meio da Mitzvá, da Torá ou da Tefilá que ele vai fazer, e não temos como nos aproximar de Hashem a não ser por meio do orgulho

Na “sitra ahara”, no lado espiritual impuro, representado principalmente pelo que está mais próximo à nós que é o nosso próprio “yetzer hará” (nossa má inclinação), o raciocínio é totalmente contrário

O yetzer hará começa pela humildade e termina no orgulho

Começa pela humildade dizendo:

– “Quem é você para fazer uma Mitzvá?”

-“O que adianta você estudar Torá, de qualquer jeito você nunca vai saber tudo”

:- “Você acha que é tão querido por Hashem para que a sua reza seja ouvida?”

Quando um pensamento desses proveniente do yetzer hará nos atinge como um míssil do Hamas que sai de dentro da própria terra de Israel para destruí-la, você deve responder com todo o orgulho dizendo:

:-Quem sou eu para não fazer uma Mitzvá!

 meu estudo de Torá lá encima é visto como uma pequena luz na escuridão que é muito mais importante do que uma grande luz que não está na escuridão

:- A minha reza lá encima é ouvida com mais atenção ainda, como uma criança aprendendo a falar que mesmo falando errado o pai está tão feliz em ouvi-la que até repete as palavras dela de tanta felicidade

O fato de o orgulho no começo do trabalho Divino fazer parte da santidade e não ser comparado à uma Mitzvá feita por meio de uma “averá” (transgressão) é porque por trás dele se encontra a verdadeira humildade como vemos nos exemplos acima

A humildade da “sitra ahara” é dizer :-quem sou para fazer uma Mitzvá

A humildade da Kedushá (santidade) é dizer :-quem sou eu para não fazer uma Mitzvá.

E esse lado oculto da verdadeira humildade se disfarça de orgulho para enfrentar o Yetzer hará que tenta nos seduzir dizendo que é uma grande Mitzvá ser humilde mas que por motivos de humildade você não deve cumprir Torá e Mitzvót sendo que você ainda não está nesse nível!

E você só consegue refutar os argumentos dele com orgulho. E por meio desse orgulho você se purifica e se aproxima de Hashem, por meio de ter orgulho em estudar Torá, em rezar, em cumprir as Mitzvót

O orgulho de fonte impura é o orgulho da segunda etapa, quando você já está estudando Torá, cumprindo Mitzvót e caprichando na Tefilá. Aí aparece o Yetzer hará e tenta te convencer de que você é melhor do que as pessoas que não estão fazendo o que você faz.

Esse é o orgulho proveniente da “sitra ahara” e o objetivo dele é te derrubar dessa forma fazendo com que você se ache melhor do que os outros, fazendo com que você se sinta um deuzinho, transformando você em uma pequena idolatria e te distanciando de Hashem muito mais do que você estava antes de começar

Por isso o orgulho é chamado de Pará Adumá. Pará(vaca) é uma linguagem de crescimento, o orgulho de fazer uma Mitzvá faz você crescer.

Adumá (vermelha) se refere à “sitra ahara” que é o orgulho que você sente depois de ter feito a Mitzvá, o orgulho de ser melhor do que alguém que não fez essa Mitzvá, orgulho proveniente do lado impuro

Portanto é colocado dentro da fogueira da vaca vermelha um pedaço de Erez que é a maior árvore, um pedaço de ezov que é a menor árvore, e tolaat shani, a lã tingida com a tinta vermelha originaria de um vermezinho

Como explica Rashi que quem se orgulhou como um Erez, tem que se rebaixar como um ezov e como uma tolaat, um vermezinho

Diz o Rambam que o cajado de Erez que era colocado dentro da fogueira da vaca vermelha tinha um limite de altura de cinquenta centímetros

Disso nos ensina o Baal Shem Tov mais uma regra importante que aprendemos da Mitzvá da Pará Adumá

Que mesmo sendo necessário o orgulho no começo do trabalho Divino, ele tem que ter um limite. Não podemos perder o controle sobre ele para que seja possível eliminá-lo depois com muita facilidade

Conclusão:

Leia novamente tudo o que foi dito acima e coloque na prática com muito amor e carinho!

Korah -5779

Nossa Parashá nos conta sobre a primeira “rebelião” na história do nosso povo que foi feita por Korah da tribo de Levi, Datan, Aviram e On ben Pelet da tribo de Reuven vizinhos de Korah, e mais duzentos e cinquenta rabinos de todas as tribos

Korah era visto pelo nosso povo como um grande estudioso da Torá, e por ser muito rico era, consequentemente, muito influente. Datan e Aviram eram famosos por sua maldade. Agora eles vem desmoralizar Moshe e Aharon com o apoio de duzentos e cinquenta rabinos que representavam todas as tribos, todos alegando que estão lutando por uma”causa nobre”, mas visivelmente com “segundas intenções”
A tenda de Moshe era muito grande, e foi feita assim para receber todos aqueles que queriam estudar a Torá diretamente de quem a recebeu
Esse grupo de revoltos aparece na tenda de Moshe acusando-o de ter feito as nomeações do nosso povo de acordo com sua própria preferência e não por determinação Divina, colocando em cheque a veracidade da profecia de Moshe Rabeinu e de tudo o que ele ensinava diariamente à todos aqueles que procuravam a palavra de D’us
Cada um deles representava uma visão diferente, mas todos estavam unidos contra um “inimigo em comum”, que no caso, D’us nos livre, eram Moshe e Aharon
Por trás da rebelião
Desde que o mundo é mundo, desde Adão e Eva, o primogênito tinha privilégios que os outros filhos não tinham
Sendo que cada primogênito iria ser o sucessor de seu pai, o primogênito do faraó seria o próximo faraó, o primogênito do médico seria o próximo médico, e assim por diante, os pais investiam na educação dos primogênitos o que não investiam na educação dos outros filhos. Em outras palavras, os primogênitos eram a estrutura da sociedade antiga
Quando Hashem (D’us) trouxe a praga dos primogênitos para abalar a estrutura do Egito para que eles deixassem o nosso povo sair de lá, Hashem “pulou” os nossos primogênitos mesmo eles não tendo nenhum mérito para isso naquele momento, mas no mérito de que mais futuramente eles seriam os sacerdotes do nosso povo, estariam ocupados totalmente com o trabalho Divino
Quando o povo de Israel fez o bezerro de ouro, acontecimento que não incluiu a tribo de Levi, Hashem trocou os primogênitos do nosso povo pelos Leviim
Korah era da tribo de Levi, filho de Itzhar, neto de Kehat
Kehat teve quatro filhos:
Amram, pai de Moshe e Aharon, era o primogênito de Kehat. Depois dele vinha Itzhar, pai de Korah, depois Hevron e por final Uziel, pai de Elitzafan
Enquanto tudo acontecia de acordo com uma hierarquia, os filhos de Amram, primogênito de Kehat, Moshe e Aharon, se tornaram respectivamente o líder do povo o Sumo Sacerdote, Korah não reclamou, mas esperou na fila pela próxima nomeação
Quando Moshe nomeou Elitzafan, filho de Uziel que era o filho mais novo de Kehat para liderar a família de Kehat, Korah viu que não havia uma hierarquia, sendo que Elitzafan era o filho do irmão mais novo do seu pai, e aqui começa o problema.
Korah não acreditou que Hashem pediria para Moshe nomear Elitzafan ben Uziel fora dessa ordem hierárquica, e concluiu que Moshe Rabeinu fez as nomeações de acordo com sua própria preferência,
Korah se sentiu vítima de discriminação, e foi lutar pela igualdade. Alegou que o sumo sacerdócio que foi dado à Aharon poderia ter sido dado à ele sendo que ele é tão primogênito quanto Aharon
Datan, Aviram e On ben Pelet, todos da tribo de Reuven, também se sentiram vítimas dessa mesma discriminação, sendo que Reuven era o primogênito de Yaakov, e portanto o justo seria dar o sacerdócio de volta para a tribo de Reuven
Os 250 rabinos que participaram dessa “mahloket” (discórdia) também se sentiram vítimas dessa discriminação. Eles eram primogênitos das outras tribos e alegavam que sendo que Moshe na opinião deles está fazendo as nomeações de acordo com seu próprio gosto, o justo seria que ele desse o sacerdócio de volta para os primogênitos de todo o povo e não para quem ele quisesse
A explicação do Zohar
Mesmo que essa história pode ser entendida de maneira simples, nossos Sábios no livro do Zohar nos revelam nela um assunto maravilhoso
D’us criou o mundo em sete dias e cada um dos dias da criação está ligado à uma Sefirá lá de cima
A Sefirá do primeiro dia é a Hessed que é a bondade, a união, a expansão. No primeiro dia D’us criou o céu e a terra, D’us criou a luz
A Sefirá do segundo dia é a Guevurá que é a rigidez, a separação, a contração. No segundo dia D’us criou a separação. Separou entre as águas de cima e as águas de baixo. Criou o firmamento.
O terceiro dia é Tiféret. O equilíbrio entre a Hessed e a Guevurá. No terceiro dia as águas de baixo deram espaço à terra que tirou árvores e frutos, a conciliação convívio e a harmonia entre a Hessed e a Guevurá
A Hessed é necessária, mas não em excesso, como a chuva que é uma imensa bondade Divina mas em excesso ela se torna uma inundação. E essa era a situação do primeiro dia da criação, “água para tudo quanto é lado”
No segundo dia D’us separou entre as águas de cima e as águas de baixo. Aqui encontramos detalhadamente o segredo da separação, de acordo com o Zohar, o segredo da “esquerda” (o segredo da Guevurá que é a Sefirá da esquerda)
A direita, a Hessed, é a perfeição de tudo, e por causa disso sobre a direita está escrito a palavra “tudo”, por que dela depende toda a perfeição
Quando a esquerda desperta, desperta a separação, e se não for contida pela Tiferéret que à coloca na medida certa, ela pode descer ao precipício, ao lado impuro, se tornando fogo e fúria dando origem ao gehinon, ao inferno
Moshe na sua grande sabedoria olhou para isso, olhou para os dias da criação, viu que o gehinon estava vinculado à Guevurá e quiz fazer o equilíbrio entre a Hessed e a Guevurá como vimos mais futuramente nas discussões entre os Sábios de “Beit Shamai” que eram a Guevurá e os Sábios de Beit Hilel que eram Hessed.
Naquele caso a Guevurá ficou dentro do equilíbrio, e mesmo sendo as duas opiniões válidas, a lei judaica foi de acordo com Beit Hilel, e sendo que esse tipo de “mahloket”(discórdia) não tinha “segundas intenções” ela só trouxe coisas boas para o nosso povo
No caso de Korah e os que se uniram à ele, sendo que haviam “segundas intenções” eles perderam o controle e escorregaram para baixo, e esse é o grande risco da Guevurá sendo que o gehinon está vinculado à ela
Diz o Rav Haim Vital no seu livro “Etz Hadaat Tov” que Moshe na sua imensa bondade, sempre querendo o bem até dos piores judeus, propôs à eles em primeira instância oferecer o incenso no Mishkan dizendo que dessa maneira Hashem vai mostrar quem é o escolhido por Ele
Moshe imaginou fazer algo como fez mais futuramente Eliahu Hanavi no Monte Carmel quando o fogo desceu do céu para o Korban de Eliahu revelando que Hashem é o D’us verdadeiro e Eliahu é o seu profeta.
Se acontecesse dessa forma, todos veriam que Hashem escolheu Aharon para ser o Cohen Gadol e ninguém morreria,
E também que ouvindo essa proposta eles poderiam optar por voltar atrás até antes de trazerem o incenso e o milagre acontecer, vendo que Moshe está convicto de que Hashem vai escolher Aharon e eles vão passar vergonha. Dessa maneira eles poderiam voltar atrás respeitosamente antes que isso acontecesse
Mas sendo que eles acrescentaram Guevurá à Guevurá, e a Guevurá é o escorregador para o guehinon, eles causaram uma situação em que a terra se abriu e o gehinon espiritual se revelou de forma material
E esse é o problema com a Guevurá, ela é comparada pelo Zohar ao fogo. Você acende um fogo pequeno e em poucos minutos ele se torna um fogo grande e incontrolável
E sendo que a Guevurá desce com tanta facilidade direto para o inferno, aprendemos da nossa Parashá que não devemos ser como Korah
Não devemos correr o risco de nos sincronizar com uma conexão espiritual tão perigosa como a Guevurá
Sempre que nos sentimos oprimidos devemos nos lembrar do que nos contou o Baal Shem Tov, de que até uma folha que cai de uma árvore, quantas cambalhotas ela vai dar, e se isso vai ser por meio do vento ou por meio de uma pessoa, tudo isso já está pré determinado lá de cima, tudo isso acontece por Divina Providência
Não podemos deixar a Guevurá despertar dentro de nós, e logo que sentimos a menor inclinação para ela devemos eliminá-la imediatamente sendo que ela nos conecta diretamente ao gehinon, ela se expande rapidamente e o controle sobre ela é dificílimo
Mas como uma doença que deve ser tratada imediatamente quando diagnosticada para salvar a nossa vida, dessa mesma maneira quando diagnosticamos a Guevurá despertando dentro de nós não podemos dar a ela nem uma mínima chance e devemos tirá-la de dentro de nós no mesmo instante

Shlah – 5779

Na nossa Parashá Hashem (D’us) diz à Moshe:- Mande “para você” homens que façam um “passeio” na terra de Knaan que eu estou dando para o povo de Israel.

Hashem pede para ele mandar um homem de cada tribo e especifica que cada um deles deve ser o líder da sua respectiva tribo

Essa linguagem de “mande para você” não é uma linguagem usual, e o fato de esse assunto aparentemente aparecer aqui do nada também merece uma explicação

Rashi explica que em Parashat Devarim mais à frente, Moshe Rabeinu repreende nosso povo por não terem confiado em D’us que prometeu dar à eles a melhor terra do mundo, e com tudo isso eles pediram para Moshe mandar espiões para verificar se a terra é boa ou não. Por isso Hashem pediu para Moshe mandar os líderes das tribos para verem a terra prometida antes de entrar nela, e esse é o motivo da nossa Parashá começar dessa forma.

Nossa Parashá já começa com a resposta Divina ao pedido do nosso povo, mas sem contar de que maneira eles fizeram esse pedido (que no caso não foi nada delicada)

A linguagem do versículo na nossa Parashá é de “passear” pela terra, ou seja, “fazer uma excursão turística” na terra prometida.

No pedido Divino não é usada a palavra “espionar”, sendo que D’us já tinha dito que essa terra é muito boa e não haveria nenhuma necessidade de verificar, mas sim de constatar as palavras Divinas por meio dessa visita

Infelizmente a maioria dos líderes das tribos que foram enviados por Moshe, mesmo vendo que não existia uma terra tão boa quanto aquela, não se comportaram como turistas felizes por terem feito um passeio em um lugar tão lindo mas sim como espiões, encontrando defeitos em tudo o que viram

Na volta eles disseram à Moshe, à Aharon e à todo o nosso povo, que mesmo sendo verdade que a terra prometida emana leite e mel e suas frutas são enormes, mesmo assim ela tem barreiras intransponíveis

Da mesma maneira que suas frutas são enormes seus habitantes também são enormes. As cidades têm muralhas enormes, os cananeus moram ao lado do rio Jordão e não conseguiremos atravessá-lo

Nem precisamos dizer que nosso povo ficou apavorado e já queriam, como sempre, voltar ao Egito.

O ambiente estava tão negativo que as pessoas amontoadas para ouvir os espiões estavam ansiosas por mais detalhes de quão intransponíveis eram as barreiras que nos separavam do sonho da terra prometida, transformando ele em um verdadeiro pesadelo

O Midrash nos conta que Kaleb, o líder da tribo de Yehudá, conseguiu fazer o povo inteiro ficar em silêncio como se fosse acrescentar mais uma coisa ruim sobre Moshe, sendo que todos estavam furiosos com Moshe por ter causado toda aquela decepção de ter trazido o povo até lá e agora eles aparentemente serem obrigados à voltar para o Egito por falta de opção

Kaleb gritou:- Será que foi só isso que nos fez o filho de Amram?

Quando todos ficaram em silêncio para ouvir o que mais tinha “aprontado” Moshe, ele gritou bem alto dizendo

:- Moshe abriu para nós o mar vermelho, fez descer o Man (maná) do céu, fez as aves aterrizarem no nosso acampamento…

Aparentemente as palavras de Kaleb não foram nada profissionais sendo que ele foi mandado para ver a terra prometida, e o que ele está contando foram coisas que aconteceram no Egito como a abertura do mar vermelho, e no deserto como a descida do Man e a aterrissagem diária das aves no acampamento

Mas na verdade o que ele estava dizendo já era um passo a frente do que foi visto na terra prometida, era refutação de tudo o que os outros espiões falaram

Eles disseram que os cananeus vivem ao lado do rio Jordão, e quando estivermos atravessando o rio só as nossas cabeças estarão fora da água nos tornando alvos indefesos em relação à eles.

Kaleb disse que Moshe abriu para nós até o próprio mar, quanto mais que para ele fazer um rio se abrir é coisa fácil

Eles disseram que as cidades têm muralhas enormes

Kaleb disse que Moshe fez o Man descer do céu e as aves aterrizarem no nosso acampamento.

A natureza das aves é voarem para cima quando vêem pessoas. Se Moshe fez com que elas se comportassem contra a própria natureza aterrizando diariamente no nosso acampamento, quanto mais as muralhas das cidades que já tem a natureza de descer que para Moshe seria fácil fazê-las descer totalmente, ou seja, afundar. (posteriormente Yehoshua fez isso com as muralhas de Jericó)

Em outras palavras aprendemos com Kaleb o que é um verdadeiro profissionalismo.

É nos lembrarmos constantemente de todos os grandes milagres que Hashem nos fez até agora, desde a saída do Egito até às centenas de milagres pessoais que cada um de nós teve durante toda a sua vida

É ver em tudo a presença Divina interagindo no mundo e mudando a natureza à nosso favor, o que chamamos de Divina providência!

Mas o povo de Israel optou pela opinião dos outros espiões, que descreveram uma realidade morta, uma realidade sem D’us

Diz o Rav Haim Vital no seu livro Etz Hadaat Tov, que quando Hashem diz para Moshe “enviar para ele próprio”, aparentemente uma linguagem não usual, está indicando para Moshe que de toda essa tragédia vai sair uma coisa muito boa, mas que vai ser boa somente “para ele próprio”

Quando Hashem prometeu ao nosso patriarca Avraham que “seus descendentes iriam ser afligidos em uma terra estranha” mas que “a quarta geração vai voltar para cá”, essa quarta geração não incluia Moshe Rabeinu sendo que seu avô, Kehat, estava entre os primeiros judeus que desceram ao Egito e Moshe era a terceira geração

Hashem já tinha indicado isso quando disse à Moshe no Egito “agora você vai ver o que  vou fazer ao faraó”, indicando que ele vai ver somente os milagres que Hashem vai fazer para vencermos o faraó, mas que ele não vai ver os milagres que Hashem vai fazer para vencermos os 31 reis da terra de Canaã

Se o povo de Israel não se revoltasse contra Hashem e contra Moshe por causa dos espiões, eles entrariam na terra prometida mas Moshe não, ele teria que falecer antes disso.

Por causa dos espiões nosso povo teve que ficar no deserto por quarenta anos e Moshe ganhou por meio disso mais quarenta anos de vida revelando ao nosso povo os mais profundos segredos da Torá por mais quarenta anos!

Diz o “Kli Yakar” que tudo isso aconteceu porque D’us pediu para Moshe mandar homens! Porque se tivesse mandado mulheres isso não teria acontecido.

Elas voltariam felizes ao acampamento contando maravilhas sobre a viagem à terra prometida motivando nosso povo e despertando o entusiasmo de todos para entrarem nela imediatamente

Por isso sobre as mulheres, mesmo as da terceira geração, não foi decretado falecer no deserto. Elas entraram na terra de Canaã e a transformaram em terra Santa, em terra de Israel !

Behaaloteha 5779

Nossa Parashá nos conta que Miriam, irmã de Moshe, estava ao lado de Tzipora, esposa de Moshe, quando vieram comunicar à Moshe que Eldad e Meidad estão profetizando no acampamento

Tzipora ficou com dó das esposas deles por eles terem se tornado profetas, e disse que agora eles não vão mais ter relações conjugais com suas esposas à exemplo de Moshe Rabeinu

Miriam se assustou com o comportamento do seu irmão mais novo, Moshe, e contou o caso para Aharon.

Os dois concordaram que Moshe Rabeinu não estava agindo certo, porque Miriam e Aharon também eram profetas e não faltavam com esse tipo de obrigação em relação à família

O problema e a solução

Sabemos que o único jeito de subirmos espiritualmente e recebermos mais santidade é por meio do cumprimento dos mandamentos Divinos.

Um desses mandamentos é a obrigação de um homem ou mulher casados terem relações conjugais na frequência adequada à eles que é determinada de acordo com o trabalho de cada um, levando em consideração a distância do trabalho e o esforço físico necessário para fazê-lo

Em outras palavras, pelo menos no Shabat o marido deve ter uma relação com a mulher quando ela está pura

Se eles tem a saúde adequada para terem relações conjugais mas não querem mais se relacionar, no judaísmo isso justifica um divórcio

Se o motivo disso é que ela não quer mais ter filhos, melhor usar meios anticoncepcionais femininos (e nesse caso se consultar com um rabino para saber quais meios são permitidos) do que se divorciar. Mas parar de ter relações conjugais é proibido

Sendo que Moshe era o maior exemplo de santidade e na opinião da sua esposa esse exemplo seria seguido por todo aquele que quisesse ter mais santidade, o comportamento dele, de acordo com Miriam e Aharon, era um mau exemplo para todos. Um comportamento que ia contra a própria Torá que Moshe recebeu de D’us e repassou para o nosso povo

A solução

Miriam já tinha uma solução “na gaveta”. Quando ela era jovem, o faraó decretou jogar todos os meninos judeus recém nascidos no rio Nilo e por causa disso seu pai se separou da sua mãe.

Na época ela disse à seu pai que ele era pior do que o faraó, porque o faraó decretou somente contra os meninos, e Amram estava causando, com o seu mau exemplo como líder do nosso povo, com que todos os judeus se separassem de suas esposas e dessa maneira nosso povo não teria meninas também

Amram aceitou a repreensão de Miriam, voltou para a esposa, e como consequência disso nasceu o próprio Moshe Rabeinu.
Miriam já tinha esse método pronto para aplicar sobre Moshe Rabeinu e com certeza daria certo no caso dele também

A intervenção Divina

Sendo que Miriam tinha feito um enorme erro de avaliação em relação à seu irmão colocando em cheque a conduta dele, o que automaticamente abalaria a credibilidade dele em relação à todos os assuntos Divinos que ele repassou ao nosso povo, o próprio D’us foi obrigado a intervir para mostrar que existe uma diferença entre um homem como Moshe, que três vezes subiu ao Monte Sinai e em cada uma delas ficou quarenta dias e quarenta noites sem comer descendo de lá com a mesma saúde que tinha quando subiu, e qualquer outro “simples mortal” por mais profeta que fosse

E portanto não haveria espaço para copiar o comportamento de Moshe, ou seja, quem não estava no nível dele não deveria fazer o que ele fazia, nem deixar de comer quarenta dias e quarenta noites e nem deixar de ter relações conjugais.

E esse foi o erro de avaliação dela, ela achou que o nível que ela e Aharon estavam era o mesmo que o dele, ou talvez ainda maior sendo que eles eram os irmãos mais velhos dele

D’us foi obrigado a intervir dessa maneira para que todos soubessem que ela fez um grave erro de avaliação que poderia abalar toda a estrutura do nosso povo

Miriam recebeu uma Tzaraat, manifestação espiritual que acontecia para quem fazia intrigas, e teve que sair do acampamento por uma semana. Nosso povo esperou uma semana para ela voltar ao acampamento e poderem prosseguir a viajem

Sendo que todos ficaram sabendo que esse era o motivo do atraso, ficou publicado para todos a diferença entre Moshe Rabeinu e os outros profetas, o que justificava o seu comportamento e não justificava copiá-lo. O que para ele era um rigor para outros seria considerado uma transgressão à Torá

Aprendemos daqui várias coisas importantes

1- Miriam fez seu comentário com a melhor das intenções, mesmo assim a consequência foi um desastre e o próprio D’us foi obrigado a intervir e dar para ela uma Tzaraat para consertar o que ela fez.

Quanto mais nós que não estamos no nível dela não devemos fazer esses tipos de comentário por melhor que seja a nossa intenção

2- Muitas vezes nos sentimos grandes Tzadikim. Lemos alguma história sobre o comportamento particular de algum grande Tzadik, queremos fazer igual e começamos a pisar em todos à nossa volta.

Nessa hora devemos nos lembrar que lá encima não seremos julgados por ter imitado ou não imitado algum Tzadik, mas com certeza seremos julgados pelo sofrimento que causamos aos outros.

Com certeza seremos julgados por ter maltratado nossa esposa e nossos filhos, e o pior, achando que estamos fazendo uma Mitzvá

O benefício da dúvida

Se nem Miriam e Aharon que eram profetas sabiam os motivos que causaram para Moshe Rabeinu se comportar daquela maneira, quanto mais nós que não somos profetas e não temos como saber todos os motivos que estão causando o comportamento de todos à nossa volta

Sendo que o motivo pode ser ruim, mas também pode ser bom, em toda e qualquer situação estaremos na dúvida

Então vamos julgar todos à nossa volta usando o benefício da dúvida à seu favor, sempre julgando todos à nossa volta pelo lado bom

Nassô – 5779

Nossa Parashá nos conta sobre uma mulher que o marido pediu para ela não se trancar com um homem específico e ela se trancou, despertando a suspeita do marido de que “algo” aconteceu entre eles. A partir de agora essa mulher será chamada de “sotá” até que esse problema seja resolvido
Pela lei judaica, quando uma mulher se casa é escrita uma ketubá que lhe dá direito a uma indenização monetária pré determinada caso ela se torne viúva ou que seja divorciada pelo marido sem um motivo que justifique isso
Nesse caso, se ela optasse pelo divórcio não receberia o valor da Ketubá sendo que o motivo do divórcio é considerado justo.
M
será que a lei judaica incentivaria um divórcio? Claro que não! E até mesmo em um caso assim!
A intervenção Divina
A Torá proibe apagar o nome de D’us. Para uma regra da Torá ter uma excessão, a própria Torá tem que trazer essa excessão. Seria um absurdo ter uma excessão nessa regra, mas ela existe.
Em um único caso encontramos uma permissão, e não só uma permissão, ainda mais, Mitzvá de apagar o nome de D’us. E quando isso acontece? Por incrível que pareça isso acontece exatamente nesse caso, no caso do “Shalom Bait” , da “paz conjugal” da “Sotá”.
E como isso acontece?
Se a “Sotá” diz que não traiu o marido e que quer continuar casada, ela é acompanhada até o grande tribunal rabínico de Yerushaláim, o Sanhedrin, e lá será feita uma proposta para que por meio disso, se de verdade ela não traiu o marido, isso seja comprovado milagrosamente no Beit Hamikdash ( o Templo Sagrado de Jerusalém)
E não só que depois disso a vida dela iria voltar ao normal mas também iria melhorar bastante, indenizando ela pelo susto que passou.
Mas os Sábios do Sanedrin interrogavam ela para ter certeza de que ela não traiu, porque de lá ela iria ao Beit Hamikdash
Lá era escrita a parte da nossa Parashá que fala sobre a maldição da Sotá, com os nomes de D’us que estão escritos nela.
Esse pergaminho era apagado para dentro de um recipiente de água do “kior”, a caixa de água com torneiras do Beit Hamikdash, e ela iria beber essa água.
Se nada acontecer para ela nessa hora isso é a prova Divina de que ela não traiu o marido e a partir de agora se ela não tinha filhos, agora ela teria, e todas as bençãos iriam recair sobre ela, a partir de agora a vida dela com o marido seria um verdadeiro paraíso nesse mundo
(Hoje é proibido para um homem dizer à sua mulher explicitamente “não se tranque com tal homem, sendo que não temos o Beit Hamikdash e entraríamos por causa disso em um sério problema em relação à lei judaica.
Mas devemos ensinar que os nossos Sábios fizeram um decreto proibindo um homem ou uma mulher se trancarem sozinhos com alguém do sexo oposto e isso é chamado de “issur ihud”)
Voltando ao nosso assunto, daqui vemos a importância do Shalom Bait, da paz em casa
Às vezes brigamos por causa de coisas muito sérias e importantes. Nessa hora devemos nos lembrar do sofrimento que estamos causando lá encima, a ponto de o próprio D’us colocar o seu nome à disposição para ser apagado para que o nosso casamento não se apague.
Por mais importante que seja o motivo, uma briga em casa é pior do que isso. Nessa hora devemos abrir mão dos nossos interesses e colocar o interesse Divino em primeiro lugar, que é Shalom Bait, a paz no lar
Somos todos crianças de Hashem. Quando nossas crianças brigam entramos no desespero, mesmo sendo simples mortais com todos os limites emocionais.
Então imaginem o desespero lá encima, aonde o amor por nós não tem limites, como podemos brigar sabendo que D’us é a parte principal da nossa família e consequentemente quem sofre mais no meio dessa briga
Então, a partir de agora vamos mudar o nosso comportamento dentro de casa e desapegar do prazer de ganhar uma briga
Está escrito que todo aquele que fica irado é como se estivesse fazendo idolatria, porque se nessa hora se ele se lembrasse que D’us existe estaria alegre e não irado
É importante lembrarmos que os sofrimentos que passamos nesse mundo muitas vezes estão ligados à correções de reencarnações anteriores, e isso se relaciona principalmente aos sofrimentos que sofremos dentro de casa.
Então vamos agradecer à Hashem por estar refinando a nossa Alma e não partir para a guerra contra quem está tão próximo de nós
Sempre devemos explicar tudo em casa com muita delicadeza, sem fazer pressão aumentando o volume da nossa voz ou falando palavras amedrontadoras
Por mais que o nosso cônjuge nos coloque em um beco sem saída falando coisas duras em alto volume, não devemos nos defender da mesma forma,
mas ao contrário, “as palavras dos sábios são ouvidas com tranquilidade”. Na hora que perdemos a tranqüilidade deixamos de ser sábios e nossas palavras não são mais ouvidas.
Devemos ser sempre o bom exemplo em casa para que o nosso cônjuge nos veja como um bom exemplo, como um referencial de como devemos nos comportar.
E assim com o passar dos anos nosso cônjuge acaba se acalmando e a vida se torna um paraíso
Diz o Ari Zal que nosso pratriarca Yaakov era a reencarnação do nível Neshamá do Adam Harishon, o primeiro homem.
Aquele nível que por ser o mais elevado foi afetado pelo maior de todos os pecados que foram as relações ilícitas que Adam Harishon teve com duas demônias durante 130 anos, e por isso Yaakov sofreu por causa dos seus familiares, para retificar os prazeres proibidos do Adam Harishon
Mas quando essa retificação terminou, a vida dele mudou, e ele viveu no paraíso mesmo estando nesse mundo
O mesmo acontece com cada um de nós. Sempre devemos nos comportar com nosso cônjuge da maneira mais tranquila possível.
E se em troca disso recebemos gritos e palavras duras sabemos que estamos nos purificando, e quando a nossa retificação terminar, automaticamente nossa vida vai melhorar.
Aprendemos com a nossa Parashá que se até o próprio D’us prefere que o seu nome seja apagado do que haja uma briga em casa, quanto mais nós, devemos apagar a nossa prepotência, o nosso ego, e assim a revelação Divina vai pairar sobre a nossa família

Bamidbar 5779

Nossa Parashá nos conta que Hashem pediu para Moshe Rabeinu contar o povo de Israel junto com Aharon e com o presidente de cada tribo

Diz o Zohar que a Benção Divina não paira sobre uma coisa contada, e quando a Benção Divina deixa de pairar sobre algo, a “sitra ahara” (o lado impuro) paira sobre isso podendo trazer um prejuízo e até mesmo a morte e por isso não devemos contar as pessoas do jeito normal, um dois três quatro….

Então como pode ser que o próprio D’us pede para contar o nosso povo?

Dizem nossos Sábios que nesse caso foi pedido de cada homem de vinte anos para cima no caso de todas as tribos fora a tribo de Levi, e no caso da tribo de Levi de um mês de idade para cima, darem uma moeda de dez gramas de prata chamada de “beka”.

Somente as moedas foram contadas, e sendo que cada um deu uma moeda, sabemos a contagem do nosso povo sem precisar contá-los.

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A tribo de Levi foi contada a partir de um mês de idade e mesmo assim o número dela foi menor do que a metade de qualquer uma das outras tribos

Dizem nossos Sábios que a tribo de Levi não foi escravizada pelos egípcios. As tribos que foram escravizadas receberam uma Benção Divina sobrenatural, e quanto mais os egípcios afligiam eles, mais eles cresciam e se multiplicavam. A tribo de Levi cresceu de maneira natural, e todas as outras tribos seriam também pequenas como ela se não tivessem sofrido

Diz o Zohar que na ordem das Sefirot, a Guevurá que é a fonte dos sofrimentos antecede a Tiféret, chamada de “corpo”, que é a fonte da coisas boas. Se não passamos pela Guevurá não temos como chegar à Tiféret.

Por esse motivo está escrito que relativo ao que eles sofreram, assim eles cresceram e se multiplicaram.

Quem sofreu mais, cresceu mais e se multiplicou mais, quem sofreu menos, como a tribo de Levi, cresceu menos esse multiplicou menos

Por isso devemos sempre agradecer à Hashem pelos sofrimentos da mesma maneira que agradecemos pela coisas boas, sendo que por meio deles chegamos à Tiféret que é a fonte de todas as coisas boas

Nossa Parashá nos conta sobre a descendência de Aharon e Moshe, e na continuação fala sobre os filhos de Aharon e não cita os filhos de Moshe.

Então porque a Parashá nos diz que esses são os filhos de Aharon e Moshe?

Para nos ensinar que todo aquele que ensina uma pessoa Torá, é como se tivesse dado a luz à ela.

Então não vamos perder essa oportunidade, sempre que pudermos ensinar alguém Torá vamos fazer isso com muita alegria

Behukotai – 5779

Nossa Parashá nos conta que se estudarmos a Torá e cumprirmos as Mitzvót, Hashem vai nos dar a chuva na hora certa e a terra vai dar sua produção com muita fartura a ponto de no futuro as árvores do campo que por natureza não dão frutos, não só que vão dar frutos, mas também que os frutos delas vão ser muito melhores do que os frutos das árvores atuais para compensar o tempo em que elas eram estéries

Daqui vemos que todas as coisas boas desse mundo estão dependendo de nós, de despertarmos lá encima a fartura que vai descer aqui para baixo

O Zohar nos conta como isso acontece lá encima e conclui que o principal meio para trazer as Bençãos Divinas para cá é por meio da Mitzvá da Tzedaká

A “árvore da vida”

Diz o Zohar que o conjunto de seis Sefirót (emanações Divinas) chamado de “Zeer Anpin”(pequeno rosto) que é composto das Sefirot “Hessed”, “Guevura”, “Tiferet”, “Netzah”, “Hod” e “Issod” , é a fonte de todos os bens materiais. Por isso o “Zeer Anpin” é chamado de “a árvore da vida”

Ou seja, para esses bens materiais acontecerem no mundo eles precisam descer da fonte espiritual para depois se materializarem

Podemos comparar isso ao nascimento de uma criança. O pai e a mãe podem estar juntos muitas vezes, mas para que a gravidez aconteça na prática D’us tem que colocar uma Alma nessa relação, só assim a mãe engravida e todo o tempo que essa Alma espiritual está nesse corpo ele continua sendo um corpo vivo. Na hora que essa Alma deixa o corpo ele falece. Esse falecimento pode acontecer no mesmo dia em que a mulher engravidou ou, como costumamos dizer, 120 anos depois. Mas a regra é essa, se a Alma não desce para esse mundo essa criança nunca vai existir

Esse mundo em todos os seus aspectos, sejam eles humano, animal, vegetal ou mineral, está sincronizado com o mundo de cima, e tudo o que acontece aqui só acontece porque antes estava no mundo espiritual, desceu para cá e se materializou. Não há nada nesse mundo que não esteja ligado diretamente com a sua fonte espiritual lá encima

Para que essa descida aconteça, o “Zeer Anpin” tem que se unir à última Sefirá chamada de “Malhut” mas quando eles estão separados essa fartura fica no mundo espiritual e não desce para nós

A “árvore da morte”

O “Malhut” é chamado pelo Zohar de “a árvore da morte” sendo que ela não tem vida de si própria e é comparada à lua que não tem luz própria e só ilumina a luz que recebe do sol.

O Malhut recebe as as emanações do “Zeer Anpin” quando se une à ele e assim a fartura espiritual desce ao mundo e se materializa dando origem à todos os bens materiais

Nossas Almas Divinas são uma parte de D’us. E aonde nos tornamos parte de D’us? Nessa Sefirá chamada de Malhut no mundo espiritual mais elevado chamado de Atzilut.

Poderíamos dizer que no Malhut acontece a “gravidez” da nossa Alma, e lá nossa Alma “nasce”. A partir de lá recebemos nossa própria identidade e de lá descemos para esse mundo passando por todos os outros mundos espirituais no meio do caminho até nos revestirmos em um corpo material nesse único mundo material, o mais baixo de todos chamado pelo Zohar de “o fundo do precipício”

Essa decida tem duas formas, e de acordo com isso vamos dizer que existem Almas mais elevadas e Almas menos elevadas, mesmo sendo todas elas da mesma origem

Uma forma de acontecer essa descida é de as Almas só passarem pelos mundos de Briá, Yetzirá e pelo aspecto espiritual do nosso mundo de Assiá até se revestirem em um corpo material

Nesse primeiro caso essas almas somente passam por esses mundos, mas sem se revestirem neles, e essas Almas são as dos maiores Tzadikim da nossa história, uma muito pequena minoria

Outra forma de acontecer essa descida é de a Alma se revestir em um mundo mais baixo e novamente essa “gravidez” acontecer no Malhut do mundo mais baixo, lá nos transformamos e de lá descemos para nos revestirmos no nosso corpo material

Por isso existem Almas de Briá Yetzirá e Assiá, dependendo do mundo aonde essa Alma se revestiu e se transformou no meio do caminho, mesmo que na essência somos todos iguais

Diz o Zohar que, se acontecer de na hora de essa Alma “nascer”, ou seja, deixar o Malhut para descer ao corpo material, se nessa hora o Malhut estiver separado do”Zeer Anpin” (isso acontece lá encima devido às nossas más ações aqui embaixo) essa pessoa não vai ter sucesso em assuntos materiais. Ou seja, sempre vai viver com dificuldades financeiras, vai ser um pobre crônico

Quando damos à ele a Tzedaká, fazemos acontecer lá encima a união entre o “Zeer Anpin” e o “Malhut”, e quando isso acontece a fartura desce ao mundo e se materializa fazendo com que a chuva caia na hora certa e a terra dê a sua produção à ponto de até acontecer a própria Gueulá e as árvores estéreis darem frutos

Por isso, quando damos uma Tzedaká estamos fazendo mais bem para nós próprios do que para o necessitado

Por esse motivo sempre temos que dar Tzedaká com muita alegria e nunca dizer que essa pessoa todo ano está precisando, porque talvez esse necessitado seja uma Alma dessa origem, e quando você dá vida à ele por meio da sua Tzedaká você está fazendo acontecer a união entre o Zeer Anpin e o Malhut trazendo vida para todos os mundos, e o principal beneficiado é você próprio!

Shabat Shalom 

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Behar – 5779

Nossa Parashá nos conta sobre o mandamento Divino da Shemitá (ano Sabático)
Quando Adão e Eva fizeram a primeira transgressão trazendo a morte ao mundo receberam uma maldição.
Para Adam (Adão) foi dito:- “com o suor da sua face você vai comer pão”, ou seja, ele vai ter que trabalhar duro para ter o que comer
Para Havá (Eva) foi dito:- “com sofrimento você vai dar a luz”. Ou seja, sendo que ela não vai precisar trabalhar porque o marido é o responsável por ela, o sofrimento dela vai ser na hora do parto
Essas maldições que começaram com o primeiro homem e a primeira mulher se estendem até a Gueulá (a redenção final).
Sendo que todos nós somos ramificações da Alma do primeiro homem e da primeira mulher, todos nós temos que trabalhar duro e todas as mulheres têm dores de parto
Ou seja, enquanto vemos que a mulher precisa de um anestesista na hora do parto que dizer que o homem ainda tem que trabalhar
A Guemará nos conta que cada pai tem a obrigação de ensinar para cada um de seus filhos uma profissão fácil e limpa, porque, diz a Guemará, se o pai não ensina seu filho à trabalhar ele está ensinando ele à roubar
Nossa Parashá nos conta que o mandamento da Shemitá (ano Sabático) foi dado no Monte Sinai. Sendo que a Torá foi dada no Monte Sinai, porque nossa Parashá tem que nos lembrar que esse mandamento foi dado no Monte Sinai?
O Mandamento da Shemitá consiste em não fazemos nenhum trabalho na terra que Hashem nos deu (a Terra Santa) durante o sétimo ano
Diz a Mishná que se mesmo assim decidirmos trabalhar na terra durante o sétimo ano, seremos exilados pelos nossos inimigos. Ou seja, pode acontecer uma guerra e Hashem não nos ajudar
Sendo que os anestesistas ainda não estão desempregados, as mulheres ainda tem dores de parto, e isso é a prova de que a maldição do primeiro homem ainda não terminou e ainda devemos trabalhar para ter o nosso sustento, como pode a Torá nos ordenar a ficar um ano inteiro sem trabalhar na terra que era a principal fonte de renda da maioria dos judeus?
Um ajuste para trazer equilíbrio
O trabalho tem um aspecto muito bom e um aspecto muito ruim.
O lado bom do trabalho é que por meio dele, não só que temos uma vida digna de “povo escolhido” que somos, ou seja, uma vida digna de acordo com o nosso nível, mas também ele é o meio de podermos cumprir os mandamentos Divinos começando pela Tzedaká que a Guemará considera um mandamento que equivale à todos os outros juntos
O lado ruim do trabalho é que ele nos materializa, nos causa apego aos assuntos desse mundo nos tornando totalmente obcecados pelos bens materiais
Poderíamos dizer que:
No primeiro ano de trabalho na terra sentimos que o trabalho é um castigo dos céus e que nunca conseguiríamos trabalhar se D’us não estivesse nos ajudando a cada instante
No segundo ano sentimos que D’us ajuda a quem se ajuda e a minha parte de ajudar à mim próprio estou fazendo com um ótimo desempenho e espero que D’us não esqueça de fazer a parte dele também
No terceiro ano nos sentimos tão eficazes que estamos convencidos que nem precisamos mais da ajuda Divina
No quarto ano já estamos confiando tanto na nossa alta performance à ponto de pedir para D’us só não atrapalhar e o restante deixar para nós fazermos
No quinto ano já estamos tão obsecados pelo trabalho que nem nos lembramos mais que D’us existe
No sexto ano já chegamos à conclusão que D’us somos nós próprios e nos comportamos assim em relação à todos os outros, simples mortais, que não chegam aos nossos pés de tão insignificantes que são
Ou seja, quanto mais trabalhamos maior fica a nossa prepotência
Aí, no sexto ano quando a terra estaria mais fraca depois de ter sido cultivada diretamente durante seis anos, não só que ela não produz menos, mas ainda mais, ela produz em um ano a quantidade de três anos nos surpreendendo e nos lembrando não só que D’us existe, mas também que ele trabalha muito menos do que nós
No sétimo ano não trabalhamos, no oitavo plantamos, e a safra do sexto ano dura até a safra do nono ano ser colhida nos surpreendendo ainda mais
Aí voltamos a nos lembrar que D’us existe e dirige o mundo inteiro com infinita bondade
O Monte Sinai era a menor montanha do mundo. A Torá foi entregue nele para nos lembrar que, ao mesmo tempo que somos o povo escolhido e temos um nível a zelar, junto com isso não podemos ter a prepotência das montanhas altas e frias com seus picos cheios de neve, mas temos que manter a proporção certa, sermos uma montanha sim, mas humildes e quentes.
Quando Hashem nos deu a Torá, ele fez o Monte Sinai florecer, um verdadeiro milagre
Por isso a Shemitá está ligada diretamente ao Monte Sinai. Para nos lembraremos que nós não somos os maiores, mas D’us nos colocou e nos mantém no alto.
Nosso sucesso no trabalho não deve aumentar a nossa prepotência mas ao contrário, deve aumentar a nossa percepção de que D’us está nos levando pela mão e portanto aumentar a nossa humildade em frente à essa grande revelação Divina que está sempre com a gente. Hashem (D’us) é quem nos faz florecer para que possamos atingir o objetivo real do trabalho que é o de mantermos um nível que possamos cumprir a Torá e as Mitzvót de um jeito agradável, e o principal: com muita alegria
Hoje a maioria de nós não trabalha na terra, mas o ensinamento da Shemitá nos acompanha em cada uma das nossas profissões e recai sobre cada um de nós

Emor  5779

Nossa Parashá nos conta sobre os direitos e deveres do Cohen (o sacerdote)

A palavra sacerdote em português é aplicada à qualquer liderança religiosa, diferente do hebraico que separa entre o rav (mestre) que pode ser tanto um rabino quanto um mestre de tecelagem, e o Cohen que tem uma função especificamente religiosa

Nossa Parashá fala sobre o Cohen, que mesmo não sabendo Torá e não sendo um rabino ele é o sacerdote

O Cohen pode estudar e se tornar um rabino, fora o fato de ser Cohen, mas o rabino, se não nasceu Cohen, não tem como se tornar um Cohen por mais que saiba decor todas as leis em relação aos direitos e deveres do Cohen

Quem é o Cohen?

D’us pediu para ungir Aharon e seus filhos Nadav, Avihu, Elazar e Itamar com o azeite de unção sagrada, o mesmo que foi usado pelo profeta Shmuel para ungir o Rei David, e assim eles se tornaram os Cohanim

Nadav e Avihu faleceram sem ter filhos deixando para Elazar e Itamar a continuidade dos Cohanim

Quando a Torá determina uma regra, para tirar alguém dessa regra a própria Torá tem que trazer um versículo que determine isso, e aí aparece o  caso por Pinhás que se tornou Cohen por determinação Divina, a única exceção de regra nesse caso

Ou seja, para ser Cohen a pessoa tem que ser um descendente direto de Elazar, Itamar ou Pinhás. Essa descendência tem que ser de pai para filho e não por meio das filhas

Ou seja, quando a filha do Cohen se casa, se o marido é Cohen o filho vai ser Cohen, mas se o marido não é Cohen o filho deixa de ser Cohen

Deveres do Cohen:

O Cohen não pode se impurificar, e portanto ele só pode entrar no cemitério para enterrar seus pais, seus irmãos e seus filhos, mas não por outros motivos

O Cohen tem restrições à casamentos que os outros judeus não tem como veremos abaixo:

A “zoná

O Cohen não pode se casar com uma “zoná”. A palavra “zoná”, traduzida como prostituta por causa do caso de Yehudá e Tamar aonde ele pensa que ela é uma “zoná” e oferece para ela um pagamento.

A palavra “zoná” naquele acontecimento é literalmente uma prostituta, ou seja, o significado genérico da palavra

Mas no caso do Cohen, a palavra zoná é aplicada à uma mulher que teve uma relação íntima com alguém com quem ela não poderia se casar no momento em que teve aquela relação, e não à uma mulher que cobrou para ter uma relação com alguém que seria permitido ela se casar com ele

A “zoná” no caso do Cohen é uma mulher que teve uma vez na vida uma relação com o pai, o irmão, o filho, ou com alguém que não era judeu. Neste último caso até se o não judeu se converteu ao judaísmo  depois disso ela não pode se casar com um Cohen sendo que quando ela teve a relação com ele ele ainda não era judeu e esse é o caso mais comum

A “ietzianit”

Uma prostituta judia que só se relacionou com judeus e nunca teve uma dessas relações citadas acima é chamada de “ietzianit” (saideira) e não de “zoná” e é permitido para o Cohen se casar com ela (e com certeza dessa maneira ela vai parar de ser uma saideira)

A “grushá”

O Cohen não pode se casar com uma ”grushá” (divorciada) mesmo que ela não chegou a ter uma relação íntima com o marido entre o casamento e o divórcio e ainda é virgem. Esse caso se refere à um divórcio Judaico chamado de “guet” e não à um divórcio civil.

A “guioret

O Cohen não pode se casar com uma ”guioret” (convertida) mesmo sendo ela virgem

A “Halutzá”

A filha de um Cohen com uma das mulheres que são proibidas à ele é chamada de “Halutzá” e o Cohen não pode se casar com ela também

O Cohen Gadol, sumo sacerdote, cargo que existiu na época do Beit Hamikdash, só poderia se casar com uma mulher virgem, e por isso hoje muitas pessoas se atrapalham e acham que qualquer Cohen tem que se casar com uma mulher virgem, o que não é verdade como vimos acima

O fato de ser permitido para o Cohen se casar com uma viúva que tenha vivido com o marido dezenas de anos e não poder se casar com a divorciada, com a guioret e com a ”Halutzá” mesmo sendo virgens ou com a “zoná”  que só teve uma relação íntima na vida, mas com alguém que não era judeu, vem nos mostrar que o motivo dessas proibições é uma determinação Divina oculta para nós e não o fato de ela ter se relacionado com alguém por mais ou por menos tempo

A honestidade Divina

O fato de o Cohen não poder se casar com uma dessas mulheres citadas acima nos revela que elas nunca seriam a “cara metade” dele, sendo que Hashem (D’us) dirige o mundo com bondade e não se comporta com tirania com as suas criaturas. Portanto um dos jeitos de o Cohen saber que aquela mulher não é o “zivug” (o par espiritual) dele é o fato de ela ser proibida para ele

Direitos do Cohen hoje em dia

O Cohen hoje em dia não tem como provar que ele é um Cohen sendo que nenhum Cohen hoje em dia não tem nenhuma prova de que é um descendente direto de Elazar Itamar ou Pinhás.

O Cohen de hoje tem uma “hazaká”, um motivo forte para acreditarmos que ele é um Cohen sendo que na comunidade judaica aonde ele se encontra ele é conhecido como Cohen, mas essa “Hazaká” ainda não é uma prova de que ele é um Cohen de verdade

Por isso o rabinato de Israel que dá a supervisão de Kashrut aos produtos agrícolas da cooperativa do governo tira desses produtos agrícolas a “Trumá”, a pequena parte deles que deveria ser doada ao Cohen, e passa um trator encima desses cereais e vegetais os destruindo

Por isso também costumamos queimar a “hafrashat halá” , a pequena parte da massa do pão que deveria ser dada ao Cohen e não damos à ele na prática

Por outro lado fazemos o “Pdion Haben” (resgate do primogênito) com o Cohen de hoje e damos à ele o equivalente à cinco “selaim” antigos. Sendo que estamos conscientes de que talvez ele não seja um Cohen de verdade e mesmo assim damos à ele esse dinheiro não é considerado que ele está nos enganando

Os Cohanim de hoje também costumam fazer a ”Bircat Cohanim” (Bênção dos sacerdotes) e receber a primeira Aliá na Torá

Conclusão: Vamos rezar para o Mashiach chegar rápido e ele vai nos revelar quem é Cohen de verdade!

Nossa Parashá nos conta entre muitos assuntos interessantes que não devemos olhar para a idolatria

Diz o Ari Zal que quando olhamos para alguém ou para alguma coisa recebemos a “energia” dessa pessoa ou dessa coisa

Se olhamos para uma coisa boa, a energia boa que tem nela se une à nós e gera dentro de nós uma energia positiva

Mas se olhamos para uma coisa ruim recebemos dela a energia ruim que tem nela e ela se une à nós tirando de nós a energia boa

E esse é o segredo que está por trás desse mandamento da Torá de não olhar para a idolatria

Porque quando olhamos para uma coisa impura como a idolatria a impureza dela se adere à nós tirando a nossa santidade e nos atraindo para a impureza

E esse também é o segredo que está por trás do versículo que diz que o povo olhava atrás de Moshe 🌴🌴🌴

Conclusão:

Vamos encher a nossa casa de quadros de Tzadikim que hoje na nossa geração Google é super fácil de baixar, mandar revelar e colocar uma moldura

Quem precisar de idéias acesse ao nosso Pinterest e baixe a foto do Rebe da sua preferência

Perguntei para vários rabinos de Israel se é permitido baixar uma foto do Rebe pelo Google. A resposta foi sempre a mesma: O Rebe pertence aos Hassidim ,e fora isso com certeza ninguém pagou ao Rebe direitos autorais pela foto que tirou dele.

(Isso se refere somente à fotos e não à desenhos ou pinturas)

Certa vez o Rebe disse sobre o Rabino que eu tinha escolhido para fazer as minhas perguntas difíceis, o Rav Moshe Weber de Yerushaláim (Jerusalém) “É o suficiente olhar para ele para receber “Irát Shamaim” (temor aos céus, querendo dizer temor à D’us)


Rav Moshe Weber

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Nossa Parashá nos conta sobre a Mitzvá de amar ao próximo como a si mesmo

0 Ari Zal explica que o segredo que está por trás disso é que todo o povo de Israel é uma Alma só e cada um de nós é uma ramificação dessa Alma Divina que Hashem (D’us) deu ao Adam Harishon (o primeiro homem) e por isso cada um de nós é responsável pela transgressão do outro

Por isso, diz o Ari Zal, a reza chamada de “Vidui” na qual falamos uma lista de pecados (que geralmente não fizemos) foi instituída no plural (Como por exemplo “roubamos”, e não no singular “roubei”) sendo que somos responsáveis pelos roubos de todos os judeus por fazermos parte de uma Alma só

Por isso, mesmo quando rezamos sozinhos falamos essa reza no plural sendo que o pecado que um judeu faz é como se todos nós tivéssemos feito, pelo motivo de sermos a mesma Alma ramificada

Nossa Parashá também nos ensina que devemos dar uma advertência à qualquer judeu que está fazendo uma coisa ruim.

Na maioria dos casos a pessoa se comporta errado por não saber o que é certo, e por isso no lugar de dar uma bronca causando uma revolta nessa pessoa devemos ensinar  à ela com muito amor e carinho o que é certo e assim estamos cumprindo essa Mitzvá com eficiência

Isso também aprendi com o Rav Moshe Weber, que com oitenta anos de idade dedicava várias horas do dia para ensinar os soldados israelenses a colocarem Tefilin, e muitas vezes ele me contou sobre soldados que colocaram o Tefilin pela primeira vez na vida

Ou seja, temos que advertir cada judeu, mas dessa maneira. Ensinando ele a cumprir as Mitzvót (Mandamentos Divinos) com muito amor e carinho

Nossa Parashá nos conta que devemos amar o “guer” (alguém que se converteu ao judaísmo)

O Rebe de Lubavitch nos ensina que a linguagem da Torá que se refere ao “guer” diz “guer shemitgaier” (convertido que se converte) nos ensinando que ele já tinha uma Alma judia, mas que se revelou no dia da sua conversão

Sendo assim, tudo o que o Ari Zal explicou sobre o mandamento de amar ao próximo como a si mesmo se aplica ao guer também, mas com mais intensidade sendo que a Torá acrescenta no caso do guer mais uma Mitzvá

Nossa Parashá nos conta sobre as orientações Divinas que foram dadas após a morte dos dois filhos de Aharon que faleceram por terem feito um trabalho no Mishkan que não poderia ter sido feito por eles.

O Mishkan estava sincronizado com um nível de revelação Divina elevadíssimo, e o comportamento deles causou um “curto circuito espiritual” entre o mundo de baixo e o mundo de cima causando a morte deles

O Mishkan era o vínculo entre o mundo material e os mundos espirituais. A função do Cohen por meio do seu trabalho no Mishkan era de trazer as emanações de cima para baixo, trazer as Bençãos Divinas para este mundo

Rabi Aba no Zohar nos conta que Nadav e Avihu faleceram porque eles fizeram o trabalho do Ketoret (Korban do incenso) no Mishkan antes de se casarem.

Diz Rabi Aba que esse é o motivo que a linguagem do versículo que fala sobre os Korbanot se refere à pessoa usando a palavra “Adam”, nos indicando que da mesma maneira que Adam, o primeiro homem, foi criado homem e mulher juntos, quem está nessa categoria está adequado para fazer um Korban e não outro

O versículo que fala sobre a criação do primeiro homem nos indica que D’us criou o homem e a mulher juntos e só depois separou a mulher de um dos lados do homem

E esse é mais um dos erros clássicos das traduções que os povos do mundo fizeram da Torá, que traduziram a palavra “tzela” que quer dizer “lado”, como costela.

O versículo que fala sobre a criação da mulher diz que Hashem fez com que Adam adormecesse profundamente e pegou um dos lados dele construindo dele a mulher. Rashi explica que essa mesma linguagem é aplicada aos “lados” do Mishkan e que explicitamente quer dizer “lado” (e não costela).

Rabi Aba nos conta que, mesmo que foram dados outros motivos para justificar a morte de Nadav e Avihu, como por exemplo o fato de eles terem entrado bêbados para fazer o trabalho do Mishkan, mesmo que todos os motivos estão certos ainda não seriam o suficiente para causar o que aconteceu lá

O principal motivo para isso foi o fato de o Ketoret (o incenso feito daquela forma descrita pela Torá) ser o mais elevado de todos os Korbanot (sacrifícios) sendo que por meio dele vinham as Bençãos Divinas para os mundos superiores e inferiores

E esse Korban não poderia ser feito por meio deles sendo que eles não eram casados, e por causa disso não tinham a possibilidade de trazer as Bençãos Divinas nem para si próprios e quanto mais para o mundo inteiro

Sendo que eles pegaram essa função para si próprios e sincronizaram lá encima toda a estrutura das Sefirot para isso mas nada aconteceu nos mundos superiores pelo fato de eles não serem casados, isso repercutiu contra eles causando o que causou

Conclusão:

No mérito das nossas esposas recebemos lá de cima todas as nossas Bençãos Divinas, e por isso devemos tomar o máximo cuidado para não atrapalhar a descida dessas Bençãos tendo muita paciência com as nossas esposas e cuidando bem delas, bem melhor do que cuidamos de nós próprios, mesmo que elas não nos dêem motivo para isso, porque tudo o que recebemos lá de cima é no mérito delas e melhor motivo do que isso não existe

O Zohar chama Nadav e Avihu de “palga gufa” (meio corpo), ou seja, Almas que não tem par. Os dois juntos são uma pessoa só. Eles eram Almas muito elevadas, queriam ser o Cohen Gadol e fazer o trabalho do Ketoret para trazer as Bençãos Divinas para o nosso mundo. Eles faleceram e continuaram à espera dessa oportunidade

Quando o nosso povo já estava na “reta final” para entrar na terra de Israel, os midianitas que eram um povo que não estava na nossa rota mas nos odiava gratuitamente, fizeram um plano maligno para nos destruir

Eles recrutaram todas as jovens de Midian, inclusive a princesa, fizeram um exército de mulheres, acamparam perto do nosso povo e fizeram o “festival da sedução”. Os jovens judeus foram lá ver o que estava acontecendo e foram seduzidos por elas

Quando eles já estavam muito apaixonados, elas mostravam a estátua do Baal Peor, a idolatria delas, e colocavam a idolatria como condição para consumar o ato

Zimri ben Salu, presidente da tribo de Shimon, foi seduzido pela princesa de Midian. Depois de discutir com Moshe, levou a princesa para sua tenda para a “lua de mel” dando assim o exemplo para toda a sua tribo e para todo o nosso povo

Uma grande epidemia se espalhou no nosso acampamento, demonstrando que o plano dos midianitas tinha dado certo e que D’us já não estava mais nos ajudando

Pinhás, sobrinho de Nadav e Avihu, não era Cohen, sendo que quando seu avô, Aharon, seu pai, Elazar, e seus tios foram ungidos para serem os Cohanim, ele já tinha nascido e não foi ungido com eles

A Torá nos conta que Pinhás resolveu reverter essa situação que estava sendo causada pelas midianitas, e por iniciativa própria entrou com uma lança na tenda de Zimri, enfiou a lança nos dois que estavam consumando o ato e saiu da tenda com eles na lança

Diz o Zohar que nessa hora toda a tribo de Shimon se reuniu em volta de Pinhás para matá-lo e ele levou um susto tão grande que a Alma saiu do corpo por um instante, e nesse instante, as Almas de Nadav e Avihu se uniram à Alma dele.

Hashem fez com que Pinhás também se tornasse Cohen e mais futuramente Cohen Gadol. Dessa maneira Nadav e Avihu se tornaram o Cohen Gadol, e por meio de Pinhás que era casado fizeram o trabalho do Ketoret e trouxeram as Bençãos Divinas para o mundo

Moral da história: Se no momento você não está casado por maior que seja o motivo que justifique isso, não reclame que a vida não está dando certo, procure uma esposa porque por meio dela você vai receber todas as Bençãos Divinas. Se não encontrar alguém do seu nível, baixe o nível até encontrar

Se você já é casado, cuide bem da sua esposa, porque mesmo sem que você reconheça isso, no mérito dela você tudo o que você tem !

Nossa Parashá nos conta sobre vários tipos de manchas que poderiam aparecer nas  paredes, nas roupas de linho, nas roupas de lã, e finalmente na própria pessoa

Essas manchas eram chamadas de “Nega Tzaraat” e a pessoa na qual elas apareciam era chamado de Metzorá

Muitas traduções da Torá traduzem isso como lepra e isso é um erro grave de tradução sendo que essas manchas não eram nem lepra e nem um tipo de lepra

Como chegamos à erros de tradução tão absurdos?

Antes de Moshe Rabeinu falecer ele traduziu a Torá para setenta línguas que eram as raízes de todas as línguas atuais.

Moshe Rabeinu fez isso para que recaísse a santidade Divina sobre todos os idiomas do mundo para que hoje pudéssemos cumprir o mandamento de estudar Torá mesmo em português, mas não porque um judeu naquela época precisou de uma tradução.

Durante oitocentos anos desde a saída do Egito até o exílio da Babilônia nosso povo falava o hebraico clássico e não precisava de nenhuma tradução para o nosso próprio uso

Nosso povo foi para o exílio da Babilônia falando hebraico e voltou de lá falando aramaico

Um dos grandes Sábios judeus da antiguidade se chamava Unkelus. Ele era o sobrinho do imperador romano Titus que destruiu o Beit Hamikdash

Unkelus se converteu ao judaísmo e escreveu uma tradução explicativa da Torá em aramaico que foi determinada pelos nossos Sábios como uma leitura semanal obrigatória desde aquela época até hoje

Posteriormente nosso exílio chegou até a Espanha e a Alemanha antiga e começamos a falar Yidish e ladino, mas não tivemos a necessidade de traduzir a Torá para as línguas dos países aonde moramos sendo que entendíamos o hebraico clássico e o aramaico muito melhor do que qualquer uma daquelas línguas

Então quem traduziu a Torá para as línguas européias? Quem traduziu a Torá para português, inglês e espanhol foram os padres católicos e anglicanos que com certeza não tiveram nenhuma convivência com a nossa cultura

Ou por terem expulsado o nosso povo dos seus países ou por terem assassinado os judeus que não quiseram se converter às suas religiões ou simplesmente por não querer demonstrar nenhuma simpatia à nossa cultura

Eles traduziram a Torá sem ter a mínima referência cultural dela, e por isso deu no que deu

Até aí não haveria problema para nós se eles traduziram o “Metzorá” como leproso e o “Shafan” como coelho sendo que essa traduções pertenciam à uma literatura religiosa de outra religião

O problema começou quando nos últimos setenta anos surgiu a necessidade de traduzir a Torá para todas as línguas para o uso do nosso próprio povo e os tradutores usaram essas fontes cristãs como base para as novas traduções

Até Even Shushan quando criou o “novo dicionário da língua hebraica” concordou que o Shafan não é o coelho mas que ele é obrigado a traduzir assim por causa das traduções não judaicas

O problema que enfrentamos no momento é que se agora eles quiserem mudar para a tradução certa vão ter que concordar que erraram durante setenta anos, e isso é difícil de assumir

Conclusão: Metzorá não é leproso e nega Tzaraat não é lepra mas sim uma manifestação espiritual para nos trazer de volta para o bom caminho

E porque surge essa manifestação espiritual? A causa principal dela é a “leshon hará”

Em relação à assuntos materiais temos que olhar sempre para quem está abaixo de nós e agradecer à Hashem por toda a sua bondade conosco

Ou seja, se você mora de aluguel, olhe para a família que vive embaixo da ponte, agradeça à D’us por você estar em uma situação tão boa, e viva feliz. Sobrou dinheiro, compre um apartamento.

Mas ficar infernizando o marido para comprar o apartamento e perder os melhores anos da vida brigando, usar a energia da sua juventude para destruir, isso é o contrário da nossa Torá.

E esse é o espaço aonde surge o leshon hará. Se não temos algo, falamos mal de quem tem. Assassinamos gratuitamente com a nossa fala pessoas inocentes que o único pecado deles é o de ter algo que ainda não temos

De maneira natural temos inveja de quem está acima de nós nos assuntos materiais e não nos espirituais. E porque a natureza humana é assim?

Na natureza animal, se você colocar um osso entre dez cachorros cada um vai querer o osso para ele e com certeza nenhum deles vai oferecer o osso para os outros e nem ficar feliz com o fato de o outro ter conseguido pegar o osso antes dele

Na natureza humana, uma criança pequena é capaz de berrar quando vê a outra receber um brinquedo, e ela berra para que, mesmo se o brinquedo não for tirado da outra criança e dado à ela, pelo menos o brinquedo pode ser tirado da outra também e não ser dado à ninguém

Em qualquer lugar do mundo as crianças se comparam às outras e sempre ficam com inveja do que as outras crianças tem e ela não tem

Quando crescemos, só mudamos os brinquedos. De carrinho de brinquedo para carrinho de verdade e de casinha de brinquedo para casinha de verdade.

Crescemos fisicamente. Mas de maneira natural, não só que não crescemos espiritualmente, mas até regredimos, e a única diferença entre nós e as crianças é o tipo de brinquedo

Aí vem a Torá e pede para crescermos espiritualmente, para invertermos nosso raciocínio, deixarmos de nos comportar como crianças pequenas e nos tornarmos gente grande.

E quando estamos nos distanciando muito disso e chegamos à ponto de falar “leshon hará” descaradamente,  a “nega Tzaraat” aparece para nos impedir de chegarmos ao fundo do poço e voltarmos ao caminho certo

Mas em relação à assuntos espirituais temos que olhar sempre para quem está acima de nós e sempre almejar um nível mais alto.

Porque no patamar espiritual a inveja é diferente, e sendo que ela é uma inveja espiritual ficamos felizes quando crescemos e mais felizes ainda quando estamos ao lado pessoas mais elevadas do que nós.

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Shabat Hagadol

Nosso Shabat é o Shabat que antecede a festa de Pessach e por isso ele é chamado de Shabat HaGadol,  o “Grande Shabat” porque nele aconteceu o Grande Milagre

Quando os egípcios viram que os judeus estavam guardando, por ordem Divina, os carneiros que eram divindade no Egito para fazer o sacrifícios de Pêssach, não só que não mataram os judeus por causa disso mas ao contrário, os primogênitos egípcios começaram uma gerra civil contra o próprio faraó para nos deixar sair de lá

Essa insurreição foi um milagre muito grande e aconteceu no Shabat que antecedeu a saída do Egito, e por causa disso esse Shabat é chamado de o “Grande Shabat”, porque nele aconteceu o “Grande Milagre”

Chamamos esse Shabat de Shabat Hagadol também pelo fato de a Haftará dele que é trazida do livro do profeta Malahi estar se referindo à chegada do Mashiach com as palavras : “Hinei Anohi Sholeah Lahem Et Elyahu Hanavi” – “’eis que Eu (Hashem) envio para voces o profeta Eliahu “Lifnei Bo Yom Hashem Hagadol Vehanorah” – “antes de chegar o GRANDE e temível dia de Hashem”(o dia da Gueulá, da redenção final).

E sendo que o dia da Gueulá é chamado na profecia de Malahi que é lida nesse Shabat de o “Grande dia” esse Shabat se tornou o “Grande Shabat”

O fato de o Milagre do Shabat que antecedeu a Gueulá do Egito ter sido que os próprios egípcios no lugar de nos atacar atacaram à si próprios, e o profeta Malahi na Haftará falar sobre a Gueulá nos indica que as guerras que antecedem a Gueulá vão ser entre os próprios povos do mundo como nos conta a Guemará sobre a guerra entre os romanos e persas em relação à Gueulá que aconteça imediatamente nos nossos dia amén

Tazria -5779

Nossa Parashá nos conta que a mulher que tem o mérito de dar a luz depois de um determinado tempo deve trazer dois Korbanot (sacrifícios) sendo um deles o korban Hatat que é trazido para retificar uma transgressão

Poderíamos perguntar: Como pode ser que essa mulher que fez uma Mitzvá tão grande de trazer ao mundo um filho ou uma filha, teria que trazer depois da sua purificação um Korban Hatat? O que ela poderia ter feito de errado que justificaria uma retificação?

Nossos Sábios na Guemará explicam que na hora que a mulher está dando a luz, por causa das dores do parto ela jura que nunca mais vai dormir com o marido. Mesmo não sendo esse juramento válido, ela traz o Korban Hatat para retificar isso

Ou seja, para ela isso é um alívio. Imagine uma mulher delicada e bondosa que na hora de dar a luz grita coisas absurdas e depois se arrepende. Ela poderia ficar traumatizada pelo resto da vida.

Mas trazendo o Korban Hatat ela sabe que agora tudo está apagado como se nunca tivesse acontecido e pode continuar vivendo uma vida tranquila sem se preocupar mais com isso

Para mais assuntos sobre a nossa Parashá acesse ao nosso canal no YouTube (mas não no Shabat 😊) e deixe o seu comentário

https://youtu.be/ygmzMGR57z0
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Parashat HaHodesh

Segundo nossos Sábios, no Shabat que precede Rosh Hodesh Nissan – ou se o próprio Rosh Hodesh Nissan cair no Shabat , lemos a seção da Torá que começa com as palavras: “Este mês será o primeiro dos meses para vocês” (Shemot 12:2) em adição à seção semanal.

Ela é lida neste Shabat por causa da importância do mês de Nissan, mencionado como o cabeça, o Rei, de todos os meses.

Isso é indicado no versículo: “Este mês será para vocês o primeiro dos meses ”. A palavra hebraica “para vocês” contém as mesmas letras que a palavra “Rei”.

Devido à importância desse mês, nossa obrigação de santificá-lo é maior do que para todos os outros meses. Então, anunciamos seu início com leituras especiais da Torá e Haftará na sinagoga no Shabat, quando as pessoas estão ali reunidas.

A Torá começa a contagem dos meses a partir de Nissan porque o dia da Redenção é maior que o dia da criação.

Antes do povo de Israel deixar o Egito, eles calculavam os meses a partir da Criação tendo Tishrei como primeiro mês. Mas assim que a nação redimida saiu do Egito, abandonou este cálculo e contou somente a partir da Redenção.

O Ramban, Rabi Moshe ben Nahman, escreveu que Nissan deve ser considerado o primeiro mês e os outros meses devem ser contados a partir dele, o segundo mês (depois de Nissan), o terceiro mês (depois de Nissan), e assim por diante, para que isso seja um constante lembrete do grande milagre da redenção do Egito. Assim, toda vez que mencionarmos os meses do ano nos lembraremos do milagre.

É por isso que na Tora os meses não têm nomes, mas são mencionados por números; ex. no terceiro mês…, no segundo mês em que a nuvem foi levantada…, no sétimo mês… assim como nos lembramos do Shabat quando nos referimos aos dias da semana . Em hebraico contamos os dias como “o primeiro dia” (até o Shabat), “o segundo dia” (até o Shabat), e assim por diante.

Quando contamos os meses a partir de Nissan eles servem como lembretes da redenção do Egito sendo que essa contagem não está ligada ao início do ano – Tishrei – mas ao mês da nossa libertação. Assim, Nissan é mencionado na Torá como o primeiro mês e Tishrei como o sétimo mês.

Shemini

Nossa Parashá nos conta que podemos comer os animais que tem os cascos fendidos e são ruminantes, e claro que antes disso temos que abater o animal de maneira Kasher pelo método Judaico chamado de “Shehitá”. Depois da Shehitá temos que tirar o sangue do animal pelo método Judaico chamado de “Melihá” e só após isso podemos comer essa carne

Trouxe para vocês um resumo de uma explicação do meu querido amigo Felipe Kleiman, consultor especialista em alimentos kosher e com certeza um grande entendido nesse assunto

Abate Religioso: “Nós respondemos a uma autoridade superior”

Essa frase é o slogan de uma marca kosher que virou preferencia americana. Isso porque o produto kosher, motivado por princípios religiosos, é consolidado no mercado americano, por ser uma opção segura de alimentação por seus rigorosos métodos de produção.

A palavra hebraica “kosher” significa adequada em relação à lei judaica.

A Torá exige que os animais e as aves sejam abatidos de forma prescrita, conhecida como shechita.

A traquéia e o esôfago do animal são cortados com uma lâmina especial afiada, perfeitamente lisa, causando morte instantânea sem dor para o animal.

Apenas um matador de kosher treinado que é chamado de“Shochet”, cuja piedade e experiência foram atestadas pelas autoridades rabínicas, está qualificado para abater um animal para o consumo kosher.

Depois que o animal foi devidamente abatido, um inspetor treinado (bodek) inspeciona os órgãos internos para quaisquer anormalidades fisiológicas que possam tornar o animal não-kosher (treif).

Os pulmões, em particular, devem ser examinados para determinar que não há adesões (sirchot), que podem ser indicativas de uma punção nos pulmões. Se uma adesão for encontrada, o bodek deve examiná-lo cuidadosamente para determinar seu status de kosher.

Além de cumprir os requisitos da halacha (lei judaica), a inspeção de órgãos internos assegura um padrão de qualidade que excede os requisitos governamentais.

A Torá proíbe o consumo do sangue de um animal. Por isso, um dos métodos usuais para a extração do sangue da carne é através da salga. Além disso, a carne não deve ser colocada em água quente antes que o sangue seja extraído dela.

No abate kosher , a “Shehitá” é só o começo. Após o animal ou a ave serem trazidos ao rabino para Shehitá, ela vai para a pendura. Porém, o fato de não poder usar água quente acaba sendo um gargalo e demanda outras soluções para depenar a ave, como máquinas adaptadas”.

Depois de depenar, é feito o processo da salga que consiste em deixar o frango 30 minutos de molho em água, para que solte o sangue dos vasos; depois o frango é todo salgado com sal grosso, e fica pendurado de forma que possa drenar o sangue.

Uma hora após esse processo, ele passa por um enxague e em seguida é submerso em três tanques para tirar o máximo possível de excesso do sal.

Por isso, o frango kosher não usa sal na panela. A quantidade que ele absorve é exatamente o que precisaria usar.

Nos Estados Unidos essa certificação é um fenômeno de consumo. “Nos anos 60 houve a grande crise de confiabilidade na indústria alimentícia americana, não existiam certificações de qualidade e o mercado descobriu que os judeus levam muito a sério a questão de qualidade.

A presença judaica em algumas capitais deu acesso para que pessoas conhecessem essa certificação que é religiosa mas entrega indiretamente uma qualidade para o consumidor que não tem motivação religiosa.

Então, desde o anos 60 o mercado americano começou a consumir muito os produtos com certificado kosher.

Hoje 41% de todos os produtos industrializados lançados nos EUA são kosher – não apenas proteína animal. Ele não é um selo que visa a qualidade, mas ele entrega qualidade”.

Agradeço ao meu grande amigo por essa grande explicação.

Outras informações podem ser consultadas diretamente com ele pelo e-mail

felipekleiman@gmail.com

Animais puros e animais impuros

Os animais que não têm cascos fendidos e não são ruminantes são chamados de animais impuros e não podemos comê-los

Quatro espécies de animais são citados pela Torá como tendo um só sinal de pureza e portanto são impuros. Eles são o Gamal, o Shafan, a Arnevet, e o Hazir

A Torá considera uma espécie animais que, mesmo tendo raças diferentes, se cruzam entre si e tem filhos férteis

O Gamal, traduzido como camelo, tem dentro da sua espécie o dromedário, o lhama, a Alpaca, a Vicunha, e o Guanaco. Todos são ruminantes e não tem cascos fendidos. Uma experiência de cruzamento entre eles nos emirados árabes gerou filho fértil

O Hazir é o famoso porco que tem os cascos fendidos mas não rumina

O Shafan e a Arnevet não são o coelho e a lebre como muitos traduzem. O coelho e a lebre se cruzam entre si e têm filhos férteis, ou seja, são a mesma espécie.

Se dissermos que o coelho rumina teremos um número enorme de espécies com a mesma característica, e a Torá está falando sobre quatro espécies com um único sinal de pureza.

O fato de o coelho acabar comendo os próprios excrementos não o considera ruminante, porque o porco também costuma fazer isso e a Torá não o considera ruminante.

O Shafan e a Arnevet não estão entre os animais classificados hoje e pode ser que já estão extintos

Peixes

Os peixes para serem kosher simplesmente devem ter barbatanas e escamas.

Você pode comprar o peixe cru inteiro em qualquer lugar e limpar ele em casa com a sua faca kosher.

Se o peixeiro tem um desescamador, com certeza ele só usa isso para tirar escamas, e você pode pedir para ele tirar as escamas do seu peixe se ele concordar em usar para isso somente o desescamador e não a faca.

Se o peixe inteiro já vem com a barriga cortada e as entranhas tiradas, você corta um milímetro de todo o lugar cortado anteriormente, tira essa parte fina e a descarta

Será que baleias são peixes?

Uma das explicações do portal da “Daf Yomi” sobre o “Tahash”, uma criatura cuja pele foi usada como uma das coberturas do Mishkan, é que o Tahash era um tipo de baleia com chifre.

Nossos Sábios não determinaram se o Tahash era um tipo de animal doméstico ou selvagem, mas determinaram que ele era um animal

Todos os mamíferos aquáticos podem morrer afogados se ficarem muito tempo embaixo da água, despertando em nós a pergunta se os mamíferos marinhos podem ser chamados de peixes impuros ou simplesmente de animais aquáticos impuros

Aves

A Torá não fornece nenhum sinal para as aves casher. Em vez disso, ela lista 24 classes de aves não casher.

Em teoria, se pudéssemos identificar essas 24 classes, poderíamos comer qualquer tipo de pássaro que não estejam na lista (se abatidos de acordo com halachá).

O problema é que muitos dos nomes de pássaros hebraicos bíblicos não são facilmente identificáveis. (As traduções inglesas encontradas em algumas Bíblias são meras suposições, por isso alguns tradutores escolhem transliterar ao invés de dar traduções imprecisas.) E mesmo se soubéssemos os nomes exatos em inglês, ainda seria difícil para a maioria de nós identificar tantas espécies exóticas de aves.

Seria também um desafio identificar quais espécies de aves pertencem a quais classes, uma vez que as categorias haláchicas diferem das científicas comuns (e as categorias científicas estão sujeitas a mudanças). Por exemplo, não sabemos quantas espécies de aves se classificam na categoria de “coruja” ou “águia”.

Para esclarecer este assunto, os sábios da Mishná dão vários sinais que ajudam a identificar se um pássaro é casher:

não é uma ave de rapina, tem um dedo “extra”, um papo, e / ou uma moela que pode ser descascada. (Se todos os três destes sinais devem estar presentes é uma questão de disputa, como será explicado.)

Identificando Aves de Rapina
Nas palavras da Mishná, “qualquer ave que possui garras não é casher, mas existem várias opiniões quanto à definição exata de garras:

um pássaro que pega sua comida com suas garras e a levanta do chão para a sua boca, uma ave que segura sua presa com suas garras e quebra pequenos pedaços para comer, uma ave que atinge a presa com os pés e come sua presa viva, uma ave que ataca sua presa com suas garras, ou uma ave que injeta uma espécie de veneno em sua presa.

A Mishná acrescenta um método alternativo de identificação de um pássaro que é de rapina: um pássaro que “parte os dedos dos pés”, ou seja, quando em pé sobre uma corda, tem dois dedos na frente e dois na parte de trás, como um papagaio.

Um rabino do século XII, o rabino Zerachiá Halevi de Gerondi, conhecido como Ba’al Hamaor, descreve duas características de uma ave que não é de rapina: bico largo e patas palmeadas (como um pato).

Sinais Adicionais de Aves Casher

Além de não pertencer ao grupo de aves de rapina, a Mishná fornece três características de um ave casher:

Dedo “Extra”: Um dedo da pata que está atrás e acima dos outros dedos. É chamado de “extra” porque não está na mesma linha que os outros dedos. Alguns dizem que isso se refere a um “dedo alongado” um dedo frontal, que é mais longo que o restante). Essas características podem ser vistas nos pés de galinha.

Papo: Um órgão em forma de bolsa que armazena os alimentos não digeridos até que o aparelho digestivo esteja pronto para receber e digerir o alimento.

Moela pelável (pupik em idish): Uma moela no tubo digestivo que é alinhada com a pele que pode ser descascada à mão.

Enquanto todos concordam que qualquer ave de rapina não é casher, há diferenças de opinião se uma ave precisa ter todos ou alguns desses três sinais para que ele seja considerado casher, apropriado para o consumo.

O Tzemach Tzedek escreve que a halachá segue a opinião de que todos os sinais devem estar presentes – isto é, a menos que haja uma tradição específica de que a ave é casher.

Tradição

Na prática, é difícil identificar as aves por estes sinais rabínicos. De fato, o Talmud cita uma série de incidentes em que uma comunidade no início pensou que uma certa ave era casher, e só depois de um longo tempo foi observado que a ave era de fato uma ave de rapina e, portanto não casher.

Assim, a identificação pode se tornar bastante difícil, uma vez que mesmo se a ave só exibe o comportamento de rapina muito raramente, não é considerado casher.

Portanto, a halachá é que só comemos uma ave que sabemos ser casher e foi estabelecida por tradição.

E se há uma tradição confiável de que uma ave é casher, então ele não precisa ter todos os “sinais casher” (exceto por não ser um predador). Por exemplo, o ganso não tem uma cultura, mas é, no entanto, considerado casher.

galinhas, patos, gansos, perus e pombos (pombas).

Vaykrá – 5779

Nossa Parashá começa com a palavra Vaykrá que em hebraico quer dizer “e chamou”, determinando o nome da nossa Parashá e também o nome desse nosso terceiro livro da Torá.

No Sefer Torá, a última letra da palavra Vaykrá, a letra “alef”, aparece em tamanho menor do que as outras letras. Qual seria o motivo para isso?

A explicação do Kli Yakar

Rabi Shlomo Efraim ben Aharon conhecido como o “Kli Yakar” nasceu na cidade de Luntschitz, na Polônia por volta de 1550.

Estudou com o famoso Maharshal, Rabi Shlomo Lúria, e depois disso foi rabino da cidade de Lvov durante 25 anos.

Desde jovem foi conhecido como grande orador e ficou famoso por suas palestras cheias de conteúdo e entusiasmo.

Em 1601 ficou gravemente doente. Por esse motivo acrescentou o nome Shlomo à seu nome que originalmente era Efraim, e prometeu que se sobrevivesse iria escrever um comentário sobre a Torá.

Rabi Shlomo Efraim sobreviveu à sua doença e no ano seguinte escreveu e publicou seu livro chamado de “Kli Yakar” que se tornou imediatamente popular em todo o mundo judaico e foi sua publicação mais famosa a ponto de, como acontece com muitos outros grandes rabinos, Rabi Shlomo Efraim ser agora conhecido simplesmente como o “Kli Yakar”.

No ano seguinte à publicação do Kli Yakar, Rabi Shlomo Efraim foi nomeado rabino-chefe da grande cidade de Praga, onde também serviu como Rosh Yeshiva e o chefe do Beit Din.

Rabi Shlomo Ephraim faleceu em 1619. Seu filho e outros descendentes seguiram seus passos, mantendo também a posição estimada de rabino-chefe de Praga.

Entre seus alunos mais famosos estava o rabino Yom Tov Lipman Heller, também conhecido como Tosfot Yom Tov .

O “Kli Yakar” explica que o fato de a letra “alef” aparecer menor na nossa Parashá vem nos indicar que aqui está havendo uma comparação em um certo aspecto entre a profecia de Moshe Rabeinu e a profecia de Bil’am

O Midrash nos conta que não existiu um profeta no povo de Israel como Moshe, mas entre os povos do mundo existiu. E quem era ele? Bil’am

A intenção do Midrash não é de que Bil’am se igualou à Moshe Rabeinu em profecia, D’us nos livre, mas o que eles tinham em comum era o fato de terem recebido temporariamente um nível ao qual eles não teriam como chegar por força própria

Moshe Rabeinu recebeu uma revelação maior do que o nível ao qual ele tinha chegado por seu próprio esforço.

Hashem revelou para ele mais do que ele poderia receber pelo próprio mérito, e todo esse acréscimo foi no mérito do povo de Israel e não no mérito do próprio Moshe, sendo que o que ele tinha direito à receber por próprio mérito ele já tinha recebido

Por isso vemos que no caso do “bezerro de ouro” Hashem pede para Moshe descer do Monte Sinai.

Diz o Midrash que a intenção Divina era de que todo aquele acréscimo de grandeza espiritual que Moshe Rabeinu estava recebendo, era no mérito do povo de Israel

E quando eles perderam esse mérito fazendo a idolatria, Moshe perdeu esse nível de revelação.

Depois que eles foram desculpados a revelação de Hashem para Moshe ficou ainda maior do que era antes de eles terem feito a idolatria, o que não aconteceria se a revelação fosse no mérito dele próprio.

Cada um de todos nossos outros profetas não recebeu a profecia a não ser de acordo com seu próprio nível e não mais do que isso

Mas entre os povos do mundo surgiu Bil’am, que em honra ao nosso povo também chegou a um nível maior do que conseguiria chegar

A regra geral é de que o nível de profecia que o profeta alcança de acordo com seu próprio esforço fica incorporado nele na sua própria essência e não se separa mais dele

Mas se ele alcança um nível acima da sua própria capacidade, esse nível de profecia é considerado como sendo dado à ele como algo que “aconteceu”, algo “temporário”, ou seja, não por causa da essência do profeta, mas somente por dádiva Divina

Essa mesma linguagem que chamaríamos de “acontecimento” e não de “merecimento” é usada tanto em relação à profecia de Moshe quanto em relação à de Bil’am, nos ensinando que eles eram comparados somente nesse aspecto, no fato de os dois terem tido uma revelação acima da própria capacidade, acima da própria essência

Isso é chamado de “acontecimento” por ser uma revelação adicionada ao que eles conseguiram chegar por si só, por própria essência

De acordo com isso, continua o Kli Yakar, conseguimos entender a explicação de Rashi em relação à palavra “vaykar” usada pela Torá em relação à profecia de Bil’am.

Rashi explica a palavra “vaykar” como sendo uma linguagem de “acontecimento” e também a explica essa palavra como sendo uma linguagem de “impureza”.

Seria o suficiente para Rashi optar por uma dessas duas possibilidades para determinar a diferença entre entre “vaykar” e Vaykrá, mas Rashi traz as duas opções porque, segundo o Kli Yakar, também Rashi opina que a profecia de Moshe foi por “acontecimento” e não por essência. Ou seja, uma dádiva Divina e não o fruto do seu próprio esforço

Sendo assim, porque não é usada a mesma linguagem, para os dois? O motivo para isso é para diferenciar entre a profecia de Moshe que foi um acréscimo à santidade de Moshe, e entre a profecia de Bil’am que foi um acréscimo de santidade naquele momento, um acréscimo paralelo ao lado da impureza que Bil’am tinha e que continuou tendo depois disso

Portanto foi acrescentada a letra “alef” à profecia de Moshe para diferenciá-la da profecia de Bil’am.

Mas mesmo assim a letra “alef” aparece aqui menor, nos indicando que as duas profecias tinham o mesmo aspecto, o fato de nos dois casos elas terem “acontecido” e não terem sido alcançadas por próprio esforço

O Kli Yakar dá mais uma explicação sobre o fato de a letra Alef estar pequena na nossa Parashá

Ele diz que o nome da letra Alef se inclina para um significado de “estudos”. E o estudo da Torá não se mantém a não ser em quem se diminui e foge das honrarias.

E aqui na nossa Parashá isso está indicado explicitamente. Moshe teve o mérito de receber esse chamado Divino por ter se diminuído no episódio do arbusto incandescente quando Hashem se revelou para ele e pediu para ele tirar o povo de Israel do Egito.

Qual foi a resposta de Moshe lá. Simplesmente ele fugiu das honrarias, disse que não sabia falar bem, e pediu para Hashem mandar outra pessoa tirar o povo de Israel do Egito!

Shabat Shalom

Parashat Zahor

Nesse Shabat que acontece antes de Purim vamos ouvir na Sinagoga a Parashá mais importante do ano, Parashat Zahor, sendo que esse Shabat antecede Purim e Haman era um descendente direto de Amalek

Examinando o primeiro confronto entre o povo judeu e a nação de Amalec (Shemot 17:8-16) sobre o qual lemos em Shabat Zachor nesta semana que antecede Purim, duas perguntas básicas nos vêm à mente. Primeira, por que Amalec atacou os Filhos de Israel sem provocação? O versículo simplesmente relata que Amalec atacou os Filhos de Israel num local chamado Refidim, mas o que motivou este ataque? Segundo, por que eles mereceram esta súbita punição?

A primeira pergunta é respondida pelo Midrash, que compara o povo judeu a uma banheira de água fervente. Assim como ninguém ousa pular num recipiente de água fervente por medo de ser escaldado até a morte, assim também os judeus eram aparentemente invencíveis após seu milagroso êxodo, quando então as nações do mundo reagiam a eles com temor e respeito.

Ninguém ousava atacar o povo que tinha D’us a seu lado – exceto Amalec. Certa vez ele atacou, e embora tenha perdido, deram um jeito de esfriar a água para que outras nações também pulassem dentro sem medo de ser queimadas.

O que deu a Amalec a força para nos atacar? Rabi Yitschac Hutner desenvolve a resposta à primeira questão de outro Midrash, que compara Amalec a uma pessoa que zomba e ridiculariza tudo na vida. Uma personalidade assim procura toda oportunidade de minar e diminuir o que é importante e valioso na sociedade.

As Dez Pragas, a Abertura do Mar Vermelho, a destruição do Egito, o maná caindo do céu – todos estes eventos que haviam criado um senso de reverência e trepidação nas outras nações em relação aos judeus, fazendo a água da banheira mais e mais quente, apenas aumentou o desejo de Amalec de ser o primeiro povo a pular dentro. Para Amalec esta banheira fervente de grandeza, espiritualidade e nobreza tinha de ser esfriada, independentemente das conseqüências.

Voltemos agora a nossa segunda questão. Por que os judeus mereceram ser atacados por Amalec?

A chave para entender esta falha específica é o nome da localidade onde Amalec atacou-nos – Refidim. Embora num nível simples este nome seja meramente uma localização geográfica, o Midrash nos diz que é um acrônimo para “rafu y’dayhem min haTorah – as mãos do povo judeu foram fracas no seu apoio à Torá.”

O que significa esta expressão? O termo costumeiro para a falta de estudo de Torá é bitul Torah, negligenciar o estudo de Torá. Qual é então a idéia por trás de dizer que suas mãos eram fracas no seu apoio à Torá?

Rabi Yitschac Hutner explica que esta expressão refere-se a uma fraqueza em reconhecer e apreciar a importância e relevância da Torá em nossa vida. Quando deixamos de perceber como a Torá é vital para nossa própria existência e para a existência do mundo inteiro, estamos convidando Amalec a entrar em nosso meio.

Não apenas devemos estar preocupados com o quanto de Torá aprendemos, mas também com quanto valor e importância atribuímos à Torá que estudamos.

Percebemos que a Torá é sabedoria Divina? Percebemos que a Torá sustenta o mundo inteiro? Percebemos que a suprema perfeição do mundo apenas pode chegar através da Torá?

Que D’us nos ajude a aumentar nosso tempo de estudo de Torá e a avaliar sua verdadeira e ilimitada grandeza

Pekudei – 5779

Na nossa Parashá Moshe Rabeinu prestou contas de todo o ouro, prata e cobre doado para construir o Mishkan e todos os objetos necessários para o trabalho que seria feito nele.

Diz  Rashi que a palavra Mishkan aparece duas vezes no versículo que fala sobre essa contagem, nos indicando os dois Templos de Jerusalém que seriam futuramente destruídos

A Guemará em Baba Metzia nos conta que a bênção Divina não recai sobre uma coisa contada, pesada ou medida. Diz Rabi Yitzhak na Guemará que a bênção Divina não se encontra a não ser em uma coisa oculta dos nossos olhos, ou seja, uma coisa que ainda não foi contada, pesada ou medida

Diz o Zohar que o principal motivo para isso é que a Bênção Divina se encontra onde há união, e o “todo” está conectado à ”raiz”, e quando uma coisa é contada pesada ou medida ela está sendo separada de um todo.

Na prática esse “todo” é dividido em partes por meio da contagem fazendo com que a benção Divina não recaia mais sobre ele

Será que isso é o que Rashi está nos indicando dizendo que o fato de a palavra Mishkan aparecer duas vezes no versículo que se refere à contagem das doações dos materiais do Mishkan nos indica que os dois futuros Templos de Jerusalém vão ser destruídos por causa dessa contagem?

A explicação do “Or Hahaim HaKadosh”

O grande Tzadik Rabi Haim ben Atar, conhecido como “Or Hahaim HaKadosh” em nome do seu principal livro, o “Or Hahaim” sobre a Torá, nasceu no Marrocos há mais de trezentos anos atrás.

40 dos seus 47 anos de vida viveu no Marrocos em uma época conturbada e repleta de problemas como fome e guerras internas que tiveram como consequência perseguições aos judeus que muitas vezes tiveram que fugir de região para região

Rabi Haim ben Atar mudou-se para a Itália com a sua família onde editou sua maior publicação, o “Or Hahaim” uma explicação da Torá que lhe deu reconhecimento mundial.

O Rebe HaRashab de Lubavitch contou que Rabi Haim ben Atar escreveu seu livro “Or Hahaim” enquanto estudava com as suas filhas Humash com Rashi.

Disseram ao Rebe de Lubavitch anterior que Rabi Haim ben Atar não teve filhos, e ele respondeu que temos uma ”kabalá”, um recebimento de Rebe para Rebe que ele não teve filhos homens, mas filhas ele teve, e o seu livro é a coletânea das explicações do Humash que ele estudou com as suas filhas

Rabi Haim organizou na Itália um grupo de doadores para abrir uma Yeshivá na terra de Israel. Mudou-se para a Terra Santa com sua família e seus alunos e no final da sua curta vida conseguiu abrir duas Yeshivot em Yerushalaim, uma para o estudo da parte oculta da Torá e uma para o estudo da parte revelada

Rabi Haim nos ensinou que o fato de ter sido usada para a contagem das doações do Mishkan a palavra “Pekudei” vem nos revelar que essa contagem não só que não retirou a Bênção Divina do que foi contado, mas ao contrário, veio acrescentar muitas e muitas bençãos para os doadores, e quanto mais detalhes foram acrescentados nessa contagem mais bênçãos receberam os que acrescentaram nessas doações

Essa palavra é usada pela Torá em caso de grandes bênçãos como quando Hashem dá um filho para Sarah e como sinal de que chegou a hora da redenção do Egito, mas ela também é usada em casos contrários.

Diz o Or Hahaim que sendo que aqui está se tratando das doações do Mishkan, a palavra “Pekudei” vem nos revelar que nesse caso não há nenhuma aversão Divina, mas ao contrário, grandes bênçãos

E esse é o motivo de que, mesmo Hashem não tendo pedido para Moshe Rabeinu fazer essa prestação de contas, ele a fez. Para acrescentar mais Bênçãos Divinas aos doadores do Mishkan fora as que eles receberam pelo próprio fato de terem doado

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que o motivo para recaírem bênçãos sobre essa contagem foi o fato de o próprio Moshe Rabeinu tê-la feito, e isso foi o que trouxe bênçãos para ela.

Mas se não fosse isso essa contagem não teria saído da regra geral que é de que por meio da contagem separamos algo do ”todo” e ele perde as bênçãos

Enquanto uma coisa não é contada ela faz parte de um todo, e no todo há bênção, porque o todo está ligado à raiz e fonte das bênçãos, e de lá vem a vida para tudo

Por isso, Moshe Rabeinu que era o homem da fé, o homem que está ligado à raiz, e mesmo quando está ocupado com assuntos relacionados à natureza desse mundo, com assuntos materiais, continua todo o tempo consciente e se lembrando de que tudo é de Hashem. Alguém assim, as bênçãos pairam sobre os seus feitos.

E pelo fato de ele próprio ter feito a contagem, as bênçãos Divinas pairaram sobre o que foi contado

Será que “mal olhado” existe de verdade?

Por Divina Providência esta semana participei de uma aula onde surgiu uma pergunta sobre uma medida judaica chamada “zeret”.

O professor insistiu que se tratava da medida da mão fechada, mas na verdade o “zeret” é a medida da mão aberta, e pode ser traduzido como um palmo

O professor confessou que teve muita facilidade em imaginar uma mão fechada e muita dificuldade em imaginar uma mão aberta, e acrescentou que a maioria das pessoas são assim

De uma maneira geral, uma pessoa normal não tem a capacidade de contar pesar e medir o que é nosso e comparar com o que é dele provocando com a própria inveja a separação entre o que é nosso e o “todo”

E o pior é se nós acreditarmos que isso possa acontecer realmente, ou seja, acreditarmos que alguém nos colocou um ”mal olhado”, conseguiremos por meio da nossa fé fazer com que a coisa ruim aconteça de verdade e não porque colocaram sobre nós um “mal olhado”

Mesmo assim devemos evitar as “exceções de regra” não “esnobando” as pessoas à nossa volta mas nos comportando com “pudor” em relação às coisas boas que Hashem nos deu até que elas cresçam e apareçam e não tivermos mais como esconder.

Por isso costumamos não publicar quando uma mulher está grávida até o quinto mês. Claro que podemos contar para nossas mães e sogras mas é melhor pedir para elas também não publicarem até o quinto mês

Mesmo assim, se o mundo inteiro ficar sabendo, você não deve acreditar em um mal olhado, porque a sua fé no mal olhado é o maior motivo para ele acontecer de verdade

Então, por um lado não podemos acreditar no mal olhado, mas por outro devemos ter pudor em relação aos nossos bens mais valiosos e não ficar nos exibindo para não atrair por engano alguma “exceção de regra”.

E o principal: não seja você essa pessoa que vai contar, medir e pesar o que os outros têm e comparar com o que você tem.

Não seja você essa exceção de regra que pode prejudicar alguém. Não seja você a pessoa que só consegue imaginar uma mão fechada e tem dificuldade em imaginar uma mão aberta.

Somente Moshe Rabeinu conseguiu levantar as colunas do Mishkan

A maior prova para o nosso povo de que Moshe não precisaria prestar contas para eliminar suspeitas foi o fato de que quando tudo ficou pronto e ninguém conseguia levantar as colunas do Mishkan somente Moshe conseguiu

Nesse momento Hashem pediu para Moshe fazer como se ele tivesse levantando as colunas e elas se levantaram milagrosamente, mostrando à todos que o Moshe de agora continua o mesmo Moshe de antes

A explicação do Kli Yakar

Rabi Shlomo Efraim de Luntshits, conhecido como “Kli Yakar” em nome do seu livro principal, nasceu em Luntshits na Polônia no ano de 1540 e foi considerado um dos maiores rabinos da época, comparado ao Mahara’l de Praga que fez o Golem e ao Rabi Yeshayahu Horovitz de Praga conhecido como Shl’o em nome do seu livro principal

Após o falecimento do Mahara’l de Praga Rabi Shlomo Efraim se tornou o Rabino de Praga junto com o Shl’o.

Ele nos explicou que da mesma maneira que Hashem pediu para Moshe se ocupar com o levantamento do Mishkan e Hashem “fez acontecer”, assim também Hashem faz com cada um de nós.

A nossa parte nesse mundo é somente a de nos ocupar com o que precisamos fazer, e a parte de Hashem é “fazer acontecer”. Nós começamos e Hashem termina! Então, muita fé e mãos à obra!

Vayakhel  – 5779

Nossa Parashá nos conta que Moshe Rabeinu reuniu todo o povo de Israel e ensinou para eles detalhes sobre a Mitzvá do Shabat, como a proibição de acender fogo no Shabat e também a proibição do trabalho no Shabat

Essa “confraternização” entre Moshe Rabeinu e o povo de Israel aconteceu depois que Moshe Rabeinu desceu do Monte Sinai no dia 10 de Tishrei, Yom Kipur, após ter conseguido fazer Hashem nos desculpar de termos feito a idolatria do bezerro de ouro, e não foi por acaso que nessa ocasião Moshe falou com toda a nossa comunidade sobre o Shabat

Quando guardamos o Shabat estamos demonstrando claramente que acreditamos somente nesse D’us que criou o mundo em seis dias e não em outro, e esse é o motivo que não fazemos trabalhos no Shabat.

Ou seja, o Shabat é o dia do “reconhecimento”. Por causa disso, quando guardamos o Shabat integralmente nos retificamos da idolatria.

Neshamá Yeterá” o upgrade da nossa Alma

A Guemará nos conta que cada judeu recebe uma Alma a mais no Shabat chamada de “Neshamá Yeterá” e por isso fazemos a benção sobre os “bessamim” no final do Shabat, para consolar nossa Alma pela saída da Neshamá Yeterá no Motzaei Shabat

Essa Neshamá Yeterá não é uma entidade espiritual que se anexa à nós, mas sim um upgrade da nossa própria Alma que no Shabat tem ascensão à um nível espiritual muito mais elevado. Então porque ela é chamada de Alma acrescentada?
Diz o Zohar que cada um de nós sobe no Shabat à um nível muito mais elevado, mas nesse caso o nível de um judeu é diferente do nível do outro, e cada um tem uma elevação de acordo com o próprio nível

Sendo que o upgrade da Alma de um não é igual ao upgrade da Alma do outro, mas é totalmente personalizado, é usado esse termo de Neshamá Yeterá.

Ou seja, o mundo material tem uma elevação e todos nós temos uma elevação, mas a elevação de um é diferente da elevação do outro da mesma maneira que as nossas Almas Divinas são diferentes, como vimos no caso dos nossos patriarcas que em Avraham predominava a Hessed, em Itzhak a Guevurá e em Yaakov a Tiféret

Fora o aspecto da essência de cada um de nós que é
diferente, nosso comportamento durante a semana também vai influenciar muito, e o nível do nosso upgrade no Shabat vai ser incrementado por meio das nossas ações durante a semana.

Rebe Shmuel Schneerson foi um grande Tzadik que viveu na Rússia há quase duzentos anos atrás. Ele era o filho mais jovem do terceiro Rebe de Lubavitch e a pedido do seu pai tornou-se Rebe de Lubavitch após seu falecimento.

Rabi Shmuel Schneerson, conhecido como Rebe Maharash, viveu apenas 48 anos durante os quais dezesseis anos ele foi o Rebe de Lubavitch.

Certa vez ele ouviu do seu escritório as crianças discutindo. O Rebe chamou as crianças para o seu escritório, e quando perguntou sobre o que eles estavam discutindo eles ficaram com vergonha de responder.

No final a filha mais velha disse que estavam trocando idéias sobre qual é a diferença entre um judeu e alguém que não é judeu.

O Rebe Maharash pediu para as crianças sentarem ao seu lado e chamou mandou chamar Bentzion, um judeu muito simples que trabalhava na casa do Rebe.

:-Bentzion, você comeu hoje de manhã? Perguntou o Rebe.
:- Sim, respondeu Bentzion
:- Você comeu bem? Perguntou o Rebe
– Graças à D’us comi bem, respondeu Bentzion
:-E porque você precisa comer? Perguntou o Rebe
:-Para viver, respondeu Bentzion, se eu não comer como eu vou viver?
:- E para que você vive? Perguntou o Rebe
:- Bentzion suspirou… e disse:- para rezar, para ler um capítulo de Tehilim…

O Rebe agradeceu à Bentzion e ele voltou para os seus afazeres. Depois disso o Rebe pediu para chamar Ivan o cocheiro que não era judeu

:- Ivan, você comeu hoje de manhã? Perguntou o Rebe.
:- Sim, respondeu Ivan
:- Você comeu bem? Perguntou o Rebe
– Claro que comi bem, respondeu Ivan
:-E porque você precisa comer? Perguntou o Rebe
:-Para viver, respondeu Ivan, se eu não comer como eu vou viver?
:- E para que você vive? Perguntou o Rebe
:- Para tomar uma vodka, para comer uma coisa gostosa, pra isso que se vive, respondeu Ivan

O Rebe agradeceu e Ivan voltou para os seus afazeres

Agora, disse o Rebe para os seus filhos, vocês viram a diferença entre um judeu e alguém que não é judeu

O judeu vive para servir à D’us, mas dá um suspiro porque sabe que não é sempre que consegue fazer isso da maneira correta

Ao contrário disso, alguém que não é judeu vive para aproveitar a vida. E essa é a diferença entre um judeu e alguém que não é judeu

Aprendemos dessa história uma coisa muito importante. Todos nós vivemos para fazer o trabalho Divino, para servir à D’us. Às vezes temos mais sucesso no nosso trabalho Divino e às vezes menos. Mas o importante é que esse é o nosso foco

Trabalhos proibidos e trabalhos permitidos no Shabat

Logo após Moshe Rabeinu ter falado sobre o Shabat ele fala sobre a construção do Mishkan, o Templo móvel que foi construído por meio de 39 trabalhos

Nossos Sábios nos ensinaram que a proximidade entre esses dois assuntos na Torá vem nos ensinar que esses são os trabalhos proibidos no Shabat

Os 39 trabalhos matrizes proibidos no Shabat estão enumerados a seguir, acompanhados de exemplos práticos para vermos como e onde eles se aplicam hoje em dia:

1. “Arar” – cavar a terra, tornando-a mais propícia ao plantio.
Exemplos: revolver a terra com ajuda de animal, arado ou trator; arrastar um banco pesado ou brincar com bolas de gude sobre o solo.

2. “Semear” – ato para estimular o crescimento da planta.
exemplos: jogar sementes frutíferas na terra; colocar flores num vaso com água; colocar adubo ou inseticida numa planta.

3. “Colher” – desenraizar uma planta do local onde cresceu.
exemplos: cortar grama; colher frutas. Nossos sábios proibiram subir em àrvores ou se balançar em uma balança pendurada em um galho de árvore ou deitar em uma rede pendurada entre duas árvores

4. “Agrupar a colheita” – agrupar cereais, frutos ou vegetais no local onde cresceram.
exemplos: agrupar laranjas que caíram da àrvore; fazer um buquê de flores.
Esse trabalho só se aplica a derivados da terra e no local onde nasceram. Portanto, é permitido juntar livros no jardim ou maçãs espalhadas na cozinha.

5. “Debulhar” – separar a parte utilizável (desejada) dos produtos da terra da inutilizável (indesejada), usando força ou pressão. Antigamente, para separar a semente da casca do cereal, usava-se uma tábua especial amarrada a um animal, que arrastava-a sobre os grãos, separando-os.
exemplos: fazer suco de uva; ordenhar vaca; espremer suco de fruta cítrica; tirar ervilha da casca (se a casca não for comestível).
É permitido espremer suco de limão diretamente sobre salada ou peixe para temperá-los, se estes não contêm nenhum líquido.

6. “Dispersar o grão ao vento” – jogar sementes ao vento para separar a parte utilizável (desejada) da não utilizável (indesejada). Uma forma que usava-se antigamente para separar as cascas dos grãos era jogar o cereal ao vento; assim a palha que é mais leve voava enquanto os grãos caíam no solo.
exemplos: cuspir em direção ao vento; assoprar em amendoins para que as cascas voem e se separem.

7. “Selecionar e separar” – alimento não utilizável (indesejado) do utilizável (desejado) ou separar de acordo com diferentes tipos.
exemplos: separar a cebola (que não se quer comer) da salada; separar uma fruta estragada das demais; usar um descascador; descascar frutas ou legumes (mesmo com faca ou a mão) com antecedência; selecionar alimento sólido de uma sopa por meio de escumadeira; classificar utensílios, brinquedos ou livros de acordo com tamanhos e tipos.
É permitido descascar frutas ou legumes com faca ou a mão (não com descascador), desde que seja pouco tempo antes ou durante a refeição.

8. “Moer” – desfazer algo sólido em pedaços muito pequenos.
exemplos: ralar legumes, picar verduras em pedaços pequenos, amassar batata cozida com amassador; amassar banana ou abacate com garfo; serrar madeira com interesse na serragem. Por esse motivo nossos sábios proibiram tomar remédios ou vitaminas em Shabat, exceto em caso de doença sendo que os ingredientes do remédio eram moidos na hora.
É permitido amassar com garfo alimento que não cresce na terra (como ovo cozido) ou esfarelar pão ou bolo.

9. “Peneirar” – separar alimento utilizável (desejado) do não utilizável (indesejado) por meio de peneira, coador ou similar.
exemplos: peneirar farinha; coar vinho num coador especial; peneirar areia.

10. “Fazer massa” – formar massa consistente, misturando ingredientes.
exemplos: fazer mingau (cereal em pó + leite), gelatina (pó + água), creme de chocolate (cacau ou chocolate em pó + margarina) ou cimento (cal + água); misturar purê de batata com manteiga ou margarina; misturar maionese com ketchup, formando consistência pastosa (se for líquida, é permitido).
É permitido misturar cereal em flocos com leite. Ao fazer mingau de cereal em pó para beber, deve-se colocar primeiro o leite no prato e depois acrescentar o cereal, formando uma massa líquida (não sólida).

11. “Assar/cozinhar/fritar” – colocar alimento sobre fogo ou qualquer fonte de calor, como chama aberta, chapa elétrica, brasa, chapa de metal pré-aquecida ou até em banho-maria na panela que já esteve por cima do fogo ou da chapa. Exige-se muita prudência ao aquecer alimentos no Shabat para não chegar a transgredir esta proibição, que inclui inúmeros detalhes.
exemplos: esquentar alimento sobre fogo; misturar alimento que ainda está na panela onde foi cozido (exceto água); tampar panela (que está sobre a chapa) se a comida não estava totalmente cozida na entrada do Shabat; abrir torneira de água quente.
Para ter comida quente no Shabat, deve-se deixar previamente os alimentos por cima de um fogo coberto por uma chapa de metal ou numa chapa elétrica (costuma-se cobrir os botões para não regulá-los distraidamente); É permitido aquecer alimento sólido (sem molho ou gordura) por cima (mas não dentro) de panela que se encontra nesta chapa. É permitido cozinhar diretamente no calor do Sol, mas não sobre algo que foi previamente aquecido pelo Sol; portanto, pode-se esquentar um ovo no calor dos raios do Sol sobre prato, panela ou frigideira fria (se o utensílio foi previamente esquentado no Sol, é proibido), mas é proibido utilizar água quente de aquecedor solar.

12. “Tosquiar” – aparar pelos que cresceram no corpo do animal ou do homem.
exemplos: depenar ave; cortar cabelo; cortar ou roer unhas; passar pente ou escova nos cabelos (que podem arrancar os cabelos) tirar sobrancelhas.

13. “Lavar” – tornar tecido ou roupa mais limpo.
exemplos: tirar qualquer mancha; deixar tecido de molho; colocar roupa na máquina; torcer pano molhado; pendurar roupa molhada para secar.
É permitido jogar água sobre objeto de couro sem esfregá-lo.

14. “Desembaraçar a lã não trabalhada”. A lã extraída do carneiro quando tosado encontra-se embaraçada e repleta de elementos estranhos como terra e areia. Antigamente passava-se uma espécie de pente para retirar impurezas e desembaraçá-la.
exemplos: pentear fios de lã, linho ou algodão.

15. “Tingir” – alterar ou fortificar a coloração.
exemplos: tingir tecidos; alterar cores através de recursos químicos; pintar qualquer objeto com rolo, pincel ou spray; passar batom nos lábios ou maquiagem nos olhos ou no rosto; enxugar as mãos num tecido com sujeira que pode acabar coloridindo o tecido como alimentos entre os quais morango, vinho, etc.
É permitido alterar a coloração de alimentos para melhorar seu sabor. Pode-se usar guardanapos de papel para enxugar as mãos.

16. “Fiar” – esticar e enrolar manual ou mecanicamente lã ou outra matéria prima já penteada e tingida.
exemplos: enrolar fios do tsitsit.

17. “Esticar o fio para prepará-lo para tecer” – esticar os fios entre os dois extremos da roca (máquina de fiar).
exemplos: esticar fios (numa direção) em moldura de tear manual, como para iniciar a tecer um tapete.

18. “Passar o fio entre dois anéis” – no tear, os fios são passados por vários anéis que se alternam entre si, subindo e descendo, para compor o tecido.
exemplos: fazer uma peneira; entrelaçar cesta de vime ou cadeira de palha.

19. “Tecer” – entrelaçar fios no sentido horizontal por entre fios esticados verticalmente. Com este trabalho confecciona-se o tecido propriamente dito.
exemplos: fazer tricô ou tapeçaria; trançar corda ou fios.

20. “Desfazer os fios a fim de retocá-los”
exemplos: puxar fio solto na roupa; retirar tapete da moldura onde foi confeccionado.

21. “Atar” – dar nó que não se desfaz facilmente.
exemplos: fazer nó de marinheiro; apertar nó de tsitsit; fazer nó duplo; trançar dois fios para formar corda; juntar dois cordões com um nó, formando um só cordão.
É permitido fazer nó de gravata ou amarrar o sapato (mesmo se não for desfeito dentro de 24 horas), pois na verdade trata-se de laço, que não é considerado nó.

22. “Desatar” – desfazer um nó (o qual não teria sido permitido fazer no Shabat).
exemplos: desatar fio que junta par de meias novas; desfazer nó duplo; desatar corda, separando os fios individualmente.
Se um laço no sapato complicou-se e acabou formando um nó, é permitido desfazê-lo de forma não usual (com shinui) se tiver que tirá-lo.

23. “Costurar” – unir dois tecidos ou materiais em geral.
exemplos: fazer bainha de roupa; colar papéis com fita adesiva ou cola; puxar e/ou enrolar fio de botão que está caindo para torná-lo mais firme.
Zíper ou velcro não são considerados costura e, portanto, é permitido abrir ou fechá-los no Shabat.

24. “Rasgar intencionando suturar” – rasgar qualquer material para uni-lo depois.
exemplos: descoser a fim de costurar novamente; abrir envelope colado ou lacrado.
É permitido rasgar saquinho de papel ou plástico para retirar o alimento de maneira que o saquinho não será reaproveitado (com cuidado para não rompê-lo no meio de letras impressas nem descolá-lo).

25. “Caçar” – aprisionar um animal vivo e impedir que se livre.
exemplos: perseguir animais com cachorro de caça; tampar uma garrafa onde um mosquito entrou; espalhar ratoeira.
É permitido prender e/ou matar animais (como cobra ou serpente) quando são ameaça iminente à vida da pessoa.

26. “Abater” – Tirar a vida de um animal.
exemplos: fazer o ritual da shchitá; borrifar inseticida; pescar; espalhar veneno contra animais ou insetos; causar hematoma; tirar sangue de pessoa ou animal.
É permitido aplicar repelente sobre o corpo, pois não se está matando os insetos, e sim impedindo que se aproximem.

27. “Pelar o couro” – retirar pele de animal morto.
exemplos: separar couro em camadas.
É permitido retirar a pele do frango cozido (próximo ou durante a refeição), pois é considerado parte do alimento.

28. “Curtir o couro” – preparar couro, usando sal, cal, ou outros meios.
exemplos: engraxar sapato de couro mesmo com graxa incolor; salgar a carne crua após o abate; colocar legumes para curtir; devolver um pepino azedo meio curtido para salmoura.
É permitido temperar uma salada, próximo à refeição, colocando outros temperos antes ou junto com o sal.

29. “Alisar o couro” – retirar pêlos e imperfeições do couro.
exemplos: lixar algo; alisar argila; colar vela com chama de fogo (mesmo nos dias festivos); passar creme na pele.
Em caso de doença é permitido aplicar pomada (de forma não habitual – com shinui) numa ferida, sem alisá-la (mesmo que se alise por si só).

30. “Demarcar o couro” para cortá-lo.
exemplos: traçar linhas para escrever sobre elas; fazer pontilhado para saber onde dobrar ou cortar o objeto.

31. “Cortar” seguindo uma certa medida.
exemplos: cortar um desenho seguindo o pontilhado; arrancar folhas de caderno; apontar lápis; cortar papel higiênico ou saquinho plástico de um rolo; separar lenço de papel quando um está preso ao outro; serrar madeira ou metal; cortar pano; separar páginas de um livro quando estas não foram cortadas na gráfica.

32. “Escrever” ou esculpir letras, figuras ou sinais que sirvam como códigos de comunicação.
exemplos: escrever com dedo sobre líquido que derramou na mesa, num vidro embaçado ou na areia, carimbar, unir peças de quebra cabeças; bordar letras ou figuras.
Nossos sábios proibiram uma série de ações em que é quase automático o uso da escrita, como negociar (pois implica em fazer contrato); medir ou pesar algo; dar um presente; trabalhar no Shabat em troca de um salário diário; fazer contas de matemática; ler no jornal propaganda sobre compra e venda de móveis ou imóveis.
É permitido medir febre com termômetro não digital no caso de necessidade.

33. “Apagar” – anular qualquer escrita ou código comunicável com a intenção de reescrever no mesmo local.
exemplos: apagar lousa escrita com giz; apagar com borracha; cortar embrulho onde há letras escritas; cortar letras carimbadas ou coladas em frutas.
Nossos sábios proibiram ler listas de qualquer tipo para não chegar a apagar algo da lista.
É permitido comer alimentos cujas letras são parte do próprio alimento, como biscoitos (neste caso, as letras e o alimento são considerados um único elemento). Porém, quando o alimento e as letras são compostas de materiais diferentes, como letras escritas com creme sobre um bolo de chocolate, as letras devem ser retiradas por completo antes de cortar o bolo.

34. “Construir” – ação ligada à montagem ou construção.
exemplos: todas as tarefas relativas à construção, como cavar, encaixar portas e janelas, furar ou bater prego na parede, etc.; montar tenda; abrir guarda-chuva; montar qualquer utensílio; fazer queijo; fazer trança de cabelos; usar spray para fixar penteado.

35. “Destruir ou demolir” com a intenção de reconstruir no local.
exemplos: retirar telhas do telhado; arrancar prego da parede; arrombar porta; desfazer tenda; desfazer caixa de madeira; desmanchar trança de cabelos.

36. “Acender fogo” – aumentar, prolongar ou propagá-lo.
exemplos: riscar fósforo; acender chama de gás; ligar luz elétrica (por isso é proibido abrir porta de geladeira que automaticamente acende a luz interna; a lâmpada da geladeira deve ser desativada ou afrouxada antes do Shabat); acrescentar azeite numa lamparina; ligar motor do carro; acelerá-lo; obter faíscas através do atrito entre duas pedras; refletir a luz do Sol em lente de aumento para queimar papel.

37. “Apagar fogo” ou diminui-lo.
exemplos: apagar fogo através de vento (abrindo janela), areia ou sopro; abaixar fogo ou chama de gás; desligar luz elétrica; retirar azeite de uma lamparina; desligar motor do carro.
Nossos sábios proibiram ler à luz de azeite, pois estando concentrada na leitura a pessoa pode esquecer que é Shabat e mexer no pavio ou no azeite para enxergar melhor.

38. “Terminar a manufatura de qualquer objeto” (denominado “bater com martelo”, pois o ferreiro termina sua obra com uma última martelada) – dar o “toque final” para que um objeto possa ser utilizado.
exemplos: afiar faca; desentortar garfo; colocar cordão num sapato novo; retirar fios deixados por costura; cortar uma lasca de madeira para usar como palito de dentes; encaixar pé que se soltou da cadeira; apertar parafuso para recolocar lente de óculos.
Nossos sábios proibiram mergulhar qualquer utensílio no micve; nadar; remar; tocar instrumentos musicais.

39. “Transportar de propriedade particular para pública e vice-versa” – transportar, jogar, entregar, empurrar ou fazer qualquer tipo de transferência de uma área de propriedade pública para uma de propriedade privada ou vice-versa, a não ser vestir roupas e outros adornos como kipá, óculos de grau, jóias, etc. Também é proibido carregar qualquer objeto num perímetro equivalente à distância de 1,92 m, em área de propriedade pública.
exemplos: sair para a rua com lenço ou chave no bolso; mastigando bala ou chiclete; com botão solto na roupa; com óculos de leitura ou de sol; entregar ou jogar um objeto pela janela ou porta de residência particular para alguém que se encontra na rua ou vice-versa.
Se a pessoa encontra-se numa propriedade pública e se dá conta que está com algum objeto no bolso, não deve parar; se o objeto não for de valor, deve deixá-lo cair enquanto continua andando (sem dar uma parada); se for de valor, deve continuar andando até voltar à propriedade particular de onde saiu com o objeto no bolso, sem parar no caminho.
É permitido levantar um grampo de cabelo que caiu na rua e recolocá-lo no cabelo se não ultrapassar 1,92 m ao fazê-lo.

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Parashat Shekalim

Nosso Shabat antecede o Rosh Hodesh do segundo mês judaico de Adar que é o mês de Adar no qual acontecerá a festa de Purim, lemos Parashat Shekalim que está relacionada com ela. A Guemará nos conta que o decreto de Haman foi revertido pelo mérito da Mitzvá de Mahatzit Hashekel.

Shabat Shalom

Ki tissá – 5779

Aprendemos na nossa Parashá que quando quisermos contar nosso povo, não devemos contá-lo de maneira convencional porque isso pode atrair coisas negativas, como vimos posteriormente na época do Rei David que após a contagem do povo muitas pessoas faleceram por uma epidemia que surgiu repentinamente

Na nossa Parashá Hashem pede para cada uma das pessoas que serão contadas doarem meio “Shekel”, e a conta dessas moedas vai nos mostrar o número de pessoas que foram contadas sem precisarmos contá-las de verdade

Esse assunto se aplica aos nossos tempos também e a qualquer quantidade de pessoas judias

Quando não há uma extrema necessidade de contar as pessoas, podemos contar, como por exemplo dez pessoas para a reza, por meio de um  versículo que tem dez palavras, dizendo cada palavra olhando para uma pessoa diferente

Quando há necessidade de contar, como no caso de uma perua levando crianças para a escola, contamos as camisas das crianças e não as próprias crianças

Há muitas formas de saber quantas pessoas estão em um lugar sem precisar contá-las. Então, vamos usar a nossa criatividade!

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Nossa Parashá nos conta que Hashem pediu para Moshe Rabeinu fazer um reservatório de água com torneiras feito inteiramente de cobre chamado de “Kior”.

O “Kior” servia para os Cohanim lavarem as mãos e os pés antes de começarem o trabalho no Mishkan, e posteriormente no Beit Hamikdash

A Torá nos conta que as mulheres doaram para fazer esse Kior seus próprios espelhos que usavam quando se enfeitavam. Na época os espelhos das mulheres eram feitos de cobre puro.

No começo Moshe Rabeinu não queria aceitar esses espelhos por causa do uso anterior deles, sendo que no Egito elas usaram esses espelhos para atrair a atenção dos maridos, para despertar nos maridos a vontade de se relacionarem com elas

Hashem disse para Moshe aceitar esses espelhos porque eles eram queridos para Hashem mais do que qualquer outra doação que foi feita para o Mishkan, porque por meio desses espelhos as mulheres deram a luz à um verdadeiro exército de crianças no Egito construindo assim o nosso povo

Como elas faziam isso?

Quando seus maridos estavam exaustos pelo trabalho forçado que os egípcios impunham à eles, elas iam até lá aonde entes estavam trabalhando e levavam para eles comida e bebida.

Depois de alimentarem seus maridos, elas pegavam os espelhos, e cada uma se olhava junto com seu marido no espelho e o seduzia com palavras bonitas dizendo para ele:- eu sou mais bonita do que você!

Assim elas conseguiam despertar nos maridos o desejo por elas. Lá mesmo elas engravidavam deles e posteriormente lá mesmo elas davam a luz, como está escrito no Shir Hashirim: “embaixo da macieira eu te despertei

Por isso desses espelhos foi feito o “Kior”. Porque uma das funções do “Kior” é fazer as pazes entre o marido e a mulher.

Dele era tirada a água para a “sotá”, a mulher que estava proibida para o marido por suspeita de traição e depois de beber essa água ficava claro que ela não tinha traído e podia voltar para ele

Atitudes construtivas e atitudes destrutivas

Daqui aprendemos uma lição de vida. Toda mulher quer, e com razão, atrair a atenção do marido.

As mulheres judias no Egito levaram comida e bebida para seus maridos e depois de darem para eles comerem se olharam no espelho junto com eles até despertarem neles o desejo por elas, e assim tiveram muitos filhos mesmo em um lugar tão difícil como o Egito. Atraíram a atenção do marido por meio de atitudes construtivas

A sotá é uma mulher que o marido pediu para ela não se trancar com alguém que na opinião dele era suspeito, e ela se trancou. Atraiu a atenção do marido por meio de atitudes destrutivas colocando em risco o seu próprio casamento

Com os espelhos de cobre doados pelas mulheres que tiveram uma atitude construtiva para atrair o marido foi feito o “Kior” que vem salvar o casamento da mulher que também quis atrair a atenção do marido mas fez isso de maneira destrutiva

Aprendemos daqui o que é certo e o que é errado em um casamento

O casamento no judaísmo é um bem de valor inestimável, e quando ele está em perigo não devemos partir para a guerra para conquistar o ”inimigo” e subjugá-lo, mas ao contrário, devemos pensar em ideias de como proceder para amenizar a situação

E mesmo que no começo quando paramos de reclamar, parece que perdemos o controle sobre a situação, a longo prazo a nossa casa se torna um lugar agradável e a sua família um exemplo de paz e harmonia

Quando nos acostumamos a reclamar, todos à nossa volta ficam em estado de alerta ao nos ver, e onde há medo não há amor

E mesmo que você se sinta dessa maneira a dona da sua casa, sendo que você é a mais alta autoridade na sua casa e está pronta a reprimir imediatamente qualquer coisa que não seja exatamente o que você quer, você está só sentindo a dona da casa, mas na verdade você não é a dona da casa, porque um ambiente assim já não é chamado de casa

E esse foi o erro da sotá. Ela achou que por meio de uma atitude destrutiva o marido, em vista à concorrência, ficaria com medo de perdê-la e assim ela teria uma família mais amável

Mas quando ela chega no Beit Hamikdash e vê o kior de onde vai ser tirada a água para ela beber, ela se lembra de como ele foi feito, e aí ela entende aonde errou

Então vamos aprender nós também com elas e agir de maneira positiva para tornar a nossa casa um prazer e a nossa família um exemplo de harmonia para todos

Tetzavê – 5779

Nossa Parashá nos conta sobre as roupas dos Cohanim, os sacerdotes do nosso povo
Rabbi Anani bar Sasson na Guemará nos conta que essas roupas tinham uma característica espiritual muito interessante: elas faziam a reparação das nossas transgressões

Sendo que D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem, quando tomamos a decisão de não fazer mais uma coisa ruim e nos arrependemos de tê-la feito, ele nos dá varias oportunidades de retificação para não precisarmos chegar à “medida por medida”, ou seja, para não precisarmos sofrer relativo ao mal que fizemos

Um exemplo disso é o Shabat que serve como reparação para a transgressão da idolatria

Imagine um judeu que volta da Índia depois de ter rezado para todas as milhares de estátuas que tem lá, ter feito oferendas para as estátuas e etc etc etc

E no final essa pessoa se arrepende de toda a idolatria que fez e vai perguntar ao Rabino o que fazer:- Rabino, diz a pessoa, eu acabei de voltar de uma peregrinação religiosa de um ano na Índia. Não teve uma estátua que eu não me prostrei na frente dela, que não rezei ou fiz uma oferenda para ela. Mas agora estou profundamente arrependido de ter feito isso. Como faço para consertar o que fiz? Vou sentar em um formigueiro?

:- D’us nos livre, responde o Rabino. Você vai consertar isso da seguinte maneira:

Compre uma roupa muito bonita para Shabat, faça quatro Halot ,(pães para Shabat), compre um peixe bem grande, tire as escamas e prepare ele bem gostoso para Shabat. Compre dois quilos de uva e faça um suco de uva bem gostoso para o kidush. Faça muitas saladinhas e sobremesa,  comemore o Shabat com a sua família com muita alegria, e essa é a sua retificação!

:- Mas Rabino, exclama o homem espantado, isso parece mais um prêmio do que um castigo!

:- Você decidiu que não vai mais fazer idolatria? Se arrependeu do que fez? Agora tem dois jeitos de retificar, um muito bom e o outro muito ruim. Qual você escolhe?

Como nesse exemplo verídico em relação à idolatria, assim também acontece com todas as transgressões da Torá.

Em primeiro lugar temos que tomar a decisão de não fazer a coisa ruim novamente e se arrepender de tê-la feito. O que sobrou agora é retificar o que fizemos.

Se não retificarmos de maneira positiva, essa pendência continua. Quando chega o limite, D’us nos livre, somos retificados à força e de maneira negativa, “medida por medida”, ou seja, o que fizemos de errado acontece para nós.

Rabi Anani nos conta que no livro de Vaykrá a Torá fala sobre os Korbanot, os sacrifícios de animais, e logo em seguida fala sobre as roupas dos Cohanim. Nos indicando que da mesma maneira que os Korbanot vem para retificar as nossas transgressões, dessa mesma maneira as roupas dos Cohanim retificam as nossas transgressões

Quando essas roupas eram usadas pelo Cohen Gadol no Mishkan que era um Templo móvel, ou posteriormente no Beit Hamikdash que era o Templo Sagrado de Jerusalém, cada uma delas reparava um tipo de transgressão diferente

Cada roupa com a sua função

ktonet, túnica do Cohen Gadol, retificava os assassinatos

Mihnassaim, a calça do Cohen Gadol, retificava as relações ilícitas

Mitznefet, o turbante do Cohen Gadol, retificava a prepotência

Avnet, o cinturão do Cohen Gadol, retificava os maus pensamentos

Hoshen, a jóia de doze pedras preciosas que o Cohen Gadol tinha sobre o peito, retificava os erros de legislação

Efod, o avental do Cohen Gadol, retificava a idolatria

Meil, o manto do Cohen Gadol, retificava a difamação

Tzitz, como uma tiara de ouro sobre a testa do Cohen Gadol, retificava a arrogância

A explicação do “Rosh”

Rabeinu Asher ben Yehiel, conhecido como “o Rosh”, nasceu em Colônia na Alemanha antiga aproximadamente no ano de 1250

O Rosh era descendente do grande rabino, Rabi Eliezer ben Nathan, conhecido como o Raaban. Um dos seus oito filhos foi Rabi Yaacov Baal Haturim, autor do Arba’ah Turim, famoso código de lei judaica.

Seu principal professor foi o o grande Rabi Meir de Rothenburg que naquela época vivia em Worms na Alemanha antiga. Naquela época o Rosh também trabalhou com empréstimos e a situação financeira dele era muito boa

Quando Rabi Meir de Rothenburg foi preso pelo governo que queria extorquir a comunidade judaica, o Rosh quis pagar uma fiança astronômica exigida por eles para libertá-lo, mas Rabi Meir recusou, com medo de que isso servisse de incentivo para a prisão de outros rabinos.

Após isso, o Rosh assumiu a posição do rabino Meir em Worms. Porém, foi obrigado a emigrar para a França e depois para Toledo na Espanha, onde se tornou o Rabino da cidade por recomendação de Rabi Shlomo ben Aderet conhecido como Rashba

Rabeinu Asher faleceu em Toledo no ano de 1328. Ele trouxe o espírito Talmúdico rigoroso e estreito da Alemanha antiga para a Espanha

Em um dos seus comentários sobre a Guemará, o Rosh explica que as roupas do  Cohen Gadol não conseguiram retificar as transgressões de idolatria, assassinatos e relações ilícitas na época do primeiro Beit Hamikdash. O Beit Hamikdash foi destruído e nosso povo exilado para a Babilônia por causa dessas transgressões

O motivo para isso, explica o Rosh, é que eles não fizeram Teshuvá, não se arrependeram das atrocidades que tinham feito e não tomaram a decisão de não fazê-las novamente

Mas se tivessem feito Teshuvá, as roupas do Cohen Gadol retificariam as transgressões, o Beit Hamikdash não seria destruído e nosso povo não seria exilado

Porque entre as roupas do Cohen Gadol não havia sapato e meia

Quando rezamos estamos falando com o Rei. Quando falamos com o Rei devemos estar vestidos adequadamente e ninguém iria visitar um Rei descalço.

Como pode ser que o Cohen Gadol, a pessoa que nos representava na frente do rei , não só que deveria estar descalço mas também se ele colocasse uma roupa a mais, como por exemplo os sapatos, seu trabalho seria inválido.

Ou seja, ele nem poderia entrar no Mishkan ou no Beit Hamikdash assim

Don Itzhak Abarbanel, o grande Tzadik que encorajou os judeus a fugirem da Espanha na inquisição, explica que quando Hashem se revelou para Moshe Rabeinu pela primeira vez na ocasião do arbusto incandescente, pediu para Moshe tirar os sapatos indicando que a saída do Egito aconteceria de maneira sobrenatural e não por meio do nosso próprio esforço

O mesmo podemos dizer sobre o Cohen no Mishkan ou no Beit Hamikdash que eram lugares aonde a revelação Divina acontecia de maneira sobrenatural

Trumá  – 5779
Nossa Parashá nos conta que Hashem pediu para fazermos uma arca de madeira revestida de ouro maciço por dentro e por fora.

Dentro dela estavam as segundas “Tábuas da Lei”, os Dez Mandamentos lapidados pelo próprio Moshe Rabeinu em pedra preciosa, e de acordo com Rabi Yehuda na Guemará dentro da Arca, embaixo das segundas “Tábuas da Lei”, estavam também os pedaços das primeiras “Tábuas da Lei”. Sobre a Arca havia uma tampa de ouro maciço com dois anjos de ouro sobre ela

Hashem pede para soldar duas argolas de ouro puro em cada lado da arca para passar dentro delas duas varas de madeira revestidas de ouro e por meio delas carregar a Arca quando for preciso.

No deserto a Arca foi carregada sobre os ombros dos Bnei Kehat da tribo de Levi por meio dessas varas

Não precisamos fazer uma faculdade de engenharia para compreender que só por milagre essas argolas não se soltariam quando a Arca fosse carregada, sendo que o ouro puro é demasiadamente mole para ser utilizado, e por esse motivo geralmente ele é endurecido antes do uso fundido com prata e cobre para que possa ser feito dele uma jóia

Mas milagre da Arca não foi o fato de as argolas de ouro não se soltarem quando a Arca era carregada, o milagre era muitas vezes maior do que isso

Dizem nossos Sábios que, não só que os carregadores não carregavam a Arca, mas era a Arca que carregava seus carregadores

Então porque a Torá pede para anexar as varas revestidas de ouro para que ela possa ser carregada sobre os ombros dos Bnei Kehat dessa forma?

Rabi Hanina Ben Dossa e a pedra que subiu para Yerushaláim

Rabi Hanina Ben Dossa viveu há dois mil anos atrás no norte de Israel.

O Midrash nos conta que Rabi Hanina, vendo que as pessoas da sua cidade sempre levavam animais para o Beit Hamikdash e ele que era uma pessoa extremamente pobre, nunca levava nada, foi para o deserto ao lado da sua cidade decidido a encontrar alguma coisa para doar também, e viu lá uma pedra que seriam necessárias pelo menos cinco pessoas para carregá-la
Ele cortou, lapidou, talhou, modelou e alinhou aquela pedra até ela ficar prontinha para ser doada para o Beit Hamikdash

Agora que a pedra estava pronta, Rabi Hanina tinha que levá-la para o Beit Hamikdash.

Como dissemos, Rabi Hanina era uma pessoa extremamente pobre. Agora ele precisava de cinco carregadores para levar a pedra para Yerushaláim, mas por um preço que combinasse com o seu bolso

Ele conseguiu cinco carregadores, mas eles pediram uma exorbitância para fazer esse trabalho. Rabi Hanina não tinha como pagar e os carregadores foram embora

Rabi Hanina rezou e pediu para Hashem ajudá-lo. Hashem mandou para ele cinco Anjos do céu em forma de carregadores sem que ele soubesse que eles eram Anjos.

Eles ofereceram carregar a pedra por uma bagatela, mas com uma condição: que ele também fizesse alguma coisa! Mesmo que nesse caso isso não iria ajudar em nada.

Eles pediram para Rabi Hanina colocar um dedinho na pedra, como se fosse levantá-la também

Rabi Hanina colocou o dedo na pedra e milagrosamente naquele mesmo instante eles chegaram em Yerushaláim.

Os “carregadores” misteriosamente desapareceram e nem pegaram o pouco dinheiro que Rabi Hanina queria pagar para eles

Agora podemos entender porque os Bnei Kehat tinham que colocar um ”dedinho” na Arca como se eles estivessem carregando ela, mas na verdade era ela que carregava eles

Os milagres Divinos funcionam dessa forma. No Egito, para que as dez pragas acontecessem Moshe e Aharon precisavam fazer alguma coisinha. Seja bater o cajado no rio, ou até mesmo somente incliná-lo em frente ao mar vermelho.

Assim também acontece com cada um de nós. Por maior que seja o milagre que Hashem quer nos fazer, somos obrigados a pelo menos colocar um dedinho da nossa parte para que ele aconteça.

Entramos agora no mês de Adar. Dizem nossos Sábios “quando entra Adar aumentamos a alegria”.

Então, vamos fazer a nossa parte! Vamos aumentar a alegria e os milagres vão acontecer!

Mishpatim – 5779

Nossa Parashá começa com as palavras: “E essas são as sentenças que você vai colocar na frente deles”

A Parashá anterior nos contou sobre a entrega da Torá e os de Dez Mandamentos, e aparentemente nossa Parashá está continuando esse assunto com mais detalhes.

Mas se a intenção da nossa Parashá é de nos ensinar leis, porque ela usa a linguagem “sentenças” e não “leis”? Sentenças são a consequência do julgamento, levando em conta que a pessoa já sabia anteriormente a lei e foi sentenciada por tê-la transgredido, e não o próprio estudo das leis

O lado revelado e o lado oculto da Torá

A Torá tem um lado simples e um lado profundo. Quando a linguagem da Torá não se encaixa exatamente no significado simples ela está nos indicando que por trás disso há também algo mais profundo

Um exemplo disso é a linguagem, também na nossa Parashá, de “olho por olho dente por dente, braço por braço, perna por perna, queimadura por queimadura, ferida por ferida”.

Essa linguagem é analisada e explicada, e a conclusão é que ela quer dizer que a indenização por um olho não é a mesma que a indenização por um dente, mas jamais a intenção da Torá seria de que uma pessoa sem dentes pudesse quebrar o dente de alguém e estaria isento de punição ou de que alguém que causou a perda de um olho de outra pessoa tivesse seu próprio olho arrancado, o que provavelmente também poderia causar a sua morte que não é a penalidade nesse caso

Então porque a Torá já não diz diretamente que aqui está se tratando de indenizações? Por que a Torá não usa uma linguagem direta, mas no lugar disso usa uma linguagem que tem que ser analisada e explicada?

O motivo para isso é que essas linguagens vem nos indicar grandes segredos que estão por trás delas como explica o Zohar

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que nossa Parashá está nos revelando o segredo das reencarnações, o sentenciamento das Almas, e por isso está escrito que essas são as sentenças que você vai colocar na frente deles

A lei do escravo judeu que trabalha seis anos e no sétimo sai livre representa dois tipos de Alma.

Um tipo de Alma que se reencarna para consertar à si própria, representada pelos seis anos de trabalho que indicam seis Sefirot, seis níveis espirituais que ela tem que consertar,

e outro tipo de Alma que não tem nada para consertar mas se reencarna para ajudar os outros a se consertarem, representada pelo sétimo ano, que é o ano da liberdade do escravo na Parashá, indicando a Sefirá chamada de Malhut

A estrutura da reencarnação

Quando uma pessoa falece, ou seja, a Alma deixa o corpo e ele se torna um corpo sem vida, devemos enterrá-lo dentro de 24 horas que é considerado pela Torá um dia e uma noite

O motivo para isso é porque talvez foi decretado para ele imediatamente se reencarnar novamente naquele mesmo dia que faleceu, para seu próprio benefício, e todo o tempo que o corpo não é enterrado a Alma não se apresenta na frente de Hashem e ela não pode entrar em um segundo corpo para uma segunda reencarnação, porque não é dado um segundo corpo para a Alma até que seja enterrado o primeiro

O segundo corpo

O segundo corpo é composto daquela mesma Alma junto com o mal que ela fez e que nessa segunda reencarnação ela deve refinar e separar esse mal dela.

Em outras palavras esse corpo contém o bem e o mal, a Alma que é sempre boa junto com o mal que ela fez na reencarnação anterior, e o trabalho dela nesta segunda reencarnação vai ser de separar entre o bem e o mal eliminando dessa forma aquele mal que está “grudado” nela

Conseguimos eliminar esse mal por meio da Teshuvá e do estudo da Torá, estudando as leis do que é permitido e proibido, do que é puro e do que é impuro, do que é adequado e do que é inadequado, e dessa maneira separamos o mal do bem e o mal desaparece

Em último recurso, se não fizermos Teshuvá e estudarmos Torá, esse mal desaparece por meio de sofrimentos relativos ao que fizemos na reencarnação anterior, mas esse é o último recurso

Agora dá para entender porque a Torá diz “olho por olho e dente por dente”.

Em relação à aplicação da lei na prática somos obrigados a traduzir isso como sendo a indenização financeira por um olho diferente da indenização por um dente,

Mas em relação à reencarnação essa linguagem está exata.

Ou seja, se ele causou para alguém na reencarnação anterior a perda de um olho ou de um dente e morreu sem fazer Teshuvá, se não corrigir essa pendência de maneira positiva na reencarnação posterior, ele pode chegar a perder o olho ou o dente na prática

Lembrando que isso não se aplica à todos os casos de perda de olhos ou dentes mas pode acontecer de o motivo ser esse

O motivo de a Teshuvá e o estudo da Torá limparem totalmente as pendências da nossa Alma sem precisarmos de um castigo adicional pelo que fizemos é por que a própria reencarnação já é um castigo e já serve para nos purificar

Esse é o motivo, diz o Zohar, que as vezes vemos um Tzadik que tem uma vida difícil.

Porque talvez ele já este viveu alguma vez nesse mundo e daquela vez ele não foi muito Tzadik… e faleceu assim, sem fazer Teshuvá.

E agora que veio novamente para esse mundo é cobrado dele o que ele fez da vez passada

A Guemará nos conta que uma pessoa que muda de lugar muda o seu destino para melhor

A fonte da Guemará é baseada na história do nosso patriarca Avraham Avinu. Hashem diz para ele deixar a sua terra e a continuação do assunto é que Hashem fará dele um grande povo, e onde ele morava antes ele não tinha filhos

Diz o Zohar que uma mudança é considerada uma nova reencarnação. E por isso, diz o Zohar, quando um Tzadik tem que mudar de lugar para lugar, de uma casa para outra, é como se ele tivesse se reencarnado várias vezes, e sobre isso está escrito “e faz bondade milhares de vezes para os seus amados”

Mas as pessoas ruins tem direito somente a três reencarnações, três chances de se consertar de maneira positiva

Se fizerem Teshuvá, o exílio limpa os pecados e as mudanças de lugar para lugar são consideradas para ele como várias reencarnações a mais do que ele tinha direito purificando sua Alma mais ainda e ele chega à perfeição da mesma forma que o Tzadik(Boa notícia: Mudança de lugar para lugar para ser considerada uma nova reencarnação e purificar mais um pouquinho a nossa Alma pode ser até uma viajem de férias ou de negócios , sendo que você não está na sua casa)

Uma pessoa ruim com uma vida boa

Da mesma maneira que existe o Tzadik que sofre por não ter sido tão Tzadik na reencarnação anterior, existem pessoas que tem uma vida boa agora por terem sido pessoas melhores na reencarnação anterior

Conclusão: Aprendemos daqui que devemos sempre estar felizes em qualquer situação mesmo que nossa situação atual não justifique essa felicidade, e nunca devemos questionar o fato de alguém que se comporta pior do que nós estar tendo uma vida melhor do que a nossa

E quando estamos felizes sem motivo, Hashem nos dá um desconto das pendências anteriores e nos dá o motivo para estarmos felizes de verdade!

Ytró – 5779

Nossa Parashá começa com as palavras: “E ouviu Ytró, sacerdote de Midian, sogro de Moshe, tudo o que fez Hashem para Moshe e para Israel seu povo, que Hashem tirou o povo de Israel do Egito”

Rashi explica: Que notícia ouviu Ytró e por causa disso veio? (veio se converter ao judaísmo). Ouviu sobre a abertura do mar vermelho e a guerra de Amalek

Rabi Yehuda Arie Leib Alter, conhecido como o “Sfat Emet”, foi o terceiro Rebe da cidade de Gur na Polônia há mais de cento e vinte anos atrás

Ele explicou que com a força da saída do Egito, os portões celestiais se abriram para que as pessoas pudessem se converter ao judaísmo, como está escrito: “até esse momento nenhum escravo conseguia fugir do Egito”, ou seja, nenhuma Alma Divina que estava subjugada pelo lado impuro conseguia sair dele.Com a força da saída do Egito se expandiu a força da santidade atraindo pessoas ao judaísmo, como está escrito: “e também uma grande multidão subiu com eles.Por isso Ytró teve a força espiritual para ouvir e se submeter ao lado da santidade

Ytró e a guerra de Amalek

Diz o Sfat Emet que o fato de a história de Ytró estar escrita na Torá  junto com a história de Amalek vem nos indicar que por meio da saída do Egito se refinou a mistura entre o bem e o mal, o bem se separou do mal e , consequentemente, o mal se separou do bem

Também entre os povos do mundo existem pessoas do lado bom, Almas Divinas, mas estão misturadas com o lado mal

Com a saída do Egito, quando o povo de Israel foi refinado da impureza e se tornou santificado para Hashem, automaticamente todos aqueles que tinham uma boa vontade e quisessem por opção própria deixar o mal e se aproximar de Hashem, poderiam fazer isso se unindo ao povo de Israel que já tinha saído do lado impuro, já tinha saído do mal.

E  todos aqueles que eram pessoas ruins por opção, ou seja, optaram pelo lado do mal que se separou do bem,  se uniram à Amalek que já tinha saído do lado puro,  já tinha saído do bem

por meio do povo de Israel ficou definitivamente clara a maldade de Amalek e a bondade de Ytró

O “Sfat Emet”

Rabi Yehuda, conhecido posteriormente como o Sfat Emet, nasceu em 1847 e era neto do Rebe Itzhak Meir Alter conhecido como Hidushei Harim

Com dois anos de idade ficou órfão de mãe e com oito de pai, passando a morar com seu avô, Rabi Itzhak Meir Alter, fundador da Hassidut Gur, que ensinou à ele os mais profundos segredos da Torá

Rabi Yehuda casou-se com 15 anos de idade e o nome do seu sogro também era Yehuda. Por motivo cabalistico,  sogro e  genro não podem ter o mesmo nome, e por causa disso seu avô , Rabi Itzhak Meir,  acrescentou à ele o nome de Arie Leib. E assim, com 15 anos de idade ele passou a ser chamado de Rabi Yehuda Arie Leib

Rabi Yehuda Arie Leib se tornou o Rebe de Gur com apenas 23 anos de idade,  quatro anos depois do falecimento de seu avô,

Por ser um jovem Rebe, Rabi Yehuda Arie Leib atraiu milhares de jovens estudiosos da Torá para a Hassidut Gur que na época se tornou a maior Hassidut da Polônia chegando a contar com 100.000 Hassidim
Em 1904 os russos, que na época dominavam a Polônia, recrutaram dezenas de milhares de judeus que foram mandados diretamente para a frente de batalha na guerra contra o Japão.

Milhares de Hassidim de Gur foram mandados para a guerra, o que afetou diretamente a saúde do Rebe que faleceu em 1905 no mês judaico de Shvat (o mês judaico atual) com apenas 57 anos de idade, deixando como herança para nós uma profunda explicação da Torá que foi editada depois do seu falecimento e recebeu o nome de Sfat Emet.

A partir daí Rabi Yehuda Arie Leib Alter vai ser conhecido por todos como Sfat Emet

Ele nos contou também que o fato de Ytró ter vindo se converter ao judaísmo era a nossa recompensa por termos passado pelo exílio do Egito, como disseram nossos Sábios na Guemará em Pessahim: “o povo de Israel não foi exilado a não ser para que se unissem à eles os guerim (os convertidos)

E portanto, com a força da Galut (exílio) do Egito, saiu de lá uma grande multidão e Ytró acima de todos

Dessa maneira se concretizou o provérbio do rei Salomão: “em toda tristeza existirá uma vantagem”.

Ou seja, de todo acontecimento ruim também ganhamos alguma coisa boa

E isso é o que está indicando o versículo quando diz que temos que amar o guer porque guerim fomos na terra do Egito.

Esse versículo nos indica que o principal objetivo do exílio do Egito era por causa dos guerim que iriam sair de lá

E provavelmente isso é o que estavam indicando nossos Sábios quando disseram que os guerim são difíceis para o nosso povo como a “sapahat”,

pelo motivo de termos que nos misturar entre os povos do mundo por causa dos guerim

E por isso escreveram nossos Sábios que a “seet” a “sapahat” a “baheret” e a “tzaraat” indicam os quatro impérios dentro dos quais somos exilados,

porque todos os quatro exílios aconteceram para nos possibilitar de tirar deles as “luzinhas de santidade” que estão misturadas com o “outro lado”, e por meio do nosso exílio entre eles, essas “faíscas Divinas” se refinam e sobem

Não haverão mais guerim na época do Mashiach

O Sfat Emet nos explica uma passagem do Midrash Rabá que diz: “Três coisas perdidas encontrou Hashem”

1- encontrou fidelidade no seu coração: esse é Avraham Avinu, o primeiro “guer”, o primeiro de todos os convertidos

2- “Como uvas no deserto encontrei Israel”: Eles são o principal da conversão, porque tiveram o mérito de ser escolhidos para Hashem para ser seu povo e sua herança

3- “encontrei David meu servo”: esse é o Rei Mashiach que determina o final das conversões, porque nos dias do Mashiach não serão recebidos mais convertidos

O motivo para isso é que já estarão consertadas e separadas do mal todas as Almas adequadas para se unir à Santidade

Conclusão: sendo que estamos no exílio para atrair as Almas do lado bom, a saída do exílio é a prova mais clara de que esse trabalho terminou !

 

Beshalach – 5779

Nossa Parashá nos conta que Hashem mudou o roteiro da viagem do nosso povo, que deveria ser por um caminho mais rápido, o caminho da terra dos filisteus, para um caminho mais longo

A Torá nos dá como motivo que em vista à uma guerra, como aconteceu posteriormente com Amalek, o povo poderia se arrepender de ter saído do Egito e voltar para lá

Hashem fez o povo desviar de um caminho reto para um caminho sinuoso em direção ao deserto e ao mar vermelho, conduzindo o povo continuamente por meio de uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite.

No terceiro dia de viagem Hashem pediu para nosso povo viajar de volta na direção do Egito e acampar em frente à uma estátua chamada de Baal Tzafon que foi a única idolatria que sobreviveu à praga dos primogênitos, quando foram destruídos todos os deuses do Egito.

Hashem deixou o Baal Tzafon inteiro para que o faraó pensasse que essa idolatria era poderosa o suficiente para impedir com que o povo de Israel saisse do Egito e tivesse coragem de nos perseguir

Também o motivo de o povo ter viajado para trás foi para que o faraó pensasse que eles estão atrapalhados e fechados pelo deserto, não sabem como sair dele e para onde vão, e consequentemente persegui-los. E assim Hashem destruiria o faraó e todo o seu exército

O faraó parte para o ataque

Três dias depois da saída do nosso povo do Egito, o faraó, organizou rapidamente seu exército, o melhor exército do mundo com o melhor equipamento e os melhores oficiais, e partiram para a aparentemente fácil empreitada de nos alcançar e nos trazer de volta para a escravidão

Lógica humana e lógica Divina

O povo se encontrou em uma situação que era totalmente um “beco sem saída”. Por um lado o melhor exército do mundo com o melhor equipamento, pronto para atacar um povo composto em sua maioria de famílias cheias de crianças. Nesse caso a estatística era zero à nosso favor .

Nesse momento nosso povo reagiu de quatro maneiras diferentes.

Os espiritualistas

Uma parte do povo rezou para Hashem. Por não ver nenhuma solução à curto ou longo prazo, decidiram rezar e não fazer mais nada

Os realistas

Alguns foram reclamar para Moshe acusando-o de ser o culpado por estarem nessa terrível situação e argumentando que é melhor ser escravo no Egito do que morrer, e optaram por reverter essa situação se entregando ao faraó

Os patriotas

Alguns decidiram lutar contra os egípcios e entrarem na história como mártires que morreram lutando

Os desesperados

Alguns decidiram pular na água e morrerem afogados sendo que não havia solução para o problema

O milagre

Nessa situação Moshe Rabeinu também rezou, mas a resposta Divina para ele nesse momento foi: “Agora não é hora de rezar, diga aos filhos de Israel para continuarem a viagem, encline o seu cajado em direção ao mar e o povo de Israel entrará no mar à seco

Por trás da abertura do mar vermelho

A Torá nos conta que quando Moshe inclinou seu cajado em direção ao mar, Hashem trouxe um vento leste forte e quente e o mar se abriu.

De maneira natural, se o mar se abrisse em duas partes por causa do vento, todo o tempo em que esse vento estivesse passando no meio do mar toda pessoa que passasse por lá voaria para longe, e se o vento parasse, as pessoas não voariam mas o mar se fecharia.

Consequentemente esse vento leste não teve nenhuma influência em relação à abertra do mar.

Então porque Hashem trouxe primeiro o vento quente do leste e depois abriu o mar de maneira milagrosa?
O Ramban, Rabi Moshe Ben Nachman, que foi um grande Tzadik e cabalista que viveu na Catalunha há oitocentos anos atrás, nos explicou que realmente o mar não se abriu por causa do vento

Hashem trouxe esse vento para que os egípcios pensassem que existe uma ligação entre o vento e a abertura do mar e o que está acontecendo é um fenômeno natural e não um milagre

Dessa maneira eles entrariam atrás de nós no mar e lá seria a destruição deles

No final, o mar que no começo era o próprio beco sem saída se tornou a nossa  total salvação

Muitas vezes achamos que se nem nós próprios conseguimos encontrar a solução para nossos “becos sem saída”, como Hashem vai poder encontrar?

E a resposta está na nossa Parashá: Hashem vai guerrear por vocês e vocês fiquem quietos!

Às vezes temos fé de que tudo vai dar errado e nossa própria fé faz com que tudo dê errado de verdade

A solução para isso: Deixe Hashem fazer o milagre, e se você não tem fé de que isso vai acontecer, pelo menos não tenha uma fé contrária para dificultar a ajuda Divina, fique quieto e deixe os milagres acontecerem !

Bô – 5779

Nossa Parashá nos conta sobre as últimas três pragas que Hashem trouxe ao Egito.

Na Parashá anterior vimos que o Sforno divide as nove primeiras pragas em três grupos, um mais grave que o outro

Na primeira praga, quando o rio Nilo se transformou em sangue, os magos do Egito também conseguiram transformar água em sangue, o faraó voltou ao seu palácio sem pedir para Moshe rezar para Hashem para tirar a praga, e a praga terminou por si só depois de uma semana causando um prejuízo financeiro enorme.

Na segunda praga, quando as rãns infestaram o Egito, o faraó mandou chamar Moshe e Aharon e disse para eles rezarem para Hashem tirar essa praga

Moshe perguntou para o faraó “quando rezar para Hashem tirar essa praga”,

Moshe disse isso para o faraó se consientizar que as pragas são fenômenos sobrenaturais . O faraó respondeu “amanhã”.

Qualquer pessoa normal em vista à uma dificuldade tão grande pediria para que a praga terminasse imediatamente. Por que então o faraó pediu para Moshe rezar para a praga terminar somente no dia seguinte?

Se o sofrimento estava tão grande a ponto de ele pedir pela primeira vez para Moshe rezar para Hashem tirar a praga, porque de repente ele estaria disposto à sofrer mais um dia?

A esperteza do faraó
Que o faraó era uma pessoa ruim, em relação à isso não temos nenhuma dúvida, mas masoquista com certeza ele não era. Será que desse comportamento estranho poderíamos começar a questionar o nível de inteligência do faraó?

Muito pelo contrário!

Ele viu que a praga anterior tinha passado por si só depois de uma semana e deduziu que nesse caso poderia ser igual. Sabia que Moshe, que foi criado pela sua própria filha Batya dentro do seu próprio palácio,  é alguém que estudou muito, com certeza a filha do faraó trouxe para Moshe os melhores professores particulares

Sendo assim, talvez Moshe tenha se tornado um especialista em previsão de fenômenos naturais, e o fato de ele ter deixado em aberto o prazo para tirar a praga sabendo que o faraó está no desespero e vai pedir para tirar imediatamente,  o motivo disso com certeza é que ele sabe que essa praga vai terminar agora por si só como a praga do sangue terminou por si só. Por isso ele pediu para Moshe rezar no dia seguinte

No outro dia Moshe rezou forte e só assim a praga terminou e não continuou por uma semana como a praga do sangue

Na praga dos piolhos ele não pediu para Moshe rezar para Hashem tirar a praga, e ela também acabou por si só depois de uma semana

Na praga dos animais selvagens o faraó pediu para Moshe rezar para Hashem tirar a praga. Moshe suplicou para Hashem, rezou muito. Hashem fez de acordo com o pedido de Moshe e os animais selvagens foram embora

Na praga da epidemia animal o faraó não pediu para Moshe rezar para Hashem tirar a praga e ela terminou por si só depois de uma semana

Na praga da epidemia bulhosa o faraó não pediu para Moshe rezar para Hashem tirar a praga e ela terminou por si só depois de uma semana

Na praga do granizo o faraó mandou chamar Moshe e Aharon e pediu para rezar para Hashem tirar a praga. Moshe saiu da cidade, rezou para Hashem e a praga terminou

E aqui começa a nossa Parashá, com a praga dos gafanhotos.

Na praga dos gafanhotos, o faraó pediu para chamar urgentemente Moshe e Aharon e pediu para eles rezarem para Hashem tirar a praga. Moshe rezou para Hashem e a praga terminou

Na nona praga, a praga da escuridão, o faraó não pediu para Moshe rezar para Hashem e a praga continuou

A décima praga já foi o castigo por tudo o que eles fizeram e esse castigo continua na próxima Parashá com o fechamento do mar sobre os egípcios com todos os seus detalhes

Cada uma dessas pragas foi a oportunidade que eles tiveram de fazer teshuvá, voltar para o bom caminho, e o sofrimento da praga seria no lugar do castigo.

Vimos aqui que algumas pragas foram interrompidas no meio pela Tefilá de Moshe Rabeinu

Como disse o Sforno na Parashá anterior, cada uma dessas pragas era um aviso cada vez mais sério de que o castigo estava para chegar

Sempre que o faraó pediu para Moshe rezar para a praga parar, Moshe rezou e a praga terminou antes da hora, e se o faraó deixasse de ser durão os sofrimentos terminariam e o castigo não aconteceria

Aprendemos daqui uma dica importante

De vez em quando vivemos em condições que nos lembram o Egito. Passamos por situações que nos lembram as pragas que aconteceram lá, e de vez em quando as pragas da vida vão ficando cada vez tão piores em intensidade que até ficamos com saudades das pragas anteriores. O que fazer?

A solução para isso: Rezar!

E depois que a nossa reza for atendida e nos acalmarmos, aprender com o faraó que não devemos voltar atrás da teshuvá que fizemos quando estávamos no meio da praga, mas ao contrário! Se até no meio da praga conseguimos fazer teshuvá, quanto mais quando a praga terminar antes do tempo por causa das nossas rezas

Então, vamos aprender com a Parashá! Rezar para a praga passar e fazer teshuvá para não entrar em uma praga pior depois!

Vaera -5779

Nossa Parashá nos conta sobre as pragas que Hashem mandou aos egípcios para nos tirar de lá.

Muitas vezes Hashem diz para Moshe Rabeinu que vai endurecer o coração do faraó, o que nos dá a impressão de que o “coitadinho” do faraó não é mais o culpado de nos segurar no Egito sendo que Hashem endureceu o coração dele, aparentemente tirando dele o livre arbítrio

Mas o contrário é o certo, Hashem endureceu o coração do faraó para que ele pudesse optar em nos deixar sair da escravidão por própria opção, com seu próprio livre arbítrio!

Poderíamos perguntar : Como pode o fato de Hashem ter endurecido o coração do faraó fazer com que ele chegue à um verdadeiro livre arbítrio, e para que esse livre arbítrio é tão importante?

A primeira pergunta é fácil de responder

A praga fez com que o faraó ficasse intimidado e ele poderia deixar o povo de Israel sair do Egito não por causa que Hashem pediu, mas por estar amedrontado

Para que isso não aconteça, Hashem dá para ele uma coragem anormal para equilibrar o medo que a praga causou, e assim ele vai poder dar a própria opinião, por livre arbítrio, sem ser intimidado pela pressão da praga

Mas o que importa para nós se o faraó vai fazer teshuvá, se arrepender de nos ter escravizado, e nos deixar sair do Egito por livre e espontânea vontade? Para nós o suficiente é que ele nos deixe sair

E ainda mais, o motivo que Hashem dá para Moshe de endurecer o coração do faraó é para aumentar o número de pragas para termos o que contar para os nossos filhos no futuro

Aparentemente para nós isso não seria necessário, sendo que os milagres que sucederam a saída do Egito como o “poço de Miriam que nos acompanhou durante quarenta anos no deserto provendo água para milhões de pessoas durante todo esse tempo, a comida que caiu do céu e as nuvens que nos protegeram do clima e dos perigos do deserto foram milagres muito maiores do que o granizo que caiu no Egito ou os animais selvagens que o infestaram, e aparentemente já teríamos o que contar para os nossos filhos sem precisar das pragas do Egito

E se Hashem fez isso para os egípcios verem a grandeza Divina, com certeza ele teria melhores meios de mostrar sua grandeza do que por meio de pragas.

A explicação do Rav Ovadia Sforno

Rabi Ovadia Sforno foi um grande Tzadik que nasceu e viveu na Itália há 500 anos atrás

Ele nos contou que tanto a última praga, quando morreram os primogênitos do Egito, quanto o milagre de o mar ter se fechado sobre os egípcios uma semana depois, foram o castigo que eles levaram pelo que nos fizeram.

Isso é a regra Divina chamada de “midá knegued midá”, medida contra medida, colocada na prática

Vemos isso também nas palavras de Ytró que quando ouviu sobre a saída do Egito e a abertura do mar vermelho disse que “de acordo com o que eles fizeram eles receberam”

Nenhum rei consegue fazer atrocidades se não tem um povo inteiro que o apóie, e o castigo deles por terem participado do projeto do faraó foi perder os filhos na praga dos primogênitos que recaiu sobre todos os egípcios, e os que persistiram no erro e correram atrás de nós depois que já tínhamos saído morreram afogados no mar vermelho

Mas as outras pragas, diz o Rav Ovadia Sforno, não foram o castigo deles mas sim fenômenos colossais que vieram como sinais de que se eles não fizessem teshuvá o castigo iria chegar

Esses  “avisos”  aconteceram porque Hashem não deseja a morte de uma pessoa por pior que ela seja, mas sim que ela faça Teshuvá, se arrependa das suas maldades

E até no caso dos egípcios, Hashem não fechou para eles em nenhum aspecto os caminhos da Teshuvá verdadeira, e se eles fossem espertos e voltassem para Hashem por amor à sua bondade e temor à sua grandeza, o castigo decretado para eles não aconteceria

Essa é a Teshuvá que chega até o “Trono Divino”, voltar para Hashem por amor à sua bondade e temor à sua grandeza, ela é a que nos salva e nos dá afinidade com Hashem.

Mas mesmo se eles fizessem uma Teshuvá mais simples, como escravos em relação ao dono, não por amor à sua bondade e temor à sua grandeza mas somente por temor ao castigo que poderiam receber, até isso já seria bom

E por isso, diz o Rav Ovadia Sforno, sendo que Hashem deseja a Teshuvá dos malfeitores e não a sua morte, Hashem aumentou o número de pragas endurecendo o coração do faraó  para que os egípcios fizessem Teshuvá vendo a expressão da grandeza e bondade Divina por meio desses fenômenos colossais atemorizadores, como está escrito “para mostrar à você a minha força”

E junto com isso a intenção Divina era para nós também vermos o que aconteceu lá e despertarmos o nosso temor.

E esse é o motivo que Hashem dá para Moshe de endurecer o coração do faraó para termos o que contar aos nossos filhos no futuro

Ou seja, para nós que vimos o que aconteceu com eles contarmos aos nossos filhos que tudo isso fará Hashem com uma pessoa para trazê-lo de volta ao bom caminho, e quando vemos que alguma coisa desse gênero está acontecendo conosco, temos que ser espertos e rapidamente reavaliar nosso comportamento e fazer Teshuvá para não chegar até o final como aconteceu para eles

Em resumo, se Hashem não endurecesse o coração do faraó ele sem dúvida nos deixaria sair.

Não por motivo de ter feito Teshuvá, de ter se arrependido de, mesmo consciente da grandeza e bondade Divina, ter atuado contra a vontade Divina.

Mas por motivo de não conseguir mais suportar o sofrimento da praga, e isso claro, não seria considerado uma Teshuvá

Mas se o faraó quisesse se submeter à Hashem e voltar para ele por meio da Teshuvá, nada o impediria.

Ou seja, o endurecimento do seu coração não tirou dele o livre arbítrio e ele poderia optar por fazer teshuvá a qualquer momento

Hashem endureceu o coração do faraó para ele se esforçar em aguentar as pragas e não deixar nosso povo sair de lá simplesmente por causa delas, porque por meio delas os egípcios iriam reconhecer a grandeza e bondade Divina e fazer alguma teshuvá verdadeira

Aviso antes das pragas

Moshe Rabeinu avisava o faraó antes da praga chegar, mas em três casos ele não avisou com antecedência

1- Quando Aharon transformou o pó da terra do Egito em piolhos

2- Quando Moshe jogou as cinzas na frente do faraó e elas se transformaram em uma epidemia bulhosa

3- Quando Moshe inclinou sua mão aos céus e trouxe a praga da escuridão

O motivo para isso é que as nove pragas que serviram como sinais (porque a décima foi castigo) são divididas em três grupos:

1- sangue, rãns e piolhos foram sinais que aconteceram por meio dos dois elementos minerais pesados, a terra e a água

2- feras, epidemia animal e epidemia geral foram sinais que aconteceram por meio dos animais

3- granizo, gafanhotos e escuridão foram sinais que aconteceram por meio do espaço aéreo

A cada duas pragas de cada categoria Moshe avisava com antecedência e a terceira acontecia sem aviso prévio

No começo da terceira categoria de pragas que foram os sinais que aconteceram no espaço aéreo do Egito, Moshe avisa o faraó que dessa vez Hashem vai mandar todas as pragas ao “coração” do faraó, da sua corte e do seu povo.

Essa expressão nos indica que as pragas das duas primeiras categorias, quando terminaram o medo passou

Mas essas, dessa próxima categoria vão deixar eles traumatizados para o resto da vida.

Cada uma dessas próximas pragas vai ficar no coração, no sentimento de cada um, o medo de cada uma delas vai continuar também depois de elas passarem

Como vemos, até aqui Hashem vai revelando para eles gradativamente seu poder  dentro da natureza, cada vez com mais intensidade.

Mas em relação ao sobrenatural Hashem só mostrou isso para eles no mar vermelho quando se revelam coisas como o Anjo de Hashem , a coluna de nuvem e a coluna de fogo, que a realidade dessas coisas era totalmente sobrenatural

Rabi Ovadia Sforno nasceu em cesena, uma cidadezinha bem pequenininha no norte da Itália, e teve que se mudar de lá por causa dos anti-semitas.

Fora o fato de ter sido um grande erudito da Torá , também estudou medicina

Morou em Roma em uma época em que ao mesmo tempo que Portugal e Espanha passavam pelo pico da inquisição em Roma não só que o Papa tinha afeto pelos judeus mas até deixou editar lá o Talmud e deu aos judeus de Roma direitos de cidadania iguais aos não judeus.

No final ele teve que deixar Roma por motivos financeiros e depois de ter morado em várias cidades da Itália mudou-se para Bologna e de lá divulgou seus conhecimentos para todo o mundo

Shemot – 5779

Nossa Parashá nos conta sobre a descida do nosso povo ao Egito que começa com a descida de Yaakov e seus filhos

O Ari Zal nos conta que até a época de Yaakov nosso povo não pôde se formar devido ao nível espiritual em que nossas Almas se encontravam, como está escrito mais para frente: “tirar um povo de dentro de outro”.Ou seja, eles estavam em um nível espiritual tão baixo que são comparados ao povo de onde saíram

No Egito começou o conserto do nosso povo, começando pelos filhos de Yaakov e se estendendo à sua descendência

O povo de Israel ficou 210 anos no Egito, dentre eles 130 eram para o conserto das Almas Divinas que Adam Harishon trouxe ao mundo nos 130 em que que esteve separado de Havá e se relacionou nesse período com duas demônias .

Nessas relações ele trazia Almas Divinas de um nível muito alto chamado de “Daat”, e por não existir uma mulher material nessas relações, aquelas Almas Divinas se revestiam em corpos de demônios criados pelas próprias demônias com quem ele se relacionou

Posteriormente essas Almas Divinas nasceram como seres humanos, e se tornaram uma geração na qual por suas atrocidades causaram o dilúvio mas morreram felizes antes do dilúvio, e aqui na nossa Parashá esses grandes criminosos nascem como doces crianças judias no Egito e são jogados no Rio Nilo pelo decreto do faraó.

Dessa maneira essas Almas Divinas chegam ao seu conserto, e depois de 130 anos de exilio no Egito, anos que são relacionados à descida daquelas Almas da época em que Adam se separou de Havá, Moshe Rabeinu nasce, e quando é colocado no Rio Nilo o decreto do faraó termina, porque a retificação dessas Almas já terminou

Aquelas Almas também tinham passado por uma reencarnação aonde eles construíram a torre de Bavel, e por isso na nossa Parashá o faraó escraviza nosso povo para construir Pitom e Ramsés

A regra Divina é de que D’us faz acontecer as coisas boas do mundo por meio das pessoas boas e as coisas ruins por meio das pessoas ruins.

As coisas ruins pelas quais passamos purificam nossa Alma, mas isso não as transforma em coisas boas e nem a pessoa que a fez em pessoa boa, mesmo tendo causado para nós ocultamente um bem imensurável

Por isso o faraó foi escolhido lá de cima para nos fazer todos esses sofrimentos, sendo que ele ganhou lá em cima o “concurso Divino” de “pessoa ruim da geração”, incluindo o grande  “prêmio”, ou seja, o grande castigo que ele levou mais futuramente por ter nos causado todo aquele sofrimento.

O “Povo” e os filhos de Israel

Diferente do “Guer”, o convertido da Torá, que sobre ele está escrito: “quando morar com você um convertido”, demonstrando que esse caso é raro, como foi o caso de Ytró, sogro de Moshe Rabeinu, e Tzipora, a esposa de Moshe, midianitas que se converteram ao judaísmo e por esse motivo foram perseguidos em Midian,

Diferente dos países aonde os judeus foram forçosamente assimilados em massa e depois de centenas de anos seus descendentes querem se converter ao judaísmo

E diferente das dez tribos perdidas que provavelmente se assimilaram entre os povos do mundo e Mashiach vai trazer elas de volta

Diferente de todos esses casos é o caso daquelas pessoas chamadas pela Torá de Erev Rav

Diz o Ari Zal que a “Erev Rav” são Almas Divinas da mesma raiz que o povo de Israel no Egito e passaram pelos mesmos acontecimentos que as Almas do nosso povo passaram.

Foram trazidas para o mundo nos 130 anos em que Adam se separou de Havá, foram engravidadas pela duas demônias  com quem Adam se relacionou e posteriormente nasceram como a geração que causou o dilúvio. A raiz dessas Almas é a Daat Elion

Tudo igual menos uma coisa: nas Almas do nosso povo, mesmo existindo nelas um lado ruim, elas iam se refinando por meio dos sofrimentos, mas no caso da Erev Rav, o lado ruim superava o lado bom e o dominava

No começo da nossa Parashá, quando o faraó diz que o “Povo, filhos de Israel, são tremendamente mais numerosos do que nós” (do que os egípcios) não poderia estar se referindo ao nosso povo, sendo que a estatística da época é de que existiam 30 egípcios para cada judeu

Diz o Ari Zal que o faraó se referiu à Erev Rav que Yossef aproximou do judaísmo, fez com que fizessem o Brit Milá e os colocou em cidades separadas.

Eles são chamados pelo faraó de “O Povo” dos filhos de Israel, e o faraó achava que acabando com os judeus eles desapareceriam automaticamente

Esse “lado ruim” da Erev Rav que atraiu os decretos do faraó sobre nós continuou trazendo desgraças sobre o nosso povo culminando com o fato de o próprio Moshe Rabeinu ter falecido no deserto por causa da Erev Rav que saiu do Egito mas não entrou na Terra Santa, tendo falecido naqueles quarenta anos em que nosso povo viveu no deserto

Então porque Moshe aproximou a Erev Rav a ponto de pedir para Hashem “apagar” o nome dele da Torá se não desculpar o “povo” que fez o bezerro de ouro?

Diz o Ari Zal que o trajeto da Alma de Moshe Rabeinu começa em Hevel (Abel)  e também passa por Noach que viveu na geração em que essas almas da Erev Rav eram parte da geração que morreu no dilúvio.

Noach não rezou por eles e não se importou com o fato de eles serem “apagados” da face da terra. Por isso Moshe Rabeinu se preocupou tanto com eles e estava disposto a ser apagado da Torá para que eles não fossem apagados da face da terra

No final da nossa Parashá nosso povo se espalha pelo Egito a procura de palha para conseguir trazer a cota de tijolos decretada pelo faraó.

Esse decreto de “amargaram nossa vida com cimento e tijolos” já é citado no começo da Parashá

A regra da Torá é de que para uma coisa ser decretada aqui embaixo, primeiro ela tem que ser decretada lá em cima.

O motivo desse decreto ter acontecido aqui em baixo foi o fato de aquela geração que causou o dilúvio ter se reencarnado posteriormente para consertar o que fez de errado, e no lugar disso fizeram a Torre de Babel para provar cientificamente ao mundo que D’us não existe e consequentemente é permitido fazer qualquer coisa ruim sendo que D’us não dirige o mundo e não nos dá nenhum castigo por nossas más ações

O Anjo Gavriel fez com que eles começassem a falar setenta línguas diferentes para se espalharem e pararem de construir a torre

Naquela época eles não receberam nenhum castigo pelo que fizeram sendo que teriam ainda uma chance de retificação de maneira positiva

Essa chance aconteceu na época de Sodoma e Gomorra. Eles se reencarnaram novamente e se tornaram os “simpáticos” habitantes daquela região, conheciam o seu criador mas optaram por agir contra ele

Agora que eles se reencarnam no Egito o faraó faz o decreto dos “trabalhos forçados”, dando o trabalho dos homens para as mulheres e o das mulheres para os homens, novamente a coisa ruim que vem nos purificar acontece por meio da pessoa ruim, o faraó

No começo da Parashá aparece o decreto de amargurar a nossa vida por meio de cimento e tijolos, e no final a Parashá conta que nosso povo teve que se espalhar pelo Egito inteiro por causa desses tijolos,

nos indicando assim o final do conserto dessas Almas e o começo da sua redenção, sendo que o fato de eles terem se espalhado também aconteceu  no final da história da torre de Bavel que eles estavam agora retificando

Antes de uma criança nascer, a mãe sente dores que não sentiu durante toda a gravidez. Aqui também, sendo que a retificação dessas Almas terminou e a redenção delas vai começar, os sofrimentos ficaram maiores, nos mostrando que a saída do Egito agora está na porta!

Tudo que vimos anteriormente é uma regra geral da Torá e se aplica também à cada um de nós na nossa vida particular

Cada um de nós passa nesse mundo por sofrimentos relativos ao que fizemos nas reencarnações anteriores como aconteceu ao povo de Israel que nasceu no Egito, e quando esse processo chega ao fim o sofrimento fica um pouco maior, vamos chamar isso de “dores de parto”

Por isso não devemos nos desanimar quando passamos por algum sofrimento e principalmente quando esse sofrimento aparenta ter aumentado um pouco, sendo que isso é a maior prova de que ele está para terminar

Saída do Egito e saida do Galut

O Rebe deixou claro de que nossa geração é a reencarnação daquela geração que saiu do Egito e faleceu no deserto .

Ou seja, nós somos a geração que saiu do Egito naquela época, morreu no meio do caminho, mas se reencarnou agora para terminar o trabalho que começou e entrar na Gueulá, na redenção final com toda a sua força e energia

Nossa geração é aquela que não estava preparada, aquela que fez todos os problemas, aquela que por causa dela Moshe Rabeinu não entrou em Israel

E agora estamos aqui de volta, puros, reluzentes e refinados, preparados para entrar na Gueulá final com todos os seus milagres e maravilhas!

Vayehi  –  5779

Na Parashá anterior vimos que Yaakov diz ao faraó que os dias dos seus exílios, foram 130 anos, se referindo à sua vida, que foram “poucos e ruins”, “e não alcançaram os dias dos seus pais”.

O fato de ele ter dito que os dias da sua vida não alcançaram os dias dos seus pais indica que na opinião dele a sua vida terminou.

Ou seja, ele não disse que os dias da vida dele “ainda” não alcançaram os dias dos seus pais, mas constatou que não alcançaram os dias dos seus pais.

Como se estivesse dizendo que terminou a retificação de si próprio e aparentemente terminou o motivo da descida da sua Alma para esse mundo

Nossa Parashá começa com as palavras “e Viveu Yaakov na terra do Egito dezessete anos, uma nova vida. Mas agora já não seria mais para si próprio mas sim para ajudar outros que tinham uma ligação com o trabalho que ele fez da sua própria retificação.

Quem eram essas pessoas que tinham a ver com a retificação da Alma dele? O povo de Israel que iria nascer no Egito e a “Erev Rav”.

Qual era a diferença entre Yaakov e os patriarcas anteriores, ou seja, qual era a responsabilidade dele em relação às outras pessoas que Avraham e Itzhak não tiveram?

Explica o Ari Zal que Yaakov retificou o nível mais elevado da Alma do Adam Harishon, o nível Neshamá

O conserto do nível Neshamá de Adam Harishon estava ligado ao assunto de “relações ilícitas” que ele teve com duas demônias. Vemos daqui que mesmo sendo as três transgressões mais graves, idolatria, assassinatos e relações ilícitas, as relações ilícitas afetaram o nível mais alto da Alma dele, o nível Neshamá

A consequência dessa transgressão foi que ele trouxe para esse mundo Almas Divinas, que eram de um nível espiritual de “Daat”, para corpos de demônios, o que não aconteceu com as transgressões anteriores que foram retificadas por Avraham que retificou a idolatria de Adam Harishon e Itzhak que retificou o fato de Adam Harishon ter trazido a morte ao mundo.

Ou seja, essa última transgressão trouxe consequências que as anteriores não trouxeram

Essas Almas Divinas se dividiram em vários níveis, de acordo com a impureza que receberam, e teriam que passar por grandes refinamentos espirituais para sair desse nível de impureza aonde cada uma caiu, e novamente se vincular à sua raíz

Na época de Yaakov, aquelas Almas começaram a se reencarnar no Egito. Essas Almas Divinas são divididas genericamente em dois grupos: “Bnei Israel”, os filhos de Israel, e a “Erev Rav”, a grande mistura.

A “Erev Rav” são essas Almas Divinas que caíram mais baixo e o lado mal delas supera o lado bom tornando sua retificação, o seu “conserto”, muito mais demorado

Quando os egípcios já não tinham mais dinheiro para comprar comida de Yossef, Yossef os comprou.

Isso não incluiu todos os egípcios como por exemplo as famílias sacerdotais do Egito que viviam na conta do faraó e uma minoria de egípcios.

Vimos que Yossef fez com que esses egípcios que se venderam à ele fizessem Brit Milá (circuncisão) e mudassem de cidades, atitudes que aparentemente não são compatíveis com o seu perfil religioso e profissional, sendo que a Brit Milá é um assunto religioso Judaico e não entra nos sete mandamentos que a Torá exige dos Bnei Noach, dos povos do mundo incluindo os egípcios, e a mudança de cidades não traz boas consequências à economia do país.

Diz o Ari Zal que Yossef se comportou dessa maneira em relação à aqueles egípcios porque lá ele começou a retificação da “Erev Rav”.

Fez com que eles mudassem de cidades porque o sofrimento do exílio retifica a alma separando ela do lado impuro, e o Brit Milá à traz para o lado puro.

Mais tarde Moshe Rabeinu deu a continuação à essa retificação, mas sendo que eles ainda não estavam preparados para isso, veremos na continuação da história da “Erev Rav” que eles saíram do Egito com Moshe Rabeinu mas não entraram na terra de Israel, ou seja, depois de terem causado todos os problemas para o nosso povo incluindo o bezerro de ouro, faleceram no deserto

E sendo que o povo de Israel que nasceu no Egito e a Erev Rav eram consequência da transgressão de Adam Harishon que Yaakov consertou, ele viveu no Egito mais dezessete anos para ajudá-los

Por um lado ele viveu em um nível de paraíso espiritual merecido por ter terminado seu trabalho de retificação pessoal, e por outro ele recebeu uma “nova vida” lá para ajudar outros à se retificarem

Yaakov Avinu não morreu

A Guemará nos conta uma história sobre Rav Nahman e Rabi Itzhak que estavam comendo juntos.

Disse Rav Nahman para Rabi Itzhak:- Conte para nós alguma coisa da Torá

Assim disse Rabi Yohanan, respondeu Rabi Itzhak, não se deve falar no meio da refeição, talvez a laringe antecipe o esôfago e a pessoa entre em uma situação de perigo. (Não se deve falar com comida na boca por perigo de vida)

Depois que terminaram de comer, disse Rabi Itzhak:- Yaakov Avinu não morreu!

Então foi sem motivo que fizeram para ele um discurso fúnebre, o embalsamaram e o enterraram? Perguntou Rav Nahman.

De um versículo eu ensino isso, respondeu Rabi Itzhak, como está escrito (em Yermiahu) “E você não tema, meu servo Yaakov, diz Hashem, e não se apavore Israel, porque eu vou te salvar de longe e os seus descendentes da terra do seu cativeiro” Compara ele aos seus descendentes. Como seus descendentes (que vão sair do cativeiro) são pessoas vivas, ele também está vivo

Rashi explica que o fato de terem embalsamado Yaakov é porque pensaram que ele estava morto.

Ou seja, a Torá não determina que ele morreu por ter sido embalsamado e enterrado, mas simplesmente relata o que fizeram com ele por terem pensado que ele estava morto.

Rashi explica a comparação de Rabi Itzhak:

“Como seus descendentes são pessoas vivas” quer dizer que: quando Ele (Hashem) reúne o povo de Israel da terra do seu cativeiro, os vivos ele reúne, eles que estão no cativeiro, porque (obviamente) os mortos não estão no cativeiro,

e portanto “Ele (Yaakov) também está vivo” : para trazê-lo (à Yaakov) ao exílio para redimir seus filhos na sua frente

O Tossfot, explicação da Guemará, foi escrito por rabinos da idade média, entre eles Rabeinu Tam neto de Rashi.

Muitas vezes os Tossfot tiveram uma opinião diferente de Rashi e às vezes até contrária,

Nesse caso o Tossfot opina como Rashi em relação à Rabi Itzhak e determina que Yaakov Avinu não morreu explicando que a Torá não traz a palavra morte no caso de Yaakov

O Tossfot também nos direciona para a Guemará em Sotá que nos conta que Essav queria impedir o enterro de Yaakov na Mearat Hamahpelá, túmulo dos patriarcas.

Nesse ato Essav levou uma cajadada do filho de Dan e a cabeça dele voou para dentro da Mearat Hamahpelá enquanto seus olhos caíram sobre Yaakov que abriu os olhos e deu um sorriso, demonstrando que mesmo parecendo aos egípcios que ele estava morto, na verdade ele estava vivo

A história de Rav Nahman e Rabi Itzhak vem nos mostrar que um Tzadik, não só que pode ter o paraíso celestial nesse mundo, mas até mais do que isso, pode estar vivendo aqui e agora no altíssimo nível espiritual da ressurreição dos mortos, aonde esse mundo vai ficar mais paraíso do que o alto paraíso celestial

E por isso que, mesmo nossa Parashá falando o tempo todo sobre assuntos ligados à morte de Yaakov, o nome dela é Vayehi que quer dizer “e Viveu”

E assim terminamos nosso primeiro livro, Sefer Bereshit!

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Vaigash –   5779

Nossa Parashá nos conta, entre muitos assuntos interessantes, sobre o encontro entre nosso terceiro patriarca Yaakov e o faraó do Egito.

O faraó pergunta à Yaakov “quantos são os dias da sua vida”, ou seja, qual é a sua idade.

Na sua resposta Yaakov usa o termo “os dias das minhas residências temporárias”, no lugar de vida, diz que foram cento e trinta anos e acrescenta que “poucos e ruins” foram os dias da sua vida e não alcançaram os dias da vida dos seus pais, como se estivesse e dizendo que no final desses 130 anos ela teria terminado

A resposta de Yaakov aparentemente não bate com a pergunta do faraó que não perguntou nem “como foi” a vida de Yaakov e nem perguntou sobre os seus pais

Na Parashá anterior quando o faraó conta sobre as vacas magras ele acrescenta que não viu vacas tão ruins assim em toda a terra do Egito, e sobre as vacas gordas ele não acrescenta nada.

Diz o Rav Moshe Weber, um grande Tzadik que viveu em Jerusalém quando eu estudava lá, que as pessoas ruins gostam de falar sobre as coisas ruins, e por isso as vacas ruins despertaram o entusiasmo do faraó e ele acrescentou que não viu vacas tão ruins assim em toda a terra do Egito. Ele simplesmente queria falar mais um pouquinho sobre a coisa ruim sendo que ele era uma pessoa ruim e portanto esse era o assunto que mais interessava à ele

Como pôde Yaakov, um Tzadik, uma pessoa de nível espiritual tão elevado, aparentemente se comportar da mesma maneira como se tivesse esquecido de todas as coisas boas que aconteceram para ele e dando um ênfase ao lado ruim da sua vida?

Yaakov fez questão de separar entre os anos “ruins” da sua vida e os anos bons, dando ênfase de que esses anos ruins “já morreram” e agora começaram os anos bons

Explica o Ari Zal que Adam Harishon, o primeiro homem, se reencarnou nos nossos três patriarcas, e por isso eles são chamados de patriarcas, por causa do patriarca da humanidade que foi Adam Harishon

O livro Tikunei HaZohar, clássico da Kabalá, explica que o nível “Nefesh” da Alma de Adam Harishon se reencarnou em Avraham, o nível “Ruach” de Adam Harishon se reencarnou em Itzhak e o nível Neshamá da Alma de Adam Harishon se reencarnou em Yaakov

O Zohar nos conta que Avraham consertou a idolatria de Adam Harishon, que pensou que comendo a fruta proibida se tornaria D’us

Itzhak consertou o nível de assassinatos de Adam Harishon que por ter comido a fruta proibida trouxe a morte para o mundo

Yaakov consertou o nível de relações ilícitas de Adam Harishon que depois de ter comido a fruta proibida se separou de Havá e se relacionou com duas demônias por 130 anos, trazendo Almas Divinas para esse mundo em corpos de demônios.

Poderíamos chamar esse último tipo de transgressão de “acidente hidráulico”. Ou seja, ele fazia a parte dele no relacionamento com elas, mas sendo que elas não eram mulheres materiais, o que saiu dele no momento do relacionamento foi considerado que saiu “em vão”

Ter uma relação em vão (fora do corpo da mulher) é chamado pela Torá de coisa ruim, como nos conta a Parashá em Vayeshev que os filhos de Yehuda, Er e Onan, que se comportaram com Tamar dessa maneira, fizeram “ruindade” de acordo com a visão Divina, e por isso faleceram antes do tempo e ela ficou viúva duas vezes

Yaakov veio consertar a transgressão dessas “relações em vão” de Adam Harishon, nas quais as duas demônias chamadas de Lilit e Naamá (não se deve pronunciar esses nomes para não atrair a coisa ruim) engravidavam demônios como elas mas com Almas Divinas trazidas por ele

Por esse motivo os primeiros 130 anos da vida de Yaakov se passaram com sofrimentos e “residências temporárias”, exílios. Por isso ele disse que os 130 anos da sua vida foram poucos e ruins, ou seja, ele retificou nesses anos o lado “ruim” da Alma de Adam

Por terem sido ruins e cheios de sofrimentos, foi retificada a transgressão de 130 anos de “relações ilícitas” de Adam, que são chamadas de “ruindade”, “midá knegued midá” (na mesma medida). Adam Harishon fez das duas demônias a sua família e Yaakov para retificar isso teve que sofrer 130 anos por causa de família.

Desde a barriga da sua mãe sofreu do seu irmão Essav, seu pai gostava menos dele, sua mãe pediu para ele enganar seu pai, trabalhou sete anos por Rachel e recebeu Leah, seu tio o enganou centenas de vezes, sua filha foi violentada, Rachel faleceu no caminho, Yossef desapareceu, Reuven não deixou ele morar com Bilá, enfim, midá knegued midá, na mesma medida que Adam Harishon fez a transgressão, nessa mesma medida Yaakov sofreu

Agora que ele terminou esse conserto e a Neshamá de Adam Harishon se revela nele com toda a sua pureza e intensidade, a partir desse momento está escrito: “e viveu Yaakov na terra do Egito dezessete anos”.

O número desessete é o valor numérico da palavra “Tov” que quer dizer bom em hebraico, nos indicando que nos primeiros 130 anos da vida dele foi consertado o lado “ruim” e nos últimos desessete anos só existia o lado bom sem o lado ruim

E por isso ele desceu ao Egito, porque lá já estavam se reencarnando aquelas Almas que desceram para o mundo por causa das “relações ilícitas” do Adam Harishon, e aqui no Egito seria o conserto delas também

Por isso Yaakov respondeu ao faraó que os 130 anos foram ruins, expressando dessa forma que nesses 130 anos foi retificado o lado ruim da Alma dele, separando o período do conserto do lado ruim do período em que esse lado ruim já não existia mais, e agora que esses anos ruins já morreram, ou seja, “não alcançaram a idade dos seus pais”, e então ele teve a revelação do paraíso nesse mundo que seriam os próximos dezessete anos da sua vida na terra do Egito

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Miketz 5779

Nossa Parashá nos conta que no final de dois anos o faraó sonhou. A partir de agora vão terminar os sofrimentos de Yossef e ele vai deixar de ser presidiário para se tornar o governador de toda a terra do Egito

A tradução literal da palavra “Ketz” é extremo, mas Unkelus traduz como “final”. Rashi traz a tradução de Unkelus e diz que sempre que a Torá traz a palavra “Ketz” a intenção é “final”

Qualquer problema já tem um final pré determinado

Rabi Hiya no Zohar traz um versículo do livro de Yov que fala sobre o “Ketz”, o final da escuridão, explicando que Hashem coloca um limite final para o para o mal e quando chega esse limite ele desaparece como se nunca tivesse existido

Esse limite abrange desde cada um de nossos problemas pessoais até o problema de todos nós juntos que é o Galut

Aprendemos daqui que até antes mesmo de sabermos que temos um problema ele já tem um final pré determinado, como no caso de Yossef que mesmo tendo feito a última tentativa (que também não deu certo) de resolver o próprio problema não se desanimou porque sabia que no final tudo ia se resolver

Hashem sempre cria a solução antes do problema

O Zohar nos conta que Hashem sempre cria o remédio antes do ferimento, e sendo que por motivos de reencarnações anteriores estava decretado que nosso povo vai ser afligido em uma terra estranha e depois iriam sair de lá com grandes riquezas, antes de Yaakov descer para o Egito com toda a família (que representavam todo o povo de Israel), Hashem fez com que Yossef, que é vinculado à Sefirá chamada de Issod e por meio dela é repassada a fartura ao mundo, descesse ao Egito

e depois fez com que o mundo inteiro tivesse que comprar comida do Egito, trazendo para o Egito as grandes riquezas antes de chegarmos lá, para no final sairmos de lá com todas essas riquezas

Assim também no nosso dia a dia, sempre temos que estar confiantes de que, não só que os problemas tem um final antecipadamente determinado, mas que também sairemos dos nossos problemas com um grande lucro que já estava preparado para nós antes mesmo do problema chegar

Os sonhos de Yossef, os sonhos do faraó, e os nossos sonhos

Quando Yossef era jovem, Hashem revelou à ele por meio de sonhos que um dia todos se prostariam na frente dele.

Sendo que Hashem se comunicou com Yossef que seria o maior Tzadik da sua geração por meio de sonhos, os principais acontecimentos relacionados à ele também foram por meio de sonhos, e o Egito se tornou a maior potência mundial por meio de sonhos

Todos nós sonhamos, mas nossos sonhos são consequência dos nossos pensamentos e sentimentos, como dizem nossos Sábios que não devemos olhar para “coisas proibidas” de dia para não sonharmos com elas de noite.

Por meio da nossa fé fazemos acontecer coisas boas, e se temos fé de que uma coisa ruim vai acontecer podemos fazer com que ela aconteça só pela força da nossa fé, não por que a coisa ruim precisaria acontecer

Por isso, mesmo que muitas vezes sonhamos com coisas ruins, não devemos dar crédito aos nossos sonhos, sendo que essa fé é a única maneira de fazer com que a coisa ruim aconteça

O grande Sábio Shmuel foi o fundador da grande Yeshivá de Nehardea na Babilônia persa há 1800 anos atrás. Ele era amigo íntimo do grande Rei da Pérsia chamado Shabur (Shapur 1).

Esse rei da Pérsia tinha ganho duas batalhas contra os romanos e com certeza a maior preocupação dele sempre foi o império romano

Certa vez ele perguntou à Shmuel:- Vocês sempre dizem que vocês são grandes sábios, se você é tão sábio assim então me diga o que eu vou sonhar essa noite?

Shmuel sabia que o rei da Pérsia estava sempre preocupado com os romanos, então disse para ele:- você vai sonhar essa noite que os romanos ganharam a guerra e te colocaram para moer caroços de tâmaras com um moinho de ouro.

O rei pensou nisso o dia inteiro e consequentemente de noite sonhou com isso!

Quando Shmuel sonhava com uma coisa ruim ele dizia o versículo de Zeharia: “os sonhos só falam coisas vãns.

Quando ele sonhava com uma coisa boa ele dizia: será que os sonhos falam coisas vãns? Ao contrário, está escrito (Bamidbar) “no sonho vou falar com ele”

Ou seja, se você tem um sonho ruim, não acredite nele e assim a sua fé não vai forçar ele a acontecer.

Mas se você tem um sonho bom, tenha fé que ele vai acontecer e a sua fé vai fazer com que ele aconteça!

O milagre das velas

Com certeza o maior milagre de Hanucá foi a vitória da guerra contra os greco-sirios.

Éramos poucos contra muitos, fracos contra fortes, puros contra impuros, e só ganhamos essa guerra por milagre.

E não por qualquer milagre, mas por um gigantesco milagre, relativo à gigantesca desproporção entre nós e eles.

Nossas vidas foram salvas, voltamos a guardar nossa cultura e nossa religião e nossos bens não foram mais confiscados pelo inimigo

Hashem fez um milagre em cima de outro milagre, e as velas da Menorá ficaram acesas oito dias com azeite puro por milagre

Porque Hashem fez para nós esse “mimo” de nos fazer um milagre em cima de um milagre em Hanucá e não nos deu esse “mimo” nem na saída do Egito e nem em Purim?

Gregos e helenistas

Infelizmente parte do exército greco-sirio era composta de judeus helenistas que viam a cultura grega como algo tão importante que estavam dispostos a lutar contra nós em nome do “iluminismo” grego. Fomos obrigados a lutar contra eles também

Diferente de Pessach quando o mar se fechou sobre os egípcios mas não sobre os judeus, ou de Purim quando o Rei da Pérsia nos autorizou a nos defender dos outros povos, em Hanucá tivemos que lutar contra judeus também. Como poderíamos comemorar uma vitória dessas?

Então Hashem foi obrigado a nos fazer mais um milagre para Hanucá ser uma festa tão linda e não uma lembrança trágica de Hashem ter nos salvo de nossos próprios irmãos e por isso não houve necessidade de acontecer esse “mimo” nem em Pessach e nem em Purim

Ganhamos com isso que “esses dias são lembrados e acontecem” , e Hashem é obrigado a fazer mais e mais milagres para nós! Então vamos aproveitar e pedir tudo!

E principalmente pedir a Gueulá sendo que ela é o final da escuridão, o final dos sofrimentos, e depois dela não haverão mais coisas ruins. Não economize nas rezas, peça mais mais e mais, e os milagres sobrenaturais vão acontecer.

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Vayeshev 5779

Nossa Parashá nos conta que Yaakov amava Yossef mais do que todos os seus filhos, e demonstrou isso abertamente dando para ele uma túnica, como poderíamos dizer hoje, “personalizada”.

Como pôde Yaakov, um Tzadik, amar Yossef mais do que ele amava os outros filhos ?

As três linhas das Sefirot

As dez Sefirot, atributos Divinos, são divididas em três linhas. Direita esquerda e meio.

Avraham Avinu, nosso primeiro patriarca, tinha como principal característica a “Hessed” que pertence à linha da direita.

 

A expressão da ”Hessed” é o amor,  fazer o bem, à quem merece, sendo que a Hessed é limitada pela Guevurá (diferente da Tiferet que une a Hessed à Guevurá e portanto não tem esse limite)

Por isso Avraham Avinu que era a maior expressão da Hessed no nosso mundo rezou pelos Tzadikim, pelas pessoas boas, e não rezou pelas pessoas ruins

Ele sempre pedia à seus hóspedes para agradecerem à Hashem pela comida que Avraham deu para eles, e se eles não rezavam para Hashem, Avraham cobrava pelo que eles comeram até eles rezarem para não precisarem pagar. Esse é o limite que a Guevurá causa para a Hessed

Diz o Midrash que todo o tempo que Avraham estava vivo essa Sefirá, a “Hessed”, não precisava se manifestar no mundo, sendo que ele já fazia isso por ela

Quando as Sefirot descem de nível elas chegam até os níveis mais impuros, podemos dizer que da mesma maneira que existem dez Sefirot do lado puro existem dez Sefirot do lado impuro relativas à elas. Esse lado impuro é chamado de Klipá. Avraham era a “Hessed” da Kedushá, do lado puro.

Ishmael também era”Hessed”, mas ele era “Hessed” de Klipá, do lado impuro. Mesmo Avraham sabendo que Ishmael era a “Hessed” da Klipá ele gostava de Ishmael pelo motivo de Ishmael também ser Hessed, e Avraham pediu para que Ishmael “vivesse na frente de Hashem, ou seja, refinasse a Hessed da Klipá e à elevasse ao nível de Kedushá, de Santidade.

Itzhak, nosso segundo patriarca tinha como principal característica a Guevurá que pertence à linha da esquerda.

A expressão da Guevurá é o temor, a justiça. O ênfase da Guevurá não está em fazer o bem mas sim em não fazer o mal, o ênfase da Guevurá são as limitações que nos distanciam das coisas ruins.

Avraham não se identificava com Itzhak que era ligado a Guevurá. Mesmo que Avraham e Itzhak eram Kedushá (Santidade) eles eram dois aspectos opostos da Kedushá, e Avraham não se identificava com Itzhak. Sarah era Guevurá e a Torá chama Itzhak por muito tempo de o “filho de Sarah

Hashem pede para Avraham sacrificar Itzhak. Isso não aconteceu na prática mas despertou na Alma de Avraham um pequeno aspecto de Guevurá.

Mesmo que o principal de Avraham continuou sendo a Hessed, agora que esse pequeno aspecto de Guevurá se revela Itzhak é chamado de filho de Avraham, surge um pequeno vínculo entre as essências deles.

Mesmo assim Avraham gostava mais de Ishmael, sendo que o principal de Avraham e de Ishmael era a Hessed, dois níveis de Hessed extremamente distantes mas ainda na mesma categoria

Itzhak era Guevurá da Kedushá e Essav Guevurá da Klipá. Itzhak gostava de Essav, sendo que o principal de Itzhak e de Essav era Guevurá. Dois níveis de Guevurá extremamente distantes mas ainda na mesma categoria, a história se repete

Yaakov Avinu, nosso terceiro patriarca, tinha como principal característica a “Tiferet” que pertence à linha do meio.

A expressão da Tiferet é ligar os dois extremos, a Hessed e a Guevurá, piedade, ou seja, fazer o bem mesmo à quem não merece, na Tiferet a Guevurá não limita a Hessed

Yaakov gostava de Yossef sendo que Yaakov era a Tiferet e Yossef era vinculado à Sefirá chamada de “Issod” que também pertence à linha do meio

As atitudes dos nossos patriarcas são um sinal para nós. Sendo que esses vínculos entre as Sefirot são ligados à essência da nossa Alma eles não dependem do comportamento dos nossos filhos,

Mesmo que Itzhak se comportou extremamente melhor do que Ishmael isso não fez diferença para Avraham,  Yaakov se comportou extremamente melhor do que Essav, e isso não fez diferença para Itzhak

Então aonde errou Yaakov em amar Yossef mais do que fiz os irmãos?

Diz Reish Lakish em nome de Rabi Eliézer ben Azária em Bereshit Rabá que não devemos fazer nenhuma diferençiacão entre nossos filhos.

Diz o Midrash que o motivo para isso é que, por causa da túnica que Yaacov fez para Yossef seus irmãos o odiaram.

Todos nós sabemos que isso causou a descida do nosso povo para o Egito com todas as suas consequências

Ou seja, às vezes sentimos mais amor por um filho do que pelo outro. Os motivos podem ser ocultos, como nos casos de vínculo com a mesma linha de Sefirot, ou revelados, como diz a Torá sobre Yossef que era o “filho da velhice” e Unkelus traduz como “o filho sábio”.

Não importa o motivo, jamais podemos deixar nossas crianças sentirem que existe uma diferença entre uma criança e outra. Durante toda a nossa vida devemos dizer para as crianças que gostamos de todos igual, e se tínhamos uma caidinha por uma criança mais do que por outra, esse segredo temos que levar conosco para o túmulo depois dos 120 anos de idade sem que nunca as crianças suspeitem que isso um dia aconteceu, como diz o Midrash, não devemos fazer nenhuma diferençiacão entre os nossos filhos, mesmo tendo um bom motivo para isso

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Vaishlach  – 5779

No começo da Parashá anterior Yaakov vê Anjos na visão profética que teve no seu sonho. No final da Parashá anterior ele se encontra pessoalmente com esses anjos e os reconhece como sendo aqueles Anjos que ele viu no seu sonho.

Na nossa Parashá ele manda esses Anjos para Essav como primeira tentativa de fazer com ele as pazes. Qualquer pessoa normal se intimidaria em uma situação dessas, mas Essav não se intimida. Os Anjos voltam para Yaakov e dizem que Essav vem atacá-lo com quatrocentos homens

Como pode ser que essas criaturas Divinas não surtiram efeito e Yaakov é obrigado a dividir o povo em dois acampamentos, se preparar para uma guerra, rezar pedindo detalhadamente para Hashem salvar ele do seu irmão, de Essav, para que ele não venha e mate as mulheres e as crianças. E Yaakov se vê obrigado até a mandar presentes para ”subornar” Essav.

E ainda mais, no final de todos esses preparativos Yaakov acaba ficando sozinho e é atacado pelo próprio anjo de Essav que é um dos setenta ”Sarim” responsáveis pelos povos do mundo, um anjo do nível impuro

Para entender isso vamos pular para o final da nossa Parashá que nos conta sobre os sete reis que reinaram em Edom antes de ter um Rei no povo de Israel.

A Torá não conta quantos faraós reinaram no Egito e nem quantos reis reinaram em outros países, deixando a impressão de que a história dos reis de Edom aparentemente para nós é totalmente desnecessária.

Mas na verdade a história dos reis de Edom é a explicação da estrutura espiritual de Essav com toda a expressão que ela tem no mundo, culminando com nosso “Galut Edom” na qual vivemos no momento. E também nos esclarece o fato de Essav não ter se intimidado com os Anjos que mandou Yaakov

Olam HaTohu, o mundo vazio

O Zohar nos conta que a história dos reis de Edom aparece na Torá para nos indicar um fenômeno Kabalistico que aconteceu antes de surgir o mundo de Atzilut, Olam HaTikun

A quebra dos receptáculos

Antes do mundo de Atzilut existia o Olam HaTohu. No Olam HaTohu as “Luzes” , a revelação Divina, eram grandes e os receptáculos pequenos. Cada Sefirá no Olam HaTohu iluminava intensamente e não dava espaço para outras Sefirot. Por causa disso aconteceu a “quebra dos receptáculos” e as luzes se separaram até caírem nos mundos de Briá Yetzirá e Assiá

Por meio do cumprimento dos mandamentos Divinos “consertamos” essas “Luzes” que caíram nos mundos de Briá Yetzirá e Assiá e fazemos elas subirem para o mundo de Atzilut que é o Olam HaTikun, “mundo do conserto”

Na história dos sete reis de Edom encontramos a linguagem “e reinou e morreu” representando as sete Sefirot de Tohu aonde aconteceu a quebra dos receptáculos, por isso está escrito “e reinou e morreu” porque uma queda de nível tão grande é comparada à morte

O mundo do Tohu é a raiz de Essav e o mundo do Tikun é a raíz de Yaakov. Pelo motivo de a raíz do mundo de Tohu ser mais alta do que a raíz do mundo de Tikun está escrito “antes de reinar um Rei em Israel”, demonstrando que os reis de Edom são mais elevados do que os reis de Israel, mas somente na sua raiz

No mundo de Atzilut as Sefirot são divididas em receptáculos separados mas cada Sefirá é englobada das outras Sefirot também, mas com uma intensidade menor que não oculta o aspecto principal de cada Sefirá

O fato de o Olam HaTohu anteceder o Olam HaTikun está lembrado em Parashat Bereshit também: “o mundo estava Tohu vaVohu e escuridão sobre a face do abismo”

Descubrimos assim porque Essav não se intimidou com os Anjos de Yaakov, porque a raiz dele era mais alta do que os Anjos. Por outro lado ele se deixou subornar pelos animais que Yaakov mandou de presente para ele, sendo que as “Luzes” de Tohu caíram tão baixo, até o aspecto mais materializado desse nosso mundo material

Aprendemos com a nossa Parashá que cada um de nós quando começa o trabalho Divino descobre muitas luzes, mas nossos receptáculos ainda são pequenos, e podemos achar que qualquer meio justifica o fim, fazendo do nosso trabalho Divino uma grande mistura entre o bem e o mal, como diz o Pirkei Avot: “estuda, revisa o estudo, e chuta seu pai e sua mãe e quem é maior do que ele”

Aprendemos com a nossa Parashá que não devemos ser como Essav, muitas luzes mas que tem como consequência a quebra dos receptáculos. Mas devemos ser como Yaakov, menos Luzes e mais receptáculos, uma história mais difícil, mas com um final feliz

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Vayetze 5779

Nossa Parashá nos conta que nosso terceiro patriarca, Yaakov, saiu de Beer Sheva e foi para Haran. No lugar aonde ele adormeceu teve uma revelação profética por meio de um sonho aonde ele vê uma escada da terra aos céus e os Anjos de Hashem subindo e descendo por meio dela. Uma escada que liga entre o mundo material e os mundos espirituais

Os quatro mundos

Nosso mundo material com seu lado espiritual é chamado de mundo da “Assiá”, o mundo da ação.

Em um nível espiritual bem acima do mundo da Assiá se encontra o mundo da Yetzirá, o mundo da formação.

Em um nível espiritual bem acima do mundo da Yetzirá se encontra o mundo da Briá, o mundo da criação

E em um nível espiritual bem acima do mundo da Briá se encontra o mundo de Atzilut, o mundo da emanação

Diferente do mundo de Atzilut aonde a revelação Divina é tão grande que não é possível para alguém estar lá e sentir a própria existência, nos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá as criaturas já tem uma identidade própria e são nesses mundos que se encontram os Anjos

A origem dos Anjos

A origem dos Anjos é o chamado mundo do “Tohu” que existiu antes e acima do mundo de Atzilut . O mundo do “Tohu” desapareceu por meio do fenômeno Kabalistico conhecido como ”a quebra dos receptáculos”, acontecimento que antecede a criação desses quatro mundos.

Os Anjos se originaram da queda das ”grandes luzes” que caíram para um nível muito mais baixo em forma de “partes separadas”, mas sem perder a ligação com a sua raiz. Mesmo assim a criação deles só acontece a partir do mundo de Briá e de lá para Yetzirá e Assiá

A palavra Anjo em hebraico quer dizer enviado, pelo fato de a função principal deles ser a de trazer o provimento Divino aos mundos e também serem enviados para assuntos diversos

Categorias de Anjos

Serafim

Os Serafim são os Anjos do mundo de Briá. O trabalho Divino desses Anjos é por meio do intelecto, do entendimento da revelação Divina de acordo com o alto nível deles.

Entre os Serafim encontramos os quatro os Anjos principais: Mihael (Hessed), Gavriel (Guevurá), Refael (Tiferet), e Uriel. O Anjo Uriel é chamado de Uriel quando está inclinado para o lado da Hessed e é chamado de Nuriel quando está inclinado para o lado da Guevurá. Eles se encontram no sexto nível do mundo de Briá

Hayot Hakodesh

Hayot Hakodesh são os Anjos do mundo de Yetzirá e o trabalho Divino deles é feito em um aspecto de amor e temor naturais que não surgem como consequência do intelecto. O Anjo Metat… se encontra no mundo da Yetzirá e no Shabat tem acesso ao mundo da Briá. E esse Anjo com todos os Anjos que o acompanham foram vistos na profecia de Yaakov, e por isso ele se refere à eles como subindo e descendo. Subindo do mundo de Yetzirá ao mundo de Briá e depois decendo dele

Ofanim

Ofanim são Anjos que estão no lado espiritual do nosso mundo chamado de mundo da Assiá, eles já são o nível mais baixo dos Anjos. Eles repassam o provimento Divino à setenta Anjos chamados de Sarim que são responsáveis pelos setenta povos do mundo com todas as suas ramificações. Esses setenta Sarim já não são do lado da Santidade Divina. Os Sarim repassam o provimento Divino ao nosso mundo por meio dos astros.

Almas e Anjos

A Neshamá, nossa Alma Divina, já se torna uma entidade por si só no mundo de Atzilut, enquanto que com os Anjos isso acontece nos mundos inferiores a Atzilut, como vimos que os Anjos principais surgem em Briá, determinando a nossa superioridade em relação à eles, e portanto eles são enviados para nós e não nós para eles

Sendo que os Anjos são criaturas Divinas, e tudo que Hashem criou, por motivo Divino não é perfeito, os Anjos, mesmo não tendo livre arbítrio são passíveis de fazer um erro de avaliação. Ou seja, fazer algo contra a vontade Divina achando que isso é a vontade Divina

Por isso, de acordo com o Shlah Hakadosh, um grande Tzadik que viveu há quinhentos anos atrás, os Anjos que estavam subindo pela escada de Yaakov eram os Anjos Gavriel e Refael que receberam uma suspensão desde a época de Avraham Avinu por terem dito em Sodoma que eles iriam destruir a cidade dando a entender que essa era uma decisão da própria autoridade deles.

Yaakov, Rachel e Leah

Nossa Parashá nos conta que Yaakov trabalhou sete anos para que Lavan lhe desse sua filha Rachel em casamento. Lavan o enganou e lhe deu Leah. Uma semana depois Yaakov se casa também com Rachel e trabalha mais sete anos para Lavan

As pessoas da época que conheciam as famílias de Itzhak e de Lavan diziam que Itzhak teve dois filhos e logo após Lavan teve duas filhas, e consequentemente a primeira filha de Lavan se casaria com o primeiro filho de Itzhak e a segunda com o segundo

O Zohar nos conta que a cobra no paraíso roubou por meio de trapaça as bençãos de Adam

Diz o Ari Zal que Yaakov era a reencarnação do nível Neshamá da Alma de Adam e esse era o conserto que ele tinha que fazer durante a sua vida

Depois que Adam comeu a fruta proibida culpou Havá de tê-lo induzido à isso e se separou dela durante 130 anos.

O anjo da morte, entidade espiritual negativa do lado impuro, tinha um aspecto feminino, uma esposa

Essa entidade espiritual negativa chamada de Li… se revelou para Adam e viveu maritalmente com ele. Esse “adultério” causou para Adam uma tragédia muito grande e a consequência disso era que nasciam Almas Divinas em corpos de demônios durante todos esses 130 anos

Yaakov é a reencarnação de Adam para consertar esse adultério e Essav é a reencarnação da cobra que causou tudo isso

Yaakov tinha que pegar de volta as bençãos que a cobra roubou dele também por meio de trapaça que foi o meio que ela usou.

Uma vez Yaakov comprou a primogenitura de Essav, a segunda vez sua mãe o obrigou a receber as bençãos de Itzhak por meio de trapaça, e agora Lavan dá para ele a esposa de Essav por meio de trapaça.

Tudo isso faz parte do plano Divino no qual Adam tem que recuperar cada coisa que a cobra roubou dele também por meio de trapaça, mesmo que já não é uma trapaça dele

A Parashá nos conta que Leah se sentiu odiada por Yaakov e por causa disso Hashem deu para ela o que ela mais queria: filhos!

Como pôde Leah se sentir odiada sendo esposa de alguém tão bom como Yaakov, e a ponto de Hashem indenizar ela de maneira tão maravilhosa, dando para ela o que ela mais queria.

Com certeza Yaakov não odiava ela, sendo que Yaakov cumpriu toda a Torá antes de ela ser dada fora esse detalhe de se casar com duas irmãs, e isso Yaakov fez por ela.

Com certeza ele cumpriu o preceito fundamental da Torá de amar ao próximo como a si mesmo, e não existe ninguém mais próximo de uma pessoa do que a própria esposa. Yaakov com certeza não odiava ela

Mas com certeza ele amava Rachel e consequentemente ela se sentia odiada

Daqui aprendemos um ensinamento muito importante. Sempre que passamos por um sofrimento recebemos de Hashem uma compensação tão grande que se pudéssemos escolher optaríamos por sofrer para receber essa compensação, sendo que ela é enormemente maior do que o sofrimento, como vimos anteriormente no caso de Hagar

Hagar era uma princesa e foi dada para Sarah como escrava pelo seu pai, o Faraó.

No começo Sarah tratou ela como uma princesa que se tornou sua aluna em assuntos espirituais.

Mas quando Hagar começou a se comportar com extrema prepotência e as funções se inverteram, Avraham autorizou Sarah a tratar Hagar como escrava e Hagar fugiu.

Nessa fuga, o anjo enviado para Hagar diz para ela voltar para Sarah e continuar sendo afligida, e no mérito disso ela vai ter um filho. Nessa hora todo o sofrimento já começa valer a pena para Hagar e ela volta.

Daqui aprendemos uma regra da Torá. As vezes não merecemos uma coisa tão boa. Então surge um pequeno sofrimento e a causa dele é a nossa vida ficar muito melhor. Então, não vamos pensar mais nos sofrimentos mas sim não grandes bençãos que eles nos trazem

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Toldot 5779

Nossa Parashá nos conta sobre a gravidez da segunda matriarca do nosso povo, Rifka. Rifká rezou muito para engravidar, sua reza foi atendida e ela engravidou de gêmeos.

Dizem nossos Sábios que quando ela passava ao lado da Yeshivá onde Shem, o filho de Noach ensinava Torá, a criança se movia dentro dela como se quisesse correr para fora. O mesmo acontecia quando ela passava ao lado da Yeshivá de Ever, bisneto de Shem.

Mas quando ela passava perto de alguma idolatria, a criança também queria correr para fora, o que a colocou em desespero e ela começou a se questionar se valeu a pena ter rezado para engravidar

A Yeshivá de Shem e a Yeshivá de Ever

Diz o Rambam que Shem, o filho de Noach, e seu bisneto Ever, faziam parte das poucas pessoas que já tinham o conhecimento Divino antes de Avraham Avinu

Naquela época, Shem e Ever tinham duas Yeshivot em Beer Sheva e ensinavam lá a Torá de acordo com o nível de conhecimento deles

Segundo a Hassidut, a Torá que Shem ensinava tinha um aspecto de Torá escrita e a Torá que Ever ensinava tinha um aspecto de Torá Oral. Mais futuramente, nosso último patriarca, Yaacov, estudaria quatorze anos nessas duas Yeshivot

Porque Rifká foi se consultar com Shem e Ever e não com Itzhak?

Rifká estava no desespero, e mesmo sabendo que seu marido Itzhak tinha um conhecimento Divino maior do que Shem e Ever sendo que estudou diretamente com Avraham Avinu, mesmo assim ela foi se consultar com Shem e com Ever

Sendo que ela tinha pressionando tanto Itzhak para rezar para que ela engravidasse e Hashem atendeu a reza dele até mesmo antes de ter atendido a reza dela, agora ela não poderia dizer para ele que estava arrependida de ter rezado

A resposta Divina

A revelação Divina pairou sobre Shem e Ever e eles revelaram para ela que ela carregava dois povos na sua barriga, um iria se desviar para o bem e o outro para o mal

A Guemará nos conta que quarenta dias antes da formação do feto, o anjo responsável pela gravidez recebe de Hashem todos os detalhes sobre essa criança que vai nascer.

Quase tudo é determinado lá de cima, e isso é chamado de Mazal. Já está pré-determinado se essa pessoa vai ser rico ou pobre, inteligente ou ignorante, etc etc etc. A única coisa que depende somente de nós é se alguém vai ser Tzadik ou Rashá. Ou seja, se ele vai para o bom caminho ou para o mal caminho

Então, como pode ser que Shem e Ever aparentemente já sabiam que um dos filhos dela vai ser bom e o outro não? E ainda mais, eles já tinham essa inclinação dentro da própria barriga da mae até antes mesmo de nascerem!

Dois tipos de Almas, dos trabalhos diferentes

O Rebe explica que Hashem tem um prazer muito grande do nosso refinamento pessoal, do nosso ”Trabalho Divino”.

Mas como por exemplo, no nosso mundo material existe um prazer em se comer um docinho e um prazer em se comer um salgadinho, lá encima existe um prazer muito grande quando fazemos uma coisa boa, e Hashem também fica muito feliz quando nos controlamos e deixamos de fazer uma coisa ruim.

Existem Almas que desceram para esse mundo para fazer coisas boas que ainda não tinham tido tempo de fazê-las na reencarnação anterior. Eles já nascem com uma boa inclinação que vai ajudá-los a fazer essas coisas boas na prática, como no caso de Yaakov que na barriga da sua mãe já queria sair para as Yeshivot de Shem e Ever, e depois que cresceu foi estudar lá durante quatorze anos. Vamos chamar o trabalhoExistem Almas que desceram para esse mundo somente para se controlar e não fazerem coisas ruins que provavelmente fizeram na reencarnação anterior e agora desceram para esse mundo para consertar o que fizeram de errado.

Elas já nascem com uma má inclinação, sendo que esse é o trabalho Divino delas, de controlar essa má inclinação para se refinar, como no caso de Essav que na barriga da sua mãe já tinha essa inclinação para a idolatria e queria sair para ela. Vamos chamar o trabalho Divino dele de salgadinhos

E assim também somos nós. Tem quem nasce com uma boa inclinação e o seu esforço é para fazer mais e mais coisas boas e tem quem nasce com uma má inclinação e o seu esforço é só para se controlar e não fazer coisas ruins. E cada um de nós é julgado lá encima de acordo com o trabalho Divino que nasceu para fazer.

Muitas vezes ficamos desanimados por não termos nascido em uma comunidade judaica religiosa, e pelo motivo de termos nascido em uma família laica em um país como o Brasil, quando deixamos de trabalhar no Shabat, começamos a rezar em uma Sinagoga e participar de aulas de Torá sentimos que não conseguimos acompanhar o ritmo desses que nasceram em uma família religiosa e estudam Torá desde os três anos de idade. Mas o contrário é o certo!

Mesmo sendo mais fácil comer em qualquer lugar, nos controlamos e optamos por comer kasher

Mesmo que o nosso negócio aparentemente poderia render mais se estivéssemos trabalhando no Shabat e nas festas judaicas, mesmo assim nos controlamos e não trabalhamos no Shabat e festas judaicas

Mesmo que no nosso ambiente estamos expostos à uma sociedade que não segue a Torá, nos controlamos e abrimos mão de muitos prazeres desse mundo para seguir a Torá

E mesmo se um belo dia nos compararmos à uma família religiosa do Brooklyn e sofrermos em ver a facilidade que eles tem quando entram em um supermercado onde tudo é kasher e barato enquanto nós perdemos tanto tempo para verificar cada produto no supermercado se está na lista de produtos kasher ou não…

e depois, o pouco tempo que sobra para estudar Torá perdemos para tentar traduzir as palavras para o português, e as vezes não conseguimos acompanhar as rezas por não lermos um hebraico fluente

Mesmo assim não se preocupe! Provavelmente nosso trabalho é “salgadinhos” e temos que ter orgulho disso, mesmo que por causa disso não conseguimos ser como uma família do Brooklyn.

Ou seja, se Essav tivesse se controlado ele nunca teria tido tempo de ser como Yaakov, mas seria tão importante quanto, como diz a Guemará sobre o versículo no qual Shem responde para Rifká, “dois povos na sua barriga”, diz a Guemará que pelo fato da palavra “goiim” (povos) estar escrita no Sefer Torá como “geiim” (nobres) ela está indicando os dois maiores nobres da nossa história que foram Rabi Yehuda HaNassi e o imperador romano Antoninus que se converteu ao judaísmo.

Com certeza Antoninus estava ocupado em se comportar de acordo com a Torá dentro das condições que Hashem deu para ele e não tinha como ser igual à Rabi Yehuda HaNassi, mesmo assim a Guemará compara um ao outro. Dois tipos diferentes de trabalho Divino que no final chegam de duas formas diferentes ao mesmo lugar

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Chayei Sarah   5779

Nossa Parashá nos conta sobre o falecimento de Sarah, a primeira matriarca do nosso povo, e todos os fatos ligados à esse acontecimento.

Avraham se empenhou ao máximo para comprar um túmulo para Sarah no campo aonde estavam enterrados Adam e Havá

Ele negociou com os habitantes locais e acabou pagando uma fortuna por esse campo aonde ficava a caverna com os túmulos de Adam e Havá que fica em Hebron.

Avraham enterrou Sarah, chorou por ela e logo após enviou Eliézer para Haran na Síria para trazer de lá uma esposa para Itzhak

De vez enquanto aparecem no Sefer Torá letras grandes ou pequenas nos indicando um assunto profundo que se encontra por trás dessa escrita. Nossa Parashá é um desses locais

A letra “כ” da palavra “ולבכותה” que quer dizer “e chorar por ela” aparece pequena, e assim ela deve ser escrita no Sefer Torá

A explicação para isso é que ele chorou pouco. Todos os comentaristas concordam que a explicação para isso é que ele não chorou muito, e as divergências são somente em relação ao motivo de ele ter chorado pouco

Quando analisamos o perfil do nosso patriarca Avraham vemos uma coisa muito interessante.

Ele sempre está olhando para frente, como diz o versículo: “Avraham estava velho, vinha com os dias”. Aparentemente uma linguagem estranha

Mas uma linguagem que nos indica que cada dia dele foi aproveitado para o trabalho Divino. Ou seja, chorar é passado e Avraham vivia o presente, vivia o trabalho Divino de cada dia.Está escrito que as atitudes dos patriarcas são uma sinalização para nós, seus descendentes.

Aprendemos com Avraham a direcionar nossa energia para as coisas positivas que devemos fazer, e mesmo quando existem todos os bons motivos do mundo para chorar, não devemos chorar muito,

devemos direcionar as nossas energias para o lado positivo, e fazer tudo com muito entusiasmo e muita alegria

Principalmente na nossa geração em que a tristeza é um gatilho para a depressão que é a doença mais badalada dos tempos modernos com todas as suas consequências destrutivas

Eliézer, o primeiro Shliach

Eliézer nos conceitos de hoje seria chamado de “o secretário de Avraham”.

Eliézer era o primeiro emissário da história judaica

Ele era um descendente de Ham que foi amaldiçoado por Noach, e quando cumpriu a missão para a qual Avraham o enviou, ele se transforma de amaldiçoado em abençoado, e até o próprio Lavan, o grande feiticeiro descobre isso e diz :- “Venha abençoado por D’us”

Aprendemos com Eliézer o que é um Shliach, um emissário. Avraham mandou Eliézer para Haran na Síria procurar uma esposa para Itzhak na família de Avraham.

Eliézer tinha uma filha e ele gostaria muito que ela fosse a esposa de Itzhak, e mesmo assim ele se dedicou totalmente à sua missão, mesmo que pessoalmente tinha tudo a perder por causa disso.

Daqui aprendemos o que é um Shliach, um emissário. O Shliach é alguém que absolutamente não considera sua própria opinião, mas considera somente a opinião de quem o mandou,

Mesmo que essa missão vai trazer um grande benefício para quem mandou e um grande prejuízo para quem foi mandado, como no caso de Eliézer que queria casar sua própria filha com Itzhak,

mesmo assim, a tal ponto ele não considera a si próprio em relação à quem o mandou que cumpre a sua missão com tanto entusiasmo e está tão envolvido nela que esquece de si próprio e sente como se ele próprio fosse quem o enviou

O principal problema na nossa geração é a falta de conhecimento em relação aos assuntos judaicos, e o Rebe mandou à nós, seus emissários, irmos aos cantos mais distantes do mundo para ensinar o judaísmo ao nosso povo

Em 1978 quando estudava na Yeshivá de Kfar Chabad em Israel, um dos meus professores era um grande Tzadik, uma pessoa muito elevada.  O nome dele era rav Mendel Futerfas.

Entre os grandes feitos dele estava o fato de ele ter passado dez anos em uma prisão soviética na Sibéria. Certa vez ele nos disse:- nossa comunidade é como adubo orgânico (Fezes de vaca).

A característica do adubo orgânico é que quando ele está armazenado em um lugar só , ninguém aguenta o cheiro, mas depois que ele se espalha pelo campo ele faz todo aquele campo florescer,

e assim ele nos explicou, que quando nos espalharmos pelo mundo vamos fazer o mundo florescer, mas por enquanto ainda não tínhamos nos espalhado pelo mundo…

E esse é o aspecto que nós, os emissários da última Shlichut, temos em comum com Eliezer, o primeiro Shliach

Por causa da sua extrema dedicação , Eliezer consegue tirar a si e a sua família da maldição de Noach que era algo aparentemente irreversível e se transformar à si e à toda a sua família em abençoados por D’us

Nós, os Shluchim da última geração, também. Saímos da classificação que o rav Mendel disse que éramos antes e estamos fazendo o mundo Judaico florecer…

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Vayerá  5779

Os três anjos

Nossa Parashá nos conta que depois de ter feito o Brit Milá, nosso patriarca Avraham recebe a visita de três anjos que desceram para esse mundo em forma humana.

Diz o Zohar que nesse caso foram necessários três anjos diferentes. O motivo para isso é que o anjo não tem como fazer algo que não está na sua categoria, e aqui deveriam acontecer coisas de três categorias diferentes

A palavra מלאך, anjo em hebraico, quer dizer enviado. Ou seja, ele é enviado para um assunto específico e não para outro.

Diz o Zohar que esses três anjos que vieram visitar Avraham tem como essência três Sefirot diferentes.

Em outras palavras, eles não tem como ser enviados para um assunto que não tem a ver com a essência deles, com a Sefirá à qual eles pertencem

O Zohar nos conta que esses três anjos eram Mihael, Gavriel e Refael que se revestiram no “ar” e desceram para esse mundo em forma de pessoas

O anjo Mihael é o responsável pelo “lado direito”, a Sefirá dele é Hessed e todas as coisas boas, todas as bençãos que vem das Sefirot do lado direito foram entregues na sua mão.

Nesse caso ele foi enviado para oficializar o que Hashem prometeu na Parashá anterior, que Sarah vai ter um filho

O anjo Gavriel é o responsável pelo “lado esquerdo” e a Sefirá dele é a Guevurá. Ele é responsável pelas punições que acontecem no mundo. Ele foi enviado para destruir Sodoma e Gomorra

O Anjo Refael é o “responsável pelas curas” e a Sefirá dele é a Tiferet. Ele veio curar Avraham do Brit milá

Como vimos, o anjo Mihael veio para Sarah, Refael para Avraham e Gavriel para Sodoma e Gomorra. Então, o que o anjo Gavriel estava fazendo na tenda de Avraham?

E ainda mais, os anjos perguntam para Avraham “Aonde está Sarah sua esposa”. Será que os anjos não sabiam que ela estava na tenda? Como pode ser que até Mihael, que veio especificamente para ela, não sabia aonde ela estava?

Diz o Zohar que o anjo só sabe deste mundo o que é revelado para ele. Nesse caso, por motivo Divino, nem o anjo Mihael que veio comunicar à Sarah que ela vai ter um filho sabia aonde ela estava e foi obrigado a pergutar para Avraham.

Se ele veio somente para ela, porque não foi revelado para ele onde ela estava?

E ainda mais, da linguagem do versículo entendemos que os outros anjos, que não foram enviados para ela, também perguntaram aonde ela está.

Se cada anjo atua somente na sua categoria, porque os outros anjos também tinham que perguntar por ela se eles não tinham nenhuma missão direcionada a ela?

Avraham responde para eles que Sarah está na tenda. Rashi explica que Avraham usou essa linguagem para determinar que ela tem pudor e por isso não está aqui com eles. Ou seja, nem um copo de água ela vai trazer para eles porque ela é uma mulher e eles são homens.

Na próxima Parashá, quando Eliezer vai procurar uma esposa para Itzhak, pede para Hashem que a jovem a qual ele pedir um copo de água e ela der água para ele e também para todos os seus camelos será a esposa de Itzhak, a nora de Avraham.

Rashi explica que, sendo que ela é generosa, essa é a prova de que ela é adequada para entrar na família de Avraham.

Ou seja, se ela não desse o copo de água para Eliezer que era um homem, não se casaria com Itzhak.

Como pode ser que aqui na nossa Parashá Avraham se comporta de uma maneira exatamente contrária ao seu próprio perfil!

E mais, quando o anjo Gavriel vai destruir Sodoma e Gomorra, o anjo Refael vai com ele. O motivo que a Torá dá é de que Hashem se lembrou de Avraham para salvar Lot, e portanto o anjo Refael vai com a Anjo Gavriel sendo que salvar e curar estão na mesma categoria

Lot, Rut e o Rei David

Diz o Zohar que a diferença entre Noach, Avraham e Moshe Rabeinu é que Noach não rezou por ninguém, Avraham rezou somente pelos Tzadikim e Moshe Rabeinu rezou por todos

De acordo com o Zohar, Avraham não rezou por Lot para não dizerem que Lot por ser parente dele, mesmo não sendo Tzadik foi salvo pela reza de Avraham

Como pode a Torá dizer que Lot foi salvo no mérito de Avraham se Avraham rezou do pelos Tzadikim e explicitamente não rezou por Lot ?

Na Parashá anterior vimos que Avraham arriscou a própria vida e a vida das pessoas que o ajudaram para salvar Lot dos quatro reis que o tinham prendido.

Nessa ocasião Avraham não pediu para Lot voltar a morar com ele e não cobrou dele um comportamento melhor. O único interesse de Avraham era de que Lot continuasse vivo

A explicação do Guerer Rebe

Rabi Itzhak Meir Alter foi o primeiro Rebe da cidade de Gur na Polônia, há 150 anos atrás. Aquela cidadezinha originalmente era um centro religioso católico.

Em 1859 quando o Rebe Itzhak Meir assumiu o rabinato dos Hassidim de Kotzk, mudou-se para a cidade de Gur e a chamou de “Guer”, que em Hebraico quer dizer “convertido”

Ou seja, aquela cidade que fazia parte de um roteiro de peregrinação católica se converteu em um grande centro Judaico, atraindo para si uma verdadeira peregrinação de judeus de todos os cantos da Polônia

Rebe Itzhak Meir explicou que Avraham salvou Lot dos quatro reis porque de Lot sairia Rut e dela sairia o Rei David

Diz o Ari Zal que na Alma de Lot estavam as Almas de Rut e do rei David

O Ari Zal nos revelou que Avraham Avinu era uma reencarnação do nível ”Nefesh” de Adam Harishon

O Midrash nos conta que Hashem mostrou para o primeiro homem cada geração e os judeus mais destacados dela. Quando chegou ao Rei David, Adam se entusiasmou, mas Hashem revelou à ele que o Rei David seria um aborto.

Ouvindo isso, Adam Harishon deu 70 anos da própria vida para o Rei David. Ou seja, Avraham tinha um vínculo de Alma com a Alma do Rei David que estava em Lot e por isso tinha que salvá-lo

E agora que o anjo Gavriel foi enviado para destruir Sodoma e Gomorra novamente Avraham teria que salvá-lo

Diz Rabi Itzhak Meir, o Guerer Rebe, que o que aconteceu na tenda de Avraham foi o julgamento de Lot

Ou seja, Lot por si só não teria o mérito de ser salvo, mas dele sairia Rut a Moabita que se converteu ao judaísmo e dela saiu o Rei David

A Torá proibe um Moabita, mesmo convertido, de se casar com uma mulher Judia.

A própria Torá traz o motivo para isso, de que eles não levaram pão e água ao nosso povo quando eles saíram do Egito

Quando Avraham responde que Sarah está na tenda, ou seja, que a mulher por motivos de pudor não deve levar pão e água para os homens e nem para mulheres, ou seja, Sarah está na tenda e não é bonito para a filha do Rei se expor, Avraham está determinando que Rut, por ser mulher, não se enquadra dentro do decreto da Torá que proíbe o casamento com Moabitas, e consequentemente o Rei David que saiu dela pôde ser o Rei de Israel ungido pelo profeta Shmuel

O anjo Gavriel estava lá somente para ouvir isso. Ouvindo isso ele foi obrigado a abrir espaço ao anjo Refael para salvar Lot, e quando Refael passava com a família de Lot, Gabriel ia destruindo atrás dele

Quando Avraham viu que Gavriel estava indo para Sodoma acompanhado de Refael não precisou mais rezar por Lot, sendo que a salvação dele estava garantida

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Lech Lechá  5779

Na Parashá anterior Hashem faz um pacto com Noach de que não vai mandar novamente um dilúvio para toda a humanidade. O sinal desse pacto é o Arco-íris

O motivo desse pacto ter sido necessário é para que, caso a humanidade se comporte novamente como a geração que causou o dilúvio, mesmo assim não haverá mais dilúvio, mas se não tivesse o pacto haveria novamente um dilúvio.

O pacto entre os animais divididos

Nossa Parashá nos conta que Hashem tinha prometido para Avraham que seus descendentes iriam herdar a terra aonde ele se encontrava. Hashem pede para oficializar isso por meio de um pacto

Esse pacto foi feito exatamente da mesma forma que os reis daquela época faziam acordos de cooperação militar entre duas nações, passando entre animais divididos para oficializar o acordo. E assim Hashem pede para Avraham passar entre os animais divididos e o acordo começa.

Avraham adormece profundamente e tem uma revelação profética que consiste nos detalhes desse pacto que está acontecendo

Hashem diz para Avraham que seus descendentes serão escravizados e sofrerão por quatrocentos anos em uma terra estranha. O povo que os afligirá será sentenciado e eles sairão de lá com grandes riquezas.

É revelado para Avraham que ele vai ter o mérito de falecer em paz e cheio de satisfação, ou seja, isso não vai acontecer enquanto ele estiver vivo

Hashem revela para ele que a quarta geração dos seus descendentes voltará para a essa terra. Porque só então as transgressões dos povos dessa terra chegarão ao limite que justifique o final da permanência deles lá.

Depois que isso é revelado para Avraham, fumaça e fogo passam entre os animais divididos para concluir o pacto

Logo após, a Torá nos traz os detalhes desse acordo entre Hashem e Avraham determinando as fronteiras da terra que é dada à Avraham por meio desse pacto, com as palavras “para a sua descendência eu dei”, determinando que por meio desse pacto nos foi dada a terra que antes Hashem tinha somente dito que iria dar.

A partir desse pacto recebemos irreversívelmente essa terra todo o tempo que estivéssemos sobre ela.

Rabi Moshe ben Nahman, também chamado de Ramban, foi um grande Tzadik que viveu na Espanha há 800 anos atrás. Ele explicou que quando Avraham chegou à terra prometida, Hashem disse para ele: -“Para os seus descendentes eu vou dar essa terra”, e não deu detalhes sobre as fronteiras dela.

poderíamos entender desse versículo que se tratava somente dos lugares que Hashem mostrou para Avraham, que andou até Shchem chamado também de Elon Moré

Depois disso, diz o Ramban, quando aumentaram os méritos de Avraham naquela terra, Hashem aumentou a promessa dizendo:- “Levante os seus olhos e veja o norte, o sul, o oriente e o ocidente”, mostrando para ele os pontos cardeais e indicando com isso que também o espaço que está além da sua visão será dado à sua descendência.

Naquela segunda promessa Hashem acrescentou que vai dar essa terra para a sua descendência para sempre, e que a descendência dele seria tão numerosa como o pó da terra.

Agora, no pacto que foi feito entre as partes dos animais, na terceira vez que Hashem fala com ele sobre a terra que vai ser dada, as fronteiras da terra são determinadas desde o Rio Prates no Iraque, incluindo Israel e chegando até o Rio do Egito.

Cada um dos dez povos que morava dentro dessas fronteiras foi citado para não deixar nenhuma dúvida sobre essa demarcação

Motivo do pacto entre os animais divididos

A necessidade de ter sido feito um pacto foi para que caso nosso comportamento não fosse adequado, isso já não poderia mudar a determinação Divina, como vemos em relação ao pacto que Hashem fez com Noach, que mesmo as pessoas se comportando novamente como na época do dilúvio não haverá outro dilúvio por causa daquele pacto

O pacto do Brit Milá

No final da Parashá, quando Hashem pede para Avraham fazer o Brit Milá faz com ele mais um pacto.

Esse pacto vem acrescentar que essa terra é nossa eternamente, caso ela seja conquistada por outros povos mesmo assim ela continuará sendo nossa e voltaremos à herdá-la

Hashem também acrescenta que ele vai ser sempre o nosso D’us e que ele pessoalmente vai nos dirigir, e não seremos dirigidos por intermediários como os astros ou os anjos responsáveis pelos setenta povos.

Assim Avraham se torna o primeiro judeu, diretamente ligado à D’us, sem intermediários

Porque Hashem teve que acrescentar nesse pacto feito no Brit Milá que essa terra, de acordo com essas fronteiras citadas no pacto anterior entre o rio Prates e o rio do Egito e que são bem maiores do que o estado de Israel de hoje, será nossa herança eterna?

A regra da Torá é de que quando um povo conquista uma terra ela passa a ser dele, como no caso de Sihon rei dos emoreus que conquistou parte de Moav.

Naquele caso, mesmo que para nós seria proibido conquistar uma parte de Moav porque Hashem deu a terra de Moav aos filhos de Lot e fomos proibidos pela Torá de conquistá-la, quando Sihon à conquistou, ela deixou de pertencer à Moav e passou a pertencer aos emoreus, e por isso nos foi permitido conquistar essa terra de Sihon.

Quando a Torá traz uma regra geral, para algo sair dessa regra a própria Torá tem que trazer um versículo determinando essa excessão.

E por isso foi necessário esse pacto do Brit Milá, para tirar a nossa terra dessa regra geral e torná-la uma excessão de regra.

Ou seja, mesmo que hoje existem outros países nesses lugares que Hashem deu à nós, descendentes de Avraham, mesmo assim essa terra não deixou de ser nossa e no futuro nós a herdaremos

Por isso na primeira vez o versículo diz:- “para a sua descendência eu vou dar”. Uma linguagem que indica uma coisa que ainda vai acontecer.

Também na segunda vez que Hashem promete a terra à Avraham é usada essa mesma linguagem, porque até aquele momento ela não tinha sido totalmente dada

Na terceira vez, na hora do pacto entre as partes dos animais, Hashem diz:- “Para a sua descendência eu dei”, determinando que está fazendo um pacto sobre a terra que já nos foi dada

Na hora da Brit Milá, quando Hashem diz sobre a terra prometida “para herança eterna”, ele usa o termo “dei para você” em relação ao futuro.

Ou seja, ela continua sendo nossa mesmo quando não está nas nossas mãos, mesmo quando está conquistada por outros povos, mesmo assim ela continua nossa

Galut Ishmael, o exílio entre os árabes

Rabi Yehuda no Zohar diz que não existe uma Galut tão difícil como a Galut Ishmael

Quando Hashem acrescenta a letra H nos nomes de Avraham e Sarah e revela para Avraham que ele vai ter um filho com Sarah, Avraham pede para Hashem para que Ishmael viva com temor Divino, ou seja, pede para que Ishmael seja a sua continuação.

Hashem não concorda com isso, e revela para ele que ele vai ter um filho com a Sarah e esse filho vai se chamar Itzhak, e ele vai dar continuidade ao pacto feito entre Hashem e Avraham

Hashem concorda em fazer do Ishmael um grande povo mas deixa claro que a continuação do pacto é com Itzhak que vai nascer de Sarah nessa época no próximo ano

Diz o Zohar que pelo motivo de Avraham ter pedido por Ishmael e Ishmael ter feito o Brit Milá antes de Itzhak nascer, o anjo responsável pelo povo de Ishmael pediu para Hashem durante quatrocentos anos para que os descendentes de Ishmael fossem comparados à nós no mundo superior.

O que fez Hashem? Afastou o povo de Ishmael lá encima como tinha sido determinado desde o começo, mas para compensar isso deu a parte deles aqui embaixo na Terra Santa por causa do Brit Milá deles

Disse o Zohar aproximadamente no ano 150 da era comum, que futuramente os árabes vão dominar a Terra Santa por muito tempo quando ele estiver vazia, como o Brit Milá deles é vazio e sem perfeição, e eles vão impedir o povo de Israel à voltar para o seu lugar até terminar o mérito do povo de Ishmael

Quem na época do Zohar na qual Israel fazia parte de um império romano europeu, com equipamentos extremamente avançados em relação aos árabes, quem poderia imaginar naquela época que no ano 636 aqueles árabes conquistariam Israel e estariam lá até agora?

Com certeza na época do Zohar todos achavam que isso era uma metáfora ou coisa parecida.

Ninguém imaginaria esses mísseis de Gaza caindo em Beer Sheva, balões com explosivos, facadas todo dia, autonomia árabe na própria Judéia que era o principal da nossa civilização incluindo os túmulos dos nossos patriarcas e matriarcas e que por isso somos chamados de judeus, Hamas em Gaza, Fatah em Ramalla, hizb’alla na fronteira norte, e a gente torcendo para o Brasil ter a coragem de mudar o consulado para Jerusalém. O Irã fazendo mísseis com GPS para jogar em Tel Aviv (mais um bom motivo para mudar o consulado para Yerushalaim) e em pleno século 21 crianças judias vão dormir neste Shabat em abrigos anti aéreos. Em resumo, esse é o Galut Ishmael, existe de verdade, aqui e agora, hoje em nossos dias

Em resumo, vamos pedir para Hashem trazer o Mashiach e esse Galut Ishmael terminar imediatamente.

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Noach – 5779

Nossa Parashá nos conta que antes de D’us mandar o dilúvio pediu para Noach fazer uma Arca de 300 “amá” de comprimento, 50 “amá” de largura e 30 “amá” de altura.

Essa medida chamada de Amá aparece na Torá pela primeira vez na nossa Parashá. Ela é a medida do osso do cotovelo até o final dos dedos

De acordo com o Rav Chaim Naeh, um Amá equivale à 48 centímetros. O Chazon Ish diz que o Amá equivale a 60.96 centimeters. Ou seja, de acordo com todas as opiniões o tamanho da Arca não ultrapassaria 183 metros

O Zohar nos conta que Rabi Hiya e Rabi Yehuda chegaram até as montanhas altas e encontraram entre as montanhas ossos de pessoas da época do dilúvio. Eles andaram trezentos passos dentro de um osso, ou seja, 150 metros

Pela linguagem do Zohar entendemos duas coisas

1- que esses ossos eram de pessoas normais da época do dilúvio, o Zohar cita às vezes gigantes, mas aqui falou simplesmente pessoas

2- que o osso que ele andaram 150 metros dentro dele era um osso normal, e não o maior osso do esqueleto

Daqui vemos que as pessoas da época do dilúvio eram gigantescas incluindo Noach, sua esposa, seus filhos e suas noras

Reish Lakish na Guemará nos conta que todos os ossos do dilúvio foram levados pelo mar para a Babilônia aonde se encontram hoje os países mais ricos em petróleo, e sabemos que os ossos abaixo de pressão se transformam em petróleo. Por isso não foram encontrados fósseis de pessoas do dilúvio.

Mas pelo tamanho dos dinossauros encontrados em um lugar ou outro vemos que o tamanho deles em relação ao tamanho dos ossos das pessoas do dilúvio encontrados por Rabi Hiya e Rabi Yehuda eram na mesma proporção de um homem em relação à uma galinha de tão grandes que eram as pessoas daquela época

Ou seja, quando um dinossauro via uma pessoa saía correndo para salvar a própria vida

Por isso, dizem nossos Sábios, quando as pessoas ouviam de Noach que iria chegar um dilúvio não ficavam com medo porque imaginavam que se a água saísse da terra eles tampariam essas fontes com os pés e impediriam a água de sair, de tão grandes que eles eram

Então surge uma pergunta interessante. Como Noach e sua família poderiam ter entrado em uma Arca de 183 metros?

Claro que Hashem resolve tudo sempre com grandes milagres, como no Beit Hamikdash que no Yom Kipur ficava tão cheio que não dava para se mexer e quando tinham que se prostar acontecia um grande milagre e todos se prostavam confortavelmente

A Torá nos mostra mais uma possibilidade para entender como isso poderia ser possível.

Moshe Rabeinu nos conta em Dvarim que a cama do gigante Og rei de Bashan, que estava na cidade de Rabat, tinha 9 Amot de comprimento e quatro Amot de largura.

E antes que alguém dissesse que quatro metros e meio de comprimento para cama de gigante é pouca coisa, o próprio Moshe Rabeinu já diz que esse Amá era o Amá do homem.

Rashi explica que Amá do homem aqui se refere à Gog, ou seja, ao homem que dormia nessa cama

O mesmo podemos dizer sobre Noach. Quando Hashem diz para ele o tamanho da Arca que deveria ser construída, não está pedindo para ele medir com uma fita métrica de 4.000 anos depois, mas sendo que o Amá é a medida do cotovelo até o final dos dedos, provavelmente Noach mediu a Arca com o Amá dele próprio, ou seja, com o Amá do homem que vai entrar na arca

E com tudo isso com certeza ele ainda precisou de muitos milagres sobrenaturais como os milagres que aconteciam no Beit Hamikdash

Nossa Parashá usa várias vezes o termo “o final de toda carne”.

Sabemos que Noach colocou as aves na Arca mas não colocou as plantas e os peixes. Ou seja, as aves também entraram nessa classificação de “toda carne”

O Midrash nos conta que as pessoas do dilúvio eram grandes e fortes e diziam que iriam tampar as fontes do dilúvio com os pés.

Hashem fez um milagre e as fontes lançaram água fervente que queimava a pele deles. Como então poderiam os peixes sobreviver ao dilúvio em água fervente?

A linguagem da Parashá é que o dilúvio aconteceu sobre a terra. Essa linguagem aparece algumas vezes e nunca aparece a palavra “sobre toda a terra” mas sim “sobre a terra”

Quando a água baixou Noach soltou uma pomba para ver se ela encontraria terra seca, e na segunda tentativa ela trouxe um ramo de oliveira.

Será que aconteceu um milagre tão grande que as árvores nasceram de sementes cozidas pelas águas ferventes e cresceram tão rápido?

Diz Rabi Yohanan na Guemará que na terra de Israel não houve dilúvio, e essa oliveira era de lá.

Concluímos daqui que a expressão da Torá de que o dilúvio aconteceu sobre a terra, se refere à terra habitada pelos homens e animais, mas a terra de Israel que não tinha homens e animais não foi inundada pelo dilúvio, justificando para Rabi Yohanan a existência daquela oliveira

Provavelmente o dilúvio não chegou até os lugares mais distantes da terra de Israel justificando assim a existência dos peixes que não morreram com as águas ferventes

Hashem pediu para Noach construir a Arca antes do dilúvio chegar. Daqui aprendemos que Hashem sempre “manda o remédio antes da doença”.

O motivo do dilúvio

Nossa Parashá nos conta que a terra se corrompeu e se encheu de roubos. Como consequência disso aconteceu o dilúvio

Rashi explica que a palavra “se corrompeu” se refere à relações ilícitas e idolatria

Diz o Ari Zal que depois de ter comido a fruta proibida, Adam culpou Havá por ter dado à ele aquela fruta, e se separou dela por 130 anos.

Nesses 130 anos ele se relacionou com uma criatura espiritual negativa que era o aspecto feminino do anjo da morte.

Sendo que essa relação não era com uma mulher física mas sim com uma demônia, essas relações causaram com que Almas Divinas da raiz de Adam nascessem em corpos de demônios por cento e trinta anos

Dizem nossos Sábios que quando fazemos uma Mitzvá criamos um anjo bom chamado de sanigor que pede para o tribunal Divino decretar coisas boas sobre nós.

Quando fazemos uma coisa ruim criamos um anjo ruim chamado de categor que pede para o tribunal Divino decretar coisas ruins para nós

Diz o Zohar que essas criaturas criadas pelo semen em vão não são anjos dessa categoria, mas são demônios verdadeiros que recebem de nós uma Alma Divina e recebem do lado espiritual negativo um corpo de demônio. Ou seja, são nossos filhos

Por isso quando Er e Onan se comportaram dessa forma está escrito que fizeram o mal ao ver Divino e faleceram.

Depois essas Almas Divinas nasceram como a geração do dilúvio, e tinham a inclinação para esse tipo de transgressão por terem existido anteriormente por consequência disso

Por isso, diz o Zohar, o principal do dilúvio eram essas fontes de água fervente, de acordo com a regra da Torá chamada “midá knegued midá”.

Ou seja, quando a pessoa não se arrepende da coisa ruim que fez, o mal que ele fez se volta contra ele de forma parecida ao que ele fez, e se torna o castigo que ele recebe por ter feito aquela coisa ruim

Dizem nossos Sábios que Noach poderia ter rezado pela sua geração e não rezou. Daqui aprendemos que se até uma geração como a geração do dilúvio poderia voltar para o bom caminho se Noach tivesse rezado por eles, quanto mais nós devemos rezar para que Hashem traga para o bom caminho todos os que estão ligados à nós

Rabi Meir Baal Hanés sofria muito com certas pessoas que moravam no seu bairro, a tal ponto que um dia ele resolveu rezar e pedir para que essas pessoas falecessem.

Sua esposa, Bruria, lhe lembrou um versículo do Tehilim que diz:- “terminem as transgressões da terra e os maus não vão mais existir…”, e lhe explicou :- Não está escrito transgressores mas sim transgressões, reze para que eles retornem ao bom caminho e eles vão retornar. Ou seja, as transgressões vão terminar e eles vão deixar de ser maus! Ele rezou, pediu, e aconteceu!

Vamos fazer assim também! Sempre que tivermos algum problema com alguém ligado à nós, vamos rezar e pedir para Hashem para que essa pessoa faça Teshuvá!

Diz o Ari Zal que a geração do dilúvio se reencarnou como a geração da torre de Bavel, e depois como os “simpáticos” habitantes de Sodoma e Gomorra

Mas na quarta reencarnação essas Almas Divinas se tornaram o povo de Israel que nasceu no Egito e lá eles se refinaram e voltaram ao bom caminho.

Uma história triste mas com um final feliz

Então, vamos rezar e pedir para que Mashiach chegue imediatamente, para que o mal desapareça do mundo, e todos façam Teshuvá !

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Bereshit 5779

O Midrash Bereshit Rabá nos conta que certa vez um filósofo perguntou para Rabi Hoshaia.

:-Se a circuncisão é tão querida por D’us, porque ele não criou o primeiro homem já circuncidado?

:-Deixar você sem resposta não é possível, respondeu Rabi Hoshaia.

Ou seja, Rabi Hoshaia poderia responder à ele que D’us criou o primeiro homem já circuncidado, mas o filósofo poderia não acreditar, sendo que são raros os casos em que a pessoa já nasce circuncidado, e assim ficaria sem resposta

:-Mas, continuou Rabi Hoshaia, tudo o que foi criado nos seis dias da criação não foi criado com toda a perfeição e precisa de um conserto.

Por exemplo, criou a mostarda, o tremoço, necessita de adoçá-los, criou o trigo, precisa de reparo. (Bereshit Rabá Parashá 11)

D’us quis deixar tudo o que foi criado com uma pequena imperfeição para que nós fôssemos os responsáveis em dar o último reparo sobre todas as coisas e assim causar a perfeição delas

Dizem nossos Sábios na Guemará em Ketubot que maiores, mais importantes, são as criações dos Tzadikim do que a criação do céu e da terra

Hashem (D’us) tem mais amor pelas coisas boas que cada um de nós faz, do que pelas pelas coisas que ele próprio fez

O motivo disso é porque o objetivo da criação somos nós, e a causa precede em importância ao efeito.

Hashem criou o mundo para nós, nós somos a causa da criação, e por isso o dia do aniversário do mundo é o sexto dos seis dias da criação, que é o dia da nossa criação

Por causa disso Hashem não criou nada totalmente perfeito. Não deu toda a perfeição que poderia dar às coisas, para que nós viéssemos e lhes déssemos essa perfeição

E por esse motivo nós também não nascemos perfeitos. Para sabermos que até nossa própria perfeição está em nossas mãos, está dependendo de nós.

Todas as festas judaicas estão cheias de alegria, mas a festa mais alegre do calendário judaico é a festa de Simchat Torá. Nela estamos festejando o término da leitura da Torá do ano inteiro.

Essa tradição de fazermos uma festa quando terminamos um estudo de Torá foi instituída pelos nossos Sábios, nos confirmando o que vimos acima, que Hashem está mais feliz com o que nós criamos do que com o que ele próprio criou!

Conclusão: Vamos aperfeiçoar o mundo e nos aperfeiçoar, e tudo isso com muita alegria!

Shabat Bereshit

Dizem os grandes Tzadikim que da maneira que nos comportamos esse Shabat , Shabat Bereshit, vamos nos comportar o ano inteiro. Então vamos caprichar na alegria o Shabat inteiro