Haazinu  5782

Nossa Parashá começa com as palavras de Moshe Rabeinu, “Haazinu Hashamaim (Escutem os céus) e eu falarei, Vatishmá Haaretz (e ouça a terra) as palavras da minha boca”. Essa mesma linguagem aparece na profecia de Yeshaiahu, mas de maneira inversa

Nosso mundo é chamado de mundo da “Assiá” e tem um  lado material e um lado espiritual

Quando falamos espiritual, estamos falando de algo infinitamente melhor e infinitamente mais real do que o material. O material é o nível mais baixo, o nível perecível

Não temos os sentidos para entender o que é um mundo espiritual, mas para se ter uma pequena idéia de o que é um pouco do mundo espiritual, nossos Sábios dão como exemplo que uma hora no paraíso vale muito mais do que todos os prazeres que poderíamos ter durante todos os nossos setenta anos de vida aqui nesse mundo

E isso no baixo paraíso, um mundo acima do nosso que é chamado de o mundo da “Yetzirá”

Acima do mundo da “Yetzirá” se encontra o mundo da “Briá”, que é tão acima do mundo da Yetzirá, que para entrar nele temos que passar por um fenômeno espiritual chamado de “nahar di nur” (rio de fogo) para esquecermos os prazeres que tivemos no baixo paraíso, para que essa lembrança não nos atrapalhe no alto paraíso

Acima do mundo da “Briá” está o mundo de “Atzilut” que é o nível da Alma de Moshe Rabeinu

E por isso Moshe Rabeinu na nossa Parashá diz “Haazinu Hashamaim”. Hazaná e shmiá são quase sinônimos, mas em hebraico a palavra “Haazinu”(hazaná) se refere à escutar de perto e “Vatishmá”(shmiá) à ouvir de longe.

E portanto, Moshe Rabeinu, que estava mais perto dos céus mais do que da terra, usa a palavra Haazinu para os céus, e Yeshaiahu que estava mais próximo da terra do que dos céus, usa essa linguagem para a terra

Moshe Rabeinu era uma Alma do mundo de “Atzilut” , ou seja, também quando ele estava aqui nesse mundo ele estava no nível de mundo de “Atzilut”

Como nos explica o Rambam sobre a supremacia da profecia de Moshe Rabeinu em relação à profecia de todos os outros profetas.

Todos os outros profetas tinham que se “desmaterializar” na hora da sua profecia, sendo que seu corpo material atrapalhava nessa hora, mas Moshe Rabeinu não precisava se “desmaterializar” na hora da profecia, porque não só que o seu corpo material não atrapalhava a revelação Divina que acontecia nele, mas ao contrário, o seu corpo era o receptáculo para a revelação Divina, Hashem (D’us) falava por meio da garganta material de Moshê

E esse também é o motivo da diferença entre a profecia de todos os profetas e a profecia de Moshe  Rabeinu

Todos os profetas profetizaram com “Assim” (Assim disse D’us) que é o nível dos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá, mas Moshe profetizou com “Esse” (Esse é o meu D’us….)

E portanto, quando Moshê falou dos céus, estava se referindo ao mundo de “Atzilut”, e por isso usou a palavra Haazinu, uma linguagem de proximidade, e quando ele falou da terra estava se referindo aos mundos de “Briá”, “Yetzirá” e “Assiá, e por isso ele usou a palavra “Vatishmá”, uma linguagem de distância

Mas Yeshaiahu, sendo que a profecia dele se enquadra na categoria dos outros profetas, mesmo que ele viu uma revelação espiritual imensa descrita como a “Merkavá”  ( A Carruagem), ele viu somente a ” Merkavá” do mundo da Briá, e por isso sobre os “céus”, ou seja, o mundo de Atzilut, ele usou a palavra “shim’u”, uma linguagem de distância, e sobre a “terra” (Briá Yetzirá e Assiá) uma linguagem de proximidade.

Vayelech – 5782

Encontramos em Vayelech um dos cinco versículos que são excessão de regra na leitura da Torá.
Sendo que o Sefer Torá não tem pontos, para saber aonde começa ou acaba um versículo nos baseamos nos sinais de música chamados Teamim que vem desde a época de Moshe Rabeinu

O motivo de precisarmos saber onde começa e termina o versículo é porque não podemos dizer meio versículo quando há nele o nome de Hashem para não falarmos o nome de D’us em vão

Então, para sabermos aonde terminou o versículo nos baseamos no sinal de música chamado “etnachta” que representa uma parada temporária, ou no sinal chamado “sof passuk” que representa uma parada final

A Guemará em Yuma nos conta que Issi ben Yehudah nos ensinou que cinco versículos na Torá inteira saem dessa regra . Um deles está na nossa Parashá

O versículo diz:- “E disse D’us à Moshe você se deita com seus pais (se referindo à seu falecimento) e esse povo se levanta e….etc

Nesse versículo o sinal “etnachta” se encontra na palavra “seus pais” determinando que lá termina o assunto, Moshe morre e ponto!

Mas aqui se encontra a exceção de regra e daqui nossos sábios na Guemará em Sanedrin aprendem a ressurreição dos mortos pela Torá escrita, colocando o ponto na próxima palavra :- “Você se deita com os seus pais e levanta”, ressuscita!

O Ari Zal nos explica que, sendo que esse versículo não tem determinação e se aplica tanto ao antes do “etnachta” na palavra “e você” se referindo à Moshe , quanto ao depois na palavra “esse povo” , diz o Ari Zal que daqui aprendemos que tanto Moshe quanto esse povo se reencarnam e se tornam a última geração

Diz o Ari ZaL que Moshe Rabeinu e toda sua geração eram a
“Dór Deáh” (geração do conhecimento) e a raíz das almas deles era o lado oculto da Sefirat Daat que é chamado no “Etz Haim” de “Leáh”

A geração paralela chamada “erev rav” também tinha a raiz na Daat mas era afetada pela mistura do bem e do mal nesse mundo

Moshe se reencarna e se torna Mashiach e a geração dele também se reencarna e se torna a geração do Mashiach. Até a “erev rav” também se reencarna por também ser “dór deáh” e à ela se refere o final do versículo que diz:- “esse povo vai se levantar e ….(……)”

Mulheres mandando nos maridos? Mashiach vai chegar!

Uma característica dessa última geração, diz o Ari ZaL, é o fato de as mulheres mandarem nos maridos. Na reencarnação anterior dessa geração, no deserto, os maridos doaram os anéis para fazer o bezerro de ouro, mas as mulheres recusaram apoiar a idolatria

Por isso elas ganharam esse prêmio de mandar neles na última reencarnação.
Chegamos à conclusão de que essa geração é a nossa!

Diz o Maguid de Mezritsh que outra característica da “dór deáh” é de que o assunto principal deles era o conhecimento que se expressa pela fala e eles não tinham a característica da ação

Até o próprio Moshe para abrir o mar vermelho levantou o cajado, mas não bateu no mar.
Quando Moshe chegou perto da Terra Santa na qual o trabalho principal seria a ação das Mitzvot, Hashem disse para ele falar para a pedra para que a água volte, mas ele bateu na pedra para já começar o trabalho da próxima geração (ação)

Hashem queria que ele falasse com a pedra para elevar a próxima geração (da ação) ao nível elevado da geração dele (do conhecimento, da fala)

Toda aquela geração com Moshe e a “erev rav” tiveram que falecer no deserto e esse é o trabalho de Moshe, voltar como Mashiach e elevar toda a “geração do conhecimento” (incluindo a erev rav) por meio do estudo Torá e o cumprimento das Mitzvót, “fala e ação”

O Rebe de Lubavitch disse que essa geração somos nós

VIDUI – A CONFISSÃO DE YOM KIPUR

Nitzavim –  5781

Esse é o último Shabat do ano e nele vamos ler Parashat Nitzavim

Parashat Nitzavim, é sempre lida no Shabat antes de Rosh Hashaná, porque o Shabat envolve espiritualmente os dias posteriores e Rosh Hashaná é o dia do julgamento no qual todas as Neshamot (nossas Almas) se apresentam na frente de Hashem

Como nos conta a Parashá: “todos vocês estão posicionados hoje na frente de Hashem seu D’us”
Tanto as pessoas mais importantes do nosso povo, representados na Parashá como “os presidentes das tribos”, quanto as pessoas menos importantes do nosso povo, representados na Parashá como “o lenhador e o aguadeiro”, são julgados juntos com total igualdade

Sendo que somos comparados à um corpo onde cabeça e pés se completam, nenhuma parte pode faltar e cada uma é julgada de acordo com a sua função

O dia de Rosh Hashaná foi escolhido por D’us para ser o aniversário da criação do mundo. O mundo foi criado em seis dias e cada um deles é o dia da criação do mundo, mas o sexto dia que é o dia no qual o homem foi criado, foi escolhido para ser o aniversário do mundo porque o ser humano é o objetivo da criação

Porque então antes de nos criar D’us falou para os anjos “façamos o homem”, se somos mais importantes que os anjos? O Midrash nos explica que foi para nos ensinar a importância da humildade

Ou seja, se até D’us quando fez o homem compartilhou essa informação com os anjos porque eles teriam ligação com essa nova criatura, quanto mais nós devemos nos comportar com humildade

Um dos vínculos que encontramos entre nós e os anjos é o chamado de “o Tribunal Divino” que é composto de anjos e Neshamot de Tzadikim

Quando fazemos uma coisa boa criamos naquele tribunal um anjo a nosso favor, quando fazemos algo ruim criamos um anjo contra nós. Consequentemente, o Tribunal Divino de cada um de nós é personalizado

Diferente das “outras religiões” onde a divindade faz o que quer, no judaísmo antes de D’us nos criar ele já tinha criado o tribunal Divino que fiscalizaria nossas ações usando a Torá como referencial, e por mais que D’us seja a essência do bem ele não pode ser tirano com esse tribunal e obrigá-los a mudar um decreto para que se torne a nosso favor

Rezando por nós próprios

Sendo assim, como conseguimos por meio das nossas rezas anular os decretos do tribunal Divino?

A explicação de Rabi Yossef Albo

Rabi Yossef Albo foi um grande Tzadik (uma pessoa muito elevada espiritualmente) que viveu na Espanha no ano de 1400
Ele nos explicou que quando nos arrependemos do que fizemos e rezamos, nos tornamos pessoas melhores. E então, aquele decreto que tinha sido feito para uma pessoa pior, perde o efeito porque essa pessoa pior deixou de existir, e para a pessoa melhor que você ficou agora é feito um decreto melhor

Ou seja, quando rezamos e expressamos para Hashem (D’us) nosso remorso por termos feito as coisas erradas que fizemos, e pedimos para Hashem nos desculpar e nos dar uma vida melhor mesmo que o nosso comportamento não tenha justificado isso, conseguimos mudar o decreto do tribunal Divino à nosso favor

Por isso, nesses dez dias que começam com o julgamento do mundo no dia de Rosh Hashaná e terminam no Yom Kipur com a oficialização do que foi decretado, nosso foco principal são as rezas que devem ser feitas com muito amor e carinho, e assim conseguimos mudar todos os decretos do tribunal Divino à nosso favor

Rezando por outras pessoas

O Baal Shem Tov tinha um mestre que descia do céu para ensinar à ele Torá. Esse mestre era o profeta Ahia Hashiloni que viveu na época do Rei Salomão e foi posteriormente o mestre de Eliahu Hanavi

Disse o Baal Shem Tov que o profeta Ahia revelou para ele que a Sefirá chamada Malchut também é chamada de din (decreto rígido) e a raíz dos dinim é a sefirá chamada Bina

Por meio das nossas rezas elevamos o “din” até a biná e lá adoçamos ele. Ou seja, mudamos o DNA dele na sua fonte e transformamos ele em “Hessed” (bondade)

Quando rezamos por outra pessoa, ligamos ela à essa raiz espiritual, à Biná, e lá ela já é outra pessoa
Conclusão: Vamos aproveitar e rezar bastante para que nós e todos os que estão ligados a nós tenhamos um ano bom e doce, e que Mashiach chegue já!

Ki Tavô – 5781

Nossa Parashá conta sobre bençãos e maldições. Sabemos que D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem , então o que são essas maldições?

Rabi Shneior Zalman, o primeiro Rebe de Chabad, fazia pessoalmente a leitura do Sefer Torá em Liozna. Uma vez ele não estava na cidade no Shabat em aos se lê a nossa Parashá, Ki Tavô e outra pessoa leu no lugar dele.

O filho do Rabi Shneor Zalman, que se chamava Dov Ber, ficou tão angustiado quando ouviu as maldições que passou mal o mês inteiro e quase não pôde jejuar no Yom Kipur

Quando perguntaram à ele porque nos anos anteriores ele não passou mal, ele respondeu:- Quando meu pai lia, não se ouvia nenhuma maldição!

Quando esse filho cresceu e se tornou o primeiro Rebe da cidade de Lubavitch ele deu a seguinte explicação sobre aquele acontecimento da sua infância: “Dentro de todo acontecimento ruim está revestida uma bondade enorme, portanto tudo que D’us faz é para o bem e não existe mal que desce lá de cima , e por isso se faz uma benção sobre um acontecimento ruim da mesma maneira que se faz uma benção sobre um acontecimento feliz.

Quando termina esse aspecto negativo, automaticamente se revela o bem que estava oculto nele que é muito superior a uma bondade revelada,  como ouvi do meu pai (Rabi Shneor Zalman) sobre a raiz do assunto das maldições da Torá que no final elas se transformam em”super bençãos” por causa da grande intensidade da bondade oculta nelas que se revela quando termina esse revestimento de extrema rigidez”

O Baal Shem Tov deu sobre isso um exemplo de uma pessoa que fez algo contra um Rei muito bondoso e poderoso. Essa pessoa foi condenada pelo tribunal, mas no lugar disso o Rei pediu para darem à ele um cargo no governo e depois promove-lo gradativamente até chegar ao cargo mais alto e mais próximo Rei.

Quanto mais essa pessoa subia e se aproximava do Rei, mais ele ficava com vergonha do que tinha feito. Quanto mais ele via a força e o poder do Rei e, junto com isso, a grande bondade do Rei que usava todo o seu poder para ajudar as pessoas , quanto mais via a honra que todos davam ao Rei, mais ele sofria com a lembrança do que tinha feito

Afinal das contas ele chegou à conclusão de que não existia castigo pior do que esse, porque se tivesse sido condenado à morte não sofreria tanto com esses remorsos. O Rei vendo que essa pessoa se arrependeu do seu comportamento e voltou a se comportar certo o desculpou totalmente.

Esse Rei é Hashem, e essa pessoa somos nós! A maldição não precisa ser necessariamente uma tragédia para fazermos teshuvá (retornar para Hashem), mas podemos cumprir essas maldições dessa forma também.

Por isso está escrito:-“E será quando vier para você a benção e a maldição, você vai colocar no seu coração (se conscientizar) etc”. Ou seja, a benção nesse caso pode ser considerada uma maldição por nos trazer à essa conscientização.

Conclusão: O acontecimento ruim é um bem oculto de uma intensidade tão grande que não tem como descer para esse mundo de forma revelada, e por isso ele desce com um revestimento de maldição

Por isso devemos estar sempre alegres mesmo que aparentemente as coisas não estão como deveriam estar. Devemos ter uma fé total de que quando esse revestimento terminar e o bem oculto se revelar vamos ver que valeu a pena ter tido um pouquinho de paciência para depois usufruir de uma bondade que não teríamos como chegar a ela de outra maneira

Porque o desencadeamento das Sefirót é:
Em primeiro lugar Chessed (bondade). depois Guevurá (rigidez), e depois Tiféret (bondade intensa). Para conseguirmos chegar à essa bondade intensa, obrigatoriamente temos que passar por um pouquinho de Guevurá.

Mas logo em breve em nossos dias vai chegar a Gueulá, nossa redenção final,  e daí pata frente será só bondade intensa e revelada sempre!

Ki Tetzê – 5781
Nossa Parashá nos conta sobre como o exército do nosso povo saía para a guerra

Éramos um exército no qual o Cohen antes da guerra anunciava à todos, entre outras coisas, que quem teme morrer na guerra por ter feito alguma coisa que justifique o fato de D’us não ajudá-lo por causa disso, deve voltar para a retaguarda e dar apoio ao exército consertando os caminhos e etc, mas não ir para a frente de batalha para não arriscar a vida

Nossa própria Parashá conta na continuação que assuntos ligados à relações ilícitas distanciam de nós a ajuda Divina, e com certeza a pessoa que tinha uma “caidinha” para um assunto desses era o primeiro a voltar para a retaguarda por saber que sem a ajuda Divina na guerra ele poderia morrer

Ou seja, só participava da guerra quem não tinha feito nada de errado ou quem já tinha se arrependido das coisas erradas que fez e com certeza tinha decidido que já não iria mais fazer, principalmente em assuntos relacionados à relacionamentos ilícitos

O costume na época antiga era de se casar com dezoito anos, mas ir para a guerra somente com vinte, o que garantia também a responsabilidade e o bom comportamento do soldado, principalmente em relação à mulheres da cidade conquistada

Nesse ambiente de guerra feroz contra um inimigo cruel a ponto de justificar uma guerra contra ele, ambiente nada romântico, nossa Parashá prevê que pode acontecer o despertar de um verdadeiro amor entre um soldado judeu e a própria inimiga

Surge a pergunta: como em um ambiente desses um homem pode se apaixonar? E ainda mais, pela própria inimiga? E ainda pior, a própria Torá dá a opção de eles se casarem!

Explica o Ari ZaL que quando Adam Harishon, o primeiro homem, fez a primeira transgressão comendo a fruta da árvore do bem e do mal, causou para o mundo a mistura espiritual entre o bem e o mal.

Todas as almas Divinas que iriam futuramente nascer nesse mundo estavam no Adam Harishon, e muitas dessas Almas caíram nesse momento no lado espiritual impuro como consequência dessa mistura entre o bem e o mal.

O mapa da queda dessas “Almas Divinas” que afundaram nas impurezas é uma cópia espiritual impura do Adam Harishon chamada de “Adam de Bliial”

A cabeça dele representa o exílio da Babilônia, os braços representam os exílios da Pérsia e Média que sucederam o exílio da Babilônia, e o corpo representa o império grego que sucedeu a Pérsia

Até aqui tudo bem definido e mapeado, em cada um desses exílios a comunidade judaica inteira se encontrava nele e as fronteiras eram bem definidas.

As duas pernas desse Adam de Bliial representam dois exílios paralelos. O exílio de Edom que são os descendentes de Essav, e o exílio de Ishmael

Dois exílios totalmente distintos e longos, e por isso representados pelas pernas dessa figura que são as partes mais longas do corpo e separadas uma da outra.

Os descendentes de Ishmael posteriormente se misturaram com os persas que, império que incluía os árabes da região. Edom deu origem aos povos europeus e suas ramificações étnicas coloniais, como no caso dos americanos que são descendentes dos ingleses.

Ou seja, mesmo tendo sido a Índia a maior colônia inglesa durante mais de cem anos, sua população não é de origem inglesa como os Estados Unidos e a Austrália, e mesmo tendo sido a Indonésia colônia holandesa, sua população não é de origem holandesa e o que determina a nossa Galut, nosso exílio, é o povo que habita aquela terra e não o seu espaço geográfico

Galut na prática

Por incrível que pareça, vemos que os judeus nos últimos dois mil anos viveram em países árabes e europeus, posteriormente incluindo suas colônias étnicas. Não ouvimos que tivesse alguma comunidade judaica muito relevante na índia, na China, ou no Japão

E mesmo que judeus fugindo dos nazistas ficaram algum tempo na China, mesmo assim tiveram que se mudar para países de etnia europeia como Estados Unidos onde se encontra a maior comunidade judaica do mundo, ou Austrália, que mesmo tendo uma população equivalente à metade da população do estado de S.Paulo,  existem lá várias comunidades judaicas com toda a sua infraestrutura montada

Mesmo países muito ricos como Coréia ou Japão não conseguiram atrair uma migração judaica

E mesmo existindo nesses lugares sinagogas, como por exemplo, o Beit Chabad de Tókio ou de Kyoto, essas comunidades não tem uma infraestrutura que possibilite o seu crescimento, porque esses países nunca tiveram uma comunidade judaica local mas são visitados geralmente por turistas e comerciantes que ficam temporariamente nesses lugares e não representam uma comunidade judaica verdadeira com toda a sua infraestrutura.

Milhões de judeus moram em Israel que faz parte de um oriente médio árabe, “galut Ishmael”

“Galut Ishmael”, nosso exílio no meio dos descendentes de Ishmael. Outros milhões vive nos Estados Unidos e Europa, “Galut Edom”, exílio entre os descendentes de Edom. E até o Brasil tem uma comunidade judaica com toda a infraestrutura. Mas tanto a Índia quanto a China, ambas com mais de um bilhão de habitantes, não tem uma comunidade judaica que justifique nem sequer a existência de uma única Yeshivá

Diz o Ari ZaL, que o motivo de o nosso povo ter passado por esses exílios, inclusive os que estamos agora de Edom e Ishmael, é para elevar as “centelhas Divinas” que afundaram nas impurezas. De acordo com todos os sinais que traz a Guemará já estamos nos calcanhares da figura descrita peço Ari Zal

Ou seja, só sobrou dela os calcanhares, os últimos refinamentos. Sobre essa figura dizem nossos Sábios que Mashiach não chega até terminarem as almas do “corpo”. De acordo com o Ari Zal isso quer dizer:

Até que todas as Almas afundadas nesse “corpo espiritual de impureza” serem refinadas desses exílios, e esse processo já chegou ao seu final. Diz o Ari ZaL que só dessa maneira conseguimos entender esse assunto da nossa Parashá

Os judeus que iam para aquela guerra eram Tzadikim perfeitos e não existia a possibilidade de eles se apaixonarem por alguém por motivos de “Yetzer Hará”, má inclinação.

Consequentemente, o que despertou neles aquela paixão foram as Almas Divinas que se misturaram na raiz espiritual daquele povo. Essa Alma Divina estava naquela mulher e tinha um vínculo espiritual com a Alma do judeu que se apaixonou por ela, e essa era a única possibilidade de esse amor surgir.

Ela era” bonita” só para ele, só pelo motivo de a Alma Divina dela estar vinculada à Alma Divina dele

Talvez isso justifique também o fato de que agora que estamos na época em que a nossa redenção final está para acontecer muitas pessoas quererem se converter ao judaísmo, pegando as comunidades judaicas despreparadas pelo fato de isso não ter sido uma coisa comum antes da nossa geração

E mesmo que tivemos na nossa história pessoas que se converteram ao judaísmo e até se tornaram grandes Sábios de Israel, e também ouvimos falar de um povo ou outro que se converteu ao judaísmo, mas não foi uma coisa tão grande que podemos apontar e dizer que aqui esses povos viviam e esses são os seus descendentes

Como no caso do Kuzari. Mesmo sabendo que antes do Kuzari os judeus da península ibérica falavam árabe e depois do Kuzari surgiram judeus falando ladino, (um tipo e espanhol antigo) e mesmo sabendo que Rabi Yehuda HaLevi viveu na península ibérica e lá existiam pequenos reinos que falavam aquele espanhol antigo, mesmo assim não temos como descobrir onde ficava o reino dos Kuzarim e quem são seus descendentes

Mas uma coisa sabemos ao certo, agir nunca na nossa história esse fenômeno de pessoas se aproximando do judaísmo foi tão grande e tão diversificado como hoje, despertando uma verdadeira confusão em todas as comunidades judaicas do mundo.

Conclusão: O fato de estarmos aqui no galut é para elevarmos as centelhas Divinas que estão no nosso país, nosso Galut personalizado.

Por meio do estudo da Torá, muitas vezes usando a língua do próprio país para explicá-lá, e do cumprimento das Mitzvót, usando as coisas materiais que temos aqui nesse país para o trabalho Divino, por meio disso elevamos todas as ramificações dessas Centelhas Divinas que caíram nesses lugares fazendo com que a Gueulá, a redenção final, aconteça imediatamente, em breve em nossos dias de verdade.

Conclusão: No lugar de pensar no que precisamos, e pedir nas nossas rezas só o que precisamos, e ainda fazer disso uma condição para ficarmos felizes, devemos nos perguntar:- Para que Hashem precisa de nós aqui nesse mundo?

Faltava alguma coisa para nós lá em cima que tivemos que descer para cá? Então, vamos nos dedicar mais! Estudar mais Toráe cumprir mais Mitzvót com muita alegria, terminado o trabalho do galut e pedindo nas nossas rezas para que Mashiach venha imediatamente, terminando a galut e começando a Gueulá imediatamente!

Shoftim  5781 

Nossa Parashá começa com as palavras: – “Juízes e guardas coloque para você em todos os seus portões

Porque a palavra portões aparece no plural? Será que cada um de nós recebeu da Torá um Mandamento te ter um juiz e um guarda em cada uma das entradas da nossa casa?

O grande Rabi Haim Vital que foi o principal aluno do Ari ZaL nos conta que essa linguagem se refere aos portões do nosso corpo

1- portão da visão que são nossos olhos

2-o portão da audição que são nossos ouvidos

3-o portão da fala que é a nossa boca

4-o portão do olfato que é o nosso nariz

5-o portão do tato (contato físico) que são nossas mãos e pés.

Precisamos colocar juízes e guardas em cada um desses portões

Ou seja:

1- Não olhar para coisas que a Torá, que é o nosso referencial do que é luz e do que é escuridão, recomenda não olharmos (principalmente hoje em dia na era do internet)

2- Não dar ouvidos a coisas inadequadas (principalmente leshon hará e principalmente nesta nossa era da informação)

3- Não falar coisas feias e nem “leva e traz”(de novo leshon hará e principalmente na nossa era do Facebook)

4- Não cheirar o perfume da pessoa proibida à você ,(bons e velhos tempos quando não havia poluição e nem rinite alérgica)

5-Não tocar na pessoa proibida (fácil), não ir à um lugar inadequado que pode nos despertar desejos proibidos (principalmente na era do entretenimento)

Quando protegemos nossos “portões” das coisas ruins, recebemos um enorme presente de Hashem, como diz o profeta Yashaiahu : -“Abram os portões e entre o povo sagrado …

Quando fechamos os nossos “portões” para as coisas ruins os portões celestiais se abrem para nós e ganhamos no paraíso futuro 310 mundos paradisíacos no qual cada mundo tem um portão que se abre para nós

Rabi Haim Vital nos ensinou que daqui para o paraíso celestial existem muitos tipos de “anjos” que tentam nos impedir de chegar lá, também os sete céus tem muitos e muitos portões com muitos guardas celestiais em cada portão e portão

Depois dos 120 quando deixamos esse mundo (e infelizmente hoje em dia os 120 estão ficando simplesmente modo de falar) esses anjos nos verificam

Se tivermos o mérito, eles abrem os portões e nos deixam entrar. Se não tivermos o mérito, eles nos empurram para fora e trancam os portões na nossa frente não nos deixando entrar

Por isso devemos ter a sabedoria de demarcar nossos limites e proteger os “portões” do nosso corpo nesse mundo

Quando nos conscientizamos disso durante a nossa vida teremos o mérito de todos os portões celestiais serem abertos para nós no mundo vindouro.

(ספר הליקויים כתבי הארי ז”ל)

Nossa Parashá nos conta sobre os direitos e deveres do Rei, terminando com o versículo de que esses direitos e deveres são para que ele tenha um longo reinado.

Imediatamente depois disso a Parashá nos conta sobre os direitos e deveres do Cohen e do Levi, nos indicando que existe uma ligação entre esses dois assuntos

O denominador comum entre eles é que: tanto o rei, quanto os Cohanim que se ocupavam com o Beit Hamikdash e os Leviim que se ocupavam em ensinar a Torá ao povo, não tinham uma renda própria, mas viviam no mérito do patrocínio do povo

Sobre o rei está escrito que ele não pode ter mais cavalos do que o necessário, ou seja, realeza não é exibicionismo

Diz o Rambam que hoje, sendo que já não temos mais especificamente a tribo de Levi nessa função, todos aqueles que se dedicam ao estudo e ensino da Torá e à divulgação do judaísmo estão fazendo o trabalho daquela tribo de Levi que ensinava a Torá para o nosso povo

E, portanto, podem receber o patrocínio do povo, como a tribo de Levi que não recebeu uma parte na terra de Israel mas a parte dela era o trabalho Divino patrocinado pelo povo

E aí entra o denominador comum entre eles: Da mesma forma que o rei não podia ter mais cavalos do que o necessário, dessa mesma forma as pessoas que se ocupam com o estudo e ensino da Torá e a divulgação do judaísmo, por um lado eles tem todo o direito de receber o patrocínio da comunidade, mas junto com isso, todo o dever de usar esse patrocínio da maneira correta. (baseado nas palavras do Rebe de Lubavitch)

Astrologia de acordo com a Torá

Nossa Parashá diz: “Seja ‘Tamim’ (Inocente, puro, simples, íntegro) com Hashem seu D’us.” O Shulchan Aruch coloca esse versículo na prática determinando que não é permitido para nós judeus consultarmos astrólogos, e quanto mais não consultarmos feiticeiros e videntes

Astrologia

A Guemará nos conta (שבת קנ’’ו /ב) que quando nasceu o grande Sábio de Israel, Rabi Nahman bar Itzhak, os astrólogos disseram para sua mãe:- seu filho vai ser um ladrão!

Ela nunca o deixou andar com a cabeça descoberta, e dizia sempre para ele:- Cubra a sua cabeça para que você tenha “Irat Shamaim” (temor à D’us), e peça sempre à D’us para o seu “yetzer hará” (má inclinação) não te dominar

Ele não sabia por que ela insistia tanto nisso. Um dia ele estava sentado embaixo de uma tamareira (que não era dele) e a “glimá” (a kipá da época) que cobria a cabeça dele caiu

O “yetzer hará” despertou nele, ele escalou aquela tamareira que não era dele e arrancou dela um cacho de tâmaras com os próprios dentes, prova de que os astrólogos estavam certos!

Claro que depois disso ele colocou a Kipá de volta e foi devolver o cacho de tâmaras para o seu dono, mas vemos dessa “recaída” que os astrólogos estavam certos em relação à ele

Afinal das contas ele continuou seguindo os conselhos de sua mãe e se tornou um dos maiores Tzadikim da Guemará e Rosh Yeshivá de Pumbedita (em aramaico Boca do Rio) cidade importante da Babilônia antiga

Surge a pergunta: Se é proibido consultar os astrólogos, porque a mãe de Rabi Nahman bar Itzhak levou em conta o que eles disseram e fez com que ele se esforçasse tanto para que a previsão deles não acontecesse?

O próprio Shulchan Aruch na continuação nos conta que quando acontece de já sabermos que o “Mazal” não é bom em uma certa coisa (como na história de Rabi Nachman bar Itzhak) temos que levar isso em conta e nos proteger, e não confiar em um milagre.

Mas o que é proibido fazer é o ato de nós próprios verificarmos. Ou seja, se os astrólogos da Babilônia verificaram isso para ela, mesmo que ela, por motivos religiosos judaicos não pediu para eles verificarem, quando a coisa já está verificada temos que fazer o que precisamos para nos proteger e não esperar por um milagre

Conclusão: não tenha vergonha de andar na rua com a kipá. Pode ser um boné também sendo que nossos Sábios pediram para cobrirmos a cabeça, e para isso qualquer coisa serve!

Leitura de mãos de acordo com a Torá

Os livros de Kabalá trazem assuntos como leitura de mãos. Aparentemente o fato de esse assunto estar escrito nos livros de Kabalá mostra que isso não entra nessa proibição

Mas o Rebe de Lubavitch nos ensinou que isso é permitido somente quando alguém tem esse recebimento de Kabalá prática de mestre para aluno desde a época da escrita daqueles primeiros livros de Kabala, e hoje não existem mais pessoas que tem esse recebimento direto. E sendo que nesse caso não adianta estudar diretamente dos livros, a leitura de mãos atualmente é inválida

Conclusão: Pare de ler o horoscopo e acrescente na fé em Hashem (D’us), você só tem a ganhar

Reê  – 5781
Nossa Parashá nos conta que o sangue é a alma

Todos nós temos corpo e alma. A primeira alma a entrar no nosso corpo é chamada de alma animal e sobre ela a parashá está falando

A Guemará nos conta que são necessários três participantes para que o ser humano seja gerado. O homem, a mulher e Hashem.
Ou seja, a mulher entra com o óvulo, o homem com a parte dele, e Hashem coloca nesse óvulo uma alma no exato momento em que ele é fecundado. Se Hashem não colocar no óvulo uma alma ele não se torna um embrião

Ou seja, no exato momento em que uma mãe engravida é necessário que Hashem (D’us) coloque nesse óvulo uma alma, senão ela não tem como engravidar

O Zohar explica que essa alma é uma alma animal do nível deste mundo onde o bem e o mal estão misturados. Esse nível é chamado de “klipat noga”, que mesmo sendo uma “klipá”, ou seja, um lado impuro, ela tem um lado bom também

Mas essa alma animal pode também ser proveniente de um nível mais baixo do que a klipat noga, o nível chamado de “três klipot tmeot” que são três níveis espirituais impuros que não tem nenhum lado bom

Essa alma animal envolve nosso corpo e também se reveste no nosso corpo, mas a principal revelação dela é no lado esquerdo do coração, no sangue, e por isso está escrito que a alma está no sangue

Mas sendo que ela é uma alma espiritual, mesmo sendo de um nível espiritual relativamente baixo, podemos fazer quantas transfusões de sangue forem necessárias (que ninguém nunca precise) e ela continua no nosso corpo

Uma segunda alma é dada à cada judeu e à cada pessoa que fez uma conversão kasher ao judaísmo. Ela é chamada de Neshamá

A Neshamá está vinculada à nós desde o momento da fecundação do óvulo. Ela nos envolve, mas só se reveste na nossa alma animal no Bat Mitzvá (quando uma menina judia faz doze anos), no Bar Mitzvá (quando um menino judeu faz treze anos), ou no Guiur (quando alguém se converte ao judaísmo)

A principal revelação da nossa Neshamá é no nosso intelecto, e sobre ela não está escrito que “o sangue é a alma”
A Neshamá é você! Você que desceu do céu para vencer a corrida de obstáculos que chamamos de vida. A Neshamá é você que vai ganhar por próprio mérito um “baixo paraíso” no qual uma hora equivale a setenta anos dos maiores prazeres nesse mundo, ou um alto paraíso onde uma hora equivale a setenta anos no baixo paraíso, como prêmio por ter feito o trabalho Divino que é a meta dessa corrida de obstáculos

A Neshamá é pura e linda, cada ano que passa fica mais refinada e reluzente por meio do cumprimento das Mitzvót (Mandamentos Divinos). Podemos dizer que cada ano que passa, enquanto o corpo fica mais velho a Neshamá fica “mais jovem ”

Porque somos chamados de o “Povo Escolhido”

 דברים- י״ד-/א׳ב’: בָּנִ֣ים אַתֶּ֔ם לה’ אֱלֹהֵיכֶ֑ם / וּבְךָ֞ בָּחַ֣ר ה’ לִֽהְי֥וֹת לוֹ֙ לְעַ֣ם סְגֻלָּ֔ה מִכֹּל֙ הָֽעַמִּ֔ים אֲשֶׁ֖ר עַל־פְּנֵ֥י הָאֲדָמָֽה׃

A Parashá continua nos contando que Hashem nos escolheu dentre todos os povos

Quem participou desse concurso Divino para ser escolhido?  Nossa Neshamá não poderia ter participado, sendo que ela é diferente das almas dos povos do mundo, e para participar de um concurso e ser escolhida deve haver uma semelhança entre os participantes, ou seja, todos os participantes devem ser da mesma categoria

Quem se parece com os povos do mundo? Nosso corpo! Ele foi escolhido! Mas o que ele ganhou com essa escolha?

Antes de sermos escolhidos, quando cumpríamos um Mandamento Divino, nossa Alma ficava mais refinada, mas nosso corpo continuava igual. Mas a partir do momento em que nos tornamos o povo escolhido, quando fazemos uma Mitzvá nosso corpo recebe “Kedushá”(santidade), nosso corpo se torna mais sagrado e refinado, e nesse mérito, no futuro ele vai ressuscitar e reluzir mais do que a Neshamá

Conclusão: Agora nossa Neshamá faz nossa alma animal e nosso corpo cumprirem os mandamentos Divinos trazendo para eles Kedushá. Na ressurreição dos mortos essa kedushá se revela, nosso corpo ressuscita jovem, lindo e reluzente, e nosso mundo material se tornará um paraíso muito maior do que o alto paraíso. E tudo isso vai acontecer no mérito da Torá e das Mitzvót que estamos cumprindo agora!!!

Ekev  – 5781

Diz a nossa Parashá que “não só de pão viverá a pessoa, mas de toda palavra Divina a pessoa viverá”.

”Explica o Ari ZaL que a vitalidade da Alma não vem por meio da comida mas sim por meio da palavra Divina que se encontra nela

E o que vem a ser essa palavra Divina? Diz o Ari ZaL que o termo “palavra Divina” está indicando a Brahá (a benção) que fazemos antes de comer

A Brahá eleva o lado “Alma” do alimento que são as “Centelhas Divinas” que se encontram nele. Essas “Centelhas Divinas” estão misturadas com o lado espiritual negativo do mundo e precisam ser refinadas dele.

Por meio da Brahá refinamos essas pequenas revelações Divinas tirando elas das impurezas. Delas nossa Neshamá (nossa Alma Divina) recebe sua vitalidade e esse é o “alimento da Alma”. Nosso corpo se alimenta do lado material do que comemos e nossa alma do lado espiritual.

A explicação do Ari Zal

O Ari Zal nos explicou que tudo nesse mundo tem um lado ”corpo” e um lado Alma, e da mesma maneira que o ser humano foi criado “corpo e Alma”, assim também tudo o que existe no mundo tem corpo e alma

A própria Torá tem um lado “corpo” que são as Halahot (as leis práticas) e um lado Alma que está por trás delas e são os verdadeiros motivos dos Mandamentos Divinos

Por isso os Anjos não queriam que a Torá descesse para esse mundo e recebesse esse lado “corpo”, porque eles não se interessavam por isso sendo que entre eles não há ódio ou inveja e eles não precisam de leis práticas como “não assassinar”, “não cometer adultério” e etc.

Por isso eles pediram para que a Torá ficasse nos mundos superiores e eles tivessem sempre acesso à revelação “Alma” da Torá.

E aqui surge novamente a Brahá. Quando falamos toda manhã as Brahot da Torá, unimos nossa Alma ao lado Alma da Torá que é uma revelação Divina tão grande que até os Anjos queriam ter acesso a ela também.

As Mitzvot também tem o lado “corpo” e o lado “Alma”. Dizem nossos Sábios que quando você faz uma Mitzvá “é bom para você nesse mundo e ela continua guardada pra você no próximo mundo”. Ou seja, você recebe aqui o bônus dela, mas o “pagamento” por ela está guardado integralmente para você no paraíso.

Quando falamos a Brahá da Mitzvá estamos conectando a nossa Alma com o lado Alma da Mitzvá, com o lado oculto dela que está lá em cima e não tem como se revelar aqui embaixo de tão bom e elevado que é

Por isso está escrito na nossa Parashá a palavra: “toda a Mitzvá…” e não somente a palavra “a Mitzvá”, nos indicando não só o lado “corpo” da Mitzvá mas também o lado “Alma” da Mitzvá que é, na linguagem do Zohar, a  “terra de Israel espiritual”

E assim também, da mesma maneira que a terra de Israel material foi conquistada por etapas, como diz o versículo: “pouco a pouco vou expulsá-los da sua frente “, assim também a terra de Israel espiritual

O Rebe explica que a vida particular de cada um de nós é a conquista da terra de Israel espiritual.

1- Cada um de nós recebe uma parte dela por sorteio lá de cima. Ou seja, recebemos “por sorteio” nosso trabalho Divino diário personalizado que inclui nosso refinamento pessoal.

2- A conquista não deve ser feita de uma vez, mas sim pouco a pouco. (Mas não seja radical no pouco a pouco, pouco a pouco não quer dizer não fazer nada , não se esqueça que devemos nos esforçar para fazer o trabalho Divino , como dizem nossos Sábios: “Se você se esforçou e conseguiu acredite!”)

Conclusão: Quer que a sua Alma vibre cheia de energia positiva? Capriche nas Brahot (nas bênçãos) !
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 Diz a Parashá:”Talvez você diga no seu coração :- Esses povos são muito mais numerosos do que eu, como poderei conquistá-los?” (דברים ז’ י”ז)

Ou seja, talvez você sinta a realidade! Você mediu o tamanho do problema e se conscientizou de que não tem a mínima chance de resolvê-lo. Lá vai a regra geral que nos dá Moshe Rabeinu para todo e qualquer problema (incluindo fechar as contas no fim do mês) : “Não tenha medo deles ! Lembre-se do que Hashem fez ao faraó e a todo o Egito, os milagres, as maravilhas etc etc etc.

Ou seja, isso é o que devemos pensar e sentir sempre em qualquer situação difícil. Se não saiu como queríamos, com certeza nos espera algo melhor. Mas nós devemos fazer a nossa parte que é viver confiantes a cada instante, nunca pensar que não vai sair como queremos mas sim nos lembrar dos milagres e das maravilhas que Hashem fez no Egito e nos conscientizar de que assim ele vai nos fazer agora !

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Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) ama os “Guerim” (as pessoas que se convertem ao judaísmo) e dá para eles “pão para comer e roupa para vestir”

Rashi  diz que isso que Hashem garante para os Guerim que nunca vai faltar para eles “pão para comer e roupa para vestir” não é coisa pequena sendo que esse foi o pedido que o nosso patriarca Yaakov fez para Hashem

Uma explicação para isso é que a intenção da Torá é que Hashem ama os Guerim a ponto de fazer com que os descendentes deles se tornem os cohanim,(os sacerdotes do nosso povo), e a intenção “pão para comer e roupa para vestir” iria os cohanim que usam roupas exclusivas e recebem a halá do nosso povo.

E assim daria para entender também a reza do nosso patriarca Yaakov que termina com a promessa de construir uma casa para Hashem que é o Beit Hamikdash e também fala sobre as maasserot

Mas de acordo com a explicação de Rashi a intenção é que Hashem vai dar para o próprio guer “pão para correr e roupa para vestir” e aprendemos a importância disso da reza de Yaakov

Muitas pesquisas foram feitas em muitos países durante muitos anos e chegaram a conclusão de que quando pessoa não ganha o que precisa não está feliz. Quando ele ganha o que precisa está no auge da felicidade mas acima disso o dinheiro já traz preocupação.

Se eles tivessem pesquisado no Pirkei Avot, um livro judaico de mais de dois mil anos atrás mas atual para todas as gerações, não precisariam fazer muitas pesquisas em muitos países durante muitos anos.

Diz o Pirkei Avot :- Quem é rico? Quem está feliz com o que tem. O mesmo Pirkei Avot também diz :- Quando crescem os bens crescem as preocupações. Ou seja, muito dinheiro atrai muita preocupação.

Nosso Patriarca Avraham foi uma exceção de regra nesse assunto porque ele usou seu dinheiro para fazer Tzedaká

Abriu uma tenda no deserto aberta aos quatro ventos, dava comida e bebida à todos que passavam, e ensinava eles à rezarem para o D’us que criou o mundo. Sua riqueza, no lugar de ser fonte de preocupação se tornou uma fonte de prazer, o prazer de ajudar o próximo materialmente e espiritualmente!

Vaet’hanan –  5781

Moshe conta ao nosso povo que “rezou para D’us naquela hora” e usa a palavra Vaet’hanan se referindo à reza

Rashi diz que a raiz da palavra Vaet’hanan é usada em todas as escrituras no sentido de pedir um presente sem precisar dar nada em troca, e explica: Mesmo podendo os Tzadikim justificarem o atendimento de seus pedidos como merecimento à suas boas ações, mesmo assim, por humildade pedem para que Hashem atenda à seus pedidos sem olhar para seus méritos, pedem para que Hashem atenda à seus pedido de graça e não como pagamento pelas suas boas açõesL

A primeira coisa que aprendemos aqui é a de não pensarmos nos nossos méritos na hora de rezarmos e fazermos nossos pedidos, porque o atendimento aos nossos pedidos é um presente que Hashem nos dá simplesmente pelo fato de termos pedido

Diz o Midrash Rabá que o valor numérico da palavra Vaetchanan é de 515 nos indicando o número de vezes que Moshe rezou por aquele mesmo motivo, fazendo aquele mesmo pedido novamente

Daqui aprendemos que devemos pedir pedir e pedir, e se até Moshe Rabeinu que era o maior dos profetas pediu tantas vezes, quanto mais nós

Quando estamos rezando precisamos ter segurança de que vamos ser atendidos e nunca devemos imaginar no meio da reza que talvez não sejamos atendidos.Isso porque a falta de fé enfraquece o efeito da reza.

Por isso, na hora que fazemos um pedido para Hashem (D’us) devemos acreditar com fé perfeita que nosso pedido vai ser atendido

Mas caso aconteça de você não receber o que está pedindo no momento, saiba que quando isso acontece é sempre por motivos que são para o nosso bem. Bem revelado ou bem oculto

E mesmo nesse caso, nossas rezas que aparentemente não serviram para o que queríamos, são automaticamente direcionadas para algo mais importante que muitas vezes nem sabíamos que estávamos precisando tanto daquilo

A Mitzvá da Tefilá

De acordo com a Torá, a Mitzvá da Tefilá consiste em pedir para Hashem o que você precisa na hora que você precisa. Por exemplo: em uma hora de perigo, um dos 613 mandamentos da Torá é de rezar e pedir para Hashem nos salvar do perigo, e isso é um dos princípios da nossa fé

O motivo desse princípio é de que por meio disso a pessoa vai saber, entender, e também se conscientizar de que Hashem sozinho dirige o mundo e toma conta de cada detalhe de cada uma das criaturas, e que somente Hashem tem a possibilidade de nos salvar, como escreveu o Rambam no quinto dos treze princípios da fé Judaica

O fato de cada um de nós ser obrigado a cumprir o mandamento Divino da Tefilá  por meio de pedir para Hashem o que precisamos na hora que precisamos, nos mostra que a Mitzvá da Tefilá não é direcionada especificamente à pessoas próximas de Hashem como Tzadikim mas sim à cada um de nós

Quando precisamos de alguma coisa é uma Mitzvat Assé, Mandamento “Faça”, fazer nossos pedidos para Hashem.Por esse motivo, mesmo estando as mulheres liberadas de cumprir os mandamentos “faça” que tem um tempo determinado, as mulheres também são obrigadas a rezar, sendo que pela Torá o mandamento da reza não tem um tempo determinado

Às vezes nosso pedido será aceito e nosso desejo realizado, e às vezes, para nosso próprio benefício material ou espiritual, nosso pedido não é aceito, mas como vimos anteriormente nunca podemos pensar isso na hora do pedido

Isso se compara a alguém que manda seu pedido a um rei. Qualquer pessoa pode mandar para o rei um pedido, e mesmo sendo a pessoa mais distante dele, pode ser que o rei vai atender à seus pedidos porque condiz à natureza boa e piedosa do rei atender especificamente aos mais humildes e etc…

O fato de a pessoa estar mais próxima ou mais distante do rei só vai fazer diferença em relação à pedidos sobre assuntos públicos e de grande importância para o povo, mas em assuntos de necessidades particulares não faz diferença se a pessoa está mais próxima ou mais distante.

Dessa mesma maneira Hashem se relaciona às rezas que rezamos e aos pedidos que fazemos para Ele porque explicitamente Ele atende às rezas de cada pessoa e esse é o mandamento da reza pela Torá

Nossos Profetas e Sábios no exílio da Babilônia viram que estávamos esquecendo o que precisamos e diminuindo a frequência em que deveríamos pedir, e fizeram para nós a Tefilá de 18 Brachot conhecida como “Shmone Esrei” ou Amidá como hoje se encontra no Sidur.

Os Sábios da Mishná conhecidos como Tanaim e os Sábios da Guemará conhecidos como Amoraim acrescentaram mais algumas rezas seguidos pelos Sábios das gerações posteriores até chegarmos ao Sidur que temos hoje

Conclusão: Capriche nas rezas e não economize nos seus pedidos, você só tem a ganhar!

NossaParashá nos conta que Moshe Rabeinu, depois de ter conquistado as terras da margem oriental do rio Jordão que seria a herança das tribos de Reuven, Shimon e metade da tribo de Menashe imaginou que o decreto Divino de não entrar na terra de Israel poderia ter sido anulado como é a regra de qualquer profecia negativa

Moshe rezou 515 vezes pedindo à D’us para deixar ele entrar na Terra de Israel e alcançar o nível dos mandamentos Divinos ligados à “Terra Santa.”Hashem responde à ele : “Muito mais do que isso está guardado para você, não continue pedindo isso”. Vemos daqui que se ele continuasse a pedir receberia o que estava pedindo, mas o ” Muito mais do que isso está guardado para você” ele perderia.

Aprendemos daqui que quando rezamos e pedimos muitas vezes para Hashem nos dar algo e parece que nossos pedidos não estão sendo levados em conta, o motivo por não recebermos o que pedimos pode ser porque “muito mais do que isso” está guardado para nós, e se recebermos a coisa pequena perderemos a grande, portanto Hashem não nos dá o que pedimos para que possamos receber algo muito melhor.

Porque Moshe não fez como Yaakov que rezou para ter uma vida tranquila e foi atendido? Yaakov viveu até os 147 anos uma vida tranquila no Egito com seu filho Yossef no governo.

Moshe poderia pedir à Hashem uma vida tranquila entre as tribos de Reuven, Shimon e metade da tribo de Menashe que receberam terras fora de Israel, e viver tranquilo com seu sucessor Yehoshua no governo como viveu Yaakov no Egito com Yossef acima dele .

O sucessor de Moshe, Yehoshua Ben Nun era seu aluno exemplar, um filho espiritual que no caso de Moshe era até mais importante do que um filho material

A resposta para isso veremos mais à frente em Parashat Vayelech, lá Hashem diz para Moshe : “Você se deitará com seus pais e esse povo se levantará e se prostituirá atrás de deuses estranhos…”

Nosso patriarca, Avraham Avinu, faleceu com 175 anos. Rashi explica que Avraham teria que viver 180 anos como seu filho Itzhak, mas Hashem diminuiu cinco anos da vida dele porque tinha prometido à Avraham que ele iria falecer com tranquilidade.

Essa tranquilidade consistia no fato de Ismael ter feito teshuvá e Essav ainda não ter se corrompido, e isso significava falecer com tranquilidade.

Mas se ele vivesse mais iria sofrer com a idolatria de Essav e não faleceria tranquilo como Hashem lhe prometeu, e por isso Hashem o levou antes da hora.

Portanto, antes do falecimento de Moshe que seria a hora propícia para ele pedir uma vida tranquila na margem oriental do rio Jordão, Hashem lhe comunicou que o povo iria fazer idolatria, e assim ele já não tinha mais motivo para pedir isso.

E o que é o “Muito mais do que isso” que Hashem dará à Moshe? Diz o Ari Zal no Shaar Haguilgulim, baseado na primeira parte desse mesmo versículo “Você se deitará com seus pais e se levantará… “.

Uma pessoa que falece sobe para o paraíso, e sobre Moshe está escrito “…e se levantará, nos indicando que ele vai se reencarnar novamente na última geração, a geração do Mashiach, que é nada mais nada menos do que a reencarnação da geração que faleceu no deserto e Moshe próprio se reencarna e se torna o Mashiach! Existe melhor do que isso?

Então vamos rezar forte para que a Gueulá aconteça imediatament

Devarim – 5781

 A tradução da Torá para setenta idiomas

 Está escrito na nossa Parashá: “E foi no quadragésimo ano, no décimo primeiro mês, no primeiro dia do mês, começou Moshe a explicar esta Torá dizendo…”.

 Dizem nossos Sábios, como traz Rashi, que Moshê explicou a Torá em setenta línguas diferentes.Porque Moshê precisaria explicar a Torá em setenta idiomas?

 Rabi Moshe ben Nachman, o Ramban, nos ensinou que a Torá, as Profecias e todas as Escrituras Sagradas foram ditas na “Língua Santa” que é o idioma Divino no qual D’us falou com Moshe e com os Profetas.

 Sendo que a Torá é a “Torá de Hashem”, Hashem “nos deu Sua Torá “, aparentemente o estudo da Torá deveria ser somente na “língua Divina”, a “Língua Santa”.

 A definição de Torá “escrita” é : Nenhuma letra a menos e nenhuma letra a mais, mas exatamente como foi dada por D’us, e por esse motivo a leitura do Sefer Torá na sinagoga é considerado estudo e temos que dizer uma Brachá com nome de Hashem mesmo que o Judeu que está dizendo a Bênção não entende o que está lendo, e muitas vezes não entende nem a tradução da Benção.

 Talvez por isso poderíamos dizer que a leitura da Torá escrita em qualquer ocasião só poderia ser feita na “língua Santa”, idioma no qual ela foi dada por D’us !

 E não somente isso, mas até em relação às explicações da Torá, chamadas de “Torá Oral”, mesmo que aparentemente dependem somente do nosso entendimento, e se não entendemos a Torá Oral não cumprimos a Mitzvá de estudá-la, mesmo assim a Halachá é que “pensamento não é fala” e para cumprir a Mitzvá devemos falar a Torá Oral

 E novamente poderíamos pensar que só cumprimos essa Mitzvá falando a Torá Oral na “língua Santa”.

 E algumas leis que recaem sobre “falar” palavras de Torá são vigentes também em relação a Torá Oral como a proibição de falar palavras da Torá sem roupas e também o fato de não podermos fazer uma Bênção sobre a Torá que vamos pensar mas somente sobre a que vamos falar.

 Ainda mais, sendo que a “Torá Oral” também é de D’us, poderíamos dizer que a classificação de “Estudo de Torá” só recaísse sobre a Torá Oral quando fosse dita na língua falada por D’us, na língua Santa.

 Essa foi a ação de Moshe Rabeinu na nossa Parashá. Por meio de ter explicado a Torá em setenta línguas, a partir daí recai o nome “Torá” sobre assuntos de Torá estudados pelo povo de Israel em outras línguas mesmo não sendo essa a língua que D’us deu a Torá

 Fazendo com que recaia sobre ela a classificação de “Torá” a tal ponto que quando falamos assuntos de Torá em outras línguas estamos falando verdadeiras “Palavras da Torá” e se torna proibido falarmos elas antes de dizer a “Bênção da Torá”, e nem precisamos dizer que é proibido falar assuntos de Torá em qualquer idioma se não estivermos vestidos

 A iniciativa que teve Moshe na nossa Parashá foi incentivada pela própria Torá que usa algumas palavras nas línguas dos outros povos, como por exemplo “Yegar Sahaduta” , “Totafot” e etc.

 O Midrash Tanhuma nos conta que até a primeira palavra dos Dez Mandamentos, Anochi (Eu) que engloba todos os mandamentos positivos da Torá é uma palavra retirada da língua egípcia antiga

 O motivo que essas palavras fazem parte da Torá que é toda de Hashem é para que recaia a santidade da Torá sobre essas palavras e por meio disso as línguas dos povos se tornam refinadas para que se possa “repassar” a Torá por meio delas .

 Isso acontece nos idiomas atuais também. O que a Torá fez em curta escala somente indicando que isso é possível, e Moshe Rabeinu fez em larga escala , traduzindo toda a Torá para setenta línguas, aparentemente foi uma dica para a nossa situação atual.

 Surgiram novas línguas, todas derivadas daquelas setenta, e nós somos os que estão refinando esses novos idiomas quando repassamos a Torá por meio deles.

 Na torre de Bavel aconteceu um milagre que deu origem a setenta línguas e delas saíram todos os idiomas que existem hoje. Sabemos que a “Língua Santa” , que por meio dela D’us criou o mundo, foi falada por Adam e Havá (Adão e Eva) e continuou sendo falada por pessoas de cada geração também depois da torre de Bavel

 A maior prova disso é que o Povo de Israel que desceu para o Egito não mudou a sua língua que era a mesma desde a criação do mundo.

 O Tossfot Yom Tov nos conta que o Hebraico antigo que foi a primeira língua existente no mundo deu origem ao aramaico, e o aramaico ao árabe

 Poderíamos pensar, será que o aramaico, sendo que é um derivado da “Língua Santa” já vem com a santidade do”Idioma Divino”?

 A Torá nos dá a dica: Está escrito: “Yaakov chamou aquele lugar de “Gal Ed” e Lavan de “Yegar Sahaduta” ou seja, tanto os idiomas derivados da “Língua Santa” quanto os derivados das outras línguas são o idioma de “Lavan o Arameu” e precisam ser refinados pela Torá !

 O motivo que isso teve que ser feito especificamente por Moshe Rabeinu é porque todos os assuntos da Torá foram dados para o povo de Israel por meio de Moshe , “Moshe recebeu a Torá no Sinai”, a tal ponto que disseram nossos Sábios :-“Tudo que um aluno experiente vai inovar já foi dado para Moshe no Sinai”

 Por isso também que o fato de os assuntos de Torá ditos nas setenta línguas também serem chamados de “Torá” teria que ser revelado pelo próprio Moshe Rabeinu.

 Porque Moshe pediu para o povo de Israel escrever a Torá nas pedras em setenta línguas?

 Fora o fato de Moshe ter explicado oralmente a Torá em setenta línguas, Moshe e os anciãos de Israel pediram ao povo que no dia em que atravessassem o rio Jordão erguessem pedras grandes e escrevessem nelas todas as palavras desta Torá nessas setenta línguas, cada uma nas suas letras como nos contou o grande Tzadik Rabi Moshe ben Maimon, o Rambam, que a Torá foi escrita naquelas pedras com as letras de cada idioma.

 Vemos aqui que Moshe Rabeinu conseguiu fazer com que não haja diferença entre traduzir a Torá oralmente para as setenta línguas e escrever ela em setenta línguas, nos dois casos ela se tornou considerada “Torá” com toda a devida santidade relacionada a ela.

 Por esse motivo Moshe também teve que traduzir oralmente a Torá e também pedir para que ela fosse escrita na escrita de cada povo.

 Duas obras distintas, uma para que recaia a santidade da Torá sobre a língua dos povos e a outra para que essa santidade recaia também sobre a escrita dos povos.

 Ou seja, para que os livros com assuntos de Torá escritos nas letras dos setenta idiomas também sejam chamados de Livros Sagrados, “Sifrei Kodesh”, e devam ser cuidados com o mesmo respeito que damos aos livros escritos na “Língua Santa”

 O que fez Moshe em suas últimas cinco semanas de vida

 Nosso quinto livro da Torá, Devarim, é conhecido como Mishnê Torá, a revisão da Torá. Seu conteúdo foi dito por Moshê ao povo judeu durante as cinco semanas finais de sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar na Terra de Israel.Moshe sabia que tinha os dias contados e pouquíssimo tempo de vida, e teria que se dedicar somente para fazer as coisas mais importantes.

 Nesses dias ele estava traduzindo a Torá para setenta línguas para facilitar o estudo da Torá aos judeus, para dar mérito à judeus que só sabem falar outros idiomas, para tornar o acesso à Torá mais fácil.

 Ele estava empenhado e dedicado para que pessoas que nem sabem falar a “Língua Santa” possam saber o motivo que D’us criou o mundo e o motivo pelo qual nós estamos aqui.

 Moshe Rabeinu não só nos deu a Torá mas também mostrou para nós que ela é a coisa mais importante que existe no mundo !

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 A Parashá nos conta também que quando nosso povo planejou passar pelo monte Seir, terra de Edom, para chegar à terra prometida, D’us pede para Moshe dar uma ordem ao povo de Israel para comprar com dinheiro mantimentos dos Bnei Essav habitantes de Seir, e até pagar pela água que beberem.

 O motivo para isso aparece imediatamente no próximo versículo: “ Porque Hashem seu D’us te abençoou em todos os trabalhos das suas mãos e proveu todas as suas necessidades na travessia desse grande deserto durante quarenta anos, Hashem seu D’us está te apoiando, não te falta nada!”

Isso foi dito à Moshe como uma ordem para ser repassada ao povo de Israel ! Quando o versículo diz que Hashem seu D’us te abençoou, está instruindo o povo para não ser ingrato dando a impressão de que eles são pobres e mal cuidados por Hashem, mas ao contrário!

 Passem uma imagem de que vocês são ricos! (Rashi) A regra é : Quando somos gratos à D’us pelo que ele nos dá e demonstramos isso, fazemos com que ele nos dê verdadeiros motivos para agradecer.

 Quando estamos alegres por saber que D’us sempre está cuidando bem de nós, fazemos com que D’us nos dê verdadeiros motivos para justificar essa alegria!😊

 Rezando com alegria

O Baal Shem Tov nos conta que existem duas formas de rezar, uma com muita alegria e entusiasmo e outra com muito choro e amargor.

 As duas formas são válidas mas a diferença entre elas é que, quando pedimos à D’us com alegria somos como um ministro fazendo um pedido ao Rei, mas quando pedimos com tristeza somos como um pobre fazendo um pedido ao Rei

 Por ser assim no mundo espiritual consequentemente a natureza do mundo material é que: quando o pobre pede algo para o Rei ele pede com amargor e ganha um presente pequeno, mas quando o ministro pede algo para o Rei ele pede com alegria e ganha um presente grande

 Por isso temos que rezar com muita alegria e entusiasmo como um ministro falando com o Rei.

 Por que essa ordem em relação à Edom foi dada, se no final o povo de Israel não atravessou a terra de Edom e isso não aconteceu na prática?Sendo que a Torá é eterna e seus ensinamentos são eternos, eles são válidos em qualquer época e em qualquer lugar, e o fato de essa travessia não ter acontecido na prática mas a ordem ter sido dada só vem reforçar o fato de essa ordem ter sido dada para nós, aqui e agora!

 Então vamos mostrar para todos que D’us sempre está cuidando bem de nós e não se esquece de nós nem um único e mínimo instante!

Matot – Mass’ei – 5781
Quarenta e duas viagens

O povo de Israel fez quarenta e duas viagens entre a saída da escravidão no Egito e a milagrosa entrada na “Terra Prometida”

O que há por trás das quarenta e duas viagens que nos dá a obrigação de nos lembrarmos delas todos os anos quando lemos Parashat Mass’ei na Torá ?

O Baal Shem Tov nos revelou que cada Judeu e Judia tem um itinerário de viagens planejado lá de cima para percorrer durante sua vida

A Torá nos conta sobre quarenta e duas viagens que o povo de Israel teve que fazer entre a saída do Egito e a chegada à terra de Israel. Diz o Baal Shem Tov que o objetivo dessas viagens era para elevar as “Netzutzot” que são pequenas “revelações Divinas”, às vezes chamadas de “faíscas Divinas” ou “centelhas Divinas”

Quando damos um exemplo sobre a revelação Divina comparamos ela à uma grande Luz, por isso essas pequenas revelações são comparadas a pequenas centelhas, pequenas luzes, “luzinhas Divinas”

O objetivo dessas 42 viagens era fazer um “Tikun”, uma “reparação”, um conserto espiritual nesses lugares por onde eles passaram que consistia em elevar essas “centelhas Divinas”.

Em cada lugar eles acamparam, não moraram lá por muito tempo mas ficaram somente o tempo necessário para fazer o “Tikun” e elevar as “centelhas Divinas” daquele lugar

O Baal Shem Tov diz que cada Judeu e Judia tem um circuito de viagens pré destinadas durante toda a sua vida.Tudo é pré determinado até nos pequenos detalhes.

Onde você vai morar, onde você vai trabalhar, para onde você vai viajar, onde você vai passar uma semana, onde você vai passar um ano, onde você vai morar mais ou menos tempo

Um detalhe interessante é que tanto no lugar onde o povo de Israel acampou por um só dia quanto no lugar onde eles acamparam por dez anos eles montaram o Mishkan como se fossem ficar lá a vida inteira, nos ensinando como devemos nos comportar nas “viagens da nossa vida”

Ou seja, mesmo sabendo que Mashiach pode chegar hoje, mesmo assim devemos nos comportar de maneira natural como se tivéssemos que ficar aqui a vida inteira.

As constantes viagens da nossa história

Somos chamados de Sefaradim (Judeus Espanhóis) mas nossos avós não vieram da Espanha mas sim de países Árabes. Somos Sefaradim só de nome porque na Espanha já não havia comunidade judaica nos últimos quinhentos anos

Também somos chamados de Ashkenazim (Judeus Alemães) mas a grande maioria dos Ashkenazim também não veio da Alemanha mas sim da Europa oriental.

Ou seja, na Síria e no Líbano sabíamos que éramos Sefaradim (espanhóis) e não libaneses. Nenhum de nós pertencia nem mesmo ao próprio país de onde vinha, demonstrando explicitamente as constantes viagens do nosso povo

Ninguém mais pode voltar para a Síria ou para o Líbano nem para visitar, e ninguém vai querer morar na Polônia ou na Romênia que no passado foram comunidades judaicas enormes

Os Judeus que foram expulsos de Recife em 1654 fundaram Nova York e eram chamados de Sefaradim, em 1824 Judeus vindos do Marrocos fundaram a Sinagoga de Belém e também eram chamados de Sefaradim.

Todos nós Judeus temos uma aparência Européia ou Árabe mesmo sendo Judeus brasileiros, e essa é a marca registrada de que somos turistas em qualquer país onde vivemos, “Trade Travellers”, “Turismo de negócios”

Pensamos que tudo o que fazemos estamos fazendo para nós próprios, mas na realidade, por trás de tudo está D’us causando nossas mudanças para que possamos elevar essas “centelhas Divinas” espalhadas pelo mundo.

E assim fazemos todos os consertos, ”Tikunim”, que nossa Alma precisa fazer nesse mundo em um limite de viagens pré determinado.

Achamos que conseguimos um emprego melhor e subimos na vida, depois vamos para a China comprar mercadoria e voltamos para cá para vender a mercadoria, pensamos que somos espertos e lucramos!

Mas simplesmente é D’us que está causando tudo isso para que cada um de nós possa elevar a sua parte do mundo, a parte que está na sua responsabilidade.

Por isso, sobre a saída do Egito está escrito que deixamos o Egito como uma armadilha sem isca ou como as fossas oceânicas que não tem peixes

Ou seja, tiramos do Egito a “isca” espiritual que nos atraiu para lá, que na verdade eram 210 “centelhas Divinas” que elevamos lá, e o mesmo estamos fazendo aqui e agora!

Por trás das Netzutzot

O Ari Zal nos conta que como consequência da “quebra dos receptáculos”, conceito cabalístico que se refere a um fenômeno espiritual acontecido antes da criação do mundo, caíram 288 Nitzutzot, “centelhas Divinas” nesse nosso mundo material chamado pela Cabala de “o mundo do conserto”.

Nos anos da fome no Egito antigo, na época em que Yossef era o vice rei, pessoas de todas as terras trouxeram ao Egito dinheiro, ouro, prata e etc, e com esse dinheiro compraram trigo e mantimentos,e assim, por meio desse dinheiro Yossef o Tzadik reuniu no Egito essas Nitzutzot para que o povo de Israel pudesse elevá-las

E realmente assim aconteceu, a maior parte delas se elevou, como está escrito “e também erev rav”.A palavra “rav” tem o valor numérico de 202 representando 202 Nitzutzot matrizes.

Sobraram ainda 86 Nitzutzot cujo valor numérico é equivalente a um dos nomes de D’us, o nome “Elokim” que tem como valor numérico a palavra “natureza”, indicando que esse nome se refere à revelação Divina dentro da natureza, milagres revestidos em assuntos naturais.

A pergunta é: como pode ser que em somente 210 anos nosso povo conseguiu elevar 202 Nitzutzot, e desde lá até hoje se passaram 3330 anos e ainda não terminamos de elevar esses poucos 86 Nitzutzot que sobraram.

 que depois da saída do Egito, aqueles poucos 86 Nitzutzot se dividiram, e por isso em todos os exílios pelos quais passamos e estamos passando, de uma maneira geral os judeus se locomovem atrás das “partículas” dessas “Centelhas Divinas” em todo o mundo. No começo era na Ásia e no nordeste da África, na continuação foi a Europa e etc etc etc .Nos últimos tempos a tecnologia se desenvolveu e por isso nem sempre precisamos viajar para a China para elevar os Nitzutzot que estão lá mas por meio da importação de produtos “Made in China” facilitam esse assunto para nós judeus, e os Nitzutzot chegam até nós (como chegaram para Yossef no Egito) em forma de roupas, outros produtos e etc.

O Rebe nos explicou que a descida do nosso povo para o Egito é comparada à uma semente que é plantada na terra, que por meio de apodrecer na terra ela germina

O mesmo aconteceu com o nosso povo no Egito. Por meio da descida deles ao exílio que causou para eles o amargor que é comparado ao apodrecimento da semente, por meio disso eles elevaram os “Nitzutzot”, e a elevação dia Nitzutzot já é comparada ao crescimento da planta que acontece como consequência do desfazer da semente na terra

Ou seja, por causa dos sofrimentos do exílio nossa prepotência se desfez como a semente se desfaz na terra e pudemos germinar e crescer espiritualmente e por meio desse crescimento espiritual elevar as Nitzutzot que estavam lá no exílio do Egito

Pin’has   -5781

A Torá tem um lado revelado que chamamos de “corpo da Torá” e um um lado oculto que chamamos de lado “Alma da Torá”.

 Na nossa Parashá descobrimos no lado oculto da Torá o diagnóstico de uma “Klipá” (força espiritual negativa que atua no mundo) chamada de klipat Midian.

 Essa Klipá é a fonte espiritual do ódio gratuito que causou a destruição do segundo Beit Hamikdash, o exílio do nosso povo, e até hoje ela continua no nosso meio. Então não é por acaso que lemos essa Parashá nessa época em que o Beit Hamikdash foi destruído .

 A Torá já tinha nos contado sobre os meraglim (espiões), que contra a vontade Divina queriam que o povo ficasse no deserto estudando Torá para entrarem na terra de Israel bem mais  preparados.

 Agora, depois de décadas de estudos de Torá no deserto, com a comida que caía do céu e a roupa crescia com o corpo, com as nuvens que nos protegiam do sol e a água que nos acompanhava, sem precisar trabalhar e com o dia inteiro livre para estudar Torá durante quarenta anos, nosso povo se encontra com um exército de mulheres que vem nos seduzir.

 Como poderiam correr atrás da primeira mulher que vissem depois de estarem quase quarenta anos estudando Torá? Essa é a consequência da Klipá que se provou resistente aos estudos de Torá, à classe social e até à nível espiritual. Todos nós estamos sujeitos à ela, ela é a pior de todas as klipot.

 Características da Klipá de Midian

 1- Bilam o feiticeiro sabia que para D’us as piores coisas são a idolatria e a destruição do conceito familiar, relações ilícitas.

Bilam não tinha motivo justo para aconselhar Balak, rei de Moav, contra nós. Seu país (Midian) estava longe de nós e não estava nos nossos planos de conquista, e portanto o ódio dele por nós era simplesmente “ódio gratuito”.

 Ele viajou até Moav sabendo que Moav também não estava em perigo, para dar o conselho mais destrutivo do mundo em relação à nós. Ele estava “possuído” por essa klipá

 Quando essa Klipá nos contagia, nos tornamos dispostos a fazer tudo para destruir. Ela desperta em nós o sentimento de destruição sem limites, sem motivo ou por um motivo muito pequeno, destruir gratuitamente.

 Como nos proteger dessa klipá? Não nos deixando seduzir por ela! Sempre que sentirmos motivação para entrar em uma briga e querer destruir nosso próximo a ponto de desejar até sua própria morte, sabemos que ela se despertou em nós

 Nessa hora, imediatamente temos que despertar nosso sistema imunológico espiritual (yetzer hatov) contra ela e tomarmos a decisão de não brigar, não dar palpites destrutivos e não “colocar lenha na fogueira” seja o que não for.

 As jovens de Midian justificaram seu comportamento como causa nobre e espiritual, e até princesas participaram dessa sedução em massa.

Cada uma levou com ela seu deuzinho, o Baal Peor, que foi apresentado como deus politicamente correto que apoiava o prazer e bem estar de seus adoradores e cuja adoração consistia em fazer as “necessidades” sobre ele demonstrando que não existe nada proibido no mundo contanto que isso te dê prazer

 A mensagem dessa klipá é:
“Se você se sente bem brigando com alguém, brigue!”
Ela apresenta a destruição por meio de brigas e intrigas como causa nobre, politicamente correta e ainda com o apoio divino da idolatria

 Como sabemos que a origem do ódio que sentimos pelo próximo é a Klipá ? Pelas suas consequências, pelas consequências que esse ódio causa !

Por mais nobre e politicamente correta que seja a causa, se a consequência dela é a destruição, aí a klipá se encontra.

 Então vamos abrir mão da legitimidade da briga olhando mais longe, vendo que se continuarmos uma briga todos sairemos perdedores.

 No começo da briga ou da intriga já temos que mentalizar a paisagem da destruição do pós briga, do tempo necessário para reparar os prejuízos que ela causará e do tempo necessário para curar os ferimentos que ela trará.

 Vamos abrir mão dos prazeres descontrolados da briga que a klipá nos oferece para não morrermos na peste espiritual que é a consequência desse tipo de prazer .

 No primeiro dia da criação do mundo, quando D’us criou a luz ele disse “Ki Tov”(Que bom) No segundo dia D’us criou a separação, colocando limites entre os oceanos e as nuvens, uma separação extremamente necessária que sem ela não existiríamos, mesmo assim D’us não falou que era bom.

 A separação pode ser uma coisa extremamente necessária, mas sendo que é uma separação, coisa boa ela não é. Talvez necessária sim, mas boa não!

 Não seja “durão”

 A Guemará em Guitim nos conta que um homem rico em Jerusalém fez uma festa. Seu amigo se chamava Kamtza e seu inimigo Bar Kamtza. Ele pediu para seu shamash (faxineiro) que era uma pessoa muito simples, chamar seu amigo Kamtza para a festa e o faxineiro por engano no lugar de chamar seu amigo, chamou seu inimigo, o Bar Kamtza.

 O problema já teria que ser arquivado nesta etapa como ”erro de faxineiro”, como uma coisa insignificante. Mas o homem que seu nome nem aparece na história se relacionou à isso com a maior gravidade.

 Aí a klipá se revela! Ele usou sua autoridade para exigir a retirada do Bar Kamtza de sua festa, e o que seria uma possibilidade de reconciliação entre dois judeus iria acabar em uma guerra mundial.

 Bar Kamtza foi durão e se recusou a sair, oferecendo pagar pelo que comer e beber. O dono da festa também foi durão e não aceitou, e assim a klipá vai crescendo rapidamente se alimentando da nossa dureza de coração

 Bar Kamtza foi durão novamente e se recusou a sair, oferecendo patrocinar metade da festa. O dono da festa foi durão e não aceitou.

Bar Kamtza foi durão novamente e se recusou a sair novamente, dessa vez oferecendo patrocinar a festa inteira. O dono da festa foi durão e não aceitou, pegou o Bar Kamtza e o colocou para fora.

 Os rabinos que estavam lá foram durões e não fizeram nada para acalmar os ânimos, e a partir dessa etapa a coisa piorou até envolver o império romano causando a destruição do nosso Beit Hamikdash e um exílio que se estende por quase 2000 anos.

 Na hora da briga cada um estava certo e tinha quem o apoiava, nenhum dos lados viu que o final não é a vitória mas sim a destruição de todos.

 A única vitória verdadeira é quando nos controlamos e não brigamos, então vencemos e destruímos a klipá de Midian. Com essa história nossos Sábios nos dão a dica de como vencer a klipá: Simplemente não seja durão!

 Os bastidores da destruição do Beit Hamikdash

 O Beit Hamikdash foi destruído por causa de pessoas que aparentemente estavam com toda a razão, como vemos na história de Kamtza e Bar Kamtza. Kamtza em aramaico quer dizer formiga, e se formiga já é uma coisa pequena, imagine o “bar Kamtza”(o filho da formiga).

Nos indicando que por causa de uma “coisinha pequena” que foi vista como uma briga justa e necessária, causa nobre apoiada até pelo silêncio dos rabinos da época, tivemos um verdadeiro holocausto

Conclusão: Não seja durão, você só tem a ganhar

Balak – 5781

Nossa Parashá nos conta que existiu em Midian, país de onde partiu Moshe para tirar nosso povo do Egito, um feiticeiro com poderes espirituais que se comparavam à Moshe Rabeino

Os poderes dele eram tão grandes que se Hashem (D’us) não fizesse um milagre e a maldição dele não se transformasse em bênçãos estaríamos em grandes apuros.

Porque Hashem deixou isso acontecer?Dizem nossos Sábios que Hashem permitiu que Bilam tivesse esses poderes para que os povos do mundo não falassem que se eles tivessem um profeta tão grande como Moshe o comportamento deles seria melhor.

O livre arbítrio

O motivo que Hashem deu para Bilam esses super poderes foi para que pudéssemos exercer nosso livre arbítrio e escolher entre Moshe e Bilam

Para entendermos o que é livre arbítrio temos que voltar ao começo do mundo. Quando Hashem criou o homem, deu à ele um mandamento, e colocou no paraíso uma cobra (em forma humana).

D’us falou para Adam e Havá não comerem a fruta proibida e a cobra falou para sim comer. Aí começa a história do mundo e o objetivo da criação, nosso direito de escolher.

O livre arbítrio nos foi dado antes mesmo de termos qualquer má inclinação ou vontade de optar por algo ruim

Na décima praga do Egito Hashem fez um milagre e todas as estátuas dos deuses egípcios derreteram com exceção de uma: o “Baal Tzafon”, e Hashem pediu para todos os judeus se reunirem em frente ao Baal Tzafon antes de sair do Egito.

Novamente o livre arbítrio, a opção de pensarem que se aquela estátua não desapareceu pode ser que foi ela que fez as dez pragas.

Quando D’us criou o mundo, ele criou o Grand Canyon no Arizona onde parece que o Rio Colorado causou o surgimento do Canyon correndo sobre ele milhões de anos.

D’us criou o Grand Canyon já cortadinho e bonitinho nos seis dias da criação há 5781 anos atrás e o conservou inteirinho durante o dilúvio para termos o livre arbítrio de optar entre D’us ter criado o mundo há 5781 anos atrás ou o mundo existir por si só milhões de anos.

Se um cientista estivesse nos seis dias da criação do mundo e analisasse cada coisa no momento em que D’us a criou, ficaria espantado!

No primeiro dia, quando Hashem criou a luz ele diria : – Não pode ser que já existem bilhões de anos luz da terra até as estrelas se as estrelas ainda nem existem!

No terceiro dia ele cortaria uma árvore que acabou de ser criada e diria que cada anel dela representa cem anos, e que não pode ser que essa árvore acabou de brotar!

No quarto dia, quando Hashem colocou as estrelas no final dos bilhões de anos luz, ele diria que a luz teria que sair da estrela e levaria bilhões de anos até chegar à terra, e que não poderia estar lá antes de as estrelas existirem.

Ele faria uma análise geológica das pedras e diria que essas pedras tem bilhões de anos! Ele veria que o Grand Canyon foi criado antes do Rio Colorado e que Adam e Havá não eram dois bebês recém nascidos.

Ou seja, há 5781 anos atrás Hashem criou do nada pedras de milhões de anos, um mundo que aparenta ser muito mais velho do que realmente é.

E porque Hashem fez assim? Para termos o livre arbítrio! Para podermos ter nossa própria opção e escolher o bem por nossa própria escolha, e consequentemente por próprio mérito receber um paraíso enorme por ter feito a escolha certa.

Hashem faz o milagre e a maldição se transforma em benção. A ciência tira conclusões se apoiando nos inúmeros detalhes vinculados à causa dos acontecimentos e determina que caso esses inúmeros detalhes se reúnam novamente nessas mesmas circunstâncias aquilo acontecerá novamente.

De vez em quando todas as inúmeras circunstâncias são opostas e mesmo assim aquilo acontece. Então eles atestam que existe alguém que dirige o mundo, e as pessoas têm mais facilidade para aceitar que por trás de tudo existe D’us.

A própria ciência traz estatísticas de que quem faz “Brit Milá” (circuncisão) está quilometricamente abaixo da média de doenças como HIV, e que a mulher que guarda a pureza familiar está quilometricamente abaixo da média de doenças como câncer de útero, e que quem come Kasher está bem abaixo da média de doenças causadas pela alimentação como o infarto.

Inventaram o smartphone nos dando acesso instantâneo para que cada um de nós pudesse baixar mais de 50.000 livros judaicos que antes disso tínhamos que comprá-los um a um em Israel ou nos Estados Unidos

E no smartphone um navegador com “search” para encontrarmos os assuntos que precisamos em cada um desses livros, fazendo com que o que era antigamente privilégio de grandes Sábios agora esteja acessível à todos nós

Os cientistas não têm a intenção de defender ou divulgar o judaísmo, mas no mérito da ciência conseguimos evidenciar o judaísmo hoje mais do que nunca.

Como diz a nossa Parashá, Hashem transformou a maldição em benção!

Lavan, Bilam, Naval

Todo o poder de Bilam, toda a sua força, estava na fala. Ele fazia feitiços por meio da fala, maldições por meio da fala, dava maus conselhos e fazia intrigas, tudo por meio da fala

Na Parashá anterior estudamos que o principal da Alma de Korach era o lado ruim da Alma de Hevel (Abel).No Shaar Hapsukim do Ari Zal em Parashat Korach consta que em Korach estavam 308 Almas do lado ruim de Hevel e isso era o principal da Alma dele.

Posteriormente ele “pegou” o lado ruim da Alma de Caim.Depois desse acontecimento Korach é visto como Alma de Caim até seu conserto e refinamento feito pelo seu descendente, o profeta Shmuel que também é ligado à raiz de de Cain.

O profeta Shmuel tirou seu antepassado Korach do gehinom seguindo a regra judaica de que o mérito do filho serve para o pai, regra que inclui todos os antepassados.

Bilan também era o lado ruim da Alma de Hevel, mas em um aspecto diferente da Alma de Korach

Diz o Sefer Haguilgulim do Ari Zal (livro das reencarnações) que Lavan, o pai das nossas matriarcas, mesmo sendo “Lavan o ruim”, tinha poderes na fala, e quando Eliezer chegou à Haran e ele o recebeu com as palavras “Benvindo abençoado por D’us”, tirou Eliezer da maldição herdada de Ham e o transformou de amaldiçoado em abençoado. Posteriormente Lavan se reencarnou e se tornou Bilam

A fonte dos super poderes

O lado ruim de Hevel também tinha um pequeno aspecto de Kedushá (Santidade) porque quando o lado ruim é refinado e “expelido” para fora do lado bom leva com ele um pouco da Kedushá do lado bom, e por isso Bilam era profeta de alto nível e comparado à Moshe Rabeinu por causa desse lado bom que ainda tinha permanecido nele

Essa comparação de nível também é causada pelo fato de tanto a Alma de Moshe quanto a de Bilam terem origem em Hevel (Abel) e posteriormente estarem em Shet onde aconteceu o refinamento e a separação, indo o lado bom para Moshe e saindo dele o lado ruim que foi para Bilam. Esse era o aspecto espiritual comum entre Moshe e Bilam

Reencarnação como mineral

D’us é a essência do bem e o que chamamos de castigo não é um castigo mas sim o refinamento da Alma. Todo o mal que Bilam fez foi por meio da fala e por isso, diz o Shaar Haguilgulim, ele se reencarnou como pedra.

A pedra não fala, e o sofrimento dessa Alma obcecada em falar coisas ruins, quando reencarnada em mineral é enorme.

Depois de passar por reencarnação em pedra, diz o Shaar Haguilgulim que Bilam se reencarna como Naval Hacarmeli, um judeu muito rico, descendente de Kaleb e portanto parente de David

Os homens de David deram uma ajuda muito grande aos pastores de Naval, e quando Naval fez a grande festa da tosa do seu rebanho como se costumava fazer naquela época, David mandou uma delegação de seus homens para arrecadar fundos para as famílias quê necessitavam para as festas judaicas que iriam começar.

Nessa ocasião, não só que Naval não participou com nada, mas também fez uma horrível e incriminadora declaração contra o Rei David que o ajudou

David tinha sido ungido pelo profeta Shmuel para ser o novo rei Israel e Shaul desconfiava disso e queria assassinar David. A declaração de Naval contra David estava colocando ele e seus homens em perigo dando mais um pretexto para Shaul fazer um novo ataque

Se Naval agradecesse pela grande ajuda que recebeu de David e desse essa Tzedaká que seria o mínimo de reconhecimento pelo trabalho que eles tinham feito para Naval

Esse apoio para as famílias necessitadas que protegeram seus rebanhos, não só que não seria para ele um prejuízo mas seria até um investimento para as próximas vezes que precisasse dessa ajuda. E o principal, o bem da sua Alma, porque se fizesse isso também conseguiria consertar de maneira positiva o que fez de errado na reencarnação anterior.

O Rei David ouvindo os insultos de Naval relatados pelos pelos seus homens decidiu usufruir do seu direito de Rei Ungido de poder atacar a pessoa que se declarou contra ele e estava colocando ele em perigo de vida

David e seus homens só não colocaram isso na prática porque Avigail, esposa de Naval se encontrou com David no meio do caminho trazendo mantimentos e implorando para que ele deixasse isso nas mãos de D’us, o que foi visto pelo rei David como uma grande sabedoria e inspiração Divina

Diz o versículo que quando Avigail conta à Naval a consequência das suas palavras ruins “ele ficou como uma pedra”. Diz o Ari Zal que a linguagem do versículo nos revela que mesmo não nos lembrando da nossa reencarnação anterior, nossa Alma se lembra, e por isso ele teve essa reação.

Inconscientemente ele se lembrou que por esse mesmo motivo ele tinha se reencarnado em uma pedra. Logo após esse acontecimento ele faleceu, nos mostrando que quando a pessoa não faz o conserto da sua Alma de maneira positiva o conserto acontece por si só mas de maneira negativa

Aprendemos da história de Bilam para o nosso dia a dia que Hashem nos protege das pessoas que nos amaldiçoam e transforma as maldições em bênçãos, e por isso não precisamos nos preocupar mas sempre devemos confiar em D’us

Aprendemos também que sempre devemos falar coisas boas e nunca falar coisas ruins, e que Hashem pode resolver os nossos problemas de várias maneiras sem que você seja o bruxo ou a bruxa má da história

E aprendemos também que existe reencarnação em minerais!

Conclusão: de vez em quando é melhor ser uma pedra durante a vida e não falar coisas ruins do que ter que ser uma pedra depois da vida…. Então, vamos falar só coisas boas, só temos a ganhar 😊

Hukat  – 5781
O lado espiritual da Vaca Vermelha
Nossa Parashá nos conta sobre uma Mitzvá (um Mandamento Divino) que aconteceu somente nove vezes em toda a nossa história, e acontecerá pela décima e última vez na época do Mashiach
Essa Mitzvá é chamada de Pará Adumá, que literalmente significa a “Vaca Vermelha”
Ela consiste em se fazer o abate de uma vaca totalmente vermelha sobre uma estrutura de toras de madeira e depois acender um fogo nessa estrutura transformando-a em uma grande fogueira
Quando a maior parte da vaca vermelha (que já foi abatida) está queimando e a barriga dela se abre, se joga dentro dela um pedaço de “erez” que é a maior árvore da terra de Israel, um pedaço de “ezov” que é a menor árvore daquela região, e tolaat shani que é uma lã tingida com tinta vermelha originaria de um vermezinho
As cinzas da fogueira da vaca vermelha junto com tudo o que foi queimado nela é usada para purificar as pessoas da maior de todas as impurezas, a impureza dos mortos
Todos os que participam da preparação dessas cinzas em todas as suas etapas devem estar puros antes de começar esse procedimento, e ao final dele se tornam impuros, caracterizando a vaca vermelha como algo que purifica os impuros mas impurifica os puros
A explicação do Baal Shem Tov 
A Vaca Vermelha representa o orgulho
O Baal Shem Tov nos ensinou que todos os Mandamentos Divinos são eternos.
Mesmo que na prática eles precisam ser cumpridos por meio de uma ação determinada e em um tempo determinado, mesmo assim eles sempre trazem para nós um ensinamento que pode ser colocado na prática por cada um de nós e em qualquer momento
Nesse aspecto os Mandamentos Divinos são eternos, pelo motivo de a Torá ser Divina e a revelação Divina ser eterna.
Dizem os alunos do Baal Shem Tov em seu nome, que toda a Torá tem que estar sempre presente na nossa vida diária dentro desse aspecto, o de aprendermos de cada Mandamento Divino uma instrução que pode ser colocada na prática no nosso dia a dia
Eles perguntaram ao Baal Shem Tov:- O que podemos aprender da Mitzvá da “Pará Adumá”(a vaca vermelha) para o nosso trabalho Divino diário, se até na época do Beit Hamikdash ela não aconteceu a não ser raramente?
E também, o que podemos aprender do fato de que ela impurifica os puros e purifica os impuros?
E assim respondeu o Baal Shem Tov:
A “Pará Adumá” representa o orgulho!
No princípio, quando nos comportamos de maneira incorreta e portanto estamos distantes de Hashem (D’us), o começo do nosso “conserto” é por meio do orgulho e das “segundas intenções”
Temos que cumprir os Mandamentos Divinos para “nos exibir”, por exemplo, ou de uma maneira mais nobre, mas ainda com “segundas intenções”, de “ganharmos o Paraíso futuro”.
Temos que pensar que é mais do que justo que Hashem nos dê uma enorme recompensa por tudo o que estamos fazendo, temos que achar que estamos fazendo algo para D’us
Mas a verdade é que se D’us não nos desse força, o que seria de nós? Como podemos cobrar de Hashem uma coisa que fizemos com a força que ele próprio nos deu?
Mas nunca conseguiríamos chegar à essa verdade, e D’us nos livre, ficaríamos de fora, se não começássemos o trabalho Divino como uma criança pequena, para exibir que estamos fazendo o que é certo e portanto somos importantes, ou para receber algo em troca, por mais nobre que seja a recompensa como por exemplo o futuro Paraíso
Depois que começamos o trabalho Divino com essas “segundas intenções” e conseguimos “crescer e amadurecer” dentro do trabalho Divino, descobrimos que Hashem é a essência do bem e ele nos ama mais do que nós amamos nossas próprias crianças, infinitamente mais do que imaginávamos!
Perdemos o interesse pelo que os outros vão pensar de nós, perdemos a vontade de nos “exibir”, e vemos o futuro paraíso como uma coisa óbvia, como voltar para casa depois de estarmos perdidos na selva por tanto tempo.
Paramos de pensar em nós próprios e começamos a pensar em Hashem que está tão preocupado com a nossa “volta para casa”. Vamos pelo caminho certo para que Hashem fique “menos preocupado” com a gente e não para termos algum lucro com isso
Nessa segunda etapa, ter orgulho, cumprir os Mandamentos Divinos para nos exibir ou para ganhar o paraíso é uma regressão à etapa anterior. Nessa segunda etapa se tivermos orgulho ele nos derruba
Nessa segunda etapa, na qual voltamos a ser crianças puras, temos que manter essa pureza e nos afastar do orgulho até o extremo
Porque a prepotência é uma auto idolatria, e aonde há idolatria a revelação Divina se oculta. Nessa etapa o orgulho nos impurifica
Conclusão: o orgulho purifica os impuros e impurifica os puros
E esse assunto existe em todos os níveis, até no nível dos Tzadikim, das pessoas mais elevadas espiritualmente.
Até os próprios Tzadikim, para subirem do seu nível tão elevado para um nível mais elevado ainda, precisam usar esse sistema de começar pelo orgulho para decolar, e depois se apegar à humildade para aterrissar com segurança no nível superior
E por isso, também sobre os Tzadikim podemos dizer que o orgulho purifica os impuros, sendo que qualquer nível espiritual em relação ao nível superior à ele é comparado à impureza em relação à pureza
Sendo que o nível espiritual inferior está distante do superior, em relação ao nível de revelação Divina superior o Tzadik está longe de D’us, mesmo que para nós que estamos em um nível muito mais baixo ele está infinitamente mais perto de D’us do que nós
E antes de qualquer pessoa se aproximar de Hashem por meio de alguma Mitzvá, Torá ou Tefilá (reza) ele é considerado impuro, ou seja, distante de Hashem em relação ao nível da aproximação que ele vai chegar por meio da Mitzvá, da Torá ou da Tefilá que ele vai fazer, e não temos como nos aproximar de Hashem a não ser por meio do orgulho
Na “sitra ahara”, no lado espiritual impuro, representado principalmente pelo que está mais próximo à nós que é o nosso próprio “yetzer hará” (nossa má inclinação), o raciocínio é totalmente contrário
O yetzer hará começa pela humildade e termina no orgulho
Começa pela humildade dizendo:
:- “Quem é você para fazer uma Mitzvá?”
:-“O que adianta você estudar Torá, de qualquer jeito você nunca vai saber tudo”
:- “Você acha que é tão querido por Hashem para que a sua reza seja ouvida?”
Quando um pensamento desses proveniente do yetzer hará nos atinge como um míssil do Hamas que sai de dentro da própria terra de Israel para destruí-la, você deve responder com todo o orgulho dizendo:
:-Quem sou eu para não fazer uma Mitzvá!
:-O meu estudo de Torá lá encima é visto como uma pequena luz na escuridão que é muito mais importante do que uma grande luz que não está na escuridão
:- A minha reza lá encima é ouvida com mais atenção ainda, como uma criança aprendendo a falar que mesmo falando errado o pai está tão feliz em ouvi-la que até repete as palavras dela de tanta felicidade
O fato de o orgulho no começo do trabalho Divino fazer parte da santidade e não ser comparado à uma Mitzvá feita por meio de uma “averá” (transgressão) é porque por trás dele se encontra a verdadeira humildade como vemos nos exemplos acima
A humildade da “sitra ahara” é dizer :-quem sou para fazer uma Mitzvá
A humildade da Kedushá (santidade) é dizer :-quem sou eu para não fazer uma Mitzvá.
E esse lado oculto da verdadeira humildade se disfarça de orgulho para enfrentar o Yetzer hará que tenta nos seduzir dizendo que é uma grande Mitzvá ser humilde mas que por motivos de humildade você não deve cumprir Torá e Mitzvót sendo que você ainda não está nesse nível!
E você só consegue refutar os argumentos dele com orgulho. E por meio desse orgulho você se purifica e se aproxima de Hashem, por meio de ter orgulho em estudar Torá, em rezar, em cumprir as Mitzvót
O orgulho de fonte impura é o orgulho da segunda etapa, quando você já está estudando Torá, cumprindo Mitzvót e caprichando na Tefilá. Aí aparece o Yetzer hará e tenta te convencer de que você é melhor do que as pessoas que não estão fazendo o que você faz.
Esse é o orgulho proveniente da “sitra ahara” e o objetivo dele é te derrubar dessa forma fazendo com que você se ache melhor do que os outros, fazendo com que você se sinta um deuzinho, transformando você em uma pequena idolatria e te distanciando de Hashem muito mais do que você estava antes de começar
Por isso o orgulho é chamado de Pará Adumá. Pará(vaca) é uma linguagem de crescimento, o orgulho de fazer uma Mitzvá faz você crescer.
Adumá (vermelha) se refere à “sitra ahara” que é o orgulho que você sente depois de ter feito a Mitzvá, o orgulho de ser melhor do que alguém que não fez essa Mitzvá, orgulho proveniente do lado impuro
Portanto é colocado dentro da fogueira da vaca vermelha um pedaço de Erez que é a maior árvore, um pedaço de ezov que é a menor árvore, e tolaat shani, a lã tingida com a tinta vermelha originaria de um vermezinho
Como explica Rashi que quem se orgulhou como um Erez, tem que se rebaixar como um ezov e como uma tolaat, um vermezinho
Diz o Rambam que o cajado de Erez que era colocado dentro da fogueira da vaca vermelha tinha um limite de altura de cinquenta centímetros
Disso nos ensina o Baal Shem Tov mais uma regra importante que aprendemos da Mitzvá da Pará Adumá
Que mesmo sendo necessário o orgulho no começo do trabalho Divino, ele tem que ter um limite. Não podemos perder o controle sobre ele para que seja possível eliminá-lo depois com muita facilidade
Conclusão:
Leia novamente tudo o que foi dito acima e coloque na prática com muito amor e carinho!

Korac’h  – 5781

Nossa Parashá começa com as palavras “e pegou Korac’h” mas continua o assunto sem dizer o que ele pegou mas dizendo somente o que ele fez

A pergunta é: O que ele “pegou” que causou para ele fazer o que ele fez

A explicação do Ari Zal

Nossa Alma Divina tem cinco níveis, mas só três deles se revestem no nosso corpo, os outros dois estão sempre em um aspecto de “luz envolvente”

O nível mais baixo da nossa Neshamá é chamado de Nefesh

O nível acima da Nefesh é chamado de Ruach

O nível acima do Ruach é chamado de Neshamá

O nível acima da Neshamá é chamado de Haia

O nível da Haia é chamado de Yehida

Muitas vezes as escrituras sagradas usam uma linguagem genérica para a Nossa Alma chamando ela de Nefesh ou de Neshamá sem nenhuma intenção em relação àquele nível da Alma.

Ou seja, às vezes a palavra Nefesh ou Neshamá querem dizer simplesmente “Alma”, e às vezes as palavras Nefesh e Neshamá estão se referindo ao nível Nefesh e ao nível Neshamá

O Zohar nos conta que Adam Harishon, o primeiro homem, fez as três maiores transgressões que são: idolatria, assassinato e relações ilícitas

Idolatria, porque o argumento da cobra foi que se ele comesse a fruta da Etz HaDaat ele viraria D’us, e ele comeu aquela fruta para virar D’us. Essa transgressão afetou o nível mais baixo da Alma dele, o nível Nefesh

Assassinatos, porque Hashem (D’us) tinha avisado à ele que se ele comesse aquela fruta ele morreria e todos morreriam por causa dele. Essa transgressão afetou o nível Ruac’h da Alma dele

Relações ilícitas, porque depois que ele comeu aquela fruta ele culpou a mulher por ter causado isso para ele e teve durante 130 anos relações ilícitas com duas criaturas que se materializavam para isso mas engravidavam demônios.

Uma delas era a “li…” que é o aspecto feminino do anjo da morte, ou seja, a esposa da “coisa ruim”, e a outra era a “na…”, outra demônia

Essa transgressão afetou o nível mais elevado da Alma que se reveste no corpo e portanto pode ser afetado pelas nossas transgressões, o nível Neshamá da nossa Alma

Para retificar essas três transgressões Adam Harishon se reencarnou simultaneamente em três pessoas que viveram na mesma época que são os nossos três patriarcas

Avraham Avinu retificou o nível Nefesh de Adam Harishon,

Itzc’hak Avinu retificou o nível Ruac’h de Adam Harishon e

Yaakov Avinu retificou o nível Neshamá de Adam Harishon

Diz o Ari Zal que essa Alma pôde se reencarnar simultaneamente em três pessoas que viveram na mesma época sendo que são três níveis diferentes da mesma Alma.

Mas o mesmo nível só tem como se reencarnar se a pessoa anterior falece, só assim ele pode se reencarnar em outra pessoa, mas se são três níveis diferentes podem se reencarnar simultaneamente

O Ari Zal nos conta que depois do conserto da Alma de Adam Harishon pelos nossos três patriarcas começa o conserto da Alma de Caim que também se reencarna em seus três níveis em três pessoas diferentes simultaneamente

Ytró era o nível Neshamá, o nível mais alto da Alma de Caim.

Korach era o nível Ruach da Alma de Caim, e o “Mitzri” (o egípcio que Moshê matou para salvar o judeu que aquele egípcio estava assassinando) era o nível Nefesh, o nível mais baixo da Alma de Caim

Quando uma Alma volta para consertar o que fez em uma reencarnação passada, ela volta com a mesma vontade de fazer a coisa errada que fez na reencarnação anterior

Mas dessa vez, ou ela conserta o que fez na reencarnação anterior se controlando para não fazer aquela coisa errada novamente, ou ela conserta recebendo o castigo “medida por medida” do que fez

Adam Harishon impurificou o nível Nefesh da sua Alma por meio da idolatria. Avraham Avinu retificou a Nefesh de Adam Harishon por meio de ter nascido filho de Terac’h que era fabricante e vendedor de estátuas para a idolatria, e não só pelo fato de Avraham ter deixado a idolatria, mas também por ter dedicado toda a sua vida ensinando os idólatras à deixarem a idolatria e rezarem somente para Hashem

O Midrash nos conta que a linguagem do versículo que fala sobre o nascimento de Caim e Abel nos indica que com Caim nasceu uma irmã gêmea e com Abel nasceram duas, como diz o versículo: “ela deu à luz à…”e” Caim” “e ela deu à luz…”e”… à seu irmão…”e”…Abel”. Cada “e” no versículo vem acrescentar uma gêmea, como dizendo “ela “e” Caim

Sendo que Havá era parte de Adam Harishon podemos dizer que Adam Harishon se casou com si próprio sendo que ela era um lado dele

(a palavra “tzela” que quer dizer “lado” foi traduzida pela igreja erroneamente como costela, mas o Midrash nos conta que quando Hashem fez o primeiro homem, um lado dele era Adam e o outro Havá, e para criar a mulher Hashem somente separou esses dois lados)

A segunda geração que eram Caim e Abel se casariam com as próprias irmãs, e por isso Caim nasceu com uma gêmea e Abel com duas

O nível Nefesh de Caim se reencarnou no “Mitzri”, no egípcio que estava tentando assassinar um judeu à chicotadas. Quando Moshê saiu do palácio do Faraó para ver de perto o que está acontecendo com o nosso povo Moshê tinha vinte anos

Moshê viu um egípcio tentando assassinar um judeu à chicotadas. Diz o versículo que Moshê olhou para um lado e para o outro. O Midrash diz que Moshê olhou para um lado e viu o que o egípcio fez na casa e o que ele fez no campo

Depois disso Moshê falou o nome de Hashem de quarenta e duas letras que são as iniciais das quarenta e duas palavras da reza “Ana Bekoac’h” tirando dessa forma a alma do egípcio do corpo

Diz o Ari Zal que o que Moshê viu que o egípcio fez no campo não se referia ao egípcio mas sim ao nível Nefesh da Alma de Caim que estava nele.

Ou seja, Caim matou Abel no campo para roubar dele a gêmea que tinha nascido a mais, e esse egípcio que era a reencarnação de Caim (nível Nefesh) tinha passado a noite na casa do judeu violentando a esposa dele e agora estava assassinando o marido para pegar ela definitivamente

Moshê matou o egípcio e o escondeu dentro da terra, e essa foi a retificação “midá kneged midá” (medida por medida) sendo que Caim matou Abel e “a terra se abriu para receber o sangue dele”

Depois desse acontecimento Moshê foge para Midian e se encontra com Ytró que precisa retificar o nível Neshamá de Caim que foi afetado pela relação ilícita que Caim teve com a gêmea que roubou de Abel. Aquela gêmea se reencarna como Tzipora, a filha de Ytró

Ytró dá sua filha Tzipora para se casar com Moshê, e depois da saída do Egito a leva pessoalmente para Moshê no deserto fazendo o conserto da Neshamá de Caim.

Ytró retificou Caim por meio de uma ação positiva e por isso não precisou passar pela retificação “medida por medida” como o egípcio

O que Korac’h pegou

Korac’h, diz o Ari Zal, pegou o Ruac’h de Caim. O que estava faltando nessa retificação é o fato de Caim ter assassinado Abel porque o korban (o sacrifício) de Abel foi aceito por Hashem e o dele não, e o assassinato por esse motivo foi o que afetou o nível Ruac’h da Alma de Caim

Korac’h não retificou o nível Ruac’h de Caim por meio de uma ação positiva, mas muito pelo contrário. Ele tentou fazer com que Moshê fosse condenado como falso profeta para que ninguém mais do que korac’h se tornasse o “Cohen Gadol”, o sumo sacerdote, o responsável por todos os assuntos religiosos do nosso povo

Por isso Moshê disse para ele que se a terra se abrir esse é o sinal de que a profecia de Moshê foi dada por Hashem. Ou seja, medida por medida. Como a terra se abriu para receber o sangue de Abel agora ela vai se abrir para receber Korac’h, ou seja, para receber Caim

O “tikun”(conserto) de kaim, diz o Ari Zal, está indicado no seu próprio nome. Daqui vemos que Havá tinha visto isso quando deu à luz à ele e o chamou de Ca-i-m que são as iniciais de Corach (korac’h), Itró (Ytró), e Mitzri (o egípcio)

Shela´h – 5781

Profissionalismo” ou a “falta de profissionalismo” no caso dos espiões
Nossa Parashá nos conta que, atendendo aos pedidos do nosso povo, Moshe manda 12 espiões para verificar a terra prometida antes da conquista.
Moshe pede para eles verificarem se os povos da terra são fortes ou fracos, e dá uma dica de como verificar isso:
Dica de Moshe Rabeinu : Muralhas altas são sinais de fraqueza!
Moshe Rabeinu deu um sinal para os espiões: “Se as cidades não tem muralhas é sinal de que seu povo é forte, confiam na própria bravura.Mas se elas têm muralhas, isso é sinal de fraqueza, não confiam na própria capacidade de se defender”
Porque Moshe precisou dar esse sinal? Porque a natureza humana é de generalizar.Quando você vê uma cidade com uma grande muralha você acha que o povo dentro dela é muito forte e tudo lá dentro segue esse alto padrão, mas o contrário é o certo! Uma grande muralha demonstra a grande fraqueza do povo que vive por trás dela.
A Torá é eterna e essa dica de Moshe Rabeinu é atual também hoje, e até em relação a nós !Se no nosso dia a dia somos “divas inacessíveis” e construímos uma enorme muralha à nossa volta, estamos simplesmente expressando nossa própria fraqueza!
Quando aprendemos um pouquinho de judaísmo não devemos nos fechar para proteger o que sabemos, mas ao contrário! Devemos compartilhar o pouquinho que sabemos com outras pessoas que nem esse pouquinho sabem
O erro de avaliação dos espiões
A Parashá nos conta que os doze espiões voltaram depois de quarenta dias. Dez deles opinaram que os povos da terra são muito fortes, o rio Jordão é muito fundo…etc etc etc
Eles se impressionaram com as muralhas das cidades e contaram que elas eram muito grandes esquecendo totalmente de que isso é um sinal de fraqueza No final deram sua própria avaliação que era a de não termos a capacidade de conquistar a terra, se esquecendo de mais uma coisa: De que eles foram mandados para nos dar um relato sobre a terra e não uma opinião própria de sermos ou não sermos capazes de conquistá-la!
Kaleb – um espião com uma visão diferente. Aprendemos com Kaleb que quando observamos um lugar não temos que procurar nele problemas mas sim soluções!
Os espiões eram pessoas importantes e influentes e a eficiência deles era reconhecida por todos. Kaleb também aparentava pertencer a essa estrutura e a essa “mentalidade”. Ele começou a falar como se fosse “mais um” que aparentemente iria acrescentar mais alguma dificuldade, mas ao contrário dos outros, revela que podemos conquistar a terra e ainda com facilidade.
Kaleb lembra ao povo que Moshe abriu o mar vermelho e que fez milhões de aves aterrissarem no acampamento e virarem “frango assado”
Kaleb era visto pelo povo como alguém tão qualificado como os outros, e por isso era esperado dele relatar de maneira profissional e objetiva o que viu na terra prometida, mas aparentemente seus relatos não tinham nada a ver com sua missão.
Os outros espiões contaram sobre o que espionaram e Kaleb contou sobre os feitos anteriores de Moshe. Qual era a lógica de Kaleb?
Para entender os argumentos de Kaleb vamos imaginar esse mesmo caso em uma situação atual.Imagine um almirante de um porta aviões americano próximo a uma ilha desconhecida no oceano Pacífico mandar um barquinho com os mais altos oficiais do porta aviões para inspecionar a ilha
Na volta eles dizem que não temos capacidade de anexar essa ilha aos Estados Unidos por ela ter cinco mil índios enormes, cada um com cinco arcos e cinqüenta flechas.
Nessa hora um deles diz:- Pessoal, antes de sairmos da Califórnia o almirante carregou esse navio com mísseis, aviões, helicópteros e canhões, vai ser muito fácil conquistar essa ilha!
Será que nessa hora algum dos espiões retrucaria dizendo :- você não está sendo nada profissional, você foi mandado para ver o que tem na ilha e não para falar sobre o equipamento que foi colocado no navio?
Isso foi o que fez Kaleb.Lembrou a todos que Moshe abriu o mar vermelho para o nosso povo passar, e o que é um rio Jordão para quem já abriu um mar?
Que Moshe fez aterrissar no acampamento milhares de aves que a natureza delas era voar para cima e não descer para baixo, e o que é para ele uma muralha de pedras que já tem a natureza de afundar no chão?
E assim foi. Quarenta anos depois, quando o povo de Israel entrou na terra prometida, o rio Jordão se abriu e as muralhas de Jericó afundaram na terra.
Aqui vemos o profissionalismo de Kaleb. Claro que ele acreditava no total poder de Hashem que poderia fazer o rio Jordão desaparecer e as muralhas de Jericó saírem voando por aí, mas o raciocínio lógico dele foi profissional e realista:
Ele listou os milagres que já tinham acontecido e concluiu: Se Moshe já tinha feito milagres tão grandes, o que seria para ele fazer milagres menores?
Conclusão: Cada um de nós já passou durante a sua vida por verdadeiros milagres. Aprendemos com Kaleb que sempre temos que ter em mãos a lista de todos os milagres que nos aconteceram e usá-la como base para o nosso dia a dia
Não olhar para as dificuldades que temos à frente mas sim para os milagres que temos atrás, nos lembrando a cada instante que Hashem está cuidando hoje de cada um de nós com o mesmo amor e carinho que sempre cuidou de nós no passado.
E como Kaleb, que no mérito desse raciocínio correto, mais futuramente entrou na terra prometida, cada um de nós exercitando dia a dia esse tipo de raciocínio vai receber de Hashem tudo o que precisar
Como uma mãe não esquece seu nenê no supermercado, Hashem também não se esquece de nós. E o amor que Hashem tem por cada um de nós é infinitamente maior do que uma mãe tem pelo seu próprio nenê.
Mas de nós é exigido fazer a nossa parte, como Kaleb que no mérito disso recebeu a cidade de Hebron.Isso se chama “Bitahon”, mais do que uma simples confiança, uma segurança.
Não temos como pensar errado e receber o certo, temos que pensar certo, ter plena segurança em Hashem, e aí os milagres acontecem!
O Rebe de Lubavitch sempre deixou claro que nós somos a geração da redenção final e estamos prestes a entrar em uma era onde tudo vai ser bom
Todos os sinais que os nossos sábios deram sobre essa última geração aconteceram e não há dúvida nenhuma de que Mashiach está bem próximo.
Então, mais um pouquinho de Bitahon, e no lugar de remediar todo dia um mundo crônico, vamos entrar imediatamente em um mundo melhor, em uma nova era!
Behaalotecha – 5781
Nossa Parashá nos conta um fato muito interessante. Tzipora, esposa de Moshe Rabeinu, deixou vazar um desabafo de que seu marido, por ser um profeta, não tinha mais tempo para ela.
Aaron e Miriam também eram profetas e Moshe era o irmão mais novo deles, e mesmo sendo eles devidamente profeta e profetiza, eles tinham tempo para viver com seus cônjuges.
Eles contestam o comportamento de Moshe achando que todos os profetas são iguais e Moshe não é nenhuma exceção de regra. Quase que eles tinham razão …mas …quase!
Nesse exato momento Hashem se revela para os três, Moshê, Aharon e Miriam, e revela para eles que existem diferentes níveis de revelação profética. Essa passagem aparece em uma linguagem exclusiva que é explicada pelo Zohar e pela Guemará :
A profecia não é somente uma informação Divina mas ela se incorpora com o mundo causando uma transformação nele. Para ela descer ao mundo e acontecer por meio dela um vínculo entre​ o espiritual e o material , ou seja, para que ela aconteça, ela tem que ser incorporada pelo profeta e por meio dele ela se incorpora ao mundo.
A revelação e incorporação da profecia para Moshe Rabeinu é direta, como alguém que olha por uma janela de vidro transparente e vê claramente o que há do outro lado, uma profecia clara e objetiva, na linguagem dos nossos Sábios: “Aspaklaria Meirá” tradução literal desse termo técnico da antiguidade “vidro (speculo em latim) que ilumina” ou seja, uma janela de vidro transparente
A revelação da profecia para todos os outros profetas é oculta e indireta, um nível mais baixo, levando em consideração a capacidade do profeta de incorporá-la.
Ela acontece por meio de visões e sonhos, por meio de exemplos e enigmas, como alguém que olha para um espelho que reflete a imagem e não está vendo ela diretamente mas sim um reflexo dela que tem que ser decifrado, na linguagem dos nossos Sábios “Aspaklaria Sheeina Meirá” (um vidro que não ilumina, ou seja, uma janela de vidro que não é transparente e somente reflete as imagens)
Dentro desse contexto existem alguns critérios, como nos explica o Zohar a seguir :
A Revelação Divina só acontece em um lugar adequado, em um ambiente adequado, sobre uma pessoa adequada para recebê-la, e de acordo com o nível que o profeta pode incorporar (por esse motivo o profeta Yoná tentou fugir para um lugar inadequado para que a profecia de Nínive não acontecesse por meio dele.
Avraham Avinu, nosso primeiro patriarca, era a pessoa adequada no lugar adequado, mas Lot estava morando ao lado dele mas se comportando como em Sodoma, fazendo com que o ambiente ficasse inadequado.
Hashem se revelou para Avraham naquele mesmo lugar somente depois que Lot saiu de lá e foi morar em Sodoma, e assim o ambiente de Avraham voltou a ser adequado. (Mas a profecia era somente no nível que ele tinha a capacidade de incorporar).
Yaakov Avinu, nosso terceiro patriarca, teve uma revelação profética quando fugiu de Essav. Essa revelação foi por meio de um sonho que é o nível mais baixo de recebimento de uma profecia.
Diz o Zohar que o motivo disso foi o fato de Yaakov ainda não estar casado, e mesmo estando em Beit E-l , lugar adequado, ainda não era a pessoa totalmente adequada por estar solteiro. Depois que ele se casou em Haran, teve novamente uma revelação profética por meio de sonho, aí ele já era a pessoa adequada, mas o lugar (Haran na Síria) não era adequado, e por isso o nível da profecia foi o mais baixo.
Quando ele voltou já casado, para a “Terra Santa”, a revelação profética aconteceu para ele estando acordado, por meio de uma visão (ainda não era o nível de Moshe), e mesmo assim, diz o Zohar que esse nível só foi alcançado porque seu pai Itzhak já havia falecido, mais um critério na profecia.
Ou seja, enquanto um profeta está no mais alto nível possível na sua época, outro profeta não tem como chegar a esse nível. (Mas a profecia dele ainda estava no nível dos patriarcas, não tinha chegado ao nível de Moshe).
Diz o Zohar que Moshe teve o maior de todos os níveis​ de profecia. Ele incorporava a revelação profética para trazê-la ao mundo diretamente, em pé e com toda a sua força e energia e via a revelação claramente.
Diferente dos outros profetas que na hora de incorporar a profecia caíam sobre suas faces, enfraqueciam, e não tinham a capacidade de incorporar a profecia claramente.
E qual era o motivo dessa fraqueza? Diz o Zohar que era pelo fato de o “anjo de Essav” ter ferido a perna de Yaakov e Yaakov ter saído mancando desse acontecimento.
Espiritualmente o anjo ”sugou” a força das pernas de Yaakov causando com que depois disso nenhum profeta conseguisse incorporar (trazer para esse mundo) a profecia do que Hashem vai fazer para os “Bnei Essav”
(De acordo com Don Itzhak Abarbanel os “Bnei Essav” são os povos da Europa e suas ramificações coloniais)
Nenhum profeta conseguiu incorporar a profecia do final dos Bnei Essav com exceção do profeta Ovadiahu (Abadias) , proveniente de Edom que eram os descendentes diretos de Essav, e por isso sobre ele o assunto espiritual do anjo de Essav não recaiu.
Ele pôde incorporar claramente a profecia do fim de Essav e não enfraqueceu, e nenhum outro profeta pôde incorporar isso.
Moshe é a exceção de todas essas regras por estar em um nível tão alto que poderia incorporar claramente qualquer revelação sem enfraquecer.
Diz o Zohar que Moshe recebia a profecia em um nível de Sefirat HaTiferet de Atzilut , nível espiritual que nenhum profeta teve acesso
Diz o Ari Zal que o Mashiach vai ser a reencarnação de Moshe Rabeinu e vai revelar para todos nós as maravilhas ocultas da Torá.

Nassó -5781

A grandeza do Shalom Bait
Nossa Parashá nos conta sobre uma mulher que recebeu na frente de testemunhas uma ordem do marido de não se trancar com alguém. No final ela se trancou com aquela pessoa e o marido pediu divórcio por suspeita de que ela o tivesse traído
Por pior que tenha sido a atitude dela e também a dele, não estamos sozinhos nesse mundo. Hashem é a essência do bem e ama a cada um de nós infinitamente mais do que o amor que um pai teria pela sua filha única que nasceu quando ele tinha 100 anos de idade
E por isso, para tirar a suspeita do marido, Hashem pede para ele levar a esposa ao Beit Hamikdash, e lá o Cohen vai escrever uma parte dessa nossa Parashá, a parte que fala sobre essa proposta Divina para fazer o Shalom Bait.

Esse pergaminho chamado de Meguilat Sotá é colocado dentro de um copo de água e lá ele se apaga junto com o próprio nome de Hashem que está escrito nele.

Se ela não traiu o marido ela vai ser indenizada por Hashem pela vergonha que passou. Se ela não tinha filhos agora ela vai ter, se os filhos nasciam feios agora vão nascer lindos e inteligentes, e daí por diante

Mas se ela tivesse traído ela morreria. E por isso antes de beber aquela água onde foi apagado o nome de D’us, o Cohen avisava que se ela traiu de verdade ela pode receber do marido o “guet” (o divórcio) e se casar com outra pessoa
Mas se ela traiu de verdade e mesmo assim optasse por dizer que não traiu e beber aquela água, ela entraria em um curto-circuito espiritual e explodiria. E não só ela explodiria mas também o amante
Diz o Ramban, Rabi Moshe ben Nachman, que nenhuma lei da Torá funciona na base de 100% milagre a não ser essa
O Sefer Torá é a coisa mais sagrada no judaísmo por estarem escritos nele os nomes de D’us, e para fazer o Shalom Bait, para que marido e mulher vivam em harmonia familiar, Hashem (D’us) exige que o seu próprio nome seja apagado para que a família não seja apagada
Daqui vemos a estrondosa importância do Shalom Bait para Hashem, e seria uma “cara de pau” de nossa parte negligenciarmos uma coisa tão sagrada na visão Divina, ou seja, negligenciarmos o nosso próprio Shalom Bait
Se até nos preocupamos com as revisões periódicas do carro para que o motor não venha a fundir, quanto mais devemos nos preocupar com a manutenção do nosso Shalom Bait que para Hashem é infinitas vezes mais importante
Somos um casal de três no casamento. O marido, a mulher, e o principal :D’us
trouxe para vocês parte de uma escritura de Rabeinu Bahya ben Yosef ibn Paquda do seu livro Al Hidayah ila Faraid al-Qulub que foi escrito em árabe aproximadamente no ano de 1040 e depois traduzido para o hebraico por Yehuda ibn Tibbon durante os anos de 1161-80 com o título de Hovot Halevavot
“Temos a obrigação de confiar em D’us!”
Porque se não confiamos em D’us , automaticamente estaremos confiando em outra coisa, e quem confia em outra coisa a não ser D’us está abrindo mão da Divina Providência e caindo nas mãos daquilo em que confiou.
Quem acha que não precisa da ajuda Divina por ser muito inteligente e esperto e ter muita força e dedicação , precisa se lembrar de que se D’us não desse à ele constantemente inteligência, esperteza, saúde e dedicação ele estaria fraco, intelectualmente e fisicamente, e também deixaria escapar grandes oportunidades por não percebê-las a tempo.
Quem confia na própria riqueza tem que se lembrar que sem a proteção Divina essa riqueza poderia ser tirada dele e dada a outros, ou poderia continuar com ele sem que tivesse proveito e ainda fosse obrigado a protegê-la e aumentá-la até que ela chegasse ao destino certo. Ou, no pior dos casos, essa riqueza poderia se tornar o motivo da sua desgraça ou da sua morte.
Quem confia em D’us vive sempre tranquilo , não fica dependente das pessoas e não tem nada acima de si a não ser D’us.
Quem confia em D’us sempre terá como manter sua família , porque D’us vai fazer com que ele descubra sempre um meio para isso sendo que nenhum meio está oculto para D’us em nenhum lugar e em nenhuma época .
Quem confia em D’us não fica preocupado com coisas que possam acontecer mas sabe que só vão acontecer para ele coisas boas ou que pelo menos sejam para o seu bem . Recebe todos os acontecimentos com alegria e trabalha sempre com muita calma e tranquilidade .
Quem confia em D’us sabe que D’us sempre vai dar à ele tudo o que ele precisar, quando precisar, e no lugar que precisar. Da mesma maneira que D’us cuidou dele quando ainda estava no ventre da sua mãe, da mesma maneira que D’us sustenta as aves no céu e os peixes na água e até as criaturas tão pequenininhas e fraquinhas
Quem confia em D’us sempre vai ser querido por todos, até os animais vegetais e minerais querem o seu bem.
Quem confia em D’us está confiante que não vai ficar doente, e se isso acontecer pelo menos vai ser uma refinação para a sua alma no lugar de alguma coisa pior .
Quem confia em D’us não vai passar necessidades em nenhuma época durante todos os dias da sua vida.
Quem confia em D’us vai estar sempre seguro no seu país e tranquilo no seu lugar, e só terá que mudar dele por motivo Divino.
Quem confia em D’us vai ser acompanhado pela recompensa da sua confiança neste mundo e no próximo !!!

Bamidbar  -5781
Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) pediu para Moshe Rabeinu contar o povo de Israel. Rashi explica que o motivo dessa contagem é o grande amor que Hashem tem por nós
Durante os quarenta anos que estávamos no deserto nosso povo foi contado três vezes. A primeira vez foi quando saímos do Egito.
Antes de recebermos a Torá no Monte Sinai, Moshê Rabeinu contou nosso povo, como diz o versículo: ” e o povo de Israel viajou de Ramsés à Sucot seiscentos mil homens andando, fora as crianças”.
Porque Moshê fez esse senso? Para receberem a Torá. Como foi feita essa contagem não está explícito na Torá. O versículo nos conta sobre ela de maneira indireta nos trazendo apenas o resultado final desse primeiro senso.
Quando o povo de Israel saiu do Egito, eles ainda tinham que cumprir somente 7 Mitzvot de Bnei Noach. Talvez nesse nível ainda não houvesse a necessidade de contá-los de maneira indireta por meio de cada um trazer meio shekel e os shekalim serem contados, como aconteceu nas contagens posteriores
Três censos foram feitos. O primeiro para que o povo de Israel recebesse a Torá e os outros dois para que a “Presença Divina” pairasse sobre eles
Quando muitas pessoas morreram por causa do bezerro de ouro foram contados novamente, “aparentemente” para saber quantos sobreviveram
Quando foi feito o Mishkan (o Templo móvel) para que pairasse sobre nós a Shehiná (a Presença Divina), novamente foram contados. E essa é a contagem da nossa Parashá.
No primeiro dia do primeiro mês da Torá que é o mês de Nissan, foi montado o Mishkan. E por causa disso, no primeiro dia do segundo mês da Torá, que é o mês de Iyar citado aqui na nossa Parashá, nosso povo foi novamente contado.
E porque não foram contados imediatamente quando a Presença Divina pairou sobre nós por meio do Mishkan, mas Hashem esperou um mês inteiro para contar o nosso povo? Porque pela Torá um mês inteiro determina que algo é fixo, no caso, a Shehiná que pairou sobre nós
A contagem determina limites, e a fonte de todos os limites é o primeiro Tzimtzum, a grande ocultação Divina. A partir desse fenômeno espiritual entramos em um esquema de “Luzes” e “receptáculos” até chegar à nós. Nossa Alma está na categoria de “Luz” e nosso corpo de “receptáculo”
O problema com os limites é que eles descem até a “sitra ahara” que é o “lado espiritual impuro”. Os limites se tornam limites desnecessários, excessos de limite. Como por exemplo uma epidemia, que é desde um limite de saúde até um limite de vida, ou seja, a morte
Por isso, quando o rei David pediu para fazer o censo do nosso povo de maneira direta, a consequência disso foi uma epidemia que dizimou dezenas de milhares do nosso povo
O Rei David não achou que isso fosse uma coisa tão grave até ver com os próprios olhos a tragédia que aconteceu como consequência da contagem direta, algo que não teve precedentes por não ter sido feito de outra forma desde que recebemos o nosso upgrade com a entrega da Torá e nos tornamos oficialmente o povo escolhido
Depois que o nosso povo recebeu a Torá e se tornou o povo sagrado no sentido da palavra, Hashem pediu para contar o nosso povo indiretamente, e o motivo para isso foi exatamente esse, para que não acontecesse uma epidemia
Ou seja, pediu para contar o nosso povo por causa do carinho que Ele tem por nós, e por outro lado pediu para Moshe nos contar de maneira indireta, por meio de cada um trazer uma moeda de meio Shekel. As moedas foram contadas e assim ficamos sabendo quantos éramos
Então porque Hashem pediu para nos contar indiretamente por causa do carinho que Ele tem por nós? Seria melhor não pedir para nos contar e evitar o risco…
Luzes e receptáculos
Como vimos antes, para as “Luzes espirituais” descerem à esse mundo elas precisam de um receptáculo que as contenham, como por exemplo nosso corpo e nossa Alma. O corpo nos limita, mas sem ele não temos como interagir nesse mundo, e uma Alma neste mundo sem um corpo não é uma pessoa viva
Assim também as grandes Bênçãos Divinas que pairaram sobre nós por meio da entrega da Torá e da construção do Mishkan precisavam de um recipiente, um limite que as comtesse nesse mundo. E esse recipiente foi a contagem.
Por isso, depois do bezerro de ouro fomos novamente contados, para que as grandes Bençãos Divinas que nos deixaram por causa da idolatria voltassem para nós depois que Hashem desculpou o nosso povo
E por isso Hashem pediu para nos contar, por causa do carinho que Ele tem por nós. Mas a contagem teve que ser de maneira indireta para criar um receptáculo para que as Bençãos Divinas pudessem pairar sobre nós, mas que não fosse um receptáculo tão direto a ponto de dar a possibilidade de a “sitra ahara” transformar esse receptáculo que é um “limite” em “limite de vida”
E por isso nosso povo só foi contado nessas ocasiões e não foi contado quando realmente deveria ter sido contado, como no caso das guerras contra Midiã, Sihon e Og. E daqui vemos que o único motivo verdadeiro dessas contagens foi para fazer um receptáculo para que as Bençãos Divinas pudessem pairar sobre nós

Behar  – 5781

Nossa Parashá nos conta que um judeu não pode emprestar nada com juros para outro judeu. A Torá usa duas palavras diferentes para os juros, uma ao lado da outra simultaneamente, o que é aparentemente desnecessário

Dizem nossos sábios que essas duas palavras querem dizer a mesma coisa, mas a Torá nos traz simultaneamente as duas palavras para nos indicar que um judeu que empresta com juros para outro judeu está transgredindo duas proibições. Ou seja, recebe um castigo em dobro pela mesma coisa

O pagamento pelo que fizemos de bom neste mundo não está explícito na Torá porque o bem é eterno, e portanto a recompensa por ele, não só que também é eterna, mas mais do que isso, ela também é imensamente maior do que o bem que fizemos

Por isso não tem como recebermos essa recompensa no nosso mundo material do jeito que ele é hoje. Primeiro recebemos um Gan Éden HaTahton (Baixo Paraíso) onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, e de lá vamos para o Gan Éden HaElion onde uma hora lá equivale a setenta anos no Gan Éden HaTahton

E quando acontecer o décimo terceiro dos treze princípios da fé judaica e os mortos ressuscitarem, o lado espiritual deste nosso mundo material vai se revelar e ultrapassar de longe a intensidade dos prazeres dos mundos espirituais, e consequentemente todos que estão no Gan Éden vão querer ressuscitar para usufruir da revelação do “Keter” que vai acontecer aqui embaixo

Ao contrário disso, a regra da Torá em relação ao castigo do tribunal Divino que recebemos por termos feito algo proibido é limitada ao nível máximo de acontecer para nós somente exatamente o que fizemos de mal, e nunca jamais mais do que isso

Como diz a Torá de maneira figurativa “olho por olho e dente por dente”. Ou seja, não podemos receber um castigo que ultrapasse em um único milímetro o mal que fizemos

 Ou seja, ao contrário da regra Divina em relação à recompensa pelas coisas boas que fazemos, o castigo pelas coisas ruins que fizemos pode ser sempre menor do que o que fizemos, mas nunca maior

 E sendo que essa é a regra geral da Torá, quando uma regra tem exceção, a própria Torá que determinou essa regra tem que trazer um versículo indicando que esse caso é uma exceção.

 E por isso a nossa Parashá repete a proibição dos juros por meio de dois sinônimos, para nos indicar a gravidade dessa transgressão, sendo que nesse caso recebemos castigo em dobro

 E sendo que essa proibição só acontece no caso que os dois são judeus, é permitido pegar um empréstimo com juros de alguém que não é judeu mas não de alguém que nasceu judeu ou se converteu ao judaísmo

 Uma das diferenças entre o nosso povo e os outros povos é que quando alguém se converte ao judaísmo ele se torna um judeu de etnia Judaica

 Diferente de um africano que se naturalizou alemão e se tornou um alemão afrodescendente, esse mesmo africano quando se converte ao judaísmo se torna um judeu semita de etnia Judaica e deixa de ser um afro descendente, como está escrito na Guemará: “Guer shemitgaier ketinot shenolad” (um convertido que se converte é como um nenê que nasce)

 Behukotai

Nossa Parashá nos conta que quando nos esforçamos no estudo da Torá e cumprimos os Mandamentos Divinos, recebemos neste mundo “condições de trabalho” excepcionais.

A chuva vai cair na hora certa e na quantidade certa, podemos dormir confiantes de porta destrancada sendo que não haverão guerras e a nossa terra não será usada como base militar para um país que quer defender o outro

 E porque chamamos isso de “condições de trabalho”? Porque a recompensa Divina pelo nosso estudo de Torá e o cumprimento das Mitzvot (Mandamentos Divinos) é tão grande que não temos como recebê-la neste mundo

 Então porque a Torá já não fala sobre o próximo mundo, e no lugar disso nos conta sobre condições materiais genéricas? A chuva vai cair para todos por igual, e todos estão ricos e seguros, mesmo que uma pessoa cumpriu mais Mitzvót do que a outra ou se esforçou mais no estudo da Torá do que a outra, e mesmo assim a Torá promete chuvas, fartura e segurança igual para todos?

Moshe Rabeinu não pôde falar sobre o próximo mundo porque foi ele que nos revelou os 613 Mandamentos Divinos

A Guemará nos conta que certa vez uma pessoa queria ser judeu, mas ele tinha uma condição: Queria aprender toda a Torá enquanto conseguia ficar sobre um pé só. Ele foi para Shamai que era o “Av Beit Hadin”, o diretor do tribunal rabínico

Quando ele explicou para Shamai que queria se converter ao judaísmo com a condição de aprender toda a Torá enquanto ele aguenta ficar em um pé só, Shamai ficou muito bravo e o expulsou de maneira humilhante

Então ele foi para Hilel, e disse que quer se converter ao judaísmo com a condição de aprender toda a Torá enquanto ele aguenta ficar em um pé só (Vemos aqui que já há dois mil anos atrás quando não dava certo com um rabino a pessoa procurava outro!)

Hilel disse para ele: – O que você odeia que te façam não faça para os outros, essa é toda a Torá, o resto é explicação, agora que você já aprendeu toda a Torá, vai estudar a explicação!

Das palavras de Hilel entendemos a base da Torá, como disse Rabi Akiva, Ame ao próximo como a si mesmo, essa é a grande regra na Torá.

Então porque a Torá escrita por Moshe Rabeinu não fala nada sobre o próximo mundo e deixa essa matéria totalmente para a categoria da Torá Oral conhecida como Kabalá que é uma parte da Torá que não nos revela quais são os Mandamentos Divinos mas sim o que há por trás deles?

E no lugar de Moshe Rabeinu falar sobre o Gan Éden ele fala sobre chuva e segurança de maneira genérica nos indicando explicitamente que esse não é o pagamento pelo trabalho Divino mas simplesmente um bônus?

O que é ruim nesse mundo é bom no outro e quem é pequeno aqui é grande lá

Quando chegamos no próximo mundo descobrimos a grande bondade Divina que estava por trás dos sofrimentos que passamos neste mundo, porque no mérito deles temos acesso direto ao Gan Éden e não precisamos passar pela retificação do “Guehinom”

As pessoas ruins já se encarregaram de nos fazer o “Guehinom” neste mundo, e descobrimos no mundo de cima o grande favor que essas pessoas ruins nos fizeram

Vemos lá o que fizemos de errado nas reencarnações passadas e o castigo que estava nos esperando e que foi anulado por causa dos sofrimentos que passamos aqui.

Ficamos com vontade de dar uma descidinha para esse mundo só para agradecer as pessoas ruins pelo favor que eles fizeram em nos maltratar

Então, se a mesma categoria da Torá que está nos ensinando que “O que você odeia que te façam não faça para os outros, essa é toda a Torá”, se nessa mesma categoria da Torá fosse revelada a grandeza da bondade Divina que está por trás dos sofrimentos pelos quais passamos, as pessoas ruins iriam achar que estavam nos fazendo um favor em nos maltratar

Por isso a categoria da Torá que fala sobre o que é proibido fazer ao próximo não pode ela própria falar sobre o próximo mundo, mas somente sobre os bônus que recebemos neste mundo material para que possamos por meio desses bens materiais investir mais no nosso trabalho Divino e ter um futuro melhor

Um futuro melhor que é o Gan Éden HaTahton, o Gan Éden HaElion, e por final a Tehiat Hametim, a revelação Divina no seu mais alto nível que vai acontecer aqui embaixo a ponto de todas as pessoas do mais alto Gan Éden quererem voltar para cá para usufruir da revelação do Keter que vai acontecer aqui

Emor – 5781
Na nossa Parashá Hashem diz para Moshe pedir aos Cohanim (os sacerdotes) filhos de Aharon não se impurificarem participando de um enterro de alguém a não ser que essa pessoa seja sua esposa, seu pai, sua mãe, seu irmão, sua irmã, seu filho ou sua filha. Ou em uma situação extrema, alguém que não tenha absolutamente ninguém para enterrá-lo, que nesse caso é denominado “Met Mitzvá” e o Cohen é obrigado à enterrá-lo

O motivo para esses limites em relação ao Cohen, diz a Torá, é que o Cohen não pode se impurificar a não ser por um motivo de extrema necessidade sendo que ele é quem faz os Sacrifícios no Beit Hamikdash
E a pergunta é: Porque o extremo da impureza paira especificamente sobre um morto ?

 E se é assim, por que a Torá não libera totalmente o Cohen de enterrar seus parentes próximos?

 Morte e impureza

 Rabi Yehudah Halevi nos ensinou que a impureza está sempre ligada à morte e o caso mais grave de impureza é um judeu ou judia que faleceram.

 Abaixo disso está a mulher que dá à luz uma menina. Antes de dar a luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma, ou seja, menos vida.

 E sendo que essa vida que saiu dela vai dar origem à outras vidas ela fica impura 66 dias por causa da vida que saiu do seu próprio corpo, mesmo que a menina que saiu dela não só que tem vida própria mas também futuramente vai dar a luz à mais vidas

 Abaixo disso está a mulher que dá à luz a um menino. Antes de dar à luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma. Ou seja, menos vida

 Abaixo disso está a mulher que perdeu o óvulo e por isso ficou Nidá. O óvulo era vida, e ele saiu dela, agora ela é menos vida

 Abaixo disso está o marido que teve relação com a mulher. O que saiu dele entrou nela, mas quem ficou impuro foi ele e não ela, porque dele saiu vida, e nela entrou

 Nssa regra se aplica também no caso da “nega tzaraat”, a manifestação espiritual que se revelava na pele da pessoa causando a morte das células, e onde há morte há impureza, e por isso a pessoa ficava impura por causa da “nega tzaraat”

 Quando acordamos de manhã estamos impuros (até jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) porque nossa Alma sobe para os céus nos colocando em uma situação de 1/60 da morte. Ou seja, durante o sono estamos menos vivos

 Quando cortamos as unhas ou os cabelos, ou quando fazemos uma doação de sangue, também devemos fazer a “netilat yadayim”, (jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) para tirar a impureza que pairou sobre nós por causa da perda de uma pequena parte de vida, uma pequena parte do nosso sangue, dos nossos cabelos ou das nossas unhas

 Mas porque a impureza paira sobre nosso corpo sempre que há nele um pouquinho de redução de vida, ou, D’us nos livre, a própria morte que traz com ela a maior de todas as impurezas?

 A explicação do Zohar

 Diz o Zohar que a pessoa não morre antes de ver a “Shehiná” (Presença Divina) e por causa do intenso desejo da nossa Alma em se unir à Shehiná, nossa Alma sai do corpo ao seu encontro

 Depois que a Alma sai do corpo e, consequentemente, aquele corpo se torna um corpo morto, é proibido deixá-lo sem que seja enterrado

 O Zohar traz vários motivos para isso

 1- Porque se deixamos passar 24 horas entre a morte e o enterro causamos uma fraqueza nas Sefirot do mundo superior, sendo que a “imagem e semelhança” Divina descritas pela Torá em relação à criação do homem se refere às Sefirot lá de cima e por isso cada um de nós está sincronizado com essas Sefirot

 E da mesma maneira que existe a infiltração do lado espiritual negativo no corpo do falecido aqui em baixo, se ele não é enterrado em 24 horas esse lado espiritual negativo acessa ao mundo superior e suga vitalidade das Sefirot lá de cima

 2- Outro motivo que não podemos atrasar o enterro é para não atrasar a ajuda Divina decretada para aquela pessoa. Porque talvez Hashem tenha decretado para o bem daquela pessoa que ela vai se reencarnar naquele mesmo dia que faleceu, explicitamente para o bem dela

 E enquanto o corpo não é enterrado a Alma não pode se apresentar na frente de Hashem, e consequentemente não pode entrar em uma próxima reencarnação. Isso pelo motivo de que não é dado para a Alma um segundo corpo enquanto o primeiro não é enterrado

 O Zohar compara esse caso à uma pessoa cuja esposa faleceu. Não é correto ele se casar com outra mulher enquanto a esposa falecida não é enterrada, assim também não é correto ele receber um novo corpo enquanto o corpo anterior não é enterrado

 3- Outro motivo para que a pessoa seja enterrada no mesmo dia é porque quando a Alma sai do corpo e precisa ir para o mundo superior, para o Gan Éden (o Paraíso) e ela não pode entrar lá enquanto não é dado a ela um novo corpo. Mas sendo que o Gan Éden fica no mundo superior, esse novo corpo é infinitamente melhor do que o atual e é denominado pelo Zohar como um “corpo de luz”.

 Um corpo espiritual para usufruir do Gan Éden HaTahton (Baixo Paraíso) onde uma hora lá equivale à setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, ou do Gan Éden HaElion (Alto Paraíso) onde uma hora lá é comparada à setenta anos no Gan Éden HaTahton

 Mas só depois que a Alma recebe esse corpo espiritual ela pode entrar no mundo superior, e isso só acontece depois que o corpo material que ela usou aqui embaixo é enterrado. Somente depois disso ela recebe o corpo espiritual e pode entrar no mundo superior

 Diz o Zohar que aprendemos isso de Eliahu Hanavi (o profeta Elias) que tem dois corpos. Um corpo que ele usa para aparecer para as pessoas aqui nesse mundo, mas com esse corpo ele não consegue subir para o mundo superior. Outro corpo ele usa para aparecer lá em cima entre os Anjos do céu

 4- Mais um motivo que traz o Zohar é o de que todo o tempo em que o corpo ainda não foi enterrado a Alma sofre por causa do espírito impuro que aparece para habitar nele (causando com que o corpo morto fique impuro)

 E sendo que o espírito impuro aparece por causa da morte, a pessoa não deve deixar aquele corpo por uma noite sem enterrá-lo porque o espírito impuro se encontra com mais intensidade durante a noite e vaga por toda a terra procurando um corpo sem Alma para impurificá-lo, e de noite ele impurifica com muito mais intensidade

 O Zohar nos conta que no momento do falecimento é dada à pessoa a permissão de ver o que ele não conseguiria ver enquanto estava vivo.

 Ele vê que estão vindo ao seu encontro seus parentes e amigos do mundo superior e ele reconhece cada um deles mesmo sendo eles seus ancestrais que nunca viu em vida.

 E todos se revelam para ele com a aparência que tinham neste mundo. Se a pessoa que falece tem o mérito de estar à caminho do Gan Éden (paraíso celestial) todos os amigos e parentes que estão no Gan Éden chegam alegres ao seu encontro e dão boas vindas à ela

 Mas se ela não tem o mérito de ir para o Gan Éden, ou seja, se está a caminho do gehinom, não aparecem para ela a não ser aquelas pessoas ruins que estão sendo retificadas no gehinom.

 E todos se revelam para ela tristes. Começam com um “ai” por causa do castigo que vai ser acrescentando à eles por causa dessa pessoa, e terminam com um “ai” por causa do castigo que essa pessoa vai receber

 O “Guehinom”

 O Guehinom é o “mundo de baixo”, dimensão espiritual negativa criada para a retificação da Alma mas com limite de estadia limitado para o máximo de doze meses.

 O Guehinom é exatamente o contrário proporcional do Baixo Paraíso. Da mesma maneira que uma hora no Baixo Paraíso equivale à setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, uma hora no Guehinom equivale à setenta anos dos maiores sofrimentos nesse mundo

 O exemplo do relógio de Sol

Diz o Baal HaTanya que da mesma maneira que o Sol percorre uma distância de milhares de quilômetros no céu, e relativo à isso sua sombra percorre alguns centímetros aqui embaixo, essa mesma proporção é aplicada aos nossos sofrimentos

 Um pouquinho de sofrimentos neste mundo nos liberam de milhares de quilômetros de sofrimentos no gehinom, e por isso devemos sempre agradecer à Hashem por qualquer sofrimento pelo qual passamos

 Continuando a descrição do Zohar em relação à saída da Alma e os parentes e amigos do Gan Éden que vem receber ela neste momento

 No momento da saída da Alma, todos os parentes e amigos que estão no Gan Éden vêm recebê-la e fazem para ela um passeio até lá. Mostram para ela o lugar que ela vai receber no Gan Éden e ela sobe para conhecer e usufruir um pouquinho dos intensos prazeres daquele mundo. Um verdadeiro turismo pelo mundo superior !

 Depois ela desce para participar da “Shiva”  que é a semana de luto pela sua morte. Todos esses primeiros sete dias a partir do enterro a Alma vai da sua casa para o seu túmulo e do seu túmulo para a sua casa. Na sua casa ela vê que todos estão enlutados pela sua morte e ela também fica enlutada pela própria morte

 Depois de sete dias desde o enterro, o corpo continua na sua decomposição, e agora ela vai se mudar oficialmente para o Gan Éden.

Para sair oficialmente desse mundo ela passa primeiro pela Mearat HaMahpelá que é o túmulo de Adão e Eva e dos nossos Patriarcas e Matriarcas.

Lá ela vê o que tem permissão para ver e entra no lugar que tem permissão para entrar até chegar ao Gan Éden HaTahton, porque a Mearat HaMahpelá, diz o Zohar, é o caminho para o Gan Éden HaTahton.

 No caminho do Gan Éden ela vê os “keruvim” com o brilho das suas espadas circundantes, que são os anjos de destruição que Hashem (D’us) colocou para guardar o caminho da Árvore da Vida, a entrada do Gan Éden HaTahton. Se ela tem a permissão eles abrem para ela o portão e ela entra

Os quatro Anjos principais, Mihae-l, Gavrie-l, Urie-l e Refae-l são convidados para “vesti-la”. Eles aparecem segurando uma semelhança de corpo nas suas mãos. Um corpo espiritual que foi feito por ela própria por meio dos Mandamentos Divinos que ela cumpriu nesse mundo, e de acordo com o nível desse corpo ela vai usufruir dia intensos prazeres daquele mundo

 Ela se reveste nele com muita alegria e recebe o lugar dela no Gan Éden HaTahton. Ela fica lá somente durante o período que ainda não é permitido para ela subir ao Gan Éden HaElion, porque às vezes por causa do nosso comportamento nesse mundo não é liberada a nossa entrada diretamente para o Gan Éden HaElion

 Quando termina nosso tempo de espera nesse lugar maravilhoso que é o Gan Éden HaTahton chega a hora de subirmos ao Gan Éden HaElion. Nesse momento ela ouve que estão anunciando lá de cima que chegou a hora de ela subir ao Gan Éden HaElion. Ela é chamada pelo seu nome

Aharei Mot-Kedoshim – 5781

Nossa Parashá nos conta sobre os Mandamentos Divinos de não se vingar e não guardar rancor.

Tudo o que Hashem (D’us) pede para nós fazermos Ele é o primeiro a cumprir. Então como pode ser que a própria Torá nos traz frases como “olho por olho e dente por dente” e frases como “D’us vingativo”?

O versículo que fala sobre “olho por olho e dente por dente” com certeza não está indicando nada no sentido literal sendo que de acordo com a Torá não faz diferença se a pessoa tem dentes ou não em relação à pena por ter quebrado o dente de alguém

Sendo que o agressor é obrigado a pagar não só o implante da vítima mas como também os danos morais e o prejuízo financeiro causado à vítima e em nenhuma circunstância se fala sobre dente por dente

A explicação simples é a de que a indenização por um olho com certeza não é a mesma que a indenização por um dente, mas essa explicação ainda não justifica a existência desse versículo sendo que a indenização é determinada no julgamento e, com certeza, esse detalhe vai ser levado em conta pelos juízes por outros motivos e não por causa desse versículo

E quando um versículo não tem um significado literal, com certeza ele está nos indicando um assunto espiritual, e aí damos um mergulho no Zohar para procurar os segredos da Torá que estão por trás desse versículo

O lado oculto do “olho por olho e dente por dente”

E encontramos que no exato instante em que a pessoa faz a coisa errada nesse mundo, nesse mesmo instante ele é julgado lá em cima no tribunal Divino e é criado um anjo para fazer para ele o que ele fez para o outro, como diz a expressão da Torá “olho por olho e dente por dente”, literalmente!

Sendo assim, a palavra vingança em relação à D’us não tem o mesmo sentido de vingança que tem em relação nós, sendo que se trata de um julgamento e a colocação da justiça Divina na prática e não de uma vingança

Sendo que o decreto do tribunal Divino desce para cá na forma deste anjo chamado de “kategor” no mesmo momento em que a transgressão foi feita, quando nos vingamos ou guardamos rancor é como por exemplo se estivéssemos diante uma viatura correndo atrás de um ladrão com metralhadoras e você querendo ajudar correndo atrás do ladrão com uma bicicleta e uma vassoura para bater nele. Dessa maneira você não estará ajudando a polícia mas atrapalhando o trabalho deles e você vira um “contra a lei” que está querendo fazer a justiça com as próprias mãos

E sendo que o julgamento Divino vai levar em conta a nossa opinião também como vítimas, a única coisa que sobra para fazermos é rezar e pedir para Hashem para que ninguém seja castigado por nossa causa e assim talvez possamos conseguir amenizar um pouco dos sofrimentos que estão para vir para quem nos fez o mal

Esse mesmo raciocínio que é aplicado ao mandamento Divino de não nos nos vingar e nem guardar rancor também é aplicado ao ensinamento da Torá de não suspeitar.

Ou seja, não podemos suspeitar por dedução, e enquanto existe uma dúvida julgamos pelo benefício da dúvida.

O exemplo disso é o próprio Moshe Rabeinu que quando disse para Hashem na ocasião do “arbusto incandescente” que o povo de Israel não iria acreditar nele recebeu uma “nega tzaraat” pela suspeita ( que desapareceu logo após sendo que ele parou de suspeitar)

E se existe um fundo de verdade na nossa suspeita não precisamos nos preocupar, sendo que, caso o que suspeitamos D’us nos livre está correto, a justiça Divina já está acontecendo e novamente devemos pedir para Hashem que ninguém seja castigado por nossa causa

A pessoa que se vinga de outro judeu principalmente se ele é alguém próximo como o marido ou a esposa, transgride uma Mitzvá Restritiva, como está escrito na nossa Parashá “Lo tikom” (não se vingue).

O que é considerado vingança?

Você pede algo emprestado para alguém mas a pessoa se nega a fazer o favor. No dia seguinte, a mesma pessoa precisa de um favor seu, e você responde: “Ontem, você não quis me fazer um favor. Hoje, quem não faz sou eu”. Isso já é a vingança proibida pela Torá

Ou seja, até dentro da família, dizer ao marido ou à esposa que não vai fazer para ela alguma coisa porque ela não fez para você quando você pediu é uma transgressão.

A proibição de guardar rancor

Toda pessoa que guarda rancor contra um judeu, principalmente o cônjuge, transgride uma Mitzvá Restritiva , como está escrito na nossa Parashá “Lo titor” (não guarde rancor).

Por exemplo: Você pede um favor para alguém, a pessoa não quis fazê-lo. No dia seguinte, essa pessoa precisou de você e você responde: “Eu não sou como você. Eu não vou lhe negar um favor, como você fez”. Ou seja, a pessoa estava guardando aquele rancor e achou o momento exato para revelar isso. Ou seja, “jogar na cara” é proibido pela Torá

Vamos analisar o motivo profundo da proibição de guardar rancor ou se vingar. Está escrito no livro sagrado do Tanya, na parte intitulada Igueret Hakodesh, capítulo 25: “Disse o Baal Shem Tov que o motivo que os nossos sábios disseram que a pessoa que se enfurece é como se estivesse rezando para a idolatria, é porque, no momento da fúria, a fé em D’us desaparece automaticamente, e quando não se acredita em D’us consequentemente se está acreditando em outra coisa”.

A prova disso é que, se ele soubesse que tudo o que acontece com ele vem de D’us, ele nunca se enfureceria.

Mesmo se uma pessoa, que tem o livre-arbítrio, escolheu por fazer-lhe o mal, e o amaldiçoa ou bate nele ou lhe causa prejuízo monetário, ou até mesmo no caso de essa pessoa ser condenada por um tribunal humano ou Divino, pela maldade da sua escolha, mesmo assim, quem foi prejudicado, já estava decretado, pelos Céus, que assim seria.

O Tribunal Divino apenas usou aquela pessoa para cumprir o decreto. E mesmo nesse momento, em que a pessoa bate ou amaldiçoa ele, D’us está fazendo essa pessoa existir.

O pensamento que cai na cabeça da pessoa para lhe prejudicar e o sentimento que a impulsionou a isso, veio de D’us para ela para que ela cumprisse seus desígnios. Afinal, é Ele que está fazendo ela existir naquele momento.

Mas, a essa altura, você deve estar se perguntando: Por que no caso de alguém que me prejudicou e foi condenado pela justiça humana e pela justiça Divina, não posso eu mesmo querer me vingar ou guardar rancor contra essa pessoa? Afinal, se os homens e D’us também concordam comigo que ela agiu mal, porque não posso eu mesmo ter raiva dela?

Porque nunca devemos nos esquecer de que tudo o que acontece vem de D’us. Pelas mãos Dele, os bons fazem coisas boas e os maus fazem as coisas más. Então, não foi a pessoa que nos fez o mal, mas sim, em última instância, D’us. E não podemos ter raiva de D’us, já que a Sua única intenção é purificar nossa alma. Seja pelo amor ou pela dor.

Daí que não devemos nos vingar ou guardar rancor do agente causador do nosso infortúnio, porque ele foi apenas uma ferramenta usada por D’us para cumprir Seu decreto divino.

Cabe aqui observar que, pelo livre arbítrio, a pessoa que nos fez o mal deveria parar e pensar, antes de nos prejudicar: “Quero agir pelo lado do bem ou pelo mal? Vou prejudicar alguém com as minhas ações?”. Se sim, ele deveria se isentar de cumprir o seu papel de ser usado por D’us para esse fim. Ele foi só um instrumento. O verdadeiro causador de tudo, lembre-se sempre, é D’us e para o nosso bem

Tudo vem lá de cima, e as pessoas que nos fazem o mal são os verdadeiros “bobos”, que são usados para nos prejudicar e depois são castigados por nos ter prejudicado

Se tudo isso foi dito sobre qualquer pessoa, imagine marido e mulher quanto tem que tomar cuidado com isso. O rancor é comparado à fezes espirituais. Guardar rancor é uma verdadeira prisão de ventre espiritual

Bons motivos para não guardar rancor

D-us tinha feito o seguinte acordo com o nosso patriarca Avraham (em Bereshit cap-15 ver-13)

“E disse para Avraham – Saiba que seus filhos serão exilados em uma terra estrangeira. Serão escravizados, vão afligi-los 400 anos…”

Por que Avraham concordou em fazer esse pacto e não discutiu, como o fez na hora em que Hashem ia destruir Sodoma e Gomorra e por que não foi dito que esse exílio seria no Egito?

Explica o Ari Za”l, última palavra em Kabalá, que as almas Divinas do povo de Israel, em sua primeira reencarnação, eram as pessoas que causaram o dilúvio; na segunda chance, eles foram a geração que construiu a Torre de Bavel; na terceira chance e última como seres humanos, eles foram os “simpáticos habitantes” de Sodoma e Gomorra.

Depois disso, Avraham sabia que eles seriam reencarnados nos carneirinhos e bodinhos de Itzchak e Yaakov.

A continuação deveria ser vegetal e mineral, mas o bom D’us já fez o acordo com Avraham, para que essas almas voltassem a ser pessoas, numa terra onde seriam afligidos. Quem, por livre-arbítrio, ganhou o concurso de “o país mais perverso do mundo” quando chegou a hora de isso acontecer? O Egito. Então, para lá foram nossas Almas.

O povo egípcio, que virou uma superpotência no mérito de Yossef e no lugar de nos agradecer, jogou nossos bebês no rio. Isso mostra que esse pensamento foi dado à eles lá de cima, à quem teria o prazer de o fazer.

Diz o Ari za”l que as indefesas crianças que foram jogadas na água eram os as Almas daquelas pessoas que causaram o dilúvio. Os pobres coitados que construíram Pitom e Ramsés eram a reencarnação dos nada coitados que construíram a Torre de Bavel, e daí por diante.

E como terminou o exílio? Depois que nossas almas foram purificadas, quando o Egito recebeu a décima praga e por “nossa causa” morreram todos os primogênitos do Egito, os pais, com os filhos ainda mortos dentro de casa, começaram a gostar de nós e a nos dar presentes, em vez de se descontrolar e se enfurecer, como seria esperado.

Em resumo, quando nós ajudamos o Egito, éramos como espinhos nos olhos deles, e agora, quando causamos a morte seus primogênitos, ganhamos a simpatia deles. Essa é a maior prova de que tudo o que o ser humano nos faz é um decreto Divino – tanto as maldades quanto as bondades.

Então, pra quê se irritar? Ao contrário. Viva com tranquilidade e peça um desconto para Hashem, que também no Egito deu um desconto de 190 anos a menos de galut. Assim, no lugar de se enfurecer, peça já a GUEULÁ (a Redenção), você só tem a ganhar!

Tazria Metzorá  – 5781

Nossa Parashá nos conta que uma mulher que dá a luz à um filho fica impura sete dias e no oitavo dia é feito o Brit Milá (circuncisão) para a criança. Depois disso ela fica pura para o marido pela Torá mas ainda não está pura para entrar no Beit Hamikdash durante os próximos 33 dias depois desses primeiros sete

Se ela dá a luz à uma menina ela fica impura catorze dias e depois disso ela fica pura para o marido mas ainda não está pura para entrar no Beit Hamikdash durante sessenta e seis dias após ficar pura para o marido

E finalmente quando ela fica pura para entrar no Beit Hamikdash ela tem que trazer um korban (um sacrifício) por ter dado a luz

Sobre o korban explica Rabi Shimon bar Yohai que a maioria das mulheres em meio às dores de parto declara explicitamente que nunca mais vai querer ter filhos e etc

E por isso a Torá pede para todas as mulheres trazerem um korban depois do parto generalizando esse korban para não expor quem fez essas declarações

Mas como pode ela ficar impura por ter feito uma coisa tão linda, uma Mitzvá tão grande, arriscando a própria vida para trazer uma nova vida para o mundo?

E mais ainda, porque ela fica impura após o parto de uma filha o dobro do tempo que ela ficou impura pelo parto do filho?

Quando a Parashá fala sobre a impureza que vem após o parto ela compara essa impureza à impureza causada pela menstruação. E podemos perguntar, qual é o motivo para ela ficar impura por causa da menstruação sendo que o ciclo da mulher é uma coisa natural?

Nossa Parashá também nos conta sobre a “tzaraat”, que não eram doenças de pele como aparece nos erros de tradução cuja origem foram as traduções da igreja que se infiltraram na nossa cultura traduzindo a tzaraat como lepra.

A pessoa que foi afetada pela tzaraat fica impura. Qual é o motivo dessa impureza? Se o motivo é que ele recebeu a tzaraat por ter feito a transgressão de falar mal de alguém, porque o ladrão não fica impuro por ter roubado e a pessoa que pegou a tzaraat fica impura?

A Parashá também nos conta que quando o marido tem uma relação com a esposa, ou até mesmo se ele teve um “escape” por qualquer outro motivo (talvez possamos chamar isso de “acidente hidráulico masculino”) ele fica impuro por causa do que saiu dele

E sendo que pela Torá o marido é obrigado a ter relações constantemente com a esposa, como pode ser que durante essa relação ele fique impuro por ter cumprido o Mandamento Divino?

E ainda mais, o que saiu dele causando para ele essa impureza entrou nela e não causou impureza para ela. Depois da relação ele vai para o Mikve ela não precisa ir !

A explicação de Rabi Yehuda Halevi

Rabi Yehuda Halevi nasceu em Toledo por volta do ano de 1080. Com ele começa a época dos “Rishonim” na Espanha

Em sua obra-prima, o livro Al Khazari (o Kuzari, originalmente escrito em árabe e posteriormente traduzido para o hebraico) ele explica o assunto da impureza da seguinte forma:

A raiz da impureza é a morte. 

1- Morte total 

Em sua totalidade a impureza aparece quando a pessoa morre. A Alma deixa o corpo e no lugar dela entra nesse corpo a maior de todas as impurezas conhecida como a ” impureza dos mortos”

2- Morte parcial

Quando a pessoa recebe a “tzaraat”, as células do lugar afetado morrem atraindo para o nosso corpo a impureza, não tão grande como aquela dos mortos

3- Morte potencial

A mulher se torna impura com a morte do óvulo causando o início da menstruação

O homem se torna impuro quando sai dele a “zera” mesmo que o motivo dessa saída foi para engravidar a mulher, sendo que ele tinha “mais vida” e agora um pouquinho dessa vida deixou ele e passou para ela

Como consequência desse pouquinho de vida ter saído dele ele recebe um pouquinho de impureza porque ele ficou com menos vida,  mas o que saiu dele entrou nela e não impurificou ela sendo que ela não perde um pouquinho de “vida potencial” como ele perde na relação íntima que aconteceu entre eles

Antes do parto do menino ela é um conjunto de dois corpos e duas Almas, e com o parto sai dela um corpo e uma Alma que é o corpo e Alma do nenê recém nascido

Sendo que antes de ele nascer ela era vida “em dobro” e agora ela volta a ser uma pessoa só, saiu dela muita vida (a criança) e por isso ela fica impura por mais tempo do que ficaria pelo óvulo que deixou ela causando a menstruação

Antes do parto da menina ela não é somente dois corpos e duas Almas mas mais ainda, ela tem dentro de si uma menina, uma fonte de vida maior do que o menino sendo que a menina no potencial é uma futura mãe

Por isso quando nasce a menina, a mãe que era vida em dobro e o acréscimo de vida que tinha nela tinha o potencial de trazer ao mundo mais vida perde esse acréscimo junto com o potencial que ele tinha

Sendo assim quando a menina nasce, sai da mãe mais vida do que sai quando nasce o menino e por isso ela fica impura por mais tempo. Agradecemos à Rabi Yehudah Halevi pela explicação!

Pouco se sabe sobre a vida e história pessoal de Rabi Yehudah Halevi pois ele não deixou nenhum registro real de sua vida.

Seu pai, Samuel, reconheceu que seu filho era um gênio quando o menino ainda era pequeno, e deu-lhe todas as necessidades da vida para que o menino pudesse crescer, estudar e escrever sem se preocupar com quaisquer problemas financeiros.

Em Toledo  ele passou os dias estudando intensamente o Talmud e  também assuntos seculares, como a poesia árabe que era muito complicada, a gramática hebraica, filosofia e medicina.

Na época de Rabi Yehudah Halevi a Espanha passava por tempos   caóticos. Buscando paz e sossego ele se mudou para a Andaluzia que era uma província da Espanha que os cristãos ainda não haviam conquistado.

Lá ele estudou com o grande Rabino Itzhak Alfasi e continuou a escrever poesias.  Embora ainda muito jovem ele conseguiu atrair a atenção de grandes eruditos e poetas.  Lá ele também iniciou uma amizade duradoura com o grande Rabino e poeta Moshe ibn Ezra, que admirava muito a grandeza do jovem.

Junto com o grande Rabino Moshe Ibn Ezra, Rabi Yehudah Halevi vagou de cidade em cidade conhecendo grandes pessoas aonde quer que fosse, conquistando sua admiração e escrevendo odes em sua homenagem.  Finalmente, ele se estabeleceu em Córdoba onde trabalhou como médico

Muitos de seus mais belos poemas são expressões de seu grande amor pela Terra Santa. Com o passar dos anos, seu desejo de ir para a Terra de Israel cresceu e, finalmente, Rabi Yehuda Halevi decidiu empreender a longa e difícil jornada, cheia de perigos em direção à Terra Santa.  Embora muitos de seus amigos tenham tentado dissuadi-lo.

Mais uma vez ele partiu, mas desta vez o objetivo era sua amada Terra Santa.  Mais uma vez ele conquistou a amizade e a admiração de todos que conheceu.  Em todos os lugares, ele foi recebido por grandes eruditos e distintos estadistas.

Mas cada momento que ele gastava ganhando novas forças para sua jornada, o deixava impaciente e ansioso para seguir seu caminho.  Finalmente ele chegou ao Cairo.  Apenas mais um passo e ele estaria na terra dos seus sonhos.  Toda sua vida ele esperou por este momento.  Lá ele passaria o resto de seus dias estudando Torá e rezando.  Embora tenha gostado de sua estadia no Egito, ele mal podia esperar o momento de sua partida.

Diz o Zohar que não precisamos justificar um Midrash. O motivo para isso é que não obrigatoriamente a história que conta o Midrash aconteceu na realidade, mas pode ser que o Midrash está contando uma parábola, trazendo um exemplo ou simplesmente dando ênfase. Ou seja, a história aconteceu mas não com toda aquela intensidade. O mesmo acontece com a história do de Rabi Yehudah Halevi.

Diz a lenda que ele conseguiu chegar à Terra Santa e lá um cavaleiro árabe, com ciúmes do amor de Rabi Yehudah pela Terra Santa que ele sabia que nunca poderia imitar, o derrubou.  E assim, Rabi Yehudah faleceu, no amado solo da Terra de nossos Patriarcas e Profetas, cantando seus louvores com seu último suspiro. Outros dizem que ele nunca chegou à Terra Santa mas faleceu no Egito

E como começamos a história de Rabi Yehudah Halevi com a frase “Pouco se sabe sobre sua vida e história pessoal pois ele não deixou nenhum registro real de sua vida”, se pouco se sabe sobre a sua vida, menos ainda sabemos ao certo sobre a sua morte.  Mas por meio do seu livro “O Cuzarí” ele está sempre vivo entre nós por meio de seus ensinamentos que sempre nos acompanham

Shemini   – 5781

Nossa Parashá nos conta sobre os sinais de pureza dos animais. Para um animal ser considerado pela Torá um animal puro ele tem que ser ruminante e ter o casco fendido por cima e por baixo.

A Torá nos traz quatro espécies de animais que tem somente um sinal de pureza e determina que eles são impuros por terem somente um sinal de pureza, e daqui concluímos que: “se até o animal que tem um sinal de pureza é classificado pela Torá como animal impuro, quanto mais os animais que não tem nenhum dos sinais de pureza

O que é uma espécie de acordo com a Torá?

Antes do dilúvio vieram para a Arca de Noé pelo menos um casal de cada animal daqueles que não tinham se corrompido. Entre a criação do mundo e a Arca de Noé muitas espécies diferentes de animais se cruzaram entre si dando origem à novas espécies que não entraram na Arca

Depois do dilúvio, Hashem (D’us) pediu para Noach deixar os animais saírem da Arca e nessa ocasião Hashem deu para eles a bênção de se multiplicarem sobre a Terra. Essa benção fez com que espécies corrompidas não tivessem mais continuidade como antes do dilúvio

As espécies de animais que estavam na Arca receberam essa bênção, mas uma nova espécie que surge como consequência do cruzamento de duas espécies diferentes não herda essa benção sendo que essa nova espécie não é nem a espécie da mãe e nem a espécie do pai mas sim uma espécie nova espécie

E sendo que essa nova espécie não existia na Arca de Noé e portanto não recebeu a benção de se multiplicar ela não se multiplica, e por esse motivo ou ela não tem filhotes ou ela tem filhotes não férteis, como é o caso da mula que é o cruzamento do cavalo com a jumenta

As quatro espécies de animais que tem somente um sinal de pureza são:

1- O “Gamal“:

O Gamal nos acompanhou desde a época da Torá. É a espécie que inclui todos os camelídeos que se cruzam entre si e tem filhos férteis. Pelo fato de se cruzarem entre si e terem filhos férteis desses cruzamentos para nós eles são considerados raças dentro de uma mesma espécie que é a espécie chamada pela Torá de “Gamal”. As raças do “Gamal” que conhecemos são o Camelo, o Dromedário e os camelídeos dos Andes como o Lhama, a Alpaca, a Vicunha e o Guanaco

2- O “Shafan

O Shafan não teve um acompanhamento durante as últimas centenas de anos da nossa história, não sabemos que animal é esse e provavelmente não chegou até os nossos dias. O que sabemos sobre ele é que ele é ruminante mas não tem o casco fendido.

O erro de tradução da igreja que traduziram o shafan como coelho é um erro grave sendo que o coelho não é ruminante e a definição da Torá para ruminante é que ele “faz subir” a comida do estômago para ser mastigada novamente, e o estômago do coelho não tem nenhuma comparação com o estômago dos ruminantes.

O fato de ele mexer a boca constantemente como todos os roedores não torna ele um ruminante, sendo que a Torá leva em conta o fato de a comida subir do estômago e não o jeito de ele mastigar

3- A Arnevet

Como o Shafan, a Arnevet também não teve um acompanhamento durante as últimas centenas de anos da nossa história, não sabemos que animal é esse e provavelmente não chegou até os nossos dias. O que sabemos sobre ele é que ele é ruminante mas não tem o casco fendido.

O erro de tradução da igreja em traduzir Arnevet como lebre não foi menos grave do que a tradução do Shafan como coelho. Não só que o coelho e a lebre não são ruminantes, o que é o único requisito necessário para o Shafan e a Arnevet, mas também dá para ver que essa tradução nem ao menos levou em conta o fato de a Torá estar falando sobre espécies e não raças, e de acordo com a Torá o coelho e a lebre são duas raças de uma mesma espécie que não rumina sendo que eles se cruzam entre si e tem filhos férteis

4- O “Hazir

O Hazir teve um acompanhamento durante a nossa história e é a espécie representada pelo porco e qualquer animal que se cruze com ele e tenha filhotes férteis que nesse caso também seriam considerados raças dentro dessa espécie

O problema com os erros de tradução

Provavelmente os padres antigos que traduziram a Torá para o português não tiveram nenhum contato com a comunidade Judaica, porque se tivessem com certeza muitos dos erros que eles fizeram não teriam feito

Mas muito mais grave do que o erro que os cristãos fizeram na tradução da Torá para as línguas européias foi o erro que fez Eliezer ben Yehuda, o linguista que reconstruiu a língua hebraica no século XIX criando o que conhecemos como o hebraico moderno ao usar a tradução da igreja para palavras bíblicas que ele desconhecia o significado

E foi assim que o Shafan e a Arnevet, dois animais desconhecidos para ben Yehuda, viraram coelho e lebre no dicionário do hebraico moderno escrito por ele

O problema com os erros do dicionário do hebraico moderno, e principalmente com esse erro, é que a Guemará nos ensina que se alguém argumentar que Moshe Rabeinu pode não ter recebido a Torá de Hashem mas ter escrito a Torá ele próprio vamos usar a nossa Parashá como argumento para provar que a Torá é Divina e não humana

Mostrando que não existe no mundo inteiro mais do que quatro espécies com somente um sinal de pureza, e Moshe Rabeinu que estava longe de ser um caçador internacional de animais não teria como saber que existem somente quatro espécies com somente um sinal de pureza a não ser que Hashem tivesse dado isso à ele por profecia

Sendo que o Shafan e a Arnevet existiam na época antiga e muitos animais desde lá já se extinguiram não há problema se o Shafan e a Arnevet não chegaram até os zoológicos de hoje, mas falar que eles são o coelho e a lebre já é a prova contrária D’us nos livre, já é a arma na mão do inimigo

Aves puras e aves impuras

A Torá sempre nos traz a lista do número pequeno. Sendo que os animais puros são uma minoria, a Torá traz os nomes das espécies puras

O fato de a Torá nos contar sobre as quatro espécies que têm somente um sinal de pureza e determinar que eles são impuros pelo motivo de terem somente um único sinal de pureza e não os dois necessários nos conduz automaticamente para um “Kal VaHomer”, um “quanto mais” em relação aos animais que não tem nem um sinal de pureza.

Ou seja, se até o animal que tem somente um sinal de pureza já é classificado pela Torá como sendo um animal impuro quanto mais aquele que não tem nenhum sinal de pureza

No caso das aves o número pequeno são as espécies impuras, que são as 24 espécies enumeradas pela Torá. Sendo assim, se soubéssemos reconhecer essas 24 espécies de aves impuras enumeradas pela Torá saberíamos que todas as espécies de aves fora elas são aves puras

Mas sendo que também as aves não tiveram um acompanhamento durante a nossa história não sabemos hoje quais são as espécies impuras e também para isso não confiamos nas traduções da Torá feitas por outros povos também por “Kal VaHomer”

Ou seja, se nem nós que somos o povo da Torá sabemos hoje quais são as espécies de aves impuras enumeradas pela nossa própria Torá, quanto mais os outros povos que pegaram a nossa Torá e à traduziram sem nos consultar 😊

Shevií Shel Pessach  – 5781

No 7o dia da festa de Pessach, 21 do mês de Nissan, celebra-se o milagre da divisão do Mar de Juncos. Foi esse evento – e não as Dez Pragas – o que assegurou a libertação do Povo Judeu da escravidão egípcia. Pois como nos conta a Torá, como resultado da décima e última praga – a morte de todos os primogênitos egípcios – o Faraó finalmente permitiu que os judeus deixassem o Egito. Mas ele se arrependeu e enviou seu poderoso exército para capturá-los e trazê-los de volta ao Egito.

Os judeus deixaram o Egito no 15o dia de Nissan – primeiro dia de Pessach. Mas logo após sua partida, as forças armadas egípcias saíram em seu encalço. O Faraó estava determinado a capturar os milhões de escravos a quem dera permissão de deixar o país e os trazer de volta ao Egito. Uma semana após o Êxodo, os judeus se viram aprisionados: diante deles, o Mar de Juncos, e por trás, os poderosos exércitos do Faraó.

Como reagiram? Conta-nos o Midrash que o Povo Judeu se dividiu em quatro facções. Um grupo disse: “Deixem-nos atirar-nos ao mar. Será melhor morrer do que voltar à escravidão no Egito”. Um segundo grupo bradou: “Deixem-nos voltar ao Egito. Melhor é viver como escravos do que morrer”. Um terceiro grupo disse: “Deixem-nos lutar contra os egípcios. Se tivermos que morrer, ao menos deixem-nos morrer lutando”. E, finalmente, um quarto grupo disse: “Deixem-nos orar a D’us. Nada mais podemos fazer”.

Moshé, líder do Povo Judeu, agindo de acordo com a Vontade Divina, rejeitou a abordagem de todos os quatro grupos. “E Moshé disse ao povo: Não temais! Ficai e vede a salvação que o Eterno vos fará hoje; porque os egípcios que vedes hoje, não voltareis a vê-los nunca mais! O Eterno lutará por vós, e vós fiqueis calados! (Êxodo 14:13). “Não temais! Ficai e vede a salvação do Eterno…”, segundo o Midrash, foi a resposta de Moshé àqueles que, no desespero de não vencer a ameaça egípcia, queriam atirar-se ao mar. “Os egípcios que vedes hoje, não voltareis a vê-los nunca mais”, dirigia-se àqueles que defendiam a rendição e o retorno ao Egito. “O Eterno lutará por vós” foi a resposta àqueles que desejavam combater os egípcios. E “fiqueis calados” foi a rejeição de Moshé àqueles que disseram, “Tudo isso está além de nosso controle. Só nos resta rezar”.

A festa de Pessach dura sete dias na Terra de Israel (oito dias na Diáspora) em virtude do processo de libertação que levou uma semana. O êxodo do Egito ocorreu no dia 15 de Nissan, mas os judeus somente se tornaram realmente livres no dia 21 do mês, quando um milagre duplo ocorreu no Mar de Juncos, Yam Suf, em hebraico: a salvação do Povo Judeu e a destruição de seus opressores.

Os quatro campos

A palavra Torá deriva da palavra hebraica Hora’á, que significa ensinamento. Cada relato na Torá é uma lição para cada um dos judeus em cada uma das gerações. Há muito a aprender da leitura do Midrash sobre a divisão do Povo Judeu em quatro campos diante do Mar de Juncos.

As reações do povo quando se viu aprisionado – pelo Mar, de um lado, e pelo exército egípcio, de outro – é uma lição para cada um de nós sobre como lidar com os obstáculos e as adversidades da vida. Apesar dos milagres que tinham testemunhado no Egito, não há dúvida de que os judeus tinham boas razões para temer quando o exército egípcio se aproximava deles. Seria praticamente impossível cruzar o Mar – ainda que alguns conseguissem salvar-se, certamente as crianças e os bebês se afogariam. E se optassem por enfrentar o exército egípcio, eles provavelmente seriam aniquilados. Afinal, não era o Egito a superpotência da época? Escravos fugitivos não se comparavam às forças bem equipadas do exército egípcio.

Ao se depararem com a morte, os judeus se dividiram em quatro facções. O primeiro grupo defendia o suicídio: argumentavam que era melhor afogar-se do que ser morto em batalha ou ser capturado e levado de volta ao Egito. O segundo grupo queria permanecer vivo a qualquer preço: nem queriam se afogar nem morrer lutando. O terceiro grupo defendia o martírio: “Como vamos morrer, de qualquer forma”, diziam, “deixem-nos ao menos morrer com dignidade”. O quarto grupo não queria morrer – nem no mar nem em batalha – mas tampouco queria voltar ao Egito. Como aparentemente não havia nenhuma solução natural para seu suplício, eles argumentavam que a única coisa que os judeus podiam fazer era clamar a D’us e esperar que Ele os salvasse.

Essas quatro abordagens frente a uma situação aparentemente impossível ilustram como quase todos os seres humanos lidam com as adversidades que lhes parecem intransponíveis. Algumas pessoas querem jogar-se ao mar, metaforicamente, e, às vezes, até literalmente. Elas entram em desespero e desesperança. Outras, que D’us os livre, até contemplam o suicídio. No mínimo, retiram-se do mundo como forma de se retirar da realidade.

Um segundo grupo lida com a adversidade se rendendo à situação. Essas pessoas se submetem à situação ou à pessoa que as está ameaçando. E fazem quaisquer sacrifícios – de fato, até sacrificam sua própria liberdade – em troca da vida. Metaforicamente, preferem continuar escravos do Faraó a ter que enfrentar suas legiões e arriscar sua vida ou sua integridade física. Para essas pessoas, é melhor viver acorrentadas do que correr o risco de se afogar ou morrer no campo de batalha. Tais pessoas conciliam, chegam a acordos e se subjugam. Elas farão qualquer coisa para evitar uma briga, mesmo se isso implicar em abrir mão de sua liberdade, seus valores, sua dignidade e crenças mais valiosas.

Há um terceiro grupo de pessoas que é a antítese do segundo. Essas adoram uma briga. Vivem para brigar. No que lhes diz respeito, quando surge um obstáculo, este tem que ser vencido pela força. Se um inimigo se impõe, este tem de ser derrotado. Diante de um problema, sua reação é preparar-se para uma luta. Essas pessoas não acreditam no meio-termo, nas negociações e, certamente, na conciliação.

Quem pertence a esse grupo geralmente despreza quem faz parte dos outros dois. Para eles, a ideia de ceder sem lutar – ou pior, se autodestruir – é absurda. As pessoas que pertencem ao terceiro grupo às vezes até gostam de problemas e obstáculos. Afinal, é sua chance de exercitar seus músculos, de mostrar como são poderosas, mesmo que elas, também, tombem em meio à batalha. Seu lema, como Sansão, é: “Que eu morra com os filisteus” (Juízes 16:30). “Pode ser que eu tombe”, argumentam, “mas farei tudo para que também caiam meus inimigos”. “Os exércitos do Faraó podem mesmo me vencer”, dizem, “mas eles, também, sentirão o gosto de sangue e cairão mortos”.

Há um quarto grupo de pessoas: aqueles que creem que a oração é a resposta para todos os problemas. “Como D’us é Onipresente e Onipotente”, raciocinam, “Ele pode bem cuidar de todos os meus problemas”. Tais pessoas obviamente não pertencem ao primeiro grupo de pessoas, pois quem tem uma profunda fé em D’us não se desespera. Eles também não pertencem ao segundo nem ao terceiro grupo, pois não creem em submissão nem em confrontação. Somente creem no poder da oração – em invocar a ajuda do Altíssimo.

A Torá nos conta que D’us não aprovou as abordagens de nenhum dos quatro grupos – nem mesmo do quarto grupo. Pelo contrário, D’us diz a Moshé: “Por que clamas a Mim? Fala aos filhos de Israel, para que sigam em frente!”.

Isolamento, submissão e confrontação

Não é difícil entender por que a Torá rejeita a abordagem que diz que a maneira de lidar com os obstáculos é se atirar ao mar. O ser humano nunca deve ceder ao desespero. Enquanto estivermos vivos, sempre haverá esperança. Acreditar em D’us significa acreditar que Ele tudo pode, inclusive arrancar alguém da mais difícil das situações. De fato, como ensina o Talmud, a vida é uma gigantesca roda-gigante: a sorte da pessoa pode estar embaixo, hoje, mas pode estar no alto, amanhã. Na verdade, quando alguém chega ao fundo do poço, geralmente é sinal de que sua sorte está prestes a mudar. A história de Yossef, filho de nosso Patriarca Yaacov, é um exemplo disso: ele, que ficou durante 12 anos nas prisões egípcias, tornou-se o Vice-Rei do Egito – o governador de fato daquela que era a superpotência da época.

A própria história de Pessach nos ensina que é possível a sorte da pessoa dar uma reviravolta. Nós, o Povo Judeu, que fomos um povo escravo e oprimido, sujeito a torturas e genocídio, fomos libertados pela Mão de D’us, que nos tirou do Egito e nos levou ao Monte Sinai, onde Ele nos escolheu como Seu povo e nos deu a Sua Torá. Yossef se tornou Vice-Rei do Egito porque ele não se desesperou na prisão egípcia. Os judeus se tornaram o Povo Eleito porque não se assimilaram, apesar de todo o sofrimento que nos foi imposto nas centenas de anos em que vivemos no Egito.

A Torá condena todas as formas de autodestruição – física, espiritual, psicológica, emocional, social, econômica ou cultural. Obviamente, há várias formas de “se atirar ao mar”. Algumas pessoas, incapazes de lidar com o mundo, atiram-se em um mar de vida religiosa. Essa é sua maneira de cortar todo o contato com um mundo que lhes parece negativo ou desagradável. A Torá não tolera esse comportamento, ensinando-nos que o judeu deve ser proativo no mundo. Se D’us quisesse que todos os judeus se trancassem dentro de uma sinagoga ou Casa de Estudos, sem nunca de lá sair, Ele não teria enviado suas almas à Terra. Se estamos aqui neste mundo, há um propósito nisso. Ser um reino de sacerdotes e uma nação santificada significa envolver-se no mundo e ter uma influência positiva sobre o mesmo. A Torá não deseja que nos afastemos da escuridão, mas sim, que iluminemos o mundo. De fato, podemos e devemos nadar no “mar do Talmud”. Mas o que não podemos fazer é afogar-nos nele. Com raríssimas exceções, o Povo Judeu não se pode imergir totalmente no estudo da Torá e negligenciar o mundo, porque isto também é uma forma de suicídio. Muitas pessoas, temerosas, ou que não desejam enfrentar as “legiões do Farão”, atiram-se ao mar, e, consequentemente, deixam de contribuir para o Povo Judeu e o mundo, em geral.

A Torá também condena a abordagem do segundo grupo de judeus diante do Mar – aquela que defendia que o povo devia voltar ao Egito. D’us criou o homem para ser livre. O próprio tema de Pessach é o fato de termos sido escravos, mas quando D’us nos libertou, nós nos tornamos Seus servos apenas – e de mais ninguém. Voltar ao Egito significaria desistir – por inércia ou medo. Significaria escolher a sobrevivência em vez de escolher uma vida plena e livre. Significaria não assumir os riscos da vida. Os judeus que apoiaram a ideia de voltar ao Egito preferiam viver como escravos a lutar e arriscar sua vida. Para eles, a única coisa que importava era continuarem vivos.

Essa atitude de submissão – de ceder, de conciliar – se aplica tanto a indivíduos quanto a grupos de pessoas. Muitos indivíduos e minorias costumam sacrificar sua identidade, seus valores e mesmo sua dignidade, apenas para preservar a vida. A sobrevivência física vem às custas de todo o resto. Pessoas submissas toleram e apaziguam os faraós do mundo. Elas suportam opressão, brutalidade e injustiça porque têm medo de confrontar um inimigo a quem julgam ser muito mais forte do que elas. Seu lema é: Melhor viver como escravos do que morrer como homens livres.

Os judeus que pertenciam ao terceiro grupo – aqueles que desejavam enfrentar os egípcios no campo de batalha – podem parecer mais honrados do que os outros dois. Mas lutar geralmente não é a abordagem correta face aos obstáculos e inimigos. A beligerância não é uma panaceia: não é a resposta a todos os problemas da vida. Mas há quem adore uma boa briga. Essas pessoas querem lutar com todos e com tudo: todos os inimigos – imaginários ou reais, todas as ameaças e mesmo qualquer ideia ou ideologia que eles desaprovem. Geralmente, a bravata dessa gente nos deslumbra. Nós os julgamos valentes e fortes. Os judeus foram pisoteados pelo mundo durante tanto tempo que muitos de nós se deslumbram com aqueles que enfrentam nossos inimigos. Mas muitas pessoas querem lutar apenas porque anseiam pela confrontação e guerra. Tais pessoas, especialmente se estiverem convencidas de que estão absolutamente certas e que D’us está a seu lado, lutarão incansavelmente contra qualquer pessoa ou coisa que julguem estar em seu caminho.

Com certeza, às vezes precisamos lutar. Se o Holocausto nos ensinou algum tipo de lição, foi que não podemos silenciar e permanecer indefesos. As grandes conquistas e vitórias militares do Estado de Israel proporcionaram segurança e orgulho aos judeus, em todas as partes do mundo. Contudo, há uma diferença enorme entre lutar porque não há outra saída e lutar pelo prazer de lutar. A luta pela preservação da vida, da liberdade e da dignidade está sancionada pela Torá. A luta pela emoção da luta, pela glória ou como um canal para o ódio é o anátema do judaísmo.

Como ensinam nossos Sábios, o propósito da Torá é trazer paz ao mundo. Somente empunhamos as armas quando necessário. Como disse, certa vez, um de nossos grandes Mestres, a missão do Povo Judeu é trazer luz ao mundo. Se o Povo Judeu apenas se dedicasse a combater seus inimigos – vingando-se daqueles que nos fizeram mal ou estivesse constantemente em batalha contra os que nos odeiam ou a nós se opõem – nosso povo não teria tempo para nada mais. Nós, judeus, quer individual quer coletivamente, temos importantes tarefas a cumprir neste mundo. Não poderemos realizar nossa missão se estivermos ocupados lutando contra todos aqueles que nos odeiam.

A Torá não tolera a abordagem de atirar-se ao mar ou de voltar ao Egito ou, ainda, de lutar contra os egípcios. Mas, por que também rejeita a abordagem do quarto grupo de judeus – cuja solução ao terrível dilema foi voltar-se à oração? Não deveria ser essa a recomendação da Torá? Como a Torá é a Vontade e a Sabedoria Divina, sua mensagem a todos os seres humanos seria que se alguém tem um problema, esse alguém deve encaminhá-lo a D’us, especialmente se for humanamente impossível solucioná-lo. Por que teria D’us rejeitado a abordagem até mesmo da quarta facção, diante do Mar de Juncos?

Oração e ação

A Torá ordena ao judeu orar todos os dias de sua vida. A oração tem importância fundamental no judaísmo. Ensina o Talmud que a oração é uma das coisas de importância máxima no mundo que, no entanto, as pessoas não levam a sério. As rezas são o canal pelo qual o homem canaliza as bênçãos Divinas para o mundo. Mas, ainda assim, não substituem a ação. A oração ajuda em todas as situações, mas o homem tem de se empenhar para aperfeiçoar a si próprio e ao mundo. Não podemos recusar-nos a tomar um remédio e deixar tudo por conta da oração, esperando a cura. Não podemos recusar-nos a ir ao trabalho e confiar na oração para ter o sustento. Não podemos recusar-nos a ir para o campo de batalha e confiar na oração para que D’us aniquile nossos inimigos. É verdade que às vezes tais milagres ocorrem. Às vezes, as pessoas são curadas, por milagre. Quando os judeus estavam no deserto, o maná realmente caía dos céus. E como nos ensina o Tanach, às vezes, em resposta à oração, nossos inimigos são destruídos sem a necessidade de guerrearmos. Mas, tudo isso são exceções. Nós não somos nem profetas nem grandes Tzadikim. Tomamos remédios quando estamos enfermos, trabalhamos e, quando necessário, pegamos em armas, e oramos para que os medicamentos façam efeito, para que tenhamos sucesso em nossos empreendimentos e que saiamos vitoriosos da guerra.

A oração ajuda imensamente, mas com raras exceções, não substitui o empenho humano. E como a Torá foi escrita para todos os judeus – não apenas para os profetas – e para todas as épocas – não apenas para ocasiões especiais – ela nos ensina que a oração por si só, despida de ação, não é a resposta para os obstáculos da vida. “Por que clamas a Mim?”, D’us diz a Moshé. “Diga ao povo que siga em frente!”

“Como podemos seguir em frente?”, o povo pergunta. “Sigam em frente”, D’us lhes diz. “Façam a sua parte e eu farei a Minha”. O Povo Judeu de fato seguiu em frente e o obstáculo se tornou um milagre – na verdade, um milagre duplo: pois não apenas o Mar se partiu, salvando os judeus, mas também voltou a seu estado natural após o último judeu tê-lo atravessado, afogando todos os egípcios, que ainda estavam em seu interior. O obstáculo – o Mar de Juncos, Yam Suf – acabou revelando-se um milagre que salvou nosso povo de nossos inimigos, garantindo sua liberdade.

Esta história é verdadeira e vem sendo contada há milhares de anos, geração após geração, e inspirou inúmeras pessoas – judeus e não judeus.

“Sigam em frente”

O tema principal de Pessach é a liberdade, que, para o Povo Judeu, adveio em estágios. Primeiro vieram as Dez Pragas, a seguir o Êxodo e, por fim, o milagre da divisão do Mar de Juncos. Esses relatos e as lições que deles tiramos são atemporais e universais.

No decorrer de nossa vida, enfrentamos obstáculos – externos e internos. Ao longo de nossa história, nós, judeus, enfrentamos muitos faraós, muitas legiões egípcias e muitos Mares de Juncos. Alguns judeus se atiraram ao mar, outros “voltaram ao Egito”, outros, ainda, decidiram que a solução para lidar com um mundo hostil era a luta, e outros concluíram que tudo que podiam fazer era orar e esperar pelo melhor. Mas a melhor abordagem tem sido a que é recomendada pela Torá: seguir em frente. Apesar de todos os nossos inimigos e de todo o sofrimento e perseguição, e mesmo apesar do Holocausto, o Povo Judeu seguiu em frente. Na esteira das grandes tragédias, seria compreensível se os judeus tivessem cometido suicídio nacional – abandonando o judaísmo – ou “voltado ao Egito” – através da assimilação. Teria sido compreensível se o Povo Judeu se tivesse dedicado inteiramente a se vingar contra todos os responsáveis pelo Holocausto. Os judeus poderiam ter permanecido na Europa e recorrido à violência e terrorismo para vingar o sangue de sete milhões de seus filhos. Ou poderiam ter concluído que como somos um povo pequeno, não há nada a fazer além de rezar nas sinagogas e pedir pela vinda do Mashiach. No entanto, ao longo de nossa história, e especialmente após o Holocausto, nós, o Povo Judeu, decidimos seguir em frente. Retornamos à nossa pátria ancestral. Erguemos um país extraordinário. E tanto em Israel quanto na Diáspora,trabalhamos para fortalecer o Judaísmo como nunca dantes.

A ordem Divina de seguir em frente se aplica ao Povo Judeu como um todo, e também a cada judeu em particular e a cada ser humano. Precisamos constantemente seguir em frente, mesmo diante de um Mar de Juncos, de nosso Yam Suf particular. E quando seguimos em frente, os obstáculos não apenas se desfazem – eles se transformam em milagres.

Rabi Schneerson, Menachem Mendel, Likkutei Sichot volume 3
Rabi Schneerson, Menachem Mendel Sichot Kodesh 5740 vol. 2

Tsav – 5781

Pessach não é Páscoa Judaica

Porque a Torá usa palavras como “D’us soprou” “D’us cheirou”
https://youtu.be/wCQZJuDSCPM
O lado espiritual do Hamêts
https://youtu.be/ixkM1Qr1TY4

Vaykrá – 5781

Vaykrá – Os porquês dos Korbanot
https://youtu.be/GuP-aVOUVUw
Korbanot – Os Sacrifícios
https://youtu.be/esYqiPZfcoU
O mês de Nissan
https://youtu.be/zNuiOl39S_k

Pessach não é Páscoa Judaica
https://youtu.be/kDG9fYJ4Qa0

Vayakhel   /Pecude-5781
Shabat
D’us criou o mundo em seis dias e no sétimo parou. Ou seja, no sétimo dia nada foi criado. A linguagem “descansou” não é aplicada nesse caso sendo que D’us está infinitamente acima dos limites da matéria e com certeza não precisaria descansar depois de ter criado o mundo
Para demonstrar claramente que acreditamos somente nesse D’us que criou o mundo em seis dias e não em outro, não fazemos trabalhos no Shabat. Ou seja, o Shabat é o dia do “reconhecimento”
Por causa desse motivo, quando guardamos o Shabat integralmente nos retificamos da idolatria. Por outro lado, por causa desse mesmo motivo um judeu que ainda não guarda Shabat, mesmo por falta de conhecimento, é considerado naquele momento como se fosse um idólatra em relação à comida que ele cozinhou ou ao vinho que ele fez.
Os “Dez Mandamentos” aparecem duas vezes na Torá.
Na primeira vez , em Parashat Ytró , está escrito: “Lembre-se (Zachor) do dia do Shabat para santificá-lo .
Na segunda vez, em Parashat Vaetchanan, está escrito “Guarde (Shamor) o dia do Shabat para santificá-lo”.
Nossos Sábios nos contam que quando ouvimos os Dez Mandamentos no Monte Sinai, as palavras “Zachor” (Lembre-se) e “Shamor” (Guarde) foram ditas em uma palavra só, ditas e ouvidas de uma maneira sobrenatural .
Da palavra “Shamor” aprendemos que o Shabat entra na categoria de Mitzvá chamada de “Ló Taassé” (“não faça”) e da palavra “Zachor” aprendemos que o Shabat entra na categoria de Mitzvá chamada de “Assé” (“faça”).
A regra é que quando uma “Mitzvat Assé” cai sobre uma “Ló Taassé” (como no caso de o oitavo dia do “Brit Milá” cair no Shabat) o “Assé” (do “Brit”) anula o “Ló Taassé” (do Shabat) no assunto específico dela (nesse caso, o de cortar o prepúciozinho do nenê).
Quando a regra da Torá tem alguma excessão, como no caso da Mitzvat Assé da construção do Mishkan que não anulou o “Ló Taassé” do Shabat, a própria Torá tem que trazer a excessão da regra para cada caso específico.
Aprendemos na profecia de Yeshaiau Hanaví que o Shabat tem que ser um prazer. Mas o que é um prazer? Com certeza o contrário da aflição! A Torá usa a palavra aflição em relação à proibição de comer e beber no Yom Kipur , e daí nossos Sábios concluem que no Shabat temos a obrigação de comer e beber do bom e do melhor e em um ambiente iluminado pelo menos à luz de velas.
E daí surge a Mitzvá de acender as velas de Shabat e fazer o Kidush com vinho e Halot. Deixar um fogo aceso coberto pela “Plata” com a comida quente que vamos comer no Shabat.

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Os 39 “pais” dos trabalhos proibidos no Shabat

Aprendemos os 39 trabalhos proibidos no Shabat dos 39 trabalhos feitos para construir o Mishkan.
Esses 39 trabalhos são matrizes com ramificações, e por isso o número de trabalhos proibidos no Shabat fica maior do que 39.
Nossos Sábios, usando o direito que a Torá lhes deu de que “O que é decretado no Beit Din aqui embaixo é decretado no Beit Din lá em cima”, fizeram algumas cercas envolta da Torá para nos proteger de fazermos uma transgressão.
As leis de “Muktse” são um exemplo dessa preocupação que eles tiveram por nós. Um objeto de uso especificamente proibido no Shabat, como por exemplo, um isqueiro (que só serve para acender fogo, ação proibida no Shabat) , ou uma caneta (que só serve para escrever, que também é proibido no Shabat) são chamados de “Muktse” e se torna proibido tocar neles no Shabat.
Quando há perigo de vida no Shabat:
Em caso de dúvida em relação a um perigo de vida durante o Shabat devemos fazer tudo o que for necessário para a pessoa que está necessitando.
Por exemplo: uma mulher precisa dar a luz, levamos ela para o hospital de carro, de ambulância u de táxi, caso uma criança tenha ficado em casa , você deixa a mulher dando a luz no hospital e volta para cuidar das crianças porque crianças pequenas sem alguém cuidando também são um perigo de vida. Tudo o que é necessário para socorrer alguém está liberado no Shabat, mas só o que é necessário para isso como ligar o carro, ir para o hospital e voltar para cuidar das crianças sem desligar o carro (deixe alguém que não é judeu desligar)
Preparativos para o Shabat:

Está escrito que temos que nos lembrar do Shabat. Para o Shabat estar pronto na sexta feira antes do por do sol temos que nos planejar com antecedência.

Eu pessoalmente tenho uma verdadeira “Shabatfobia” e no domingo já deixo as velas prontas nos castiçais e já começo a comprar umas coisinhas para Shabat, mas o importante é se planejar com antecedência, saber antecipadamente o que você vai fazer para Shabat.

Para facilitar para quem está começando, lá vão umas dicas básicas. Escrevemos essas dicas principalmente para quem mora no interior e não tem facilidade em comprar as coisas para Shabat.
Como fazer em casa o seu vinho para o Kidush:
Pela Halachá um suco de uva verdadeiro também é considerado vinho para o Kidush, aqui vai uma receita para fazer o seu suco de uva “bore pri hagafen” para todos os Shabatot do ano, principalmente se você tem crianças em casa
Modo de preparo
1- Compre uvas de qualquer tipo, lave as uvas, separe elas dos galhos e coloque elas dentro de uma panela (de preferência de pressão.
2- coloque a mão sobre as uvas e adicione água e açúcar . Essa água e açúcar tem que preencher somente os espaços entre as uvas e você coloca a mão encima para elas não flutuarem encima da água com açúcar sendo que a água com açúcar tem que preencher somente os “buraquinhos” entre as uvas mas não pode cobrir elas por cima nem se acumular separadamente no espaço de baixo caso elas flutuem, por isso você não deixa elas flutuarem.
3- Tampe a panela , acenda o fogo e deixe ferver um pouquinho.
4- Penere o conteúdo da panela para uma jarra apertando e amassando totalmente as uvas dentro da peneira com uma colher até que todo o suco passe pela peneira e sobre dentro da peneira somente uma polpa
5- Coloque o suco em garrafas ou em uma jarra
6- Mantenha o suco na geladeira e só retire para as refeições.
(Agradecemos o Reb Avrohom Arbeter pela receita.) Outras receitas de Shabat você encontra na nossa sessão de culinária
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Sendo que está escrito que o Shabat tem que ser um prazer, nossos Sábios decretaram a obrigação de deixar a comida pronta e quente e acender as velas de Shabat antes do por do sol da sexta feira porque não podemos acender fogo durante o Shabat
A eletricidade foi classificada como fonte de fogo e por isso acendemos tudo o que precisa estar aceso no Shabat antes de acender as velas (não podemos apagar essas coisas durante o Shabat a não ser em caso de perigo de vida) . Ou seja, a luz da sala cozinha e banheiro e a chapa de Shabat que chamamos de plata devem ser acesas antes do Shabat

A plata é uma placa de alumínio que pode ser encomendada de acordo com a medida do seu fogão , você deve pedir para fazer uma dobradinha de um centímetro nas extremidades para ela não ficar cortante e deve ser dobrada uns 8 centímetros na frente para cobrir os botões do fogão.

A plata pode ser encomendada em qualquer fabriquinha de calhas (peça um material grosso para não entortar nas 25 horas que vai estar encima do fogo baixo) . Então acenda um fogo baixo , coloque a plata encima dele e as panelas com a comida pronta encima da plata.

A quantidade de água dentro da panela deve ser planejada de acordo com o número de horas que ela vai ficar encima da plata. Uma janela deve estar um pouquinho aberta para entrar ar e todos os cuidados devem ser tomados para que o fogo não se apague sozinho no meio do Shabat e não haja vazamento de gás (não deixe panos ou plásticos perto dela para não pegar fogo).

Centenas de milhares de judeus religiosos fazem assim no mundo inteiro e com o tempo você pega experiência. Se o seu gás é de botijão você pode comprar uma balança de banheiro e colocá-la fixamente enbaixo do botijão para calcular quando ele vai acabar para trocar o botijão antes do Shabat.

39 categorias de trabalhos são denominados “trabalhos matrizes” (“avot melachá”). Nossos sábios, identificaram o caráter básico de cada um – por sua finalidade ou pelo modo como é feito – e apontaram uma série de outros atos aos quais esses aspectos se aplicam; consequentemente, estão incluídos nos trabalhos proibidos pela Torá, sendo derivados e/ou ramificações dos trabalhos matrizes
Além disso, há vários trabalhos que nossos sábios nos restringiram de fazer, para ter no Shabat uma atmosfera menos ligada ao cotidiano e também para não transgredir qualquer proibição da Torá. Vale notar que os acréscimos dos sábios às leis da Torá têm aprovação Divina, pois a própria Torá nos ordena obedecer os sábios.
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39 trabalhos proibidos no Shabat
Os 39 trabalhos matrizes proibidos no Shabat estão enumerados a seguir, acompanhados de exemplos práticos para vermos como e onde eles se aplicam hoje em dia:
1. “Arar” – cavar a terra, tornando-a mais propícia ao plantio.
Exemplos: revolver a terra com ajuda de animal, arado ou trator; arrastar um banco pesado ou brincar com bolas de gude sobre o solo.
2. “Semear” – ato para estimular o crescimento da planta.
exemplos: jogar sementes frutíferas na terra; colocar flores num vaso com água; colocar adubo ou inseticida numa planta.
3. “Colher” – desenraizar uma planta do local onde cresceu.
exemplos: cortar grama; colher frutas. Nossos sábios proibiram subir em àrvores ou se balançar em uma balança pendurada em um galho de árvore ou deitar em uma rede pendurada entre duas árvores
4. “Agrupar a colheita” – agrupar cereais, frutos ou vegetais no local onde cresceram.
exemplos: agrupar laranjas que caíram da àrvore; fazer um buquê de flores.
Esse trabalho só se aplica a derivados da terra e no local onde nasceram. Portanto, é permitido juntar livros no jardim ou maçãs espalhadas na cozinha.
5. “Debulhar” – separar a parte utilizável (desejada) dos produtos da terra da inutilizável (indesejada), usando força ou pressão. Antigamente, para separar a semente da casca do cereal, usava-se uma tábua especial amarrada a um animal, que arrastava-a sobre os grãos, separando-os.
exemplos: fazer suco de uva; ordenhar vaca; espremer suco de fruta cítrica; tirar ervilha da casca (se a casca não for comestível).
É permitido espremer suco de limão diretamente sobre salada ou peixe para temperá-los, se estes não contêm nenhum líquido.
6. “Dispersar o grão ao vento” – jogar sementes ao vento para separar a parte utilizável (desejada) da não utilizável (indesejada). Uma forma que usava-se antigamente para separar as cascas dos grãos era jogar o cereal ao vento; assim a palha que é mais leve voava enquanto os grãos caíam no solo.
exemplos: cuspir em direção ao vento; assoprar em amendoins para que as cascas voem e se separem.
7. “Selecionar e separar” – alimento não utilizável (indesejado) do utilizável (desejado) ou separar de acordo com diferentes tipos.
exemplos: separar a cebola (que não se quer comer) da salada; separar uma fruta estragada das demais; usar um descascador; descascar frutas ou legumes (mesmo com faca ou a mão) com antecedência; selecionar alimento sólido de uma sopa por meio de escumadeira; classificar utensílios, brinquedos ou livros de acordo com tamanhos e tipos.
É permitido descascar frutas ou legumes com faca ou a mão (não com descascador), desde que seja pouco tempo antes ou durante a refeição.
8. “Moer” – desfazer algo sólido em pedaços muito pequenos.

exemplos: ralar legumes, picar verduras em pedaços pequenos, amassar batata cozida com amassador; amassar banana ou abacate com garfo; serrar madeira com interesse na serragem.

Por esse motivo nossos sábios proibiram tomar remédios ou vitaminas em Shabat, exceto em caso de doença sendo que os ingredientes do remédio eram moidos na hora.

É permitido amassar com garfo alimento que não cresce na terra (como ovo cozido) ou esfarelar pão ou bolo.
9. “Peneirar” – separar alimento utilizável (desejado) do não utilizável (indesejado) por meio de peneira, coador ou similar.
exemplos: peneirar farinha; coar vinho num coador especial; peneirar areia.
10. “Fazer massa” – formar massa consistente, misturando ingredientes.
exemplos: fazer mingau (cereal em pó + leite), gelatina (pó + água), creme de chocolate (cacau ou chocolate em pó + margarina) ou cimento (cal + água); misturar purê de batata com manteiga ou margarina; misturar maionese com ketchup, formando consistência pastosa (se for líquida, é permitido).
É permitido misturar cereal em flocos com leite. Ao fazer mingau de cereal em pó para beber, deve-se colocar primeiro o leite no prato e depois acrescentar o cereal, formando uma massa líquida (não sólida).
11. “Assar/cozinhar/fritar” – colocar alimento sobre fogo ou qualquer fonte de calor, como chama aberta, chapa elétrica, brasa, chapa de metal pré-aquecida ou até em banho-maria na panela que já esteve por cima do fogo ou da chapa. Exige-se muita prudência ao aquecer alimentos no Shabat para não chegar a transgredir esta proibição, que inclui inúmeros detalhes.
exemplos: esquentar alimento sobre fogo; misturar alimento que ainda está na panela onde foi cozido (exceto água); tampar panela (que está sobre a chapa) se a comida não estava totalmente cozida na entrada do Shabat; abrir torneira de água quente.

Para ter comida quente no Shabat, deve-se deixar previamente os alimentos por cima de um fogo coberto por uma chapa de metal ou numa chapa elétrica (costuma-se cobrir os botões para não regulá-los distraidamente);

É permitido aquecer alimento sólido (sem molho ou gordura) por cima (mas não dentro) de panela que se encontra nesta chapa. É permitido cozinhar diretamente no calor do Sol, mas não sobre algo que foi previamente aquecido pelo Sol; portanto, pode-se esquentar um ovo no calor dos raios do Sol sobre prato, panela ou frigideira fria (se o utensílio foi previamente esquentado no Sol, é proibido), mas é proibido utilizar água quente de aquecedor solar.

12. “Tosquiar” – aparar pelos que cresceram no corpo do animal ou do homem.
exemplos: depenar ave; cortar cabelo; cortar ou roer unhas; passar pente ou escova nos cabelos (que podem arrancar os cabelos) tirar sobrancelhas.
13. “Lavar” – tornar tecido ou roupa mais limpo.
exemplos: tirar qualquer mancha; deixar tecido de molho; colocar roupa na máquina; torcer pano molhado; pendurar roupa molhada para secar.
É permitido jogar água sobre objeto de couro sem esfregá-lo.
14. “Desembaraçar a lã não trabalhada”. A lã extraída do carneiro quando tosado encontra-se embaraçada e repleta de elementos estranhos como terra e areia. Antigamente passava-se uma espécie de pente para retirar impurezas e desembaraçá-la.
exemplos: pentear fios de lã, linho ou algodão.
15. “Tingir” – alterar ou fortificar a coloração.
exemplos: tingir tecidos; alterar cores através de recursos químicos; pintar qualquer objeto com rolo, pincel ou spray; passar batom nos lábios ou maquiagem nos olhos ou no rosto; enxugar as mãos num tecido com sujeira que pode acabar colorindo o tecido como alimentos entre os quais morango, vinho, etc.
É permitido alterar a coloração de alimentos para melhorar seu sabor. Pode-se usar guardanapos de papel para enxugar as mãos.
16. “Fiar” – esticar e enrolar manual ou mecanicamente lã ou outra matéria prima já penteada e tingida.
exemplos: enrolar fios do tsitsit.
17. “Esticar o fio para prepará-lo para tecer” – esticar os fios entre os dois extremos da roca (máquina de fiar).
exemplos: esticar fios (numa direção) em moldura de tear manual, como para iniciar a tecer um tapete.
18. “Passar o fio entre dois anéis” – no tear, os fios são passados por vários anéis que se alternam entre si, subindo e descendo, para compor o tecido.
exemplos: fazer uma peneira; entrelaçar cesta de vime ou cadeira de palha.
19. “Tecer” – entrelaçar fios no sentido horizontal por entre fios esticados verticalmente. Com este trabalho confecciona-se o tecido propriamente dito.
exemplos: fazer tricô ou tapeçaria; trançar corda ou fios.
20. “Desfazer os fios a fim de retocá-los”
exemplos: puxar fio solto na roupa; retirar tapete da moldura onde foi confeccionado.
21. “Atar” – dar nó que não se desfaz facilmente.
exemplos: fazer nó de marinheiro; apertar nó de tsitsit; fazer nó duplo; trançar dois fios para formar corda; juntar dois cordões com um nó, formando um só cordão.
É permitido fazer nó de gravata ou amarrar o sapato (mesmo se não for desfeito dentro de 24 horas), pois na verdade trata-se de laço, que não é considerado nó.
22. “Desatar” – desfazer um nó (o qual não teria sido permitido fazer no Shabat).
exemplos: desatar fio que junta par de meias novas; desfazer nó duplo; desatar corda, separando os fios individualmente.
Se um laço no sapato complicou-se e acabou formando um nó, é permitido desfazê-lo de forma não usual (com shinui) se tiver que tirá-lo.
23. “Costurar” – unir dois tecidos ou materiais em geral.
exemplos: fazer bainha de roupa; colar papéis com fita adesiva ou cola; puxar e/ou enrolar fio de botão que está caindo para torná-lo mais firme.
Zíper ou velcro não são considerados costura e, portanto, é permitido abrir ou fechá-los no Shabat.
24. “Rasgar intencionando suturar” – rasgar qualquer material para uni-lo depois.
exemplos: descosturar a fim de costurar novamente; abrir envelope colado ou lacrado.
É permitido rasgar saquinho de papel ou plástico para retirar o alimento de maneira que o saquinho não será reaproveitado (com cuidado para não rompê-lo no meio de letras impressas nem descolá-lo).
25. “Caçar” – aprisionar um animal vivo e impedir que se livre.
exemplos: perseguir animais com cachorro de caça; tampar uma garrafa onde um mosquito entrou; espalhar ratoeira.
É permitido prender e/ou matar animais (como cobra ou serpente) quando são ameaça iminente à vida da pessoa.
26. “Abater” – Tirar a vida de um animal.
exemplos: fazer o ritual da shchitá; borrifar inseticida; pescar; espalhar veneno contra animais ou insetos; causar hematoma; tirar sangue de pessoa ou animal.
É permitido aplicar repelente sobre o corpo, pois não se está matando os insetos, e sim impedindo que se aproximem.
27. “Pelar o couro” – retirar pele de animal morto.
exemplos: separar couro em camadas.
É permitido retirar a pele do frango cozido (próximo ou durante a refeição), pois é considerado parte do alimento.
28. “Curtir o couro” – preparar couro, usando sal, cal, ou outros meios.
exemplos: engraxar sapato de couro mesmo com graxa incolor; salgar a carne crua após o abate; colocar legumes para curtir; devolver um pepino azedo meio curtido para salmoura.
É permitido temperar uma salada, próximo à refeição, colocando outros temperos antes ou junto com o sal.
29. “Alisar o couro” – retirar pêlos e imperfeições do couro.
exemplos: lixar algo; alisar argila; colar vela com chama de fogo (mesmo nos dias festivos); passar creme na pele.
Em caso de doença é permitido aplicar pomada (de forma não habitual – com shinui) numa ferida, sem alisá-la (mesmo que se alise por si só).
30. “Demarcar o couro” para cortá-lo.
exemplos: traçar linhas para escrever sobre elas; fazer pontilhado para saber onde dobrar ou cortar o objeto.
31. “Cortar” seguindo uma certa medida.
exemplos: cortar um desenho seguindo o pontilhado; arrancar folhas de caderno; apontar lápis; cortar papel higiênico ou saquinho plástico de um rolo; separar lenço de papel quando um está preso ao outro; serrar madeira ou metal; cortar pano; separar páginas de um livro quando estas não foram cortadas na gráfica.
32. “Escrever” ou esculpir letras, figuras ou sinais que sirvam como códigos de comunicação.
exemplos: escrever com dedo sobre líquido que derramou na mesa, num vidro embaçado ou na areia, carimbar, unir peças de quebra cabeças; bordar letras ou figuras.
Nossos sábios proibiram uma série de ações em que é quase automático o uso da escrita, como negociar (pois implica em fazer contrato); medir ou pesar algo; dar um presente; trabalhar no Shabat em troca de um salário diário; fazer contas de matemática; ler no jornal propaganda sobre compra e venda de móveis ou imóveis.
É permitido medir febre com termômetro não digital no caso de necessidade.
33. “Apagar” – anular qualquer escrita ou código comunicável com a intenção de reescrever no mesmo local.
exemplos: apagar lousa escrita com giz; apagar com borracha; cortar embrulho onde há letras escritas; cortar letras carimbadas ou coladas em frutas.
Nossos sábios proibiram ler listas de qualquer tipo para não chegar a apagar algo da lista.
É permitido comer alimentos cujas letras são parte do próprio alimento, como biscoitos (neste caso, as letras e o alimento são considerados um único elemento). Porém, quando o alimento e as letras são compostas de materiais diferentes, como letras escritas com creme sobre um bolo de chocolate, as letras devem ser retiradas por completo antes de cortar o bolo.
34. “Construir” – ação ligada à montagem ou construção.
exemplos: todas as tarefas relativas à construção, como cavar, encaixar portas e janelas, furar ou bater prego na parede, etc.; montar tenda; abrir guarda-chuva; montar qualquer utensílio; fazer queijo; fazer trança de cabelos; usar spray para fixar penteado.
35. “Destruir ou demolir” com a intenção de reconstruir no local.
exemplos: retirar telhas do telhado; arrancar prego da parede; arrombar porta; desfazer tenda; desfazer caixa de madeira; desmanchar trança de cabelos.
36. “Acender fogo” – aumentar, prolongar ou propagá-lo.
exemplos: riscar fósforo; acender chama de gás; ligar luz elétrica (por isso é proibido abrir porta de geladeira que automaticamente acende a luz interna; a lâmpada da geladeira deve ser desativada ou afrouxada antes do Shabat); acrescentar azeite numa lamparina; ligar motor do carro; acelerá-lo; obter faíscas através do atrito entre duas pedras; refletir a luz do Sol em lente de aumento para queimar papel.
37. “Apagar fogo” ou diminui-lo.
exemplos: apagar fogo através de vento (abrindo janela), areia ou sopro; abaixar fogo ou chama de gás; desligar luz elétrica; retirar azeite de uma lamparina; desligar motor do carro.
Nossos sábios proibiram ler à luz de azeite, pois estando concentrada na leitura a pessoa pode esquecer que é Shabat e mexer no pavio ou no azeite para enxergar melhor.
38. “Terminar a manufatura de qualquer objeto” (denominado “bater com martelo”, pois o ferreiro termina sua obra com uma última martelada) – dar o “toque final” para que um objeto possa ser utilizado.
exemplos: afiar faca; desentortar garfo; colocar cordão num sapato novo; retirar fios deixados por costura; cortar uma lasca de madeira para usar como palito de dentes; encaixar pé que se soltou da cadeira; apertar parafuso para recolocar lente de óculos.
Nossos sábios proibiram mergulhar qualquer utensílio no micve; nadar; remar; tocar instrumentos musicais.
39. “Transportar de propriedade particular para pública e vice-versa” – transportar, jogar, entregar, empurrar ou fazer qualquer tipo de transferência de uma área de propriedade pública para uma de propriedade privada ou vice-versa, a não ser vestir roupas e outros adornos como kipá, óculos de grau, jóias, etc. Também é proibido carregar qualquer objeto num perímetro equivalente à distância de 1,92 m, em área de propriedade pública.
exemplos: sair para a rua com lenço ou chave no bolso; mastigando bala ou chiclete; com botão solto na roupa; com óculos de leitura ou de sol; entregar ou jogar um objeto pela janela ou porta de residência particular para alguém que se encontra na rua ou vice-versa.
Se a pessoa encontra-se numa propriedade pública e se dá conta que está com algum objeto no bolso, não deve parar; se o objeto não for de valor, deve deixá-lo cair enquanto continua andando (sem dar uma parada); se for de valor, deve continuar andando até voltar à propriedade particular de onde saiu com o objeto no bolso, sem parar no caminho.
É permitido levantar um grampo de cabelo que caiu na rua e recolocá-lo no cabelo se não ultrapassar 1,92 m ao fazê-lo.
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Além dos 39 trabalhos matrizes existem outras tarefas proibidas determinadas pelos Sábios de Israel da época do Beit Hamikdash usando o direito que a Torá lhes deu para isso de “Tudo o que é decretado no Beit Din aqui embaixo é decretado no Beit Din lá encima, no Tribunal Divino.
As leis da Torá são chamadas de leis “Deoraiita” e as da Mishná (determinadas pelos Sábios de Israel) são chamadas de leis “Derabanan”. Eles fizeram “cercas para a Torá” e no caso do Shabat fizeram essas “cercas” para que o Shabat seja completamente diferente de um dia comum da semana. A seguir veremos alguns exemplos:
A proibição de transformar um sólido em líquido; assim, não se pode desmanchar gelo na mão para beber o líquido que se forma, embora seja permitido colocar gelo num copo com água para gelar a água; não se pode usar um sabonete sólido, pois se transforma em líquido. É permitido usar sabonete líquido (não pasta) , costumamos acrescentar água ao sabonete líquido para que ele fique líquido de verdade.
A proibição de fazer algo que, embora não seja proibido por si só, pode parecer proibido aos olhos do observador ; por exemplo, ligar um aparelho num timer antes do Shabat (quando usualmente não é usado assim), como para forno de microondas, aparelho de televisão, rádio, etc. O observador vai achar que você ligou isso no Shabat e vai concluir que é permitido ligar isso no Shabat (é permitido usar um timer para luz elétrica, aquecedor ou ar condicionado.)
A proibição de realizar no Shabat tarefas que destoam da santidade do dia; por exemplo um moinho cujo dono é judeu não pode funcionar no Shabat; não é permitido assistir TV, ao passar por um aparelho que esteja ligado mesmo que este não nos pertença.
A proibição de falar no Shabat sobre assuntos mundanos; por exemplo, programar no Shabat um trabalho que será feito durante a semana (se esta é tarefa proibida de se realizar no Shabat).
Muktze:
Nossos Sábios decretaram a proibição de manusear objetos proibidos de serem usados no Shabat que são chamados de Muktze. Uma máquina fotográfica, instrumento musical, caneta, vela, fósforo, tesoura, etc no Shabat viram Muktze. Também é proibido manusear animais em geral, isso também é chamado de “Muktze”. Podemos dizer que o cachorro no Shabat é Muktze.
Algumas das categorias de muktsê:
1 – Objetos que não tenham uso designado, como: pedras, plantas, flores num vaso, comida crua não-comestível no estado atual, como feijões , ou até uma batata crua; um objeto que foi quebrado e não pode mais ter utilidade, como uma tigela
quebrada, um botão que caiu da roupa; e o que se compara à isso
2 – Objetos de valor ou aqueles que seriam usados apenas para sua tarefa designada, por medo de danificá-lo, por exemplo: Itens caros, como câmera, decoração de cristal; ferramentas profissionais: bisturi, fiação elétrica; documentos importantes: passaporte, certidão de nascimento; e o que se compara à isso.
3 – Objetos que estão proibidos de serem usados por causa de proibição na Torá, ex.: alimentos não-casher, vasilhas que ainda não foram imersas num Mikve , chamêts em Pêssach; também estão incluídos objetos usados para uma mitsvá, como Tefilin, cobertura de folhas da Sucá que caíram e o que se compara à isso.
4 – Um objeto cujo propósito fundamental é para uma atividade proibida no Shabat, ex.: martelo, grampeador, caneta. No entanto a pessoa pode mover estes objetos se
a) forem necessários para uma atividade permitida no Shabat e não há outra coisa que possa realizar aquela tarefa, ex., um martelo para abrir um coco ou uma lista telefônica para melhorar o assento
b) O local que o objeto ocupa é necessário, ex., se uma caneta está sobre uma cadeira e você quer sentar-se ali.
Qualquer coisa sobre a qual fique um objeto muktze é uma base – base para o muktze e ela própria se torna um muktze se;
A– O item muktze foi deixado sobre o objeto intencionalmente, para que continue ali durante pelo menos parte do Shabat;
B – O objeto foi colocado ali pelo dono ou com o conhecimento do dono;

C – No início do Shabat, a base apoiava apenas o muktze e nenhum item não-muktze. Um exemplo de base encontrado em todo Shabat são as velas do Shabat sobre a mesa. Os castiçais são muktze, e não podem ser removidos da mesa no Shabat. A mesa que apoia os castiçais podem assim se tornar uma base para muktze e o próprio muktze, impedindo-a de ser movida se necessário.

Para remediar isto, simplesmente colocamos um outro item não-muktze exigido para o Shabat sobre a mesa enquanto arrumamos as velas como o vinho do Kidush ou as Chalot ou o Sidur. Assim, embora os castiçais sejam muktze, a mesa contém também a chalá ou o livro de orações e portanto não é muktze

Ki Tissá  – 5781
O bezerro de ouro
Nossa Parashá nos conta que depois da entrega da Torá no Monte Sinai Moshe Rabeinu avisou o povo de Israel que iria subir ao Monte Sinai e ficar lá quarenta dias e quarenta noites.
Quando ele deu esse aviso já tinha passado uma parte do dia e por isso ele não considerou o dia em que subiu como sendo o primeiro dos quarenta dias
O povo contou os quarenta dias incluindo o dia em que Moshê subiu e por isso depois de 39 dias eles acharam que chegou o dia de ele descer
Existe um anjo chamado de “Satan” que em hebraico quer dizer “desviador”. Esse anjo é comparado a um fiscal do governo que entra em uma loja, compra uma coisa barata e diz que não precisa de nota fiscal. Depois disso manda um relatório para o tribunal de contas acusando o dono da loja de não ter dado essa nota fiscal
Assim também trabalha o Satan, desce e nos seduz a transgredir um Mandamento Divino, e depois disso sobe e nos acusa no tribunal Divino. Delata a transgressão que fizemos mesmo tendo sido causada por ele
O método de trabalho dele é simples. Quando Hashem (D’us) criou Adam e Havá o Satan “baixou” na cobra, e todo o tempo que ele estava nela ela falava, era esperta e inteligente. Depois que ele saiu dela ela voltou a ser o animal irracional que era desde o começo
Naquela ocasião o Satan já tinha uma resposta pronta:
Caso fosse perguntado à ele porque fez isso, ele responderia:- Hashem pediu para não comer aquela fruta e uma “cobra” falou para comer, à quem eles deveriam escutar?
O tribunal Divino dá um limite para ele, sempre que há uma revelação Divina o Satan pode fazer alguma coisa somente até aquele mesmo nível para que haja o livre arbítrio nos dando a possibilidade de optar entre fazer o que Hashem (D’us) pediu ou fazer o que a cobra pediu
Ou seja, se o túmulo de um Tzadik foi aberto depois de centenas de anos do seu falecimento e o corpo dele estava intacto como se estivesse vivo, o mesmo tem que acontecer com o túmulo de um sacerdote da idolatria para podermos escolher entre Hashem (D’us) e a idolatria
Sendo que a revelação Divina que aconteceu com a entrega da Torá nos tirou esse livre arbítrio porque vimos uma revelação Divina eternamente incontestável, agora chegou a vez do Satan fazer a revelação dele para podermos escolher entre Hashem e a cobra
E da mesma maneira que na entrega da Torá Moshê Rabeinu teve uma participação fundamental, Hashem falou os primeiros dois Mandamentos e o povo pediu para Moshe ouvir de Hashem os outros oito Mandamentos e repassar para eles, agora chegou a vez do Satan e os representantes dele naquele momento que eram os feiticeiros da “Erev Rav”, e agora no lugar de escolher entre Hashem e a cobra vamos ter que escolher entre Hashem e o bezerro de ouro
O plano “diabólico”
No começo o Satan fez uma revelação visual. Todos viram no “céu” uma “visão” do “enterro” de Moshe, como muitas vezes pessoas vêem discos voadores mas nunca ninguém conseguiu pegar um desses “marcianos” com as mãos, assim também ele mostrou aquele “enterro de Moshe”
Aí chegou a equipe dos feiticeiros da Erev Rav que fizeram a declaração oficial de que Moshe Rabeinu faleceu e a religião judaica terminou, e agora a nova religião vai ser uma estátua, continuação da religião do Egito, país da Erev Rav
E da mesma maneira que no cristianismo, mesmo sendo uma idolatria continuação da religião anterior da Itália que era a mitologia, mesmo assim eles precisam de um “antigo testamento” para dar legitimidade à ela sendo que a mitologia não tem nenhuma legitimidade
Por isso os cristãos colocaram um “antigo testamento” no cristianismo para dizer que a idolatria deles é nada mais nada menos do que o nosso D’us que nos tirou do Egito, e isso é só para dar legitimidade à idolatria deles
Assim também a Erev Rav precisou de Aharon para ser o Cohen da idolatria e dizer que esse bezerro de ouro é aquele D’us que tirou os judeus do Egito
O plano de Aharon
Quando Moshe Rabeinu subiu ao Monte Sinai Aharon Hacohen e Hur, o filho de Miriam, ficaram responsáveis pelo nosso povo. Aharon Hacohen viu que Hur foi assassinado pela Erev Rav e que não conseguiria impedir a Erev Rav de fazer a idolatria batendo de frente com eles, então planejou sabotar a Erev Rav por dentro
Ele pediu para os homens trazerem os brincos de ouro das mulheres para fazer a estátua. Ele sabia que as mulheres não iriam doar os brincos para a idolatria, e assim a Erev Rav iria perder a moral
E ele tinha razão! As mulheres se recusaram a apoiar a idolatria. Até aqui o plano de Aharon deu certo, mas o que Aharon não esperava que acontecesse foi exatamente o que aconteceu. Os homens arrancaram os brincos das mulheres a força e os trouxeram para fazer a estátua
Diz o Ari Zal que a geração do Mashiach é a reencarnação da geração que morreu no deserto, e o Mashiach é a reencarnação de Moshe Rabeinu, e por isso essa geração vai ser uma geração de intelectuais a exemplo da geração do deserto que estudou Torá durante quarenta anos
E a principal característica dessa geração vai ser o fato de todas as mulheres mandarem em todos os maridos. E o motivo para isso é o fato de elas terem ido contra a idolatria e os homens terem arrancado delas os brincos a força para doarem para a idolatria
O Rebe diz que essa geração somos nós! Precisa de mais sinais?
O “yetser hará” da idolatria
A cobra falou para Havá que D’us ficou D’us porque comeu a fruta da Etz Hadaat, e se eles comessem essa fruta eles também virariam D’us. Eles comeram a fruta proibida para se tornarem D’us fazendo de si próprios uma idolatria
Por causa disso a Alma Divina de Adam Harishon se impurificou e recebeu o que que chamamos de “yetzer hará” (mau instinto) da idolatria. Ou seja, sendo que a raíz da Alma de cada um de nós no seu DNA é a Alma Divina do Adam Harishon, sendo assim todos tinham na própria natureza a vontade de fazer idolatria por causa da auto idolatria de Adam Harishon
Por isso o povo de Israel foi cúmplice da Erev Rav no bezerro de ouro e por isso durante 790 anos, desde o falecimento de Josué até a destruição do primeiro Beit Hamikdash o principal problema do nosso povo foi a idolatria
A Guemará nos conta que os “Anshei Knesset Hagdolá” que eram os Sábios e profetas que viveram entre a destruição do primeiro Beit Hamikdash e a construção do segundo Beit Hamikdash fizeram um jejum de três dias e três noites direto, e no final desse jejum pediram na Tefilá para que nesse mérito o “yetzer hará” da idolatria fosse anulado. Nesse momento caiu um bilhetinho do céu com a palavra “Emet” confirmando essa anulação
E sendo que por meio disso aconteceu novamente o mesmo desequilíbrio espiritual que tinha acontecido com a entrega da Torá, ou seja, o livre arbítrio desequilibrou, Hashem (D’us) teve que reduzir a revelação Divina que acontecia por meio dos profetas para equilibrar novamente o livre arbítrio no mundo, e por isso a partir daquele momento não temos mais yetzer hará para idolatria mas também não temos mais profetas
Conclusão:
Vamos rezar com muita alegria e pedir para Hashem fazer com que a nossa Gueulá aconteça imediatamente, só temos a ganhar 😊
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Parasha Pará

O costume de se ler Parashat Pará nesta época do ano era originalmente para lembrar a todos para se purificarem antes de viajarem a Yerushaláyim para a Festa de Pêssach. Hoje que ainda não temos o nosso terceiro e eterno Beit Hamikdash (Templo Sagrado de Jerusalém) vamos estudar a explicação do Baal Shem Tov sobre Parashat Pará

 

A vaca vermelha representa o orgulho

 

O Baal Shem Tov nos ensinou que todos os Mandamentos Divinos são eternos.

Mesmo que na prática eles precisam ser cumpridos por meio de uma ação determinada e em um tempo determinado, mesmo assim eles sempre trazem para nós um ensinamento que pode ser colocado na prática por cada um de nós e em qualquer momento

Nesse aspecto os Mandamentos Divinos são eternos, pelo motivo de a Torá ser Divina e a revelação Divina ser eterna.

Dizem os alunos do Baal Shem Tov em seu nome, que toda a Torá tem que estar sempre presente na nossa vida diária dentro desse aspecto, o de aprendermos de cada Mandamento Divino uma instrução que pode ser colocada na prática no nosso dia a dia

Eles perguntaram ao Baal Shem Tov:- O que podemos aprender da Mitzvá da “Pará Adumá”(a vaca vermelha) para o nosso trabalho Divino diário, se até na época do Beit Hamikdash ela não aconteceu a não ser raramente?

E também, o que podemos aprender do fato de que ela impurifica os puros e purifica os impuros?

E assim respondeu o Baal Shem Tov:

A “Pará Adumá” representa o orgulho!

No princípio, quando nos comportamos de maneira incorreta e portanto estamos distantes de Hashem (D’us), o começo do nosso “conserto” é por meio do orgulho e das “segundas intenções”

Temos que cumprir os Mandamentos Divinos para “nos exibir”, por exemplo, ou de uma maneira mais nobre, mas ainda com “segundas intenções”, de “ganharmos o Paraíso futuro”.

Temos que pensar que é mais do que justo que Hashem nos dê uma enorme recompensa por tudo o que estamos fazendo, temos que achar que estamos fazendo algo para D’us

Mas a verdade é que se D’us não nos desse força, o que seria de nós? Como podemos cobrar de Hashem uma coisa que fizemos com a força que ele próprio nos deu?

Mas nunca conseguiríamos chegar à essa verdade, e D’us nos livre, ficaríamos de fora, se não começássemos o trabalho Divino como uma criança pequena, para exibir que estamos fazendo o que é certo e portanto somos importantes, ou para receber algo em troca, por mais nobre que seja a recompensa como por exemplo o futuro Paraíso

Depois que começamos o trabalho Divino com essas “segundas intenções” e conseguimos “crescer e amadurecer” dentro do trabalho Divino, descobrimos que Hashem é a essência do bem e ele nos ama mais do que nós amamos nossas próprias crianças, infinitamente mais do que imaginávamos!

Perdemos o interesse pelo que os outros vão pensar de nós, perdemos a vontade de nos “exibir”, e vemos o futuro paraíso como uma coisa óbvia, como voltar para casa depois de estarmos perdidos na selva por tanto tempo.

Paramos de pensar em nós próprios e começamos a pensar em Hashem que está tão preocupado com a nossa “volta para casa”. Vamos pelo caminho certo para que Hashem fique “menos preocupado” com a gente e não para termos algum lucro com isso

Nessa segunda etapa, ter orgulho, cumprir os Mandamentos Divinos para nos exibir ou para ganhar o paraíso é uma regressão à etapa anterior. Nessa segunda etapa se tivermos orgulho ele nos derruba

Nessa segunda etapa, na qual voltamos a ser crianças puras, temos que manter essa pureza e nos afastar do orgulho até o extremo

Porque a prepotência é uma auto idolatria, e aonde há idolatria a revelação Divina se oculta. Nessa etapa o orgulho nos impurifica

Conclusão: o orgulho purifica os impuros e impurifica os puros

E esse assunto existe em todos os níveis, até no nível dos Tzadikim, das pessoas mais elevadas espiritualmente.

Até os próprios Tzadikim, para subirem do seu nível tão elevado para um nível mais elevado ainda, precisam usar esse sistema de começar pelo orgulho para decolar, e depois se apegar à humildade para aterrissar com segurança no nível superior

E por isso, também sobre os Tzadikim podemos dizer que o orgulho purifica os impuros, sendo que qualquer nível espiritual em relação ao nível superior à ele é comparado à impureza em relação à pureza

Sendo que o nível espiritual inferior está distante do superior, em relação ao nível de revelação Divina superior o Tzadik está longe de D’us, mesmo que para nós que estamos em um nível muito mais baixo ele está infinitamente mais perto de D’us do que nós

E antes de qualquer pessoa se aproximar de Hashem por meio de alguma Mitzvá, Torá ou Tefilá (reza) ele é considerado impuro, ou seja, distante de Hashem em relação ao nível da aproximação que ele vai chegar por meio da Mitzvá, da Torá ou da Tefilá que ele vai fazer, e não temos como nos aproximar de Hashem a não ser por meio do orgulho

Na “sitra ahara”, no lado espiritual impuro, representado principalmente pelo que está mais próximo à nós que é o nosso próprio “yetzer hará” (nossa má inclinação), o raciocínio é totalmente contrário

O yetzer hará começa pela humildade e termina no orgulho

Começa pela humildade dizendo:

– “Quem é você para fazer uma Mitzvá?”

-“O que adianta você estudar Torá, de qualquer jeito você nunca vai saber tudo”

:- “Você acha que é tão querido por Hashem para que a sua reza seja ouvida?”

Quando um pensamento desses proveniente do yetzer hará nos atinge como um míssil do Hamas que sai de dentro da própria terra de Israel para destruí-la, você deve responder com todo o orgulho dizendo:

:-Quem sou eu para não fazer uma Mitzvá!

:-O meu estudo de Torá lá encima é visto como uma pequena luz na escuridão que é muito mais importante do que uma grande luz que não está na escuridão

:- A minha reza lá encima é ouvida com mais atenção ainda, como uma criança aprendendo a falar que mesmo falando errado o pai está tão feliz em ouvi-la que até repete as palavras dela de tanta felicidade

O fato de o orgulho no começo do trabalho Divino fazer parte da santidade e não ser comparado à uma Mitzvá feita por meio de uma “averá” (transgressão) é porque por trás dele se encontra a verdadeira humildade como vemos nos exemplos acima

A humildade da “sitra ahara” é dizer :-quem sou para fazer uma Mitzvá

A humildade da Kedushá (santidade) é dizer :-quem sou eu para não fazer uma Mitzvá.

E esse lado oculto da verdadeira humildade se disfarça de orgulho para enfrentar o Yetzer hará que tenta nos seduzir dizendo que é uma grande Mitzvá ser humilde mas que por motivos de humildade você não deve cumprir Torá e Mitzvót sendo que você ainda não está nesse nível!

E você só consegue refutar os argumentos dele com orgulho. E por meio desse orgulho você se purifica e se aproxima de Hashem, por meio de ter orgulho em estudar Torá, em rezar, em cumprir as Mitzvót

O orgulho de fonte impura é o orgulho da segunda etapa, quando você já está estudando Torá, cumprindo Mitzvót e caprichando na Tefilá. Aí aparece o Yetzer hará e tenta te convencer de que você é melhor do que as pessoas que não estão fazendo o que você faz.

Esse é o orgulho proveniente da “sitra ahara” e o objetivo dele é te derrubar dessa forma fazendo com que você se ache melhor do que os outros, fazendo com que você se sinta um deuzinho, transformando você em uma pequena idolatria e te distanciando de Hashem muito mais do que você estava antes de começar

Por isso o orgulho é chamado de Pará Adumá. Pará(vaca) é uma linguagem de crescimento, o orgulho de fazer uma Mitzvá faz você crescer.

Adumá (vermelha) se refere à “sitra ahara” que é o orgulho que você sente depois de ter feito a Mitzvá, o orgulho de ser melhor do que alguém que não fez essa Mitzvá, orgulho proveniente do lado impuro

Portanto é colocado dentro da fogueira da vaca vermelha um pedaço de Erez que é a maior árvore, um pedaço de ezov que é a menor árvore, e tolaat shani, a lã tingida com a tinta vermelha originaria de um vermezinho

Como explica Rashi que quem se orgulhou como um Erez, tem que se rebaixar como um ezov e como uma tolaat, um vermezinho

Diz o Rambam que o cajado de Erez que era colocado dentro da fogueira da vaca vermelha tinha um limite de altura de cinquenta centímetros

Disso nos ensina o Baal Shem Tov mais uma regra importante que aprendemos da Mitzvá da Pará Adumá

Que mesmo sendo necessário o orgulho no começo do trabalho Divino, ele tem que ter um limite. Não podemos perder o controle sobre ele para que seja possível eliminá-lo depois com muita facilidade

ConclusãoLeia novamente tudo o que foi dito acima e coloque tudo isso na prática com muito amor e carinho!

Tetzavê – 5781
בכל הציווים שבתורה נאמר צו את בני ישראל וכיו”ב, וכאן נאמר ואתה תצוה את בני ישראל
Nossa Parashá começa com as palavras “e você vai ordenar”, uma linguagem não usual sendo que esse “e” está acrescentando alguém junto à Moshe
Às vezes Moshe Rabeinu está falando na Torá em uma linguagem como se fosse Hashem (D’us) falando, nesse caso, diz o Zohar, é a própria Shehiná (Presença Divina) falando por meio das cordas vocais de Moshe
Às vezes Moshe discute com Hashem (D’us) e pede para Ele desculpar o nosso povo. Nesse caso Moshe é Moshe e não Hashem falando por meio das cordas vocais de Moshe
Diz o Zohar que a linguagem da nossa Parashá está nos indicando que nesse caso Hashem e Moshe estão juntos. Não é Hashem sozinho falando por meio das cordas vocais de Moshe e nem Moshe sozinho fazendo um pedido para Hashem, mas os dois juntos
Mais para frente o Zohar fala sobre como isso acontece com cada um de nós
 זהר דף קפד עמוד ב – תא חזי עלמא תתאה קיימא לקבלא תדיר, והוא אקרי אבן טבא, ועלמא עלאה לא יהיב ליה אלא כגוונא דאיהו קיימא, אי איהו קיימא בנהירו דאנפין מתתא, כדין הכי נהרין ליה מעילא, ואי איהו קיימא בעציבו, יהבין ליה דינא בקבליה
“Se estamos com um sorriso aqui em baixo, assim somos iluminados lá de cima, mas se estamos tristes aqui em baixo trazemos para nós as severidades”
Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem. Quando estamos alegres mesmo que todos os motivos nos levam à direção contrária despertamos lá em cima uma revelação Divina personalizada para nós
Nos unimos à Hashem em um nível de revelação da Sefirá chamada de Hessed, e nossa alegria aqui em baixo faz com que Hashem nos traga outra alegria lá de cima e nos dê agora milagrosamente todos os motivos materiais para estarmos alegres
וּמִמַּעַל לָרָקִיעַ אֲשֶׁר עַל רֹאשָׁם כְּמַרְאֵה אֶבֶן סַפִּיר דְּמוּת כִּסֵּא וְעַל דְּמוּת הַכִּסֵּא דְּמוּת כְּמַרְאֵה אָדָם עָלָיו מִלְמָעְלָה.
O Alter Rebe nos trouxe a explicação do Maguid de Mezritch sobre o versículo em Yehezkel que diz: “Sobre a aparência do trono uma aparência como a aparência da pessoa”, ou seja, como a nossa aparência naquele momento
Diz o Maguid que como nos comportamos aqui em baixo causamos a revelação Divina lá em cima
Ou seja, quando estamos alegres aqui em baixo mesmo sem termos absolutamente nenhum motivo para estarmos alegres, mas muito pelo contrário, todos os motivos eram para estarmos tristes e não levamos os motivos em conta mas continuamos alegres, a revelação Divina em relação a nós também se torna alegria e assim e os milagres acontecem invertendo todos os motivos anteriores
Em outras palavras, a descrição do profeta Yehezkel sobre a revelação Divina ser comparada à aparência da pessoa não é uma coisa material sendo que Hashem está acima da matéria e não tem nenhuma comparação material
Mas a intenção é que a revelação Divina que está sobre o trono é como a nossa aparência aqui em baixo. Se estamos tristes, mesmo por motivos justos, a revelação Divina em relação a nós é Guevurá. Mas se estamos alegres a revelação Divina em relação a nós é a Hessed (bondade) e aí todos os milagres acontecem.
Então vamos ficar alegres, só temos a ganhar 😊

Trumá    – 5781
Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) pediu para Moshe pedir ao povo de Israel uma doação para Hashem
Diz o versículo: “De toda pessoa que queira doar de coração peguem para mim uma doação”
Quando Hashem pede essa doação, o versículo usa a palavra “trumá” como doação e não a palavra “nedavá” que é a palavra certa para isso, sendo que a palavra Trumá quer dizer elevar e não doar
A tradução da Torá para o aramaico feita por Unkelus (o Tana que se converteu ao judaísmo há quase 2000 anos atrás) não é uma tradução literal mas sim uma tradução explicativa
Quando ele traduz a palavra Trumá ele não traduz a palavra Trumá no seu sentido literal que é o de “elevar” mas traduz como separar que já é a explicação do sentido da palavra nesse caso
Rashi traz a tradução de Unkelus na sua explicação sobre essa passagem da Torá e conclui que a intenção da palavra Trumá no nosso versículo é a de separar. Ou seja, os doadores vão separar uma parte do seu dinheiro para dar como doação
Sendo que o versículo explicitamente está falando sobre uma doação, e não está falando sobre levantar alguma coisa como vimos na tradução de Unkelus trazida também por Rashi, porque a Torá usa a palavra “Trumá” (elevar) e não a palavra “nedavá” (doar)?
צְדָקָה תְרוֹמֵם גּוֹי וְחֶסֶד לְאֻמִּים חַטָּאת
No livro dos provérbios o rei Salomão usa essa palavra no seu sentido literal: “a Tzedaká eleva o povo”
Mas o que a Tzedaká eleva mais do que qualquer outro Mandamento Divino a ponto de a nossa Parashá já usar diretamente a palavra elevação no lugar de doação?
O motivo do trabalho
Quando Adam Harishon (o primeiro homem) fez a primeira transgressão ele perdeu o direito ao paraíso e no lugar disso foi dito para ele – “Com o suor da sua face você vai comer o pão”. Ou seja, a partir daquele momento ele teria que trabalhar duro para ter o que precisa
Levamos o trabalho a sério mais do que as outras coisas. Colocamos o principal da nossa dedicação e empenho no trabalho  e também perdemos as melhores horas do dia trabalhando.
O trabalho é a única coisa que fazemos “de todo o coração”, a única coisa que nos dedicamos de verdade. Diz o rei David no Tehilim que os dias da nossa vida são setenta anos e se formos fortes serão oitenta, e no final chegamos ao “mundo melhor”.
Quando já começamos a nos preparar para essa “viagem” pensamos em todo o tempo perdido, toda a grande dedicação e empenho que tivemos no trabalho por medo de não conseguir pagar as contas, quanto tempo levou para ir e voltar do trabalho e quanto tempo ficamos no próprio trabalho.
Chegamos cansados em casa, graças à D’us sobrou um pouquinho de tempo para dormir e recuperar as forças para viajar de manhã novamente para o trabalho e perder o dia inteiro lá
E só de pensar que no próximo mundo o importante não é o trabalho que fizemos aqui mas sim o trabalho Divino que foi feito aqui e que lá vamos receber o pagamento por ele ficamos abalados
E esse pagamento não é pouca coisa, uma hora no baixo Paraíso equivale a setenta anos dos maiores prazeres neste mundo. Com que cara vou chegar lá?
Mas Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e por isso nossa Parashá se chama Trumá e não Nedavá
Por trás da doação
Não teríamos como fazer uma doação de parte do nosso dinheiro sem ter o dinheiro para fazê-la, e para ter esse dinheiro precisamos viajar até o trabalho, nos dedicar à ele de corpo e Alma, perder nele as melhores horas do dia e os melhores anos da vida
Mas quando damos uma parte desse dinheiro para a Tzedaká, sendo que ele é a consequência do nosso trabalho, todo o nosso trabalho se transforma em Mitzvá. Ele se torna a parte principal desta Mitzvá, sem ele a Mitzvá não teria como acontecer
Por isso nossa Parashá chama a doação de “elevação”, nos mostrando que essa Mitzvá eleva todo o nosso trabalho incluindo o tempo perdido para chegar até ele e o tempo perdido para voltar dele, sendo que ele é a parte principal da Mitzvá da Tzedaká
Então quando terminamos o nosso trabalho e voltamos para casa podemos dizer confiantes que o dia inteiro estávamos fazendo uma Mitzvá. Por meio da Tzedaká todo o nosso trabalho se transforma em Mitzvá, todo o nosso trabalho é a Mitzvá da Tzedaká ❤️
מעשה במונבז המלך
A Guemará nos conta que há muitos e muitos anos atrás , em uma cidade que hoje é chamada de Erbil, havia um rei muito rico chamado Munbaz. Certa vez o país dele passou por uma grande crise. Mas sempre que tinha um ano difícil todos sabiam que podiam contar com o bom rei .
Ele gastou todos seus tesouros e os tesouros que tinha herdado de seus antepassados com a Tzedaká, com as doações que deu nos anos de crise.
Seus irmãos e parentes se uniram contra ele e lhe disseram
:- Seus antepassados ajuntaram muito dinheiro, seu avô e seu pai acrescentaram ao que eles ajuntaram, e você gastou !
A Guemará nos conta que “As palavras dos sábios são ouvidas com tranquilidade”, e assim o bom rei respondeu com muita calma e sabedoria:
:-Meus antepassados guardaram riquezas aqui embaixo, mas eu guardei minhas riquezas lá em cima.
:-Meus antepassados guardaram riquezas em um lugar aonde poderia ser roubada, mas eu guardei as minhas riquezas em um lugar aonde ninguém pode roubar.
:-Meus antepassados guardaram riquezas em um lugar escondido que não dá frutos, mas eu guardei minhas riquezas em um lugar aonde posso receber aqui os frutos dela!
:-Meus antepassados guardaram as riquezas para outros mas eu guardei minhas riquezas para mim!
:-Meus antepassados guardaram as riquezas para serem usadas neste mundo e se foram sem elas, mas eu guardei as riquezas no próximo mundo, para onde todos nós vamos!
O bom rei Munbaz e sua mãe Heleni Hamalka foram para Yerushalim e se converteram ao judaísmo , e o exemplo deles foi seguido por todas as pessoas sábias daquele país formando lá uma comunidade judaica linda e maravilhosa!

Shabat Zahor: O Shabat da Lembrança

“Lembra o que Amalek fez contigo no caminho quando saíste do Egito. Que ele encontrou contigo no caminho, e derrubou todos os fracos que se desgarraram atrás de ti quando estavas fatigado e exausto; e ele não temeu a D’us. Por isso, quando o Senhor, teu D’us, te aliviar de todos os teus inimigos a sua volta, na terra que o Senhor teu D’us te dá como herança para possuí-la, apagarás a memória de Amalek debaixo do céu. Não esqueças!”

Sendo este o Shabat antes de Purim, no qual celebramos a frustração do plano de Haman, o amalekita, para destruir o Povo Judeu, a Parashá da semana é complementada com a leitura de Zachor (Devarim 25:17-19) na qual somos ordenados a lembrar a maldade de Amalek e erradicá-la da face da terra.

A Leitura adicional deste Shabat: Zachor

No Shabat que precede Purim, tiram-se dois Rolos da Torá da Arca. O primeiro com a Parashá da semana, para o qual sete são chamados à leitura; e o segundo para a leitura do maftir. “Recorda-te do que te fez Amalek no caminho, quando saíste do Egito” (Devarim 25). Por causa dessa leitura, este é chamado de Shabat Zachor (Lembra-te). A Haftará também versa sobre Amalek.

É uma mitsvá positiva da Torá – para todos os judeus – odiar Amalek e seus descendentes, e recordar oralmente sua iniquidade. Devemos contar aos nossos filhos, em todas as gerações, o que ele nos fez quando partimos do Egito: “Lembra-te do que te fez Amalec no caminho, quando saíste do Egito” e “Apagarás a memória de Amalek de sob os céus; não te esquecerás”. Os Sábios explicaram: “Lembra-te” oralmente; “Não te esquecerás” no coração.

A passagem que contém esse mandamento é lida anualmente para cumprir a mitsvá de recordar, e a época escolhida para tal é no Shabat anterior a Purim; pois Haman era um amalequita, e o milagre de Purim foi uma salvação da mão de Amalek. Similarmente, os inimigos contra quem os judeus lutaram e mataram após o milagre de Purim eram todos amalequitas, como está relatado no Livro de Ester.

Uma vez que a leitura da Parashá de Zachor em sua época propícia é uma mitsvá positiva da Torá, o ledor deve ter a intenção de permitir que toda a congregação cumpra a mitsvá através de sua leitura. A congregação também deve ter a intenção de cumprir a mitsvá ouvindo o ledor, como se eles mesmos estivessem lendo. Algumas autoridades dizem que se alguém não ouviu a leitura da Parashá de Zachor, pode cumprir sua obrigação ouvindo a leitura da Torá na manhã de Purim que versa sobre o mesmo assunto.

Segundo algumas autoridades, é apenas um costume as mulheres irem à sinagoga escutar a leitura de Zachor. A mitsvá de Zachor é ordenada apenas aos homens; pois somente eles têm a obrigação de empreender guerra para aniquilar a semente de Amalek. E como as mulheres não estão sujeitas à mitsvá de empreender a guerra, também não estão sujeitas à mitsvá de “Recorda-te”. Outras autoridades, porém, são da opinião de que as mulheres devem escutar essa leitura, como exigência formal da Lei, uma vez que a distinção acima citada, entre homens e mulheres, aplica-se apenas à “guerra voluntária”, mas não à guerra obrigatória.

O Amalek original era filho de Essav, e foi ele que perpetuou o legado de seu avô, o ódio ao povo judeu. Apenas algumas semanas após o Êxodo do Egito, Amalek fez o primeiro ataque sorrateiro a Israel. Essa emboscada tornou-se o paradigma da traição, especialmente porque a terra dos amalequitas não fazia parte de Êrets Yisrael, sendo que Amalek não era motivado pelo medo, mas sim pelo ódio.

D’us avisou Benê Yisrael de que haveria um eterno estado de guerra entre Ele e Amalek; pois a batalha de Amalek é basicamente contra a causa da santidade.

A Haftará relata como o primeiro Rei de Israel, Shaul, foi ordenado por Hashem a cumprir a mitsvá de apagar Amalek, eliminando todos os amalequitas em batalha. Shaul, porém, errou ao poupar o rei de Amalek, Agag, deixando-o vivo por um tempo adicional. Esta compaixão errônea teve consequências desastrosas.

Nossos Sábios explicam que a esposa de Agag concebeu após a guerra na qual Shaul deveria tê-lo matado. Desta criança, centenas de anos depois, veio a existir Haman, que ameaçou a própria existência do povo judeu.

Aqueles que questionam como o D’us da misericórdia pôde ordenar a execução de um povo “inocente” devem atentar: a compaixão de Shaul pelo amalequita Agag levou à quase exterminação do povo de Israel por Haman. Num futuro mais distante, o Império Romano, arquiinimigo de Israel, levou adiante a tarefa de Essav, seu ancestral.

Mishpatim   – 5781

Você é o que você come!

Nossa Parashá nos conta sobre a proibição de se comer carne com leite

Sabemos que todo animal impuro é considerado um animal impuro porque tem uma alma animal proveniente de três níveis espirituais impuros chamados pela Kabalá de três “Klipot Tmeot”.

Nossa Alma não tem a capacidade de elevar o “Nitzutz”, a ínfima Kedushá (Santidade) que faz essa “Klipá” existir. Esse Nitzutz não está revestido na Klipá pelo fato de ela ser uma Klipá impura, mas ele dá vida à ela de maneira “envolvente” sem se revestir nela.

Se não houvesse esse Nitzutz a klipá não existiria sendo que Hashem (D’us) é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, sendo assim a coisa ruim só existe enquanto suga a sua vitalidade do lado bom, mas quando esse Nitzutz é tirado da coisa ruim ela não tem mais de onde sugar sua vitalidade e portanto desaparece

Muitas regras na Torá tem exceção, mas a exceção só pode acontecer se a própria Torá trouxer um versículo que determine essa exceção

No caso de comer uma coisa não kasher por motivos de perigo de vida, a Torá “libera”, ou seja, libera o Nitzutz da comida impura que não teríamos capacidade de liberar em uma situação normal

Se um náufrago Judeu se encontra em uma ilha em que a única coisa que ele tem para comer lá são pequenos lagartos, nesse caso por causa do perigo de vida a Torá libera esses animais impuros e por meio dessa excessão conseguimos liberar o Nitzutz fazendo o lado espiritual ruim desses lagartos desaparecer por não ter de onde sugar a sua vitalidade

Em todos os casos de perigo de vida esse fenômeno Kabalistico (de conseguir liberar o Nitzutz de maneira não convencional) acontece. Tanto no caso do náufrago que teve que comer lagartos quanto no caso do doente que recebeu do médico um remédio não kasher, em todos os casos em que nossa vida é salva dessa forma nossa Alma Divina recebe uma força especial para conseguir liberar o Nitzutz da comida impura

Mas em uma situação normal, que não é um perigo de vida, não temos essa capacidade. Nesse caso a comida impura nos baixa para o nível dela, para o nível das três Klipot Tmeot, para as três categorias de impureza espiritual com todas as suas consequências

A carne cozida com leite é o pior problema no assunto de Kashrut. Essa proibição aparece três vezes na Torá nos ensinando que é proibido para nós comer carne com leite, cozinhar carne com leite mesmo que não vamos comer, e por final, ter qualquer proveito de uma carne cozida com leite mesmo que não fomos nós que fizemos essa mistura

E aqui está se tratando até de uma carne kasher com leite kasher, uma carne que pairava sobre ela uma energia espiritual do lado bom e um leite que pairava sobre ele também uma energia espiritual do lado bom, na hora que eles se misturam, essa energia espiritual do lado bom desaparece e lá se revela a maior impureza possível e imaginável do assunto de Kashrut

E a pergunta é:

Se até o próprio porco que é a “marca registrada” dos animais impuros, se liberta do seu lado impuro quando alguém precisa comer ele por motivos de perigo de vida, como pode acontecer esse caso totalmente contrário quando uma carne de animal puro que passou por um abate kasher e o sangue dele foi tirado depois do abate com sal grosso ou se expeliu quando essa carne estava sendo assada, como pode ser que depois disso se ela for cozida com leite ela se torna o maior de todos os problemas de Kashrut possíveis e imagináveis?

A explicação do Zohar

Quando Hashem trouxe as dez pragas para o Egito pediu para Moshe fazer uma ação antes de cada uma delas para que o castigo do tribunal Divino que se encontra em uma dimensão espiritual desça para o nosso mundo material que é o “mundo da ação”, e por isso Moshe Rabeinu precisou fazer uma ação para a praga se revelar no Egito

Quando Hashem pediu para Moshe dar uma “cajadada” (acho que em português se fala “paulada”) no rio Nilo para ele se transformar em sangue, Moshê respondeu que não pode dar essa cajadada no rio Nilo porque quando Moshe era nenê sua mãe o colocou em uma cestinha impermeável nesse rio e assim sua vida foi salva. Por isso ele não pode dar essa cajadada

Hashem poderia dizer para ele então que o rio Nilo se transformaria em sangue sem a cajadada, mas no lugar disso Hashem pediu para Moshe falar para Aharon para ele dar a cajadada e não Moshe

O mesmo aconteceu na praga dos piolhos. Hashem pediu para Moshe jogar a terra do Egito para cima e assim começaria a praga dos piolhos. Moshe disse para Hashem que não pode ser ingrato com a terra do Egito e por isso não pode atirar ela para cima

Nesse caso também Hashem não fez a praga dos piolhos sem que tivesse uma ação material que sincronizasse a praga com o nosso “mundo da ação” e pediu para Moshe pedir para Aharon para que Aharon jogasse a terra para cima e assim a praga começaria

Diz o Zohar que exatamente isso acontece na mistura da carne com leite. A raiz do leite lá em cima é a Sefirá chamada de Hessed, a fonte das bondades. A Hessed é representada pela cor branca

A raiz da carne lá em cima é a Sefirá chamada de Guevurá que é a fonte das durezas, a fonte das severidades. A Hessed sempre limita a Guevurá e nos salva das calamidades que a Guevurá pode nos causar.

Diz o Zohar que quando comemos carne com leite aqui nesse mundo estamos fazendo a ação, dando a “cajadada” que vai neutralizar a Hessed lá em cima impedindo ela de ser um filtro para a Guevurá, que quando não tem o limite da Hessed desce até o fundo do abismo

E por isso, diz o Zohar, todas as comidas de Nabucodonosor, rei da Babilônia, eram compostas de carne com leite, e assim ele recebia suas energias negativas para fazer todo o mal que ele fazia.

Nabucodonosor mandou dar essa comida para o profeta Daniel que por sua vez subornou o responsável por ele para não precisar comer nada do palácio do rei

Diz o Zohar que quando o profeta Daniel foi colocado na cova dos leões, os leões não fizeram nada para ele. E o motivo para isso foi o fato de ele não ter comido os derivados de carne com leite que o rei mandava para ele.

Diz o Zohar que isso acontece pelo motivo de termos uma aparência espiritual que nós próprios não vemos mas que os animais conseguem ver.

Se o profeta Daniel tivesse tivesse comido a carne com leite que o rei mandava para ele, ele perderia a aparência espiritual de ser humano que foi criado à “imagem e semelhança Divina” e no lugar disso teria a aparência espiritual do cabritinho ao qual os demônios também são comparados,  e nesse caso os leões o teriam comido

Conclusão: Coma só kasher, você só tem a ganhar!

Por Rabino Yitzchak Ginsburgh

Segundo o Sêfer Yetzirá, cada mês do ano judaico tem uma letra do alfabeto hebraico, um signo do Zodíaco, uma das doze tribos de Israel, um sentido e um membro controlador do corpo que correspondem a ele.

Adar é o décimo segundo mês do Calendário Judaico.

A palavra Adar é cognata ao hebraico Adir, que significa “força”. Adar é o mês da boa sorte para o povo judeu. Nossos Sábios dizem a respeito de Adar: “Sua mazal [sorte] é forte.”

Purim, o dia festivo de Adar, comemora a “metamorfose” da aparente má sorte dos judeus (como pensava Haman) para boa. “Quando chega Adar, nós intensificamos em júbilo.” A Festa de Purim assinala o ponto alto na alegria do ano inteiro. O ano judaico começa com o júbilo da redenção de Pêssach e termina com a alegria da redenção de Purim. “O júbilo quebra todas as barreiras”.

O júbilo de Adar é o que faz deste mês o mês “grávido” do ano (i.e., sete dos dezenove anos no ciclo do calendário judaico são “anos embolísmicos” – “grávidos” com um mês de Adar adicional). Quando há dois Adars, Purim é celebrado no segundo Adar, para conectar a redenção de Purim com a redenção de Pêssach. Assim, vemos que o segredo de Adar e Purim é “o fim está cunhado no início”.

Letra: Kuf

A letra kuf significa “macaco” (kof), o símbolo do riso no mês de Adar. Segundo a expressão “como um macaco no rosto do homem”, o kuf também simboliza a fantasia, um costume aceito em Purim. Antes do milagre de Purim, o próprio D’us “ocultava Sua face” de seus filhos Israel (em toda a história de Purim, como está relatada no Livro de Ester, Seu nome não aparece uma vez sequer). Ao esconder inicialmente a própria identidade, fingindo ser outra pessoa, a essência interior do verdadeiro “eu” da pessoa torna-se revelado. Em Purim, atingimos o nível da “cabeça desconhecida” (“a cabeça que não se conhece nem é conhecida dos outros”), o estado de total ocultação existencial do ser pelo ser, pelo mérito de “dar à luz” um supremo novo ser.

 

A palavra kuf também significa “buraco da agulha”. Nossos Sábios ensinam que nem mesmo no sonho mais irracional pode-se ver um elefante passando pelo buraco de uma agulha. Mesmo assim, em Purim vive-se esta grande maravilha que, na Cabalá e Chassidut, simboliza a verdadeira essência infinita da luz transcendente de D’us entrando no contexto finito da realidade física e revelando-se por completo à alma judaica.

Mazal: Dagim (Peixes)

Peixes são criaturas do “mundo oculto” (o mar). Assim também são as almas de Israel, “peixes” que nadam nas águas da Torá. A verdadeira identidade e sorte de Israel é invisível neste mundo. A revelação de Purim, a revelação da verdadeira identidade de Israel, reflete a revelação do Mundo Vindouro (o milagre de Purim é entendido para refletir neste mundo o supremo milagre: a ressurreição no Mundo Vindouro).

A palavra “dag” (singular de “dagim”) é interpretada para representar o “tikun” (retificação) de da’ag – “preocupar-se”. Na Torá, a palavra para peixe – dag – na verdade aparece escrita uma vez como da’ag: na época de Nechemiá, alguns judeus não observantes profanaram a santidade do Shabat vendendo peixe no mercado de Jerusalém. Seu “peixe” tinha se transformado em excessiva “preocupação” pelo ganho do próprio sustento. Na direção oposta, o peixe do júbilo de Purim, a forte (embora inicialmente oculta, como peixe) mazal de Adar, converte toda a preocupação na alma do homem na suprema alegria da redenção com o novo nascimento do ser, da “cabeça desconhecida”.

Tribo: Naftali

Na Cabalá, o nome Naftali é lido como duas palavras: nofet li, “doçura é para mim”. A mitsvá em Purim, de atingir o nível da “cabeça desconhecida” ao beber vinho, etc., é expresso, nas palavras de Nossos Sábios, como: “A pessoa em Purim é obrigada a tornar-se doce, até que seja incapaz de diferenciar entre ‘maldito seja Haman’ e ‘abençoado seja Mordechai'”.

 

Esta é a expressão de júbilo e riso ao nível de Naftali – nofet li. Nosso Patriarca Yaacov abençoou seu filho Naftali: “Naftali é um cervo enviado [mensageiro], que dá [expressa] palavras eloqüentes.” As “palavras eloqüentes” de Naftali provocam júbilo e riso aos ouvidos de todos que escutam. Ao final da Torá, Moshê abençoou Naftali: “A vontade de Naftali está satisfeita…” Na Chassidut é explicado que “vontade satisfeita” (seva ratzon) refere-se ao nível da vontade na dimensão interior de keter, onde toda experiência é puro deleite, o estado de ser no qual a pessoa não deseja nada além de si mesma.

 

As três letras que compõem o nome Haman possui seis permutações. Haman = 95; 6 x 95 = 570 = rasha (perverso), razão pela qual Haman é chamado “Haman, o perverso”. 570 (também) Naftali, que leva alegria e risos ao jogar o jogo de seis permutações de Haman. Na Cabalá, está explicado que a “eloqüência” de Naftali reflete sua sabedoria para permutar palavras em geral (bem como examinar gematriot, tais como arur Haman [“maldito seja Haman”] = 502 = baruch Mordechai [“bendito seja Mordechai”], o “jogo mais prazeroso” (sha’ashu’a) do estudo de Torá.

 

Como foi explicado previamente, os meses de Tishrei e Cheshvan correspondem (segundo o Arizal) às duas tribos de Ephraim e Menashe, os dois filhos de Yossef. Yaacov abençoou seus dois netos Ephraim e Menashe para serem como peixes: “E eles serão como peixes no meio da terra.” Estas duas tribos (o início do ano a partir de Tishrei) refletem-se em Adar e Naftali (o final do ano a partir de Nissan), pois Adar divide-se em dois (assim como Yossef se divide em dois) peixes (Ephraim e Menashe). O apoio numérico para isso é que quando Ephraim (331) e Menashe (395) se combinam com Naftali (570): 331 mais 395 mais 570 = 1296 = 36 ao quadrado = 6 para o quarto poder.

 

Sentido: Riso (Tzchoc)

O riso é a expressão da alegria desenfreada, que resulta de testemunhar a luz saindo da escuridão – “a vantagem da luz sobre as trevas” – como é o caso do milagre de Purim. O epítome do riso na Torá é o caso de Sara no nascimento de Yitschac (cujo nome deriva da palavra tzchok): “D’us fez-me rir, quem quer que me escute rirá comigo.” Dar à luz aos 90 anos (e Avraham aos 100), após ser estéril e fisicamente incapaz de ter filhos, é testemunhar a Divina Luz e o milagre emergindo da total escuridão.

 

A palavra em hebraico para “estéril” é composta das mesmas letras (na mesma ordem) que a palavra para “trevas”. Purim vem da palavra pru, “crescei e multiplicai-vos”. Sobre Yitschac, a personificação do riso na Torá, diz-se que “o temor [fonte de reverência, i.e., D’us] de Yitschac.” Esta expressão também pode ser lida como “o temor rirá” – a essência do medo se metamorfoseará na essência do riso. Quanto a Purim, o temor de (o decreto de) Haman se transforma no riso exuberante da Festa de Purim.

 

Controlador: O Baço

Nossos Sábios declaram explicitamente que “o baço ri”. À primeira vista, isso parece paradoxal, pois o baço é considerado o local do “humor negro”, a fonte de todos os estados de depressão e desespero. Assim como descrevemos acima, todos os fenômenos de Adar e Purim são essencialmente paradoxais, pois todos eles derivam da “cabeça desconhecida”, e todos eles representam estados de transformação existencial e metamorfose. A “metodologia” na Torá que “modela” estes fenômenos é a sabedoria da permutação, como foi descrito acima. No que diz respeito ao “humor negro” – “mará shechorá” – suas próprias letras permutam-se para grafar “hirhur sameach” – “um pensamento feliz!”

 

Por Rabino Yitzchak Ginsburgh

 

Rabino Yitzchak Ginsburg é fundador e diretor do Instituto Gal Einai: Instituto de Estudo Interdisciplinário Avançado de Torá, Arte e Ciências. Renomado explicador de Cabalá e Chassidut, Rabino Ginsburg escreveu mais de quarenta livros esclarecendo tópicos de Torá como psicologia, medicina, política, matemática e relacionamentos

Rabino Gloiber Sempre correndo mas sempre rezando por você Acesse ao nosso site www.ongtora.com כתיבה וחתימה טובה לשנה טובה ומתוקה

 

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Ytró – 5781

Na nossa Parashá nos conta sobre o acontecimento mais importante em toda a nossa história, a entrega da Torá no Monte Sinai.

E o que foi a entrega da Torá no Monte Sinai?

O que de verdade recebemos no Monte Sinai?

O que Hashem (D’us) nos deu no Monte Sinai?

Será que recebemos lá o Sefer Torá que temos na Sinagoga? Não! O Sefer Torá, o livro da profecia de Moshê Rabeinu, foi escrito quarenta anos depois da entrega da Torá.

Quarenta anos depois da entrega da Torá Moshê escreveu em setenta línguas diferentes o que Hashem pediu para ele escrever.

Assim começa a categoria da nossa Torá conhecida como Torá escrita, começando pelo Sefer Torá dividido em cinco livros traduzido como pentateuco.

A categoria da Torá chamada de “Torá Escrita” é composta por 24 livros e dividida em três categorias:

1- “Torá”, que também serve como nome genérico para qualquer livro judaico mas que nesse caso está falando especificamente sobre o pentateuco

2- Neviim, são os livros dos profetas que sucederam Moshe Rabeinu que foi o maior de todos os profetas

3- Ketuvim, escrituras sagradas

Essas três categorias da Torá escrita juntas são chamadas de TaNaCh que são as iniciais das palavras Torá, Neviim e Ketuvim. O TaNaCh é composto de 24 livros.

Como vimos anteriormente, os primeiros desses 24 livros, o Pentateuco, foram escritos somente quarenta anos após a entrega da Torá, e todos os outros livros da Torá escrita foram escritos depois disso. Então o que recebemos na entrega da Torá?

Será que recebemos lá os dois cubos de pedra preciosa contendo os Dez Mandamentos lapidados pelo próprio D’us?

Esses dois cubos de pedra foram uma das dez coisas que Hashem criou no sexto dia da criação após o pôr do Sol, horário em que as criaturas nele criadas não são nem totalmente materiais e nem totalmente espirituais. Será que foi isso que recebemos?

Não, os Dez Mandamentos escritos por Hashem recebemos somente quarenta dias depois quando Moshe Rabeinu desceu do Monte Sinai, e também se quebraram antes de serem entregues à nós.

Será que o que aconteceu na entrega da Torá foi um dia de estudos dos Dez Mandamentos?

Também não! O Midrash nos conta que quando nosso povo ouviu os primeiros dois mandamentos diretamente de Hashem, as Almas saíram dos corpos depois de ouvir o primeiro mandamento e Hashem teve que nos ressuscitar. Depois de ouvir o segundo mandamento as Almas saíram dos corpos novamente e Hashem teve que nos ressuscitar de novo.

Em um ambiente assim com certeza não dá para estudar. O dia da entrega da Torá com certeza não foi um dia de estudos de Torá.

Então o que foi a entrega da Torá?

E também, se a entrega da Torá foi o maior acontecimento da nossa história, porque a Parashá é chamada de Ytró e não de “Matan Torá”?

A fusão do mundo de cima com o mundo de baixo

Diz o Zohar que antes da entrega da Torá, a Kedushá (Santidade) do mundo de cima não descia para o mundo de baixo, o espiritual não se unia ao material.

O dia da entrega da Torá foi o dia da fusão do mundo de cima com o mundo de baixo

A revelação Divina baixou ao nível do nosso mundo material e a partir desse acontecimento, quando cumprimos um Mandamento Divino por meio de um objeto material, este objeto recebe a Kedushá do mundo de cima.

A partir do Matan Torá o lugar onde estudamos Torá recebe Kedushá, e por isso, diz a Guemará, no futuro próximo quando o nosso terceiro e eterno Beit Hamikdash (Templo Sagrado de Jerusalém) descer pronto do mundo de cima, todas as Sinagogas (em hebraico Beit Haknesset) e Centros de Estudos de Torá (em hebraico Beit Hamidrash) vão “ressuscitar” milagrosamente e se unir ao Beit Hamikdash, se tornando uma extensão dele, e assim o Beit Hamikdash vai se espalhar por toda a cidade de Yerushaláim e Yerushaláim por toda a Terra Santa

A partir da entrega da Torá nosso mundo se tornou o lugar principal da Presença Divina, e a partir de lá começamos a trazer a Kedushá para a matéria construindo aqui no nosso mundo material o futuro Paraíso Espiritual, fazendo com que o mundo material se torne o receptáculo do mundo Superior

“Baixo Paraíso”, “Alto Paraíso” e o “Mundo da Ressurreição”

Uma hora no baixo Paraíso (mundo da Yetzirá) é como setenta anos dos maiores prazeres nesse mundo. Uma hora no alto Paraíso (mundo da Briá) é como setenta anos no Baixo Paraíso. Por meio da entrega da Torá começamos a trazer para esse mundo um nível superior ao alto Paraíso

No futuro, quando esse nível superior se revelar, nosso mundo será mais alto Paraíso do que o próprio alto paraíso a ponto de todos os Tzadikim que estão por próprio mérito no alto Paraíso quererem ressuscitar aqui no nosso mundo material

E isso só se tornou possível por meio da entrega da Torá no Monte Sinai. A partir daquele dia, por meio do estudo da Torá e do cumprimento dos Mandamentos Divinos, trazemos as “Luzes de Tohu” para os “Receptáculos de Tikun” e construímos aqui o Paraíso do futuro, o objetivo da criação, o último dos 13 princípios da fé Judaica enumerados pelo Rambam

Por isso está escrito que no dia da entrega da Torá o povo “viu” as vozes, viu a revelação de todos os mundos superiores, e por isso quando ouviram o primeiro Mandamento Divino as Almas saíram dos corpos em vista ao que se revelou à eles naquela ocasião.

No segundo Mandamento aconteceu o mesmo. O povo viu que o mundo de baixo e o mundo de cima se tornaram uma coisa só, mas não aguentaram essa revelação, e por isso pediram para Moshe, e não Hashem, repassar para eles os oito Mandamentos restantes

No futuro a revelação Divina vai ser muito maior do que o que foi revelado na entrega da Torá, e isso no mérito do Trabalho Divino que fizemos durante esses mais de 3.300 anos desde a entrega da Torá. Na ressurreição vamos usufruir dessa revelação a ponto de todos os Tzadikim que estão no alto Paraíso quererem ressuscitar

Porque no mérito dessa grande abertura que foi a entrega da Torá, nosso mundo material chegará ao nível da revelação do Keter chamado de mundo da “Ytkássia”, o mundo oculto acima de Atzilut

O mundo de Atzilut é a raiz da nossa Alma Divina, da nossa identidade própria, e no futuro vamos chegar à um nível muito superior à ele, tudo isso no mérito da entrega da Torá no Monte Sinai

Então porque a Parashá se chama Ytró, se aparentemente o principal acontecimento dela não foi o fato de Ytró ter vindo se converter ao judaísmo mas sim a entrega da Torá?

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que a fusão entre o mundo de cima e o mundo de baixo não poderia acontecer se Ytró não viesse se converter ao judaísmo

O Zohar explica que o faraó era o rei mais poderoso do mundo, e Ytró era o “Papa” de todas as idolatrias. O faraó era a maior autoridade civil aqui nesse mundo e Ytró a maior autoridade religiosa.

Para que acontecesse a fusão entre o mundo de cima e o mundo de baixo, tanto o faraó quanto Ytró precisariam se subjugar ao mundo de cima, e por isso o faraó recebeu as dez pragas que eram diretamente sincronizadas com as Dez Sefirot lá de cima e quebraram as Dez Sefirot do lado impuro

Quando Moshe comunica pela primeira vez ao faraó que Hashem pediu para o faraó deixar o nosso povo sair do Egito, o faraó declara que não conhece Hashem e não vai deixar o nosso povo sair do Egito.

O faraó era o cúmulo da prepotência. Ele dizia que o rio Nilo era dele e que ele se criou a si próprio. Ele se considerava um deus.

Mas por causa das pragas, a klipá (lado espiritual impuro) se subjugou à Kedushá (lado espiritual puro) a ponto de o faraó reconhecer a grandeza Divina e fazer a declaração de que “Hashem é justo e eu e o meu povo somos transgressores”.

Esse reconhecimento do maior rei do mundo, do rei da superpotência mundial da época, fez com que todos os reis do mundo reconhecessem a grandeza de Hashem

Ytró era o “Papa” de todas as idolatrias. Ele ouviu o que aconteceu para o Egito e fez a declaração de que “Agora estou consciente de que Hashem é o maior”, e veio se converter ao judaísmo.

O fato de Ytró ter reconhecido Hashem fez com que todas as autoridades religiosas do mundo reconhecessem a grandeza de Hashem

E o reconhecimento do mundo de baixo liberou a fusão do mundo de cima com o mundo de baixo causando a entrega da Torá. Sendo assim, sendo que Ytró foi o motivo de a entrega da Torá ter acontecido, a Parashá é chamada em nome dele.

Diz o Zohar que para que qualquer coisa impura exista no mundo é necessário que uma pequena força vital do lado da Kedushá dê vida à ela

Essa força vital chamada de “Nitzutz” nunca se reveste na coisa impura, mas está se envolvendo ela por fora. Sem essa força vital que vem do lado da Kedushá a coisa impura não tem como existir, diz o Zohar.

E esse é o objetivo final da existência de todas as coisas ruins, diz o Zohar, assim como o faraó e Ytró se subjugaram à Kedushá, assim também todas as coisas ruins vai se subjugar à Kedushá, e dessa forma o lado impuro delas desaparece só sobrando o Nitzutz da Kedushá que fazia essa impureza existir

No futuro próximo, na Gueulá, toda a impureza do mundo, todo o aspecto ruim do mundo vai desaparecer e só vai sobrar o Nitzutz da Kedushá que fazia essa impureza existir, e assim toda a Terra vai estar cheia do conhecimento Divino como a água cobre o mar, em breve, em nossos dias amém!

Curiosidades: “Os quadros da aliança”

O nome delas em hebraico é “Luhot Habrit”, tradução: Quadros (de aviso) da Aliança (entre Hashem e nós)

A igreja traduziu Luhot Habrit como tábuas da lei, e Michelangelo à convite do Papa fez uma estátua delas em forma comprida e arredondada

À quinhentos anos atrás um quadro de avisos era chamado de tábua, e da mesma maneira que as tábuas arredondadas da igreja entraram na nossa cultura assim também o nome delas entrou

A medida das Luhot são retas e lembram um grande cubo. Elas eram quadradas e não arredondadas e o nome delas não é “Tábuas da lei” como determinou a igreja

Chegou a hora tirar da nossa cultura todas as imagens e traduções idólatras que se infiltraram nela. E por meio das nossas boas ações vamos sair imediatamente do Galut e trazer imediatamente a Gueulá!

Beshalach – 5781

Nossa Parashá nos conta que quando o faraó deixou nosso povo sair do Egito Hashem (D’us) não conduziu nosso povo pelo caminho da terra dos filisteus que era o caminho curto para a terra de Canaã que era a nossa “Terra Prometida”
O motivo para isso, diz a Torá, foi para que o povo não visse guerra e voltasse para o Egito. Aparentemente isso foi somente uma justificativa porque depois das dez pragas que Hashem fez para nos tirar do Egito não seria problema para Hashem fazer um milagre e eliminar qualquer exército que viesse nos atacar
Como aconteceu posteriormente na época de Hizkiahu, rei da judeia que foi cercado pelo exército da Assíria. Naquela ocasião Hashem fez um milagre, o Anjo Gavriel se revelou no acampamento dos assírios e todo o exército da Assíria morreu deixando somente cinco sobreviventes.
Para entendermos isso vamos voltar ao episódio do “arbusto incandescente”
A revelação do “Keter”
A Sefirá chamada de Keter de Atzilut é o Mal’hut do mundo do Tohu. A revelação do “Keter”, chamado de “Alma de Itkássia”, o mundo oculto (“Alma” em aramaico é mundo e “Itkássia” é oculto) é a revelação Divina que vai acontecer a partir da ressurreição dos mortos depois dos tempos do Mashiach.
A revelação do Keter é o verdadeiro Paraíso do futuro que se encontra acima do mundo de Atzilut, acima da raiz da nossa Alma Divina, um lugar acima do nosso acesso.
O “Baixo Paraíso” fica no mundo da “Yetzirá”, um mundo acima do nosso, e uma hora lá é como setenta anos dos maiores prazeres neste mundo
O alto paraíso fica no mundo da “Briá”, dois mundos acima do nosso e uma hora lá é como setenta anos no “Baixo Paraíso” (lembrando que o nosso mundo chamado de mundo da Assiá é o único mundo material)
O mundo de Atzilut, mesmo sendo a raiz da nossa Alma Divina está em um nível de revelação Divina que ultrapassa a capacidade da nossa Alma, e até nossos patriarcas, mesmo sendo a revelação das Sefirot de Atzilut nesse mundo, conseguiram usufruir da revelação delas somente até o nível de mundo da Briá e não de Atzilut, somente Moshe Rabeinu consegui usufruir da revelação do mundo de Atzilut
Mas na ressurreição dos mortos, o Keter que é o nível que está acima de Atzilut vai ser revelado para todos nós. Nossa Alma Divna vai descer do Paraíso espiritual para ressuscitar neste mundo pelo motivo que aqui a revelação Divina vai ser maior do que lá
Vamos receber de volta nossa alma animal e o nosso corpo vai ressuscitar, e tanto na alma animal quanto no corpo material serão revelados os aspectos espirituais ligados às raízes deles.
Por isso nosso corpo não vai mais ser perecível, e tanto nosso corpo quanto nossa alma animal não vão mais ocultar a revelação Divina mas muito pelo contrário, vamos ter um grande acréscimo dessa revelação por meio deles, a revelação da fonte do corpo material e da alma animal que antecede a fonte da nossa Alma Divina
Quando o jovem Moshe saiu do palácio do faraó para ver o que estava acontecendo com o nosso povo ele viu um egípcio tentando assassinar um judeu à chicotadas. Moshe usou um recurso cabalistico para tirar a alma do corpo do egípcio causando a sua morte e assim salvando aquele judeu
Moshe falou um nome de Hashem que tira a alma do corpo! Como Moshe saiu do palácio do faraó com todo esse conhecimento de Kabalá? Daqui vemos que da mesma maneira que Bátya, a filha do faraó, contratou a mãe de Moshe para dar de mamar para ele, com certeza depois disso ela contratou o pai dele para estudar a Torá oculta com ele, e com certeza não contratou somente o pai dele mas também os melhores professores de Torá do nosso povo
Moshe fugiu para Midiã e quando chegou na casa de Ytró leu os nomes de Hashem gravados no cajado de Yossef que estava fincado na entrada da casa de Ytró e conseguiu tirar o cajado que ninguém conseguiu tirar antes e assim ele se casou com Tziporah
Moshe se tornou o pastor de ovelhas de Ytró, correu atrás de um carneirinho até o Monte Sinai. Quando ele ficou com dó de o carneirinho estar tão cansado no lugar de bater no carneirinho carregou ele no colo, naquela hora ele viu o arbusto incandescente que era uma representação da revelação do Keter
O fogo não só que não evaporava a umidade do arbusto causando o incêndio dele mas muito pelo contrário, ele nutria o arbusto. Lá em cima nas Sefirot de Atzilut a Hessed é a fonte da água do nosso mundo material e a Guevurá é a fonte do fogo
Hessed e Guevurá não se misturam, a água apaga o fogo e o fogo seca a água. A Tiferet pega um aspecto da Hessed e um aspecto da Guevurá mas dá origem à uma Hessed aperfeiçoada onde a Hessed e Guevurá originais que deram origem à ela já não existem mais, ela é uma revelação Divina totalmente nova
No Keter os dois opostos existem em sua maior intensidade e em perfeita harmonia, um nível superior à todos os níveis
Naquela ocasião Moshe pergunta para Hashem com qual nome Ele vai se revelar no Egito e Hashem revela para ele o nome de quatro letras começando com a letra Alef que representa o Keter.
Ou seja, Hashem revela para Moshe que a revelação Divina para tirar o povo de Israel do Egito vai acontecer até o mais alto nível espiritual, até o nível do Keter
As pragas do Egito foram milagres sobrenaturais sincronizados com as dez Sefirot lá de cima em ordem de baixo para cima até a Ho’hma incluindo a Daat. Mas a abertura do mar vermelho, diz o Etz Haiim, foi uma iluminação do Keter.
Não a própria revelação do Keter porque não temos a capacidade de atingir esse nível até a ressurreição dos mortos, mas uma iluminação do Keter em um nível que o nosso mundo pudesse suportar e continuar a existir como mundo material
E por isso a Torá dá como motivo o fato de Hashem não nos ter conduzido pelo caminho da terra dos filisteus porque ele era um caminho curto, curto espiritualmente
Hashem não abriu o mar para nos salvar mas nos conduziu ao mar para o mar se abrir, para recebermos a iluminação do Keter, como diz o Midrash que a pessoa mais simples do nosso povo viu lá uma revelação Divina maior do que o profeta Yehezkel viu na sua maior profecia
E por meio dessa revelação a klipá do Egito, a vitalidade impura do Egito desapareceu e, como diz o Midrash, o povo viu o anjo do Egito, o anjo responsável por repassar essa força vital impura ao Egito, morto à beira do mar
Por isso quando nosso povo cantou a Shirá não cantou um cântico com letras de agradecimento por nos ter salvo mas sim um cântico com letras de reconhecimento à grandeza de Hashem
E sendo que esse milagre foi a iluminação do Keter os dois opostos aconteceram em plena harmonia
Diferente das dez pragas que não afetaram o nosso povo porque se tivessem afetado não seria bom para nós sendo que elas só tinham o aspecto da destruição em cada um dos dez níveis das dez Sefirot, diferente disso foi a abertura do mar vermelho
Tanto nós quanto os egípcios estávamos dentro do mesmo mar, para nós estava ótimo e para eles estava péssimo. Para nós foi a vida e para eles a morte
Por isso a Shirá, a letra da música que nosso povo fez para agradecer por esse acontecimento é uma letra de reconhecimento e não de agradecimento, expressando por meio dela a alegria de termos descoberto um pouquinho da grandeza de Hashem e sabermos que estamos em boas mãos, de termos tido um pouquinho só da iluminação do Keter e termos tido uma micro revelação da grande alegria que vai acontecer no futuro
Então vamos começar a cantar desde já os milagres que vai acontecer na Gueulá, como nosso primeiro patriarca começou a sofrer quando Hashem revelou para ele que nosso povo iria ser afligido agora que o Rebe revelou para nós que chegou a hora da Gueulá e que daqui para frente já temos que começar a cantar a nossa Shirá e já ficar super alegres por antecipação

 BÔ – 5781

Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) pediu para Moshe Rabeinu “por favor” para ele convencer o povo de Israel de os homens pedirem para seus amigos egípcios e as mulheres para suas amigas egípcias objetos de prata e de ouro antes de saírem do Egito para que eles pudessem sair do Egito com grandes riquezas

Para que isso pudesse acontecer Hashem despertou milagrosamente nos egípcios e egípcias uma grande simpatia pelo nosso povo e também Moshe se tornou muito importante para os assessores do faraó e para todo o povo egípcio.

Havia necessidade desse milagre porque o momento em que fomos pedir esses objetos de prata e ouro era exatamente o momento em que os egípcios estavam com seus primogênitos mortos em suas casas e sabiam que isso tinha acontecido por causa de nós

Nesse momento tão desconfortável nós fomos pedir para eles objetos de prata e ouro para fazermos uma festa no deserto enquanto eles estariam enterrando seus filhos. E porque houve necessidade de um milagre desses numa hora dessas?

Diz Rashi que o motivo para tudo isso foi para que “aquele Tzadik” (Avraham Avinu) não dissesse que a parte do versículo que diz que “seus descendentes serão afligidos” foi cumprida mas a parte do versículo que diz que “depois disso eles vão sair de lá com muitas riquezas” não foi cumprida

Surge a pergunta: Se a parte do versículo que fala sobre eles serem afligidos não tivesse sido cumprida, a parte que fala sobre eles saírem de lá com grandes riquezas não precisaria ter sido cumprida também?

Para entender isso vamos voltar na nossa história 430 anos antes desse acontecimento, vamos voltar ao episódio do “Brit bein Habtarim”

Naquela ocasião Hashem diz para Avraham: “Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros em uma terra que não é deles e serão escravizados e afligidos durante quatrocentos anos”

O próximo versículo diz: “E também o povo que eles servirem eu vou julgar, e depois disso vão sair de lá com grandes riquezas”

וַיֹּאמֶר לְאַבְרָם יָדֹעַ תֵּדַע כִּי גֵר יִהְיֶה זַרְעֲךָ בְּאֶרֶץ לֹא לָהֶם וַעֲבָדוּם וְעִנּוּ אֹתָם אַרְבַּע מֵאוֹת שָׁנָה

וְגַם אֶת הַגּוֹי אֲשֶׁר יַעֲבֹדוּ דָּן אָנֹכִי וְאַחֲרֵי כֵן יֵצְאוּ בִּרְכֻשׁ גָּדוֹל

Rashi explica que a parte do versículo que diz que “Seus descendentes serão estrangeiros em uma terra que não é deles começa a partir do nascimento de Itzhak, sendo que desde o nascimento de Itzhak até a saída do Egito se passaram 400 anos

Itzhak tinha 60 anos quando nasceu Yaakov. Quando Yaakov desceu ao Egito disse ao faraó que os dias da sua vida foram 130 anos.

Até aqui vemos que 190 anos desse decreto de 400 anos não aconteceram no Egito, mas no Egito eles ficaram somente 210 anos, lá eles somente completaram os 400 anos do decreto. Nem o primeiro versículo que fala sobre esse decreto e nem o segundo citam o Egito.

Diz o Midrash que o povo de Israel só desceu ao Egito por causa de os irmãos de Yossef o terem vendido. Entendemos daqui que se eles não tivessem vendido Yossef não precisaríamos nem passar pelo exílio do Egito e nem sermos escravizados em outro lugar

O povo de Israel ficou no Egito somente 210 anos, e desses 210 anos foram escravizados 116. Na saída do Egito Hashem faz esse pedido à Moshe para o povo de Israel pedir os objetos de prata e ouro aos egípcios para que Avraham Avinu não dissesse que a parte do versículo que fala sobre a aflição Hashem cumpriu e a parte que fala sobre as grandes riquezas ele não cumpriu

Não vemos esse pedido em relação aos 190 anos anteriores à descida ao Egito. Os 400 anos começam com o nascimento de Itzhak na terra dos filisteus mas não vemos que Hashem pediu para Itzhak ou para Yaakov pedir nada aos filisteus

Daqui vemos que existe uma ligação entre a parte do versículo que fala sobre a aflição e a parte que fala sobre as grandes riquezas,

vemos que se a parte do “serão afligidos” não acontecesse a parte das “muitas riquezas” também não precisaria acontecer

Por isso diz nossa Parashá que a nossa “estadia” do nosso povo na terra do Egito foram 430 anos. Os 400 anos do decreto de “Seus descendentes serão estrangeiros em uma terra que não é deles” começaram com o nascimento de Itzhak na terra dos filisteus e o decreto do “seus descendentes serão afligidos” começou na hora que Hashem revelou isso para Avraham sendo que ele já sofreu isso com antecedência, diz o Maharal de Praga no seu livro Gur Arie

Daqui concluímos que os 210 anos de exílio do Egito poderiam não ter acontecido e só aconteceram porque os irmãos de Yossef o venderam, como diz o Midrash.

E  assim também os 116 anos de escravidão dentro dos 210 também poderiam não ter acontecido, e mesmo assim seria considerado que aconteceram sendo que Avraham Avinu já tinha sofrido esses anos com antecedência.

E também depois de Avraham, na época de Itzhak os filisteus brigaram com ele e ele teve que cavar novamente os poços dos tempos de Avraham que foram fechados pelos filisteus

Posteriormente isso continuou na época de Yaakov que morou em Haran e foi levemente afligido por Lavan. Mas tanto Itzhak que foi levemente afligido pelos filisteus quanto Yaakov que foi levemente afligido por Lavan não chegaram a ser escravizados, e mesmo assim eles fizeram parte desse decreto dos 400 anos.

Tanto no caso de Itzhak quanto no caso de Yaakov Hashem deu para eles grandes riquezas. Itzhak ficou tão rico a ponto de os filisteus ficarem com inveja dele e Yaakov voltou com grandes riquezas de Haran a ponto de Lavan persegui-lo.

Hashem protegeu tanto à Itzhak dos filisteus quanto à Yaakov de Lavan e de Essav. Mas em nenhum desses casos Hashem pediu para eles pedirem essas grandes riquezas tanto dos filisteus quanto de Lavan o arameu, mas Hashem próprio deu essas grandes riquezas para eles

E sendo que 190 anos desse decreto foram cumpridos dessa forma poderíamos cumprir os 400 anos do decreto sem precisar da escravidão no Egito e nem precisar pedir para eles as grandes riquezas, e por isso diz o Midrash que a descida ao Egito que culminou com a escravidão só aconteceu porque os irmãos de Yossef venderam ele

Mesmo assim poderíamos passar os 210 anos no Egito sem escravidão como os primeiros 94 anos que passamos no Egito sem sermos escravizados.

Então como chegamos a essa escravidão se não havia necessidade de ela acontecer?

Quando Moshe Rabeinu foi delatado pelo próprio Judeu que salvou de ser assassino a chicotadas pelo soldado egípcio entendeu porque a escravidão estava acontecendo, por causa dos delatores!

Por isso a Parashá nos conta que a estadia do povo de Israel no Egito foram 430 anos, colocando todas as fases do exílio, tanto as que passaram de maneira mais agradável quanto as que passaram com muita aflição em um pacote só.

Nos mostrando que o que está decretado lá de cima pode ser vivenciado por um simples pensamento como no caso de Avraham, ou sem sair da Terra Santa como no caso de Itzhak, ou trabalhando para montar a própria família como no caso de Yaakov, ou simplesmente trabalhando no Egito como no caso de Yossef e seus irmãos. Ou D’us nos livre, levando chicotadas como aconteceu nos últimos 116 anos no Egito.

Conclusão: Tudo depende de nós! Então vamos parar de sofrer! Vamos rezar forte e pedir para Hashem nos mandar imediatamente a Gueulá, sairmos imediatamente de todos os exílios com grandes riquezas e entrarmos imediatamente nos tempos em que “um povo não vai mais levantar a espada contra o outro e que o mundo inteiro vai se preencher com o conhecimento Divino como as águas cobrem o mar” como diz o profeta Yeshaiahu sobre os tempos do Mashiach

Ou seja, como no mar um lugar é mais profundo e outro menos profundo assim também será o conhecimento Divino no futuro, para nós que estamos mais próximos de Hashem esse conhecimento vai ser muito mais profundo! Então vamos rezar forte para isso acontecer já!

  

Vaerá – 5781

 Na Parashá anterior Moshe Rabeinu avisa o povo de Israel que chegou o fim dos sofrimentos, o final da escravidão, e que agora finalmente a redenção vai começar.

 Eles despertaram da escuridão em que viviam, saíram da profunda tristeza em que se encontravam, voltaram à vida e a grande alegria de que os sofrimentos acabaram foi sentida por todos

 Só faltava avisar o faraó para liberar o povo de Israel pelo menos por três dias para fazerem uma festa no deserto. Mas quando Moshe fala com o faraó a situação fica pior para todos, não só que o faraó não libera a saída do nosso povo do Egito mas ainda acrescenta mais trabalho, mais escravidão dentro da escravidão

 Na nossa Parashá Hashem (D’us) pede para Moshe falar com o povo de Israel, mas esse “choque térmico” causou uma nova situação. Entramos em uma etapa em que eles já não ouviram Moshe, e isso, diz a Torá, foi por causa do “fôlego curto” e do trabalho duro, um motivo que não estava presente quando Moshe falou com eles na vez anterior sendo que naquela ocasião eles escutaram e se alegraram

 Rabi Hayim ben Atar há trezentos anos atrás já definiu esse acontecimento como sendo um problema psicológico que surgiu por causa daquele “choque térmico”. Disse Rabi Hayim ben Atar que “quem entende a complexidade da natureza humana pode entender isso também”.

 Ou seja, até aquele momento eles estavam um pouco acostumados com a escravidão, não estavam felizes mas também não estavam com “problemas psicológicos” por causa dela.

 Moshe Rabeinu anunciou que a Gueulá chegou, todos se alegraram e quando o faraó acrescentou na escravidão todos ficaram deprimidos, e assim a situação ficou muito pior do que antes quando ainda estavam meio acostumados com os sofrimentos

 E porque houve a necessidade de Hashem (D’us) nos colocar primeiro nessa situação para só depois nos trazer a Gueulá por meio de milagres sobrenaturais jamais vistos anteriormente?

 Para entendermos isso temos que entender primeiramente o que foi o exílio do Egito.

 400 anos de sofrimentos, ou 210, ou 430 ou 116?

 400 anos contados a partir do nascimento de Itzhak:

 Quando Hashem se revela para o nosso patriarca Avraham no acontecimento chamado de “Brit bein Habtarim” Hashem comunica para Avraham que os seus descendentes vão ser afligidos em uma terra estranha durante 400 anos.

 Rashi explica sobre isso que esses 400 anos começam a ser contados a partir do nascimento de Itzhak que é considerado pela Torá o primeiro descendente de Avraham sendo que a Torá exclui Ishmael da descendência do nosso patriarca

 E também pelo fato de Itzhak ter nascido na terra dos filisteus, ou seja, no exílio, sendo que na Brit bein Habtarim Hashem comunicou à Avraham que os seus descendentes serão afligidos em uma terra estranha, e não especificou qual terra, por isso Rashi considera a terra dos filisteus como sendo o começo desse exílio. E assim chegamos à 400 anos de exílio.

 

וַיֹּ֣אמֶר לְאַבְרָ֗ם יָדֹ֨עַ תֵּדַ֜ע כִּי־גֵ֣ר ׀ יִהְיֶ֣ה זַרְעֲךָ֗ בְּאֶ֙רֶץ֙ לֹ֣א לָהֶ֔ם וַעֲבָד֖וּם וְעִנּ֣וּ אֹתָ֑ם אַרְבַּ֥ע מֵא֖וֹת שָׁנָֽה׃ בראשית ט”ו

 A explicação do Midrash, 210 anos que foram considerados como sendo 400

 Diiz o Midrash que pelo motivo de os egípcios terem sido muito cruéis com o nosso povo, cada dia de exílio valeu por dois. Por isso, diz o Midrash, depois de 210 anos saímos do Egito e mesmo assim esses 210 anos foram considerados pela própria Torá como sendo 400 anos de sofrimento por causa da sua intensidade

 430 anos contados a partir do “Brit bein Habtarim”

 Rashi explica que quando a Torá atesta que o nosso povo esteve no Egito durante 430 anos está fazendo essa contagem a partir do momento em que Hashem comunicou para Avraham que os seus descendentes vão ser afligidos em uma terra estranha

 

וּמוֹשַׁב בְּנֵי יִשְׂרָאֵל אֲשֶׁר יָשְׁבוּ בְּמִצְרָיִם שְׁלֹשִׁים שָׁנָה וְאַרְבַּע מֵאוֹת שָׁנָה

 Mas como a Torá pode considerar os nossos sofrimentos a partir do momento em que ele nos foi comunicado e não a partir do momento em que ele começou?

 Diz o “Gur Arie” que quando uma pessoa recebe o comunicado de que um grande sofrimento está para chegar à ela, (como por exemplo, o médico marca para ela a data de uma operação) a partir do momento em que ela ouve que isso vai acontecer ela já começa a sofrer. E por isso Hashem considerou os nossos sofrimentos no Egito a partir do momento em que comunicou esse fato ao nosso patriarca Avraham

 210 anos no Egito mas só 116 de escravidão

Na prática quando fazemos o cálculo da descida oficial do nosso povo ao Egito que foi quando Yaakov desceu ao Egito com toda a sua família que eram 70 pessoas, entre a descida ao Egito e a saída de lá temos 210 anos

 Yaakov viveu 17 desses 210 anos em uma verdadeira revelação do paraíso lá de cima, e a escravidão só começou depois que o último dos irmãos de Yossef faleceu. Ou seja, desde o começo da escravidão até a saída do Egito não se passaram mais de 116 anos. Então, como pode a Torá considerar 430 anos ou 400 ou até 210 se somente 116 foram escravidão?

 Diz o Zohar que qualquer sofrimento nesse mundo pode ser trocado por outro de outra categoria, e existem categorias que são verdadeiros “bônus” como o estudo da Torá e a Tzedaká

 Ou seja, quando nos esforçamos para estudar a Torá da maneira correta, diz o Zohar, lá em cima é considerado como se estivéssemos trabalhando duro para construir Pitom e Ramsés ou para fazer todos os trabalhos forçados

 E por isso todo esse número de anos 430, 400, 210 e 116 foram considerados pela Torá como sendo anos de intensa escravidão mesmo que a tribo de Levi foi uma excessão no exílio porque estava totalmente dedicada aos estudos da Torá e não participou da escravidão nem nos 116 anos em que ela realmente aconteceu

 Por isso a Torá considera como se todos tivessem sido escravizados em todos esses anos, mesmo que para uma tribo inteira isso nunca aconteceu e para as outras aconteceu somente 116 anos

 Porque o que estava decretado para aquelas pessoas que deveriam sofrer para retificar o que fizeram de ruim nas reencarnações passadas foi retificado pelo esforço que eles fizeram para estudar Torá e por isso não precisaram ser escravizados na prática para fazer essa retificação

 Então, vamos nos esforçar bastante para aprender muita Torá e cumprir muitas Mitzvót, nós só temos a ganhar!

Shemot – 5781

Nossa Parashá nos conta que subiu “um novo rei no Egito”

Rabi Hiya e Rabi Yossi discutem esse assunto no Zohar. Rabi Hiya diz que reinou um novo faraó, mas Rabi Yossi diz que era o mesmo faraó da época de Yossef.  (de acordo com essa opinião ele teve um milagre de longevidade)

Mas se ele era o mesmo faraó, como pode a Torá chamá-lo de “um novo rei”? Diz Rabi Yossi que o motivo para isso é o fato de nunca ter existido antes dele um faraó que anulou todos os decretos dos reis anteriores e fez novas leis e novos decretos a ponto de a própria Torá chamá-lo de “um novo faraó”

A Parashá também nos conta que ele “não conhecia Yossef”, ou seja, que ele não sabia que o Egito era um país pobre e desprezível, e no mérito de Yossef o Egito se tornou o país mais rico do mundo, se tornou a super potência mundial da época

Mesmo de acordo com Rabi Hiya que diz que esse era um novo faraó, não pode ser que alguém assume um governo sem conhecer o capítulo principal da história de seu país, que nesse caso foi a história de Yossef que separou duas épocas na história do Egito.

A época de antes de Yossef na qual o Egito era um país pobre e desprezível e a época em que o Egito, no mérito de Yossef, se torna o país mais rico do mundo, a superpotência mundial. Não pode ser que o faraó não sabia disso, mas sim que “se fez de desentendido”

O fato de, tanto se o faraó fosse novo, ou se fosse o mesmo faraó da época de Yossef, ele saberia obrigatoriamente o benefício que o Egito recebeu do nosso povo e isso deveria despertar nele uma eterna gratidão

Mas mesmo assim a consequência foi contrária, ele se fez de desentendido e transformou a vida do nosso povo em um verdadeiro inferno nesse mundo

E o contrário disso aconteceu na décima praga, que não só que não trouxe para o Egito o benefício que trouxe Yossef, mas muito pelo contrário, todos os primogênitos do Egito morreram por nossa causa e o Egito ficou totalmente quebrado

Naquela ocasião o faraó e todos os egípcios reagiram de maneira exatamente contrária, nos dando grandes riquezas, como diz a Torá “e o povo encontrou simpatia aos olhos dos egípcios”

E também liberando a nossa saída do Egito com essas grandes riquezas, mesmo que naquela hora eles precisavam mais dessas riquezas do que antes pelo fato de a economia do Egito ter sido totalmente quebrada

Está escrito no segundo dos “Dez Mandamentos” que Hashem (D’us) cobra dos filhos a transgressão dos pais até a quarta geração. Essa linguagem nos leva diretamente ao lado oculto da Torá, sendo que pela própria Torá os filhos não pagam pelas transgressões dos pais, então esse versículo não está falando sobre a parte revelada da Torá mas sim nos indicando o que se esconde por trás dela

Diz o Zohar que nesse versículo a Torá está nos revelando a profundeza da bondade Divina.  Ou seja, como uma boa mãe que tem a obrigação de limpar seu filho que foi “nadar no esgoto”, assim Hashem na sua enorme bondade nos limpa das “fezes espirituais” que grudaram na nossa Alma por causa das nossas más ações

Mas Hashem na sua infinita bondade nos dá três chances de retificarmos nossas transgressões de maneira positiva por meio de três reencarnações.

Em cada uma dessas reencarnações  somos chamados de filhos da nossa reencarnação anterior, e por isso a Torá usa a linguagem que Hashem “cobra dos filhos as transgressões dos pais”. Não se trata de filhos biológicos sendo que pela própria Torá o filho biológico não paga pela transgressão do pai, mas se trata de filhos espirituais. Nossa segunda reencarnação é chamada de filho da nossa primeira reencarnação, e daí para diante.

Diz o Zohar que o povo de Israel no Egito eram a retificação de três gerações. Eles eram a reencarnação daquelas Almas tão elevadas que vieram nas dez primeiras gerações do mundo, mas que por causa das atrocidades que fizeram causaram um dilúvio

Mas quem recebeu esse dilúvio foi só a última geração, e isso foi o “por trás dos bastidores espirituais” do decreto do faraó de “todo o menino que nascer joguem no rio Nilo”

O faraó não sabia, mas ele estava sendo usado pelo tribunal Divino para fazer uma retificação de Almas, e quando o tribunal Divino tem que fazer uma coisa materialmente ruim nesse mundo faz com que isso aconteça por meio de uma pessoa ruim, e o faraó foi o escolhido para isso

Mas aquelas Almas tão elevadas poderiam ter retificado o que fizeram na primeira reencarnação por meio da segunda reencarnação. Mas nessa segunda reencarnação eles foram as pessoas que construíram a “Torre de Bavel” com o objetivo de provar cientificamente que não têm D’us no mundo e que não há castigo para quem fizer qualquer atrocidade.

Aquela geração não recebeu nenhuma retificação, aconteceu um grande milagre e eles começaram a falar setenta línguas diferentes e se dispersaram, e por isso aconteceu o decreto do faraó de construir Pitom e Ramsés, para retificar a construção da torre de Bavel

Mas eles não precisariam chegar à esse extremo, poderiam ainda retificar isso de maneira positiva na terceira reencarnação. Mas naquela terceira reencarnação eles foram os “simpáticos” habitantes de Sodoma e Gomorra

Mas como está escrito no Segundo Mandamento, na quarta reencarnação já somos cobrados, e sendo que na terceira reencarnação eles eram Sodoma e Gomorra, na quarta reencarnação eles nasceram como o povo de Israel no Egito e foi decretado pelo faraó todo o trabalho forçado

E por isso não adiantou Yossef ter ajudado o Egito, mesmo assim o faraó nos escravizou. E o contrário aconteceu na décima praga, depois que já tínhamos passado pela retificação e nossa Alma já estava limpa dessas “fezes espirituais”, quando os primogênitos do Egito morreram por causa de nós, no lugar de eles nos assassinarem eles nos deram grandes riquezas

Daqui vemos que nada tem uma lógica material mas tudo tem somente uma lógica espiritual que está por trás de tudo o que acontece no mundo

Quando Hashem (D’us) se revelou para nosso primeiro patriarca, Avraham Avinu, no “Brit bein habtarim”, revelou para ele que os seus descendentes serão afligidos em uma terra que não é deles, e acrescentou que eles vão sair de lá com grandes riquezas e também o povo que vai afligir eles será julgado

Diz o Zohar que, se até o Egito que nos recebeu em seu país e nos deu a melhor parte da sua terra foi castigado por nos ter feito sofrer, quanto mais os outros povos como a Assíria que veio para a nossa terra, roubou os nossos bens e levou nossas dez tribos que estão perdidas até hoje, e a Babilônia que fez igual à Assíria e também destruiu nosso Beit Hamikdash

Quanto mais Edom que começou com o império romano e posteriormente se ramificou se tornando os países europeus e as colônias da sua etnia (nesse caso podemos dizer que os Estados Unidos são uma ramificação étnica da Europa, mas com certeza a indonésia não é uma ramificação étnica da Holanda e nem a Guiana inglesa uma ramificação étnica da Inglaterra)

O Zohar fala amplamente na nossa Parashá sobre o que vai acontecer “por trás dos bastidores” da redenção final, e explica como ela começa lá em cima e tudo o que acontece nas Sefirot no decorrer da Gueulá

Diz Rabi Shimon bar Yohai no Zohar, “coitado de quem estiver lá nessa hora e sorte de quem estiver lá nessa hora”

De maneira genérica dá para entender que aqueles povos que nos afligiram se reencarnarão para receber o castigo pelo que fizeram contra nós da mesma forma que o Egito recebeu um castigo pelo que nos fez, então “coitado de quem estiver lá nessa hora”

De maneira genérica também dá para entender que, sendo que essa é a nossa Gueulá, então sorte nossa de estarmos lá nessa hora porque para nós vai ser muito bom

Mas o Zohar deixa claro no “por trás dos bastidores do que vai acontecer na dimensão das Sefirot” no decorrer da Gueulá, que muitos membros do nosso povo que apóiam o “lado contrário”, no lugar de estarem na categoria de “sorte de quem estiver lá nessa hora” vão estar na categoria de “coitado de quem estiver lá nessa hora” e vão sofrer junto com os nossos opressores

Mas quando vai começar essa época tão importante? A Mishná em Massehet Sotá e posteriormente a Guemará em Sotá e Sanhedrin nos trás vários sinais para sabermos se estamos entrando na época da Gueulá

Entre esses sinais dizem nossos Sábios que a prepotência vai ser enorme e as pessoas não vão ter vergonha uns dos outros. E acrescenta que a face da geração vai ser como a face do cachorro

Sendo que a Guemará já trás a prepotência e a imoralidade como características da geração onde começa a Redenção final, a face do cachorro não quer dizer nem prepotência e nem imoralidade, sendo que a Guemará já citou esses sinais. Então o que é a face do cachorro?

Diz o Rebe que o cachorro tem uma característica interessante, ele vai sempre na frente do dono, mas junto com isso está sempre olhando para trás para ver em qual direção o dono está indo para se posicionar na frente

Assim também os líderes dessa geração, eles querem ir sempre na frente, mesmo que para isso precisem sempre mudar a ideologia para poder continuar na frente

Morei em Israel 24 anos e vi isso acontecer direto. Mas talvez ainda não tenhamos entendido que a geração da Gueulá é a nossa…

Então de repente toda a nossa geração é obrigada a colocar uma máscara para de sair de casa nos dando uma nova aparência… A face da geração agora ficou de verdade como a face do cachorro!

Então vamos consertar o nosso comportamento rápido para estarmos no lado que tem a sorte de quem estar nessa geração!

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E “subiu” um novo rei no Egito

Sobre o fato de a Torá ter usado o termo “e reinou” em relação aos reis de Edom que reinaram antes do Egito e ter usado o termo “e subiu” em relação ao rei do Egito, diz o Zohar que onde se encontra a maior comunidade judaica em quantidade e qualidade, Hashem faz aquele país subir e se tornar a grande potência mundial

Vimos isso explicitamente durante toda a história. Quando a maior comunidade judaica em quantidade e qualidade estava no império árabe, aquele império foi a grande potência mundial

Quando a maior comunidade judaica em quantidade e qualidade estava na Polônia o império Polonês era a grande potência mundial

Quando a maior comunidade judaica em quantidade e qualidade estava na Rússia o império Russo era a grande potência mundial

Hoje a maior comunidade judaica em quantidade e qualidade se encontra nos Estados Unidos, e vemos explicitamente que a América é a grande potência mundial. Vimos também que isso foi acontecendo conforme a comunidade judaica foi se mudando para lá, paralelamente à isso eles foram crescendo e aparecendo no mundo

E por isso, diz o Zohar, em relação ao faraó está escrito “e subiu”. Por causa que a maior comunidade judaica em quantidade e qualidade estava lá eles subiram, e quando saímos de lá eles caíram

O mesmo aconteceu com o império português e o império espanhol. Quando estávamos lá eles conquistaram o mundo, quando saímos de lá eles caíram

E isso não tem ligação à nossa contribuição intelectual ou comercial para o país, mas é um assunto puramente espiritual, uma determinação Divina

Como também diz o Zohar sobre a definição “e subiu”, que lá em cima é nomeado um anjo para ser responsável por cada país, e dependendo desse anjo que repassa a fartura do mundo de cima para aquele país, o país vai ser a superpotência mundial ou um país pobre em crise crônica, e essa nomeação lá em cima é feita levando em conta a comunidade judaica que se encontra naquele país

Vemos explicitamente que tanto na época de auge do império polonês quanto na época de auge do império russo, os judeus se ocupavam com o judaísmo e a maioria não falava a língua do país, não iam para a universidade e tinham limites impostos pelo governo em relação ao comércio

Conclui o Zohar que se os povos do mundo soubessem um pouco sobre o amor que Hashem tem por nós e que por causa disso está disposto à fazer do país onde vivemos uma superpotência mundial, cada povo correria atrás de nós para nos convencer à morar no seu país!

Vayehi – 5781

Nossa Parashá nos conta que nosso patriarca Yaakov VIVEU na terra do Egito dezessete anos

Desde que Yaakov nasceu, a Parashá nunca usou a linguagem “viveu” mas usou linguagens como “morou” “se assentou” mas nunca viveu

E agora que ele desceu para o Egito, o país mais depravado da época e com os habitantes mais prepotentes do mundo, a Torá usa a linguagem “viveu”!

E não só isso, quando Yaakov estava na terra prometida, no lugar Sagrado, a Torá não usa essa linguagem, e agora que ele está na terra mais impura do mundo a Torá diz que somente agora ele está vivendo de verdade, como podemos entender isso?

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que a presença Divina só paira sobre uma pessoa que está alegre contanto que a fonte dessa alegria não seja uma fonte impura. Ou seja, essa regra não se aplica à uma pessoa que está alegre por ter feito uma coisa errada

O Zohar traz como exemplo o profeta Elishá (Eliseu). Rabi Elazar no Zohar traz em nome de Rabi Aba o seguinte Maamar: Está escrito (Tehilim 100/2) “Faça o Trabalho Divino com alegria, venha na sua frente cantando”

Isso determina, diz o Zohar, que para até para que o cumprimento de um Mandamento Divino seja considerado um “Trabalho Divino” é obrigatório que ele seja feito com alegria, como disse Rabi Elazar, a Presença Divina não paira dentro da tristeza

Traz o Zohar o que está escrito sobre o profeta Elishá (Eliseu) que certa vez precisava falar uma profecia na frente de três reis, o rei da Judeia que era um Tzadik (pessoa altamente elevada), o rei de Edom que não era judeu, e o rei de Israel, Yehoram, que era um idólatra

Quando o profeta Elishá viu o rei de Israel ficou triste por ver um judeu idólatra, e por causa da tristeza a Presença Divina deixou de pairar sobre ele, mesmo que de acordo com a Torá o desânimo causado pela presença do rei de Israel estaria justificado, mas o nível espiritual do desânimo não dá acesso à Revelação Divina

O profeta Elishá tinha a obrigação de resolver esse problema, caso contrário a profecia não pairaria sobre ele e ele não teria como dizer a profecia e naquele caso era uma questão de vida ou morte para todos que se encontravam lá inclusive ele

O jeito que ele encontrou foi pedir para que alguém viesse tocar uma música, e quando ele ouviu a música ele ficou alegre, a Presença Divina pairou novamente sobre ele e ele falou a profecia salvando a vida dos três exércitos que estavam lá junto com ele

Sendo que a Presença Divina não paira em um lugar de tristeza, mas também não paira quando a fonte da alegria não é uma Mitzvá, que Mitzvá ele fez pedindo para trazer o músico? Diz Rashi, a Mitzvá de se alegrar! Ou seja, a alegria por si só é uma Mitzvá

No caso de Yaakov, diz o Zohar, aconteceu o mesmo. Quando ele estava na Terra Santa, ele estava triste porque Yossef tinha desaparecido. Quando ele veio para o Egito, a terra impura, ele ficou alegre porque viu que Yossef não só se manteve inalterado no seu temor à D’us, mas cresceu muito espiritualmente, e no Egito Yossef se tornou o Tzadik que não era na Terra Santa

Essa alegria de ver que Yossef cresceu espiritualmente fez com que a Presença Divina pairasse sobre ele, e o prazer da união com Hashem é tão grande que a Torá que é “Torat Emet” a Torá da verdade, não pode mentir dizendo que ele simplesmente morou no Egito, mas a verdade é que no Egito foi o único lugar onde ele viveu uma vida plena, viveu de verdade

Aprendemos daqui que é uma grande Mitzvá ficarmos alegres. Então, não perca tempo, não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje, fique alegre já

Vaygash  -5781

Nossa Parashá nos conta que quando Yossef se revelou para seus irmãos, a primeira coisa que ele disse foi :- Eu sou Yossef, meu pai ainda está vivo?

Todo o assunto entre Yossef e seus irmãos até agora era o fato de o pai estar vivo, e por isso eles não poderiam deixar Benyamin no Egito em nenhuma circunstância por causa do fato de o pai estar vivo

E o fato de Yehuda estar disposto a ficar escravo no Egito no lugar de Benyamin também era somente pelo fato de o pai estar vivo. Até agora só falaram sobre o pai, e depois de tudo isso Yossef pergunta se o seu pai ainda está vivo?

A explicação do Rav Moshe Weber

Rav Moshe Weber nasceu na cidade velha de Jerusalém em 1913 quando Israel ainda pertencia ao Império Otomano. Em 1978 quando me mudei para Israel e fui estudar em Kfar Chabad encontrei uma dificuldade. Às vezes não recebia uma resposta clara para as minhas perguntas. E por maior que fosse o rabino que eu perguntasse, e nossos rabinos na Yeshivá eram do mais alto nível, mesmo assim qualquer ser humano tem o seu limite

Então sempre que tinha uma pergunta mais difícil pegava um ônibus para Tel Aviv e de lá para Yerushaláim e fazia a minha pergunta para o Rav Moshe Weber. Descobri que ele não tinha limite, ele não era um ser humano, ele era um Anjo no céu!

Quando fiz essa pergunta para o Rav Moshe Weber ele me explicou da seguinte maneira: Na reza conhecida como “Tefilat Hatal” pedimos para Hashem:- que seja “para a vida e não para a morte”

O fato de pedirmos para que seja “para a vida” já inclui que não é para a morte, então o que essa morte que a Tefilat Hatal está citando que não é uma morte material?

Dois tipos de vida: a “Vida” e a “Não Morte”

A Tefilat Hatal diz “que seja para a vida” e também diz e “não para a morte” citando essa “não morte” como um segundo tipo de vida. Uma vida sem alegria, uma vida sem entusiasmo, uma vida sem esperança, sem motivação, simplesmente uma “não morte”

E foi isso que Yossef perguntou agora aos seus irmãos, isso era o que mais importava para ele saber: Se o seu pai está vivo! Ou seja, se ele está vivendo com alegria e entusiasmo ou se simplesmente ele não está morto, mas vivendo uma vida que a única definição dela é uma “não morte”! Isso foi o que Yossef perguntou, um caso de vida ou “não morte”

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Quando Yossef se revelou para seus irmãos ele disse:- Eu sou Yossef seu irmão que vocês venderam ao Egito, e acrescentou as palavras:-“E agora não fiquem tristes e não vejam o fato de vocês terem me vendido como sendo uma coisa ruim que vocês fizeram, porque Hashem (D’us) me enviou para cá para que todos tenham o que comer (ou seja, vocês fizeram uma coisa boa sem saber, mesmo que foi de um jeito ruim)

Aparentemente essas palavras estão contradizendo totalmente o comportamento de Yossef até esse exato momento

Desde que seus irmãos chegaram ao Egito Yossef ocultou sua verdadeira identidade para pressioná-los à fazer Teshuvá (voltar para o caminho certo) e se arrependerem do que fizeram para ele, e só se revelou para eles depois que viu claramente que eles estavam arrependidos de tê-lo vendido

E agora depois de se revelar para eles declara exatamente o contrário dizendo que foi um milagre de Hashem o fato de eles o terem vendido, e ainda especifica que Hashem fez esse grande milagre para que todos tenham o que comer

Para entender isso vamos voltar um pouquinho atrás na nossa história

Ismael, Essav e os filhos de Yaakov

Sabemos que nosso primeiro patriarca, Avraham, era a representação da Sefirá chamada de Hessed (bondade) nesse mundo, e dele saiu Ishmael que também era Hessed, mas Hessed do lado impuro

Nosso segundo patriarca, Itzhak, era a representação da Sefirá chamada de Guevurá (rigidez) nesse mundo, e dele saiu Essav que também era Guevurá, mas Guevurá do lado impuro

Nosso terceiro patriarca, Yaakov era a representação da Sefirá chamada de Tiféret nesse mundo, e dele já não saiu nada do lado impuro mas todos os seus filhos eram do lado da Kedushá (santidade)

Sendo assim, Ishmael e Essav, por causa do vínculo que tinham com o lado impuro, estavam enquadrados dentro de uma regra da Torá chamada de “megalguelim hová al yedei haiav”. Ou seja, se uma coisa ruim tem que acontecer nesse mundo, o tribunal Divino escolhe uma pessoa ruim para que a coisa ruim aconteça por meio dela

Mas os filhos de Yaakov não estavam nessa categoria, nesse vínculo com o lado impuro a ponto de que quando uma coisa ruim tivesse que acontecer nesse mundo eles fossem escolhidos para que isso acontecesse por meio deles

Então, como pode ser que uma coisa tão ruim como vender Yossef como escravo causando para ele todos aqueles sofrimentos, inclusive doze anos de prisão que Yossef passou no Egito, aconteceu por meio dos irmãos de Yossef?

Dois tipos de sofrimentos e a vantagem de cada um

Quando fazemos uma coisa ruim nossa Alma recebe uma impureza espiritual que é comparada pelo profeta Zehária à fezes. Podemos então chamar isso de ” fezes espirituais”

Sendo que Hashem é a essência do bem, da mesma maneira que uma mãe que ama seu nenê dá um banho nele para tirar o vestígio das suas “sugeirinhas” enquanto o nenê chora sem entender porque sua mãe está aparentemente fazendo essa “maldade” para ele

Dessa mesma maneira Hashem, por causa do infinito amor que tem por cada um de nós, tem a dedicação de nos limpar dessas “fezes” espirituais” que grudaram na nossa Alma por causa das nossas más ações

E sendo que esses sofrimentos, mesmo sendo o objetivo deles a nossa purificação, mesmo assim estão terceirizados para o lado impuro, e aí se aplica a regra de que uma coisa ruim acontece por meio de uma pessoa ruim.

Se Yossef precisasse passar por sofrimentos desse tipo eles viriam por meio de pessoas da categoria de Ismael e Essav, mas nunca aconteceriam por meio de pessoas como os irmãos de Yossef que eram do lado da Kedushá, do lado puro

Por meio de alguém do nível de Ishmael e Essav só poderia acontecer uma retificação destrutiva chamada de “midá knegued midá” (medida por medida).

Uma retificação estilo “o que eu fiz para o outro é feito para mim”, uma retificação destrutiva. Como disse o grande Hilel quando viu uma caveira boiando:- “Por causa que você afogou você foi afogado, e quem te afogou será afogado também”. Uma retificação destrutiva

A segunda categoria de sofrimentos são comparados à “dores de crescimento”. São sofrimentos que o objetivo deles não é limpar as nossas “fezes espirituais” mas sim de nos fazer crescer espiritualmente e atingir níveis que nunca conseguiríamos chegar à eles a não ser por meio desses sofrimentos

Yossef tinha a capacidade de se tornar um Tzadik. Yossef tinha a capacidade de se tornar a representação da Sefirá chamada de Yessod nesse mundo, a Sefirá responsável por repassar a fartura e abundância do mundo espiritual para que ela pudesse se materializar aqui nesse mundo

O mundo iria passar por uma desgraça, aquela geração iria entrar em uma crise histórica e só teria como se salvar dessa crise no mérito do Tzadik Yessod Olam que era Yossef

Mas Yossef estava longe de revelar a sua essência de Tzadik, e no lugar disso ficava fazendo intrigas entre seus irmãos e seu pai. Quando aquela época chegasse, não haveria um Tzadik para reverter a situação e a tragédia seria grande.

Hashem revelou para Yossef por meio de sonhos proféticos que essa função de salvar o mundo estava preparada para ele. Os “feixes de trigo dos seus irmãos se prostaraim na frente do feixe de trigo dele, no seu mérito todos teriam o que comer. Ele entendeu o sonho mas continuou fazendo as intrigas

Yossef não cresceu por iniciativa própria. E sendo que ele não cresceu espiritualmente por si só ele precisou “ser crescido”! Ele precisou de alguém que lhe causasse sofrimentos que vão torná-lo um Tzadik, sofrimentos construtivos

E sendo que essa categoria de sofrimentos não vem para limpar as “fezes espirituais” mas sim para causar uma enorme subida espiritual, os irmãos de Yossef foram escolhidos para que isso acontecesse por meio deles e isso não poderia acontecer por meio de pessoas da categoria de Ismael e Essav

Mesmo não sendo o que eles fizeram uma coisa boa, e por isso Yossef fez questão de que seus irmãos fizessem Teshuvá do que fizeram, mesmo assim o objetivo final dessa categoria de sofrimentos é construtivo, e o benefício dele vai servir como mérito para quem o causou também

E para esse tipo de sofrimentos, os “sofrimentos construtivos”, o tribunal Divino escolhe pessoas que tenham o mérito de participar dessa construção de acordo com outra regra Divina que é chamada de “Megalguelim Zehut Al Yedei Zacai”

Ou seja, quando uma coisa boa tem que acontecer nesse mundo ela acontece por meio de pessoas boas. Ou seja, o tribunal Divino escolhe pessoas boas para que a coisa boa aconteça por meio delas

No caso deles isso aconteceria obviamente depois de terem feito Teshuvá, sendo que a intenção deles não era de ajudá-lo, mas o resultado final foi que ele se tornou o vice rei e salvou o mundo inteiro de morrerem de fome

Por isso, depois que Yossef atingiu esse nível de Tzadik Yessod Olam e viu que isso aconteceu no mérito deles, cobrou deles as duas coisas

Também que fizessem Teshuvá e se arrependessem do que fizeram para ele, mas também que soubessem que tudo o que aconteceu foi por Divina Providência

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Quando o faraó perguntou para Yaakov qual era a sua idade Yaakov acrescentou que nos 130 anos da sua vida não teve uma moradia fixa, e também que esses 130 anos foram poucos e ruins e não chegaram aos anos de vida de seu pai e avô

Na Parashá anterior, quando o faraó contou para Yossef o sonho das vacas bonitas e das vacas feias, acrescentou detalhes e opinião pessoal em relação às vacas feias. O motivo para isso, disse o Rav Moshe Weber, é que as pessoas ruins gostam de falar sobre as coisas ruins, e quando chegou no assunto das vacas feias o faraó se entusiasmou e acrescentou detalhes

Como pode ser então que Yaakov aparentemente está fazendo como o faraó dando um ênfase às coisas ruins?

A alegria dos sofrimentos

Se tentarmos imaginar a cara que Yaakov fez quando deu essa resposta ao faraó imaginaríamos uma expressão desanimada de uma pessoa se lamentando, e aí sim estaríamos colocando Yaakov e o faraó na mesma categoria. Mas não, o que aconteceu lá foi exatamente o contrário

Imagine uma pessoa que trabalhou duro em um projeto mega lucrativo, terminou o projeto de maneira que superou de longe todas as expectativas e vai receber uma fortuna pelo sucesso que teve em fazer esse trabalho no prazo necessário, e até achou que foi pouco tempo de trabalho relativo à fortuna que ganhou por ele

E qual era esse projeto? Yaakov tinha que fazer a retificação do mais alto nível da Alma de Adam Harishon, o primeiro homem que viveu durante 130 anos uma intensa relação conjugal com duas demonias sendo uma delas o aspecto feminino do próprio anjo da morte

Adam Harishon trouxe por meio desses 130 anos de relacionamento com aquelas demonias o que apelidamos de “fezes espirituais” para o mais alto nível da sua Alma, o nível “Neshamá”, e esse era o projeto de Yaakov. Viver novamente esses 130 anos nos quais Adam Harishon teve os prazeres proibidos e retificar essa Alma purificando ela por meio de sofrimentos destrutivos

E por isso tudo o que ele sofreu foi dentro da categoria familiar. Nunca morou em um lugar fixo, sofreu de Essav seu irmão, seu pai o discriminou, sua mãe pediu para ele enganar o seu pai para receber as bênçãos, ele queria se casar com Rachel e se casou com Leah, seu tio tentou enganá-lo o tempo todo, seu irmão queria assassiná-lo, sua filha foi violentada e Yossef seu filho desapareceu

Trabalho feito! Yaakov anuncia ao faraó com muita alegria que fez o seu trabalho Divino com muito sucesso e em tempo record, e por isso achou que sua vida já tinha terminado e não alcançaria os anos da vida do seu pai e avô sendo que o trabalho Divino que ele veio fazer nesse mundo ele já fez e com muito sucesso!

 

❤️SHABAT SHALOM❤️

MIKETZ  – 5781

Nossa Parashá é chamada de Miketz que quer dizer “no limite final”

Diz o Zohar que nossa Parashá começa com essas palavras nos ensinando que Hashem (D’us) colocou um limite final para toda e qualquer coisa ruim, seja ela a maior coisa ruim que é o nosso exílio entre os povos do mundo e tem como limite final nossa Gueulá (nossa redenção final), ou seja ela um pequeno probleminha pessoal. Sendo que Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, cada coisa ruim tem obrigatoriamente o seu limite final

Diferente das idolatrias do mundo incluindo as do nosso país que acreditam em inferno eterno, deus do bem e deus do mal, nós tivemos o mérito de não viver a fantasia das idolatrias mas viver a realidade de que D’us é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem para todos

E por trás da nossa Parashá estão os segredos de como isso funciona na nossa vida pessoal, no nosso microcosmo, e nesse mesmo raciocínio conseguiremos entender também como isso funciona em relação ao mundo de maneira geral, como isso funciona no macrocosmo

Yossef ficou dez anos na cadeia no Egito. Diz o Midrash que isso foi decretado para ele lá de cima porque ele fazia intrigas entre seu pai e dez dos seus onze irmãos, dizendo para o seu pai que seus irmãos comiam parte de animais vivos e tinham “casos” com mulheres de Canaã

Para cada irmão que ele prejudicou foi decretado um ano de sofrimento na cadeia no Egito como retificação, e por isso ele ficou os dez primeiros anos na cadeia

Mais dois anos foram decretados para ele porque ele teve plena fé no “ministro das bebidas” do faraó que prometeu interceder pela sua liberdade, e por isso o “ministro das bebidas” esqueceu totalmente dele e ele ficou mais dois anos na prisão

Quando terminou o decreto do Tribunal Divino contra ele, em um instante tudo se mudou de um extremo ao outro. Ele se tornou o vice rei do Egito, que no caso dele mandava mais do que o próprio faraó e se casou com a sua alma gêmea Osnat, a filha adotiva de Potifar que era nada mais nada menos do que sua própria sobrinha, a filha de Diná, que tinha chegado ao Egito de maneira semelhante à dele.

Aprendemos daqui que, sendo que Hashem é a essência do bem, as coisas ruins não só que tem limite mas também só podem existir se tiverem algum motivo que justifique a sua existência

Um motivo é a retificação pelas coisas erradas que fizemos como vimos no caso de Yossef. Diz o Ari Zal que os irmãos de Yossef também receberam um castigo pelo que fizeram para ele, mas em uma reencarnação posterior

Outro motivo de as coisas ruins acontecerem é para nos fazer subir espiritualmente como aconteceu para Yossef que ficou mais dois anos na cadeia despertando e fortalecendo a consciência de que não devemos confiar em ninguém a não ser em Hashem, e o fato de o ministro das bebidas ter se lembrado dele depois de dois anos foi somente porque Hashem fez com que ele se lembrasse, e assim funciona tudo nesse mundo

Mas porque Yossef teve que passar por toda essa retificação em vida, tudo de uma vez, e não teve o prazo de poder retificar isso por meio de muitas pequenas prestações em outra reencarnação como aconteceu para os seus irmãos?

Porque Yossef estava predestinado a ser a revelação da Sefirá chamada de “Yessod” nesse mundo, a Sefirá que repassa para nós a abundância do mundo espiritual que aqui se materializa, e essa mensagem Divina ele já tinha recebido por meio dos seus sonhos proféticos quando ainda estava em um nível espiritual que não justificava com que isso acontecesse que era aquela época em que ele ainda estava fazendo intrigas entre seu pai e seus irmãos

Mas para acontecer na prática de ele ser a revelação do “Yessod de Atzilut” nesse mundo, ele tinha que se refinar, ele tinha que sofrer para retificar o que ele fez de mal para os seus irmãos

E assim, se refinando e subindo espiritualmente por meio desses sofrimentos ele conseguiu alcançar muitos níveis de fé em Hashem que ainda não tinha alcançado

Dessa forma ele conseguiu chegar ao nível de “Yessod de Atzilut” nesse mundo, e por isso ele teve que sofrer e não pôde extender esses sofrimentos para pagá-los em pequenas prestações durante uma reencarnação posterior

Mas quando chegou o limite final do decreto Divino eles terminaram obrigatoriamente e imediatamente e tudo se transformou de um extremo ao outro de imediato. Ele saiu da prisão e se tornou o vice rei que mandava mais do que o próprio rei, casou-se com a sua”alma gêmea” e teve dois filhos que deram origem à duas novas tribos no nosso povo, Efraim e Menashe, chegando à um nível que nenhum dos seus irmãos conseguiu chegar

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Porque Yossef pressionou seus irmãos para fazerem Teshuvá? (voltarem ao bom caminho)

Nossa Parashá nos conta sobre os sonhos do faraó. No começo o faraó sonhou com vacas e depois com espigas de trigo. Seu primeiro sonho foi nível “animal” e o segundo já baixou para nível “vegetal”

Os sonhos de Yossef foram em uma ordem exatamente contrária à essa. No começo ele sonhou com feixes de trigo, um cereal que cresce na terra, depois ele sonhou com o Sol, a Lua e as estrelas no céu, demonstrando uma subida de nível terra para nível céu

Enquanto os sonhos do faraó demonstravam uma descida do animal para o vegetal os sonhos de Yossef demonstravam uma subida da terra para o céu, nos mostrando que o Tzadik, ou seja, a pessoa que cumpre os mandamentos Divinos, nunca consegue ficar parado em uma etapa só, mas está sempre subindo espiritualmente

O mesmo acontece com o rashá, a pessoa ruim. Ele também não consegue ficar parado em uma etapa só, mas está sempre descendo espiritualmente

Yossef viu nos seus sonhos proféticos que no começo seus irmãos foram representados por feixes de trigo se prostrando na frente dele, trigo da terra. Depois chegaram ao nível de serem representados como estrelas do céu, demonstrando que a subida deles desde espigas vegetais até se tornarem estrelas no céu estava ligada ao fato de eles terem a necessidade de se prostar na frente dele

A primeira vez que seus irmãos se prostaram na sua frente é representada no seu sonho por espigas de trigo e aconteceu quando eles vieram ao Egito para comprar trigo sem as esposas.

A segunda vez, representada pelo Sol a Lua e as estrelas, aconteceu quando eles se mudaram para o Egito acompanhados de suas esposas que são representadas pela lua

E sendo que não dá para subir do nível terra para o nível céu sem fazer Teshuvá primeiro, e ele tinha visto no seu sonho que nos dois casos eles estavam se prostrando na frente dele, entendeu que deve usar essa autoridade para fazer com que eles façam Teshuvá e subam do nível terra para o nível céu onde ele já se encontrava antes de eles chegarem ao Egito

Sendo assim, quando ele viu seus irmãos prostrados na sua frente para comprar trigo, entendeu que esse processo de Teshuvá já começou e por isso os colocou em uma situação complicada para que eles despertassem para fazer Teshuvá

E viu que estava dando certo quando ouviu os irmãos comentando entre si que toda essa situação complicada está acontecendo para eles porque no passado eles venderam Yossef como escravo

Teshuvá é assumirmos que não vamos fazer novamente a coisa ruim e nos conscientizarmos de que as coisas ruins que fizemos foram um mau negócio

Na Parashá da próxima semana, quando Yossef vê que seu irmão Yehudá que o vendeu como escravo está disposto a ficar escravo no Egito no lugar de Benyamin, entende que eles fizeram essa Teshuvá básica e se revela para eles como um irmão piedoso, o irmão que eles jamais tinham conhecido dessa forma. Ele subiu da terra para céu e no mérito dele eles subiram também!

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Vacas lindas e vacas horríveis

Nossa Parashá nos conta sobre os sonhos do faraó, e depois a Parashá nos conta o jeito que o faraó contou esses sonhos para Yossef

No sonho original haviam vacas bonitas e vacas feias, mas quando ele contou o sonho para Yossef acrescentou somente em relação às vacas feias, disse que nunca tinha visto vacas horríveis assim em toda a terra do Egito

Mas em relação às vacas lindas, mesmo que ele nunca tinha visto vacas lindas assim em toda a terra do Egito, ele não acrescentou nada mas somente relatou palavra por palavra o que ele viu no seu sonho

Diz o Rav Moshe Weber, um grande Tzadik que viveu em Yerushaláim (Jerusalém) na época em que eu estudava lá, que quando o faraó falou sobre as vacas feias ele se entusiasmou

E qual foi o motivo que ele acrescentou em relação às vacas feias?

Simples: As pessoas ruins gostam de falar sobre as coisas ruins

E por isso quando ele relatou sobre as vacas lindas ele fez isso somente por obrigação de relatar o sonho para Yossef para que ele possa interpretá-lo

Mas quando falou sobre as vacas feias ele se identificou com o assunto, se entusiasmou e se envolveu a ponto de acrescentar sua opinião pessoal. Nesse assunto ele se sentiu em casa

Aprendemos daqui que nunca devemos nos envolver e nos entusiasmar com as coisas ruins mas sempre devemos nos envolver e nos entusiasmar somente com as coisas boas

VAYESHEV – 5781

Nossa Parashá começa nos contando que Yaakov morava na terra de Canaã, e esses são os descendentes de Yaakov: Yossef que tinha dezessete anos e era pastor de ovelhas com os seus irmãos

A Parashá continua nos contando que Israel (Yaakov) amava Yossef mais do que todos os seus filhos e fez para ele uma túnica especial, e logo depois a Parashá nos conta sobre os sonhos de Yossef

Ou seja, no começo a Parashá nos conta que esses são os descendentes de Yaakov, mas no lugar de trazer a lista cronológica dos filhos de Yaakov ela nos conta sobre Yossef

Nos conta que Yossef tinha dezessete anos, que Israel (Yaakov) gostava de Yossef mais do que todos os seus filhos, que fez para ele uma túnica diferenciada, e continua nos contando sobre os sonhos de Yossef. Entendemos daqui que a Parashá está nos mostrando a importância de Yossef em relação aos seus irmãos

Como pode ser que um Tzadik como Yaakov que tinha doze filhos tinha uma “caidinha” por um deles mais do que pelos outros, e porque a Parashá aparentemente está dando mais importância para Yossef do que para todos seus irmãos?

Sincronizações espirituais

Nossos patriarcas eram o “DNA” do nosso povo e cada um deles estava sincronizado diretamente com uma das Sefirot do mundo de Atzilut

Avraham era a representação da Sefirá chamada de “Hessed” (bondade) do mundo de Atzilut nesse mundo, e por isso ele tinha uma “caidinha” por Ismael que mesmo sendo “Hessed” da klipá, do lado impuro, não deixava de ser “Hessed”. Ele era a “Hessed” que caiu no fundo do precipício!

E Avraham não tinha essa mesma “caidinha” por Itzhak, porque Itzhak, mesmo sendo um Tzadik, era a representação da Sefirá chamada de Guevurá (rigidez) de Atzilut nesse mundo

A Hessed não tem tolerância para a Guevurá. A Hessed é comparada à água e a Guevurá ao fogo, a água apaga o fogo e o fogo evapora a água, eles não tem nenhuma sincronização entre si

Itzhak que era “Guevurá” tinha uma caidinha por Essav que também era “Guevurá”, mesmo sendo Essav a Guevurá da klipá, do lado impuro, a Guevurá que caiu no fundo do precipício, mesmo assim ele não deixava de ser Guevurá

E mesmo Yaakov sendo um Tzadik ele era a representação da Sefirá chamada de Tiféret nesse mundo e não era Guevurá como Itzhak e Essav

E assim, Yaakov que era a representação da Tiféret de Atzilut nesse mundo tinha uma característica diferente de Avraham que era Hessed mas que dele saiu Ismael que era a Hessed da klipá

E também tinha uma característica diferente de Itzhak que era Guevurá, mas que dele saiu Essav que era a Guevurá da klipá

De Yaakov não saiu nenhuma klipá, nenhuma impureza, mas todos os seus filhos eram do lado bom, do lado da Kedushá (santidade)

E por isso Yaakov tinha uma “caidinha” por Yossef, sendo que Yaakov era a Tiferet de Atzilut, Sefirá da “coluna do meio” e que abaixo dela nessa mesma “coluna do meio” se encontra a Sefirá chamada de Yessod que é sincronizada diretamente com a Tiféret que se encontra acima dela

Duzentos anos depois de Yossef vão aparecer Moshe e Aharon dando representação às Sefirot de Netza’h de Atzilut, representada por Moshe, e Hod de Atzilut, representada por Aharon, e muito tempo depois chegará o rei David que vai ser a representação da Sefirá chamada de Mal’hut de Atzilut nesse mundo

Por isso Yossef é tão importante a ponto de a própria Parashá quando cita a descendência de Yaakov falar tanto de Yossef tão detalhadamente

Erros de avaliação

De Yaakov não saiu nenhuma klipá, então como pode ser que os irmãos de Yossef quiseram matá-lo e no final venderam ele como escravo?

Avraham, Itzhak e Yaakov eram Tzadikim, pessoas extremamente elevadas espiritualmente, como pode ter acontecido de eles deixarem “escapar” a preferência que eles tinham por um filho em relação ao outro a ponto de despertar a inveja dos outros como no caso do relacionamento entre Yaakov e Yossef que despertou os ciúmes dos irmãos e causou o exílio do nosso povo no Egito?

Asher Bará Elokim Laassot”

Diz Rashi na sua explicação sobre o Midrash Bereshit Rabá que não está escrito que “D’us criou e fez” mas está escrito que”D’us criou para fazer, nos ensinando que tudo o que D’us criou ainda precisa de um “Tikun”, de um conserto. Ou seja, não existe perfeição na criação mas tudo precisa de um “Tikun”

Por esse motivo até os Anjos que não tem livre arbítrio podem fazer um erro de avaliação e fazer algo contra a vontade Divina achando que aquilo é a vontade Divina

Yaakov viu que Yossef é a Sefirá chamada de “Yessod” nesse mundo, a Sefirá que repassa a abundância Divina, a fartura do mundo superior para que ela possa descer à nós por meio da Sefirá chamada de Mal’hut

Yossef viu isso nos seus sonhos que eram o nível de profecia que se revela por meio do Mal’hut que é a profecia vinda por meio de um sonho, como aconteceu para Yaakov quando ele estava a caminho de Haran

Yossef sonhou que os feixes de trigo dos seus irmãos iriam se prostar na frente do seu, o que aconteceu quando o Egito era o único lugar do mundo que tinha trigo para vender e seus irmãos se prostaram na frente dele quando vieram comprar trigo no Egito sem suas esposas

Ele sonhou que o Sol,a lua e onze estrelas se prostaram na frente dele e isso aconteceu quando eles se mudaram com suas famílias para o Egito, nesse sonho as esposas foram representadas pela lua

Imagine a grande alegria de uma pessoa que chega no país que é a superpotência mundial e descobre que a mais alta autoridade desse país, o vice rei que manda mais do que o rei e que é o único responsável pela venda do trigo que você veio comprar no único país que tem trigo para vender é nada mais nada menos do que o seu próprio irmão

Não só que você não vai ficar com inveja dele, mas vai agradecer à D’us pelo grande milagre de que o seu irmão está nesse cargo tão importante, que seu irmão graças à D’us é alguém muito mais importante do que você

E isso foi o que viu Yaakov, e a Torá nos revela esse detalhe com as palavras “e seu pai guardou esse fato”, ou seja, aguardou que isso vai acontecer

Yaakov viu que os irmãos de Yossef terão o grande orgulho de poder se prostar na frente dele e serem reconhecidos como os irmãos do vice rei! E não só isso, mas como irmãos de um vice rei que manda muito mais do que o próprio rei! E não só isso, mas também que ele é o único responsável pela mercadoria que eles vieram comprar nesse país!

Desde o começo Yaakov viu que Yossef é a Sefirá chamada de Yessod e que todos terão orgulho de poder se prostar na frente dele

O erro de avaliação que aconteceu nesse caso foi o fato de revelar isso antes da hora

E daqui aprendemos que mesmo tendo preferência por um filho em relação ao outro devemos morrer sem que ninguém nunca saiba que tivemos essa preferência, mesmo sabendo que vai chegar o dia em que todos os filhos reconheçam o milagre que eles tiveram de ter um irmão mais importante do que eles, mesmo assim devemos deixar eles descobrirem isso sozinhos e não saberem que nós também tínhamos essa preferência

Vemos que o próprio Yaakov no final já tinha percebido isso e contestou o segundo sonho de Yossef para que os irmãos não ficassem mais com inveja dele.

Naquele caso ele não conseguiu reverter a situação porque o exílio já estava decretado, mas no nosso caso, nós que somos a geração da Gueulá, nós que já vamos entrar na era em que uma pessoa já não vai mais ter inveja da outra, para nós já está decretado que tudo vai mudar para o bem e qualquer pequena atitude nossa já vai fazer essa mudança acontecer imediatamente em nossos dias

Vaishla’h  – 5781
Nossa Parashá nos conta que Yaakov mandou anjos na sua frente para Essav seu irmão que estava na terra de Seir, no campo de Edom
Rashi explica que nesse caso eram anjos de verdade, e essa explicação é necessária sendo que a palavra anjos na Torá muitas vezes se refere à pessoas que foram enviadas para alguma missão e não à anjos de verdade
Mas é difícil de entender como poderia uma pessoa ruim como Essav ver anjos celestiais, criaturas espirituais, se até o próprio Yaakov na continuação da Parashá conta para Essav que viu o anjo responsável por ele somente para amedrontá-lo, como diz Rashi que o motivo que Yaakov contou para Essav que viu o anjo dele foi para que Essav ficasse com medo e dissesse: “alguém que viu um anjo e se salvou, agora já não tenho mais como vencê-lo”
Daqui entendemos que ver um anjo era algo que estava acima da capacidade de Essav. Então como a Parashá começa nos contando que Yaakov mandou anjos para Essav, anjos de verdade?
A explicação do “Maor Vashemesh”
Rabi Kalonymus Kalman Epstein conhecido em nome de sua obra prima, o livro Maor Vashemesh, nos contou que tanto o Zohar quanto outros livros sagrados dizem que toda criatura espiritual quando desce dos mundos superiores para este mundo de baixo tem que se materializar um pouco por meio de uma “vestimenta” para que este mundo possa suportar a presença dela
E até mesmo a nossa Torá quando Hashem (D’us) à entregou ao nosso povo aqui nesse mundo baixo precisou materializá-la e revestí-la por meio de historinhas, como está escrito no Zohar Hakodesh
E também sabemos que por meio do nosso estudo de Torá, por meio das nossas rezas e do cumprimento dos mandamentos Divinos criamos Anjos
Quando Hashem manda o anjo para o Tzadik (pessoa espiritualmente elevada) para fazer alguma coisa que o Tzadik esteja precisando, não é possível para o anjo descer para esse mundo tão baixo porque o anjo é uma criatura totalmente espiritual
Então o anjo é obrigado a se materializar em um certo aspecto e se revestir em alguma “vestimenta” que não é tão espiritual como o anjo
E sendo que o anjo foi criado pela combinação das letras que estavam sincronizadas com aquela Mitzvá feita pelo Tzadik, aquelas letras são a vestimenta da luz sublime e oculta daquela Mitzvá
E aquelas próprias letras se tornam a vestimenta na qual o anjo vai se revestir quando vier para esse mundo baixo para fazer a vontade do Tzadik
(Ou seja, a origem dessas letras foi uma Mitzvá feita neste mundo material e aqui no nosso mundo elas se tornam um corpo material para o anjo)
Assim conseguimos entender as palavras do final da Parashá anterior: “e Yaakov foi para o seu caminho e se encontraram com ele os anjos de Hashem, e disse Yaakov quando os viu…”
As palavras “quando os viu” vem nos indicar que ele viu e reconheceu que eles foram feitos e revestidos pela Torá que ele estudou e pelos mandamentos Divinos que ele cumpriu e por isso ele entendeu que eles estão à sua disposição sendo que esses anjos foram criados por ele
Yaakov não poderia mandar pessoas para falar com Essav porque Essav faria com que qualquer servo de Yaakov passasse para o lado dele oferecendo à eles um salário muito maior e etc, e esse foi o motivo que Hashem colocou esses anjos à disposição de Yaakov
Mas quando ele quis mandá-los à Essav, entendeu que eles ainda estão muito espirituais para se encontrar com Essav e ainda precisam se revestir mais no mundo material, mais do que estavam antes quando se encontraram com Yaakov
Por isso a Parashá começa dizendo que Yaakov mandou os anjos à sua frente, nos indicando que tirou deles as vestimentas espirituais mas quais eles estavam revestidos até aquele momento
A palavra Vaishla’h “e mandou” em hebraico também é usada no sentido de tirar o manto
Ou seja, Yaakov despiu dos anjos as “vestimentas” de anjos que estavam neles quando eles se revelaram para Yaakov porque ele precisou materializá-los mais ainda para eles aparecerem na frente de Essav como pessoas de verdade, e o próprio versículo traz o motivo para isso nas palavras “para Essav seu irmão”. Ou seja, ele necessitou materializá-los para ficarem adequados para se apresentarem à “Essav seu irmão”
Mais um pouquinho sobre o “Maor Vashemesh”
Rabi Kalonymus Kalman Epstein nascido em 1753 era filho de Aaron Halevi Epstein que era um descendente do Profeta Samuel e do Rei David.
Os primeiros anos do pequeno “Kalmish” Epstein foram vividos em absoluta pobreza na cidade de Neustadt na Polônia. A família tinha dez filhos.
Quando o pequeno Kalmish tinha cinco anos seu pai se mudou com toda a família para Cracóvia em busca de uma vida melhor
Em Cracóvia, o pequeno Kalmish ficou conhecido como Ilui (jovem prodígio). Quando criança, depois de vender bagels feitos em casa pela sua mãe para ajudar no sustento da família, o pequeno Kalmish corria para o Beit Hamidrash e ouvia os discursos da Torá proferidos por estudiosos de Cracóvia, incluindo rabi Yitzchak Halevi que era o rabino Chefe de Cracóvia.
Um dia, após um dos discursos, Mordehai Gutgold, um dos judeus mais ricos de Cracóvia, pediu à Kalmish em tom de brincadeira que repetisse o discurso que acabara de ouvir. Para o espanto de todos o pequeno Kalmish repetiu o discurso inteiro palavra por palavra sem um único erro
Mordehai Gutgold ficou tão impressionado com a grandeza do pequeno Kalmish que decidiu financiar sua educação na Yeshiva, desde que seu pai concordasse com o casamento de Kalmish com sua filha assim que Kalmish chegasse ao Bar Mitzvah. Aos 13 anos, Kalmish se casou com a filha de Mordehai Gutgold que se chamava Milka Raidel.
Depois de ficar profundamente impressionado com o líder hassídico Rabi Elimelech de Lizhensk durante sua visita a Cracóvia, Kalmish viajou para Lizhensk na esperança de estudar Torá e Chassidut sob a tutela direta de Rabi Elimelech, contra a vontade de seu sogro, mas com o apoio de sua esposa.
Após a chegada de Kalmish em Lizhensk, Rabi Elimelech o enviou para estudar com Rabi Yechiel Michel de Zlotchov. Depois de menos de duas semanas na casa de Rabi Yechiel Michel, Kalmish voltou para Lizhensk com uma mensagem de Rabi Yechiel Michel para Rabi Elimelech dizendo que: “você não encontrará outros como Kalmish”.
Kalmish se tornou o mais favorito de todos os alunos de Rabi Elimelech, também atuando como o “shamash” (assistente) pessoal do rabino. Em reconhecimento à aptidão de Kalmish, Rabi Elimelech o enviou, em 1785, para assumir a liderança chassídica de Cracóvia.
Após sua chegada em Cracóvia, Kalmish foi recebido com grande oposição pelos misnagdim, (oponentes do movimento chassídico), mas eventualmente eles passaram a respeitá-lo.
Sua reputação como líder sagrado começou a crescer em toda a Galícia Ocidental, e os judeus começaram visitá-lo a longas distâncias para buscar seu conselho e orientação e receber suas bênçãos.
Kalmish conseguiu elevar o perfil da Hassidut em toda a Galícia Ocidental e tornou-se amigo íntimo do rabino chefe de Cracóvia Yitzchak Halevi.
Durante uma visita a Lizhensk, Rabi Elimelech, que estava perto do seu falecimento solicitou que Kalmish o sucedesse e assumisse o manto da liderança na cidade de Lizhensk, mas Kalmish recusou.
Entre os contemporâneos de Kalmish que eram os alunos importantes de Rabi Elimelech estavam o Hozeh de Lublin, o Maggid de Kozhnitz, o Rebe Menachem Mendel de Rimanov e o Apta Rebe.
Kalmish se referiu a todos eles como “Rebe”, como eram chamados todos os líderes chassídicos de sua geração, como um sinal de respeito.
Perto do final de sua vida, Kalmish instruiu seu filho mais novo, Aharon, a reunir todas as suas escrituras e discursos, que mais tarde foram publicados como o sefer (livro) Maor Vashemesh, título pelo qual ele mais tarde se tornou mundialmente conhecido.
O comentário cabalístico do Maor Vashemesh ainda é estudado hoje tanto por judeus hassídicos quanto por não hassídicos, e alguns líderes chassídicos se referiram ao Maor Vashemesh como o “Shul’han Aruch” da hassidut.
Rebe Kalmish faleceu no segundo dia de Rosh hodesh Tamuz em 1825 com 72 anos de idade.
Rebe Kalmish e sua esposa tiveram dois filhos e várias filhas. Seu filho mais novo, Aharon, tornou-se o Rebe da comunidade de Cracóvia após o falecimento do seu pai e ficou conhecido como “Reb Oron” por causa do Oron Hakodesh (Arca Sagrada). Seu filho mais velho, Yosef Baruch, ficou conhecido como “Guhter Yid” (o bom judeu), ou o “fazedor de milagres de Neustadt”.

Vayetzê – 5781
Nossa Parashá nos conta que Yaakov, o terceiro patriarca do nosso povo, foi para Haran na Síria procurar uma esposa na família da sua mãe
À exemplo de Avraham que tinha mandado Eliezer para Haran com 10 camelos carregados de presentes para a noiva, Itzhak também deu à Yaakov muito dinheiro que cobririam pelo menos todas as despesas do seu casamento e ainda sobraria o suficiente para Yaakov abrir o seu próprio negócio em Haran
Essav mandou o seu filho Elifaz assassinar Yaakov no meio do caminho para Haran. Essav não seria suspeito por esse assassinato sendo que nesse momento ele estava próximo à Itzhak e com certeza estava o dia inteiro na casa do pai para mostrar que o assassino não é ele
Elifaz alcançou Yaakov e explicou à ele a ordem que recebeu do seu pai, e inclusive perguntou à Yaakov se ele tem alguma ideia de como cumprir a ordem do seu pai sem precisar assassinar Yaakov
Yaakov explicou para Elifaz que a Torá compara a pobreza à morte, e pela Torá alguém que empobreceu é como se tivesse falecido. Yaakov propõe à Elifaz levar o seu dinheiro em troca da sua vida.
Elifaz aceitou a proposta sendo que poderia usar esse argumento com Essav, seu pai. Por causa disso Yaakov teve todas as dificuldades em Haran tendo que trabalhar de graça para Lavan durante 14 anos e mais sete para fazer um dinheirinho para trazer com ele na volta para a terra prometida
A explicação do Ari Zal
Rabi Itzhak Luria conhecido como o “Ari Zal” foi um dos maiores cabalistas da nossa história. Ele foi para a Kabalá o que Maran Beit Yossef foi para a Hala’há. Podemos chamar o Ari Zal de “o Shul’han Aru’h da kabalá”
Ele nos revelou que Essav se reencarnou como Titus, o imperador romano que destruiu o Beit Hamikdash (o Templo Sagrado de Jerusalém). Seu primogênito Elifaz se reencarnou como Unkelus, o sobrinho de Titus que se converteu ao judaísmo e traduziu a Torá para o aramaico, uma tradução não literal mas explicativa aceita por todos os nossos Sábios e que acompanha cada Humash (Pentateuco) até hoje
Pelo motivo de Unkelus ter sido Elifaz e ter vindo para retificar o que fez na reencarnação anterior, vemos na história de Unkelus que antes de ele se converter ao judaísmo ele foi para uma “baalat ov” (que era o centro espírita da época) e pediu para a “baalat ov” baixar a alma de Titus para ele pedir à ele um conselho.
Ele perguntou para Titus se ele deve se converter ao judaísmo. Titus o aconselhou não só à não se converter ao judaísmo mas também à se tornar um grande inimigo de Israel.
Unkelus ouviu o conselho e fez exatamente o contrário, retificando assim a Alma de Elifaz que causou todo aquele transtorno à Yaakov por ter obedecido a ordem do seu pai, e agora retificou isso desobedecendo essa ordem, deixando o seu povo que eram os descendentes diretos de Essav e se unindo de corpo e Alma à Yaakov
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Um pouquinho mais sobre a história do Ari Zal
O Ari Zal viveu apenas dois anos em Safed, para onde mudou-se atendendo a determinação do profeta Eliahu. Seus ensinamentos foram divulgados através das obras de seu fiel discípulo, rabino Haim Vital.
Após a expulsão dos judeus da Espanha (1492) e da Provença, na França, muitos sábios dirigiram-se para Safed, na região da Alta Galiléia, uma das quatro cidades sagradas do Israel antigo. Nessa cidadezinha encravada no topo de uma montanha, adotaram um estilo de vida totalmente dedicado à Torá. Por acreditarem que a Cabala revelava o sentido mais profundo dos livros sagrados, levaram-nos ao seu florecimento e Safed tornou-se um grande centro onde viveram, estudaram e transmitiram seus ensinamentos, entre outros, personalidades como o rabino Moshe Cordovero (1522-1570), que fundou a Academia de Cabala em Safed; o rabino Solomon Alkabetz, autor da prece Lecha Dodi; e o rabino Chaim Vital.
Apesar de ter vivido em Safed apenas dois anos, são inegáveis as marcas da presença do rabino Isaac Ben Shlomo Luria, cujo acrônimo Ari originou-se no seu anagrama – Ashkenazi Rav. Na sinagoga que o Ari freqüentava, ainda são realizados serviços religiosos tradicionais. Próximo à parede onde costumava rezar, há um pequeno vão. As velas estão acesas e alguns alunos estudam o Zohar, uma obra fundamental para a Cabala, tão importante e sagrada quanto o Talmud e a Torá.
Ha-Ari, o Leão Sagrado, é considerado por muitos o maior cabalista de todos os tempos. Dizem os estudiosos que após o desaparecimento do rabino Joseph Caro, autor do Shulchan Aruch, uma nova estrela surgiu no firmamento, com um brilho próprio: o Ari. Segundo Aryeh Kaplan, o rabino Isaac Luria fazia parte daquele “número seleto de indivíduos que vivem em um plano espiritual tão elevado que, se comparados ao resto da humanidade, parecem seres completamente diferentes, uma espécie mais elevada. Eles nos ensinam, mas conseguimos aprender somente uma pequena parte do que é transmitido. Mas, mesmo desta pequena parte, podemos construir montanhas”.
A grandeza e a sabedoria do Ari foram reconhecidas enquanto viveu e, mesmo o grande rabino Joseph Caro, que já tinha escrito e divulgado seu código Bet Joseph e era considerado um dos grandes líderes da época, costumava consultá-lo, assim como um aluno consulta o mestre.
Vida e obra
O Ari nasceu em 1534 em Jerusalém e conta-se que o profeta Eliahu presenciou seu brit-milá. Aos oito anos já era considerado um prodígio tendo estudado o Talmud e memorizado dezenas de volumes. Perdeu o pai ainda menino, sendo então levado pela mãe para o Egito, onde foram acolhidos pelo tio, o rabino Mordechai Francis. Na terra das pirâmides, o jovem Isaac cresceu estudando com os rabinos Bezalel Ashkenazi (1520-1592), conhecido por seus comentários Shita Mekubetzete; e David Ben Zimrah, também conhecido como Radbaz. Segundo uma carta do rabino Chaim Vital, aos 15 anos, o Ari conhecia o Talmud melhor do que todos os sábios do Egito. Aos 17, o Ari descobre o Zohar, obtendo sua própria cópia manuscrita.
Tal era sua dedicação aos estudos, que seu tio decidiu torná-lo seu genro. Sob a influência de Radbaz, um grande místico, rabino Luria dedicou-se inteiramente à Cabala, isolando-se cada vez mais do mundo, inclusive da própria família. Chegava a passar a semana inteira estudando e meditando em uma cabana próxima ao rio Nilo, retornando à sua casa apenas para o Shabat. Com a esposa, conversava somente em hebraico, o mínimo necessário, para não desviar a mente de sua concentração. Ao final do descanso religioso, retornava ao seu retiro, aprofundando-se cada vez mais nos segredos cabalísticos.
Foi durante este período de profundo estudo e meditação que, às vezes, o profeta Eliahu se revelava ao rabino Isaac Luria e lhe ensinava os mais profundos segredos da Torá. Durante um Shabat, o Ari contou à esposa sobre o aparecimento de Eliahu Hanavi, dizendo que deveria mudar-se imediatamente para Safed, em Israel, com o intuito de transmitir os ensinamentos da Cabala. A mudança deveria ser rápida, pois, segundo o profeta, ele teria apenas mais dois anos de vida. Seu antigo professor, o Radbaz, tinha-se mudado para esta cidade em 1553 e este fato deve ter também pesado na sua decisão. Era então o ano de 1570.
Apesar de seus profundos conhecimentos, o Ari optou por permanecer anônimo em Safed durante algum tempo, trabalhando como comerciante.
Logo após sua chegada, faleceu o rabino Moisés Cordovero, o Ramak (26 de junho de 1570), o líder da Academia de Cabala. Conta-se que ao ser questionado por seus discípulos sobre quem seria o novo líder da Academia de Cabala, Ramak disse-lhes que o seu sucessor seria revelado por um pilar de fogo que seguiria seu caixão. Aquele que o visse seria o novo líder.
E assim foi. No dia do enterro, o Ari foi o único a ver o pilar de fogo e foi reconhecido como novo líder. Um grupo coeso de adeptos e discípulos formou-se rapidamente ao seu redor. Mas o homem que se tornaria o grande discípulo do Ari e que transcreveria suas palavras, o rabino Chaim Vital, uniu-se ao grupo apenas seis meses mais tarde.
O rabino Vital, um grande cabalista, escreve que, na época, estava muito envolvido em seus comentários sobre o Zohar e acreditava que seus próprios conhecimentos eram superiores aos do próprio Ari. Mas após o primeiro encontro, o rabino Vital reconheceu a grandeza do rabino Luria, passando a ser seu mais fiel e famoso discípulo. O Ari informou-lhe que tinha vindo do Egito para lhe transmitir seus conhecimentos e que esta era a missão mais importante de sua vida. Os dois tornaram-se inseparáveis.
É difícil imaginar a quantidade de informações que o Ari conseguiu transmitir em menos de 18 meses mas, neste breve período, o rabino Vital conseguiu dominar o método luriano de estudo da Cabala, produzindo, após a morte de seu mestre, uma obra de 12 volumes. Dois anos após sua mudança para Safed, o fim anunciado pelo profeta Eliahau Hanavi concretizou-se: o Ari morreu aos 38 anos, em 15 de julho de 1572, data correspondente no calendário judaico a 5 de Av de 5332. Os seus ensinamentos receberam o status de autoridade máxima e colocados no mesmo nível do que os do Zohar. Seus hábitos foram analisados e considerados um modelo a ser seguido.
O Ari não escreveu praticamente nada, cabendo esta tarefa ao rabino Vital e ao seu filho, Shmuel Vital. Em suas obras, o rabino Chaim Vital descreve a personalidade do Ari, a quem considerava um ser celestial. Segundo ele, o rabino Isaac Luria não apenas tinha profundos conhecimentos da Mishná, do Talmud, da Hagadá e do Midrash, mas também descobriu o conhecimento secreto baseado nos mistérios do Masseh Bereshit, da criação do mundo.
Ele entendia a linguagem dos pássaros, o sussurro das árvores e ouvia a conversa dos anjos. Para ele, o deserto, as águas, as árvores, as plantas, os animais e os pássaros também são parte do mistério divino. O Ari falava com os bons e com os maus espíritos. Podia avaliar um ser humano observando a sua face e a sua testa. Ele sabia quais os atos cometidos por cada indivíduo no passado e podia prever o futuro, além de dominar a grafologia.
Ele acreditava na reencarnação das almas, tanto das pecadoras quanto das justas. Pois aqueles que pecaram em uma vida prévia, dizia, poderiam reencarnar para se arrepender de seus pecados. Consta que ele revelava a raiz da alma de cada discípulo, sua linhagem e suas reencarnações.
Pouco antes de sua morte, o rabino Chaim Vital deixou instruções segundo as quais todos os textos sobre o Ari deveriam ser colocados em seu túmulo. Mas, segundo relato do rabino Chaim Joseph Azulai, em seu livro Shem Hagdolim, logo após a sua morte, Chaim Vital apareceu para seus amigos em sonhos e os autorizou a editar e publicar seus escritos. Seu mais importante trabalho foi Etz Ha-Haim – Árvore da Vida – contendo comentários sobre os ensinamentos do sistema cabalístico do Ari. Inclui também interpretações do Zohar.
Em sua obra Reincarnations – Reencarnações – revela a lista de sábios judeus que teriam retornado para este mundo.
O legado
A primeira metade do século 16 presenciou o surgimento de dois grandes nomes em Safed: o rabino Moisés Cordovero e o rabino Isaac Luria. Enquanto Cordovero desenvolveu conceitos abstratos sobre a natureza de D’us e a Criação, mais ligados à Cabala teórica, Luria concentrou-se no homem e suas ações, no arrependimento e no controle das necessidades do corpo, enfocando também a Cabala prática.
O Ari desenvolveu um novo sistema para a compreensão dos mistérios do Zohar chamado de Método Luriânico. O sistema cabalístico do Ari cobre literalmente milhares de páginas e aborda praticamente todo tipo de pensamento. É, portanto, absolutamente impossível resumi-lo de forma adequada. Contudo, os elementos básicos do sistema são as Dez Sefirot, os quatro universos e os cinco níveis da alma.
Rabi Itzhak Luria meditava sobre a questão do princípio, de como teria começado o processo de Criação. Em termos simplistas, após o Tsimtzum, a contração da Luz Divina no momento do Ato da Criação, e do Shevirá (estilhaçamento), centelhas divinas ficaram retidas na existência material e a tarefa do homem é elevar, liberar estas centelhas para devolvê-las à Divindade. Este processo é chamado de Tikun (reparo ou emenda) e é a idéia principal do misticismo de Luria – a doutrina da restauração e salvação do mundo.
Segundo os princípios do Tikun, o homem é o centro da Criação e o destino do universo depende dele. Suas ações podem ser decisivas para a salvação. Segundo o Ari, todas as gerações podem redimir-se, basta quererem do fundo do coração e transformarem os desejos em ação. Em termos gerais, esta não foi uma teoria totalmente nova, mas afirmar que a salvação dependeria inteiramente da ação do homem foi, com certeza, uma idéia inédita.
Quando perguntado sobre o que o homem deveria, então, fazer, para alcançar a redenção, o Ari respondia prontamente: arrepender-se e retornar ao caminho certo – teshuvá. E a teshuvá, segundo o Ari, deve incluir jejuns, atos de penitência, controle dos instintos humanos, não ingerir carne ou beber vinho durante os dias da semana, servir a D’us sempre, estudar e orar com fé, lamentar profundamente a destruição do Templo. Segundo ele, era indispensável renunciar aos prazeres terrenos para servir a D’us integralmente e estabelecer uma comunicação total com o Supremo Criador.
As marcas do Ari em todos os níveis do judaísmo são inegáveis. A partir do século 17, as idéias luriânicas e inovações rituais haviam-se disseminado em grande parte do mundo judaico. Os livros do rabino Chaim Vital são muito famosos em meio às comunidades sefaraditas, que os estudam com profundo respeito e devoção. Posteriormente, no século 18, a Cabala Luriânica exerceu forte influência sobre o chassidismo, que divulgou as idéias cabalísticas. O conceito de “elevar as centelhas”, a idéia de que toda a existência material é animada pela divina, que mesmo a atividade mais mundana pode servir de oportunidade para-se descobrir D’us, impregnou o pensamento e a vida judaica.

Toldot – 5781

Nossa Parashá nossa conta que Rifka ficou desesperada com a possibilidade de Yaakov se casar com uma mulher da terra de Canaã onde eles viviam, a terra que Hashem prometeu para Avraham e que nela Itzhak nasceu e dela ele nunca saiu. A terra prometida que muito futuramente se tornaria a Terra Santa
Rifka usou uma expressão muito forte dizendo que “sua vida não será mais vida” se Yaakov se casar com uma mulher daquela terra.
Itzhak chamou Yaakov, deu para ele uma benção e também a missão de ir para a cidade de Padan Aram na Síria e se casar com uma das filhas de Lavan, irmão de Rifka
Itzhak dá uma grande bênção para Yaakov dando para ele e para toda a descendência dele a bênção de Avraham.
Rashi explica que Itzhak dessa forma repassou para Yaakov a bênção que Hashem (D’us) deu para Avraham, o primeiro dos três patriarcas
Quando Hashem pediu para Avraham sair da terra onde morava com a sua família e ir para a terra que Hashem iria mostrar para ele, Hashem deu à ele a bênção de transformá-lo em um grande povo e de que todos os povos da terra seriam abençoados no mérito dos seus descendentes .
Essa bênção que Hashem deu para Avraham foi a que Itzhak simplesmente repassou para Yaakov nessa ocasião. Ou seja, agora, por meio de Yaakov iria acontecer essa bênção que Hashem deu para Avraham. De Yaakov sairia o grande povo e a grande descendência que por meio dela todos os povos da terra seriam abençoados
A explicação do “Ben Ish Hai”
Rabi Yossef Hayim de Bagdad foi um dos maiores mestres do judaísmo das últimas gerações, um dos grandes líderes espirituais do judaísmo oriental com profundo conhecimento tanto da Hala’há como da Cabalá, tornando-se conhecido por sua mais famosa obra denominada Ben Ish Hai
E lá ele explica o que vem a ser essa “Benção de Avraham”, essa bênção que foi guardada de Itzhak para ser dada somente à Yaakov e não à Essav, e por isso Yaakov ainda não à tinha recebido mesmo quando veio receber as bênçãos do seu pai fantasiado de Essav
A “Bênção de Avraham”
Diz Rabeinu Yossef Hayim que:
Avraham é o segredo das “Hassadim” (da Sefirá chamada de “Hessed”, bondade, em qualquer aspecto onde ela apareça, até como Hessed da Guevurá)
Itzhak é o segredo das Guevurot (da Sefirá chamada de “Guevurá” que nesse caso pode ser traduzido como dureza,rigidez ou severidade, e em qualquer aspecto onde ela aparece, até como “Guevurá” da “Hessed”)
Sabemos que os povos do mundo não tem como receber a vitalidade das Hassadim mas só conseguem receber das Guevurot Porque os “hitzonim” não tem sincronização com as Hassadim mas só conseguem receber a vitalidade das “Guevurot”
(Os “hitzonim” traduzido como “os de fora” nesse caso é uma referência aos 70 anjos do lado impuro responsáveis por repassar a vitalidade do mundo superior para fazer existir os 70 povos que são todos os povos do mundo em suas milhares de ramificações)
Itzhak fez acontecer por meio dessa Bênção que a sincronização com as “Hassadim” que são o segredo de Avraham não aconteçam a não ser com o povo de Israel especificamente
Porque a purificação acontece por meio da água?
Sendo que os “hitzonim” não conseguem ter nenhum vínculo com as “Hassadim”, por esse motivo a eliminação da impureza espiritual é por meio da água
(Cada um dos seis dias da criação do mundo aconteceu por meio da revelação de uma Sefirá diferente. O primeiro dia é Hessed e por isso o mundo estava totalmente envolvido pelas águas em todos os seus aspectos)
Por isso quando uma pessoa mergulha nas água ele se purifica das suas impurezas
E não só isso, mas também o fato de um”reviit” (86 ml) de água ser o suficiente para tirar o “espírito de impureza” que paira sobre nós quando dormimos de noite é porque um pouquinho de água que é “Hessed” expulsa as impurezas de todos os lugares
Por isso quando fazemos a “Netilat Yadaiim” de manhã precisamos pegar o pote de água com a mão direita que é vinculada à “Hessed” e dar o pote com a água para a mão esquerda que representa a “Guevurá” como se estivéssemos dando uma ordem à “esquerda” que é o lado das “Guevurot” para servir a direita que é o lado das Hassadim expulsando totalmente o espírito impuro por meio da água que é Hessed
Em resumo:
Antes de dormir coloque o pote cheio de água dentro de uma bacia e deixe do lado da cama
De manhã quando você acordar pegue o pote de água com a mão direita e passe para a esquerda
Jogue um pouco de água sobre a mão direita e passe o pote de água para a mão direita
Jogue um pouco de água na mão esquerda e passe o pote de água para a mão esquerda
Faça isso até que sobre cada mão você jogou um pouco de água três vezes intercaladas
Não aproveite essa água para nada e nem jogue essa água em um lugar onde passam as pessoas sendo que o espírito impuro agora está nela, jogue essa água no ralo ou dentro do vaso sanitário
Mais um pouquinho sobre Rabi Yossef Hayim
A comunidade judaica do Iraque, remonta à época do Primeiro Templo. A queda do Primeiro Templo, no ano 422 antes da era comum, e o exílio do povo judeu para a Babilônia transformaram esta região em um dos grandes centros do judaísmo fora da Terra de Israel. Durante o período do Segundo Templo, o número de judeus na Babilônia era semelhante ao da Terra de Israel.
Desde a época Talmúdica, Bagdá era considerada uma cidade de sábios e eruditos que influenciaram as comunidades judaicas no exílio. Era um centro de estudos judaicos importante, o lugar no qual o Talmud Babilônico fora compilado.
Durante séculos os Rabinos Chefes das Yeshivot da Babilônia – também chamados Gueonim – foram considerados os líderes espirituais do mundo judaico.
A partir do século XI, no entanto, Bagdá, perde seu papel de principal centro judaico sendo substituída por outras comunidades judaicas como França, Alemanha e até mesmo Síria.
No ano de 1743 o Rabino Tzadka Hutzin, um dos mais importantes líderes religiosos de Alepo, foi convidado para ser o Rabino de Bagdad sendo que uma doença tinha dizimado todos os Rabinos de lá. Ele conseguiu fazer com que a cidade voltasse a ser um centro de estudos de Torá.
Com sua morte, em 1773, foi sucedido pelo Rabino Tzahal Matalia e, em seguida, pelo Rabino Moshe Hayim, avô do Rabi Yossef Hayim.
Tamanha era sua influência, que Rabi Moshe Hayim passou a ser conhecido simplesmente como al-Ha’ham, o sábio. Após sua morte foi sucedido por seu filho, Ha’ham Eliyahu Hayim.
Durante anos, o Ha’ham Eliyahu Hayim não teve filhos, até que um dia o grande Tzadik Rabi Yaakov Abu-HAtzira que era um grande cabalista do Marrocos, escreveu-lhe uma carta na qual lhe revelava que em breve, seria abençoado com um filho que iria iluminar o mundo judaico. A bênção do Tzadik aconteceu e o pequeno Yossef Hayim nasceu em 1835
Seus dons fenomenais tornaram-se evidentes desde sua infância. Aos quatro anos, ao ser inquirido pelo pai sobre as razões pelas quais D’us perguntara para Adão “Onde está você?” (Gênese 3:9), a criança respondeu que as letras em hebraico que representavam “onde está você” eram o acrônimo de “Eu sei todos os segredos”, uma alusão – para Adão – de que D’us sabia exatamente o que havia ocorrido.
Desde jovem, o Hacham Yossef Hayim, também conhecido como o Ben Ish Hai, passava grande parte do seu tempo na biblioteca de seu pai, dedicando-se com afinco aos estudos. Não tardou em se tornar a autoridade suprema reconhecida não apenas pelo judaísmo oriental.
Aos catorze anos, ao entrar no escritório do pai, encontrou uma carta escrita por rabinos de Jerusalém, contendo uma difícil pergunta sobre a Hala’há.
O jovem entendeu o problema e imediatamente o respondeu. Ao receber a resposta, os rabinos concordaram com a solução apresentada.
Alguns dias mais tarde, o Rabino Eliyahu Hayim, não sabendo que o filho já havia mandado uma resposta, enviou para Jerusalém uma carta contendo as mesmas recomendações feitas pelo filho. Os rabinos de Jerusalém, ao receberem a segunda resposta, entenderam imediatamente o que havia ocorrido e ficaram admirados com o jovem. A fama do jovem Ha’ham Yossef Hayim, como também era chamado, começara, então, a se espalhar.
No dia 13 de Elul de 1859, uma semana após o falecimento de seu pai Eliahu Hayim, Ha’ham Yossef Hayim, com apenas 26 anos, foi nomeado Grão-Rabino de Bagdá, função que exerceu durante cinqüenta anos exatos, até o dia de sua morte, também 13 de Elul de 1909.
Assim como seu pai, o Ha’ham Yossef só aceitou ocupar dentro da comunidade a posição oficial de darshan (orador), não participando publicamente das atividades comunitárias.
Mesmo assim, era consultado por todos e nada acontecia dentro da comunidade sem seu consentimento. Sua palavra era considerada decisiva tanto entre os rabinos mais eruditos, como entre os judeus mais simples.
Também optou por não aceitar remuneração pelos serviços que prestava à comunidade, sustentando a família por meio de uma participação em um empreendimento comercial junto com seus irmãos, e isso ele aprendeu com o seu pai que também se comportava dessa mesma forma
Apesar de ser tão respeitado e admirado, o Ben Ish Hai sempre foi muito humilde e sua porta sempre estava aberta aos que o procuravam. Muitos pediam uma bra’há, um conselho, outros queriam tirar uma dúvida ou pedir que rezasse por um doente.
Sua autoridade no domínio da Hala’há se impôs rapidamente, sendo consultado até mesmo por seu mestre, o Rabino Abdalla Some’h.
Judeus de todo o Oriente Médio passaram a consultá-lo sobre a Hala’há através de cartas. Muitas das suas respostas foram impressas em uma obra de quatro volumes, intitulada Rav Pe’alim.
Força da oratória
A partir de 1860, Ben Ish Hai passou a dar aulas diárias. Sua oratória era fenomenal e nunca repetia a mesma drashá (palestra).
No Shabat, multidões costumavam comparecer para ouvir suas palestras, incluindo autoridades rabínicas da cidade. Suas palavras conseguiam cativar durante três horas a atenção de homens, mulheres e crianças, que, em silêncio, o escutavam falar sobre os comentários bíblicos e tratados halá’hicos.
A partir de 1870, passou a abordar em suas palestras de Shabat temas sobre a Halachá e estas serviram de base para uma de suas mais famosas obras – o Ben Ish Hai, conhecida e estudada em todo o mundo judaico – e também para seu complemento, Od Yossef Hai.
Sua obra escrita
O Ha’ham Yossef Hayim passava a maior parte de seu tempo envolvido nos estudos. Além de ter sido um exímio orador, foi um escritor prolífero. Possuía uma fenomenal habilidade para codificar e sintetizar até os mais difíceis assuntos da Torá. Grande parte de seu tempo foi dedicada ao desenvolvimento de uma síntese sobre os aspectos cabalísticos e halá’hicos da Torá.
O Ben Ish Hai tinha o dom de cativar a atenção e transmitir seus ensinamentos. Uma de suas mais famosas obras, As Leis das Mulheres, foi escrita em árabe bagdadii, incluindo anedotas para despertar a atenção dos leitores, apesar de abordar temas delicados ligados à Halachá. Escreveu mais duas obras neste estilo: Mashal Venimshal e o Imrei Biná, ambas contendo histórias, anedotas e ensinamentos variados.
O Ben Ish Hai publicou no total 24 obras, algumas de quatro ou cinco volumes cada. Os trabalhos publicados, porém, representam uma pequena parte dos seus escritos. Os rabinos de Bagdá sabiam da existência de oitenta manuscritos. No entanto, seu neto, o Hacham David Hayim, não conseguiu levar grande parte dos mesmos quando deixou o Iraque.
Ben Ish Hai e a Terra de Israel
Como seu pai, o Hacham Yossef Hayim amava a Terra de Israel. Possuía uma casa em Jerusalém e lá imprimia a maior parte de suas obras para gerar empregos na cidade.
Seu apoio, juntamente com o Rabino Nissim Nahum, foi de extrema importância para convencer o filantropo Yossef Avraham Shalom a financiar a construção dos prédios das Yeshivot Porat Yossef e Oz veHadar, em Jerusalém.
O Ben Ish Hai viajava freqüentemente à Terra de Israel. Em uma destas viagens, no ano de 1896, acompanhado de vários outros rabinos, havia combinado com o guia árabe que a caravana não viajaria durante o Shabat.
Durante o percurso, o Ha’ham continuava sua rotina de estudos: levantava-se à meia-noite para ler o Tikun Hazot, e estudava e rezava até o amanhecer.
No shabat, porém, o guia árabe não quis interromper a viagem e ameaçou deixar o grupo no meio do deserto. O Ben Ish Hai não capitulou e junto com os outros começou os preparativos para o Shabat.
No meio da noite, bandidos circundaram o acampamento. O chefe do bando foi diretamente até a tenda do Ha’ham. Mas, ao vê-lo imerso em seus estudos, algo aconteceu e ele virou as costas, indo embora. O guia que havia parado a uma pequena distância, ao ver o que acontecera, correu para desculpar-se, prometendo seguir tudo que o Ben Ish Hai desejasse.
Em 1909, seis meses antes de seu falecimento, foi-lhe oferecido o posto de Rishon LeZion e Ha’ham Bashi sobre todas as comunidades sefaraditas na Terra de Israel, mas o grande sábio recusou a oferta.

Hayei Sarah – 5781
Nossa Parashá nos conta sobre a morte de Sarah e o nome da Parashá é “A Vida de Sarah”, nos ensinando que os Tzadikim (as pessoas espiritualmente elevadas) são considerados vivos mesmo depois da morte, enquanto que as pessoas ruins são chamados pela Torá de mortos mesmo durante a vida
Quando a Torá nos conta sobre os anos da vida de Sarah, diz o versículo que a vida de Sarah foram cem anos e vinte anos e sete anos, e no final volta a dizer que esses foram os anos da vida de Sarah. Essa linguagem não é usual e o certo seria dizer que Sarah viveu 127 anos
Então porque o versículo usa essa linguagem tão diferente e no final ainda acrescenta novamente que esses eram os anos da vida de Sarah, afirmação aparentemente totalmente desnecessária?
Rashi explica que nesse caso a Torá acrescentou a palavra “ano” depois de cada número para te ensinar que cada um é visto separadamente do outro
Com 100 anos ela é comparada à uma jovem de 20, nos ensinando que com 100 anos ela não tinha pecados da mesma maneira que uma jovem de 20 anos não tem pecados.
Ou seja, a maioridade religiosa de uma menina no judaísmo é com 12 anos, mas para ela ser condenada por um tribunal caso tenha feito algo que justificasse isso, teria que ter feito essa transgressão após os 20 anos de idade.
E com vinte anos Sarah é comparada à uma menina de sete anos em relação à beleza
Mas porque no final do versículo ele volta a dizer que esses foram os anos de Sarah? Diz Rashi que aqui a Torá vem nos ensinar que todos os anos de Sarah foram iguais no aspecto de que foram sempre sempre bons
Mas como pode ser assim? Sarah passou por situações tão desagradáveis! Acompanhou seu marido de Ur Kasdim até a terra prometida e lá se depararam com os cananeus que estavam conquistando a terra dos Bnei Shem que eram o povo da ascendência de Avraham
Avraham e Sarah desceram para o Egito e lá aconteceu mais um desastre, ela foi levada para se casar com o faraó e só se salvou por verdadeiros milagres de Hashem (D’us) a ponto de o faraó dar à ela sua filha Hagar como escrava depois de descobrir a grandeza de Sarah
Sarah era estéril e deu Hagar para Avraham na esperança de que se ela não pode ter filhos a continuação da família vai ser por meio do filho que Hagar vai ter com Avraham.
Hagar engravidou imediatamente e esnobou Sarah dando a impressão de que ela, Hagar, é a Tzadeket, a pessoa altamente elevada, e Sarah, a Sarah que todos acharam até agora que era a grande Tzadeket não chega aos pés dela
Finalmente Sarah que era estéril tem um filho e por isso todos nós existimos, todo o nosso povo descende de Sarah que também foi a nossa primeira matriarca e também a primeira das sete profetizas do nosso povo ultrapassando o próprio marido Avraham em profecia
Então perguntamos, como pode ser que todos os anos de Sarah foram sempre bons se na realidade ela passou por tantos apuros?
Hashem cuida dos perseguidos
Disse o rei Salomão, o mais sábio de todos os homens, que D’us cuida dos perseguidos. Rabi Huna no Midrash Rabá nos conta que mesmo quando acontece de uma pessoa ruim ser perseguido por uma pessoa boa Hashem ajuda essa pessoa ruim somente pelo fato de ele estar sendo perseguido, mesmo que quem está perseguindo ele ser um Tzadik (uma pessoa altamente elevada) e o perseguido ser um Rashá (uma pessoa ruim) , mesmo assim D’us vai ajudar o perseguido pelo simples fato de ele estar sendo perseguido
Rav Moshe Kramer de Vilna em uma análise sobre as maldições da Torá traz o versículo “Vocês vão fugir e ninguém vai te perseguir” e pergunta:- Que maldição há no fato de que ninguém vai nos perseguir? Poderíamos pensar que aqui se trata de uma benção e não de uma maldição!
Mas diz Rav Moshe que o fato de ninguém estar nos perseguindo é uma grande maldição, porque quando somos perseguidos Hashem deixa tudo o que está fazendo para cuidar de nós, e mesmo quando quem nos persegue é um Tzadik e nós não, mesmo assim Hashem deixa tudo para cuidar de nós porque somos perseguidos,
E se não há ninguém nos perseguindo perdemos o”status” de perseguidos e Hashem não nos dá mais esse carinho especial
Sendo assim a verdadeira benção é quando alguém nos persegue, e para alguém como a nossa querida matriarca Sarah que foi a primeira mulher judia do mundo e a primeira profetiza, vir de onde ela veio e chegar onde ela chegou só foi possível com a ajuda dos grandes milagres que Hashem fez para ela no mérito de todas as perseguições que ela passou.
O próprio marido Avraham teve muita dificuldade em tirar Hagar e Ishmael de casa quando Ishmael se tornou um perigo material e espiritual para Itzhak e até pelo próprio marido ela se sentiu discriminada nessa hora tão difícil a ponto de o próprio D’us ter que revelar para ele que “Tudo o que Sarah sua esposa te disser você tem que obedecer”.
Ou seja, o próprio D’us teve que revelar para Avraham que Sarah se tornou maior do que ele em profecia e a partir de agora tudo o que ela disser para ele ele vai ter que fazer
E como Sarah que saiu de Ur Kasdim junto com Avraham conseguiu se tornar a primeira profetiza do nosso povo e chegar à um nível tão elevado ultrapassando até o próprio Avraham Avinu?
E aqui está o segredo dela, nisso que “Todos os anos de Sarah foram iguais no aspecto de que foram sempre sempre bons”.
Ou seja, ela sempre esteve no lucro! Sempre saiu ganhando com cada perseguição. A cada humilhação ela ganhou um nível espiritual mais elevado até chegar onde chegou, e por isso para ela “todos os seus anos foram sempre bons!
A palavra Torá em hebraico não quer dizer lei mas sim instrução. Cada história dela é uma instrução para nós.
Aprendemos com Sarah que quando somos perseguidos isso é uma verdadeira bondade Divina que nos dá o direito de termos um cuidado especial de Hashem que não teríamos como receber de outra maneira a não ser essa e por meio disso conseguimos chegar à um nível espiritual mais elevado, e nesse mérito receber todas as Bençãos Divinas em grande estilo

Vayerá – 5781

Nossa Parashá nos conta que nosso patriarca Avraham Avinu montou uma tenda enorme no meio do deserto no caminho de Sodoma e Gomorra que eram cidades ricas e atraiam muitas pessoas que viajavam para lá na esperança de ganhar um pouquinho de dinheiro

O motivo que Avraham montou a sua tenda lá, perto de Sodoma e suas cidades periféricas, foi para receber os viajantes que iam para lá e que voltavam de lá, sendo que Sodoma e suas cidades vizinhas absolutamente não ajudavam os pobres

Esse grande contraste fez com que todos vissem claramente a diferença entre a bondade de Avraham Avinu que ensinava à todos a grandeza de D’us e a maldade dos idólatras de Sodoma e Gomorra, e por isso todos escolhiam o D’us de Avraham Avinu representado por Avraham que era a “Hessed” (a Sefirá chamada de bondade) em pessoa, e se distanciavam da idolatria representada por Sodoma e Gomorra

Sodoma,Gomorra e a reza de Avraham

Quando Hashem (D’us) revelou para Avraham que não dava mais para esperar em relação à destruição de Sodoma e Gomorra, Avraham Avinu rezou, implorou pelas cidades, e ele tinha moral para discutir com Hashem e pedir para que essas cidades não fossem destruídas

Sendo que ele estava fazendo um trabalho de “kiruv” com essas cidades,, aproximando as pessoas ao trabalho Divino e influenciando elas de maneira positiva, ensinando à todos que devemos deixar a idolatria, rezar somente para Hashem e se comportar de maneira correta

Quando ele discute com Hashem está em jogo a estatística do trabalho que ele está fazendo nessa região. Avraham Avinu era um Tzadik de alto nível e sabia por meio do seu “Rua’h Hakodesh” que existiam nessas cinco cidades cinquenta Tzadikim

Cinquenta pessoas que estavam em um nível mínimo para serem chamados de Tzadikim, cinquenta pessoas que cumpriam os sete mandamentos dos Bnei Noa’h. Cinquenta pessoas que não eram assassinos e ladrões e que não faziam idolatria.

A partir daí a cada dia esse número aumentaria até que todas as pessoas daquela região se tornassem discípulos de Avraham e aquele lugar chegaria a ser o maior centro de divulgação de conhecimento Divino do mundo e todos viajariam para lá para aprender Torá com Avraham.

O potencial para isso eles já tinham, a estrutura para que isso acontecesse estava lá. As cidades eram muito ricas e poderiam investir muito nos assuntos Divinos, Avraham Avinu já estava ensinando à todos que entravam e saiam de lá, causando uma grande influência sobre a região. Lot, o sobrinho de Avraham se tornou o juiz da cidade, o sonho já estava se tornando realidade!

Obviamente Hashem concordou em não destruir mais as cidades e Avraham conseguiu o que queria. Daqui para frente aquele seria o maior centro de difusão de luz para o mundo inteiro. Avraham fez a proposta e Hashem aceitou, agora só faltava fazer uma comemoração

Mas antes que ele pudesse comemorar, ele viu com o seu Rua’h Hakodesh que o número de”Tzadikim” da região baixou repentinamente para 40, ou seja, dez dos cinquenta Tzadikim se depravaram nesse mesmo instante que Hashem tinha concordado em não destruir a cidade no mérito desses cinquenta Tzadikim

Avraham rapidamente refaz a proposta e agora usa os 40 Tzadikim como argumento de que a partir de 40 toda a região vai voltar para o bom caminho. Hashem concorda novamente! A bondade Divina não tem fim, mas a estatística não estava favorável e Avraham vê com o seu Rua’h Hakodesh que mais dez Tzadikim “chutaram o pau da barraca”, mais dez ” chutados”

Avraham Avinu refaz rapidamente a proposta usando agora os 30 Tzadikim como argumento de que eles vão ser o começo de uma verdadeira reviravolta espiritual e cada vez mais e mais pessoas vão aderir ao trabalho Divino e a partir desses 30 Tzadikim toda a região vai voltar para o bom caminho

Hashem é a essência do bem, e como um bom médico, antes de amputar um órgão tenta salvá-lo de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Hashem concorda imediatamente com essa nova estatística de que a partir de 30 Tzadikim toda a região vai se transformar em um lugar melhor

Mas Avraham vê com o seu Rua’h Hakodesh que mais dez Tzadikim “chutaram” e a estatística não está à seu favor. Ele faz rapidamente uma nova proposta de que esses 20 Tzadikim com certeza causarão um impacto em toda a região e em breve esse lugar será conhecido como um grande centro de luz

Hashem concorda imediatamente e agora só faltava fazer uma grande festa como a festa de Purim quando o maior holocausto da história foi anulado antes mesmo de ter começado

Mas antes de sair de lá Avraham já vê com o seu Rua’h Hakodesh que a estatística não estava à seu favor, mas muito pelo contrário, mais 10 Tzadikim foram mal influenciados e agora só sobraram 10.

10 como as dez Sefirot lá em cima. 10 como os dez pronunciamentos Divinos sincronizados com essas 10 Sefirot e que por meio deles Hashem criou o mundo.

10 como os 10 Mandamentos que Hashem nos deu no Monte Sinai que estão sincronizados com os 10 pronunciamentos Divinos que estão sincronizados com as 10 Sefirot. Um “minian” que a partir dele toda essa região vai se transformar em um lugar melhor. Um sonho que vai se tornar uma realidade

Hashem concordou imediatamente! Agora Avraham Avinu já poderia comemorar o grande holocausto que foi anulado antes de ter começado.

Mas naquele mesmo momento, enquanto o Anjo Refael estava de prontidão para salvar a vida de Lot e sua família e o Anjo Gavriel de prontidão para destruir toda aquela região, e Hashem aceitou a proposta de Avraham de que se tivessem lá 10 Tzadikim as cidades não seriam mais destruídas, naquele mesmo momento Avraham viu com o seu Rua’h Hakodesh que a estatística não estava à seu favor e que aqueles últimos 10 Tzadikim de Sodoma e Gomorra também foram mal influenciados e novamente o número baixou

A cidade é feita por seus moradores. O espaço urbano é criado e está à serviço das pessoas como o hardware serve o software e não ao contrário

Uma cidade é uma obra de arte viva e Sodoma se tornou um filme de terror. Chegou ao limite de tolerância do tribunal Divino e a permissão foi dada ao destruidor para destruir. O Anjo Gavriel parte para a sua missão acompanhado pelo Anjo Refael que foi para lá salvar quem o tribunal Divino autorizou que pode ser salvo, no caso, Lot e sua família

Depois que essas cidades foram destruídas e consequentemente não apareceram mais pessoas nesse caminho para entrar na tenda de Avraham e aprender um pouquinho sobre Hashem (D’us), Avraham se viu obrigado a mudar de região para poder continuar fazendo o seu trabalho Divino de forma abrangente ensinando as pessoas à rezarem somente para Hashem e deixarem totalmente a idolatria

Avraham Avinu se mudou para a terra dos filisteus e lá ele abriu um “Eshel” em Beer Sheva, Avraham Avinu inaugurou um verdadeiro centro de Torá e “Hessed” fazendo o seu trabalho Divino com muito mais intensidade do que antes e em grande estilo

 Le´l Le´ha – 5781

Os dez testes de Avraham Avinu

 A Mishná em Pirkei Avot (Capítulo 5 Mishná 3) nos conta que nosso patriarca Avraham Avinu foi testado por Hashem dez vezes durante a sua vida e passou em todos os testes. A Mishná não conta para nós quais foram esses testes

 Rabeinu Ovadia de Bartenura foi aluno de Rabi Yoseph Colon Trabotto (Maharik) em Bolonia, tornando-se depois rabino em Bertinoro, sua cidade natal, de onde derivou seu apelido Bartenura por causa do dialeto falado naquela região. Foi rabino em em Castello também, mas se tornou especialmente conhecido por seu comentário popular sobre a Mishná.

 Ele explicou essa Mishná em Pirkei Avot e disse que os dez testes de Avraham Avinu foram os seguintes:

 1- Ur Kasdim
Oprimeiro teste aconteceu em Ur Kasdim. Naquela época o mundo inteiro rezava para a idolatria e Avraham Avinu “descobriu o seu criador”. Descobriu sozinho, sem a ajuda de ninguém!

O rei absoluto da época que se chamava Nimrod se considerava D’us e ordenou à todos se prostrarem na frente dele, e quem não fizesse isso seria jogado dentro de uma fornalha gigantesca

 Todos se prostravam na frente dele. Todos menos Avraham Avinu que estava disposto a morrer e não fazer idolatria! Nimrod mandou jogar Avraham Avinu na fornalha gigante. Hashem fez um milagre sobrenatural e Avraham saiu de lá são e salvo sem o mínimo ferimento ou queimadura

 2- O segundo teste foi o fato de Hashem pedir para Avraham deixar a sua família, sua terra natal e o seu país, e junto com sua esposa irem para o lugar que Hashem mostraria para eles

 3- O terceiro teste foi que logo com a chegada dele ao lugar que Hashem mostrou para ele, a terra prometida, esse lugar se tornou uma região de fome e guerra.

Avraham Avinu não pôde voltar para seu país porque Hashem tinha dito para ele sair do seu país, e foi obrigado à descer ao Egito que não tinha nada a ver com a terra para onde Hashem tinha mandado ele

 4- O quarto teste aconteceu no Egito. Sarah, sua esposa, foi levada para se casar com o faraó do Egito sem que Avraham pudesse fazer nada. Esse teste terminou em um grande milagre no qual Hashem  salvou Sarah, Avraham saiu de lá muito rico, e voltaram para a terra prometida

 5- O quinto teste foi que ele teve que fazer uma guerra totalmente desproporcional contra quatro reis, e terminou com o grande milagre de ele ganhar a guerra

 6- O sexto teste foi que Hashem mostrou para ele uma visão de todos os sofrimentos que nosso povo iria passar e ele não perguntou “onde estava Hashem no holocausto”

 7- O sétimo teste foi que Hashem pediu para ele fazer Brit Milá com 99 anos

 8- O oitavo teste foi que Sarah foi levada por Avimele’h, o rei dos filisteus que quase “se casou” com ela. Esse teste terminou com grandes milagres e o rei dos filisteus teve que devolver Sarah para Avraham e permitir à eles morarem na terra dos filisteus

 9- o nono teste é quando Sarah pede para ele expulsar Hagar a escrava com o seu filho Ishmael

 10- O décimo teste foi quando Hashem pediu para ele sacrificar o seu filho único, o filho amado, e fazer dele um sacrifício para Hashem. Esse teste terminou com o anjo segurando a mão de Avraham Avinu dizendo para ele não lançar sua mão sobre o jovem porque Hashem já sabe que ele tem temor à Hashem (D’us). Ou seja, não só amor (hessed) mas também temor (guevurá)

 Esses dez testes foram enumerados por Rabeinu Ovadia ben Avraham de Bartenura comumente conhecido como “Bartenura”, que foi um rabino italiano que viveu no século 15. Nasceu em 1445 em Bertinoro que naquela época fazia parte dos Estados Papais na Itália

 Após a morte de sua esposa iniciou em 29 de outubro de 1486 uma jornada de dois anos e meio para a Terra de Israel visitando muitas comunidades judaicas ao longo do caminho.

 O forte desejo de visitar a Terra de Israel o levou à Jerusalém onde chegou em 25 de março de 1488 acabando por se estabelecer lá onde rapidamente se tornou proeminente e trabalhou incessantemente para restaurar a vida comunitária judaica, tanto material quanto espiritual, à relevância que faltou por tanto tempo

 Teve muito sucesso em seus esforços, restabeleceu uma hevra kadisha na qual serviu ativamente, bem como uma Yeshivá que estabeleceu com a chegada de eruditos espanhóis exilados pela inquisição.

 Seu advento marcou uma nova época para a comunidade judaica ali. A administração dos assuntos comunitários judaicos em Jerusalém havia caído nas mãos de funcionários iníquos. Os pobres eram severamente tributados para o governo muçulmano, e os ricos tratados de forma semelhante e expulsos da cidade por exigências exorbitantes sobre eles, de modo que a comunidade judaica estava à beira da ruína.

 Em uma carta escrita a seu irmão de Jerusalém em 24 de agosto de 1489, Rabeinu Ovadia menciona que os judeus migram de Jerusalém para o Egito, Damasco, Aleppo e outros lugares a fim de poder servir à D’us, o que não era possível fazer em Jerusalém por causa do alto custo de vida

 Durante esse mesmo ano, ele diz que também conheceu judeus de Aden. Ele conta que morava na casa de um Nagid (um judeu muito rico) e que era palestrante regular na comunidade judaica em uma sinagoga, e duas vezes por mês dava uma palestra na língua hebraica, e que ficou isento de pagar o imposto habitual cobrado de todos outros cidadãos judeus

 (Mais tarde naquele ano, em 17 de dezembro de 1489, ele escreveu que havia se mudado para Hebron, onde achou a atmosfera muito mais propícia e uma pequena comunidade judaica de cerca de vinte famílias que eram de temperamento muito melhor do que as de Jerusalém, e onde viviam ao longo de uma vila)

 No final, Rabeinu Ovadia foi reconhecido como grande autoridade haláhica, serviu como rabino-chefe de Jerusalém reconhecido como tal também pelas autoridades muçulmanas e conseguiu assim reduzir a carga tributária que recaía sobre a comunidade

 Rabeinu Ovadia reviveu o uso do hebraico ao proferir seus discursos de Shabat na “Língua Santa”. Seu principal comentário é sobre a Mishná. Rabeinu Ovadia é para a Mishná o que Rashi é para o Humash e o Talmud. Sua explicação sobre a Mishná é uma explicação básica, direta e objetiva, indispensável até hoje.

 Em seus últimos anos, ele conseguiu rejuvenescer a comunidade judaica de Jerusalém e foi reconhecido como o grande líder espiritual dos judeus de sua geração.

 Rabeinu Ovadia e faleceu em 1515 em Jerusalém que pertencia naquela época ao Sultanato Mameluco e foi enterrado no “Har Hazeitim”, monte das oliveiras.

Os dez testes de Avraham Avinu mas Sefirot

Mas por que nosso patriarca Avraham foi testado dez vezes e não nove? Dez e não onze?

 Porque Hashem esperou se passarem dez gerações de Adam até Noa’h para trazer o dilúvio se cada uma dessas gerações por si só já merecia terminar em um dilúvio?

 Por que dez gerações de Noa’h até Avraham?

 Porque o mundo foi criado por meio de dez pronunciamentos Divinos se poderia ter sido criado por um único pronunciamento Divino?

 Porque Hashem trouxe dez pragas para o Egito e aconteceram para os nossos antepassados dez milagres? (Ou seja, mesmo eles fazendo idolatria e portanto merecendo receber essas pragas junto com os egípcios Hashem fez para eles dez milagres no Egito, ou seja, por milagre nenhuma dessas dez pragas afetaram os nossos antepassados)

 Porque recebemos Dez Mandamentos no monte Sinai?

A resposta para isso é: a raíz espiritual de cada um desses

 Dez Pronunciamentos Divinos

 Dez Mandamentos

 Dez gerações de Adam Harishon até Noa’h

 Dez gerações de Noa’h até Avraham

 Dez testes que foi testado Avraham

 Dez pragas que caíram sobre o Egito

 Dez Milagres que aconteceram para os nossos antepassados no Egito

 E toda a vez que aparece o número dez na Torá quando ele poderia ser nove ou onze é porque o número dez está nos indicando as Dez Sefirot lá em cima que juntas completam a ordem do desencadeamento dos mundos.

 Essas Dez Sefirot são compostas por:

Três categorias chamadas de “intelecto” que são a Ho’hmá, a Biná e a Daat

 Seis categorias chamadas de sentimentos ou qualidades que são a Hessed, a Guevurá, a Tiferet, a Netza’h, a Hod e o Yessod.

E a décima categoria chamada de realeza que é o Mal’hut

 Essa organização de Sefirot complementa a formação cabalística chamada de “rosto do mundo do conserto” e sendo que as Sefirot são dez, essa formação só se torna completa quando todas as dez Sefirot se encontram nela.

Dez e não nove, Dez e não onze, como diz o Sefer Yetzirá escrito pelo próprio Avraham Avinu que teve que passar por dez testes. Dez testes e não nove, Dez testes e não onze, porque cada um desses testes estava sincronizado com uma dessas Dez Sefirot

 E qual é o motivo pelo qual a ordem do desencadeamento, a estrutura de desencadeamento do “Olam Hatikun”, o “mundo do conserto”, é Dez e não nove, Dez e não onze?

Porque nove não desce para o mundo de baixo dando origem à ele, e onze já transcende acima do mundo e não tem como interagir com ele, por isso as Sefirot são Dez e não nove, Dez e não onze, e Avraham Avinu teve que ser testado em cada um desses níveis, em cada um desses aspectos, separadamente

 Sendo que o versículo diz que  “o décimo será sagrado” e espiritualmente está se referindo aos dez aspectos da revelação Divina que são as Dez Sefirot, por esse motivo também santificamos a décima parte das frutas e legumes que nascem na Terra Santa e também a décima parte do dinheiro que ganhamos damos para a Tzedaká.

 

Noa’h – 5781

Nossa Parashá nos conta que as pessoas das dez primeiras gerações a partir da criação do mundo se comportaram tão mal a ponto de D’us ter que decretar para eles um dilúvio

Essas dez gerações estavam mais próximas em saber que Hashem criou o mundo, muito mais do que nós, sendo que o primeiro homem, Adam Harishon, só faleceu com 970 anos

O que causou para eles serem tão confiantes em si próprios a ponto de verem durante 150 anos Noa’h construindo a Arca e mesmo assim não acreditarem que um dia o dilúvio iria chegar?

A explicação do Zohar 

O Zohar nos conta que Rabi Hiya e Rabi Yehuda iam estudando Torá e caminhando, e assim chegaram até as montanhas altas

Eles encontraram entre essas montanhas ossos de pessoas da geração do dilúvio e andaram trezentos passos (150 metros) sobre um desses ossos (O Zohar não especifica se era o maior osso dessa pessoa ou não)

Eles se espantaram em vista à grandeza do tamanho desse osso e exclamaram:- “Por isso disseram nossos Sábios que eles não tinham medo dos decretos Divinos!”O que faziam? Quando se abriam as fontes das profundezas eles fechavam essas fontes com os pés! (não está especificado lá por quanto tempo fizeram isso)Mas no final as águas saíram fervendo e eles não conseguiam mais se posicionar contra elas até que escorregavam, caíam na terra e morriam!

A Guemará nos conta que as águas levaram os ossos das pessoas e dos animais que morreram no dilúvio para a Babilônia que se encontrava na região sul do Iraque e Kwait de hoje onde hoje se encontram as grandes jazidas de petróleo.

O erro mais comum da ciência é aplicar dados atuais à época antiga. Pegar o tamanho das pessoas de hoje e colocar do lado de um esqueleto de dinossauro que viveu antes do dilúvio.

Ou em muitos casos até desenhar um tiranossauro enorme olhando bravo e faminto para um homem coitado tão pequeno na frente dele. E depois dizer que leva quinhentos milhões de anos para esses ossos virarem combustível fóssil

Mas a verdade é que há cinco mil anos atrás todos os dados eram diferentes. A densidade do ar, a influência dos raios cósmicos, a radiação, e principalmente, como vimos no Zohar, o tamanho das pessoas

E se tivéssemos que desenhar de verdade a realidade de antes do dilúvio teríamos que desenhar o homem de pelo menos quinhentos metros de altura pisando sem perceber em um tiranossauro coitado que tinha só cinco metros de altura e doze de comprimento

A abrangência do dilúvio

Hashem pediu para Noa’h colocar na Arca somente a família dele e os animais. Hashem não pediu para Noa’h colocar na Arca mudas de árvores ou de qualquer planta. Daqui aprendemos antecipadamente que o dilúvio não seria sobre o mundo inteiro, mas a vegetação estaria preservada em algum lugar que não era a Arca

A prova disso foi que antes de baixar a água e a Arca “aterrizar”, a pomba que Noa’h mandou para ver se já havia terra seca trouxe para Noa’h um ramo de oliveira. Se o dilúvio fosse sobre todo o planeta a vegetação e os peixes de água doce teriam desaparecido

Rabi Hisda na Guemará diz que o dilúvio não foi decretado sobre os peixes, Rabi Yohanan disse que o dilúvio não chegou até a terra de Israel

A Guemará também justifica que os animais não sobreviveram fora da Arca mesmo em um lugar que não foi atingido pelo dilúvio por causa dos fenômenos climáticos que aconteceram durante o dilúvio, isso justificaria o fato de Hashem ter pedido para Noa’h fazer a Arca

Hashem poderia ter dito para Noa’h ir para a terra de Israel junto com os animais, mas aí o milagre teria que ser muito maior e todo esse mérito Noa’h já não tinha, como nos conta a Guemará sobre o versículo que diz que Noa’h era um Tzadik perfeito na sua geração.

Rabi Yohanan na Guemará explica que a intenção desse versículo é que na sua geração ele era um Tzadik perfeito mas se vivesse na geração de Avraham Avinu não seria considerado um Tzadik

Noa’h não rezou por ninguém e por isso Hashem pediu para ele construir a Arca durante 150 anos, para que todos tivessem a possibilidade de perguntar à ele o porque de se construir uma Arca e ele respoderia que se eles não parassem de fazer as atrocidades que estavam cometendo Hashem mandaria um dilúvio e eles morreriam

Sobre o que disse Rabi Yohanan na Guemará, que se Noa’h vivesse na geração de Avraham Avinu não seria considerado um Tzadik, quando calculamos as idades de Noa’h e de Avraham Avinu vemos que Noa’h viveu até Avraham Avinu ter 58 anos de idade. Então porque Rabi Yohanan não considera que Noa’h viveu na geração de Avraham Avinu?

Se o motivo é que naquela época Avraham Avinu ainda não era um Tzadik, de acordo com a opinião que Avraham Avinu com três anos conheceu o seu criador, ou de acordo com a opinião de que ele descobriu Hashem com 40 anos, ou de acordo com a opinião de que ele descobriu Hashem com 48 anos ou de acordo com a opinião de que ele descobriu Hashem com 50 anos, de acordo com todas as opiniões com 58 anos ele já era um Tzadik sem sombra de dúvidas

E mesmo que na época de Noa’h Avraham Avinu começou a divulgar a fé em um D’us único e também todos já tinham visto que ele estava disposto a dar a vida por isso

Já tinha passado pelo teste de ter sido jogado no estádio de fogo por ser um Tzadik e ter saído de lá por milagre também por ser um Tzadik

E também ter influenciado as pessoas de Haran nesse mérito e ter feito muitos seguidores, ensinado muitos que existe um D’us único

Mas aquela ainda era somente uma geração em que Avraham atuava nela, mas ainda não era “a geração de Avraham”, ele ainda não tinha conseguido mudar a essência dela!

A geração de Avraham Avinu começa em uma etapa mais tardia, quando ele já estava com 75 anos, quando ele veio para a terra de Canaã e abriu uma estrutura inteira para divulgar a fé em Hashem e vieram para ele dezenas de milhares de pessoas

Eles eram as “pessoas da casa de Avraham” e Avraham plantou no coração deles esse princípio tão grande, como diz o Rambam

Até então a fé em Hashem era só um assunto de conhecimento didático, algo que poderia ser facilmente contestado ou enfraquecido

Avraham “plantou” a fé no coração deles, ele fez com que as pessoas se conscientizassem da fé em Hashem a ponto de essa fé se tornar parte da essência deles

E essa é a “geração de Avraham” , geração que chegou à conscientização de Hashem à exemplo da conscientização de Avraham, conscientização enraizada profundamente na essência de cada uma dessas pessoas

Em relação à uma geração assim Noa’h não seria considerado nada. Ou seja, se ele estivesse não na época de Avraham, mas na “geração de Avraham”, ele não seria considerado nada!

Bereshit – 5781

 Nossa Parashá nos conta como D’us criou o mundo em seis dias há 5781 anos atrás.

 Se um cientista estivesse com todo o seu equipamento nos seis dias da criação iria analisar uma pedra e dizer que ela tem milhões de anos.
Iria cortar uma árvore, contar quantos anéis há nela e concluir que ela tem mil anos!

E por final entrevistar Adão e Eva e concluir que eles são dois adultos falando hebraico clássico fluentemente e não dois bebês recém nascidos.
Assim D’us criou o universo, tudo em seis dias , mas com tanta qualidade que parece até que levou milhões de anos para fazer!

 O cientista ficaria espantado com a capacidade Divina de conseguir criar tudo em seis dias há 5781 anos e não precisar esperar milhões de anos para ver se algo absurdamente surge sozinho.

 Os dinossauros e o Grand Canyon

 Se os dinossauros foram cruzamentos híbridos que morreram no dilúvio ou se foram criados originalmente nos seis dias da criação , entraram na arca de Noé mas não se adaptaram ao clima pós dilúvio, isso fica em aberto

 Mas o fato de D’us ter criado lugares no mundo como o Grand Canyon, com certeza foi para nos dar o livre arbítrio para podermos escolher entre D’us e as teorias da criação !

 O verdadeiro Big Bang

 No primeiro dia da criação é usada a palavra “D’us criou”, no terceiro dia está escrito “a terra tirou”. Rashi explica que tudo foi criado no primeiro dia , mas a terra foi tirando por ordem Divina cada dia a criação vinculada àquele próprio dia.

 Daqui podemos deduzir que tudo saiu da nossa terra, ou seja, a galáxia inteira, um verdadeiro Big Bang!

 Podemos deduzir que os planetas que D’us colocou no céu no quarto dia foram tirados da terra e colocados no céu.

 E se um dia descobrirem vegetação em outros planetas poderemos até dizer que aqueles planetas já foram tirados daqui no quarto dia da criação até mesmo com as plantas que “a terra tirou” no terceiro dia

 E se um dia descobrirem peixes, aves, ou qualquer animal em outros planetas poderemos dizer até que os próprios  planetas depois de saírem da Terra continuaram “tirando” cada dia da criação peixes aves e animais no lugar onde estavam ao mesmo tempo que isso acontecia aqui. Mas tudo isso é somente um “talvez”. Mas uma coisa é certa e não “talvez”!

 Vida inteligente existe somente no nosso planeta

 Quando chegamos à criação do homem tudo muda. D’us faz um homem de barro e sopra nele uma Alma Divina, diferente dos outros dias da criação .

 Ou seja, ser humano, vida inteligente, isso D’us criou separadamente no sexto dia e somente aqui na nossa terra.

 Então como pode ser que pessoas fotografaram discos voadores no céu e etc? Voltamos para o assunto do Grand Canyon, isso vem para nos dar o livre arbítrio e a possibilidade de escolha.

O Midrash nos conta que quando Moshe Rabeinu estava no monte Sinai, o anjo da morte fez um filme no céu mostrando o enterro de Moshe Rabeinu

 Todos viram, e se existissem telefones celulares naquela época poderiam até ter filmado e colocado no YouTube. Mas tudo era uma ilusão, no outro dia Moshe desceu vivo e cheio de energia!

Ou seja, o “outro lado” pode usar esse recurso também em certas ocasiões e fazer discos voadores no céu para usarmos o nosso livre arbítrio e optarmos pela verdade que vida material inteligente existe somente no nosso planeta Terra e tudo foi criado há 5781 anos atrás no Gan Éden material que estava entre os rios Euphrates,   Tigris e Nilo

 Shabat Bereshit

 Nesse Shabat que é chamado Shabat Bereshit temos que ficar muito alegres porque dizem os grandes Tzadikim que do jeito que nos comportamos no Shabat Bereshit despertamos uma tendência para todos os Shabatot do ano. Então vamos aproveitar a alegria de Simchat Torá e fazer desse Shabat o Shabat mais alegre do ano!!!