נעשה ונשמע
No Judaísmo a ação é o principal.
Fazer deve vir antes de entender.
Nessa seção você encontrará Mitzvót diversas que fazem parte da nossa vida diária. Algumas são Mitzvót da Torá chamadas de Mitzvót Deoráiita, algumas são Mitzvót Derabanan, instituídas pelos Sábios de Israel da antiguidade usando a permissão que a Torá deu à eles de que tudo o que eles decretarem será uma Mitzvá e não poderemos nos desviar delas nem para a direita e nem para a esquerda . Nessa seção você encontrará também tradições judaicas importantes.
Rabi Akiva sempre disse que amar ao próximo como à si mesmo é uma grande regra da Torá, então vamos começar pelo que é mais importante:
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1.Amar ao próximo
Rabi Akiva (um dos grandes Sábios do Talmud) explicou que amar o irmão judeu é “um dos princípios mais importantes da Torá”. Uma campanha para Ahavat Yisrael significa fazermos um esforço para que nosso pensamento, palavra e ação seja permeado com um real interesse e sensibilidade pelo bem-estar de nossos irmãos judeus. O Báal Shem Tov ensinou que o indivíduo deve ter Ahavat Yisrael até por um judeu que nunca viu na vida. O raciocínio por trás disso é explicado no capítulo 32 do Tanya.
O Amor Segundo o Rebe
Se alguém lhe disser: “Gosto de você, mas não gosto dos seus filhos.” Você provavelmente responderá: “Você pode achar que gosta de mim, mas não gosta realmente. Não se importa com aquilo que tenho de mais caro. Obviamente, você não sabe nada sobre mim, e também não sabe o que é o amor!”
A Torá nos ordena “Ama teu próximo como a ti mesmo”. A Torá também nos diz: “Ama o Eterno teu D’us.” Isso estimulou os discípulos de Rabi Shneur Zalman de Liadi (1745-1812) a perguntarem ao seu mestre: “Qual virtude é maior, amar a D’us ou amar ao próximo?”
Rabi Shneur Zalman respondeu: As duas são uma e a mesma. Ele então explicou: D’us ama cada um de seus filhos. Portanto, em última análise, amar ao próximo é uma demonstração maior de amor a D’us que simplesmente amar a D’us. Porque o verdadeiro amor significa que você ama aquele que seu amado ama.
Rabi Shneur Zalman foi fundador do ramo Chabad do chassidismo, e seus ensinamentos sobre o amor a D’us e ao homem são parte integrante da filosofia e ética de Chabad. Após o falecimento de Rabi Shneur Zalman em 1812, seu filho e sucessor, Rabi DovBer, instalou-se na cidade de Lubavitch, que serviu como sede central para o movimento durante os 102 anos seguintes. Seria coincidência ou desígnio Rabi DovBer escolher um local cujo nome significa “Cidade do Amor”? Os Lubavitchers (como também são conhecidos os chassidim) responderão simplesmente que não existe isso de “coincidência”, pois até os eventos aparentemente menos importantes de nossa vida são orientados pela Divina Providência e estão repletos de significado.
No dia 10 de Shevat de 5711 (17 de janeiro de 1951), um grupo de chasidim de Chabad-Lubavitch reuniu-se no 770 da Eastern Parkway no Brooklyn, em Nova York, A ocasião era o primeiro aniversário de falecimento do sexto Rebe, Rabi Yossef Yitschac Schneersohn, e a aceitação oficial da liderança de Chabad-Lubavitch por Rabi Menachem Mendel Schneerson, que a partir daquela noite seria conhecido como o sétimo Rebe de Lubavitch, ou simplesmente “o Rebe”.
Naquela noite, o Rebe falou também sobre amor – sobre a relação entre amor a D’us e amor ao próximo. Porém o tema tinha se tornado mais complexo desde que o primeiro Rebe de Chabad falara do assunto há sete gerações.
Muita coisa passou neste ínterim: o movimento “iluminista”, que alienou muitos jovens judeus de seu legado; a Primeira Guerra, que deslocou grande parte do Judaísmo europeu (em 1915, a cidade de Lubavitch foi destruída e o quinto Rebe fugiu para o interior da Rússia); a guerra dos comunistas contra os judeus (em 1927, o sexto Rebe foi preso devido aos seus esforços em prol da preservação do Judaísmo em todo o Império Soviético, e condenado à morte; pressão internacional conseguiu sua libertação e emigração da Rússia); e o Holocausto, que exterminou 1000 anos de florescente vida judaica na Europa.
A destruição do Judaísmo europeu era uma lembrança recente para os presentes naquela noite de inverno de 1951, quando o Rebe assumiu o manto da liderança. Agora eles estavam nos Estados Unidos, a salvo no sentido físico, mas o futuro espiritual parecia incerto. O “caldeirão étnico” do Novo Mundo não encorajava o cultivo de uma identidade judaica e a observância de um estilo de vida judaico.
Na época de Rabi Shneur Zalman, era universalmente aceito que um estilo de vida da Torá era a concretização do vínculo entre um judeu e seu Pai no Céu. Em 1951, a pequena minoria de judeus religiosos nos Estados Unidos eram objeto de desprezo e zombaria por muitos de seus próprios irmãos. O máximo que eles poderiam esperar era persistirem na sua própria crença e tentar transmiti-la aos filhos.
Então, não era assim tão simples como: “Eu gosto de você, mas não gosto de seus filhos”. Os sentimentos, em 1951, do típico judeu comprometido com a Torá provavelmente seria mais ou menos assim: “D’us, eu Te amo e amo os Teus filhos – aqueles que agem em relação a Ti como filhos agem com seu pai. Não estou assim tão empolgado com aqueles que não respeitam o vínculo Contigo.” Eles podem até ter sentido que seu amor a D’us era mais puro porque excluía estes filhos “rebeldes”.
Naquela noite, após pronunciar o maamar (discurso de ensinamento chassídico), pelo qual a tradição de Chabad assinala a aceitação formal do papel de Rebe, este sorriu e disse: O Talmud afirma que “Quando você chega a uma cidade, siga os costumes locais.” Aqui na América é costume “dar uma declaração”; creio que isso significa que devemos seguir o costume local.
Portanto, o Rebe fez uma “declaração”:
Os três amores – amor a D’us, amor à Torá e amor ao próximo – são um só. Não se pode diferenciar entre eles, pois são de uma única essência… E como são de uma só essência, cada um incorpora todos os três.
O Rebe prosseguiu explicando que o fato de que “cada um incorpora todos os três” possui uma dupla implicação. Isso significa que a menos que todos os três amores estejam presentes, nenhum deles é completo. Mas isso significa também que onde existe qualquer um dos três, isso terminará por atrair todos os três.
Uma pessoa que ama a D’us, e está aberta a esse amor, terminará por amar aquilo que D’us ama – todos os Seus filhos. E este amor o levará a querer aproximar os filhos de D’us da Torá – porque é isso que D’us ama. Aquele que ama a Torá, terminará por interiorizar o reconhecimento de que o propósito e razão de ser da Torá é aproximar amorosamente D’us e todos os Seus filhos. E aquele que realmente ama o seu irmão judeu inevitavelmente amará a D’us, pois o amor ao próximo é, na essência, o amor a D’us; e ele desejará aproximar seus irmãos judeus da Torá, que é a expressão e concretização de seu vínculo com D’us.
Quando existe amor a D’us mas não amor à Torá e amor a Israel, isso significa que o amor a D’us também está faltando. Por outro lado, quando há amor por um judeu, isso terminará por trazer também o amor à Torá e o amor a D’us…
Portanto, se você vir uma pessoa que tem amor a D’us mas carece de amor à Torá e ao próximo, você deve dizer-lhe que seu amor a D’us está incompleto. E se vir uma pessoa que tem apenas amor pelo próximo, você deve esforçar-se para trazê-la ao amor pela Torá e amor a D’us – para que este amor pelo próximo não seja expresso somente no sentido de conseguir pão para os famintos e água para os sedentos, mas também para aproximá-los da Torá e de D’us.
Quando temos os três amores juntos, atingiremos a Redenção. Pois assim como esta última galut (exílio) foi causada por uma falta de amor fraternal, assim também a Redenção imediata e definitiva será atingida por meio do amor pelo próximo.
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2.Educação judaica
A campanha para a educação de Torá procura envolver toda criança judia num programa educacional que ensinará o que significa viver como judeu. A educação não é somente para crianças; os adultos são encorajados a se matricularem em grupos de estudo e seminários de acordo com sua educação e conhecimento.
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3.Estudo de Torá
A Torá é o meio de comunicação através do qual D’us permite ao homem conhecê-Lo e servi-Lo. A campanha pelo estudo de Torá encoraja cada indivíduo a estabelecer um horário fixo para estudar Torá todos os dias, de modo que nosso crescimento espiritual possa ser sistemático e dirigido.
Rabi Shneur Zalman de Liadi explicou que o estudo de Torá deveria ser fixo não apenas no tempo mas também na alma. Seria um eixo ao redor do qual gira todo o espectro da nossa experiência do dia-a-dia.
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4.Tefilin
A Torá descreve o Tefilin como um sinal, uma declaração pública do compromisso judaico. Ao colocar tefilin diariamente, um indivíduo expressa seu sentimento básico de identidade judaica. Os tefilin são colocados no braço, de frente para o coração, e sobre a cabeça. Isso significa a conexão dos poderes emocionais e intelectuais do homem ao serviço de D’us.
As correias, que vão do braço até a mão e da cabeça até as pernas, significam a transmissão da energia intelectual e emocional para as mãos e pés, simbolizando a ação.
Nossos Sábios explicam que o versículo: “E todas as nações do mundo verão que o nome de D’us está sobre vocês, e eles os temerão”, aplica-se ao Tefilin.
Os tefilin são um meio de trazer segurança aos judeus na era atual e apressar a vinda da suprema segurança, que será vivenciada quando Mashiach chegar.
Rebe instituiu esta campanha na véspera da Guerra dos Seis Dias, e requisitou especificamente que os soldados das Forças de Defesa Israelenses colocassem tefilin, pois isso os protegeria na batalha.
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5.Mezuzá
Uma Mezuzá casher é um pequeno rolo de pergaminho, escrito à mão por um escriba especializado, contendo duas passagens bíblicas, uma delas o Shemá Yisrael.
No lado oposto do pergaminho estão escritas as três letras hebraicas, Shin, Dalet e Yud. Isso é um acrônimo para as palavras hebraicas que significam: “Guardião das portas de Israel”. Uma mezuzá é afixada do lado direito de toda porta da casa (exceto a do banheiro), e protege seus habitantes ao entrarem e saírem de casa.
Uma mezuzá designa uma casa (ou aposento) como judaica, lembrando-nos da nossa conexão com D’us e nosso legado.
Ao colocá-la no batente, declaramos que esta é uma casa ou aposento onde a palavra de D’us e Sua Torá influenciam nosso comportamento, assim tornando a morada sagrada.
Os Tefilin e as mezuzot precisam ser certificadas como casher por um escriba autorizado. Precisam também de uma conferência periódica. Em muitos casos, quando o Rebe recebia um pedido de bênção (especialmente em questões de saúde), ele sugeria que os tefilin e mezuzot fossem examinados.
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6.Tzedacá
Devemos doar aos outros por um senso de responsabilidade, entendendo que aquilo que temos também é um presente de D’us, confiado a nós com um propósito: ajudarmos os outros.
Nossa prosperidade é um fundo que devemos dirigir e generosamente partilhar com aqueles que precisam. A campanha de tsedacá clama por um aumento na doação, bem como a colocação de uma caixa de tsedacá visível para servir de lembrete para doar com freqüência, todos os dias da semana, exceto Shabat e Yom Tov, quando antecipamos este ato colocando tsedacá antes do horário de acendimento das velas.
Nossos Sábios disseram: “A tsedacá é notável, porque aproxima a Redenção.”
7.Um lar repleto de livros judaicos
ambiente ensina. Aquilo que você tem em casa ajuda a determinar que tipo de lar você terá. Ao ter livros judaicos à vista em casa, sua família e os visitantes serão motivados a usá-los.
Além disso, sua própria presença nos lembra seu conteúdo e a importância dos valores judaicos. Obviamente, quanto mais livros, melhor. No entanto, sugerimos um mínimo de um Chumash (os Cinco Livros de Moshê), um Tehilim (Livro dos Salmos) e um Sidur (livro de orações).
8.Acendimento das velas
Shabat é um dia de luz; um dia com padrão diferente dos demais dias comuns da semana. Todo Shabat é um precursor da Era de Mashiach. O acendimento das velas 18 minutos antes do pôr-do-sol introduz e inspira este estado de conscientização. A responsabilidade pelo acendimento das velas e por induzir esta mudança de perspectiva cabe à mulher. É ela também que dá as boas vindas à Rainha Shabat ao lar. Meninas a partir dos três anos também são encorajadas a acenderem sua própria vela, para que tomem parte na criação deste ambiente.
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9.Comida Kasher
Comer comida casher permite que nos identifiquemos com nosso Judaísmo num nível básico e fundamental. Quando nosso envolvimento judaico está limitado à prece, estudo ou atos rituais específicos, ele é espiritual, acima da nossa realidade do dia-a-dia. Mas quando você se alimenta de maneira diferente porque é judeu, seu compromisso é não apenas metafísico, mas uma parte integrante de seu próprio ser.
A observância da Cashrut consiste em comer apenas alimentos casher em casa e fora dela. Significa também não comer juntos laticínios e alimentos à base de carne, e separar louças, talheres e utensílios para carne e leite.
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10.Pureza Familiar
Taharat Hamishpachá – as atitudes e práticas que a Torá prescreve para a vida conjugal – ajudam a desenvolver uma comunicação genuína e o amor entre marido e mulher, e trazem ao mundo filhos saudáveis e amorosos.
Casais de todas as esferas da vida adotaram esta mitsvá como um meio para realçar e enriquecer sua vida conjugal. É necessário consultar um rabino para saber os detalhes destas leis.
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11.Brit Milá: Circuncisão
O que é
O Brit Milá é um preceito positivo da Torá na qual D’us ordena realizar a circuncisão de todo menino judeu. É um dos rituais mais sagrados e como é efetuado sem a consciência da criança, significa um ato de fé acima da lógica, mantido através das gerações; é sinônimo de uma aliança viva e eterna entre o homem e D’us.
O primeiro
Brit Milá é o sinal especial que tem distinguido o judeu dentre as nações, desde quando o patriarca Avraham circuncidou a si mesmo e a todos os de sua casa, por ordem Divina, na idade de 99 anos.
Quando Yishmael, o primeiro filho de Avraham, fez o Brit milá, já possuía 13 anos, estava completamente capacitado a compreender este mandamento. Estava orgulhoso de sua decisão em submeter-se racionalmente a um preceito de D’us. Sua aceitação do Brit Milá estava limitada à razão.
Yitschac, por outro lado, nasceu um ano após ter sido ordenado a Avraham fazer o Brit e foi circuncidado com apenas oito dias, um bebê sem o desenvolvimento intelectual.
Lei Judaica
Pela Halachá, Lei Judaica, um judeu deve circuncidar seu filho no oitavo dia após o nascimento, quando sua faculdade da razão ainda não está desenvolvida. Isto significa que um judeu está ligado e comprometido com D’us o mais cedo possível, de um modo absoluto e abrangente, que transcende sua razão e percepção.
Shalom Zachor
Na primeira sexta-feira após o nascimento de um filho, é feita uma cerimônia conhecida pelo nome de Shalom Zachor, traduzido como boas vindas e agradecimento a D’us pelo nascimento do bebê. Recebe na verdade esta designação por ser no Shabat, (também conhecido como Shalom, paz), quando nos reunimos para saudar o recém-nascido (Zachor).
Costuma-se convidar amigos para celebrar a chegada do novo membro logo após a refeição de Shabat à noite, quando então servem-se alimentos e bebidas além do prato essencial desta noite: grão-de-bico, conhecido como arbis ou nahit, que simboliza luto. Por que luto em uma ocasião tão festiva?
Para lamentar o fato de que ao nascer, a criança esqueceu a Torá que estava aprendendo no útero materno. Este aprendizado inicial da Torá lhe dá, mais tarde, a capacidade de adquirir o conhecimento e a sabedoria de D’us, por si mesma.
O dia do Brit Milá
O Brit é executado no oitavo dia subsequente ao nascimento da criança. Por exemplo, se a criança nasceu no domingo (do pôr-do-sol de sábado até o pôr-do-sol de domingo) o Brit é realizado no domingo seguinte. Isto se aplica mesmo quando o oitavo dia cai num Shabat ou em algum Yom Tov (desde que o nascimento tenha sido de parto normal —caso tenha sido de cesariana, o Brit é adiado para o dia seguinte).
A circuncisão é realizada através de um “Mohel”, homem temente a D’us, cumpridor dos preceitos judaicos e versado na prática da circuncisão, conforme as leis da Torá.
É o Mohel que decide se a criança está apta ou não a ser circuncidada. Se decidir que ela não está fisicamente capacitada a se submeter à circuncisão no tempo prescrito, por estar com icterícia, se encontrar abaixo do peso mínimo exigido (kg) ou algum outro problema, o Brit é adiado. Uma vez atrasada a cerimônia, ela não poderá ter lugar num Shabat ou em um Yom Tov, mas deverá ser realizada na primeira oportunidade.
Sempre que praticável, o Brit deve ser realizado pela manhã como sinal de nossa urgência em cumprir uma mitsvá, a vontade de D’us. Nunca deve ser realizado à noite.
Não se costuma convidar as pessoas para o Brit, mas simplesmente informá-las sobre a hora e o local, pois não seria apropriado que elas declinassem de um convite para um evento, no qual Eliyáhu, o profeta, estará presente.
O Profeta Eliyáhu
Na cerimônia de cada Brit Milá o Profeta Eliyáhu é uma visita ilustre que traz muita honra.
Há muito tempo, um dos reis de Israel, influenciado por maus conselheiros, aboliu a cerimônia da circuncisão. Eliyáhu, que vivia naquela época, clamou então a D’us relatando que o povo de Israel havia abandonado Sua valiosa aliança. A partir de então, D’us o instruiu a estar presente e a testemunhar todas as circuncisões. Por esta razão uma cadeira especial é designada em honra ao Profeta Eliyáhu, em cada Brit Milá.
O Mohel
Embora a Torá aponte o pai para circuncidar seu filho, o Brit é geralmente feito por um Mohel, pois a maioria dos pais não está qualificada para executar tal ato. O homem escolhido para fazer o Brit deve ser observante e temente a D’us, e estar adequadamente habilitado e treinado. A circuncisão realizada através de um cirurgião judeu, mas que não seja um Mohel, adulterará inteiramente o significado do Brit Milá, pois este ato é o elo espiritual que liga a criança a D’us.
Sandec, Kvater e outras honras
Juntamente com o Mohel, o Sandec, a pessoa que segura a criança durante a circuncisão, deve ser alguém de grande estima da família e da comunidade.
O dia do Brit Milá é visto como uma festa para o Sandec, tal como para o pai e o Mohel. Geralmente, um casal (de noivos ou casados) é escolhido para servir de Kvater (aqueles que trazem a criança para o aposento onde o Brit terá lugar).
A mulher toma a criança dos braços da mãe e por sua vez a entrega ao homem que a levará para o aposento. Ele ou ainda outro homem coloca então a criança sobre a cadeira reservada ao Profeta Eliyáhu. A tradição nos diz que ao dar a honra de ser Kvater a um casal ainda sem filhos, confere-se a este uma bênção especial para que se torne fértil e tenha seus próprios filhos.
Em seguida, o pai coloca o bebê no colo do Sandec. Depois que o Mohel executa a circuncisão, mais dois homens podem receber honras especiais: um, a de segurar a criança, enquanto o outro recita a bênção e a prece especial onde em seguida é anunciado a todos o nome judaico da criança. Na refeição que se segue é costume acender velas em honra da Simchá, porém, nenhuma bênção especial é recitada.
No Bircat Hamazon, Bênção de Graças recitada após uma seudat mitsvá, refeição festiva, vários pedidos são acrescentados para o bem-estar do nenê recém circuncidado, por seus pais, o Sandec e o Mohel.
Através do Brit Milá um menino se identifica como judeu logo no início de sua vida e permanece, por toda ela, ligado à sua Fonte.
A Torá menciona que todo primogênito é sagrado para D’us. Esta mitsvá é mencionada três vezes na Torá.
O que é
Cada judeu (exceto cohen ou levi) deve redimir seu filho primogênito nascido (de parto natural, sem aborto anterior) de mãe judia (não filha de cohen ou levi) no 31º dia de vida, com cinco shecalim (moedas de prata equivalentes a 101 g de prata pura). Esta quantia de resgate deve ser entregue, em prata, ao cohen durante a cerimônia. Se o 31º dia coincidir com Shabat ou Yom Tov, (que proíbe transações comerciais) deve ser adiada para o dia seguinte.
Origem
Os primogênitos foram inicialmente escolhidos por D’us para exercerem os deveres do sacerdócio (kehuná) em virtude de terem sido poupados quando o Criador matou os primogênitos egípcios. Entretanto, quando os primogênitos judeus executaram os rituais sacerdotais diante do bezerro de ouro, esse chamado sagrado foi transferido para os cohanim.
A fim de libertá-los legalmente dessa obrigação original, eles devem ser resgatados com cinco moedas de prata (shecalim), pagos a um cohen. O procedimento deste resgate não se aplica a um primogênito cujo pai é um cohen ou levi, ou a mãe filha de cohen e levi.
Procedimento
É costume cumprir esta mitsvá à luz do dia; entretanto a festa que se segue pode se estender até a noite. Prepara-se uma refeição (que deve conter pão e carne), em honra ao resgate do primogênito. Esta refeição é considerada seudat (refeição de) mitsvá.
A cerimônia do pidyon é realizada após a bênção sobre o pão antes de servir a refeição.
Se, por alguma razão, o primogênito não foi resgatado no tempo prescrito, isto deve ser feito na primeira oportunidade, mesmo sendo o menino já adulto. (Neste caso, ele próprio deve resgatar-se perante um cohen.)
O pai deve escolher um Cohen observante e bem versado na Lei Judaica para redimir seu filho na frente do qual apresenta o filho primogênito e as cinco moedas de prata as bênçãos específicas.
Bênçãos do resgate
O pai da criança declara:
Ishti hayisreelit yaledá li ben zê habechor.
“Minha esposa israelita deu à luz para mim este filho primogênito.”
O cohen pergunta:
Bemai ba’it tefê, bevinchá vechorêcha, o becha-mishá sela’im dimchayávta liten, befidyon binchá bechorêcha zê?
“O que preferes ter – teu filho primogênito ou as cinco moedas de prata que deves [me] dar pelo resgate de teu filho primogênito?”
O pai responde:
Be’iná bivni vechori zê, vehelach chamishá sela’-im befidyon dimchayávna bêh.
“Prefiro este meu filho primogênito e eis as cinco moedas de prata exigidas de mim pelo resgate.”
Ao entregar ao cohen a quantia do resgate, o pai recita as seguintes bênçãos:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu al pidyon haben.
“Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos, e nos ordenou sobre o resgate do filho.”
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam, shehecheyánu vekiyemánu vehiguiánu lizman hazê.
“Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época.”
Com um cálice de vinho na mão (contendo no mínimo 86 ml), o cohen recita a bênção sobre o vinho imediatamente após o resgate, bebendo-o em seguida:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam borê peri hagáfen.
“Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que cria o fruto da vinha.”
Na conclusão da refeição recita-se o Bircat Hamazon, Bênção de Graças.
Pidyon Bechor
Resgate do primogênito (adulto)
O pidyon haben não deve ser adiado. Porém, um primogênito cujo pai não o redimiu deve resgatar a si próprio, tão logo seja possível, após tornar-se bar-mitsvá.
O primogênito deverá dizer:
Ani bechor pêter rêchem, veha’Cadôsh baruch Hu tsivá lifdot et habechor.
“Sou um primogênito que abriu o ventre materno e o Santo, bendito seja Ele, ordenou resgatar o primogênito.”
O cohen pergunta:
Bemai ba’it tefê: yat garmach, o bechamishá sela’im dimchayávta befurcanach?
“O que preferes – a si próprio ou as cinco moedas de prata que deves [me] dar pelo resgate?”
O primogênito responde:
Be’iná yat garmi, vehelach chamishá sela’im befid-yon dimchayávna bêh.
“Prefiro a minha pessoa e eis as cinco moedas de prata exigidas de mim pelo resgate.”
Ao entregar ao cohen a quantia do resgate, o primogênito recita as seguintes bênçãos:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech Haolam, asher kideshánu bemitsvotav, vetsivánu al pidyon bechor.
“Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que nos santificou com Seus mandamentos, e nos ordenou sobre o resgate do filho.”
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech Haolam, shehecheyánu vekiyemánu vehiguiánu lizman hazê.
“Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que nos deu vida, nos manteve e nos fez chegar até a presente época.”
Com um cálice de vinho na mão (contendo no mínimo 86 ml), o cohen recita a bênção sobre o vinho imediatamente após o resgate, bebendo-o em seguida:
Baruch Atá A-do-nai, E-lo-hê-nu Mêlech haolam borê peri hagáfen.
“Bendito és Tu, A-do-nai, nosso D’us, Rei do Universo, que cria o fruto da vinha.”
Na conclusão da refeição recita-se o Bircat Hamazon, a Bênção de Graças.
Significado
A mitsvá de Pidyon Haben significa que o “primeiro” (o melhor) de todos os nossos bens pertence a D’us. Um homem pode facilmente ser levado a pensar que tem direitos acima de qualquer disputa sobre todas as suas posses.
A Torá declara que o início de qualquer realização, da qual nos orgulhamos em especial, deverá ser para D’us e o Seu serviço, e só então podemos participar e aproveitar do restante. Isto era mais perceptível na época do Templo Sagrado, quando os primeiros frutos tinham que ser trazidos ao Santuário e os primogênitos do gado eram ofertados ao Cohen, o servo de D’us. Entretanto, D’us nos permitiu reivindicar nosso filho primogênito, desde que nos comprometamos a educá-lo nos passos da Torá.
Isto fica nítido através da pergunta retórica que o Cohen apresenta: “O que preferes – teu filho ou cinco moedas de prata?”
Já que o pai é obrigado a resgatar o filho de qualquer forma. A pergunta implícita é: “Estás consciente da tua obrigação de criar teu filho para ser dedicado a D’us, estudar a Torá e cumprir as Mitsvot? Compreendes que para educar uma criança apropriadamente deves estar preparado para fazer sacrifícios materiais se for preciso?”
Ao que o pai responde: “Eu quero o meu filho e aqui estão as cinco moedas de prata”, este é o testemunho de que ele entendeu plenamente a responsabilidade e o privilégio de criar seu filho para ser motivo de orgulho de D’us e de todo o povo de Israel.
13.Ophshernish
O Primeiro Corte de Cabelo de um Menino
Os judeus tradicionais geralmente esperam um menino completar três anos antes de fazer seu primeiro corte de cabelo. Isso é chamado “Upsherin” – uma palavra iídiche que significa “cortar fora.” O costume é primeiramente mencionado em “Sha’ar HaKavonot” por Rabi Chaim Vital, aluno do notável cabalista do século dezesseis, o Arizal.
O terceiro aniversário é uma etapa importante na vida de um menino judeu. É quando ele inicia oficialmente sua educação de Torá, e começa a usar kipá e tsitsit.
Falando em termos de desenvolvimento, três anos de idade é um tempo chave de transição. Cortar o cabelo nesta idade provoca forte impressão emocional na criança. Ele sabe que está avançando rumo a um novo estágio de maturidade, e isso o ajuda a corresponder ao novo papel.
Por que três anos?
A Torá compara a pessoa a uma árvore:
“Uma pessoa é como uma árvore do campo…” (Devarim 20:19).
A idéia de três anos como etapa de transição deriva da mitsvá de Orlá. A Torá diz que se você plantar uma árvore, todos os frutos que crescerem durante os primeiros três anos são “orlá” – fora do alcance (Vayicrá 19:23). Assim como o fruto Orlá está fora de alcance por três anos, assim também deixamos o cabelo de uma criança em paz durante seus primeiros três anos.
Bloqueio espiritual
O termo “Orlá” aparece em três referências diferentes na Torá:
1) Frutos; 2) Brit Milá, e 3) A busca da verdade.
Mas o que significa literalmente a palavra “orlá”? E qual a conexão entre estas três referências?
A primeira referência, em Vayicrá 19:23, é que os frutos que crescem durante os três primeiros anos são classificados de “orlá” e não são comidos. Nachmânides explica que enquanto a árvore ainda é imatura, há um excesso de formação de fluidos nos frutos, o que pode ser prejudicial, caso ingerido. Orlá, como definido por Nachmânides, significa “bloqueado.”
A segunda, e talvez mais famosa referência à “orlá,” é o prepúcio que é removido durante a circuncisão (Bereshit 17:11). Os comentaristas explicam que aqui, também, orlá refere-se a bloqueio – neste caso, bloqueio espiritual. Um menino judeu não recebe a medida total de sua alma até que a circuncisão seja realizada, e por este motivo a Torá registra a conseqüência de “extirpação espiritual” para qualquer judeu do sexo masculino que não tenha um Brit Milá (Bereshit 17:14).
A terceira referência à “orlá” é quando D’us diz ao povo judeu “para remover a orlá do coração” (Devarim 10:16). Aqui a referência é simbólica; o Todo Poderoso está exortando as pessoas a buscarem a verdade. Fazer isso exige que se remova aquilo que impede a pessoa de enxergar a verdade – “as barreiras do coração.”
Portanto, é apropriado que o dia do opshernish do garoto (quando ele simbolicamente deixa a categoria de “orlá” juntamente com seu cabelo) seja também o dia em que ele tradicionalmente inicia sua educação de Torá. Pois o estudo de Torá é a maneira básica de desligar o bloqueio espiritual, e remover as barreiras que impedem a pessoa de enxergar a verdade.
Conforme vai se livrando de seu cabelo, o menino sente que está entrando em uma nova etapa. Este é o dia de remover as barreiras.
Costumes
O terceiro aniversário de um garoto judeu é um evento especial repleto de importância. Para o corte de cabelo em si, é costume que membros da família e amigos dêem uma aparada. O primeiro corte é feito na frente da cabeça, no local onde o menino mais tarde colocará seu tefilin ao se tornar Bar Mitsvá.
Após aparar o cabelo, as pessoas dão ao menino uma bênção para obter sucesso na Torá, e também lhe dão dinheiro, que ele é encorajado a colocar na tsedacá, caixa de caridade. Já ouvi falar também de um costume de se pesar o cabelo do garoto, e então dar o valor equivalente em ouro ou prata para caridade – pelo mérito de que o menino tenha sucesso em Torá.
O primeiro corte de cabelo geralmente deixa o menino com “Peyot” – costeletas. Esta é uma glorificação do mandamento de não cortar o cabelo rente nos lados da cabeça (veja Vayicrá 19:27). As “Peyot” podem ser curtas ou longas, como preferir, desde que não sejam totalmente removidas. Os adultos cumprem esta mitsvá usando costeletas até o meio da orelha.
O dia do opshernish inclui estudar o Alef-Bet, as letras do alfabeto hebraico, com a criança. Uma bela maneira de se fazer isso é conseguir um cartão de plástico com o alfabeto, colocando um pouco de mel sobre cada letra. Deixa-se então a criança lamber o mel enquanto pronuncia cada letra. Isso é para que a Torá seja “doce em sua língua!”
Após três anos, ele agora começa a saborear os doces frutos da “Árvore da Vida.”
Também se ensina à criança o versículo: “A Torá nos foi ordenada através de Moshê, uma herança para todo o povo judeu” (Devarim 33:4). Estas são as primeiras palavras que um menino judeu deve ser ensinado a falar, pois isso expressa seu relacionamento único e pessoal com a Torá.
Em Israel, tornou-se um costume fazer o primeiro corte de cabelo de um menino em Lag Baômer, no túmulo de Rebe Shimon Bar Yochai, em Miron.
3 Comments
Daniela
Parabéns a equipe OngTora!
Equipe ONG TORÁ
Faça você também parte dessa equipe!!!
Eliana Wissmann Alyanak
Os textos sobre as Parshiot são muito bons, e ajudam a entender a sua leitura no Shabat.
Agradeço a toda a equipe a sua divulgação.
Shabat Shalom uMevorach para vocês todos!