Pessa’h
Começa ao pôr do sol de Segunda-feira, 22 Abril, 2024
Nenhum trabalho é permitido em 23 e 24 Abril até o anoitecer de 24 de abril
Trabalho só é permitido em 25 – 26 Abril e 28 Abril com certas restrições.
Nenhum trabalho é permitido em 29 – 30 Abril até o anoitecer
Termina ao anoitecer de Terça-feira, 30 Abril, 2024
Yizkor Pêssach, Terça-feira, Abril 30
Pessa’h comemora a libertação do povo judeu da escravidão no Egito.
Durante os oito dias dessa festa é proibido consumir e possuir alimentos derivados de trigo, aveia, centeio, cevada e espelta que ficaram úmidos por mais de dezoito minutos se tornando dessa forma fermentados de acordo com a Torá.
Em Pessa’h comemos Matzá.
Começamos a estudar as leis de Pessa’h trinta dias antes de Pessa’h.
Aprendemos essa regra com o próprio Moshe Rabeinu, que no dia do Korban Pessa’h nos ensinou as leis de Pessa’h Sheini
Pessa’h está na porta: “muita calma nessa hora”
A Torá nos conta que Moshe Rabeinu ensinou em Pêssa’h as leis de Pêssa’h Sheini que aconteceriam um mês depois, e daqui aprendemos que trinta dias antes da festa começamos a estudar as leis da festa.
Vale a pena lembrar que trinta dias antes de Pessach acontece a festa de Purim, nos ensinando que todos os preparativos para Pêssa’h devem ser feitos com muita alegria e agilidade como fizemos com os “Mishlu’hei Manot” de Purim!
As crianças devem ter boas recordações dessa época do ano, quando eles lavam os brinquedinhos e ajudam a mamãe
D’us nos livre de não causar um ”trauma de infância” para nossas crianças ouvindo a mamãe gritar para todos os lados .
Lembre-se que no ”Leil Hasseder” todos chegamos juntos
Se alguma criança escondeu algum biscoito para ele não ”sumir” na bediká, não é um fim de mundo, sendo que esse hametz não é mais seu porque você já fez a venda do Hametz com antecedência.
Autoridades halá’hicas decretaram que autorizações online para vender o Chametz são aceitáveis.
A prática tradicional e preferida, porém, é a autorização para a transação ser feita em pessoa com o rabino local.
Para vender o Chametz clique no link abaixo
https://pt.chabad.org/holidays/passover/sell_chometz_cdo/jewish/Venda-seu-Chamts-Online.htm
HAMETZ E MATZÁ
Durante os oito dias da festa de Pessa’h não podemos nem comer e nem possuir nenhum tipo de “Hametz”.
Hamêts é qualquer comida ou bebida feita à base de trigo, centeio, cevada, aveia, espelta, que ficaram úmidos por mais de dezoito minutos se tornando dessa forma fermentados de acordo com a Torá.
Também qualquer derivado ou mistura desses cinco cereais fermentados é considerado hametz.
Sendo que o trigo, a aveia, o centeio, a cevada e a espelta que ficaram molhados por dezoito minutos são considerados fermentados pela Torá e se tornam hametz
Não podemos comprar trigo ou farinha de trigo e fazer a nossa própria Matzá, sendo que pela lei brasileira todos os cereais para serem vendidos devem ser devidamente higienizados, e essa higienização já os torna hametz.
Mas somente esses cinco cereais são considerados hametz pela Torá. Qualquer outra fermentação é permitida, como por exemplo o vinho que é feito por meio da fermentação da uva, e na noite de Pessa’h temos a obrigação de tomar quatro copos de vinho.
A única exceção para o uso desses cereais em Pessa’h é a Matzá que é o pão não fermentado porque foram tomadas precauções especiais para assá-la em até 18 minutos. Ou seja, antes que pudesse fermentar
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Durante os oito dias da festa de Pessa’h não podemos nem comer e nem possuir nenhum tipo de “Hametz”.
Para não possuirmos nenhum Hametz em Pessa’h, a partir de agora já efetuamos a venda do Hametz online pelo link abaixo
https://pt.chabad.org/holidays/passover/sell_chometz_cdo/jewish/Venda-seu-Chamts-Online.htm
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Kasher comum e Kasher LePessa’h
Muitos produtos industrializados chegam a nós com o selinho “Kosher” muitas vezes impresso na própria embalagem.
Isso quer dizer somente que eles são Kasher quase o ano inteiro….. mas isso ainda não quer dizer que esses produtos são Kasher para Pessa’h.
Ao contrário, eles podem conter Hametz e derivados de Hametz.
Em Pessa’h temos que comer Matzá, mas não qualquer Matzá, porque se não foram tomados cuidados estritamente minuciosos na fabricação da Matzá para evitar o início do processo de fermentação ela também é considerada hamêts.
Por isso a Matzá que comemos em Pessa’h tem que ser uma Matzá “Kasher LePessa’h”
Para um alimento industrializado poder ser consumido em Pessa’h ele deve ser Kasher para Pessa’h.
Ou seja, deve ter um selinho de “Kasher LePessa’h” ou constar em uma lista de produtos liberados para Pessah. E esse é o caso da Matzá também.
A Guemará nos conta que um dos sinais de que você se encontra na geração em que a Gueulá vai acontecer é o fato de que todos os jovens vão fazer todos os velhos passarem vergonha.
Em todas as gerações ninguém conseguiu decifrar esse sinal até chegarmos à nossa geração, geração do conhecimento, na qual o velho experiente do passado e o jovem imaturo inverteram suas funções.
Agora o jovem é um jovem atualizado e as pessoas da minha idade já são classificadas como velhos desatualizados.
Na verdade, essa previsão da Guemará não me atrapalhou em nada até eu tentar acessar às listas de Pessach dos sites de Kashrut. Aí descobri o que a Guemará estava nos avisando.
Passei vergonha, mas depois de muitos erros cheguei a conclusão de que sem a ajuda da minha filha de onze anos não conseguiria saber se entrei no “search” de Pessach ou da lista hametz.
E assim descobri que estamos na geração da Gueulá !
Então, faça você mesmo mas verifique se a lista que você entrou foi a lista de Pessach desse ano ou a lista dos produtos liberados para o ano inteiro e não para Pessach
https://bdk.com.br/produtos/?pessach=1
https://bdk.com.br/produtos/?pessach2=1
http://bka.com.br/lista-de-pessach
O melhor é evitar ao máximo nesses oito dias qualquer produto industrializado, e fazer o nosso Pessa’h o mais natural possível!
Vamos comprar para Pessa’h carnes, aves e peixes, obviamente só Kasher, vegetais e frutas, e fazer sempre nossa festa de Pessa’h o mais natural possível! 🌻
Ashkenazim e Sefaradim em relação a Pessa’h
Se você é um judeu de origem européia, o costume dos Ashkenazim é de não comer milho, feijões, ervilhas, arroz e outros grãos, sendo que eles eram transportados nos mesmos sacos de estopa usados para transportar o trigo e se misturavam com ele.
Sendo assim, os judeus europeus assumiram esse rigor de não comer grãos em Pessa’h, mesmo que esses grãos não são Hametz.
REMÉDIOS EM PESSA’H
Pêssa’h está chegando e vamos nos preparando 😉
Ninguém deve se abster de tomar qualquer medicação necessária mesmo se ela contém hamets, sem antes consultar o seu médico e Rav.
Todos os medicamentos para doença cardíaca, diabetes, pressão arterial elevada, doença renal e depressão podem ser tomados em Pessa’h.
HOLÊ SHEYESH BO SAKANÁ
(doente em perigo de vida)
Se alguém está em perigo de vida ou ter risco de ficar em perigo de vida, deve tomar qualquer remédio, mesmo que contenha hamets, a não ser que haja disponível um remédio sem hamets, que seja igualmente eficaz e possa ser adquirido imediatamente.
Isto é válido indiferentemente do tipo do medicamento. Ou seja: comprimidos, drágeas, cápsulas, pastilhas mastigáveis e líquidos. Se facilmente disponíveis, é preferível tomar comprimidos ou drágeas.
Pessoas em condições de sakaná, perigo de vida, não devem trocar as medicações, mas devem continuar regularmente com as suas prescrições, contenham ou não hametz, a menos que um médico aconselhe de outra forma.
HOLÊ SHE’EIN BO SAKANÁ
(doente que não está em perigo de vida)
Alguém cuja vida não está em perigo. Isto inclui quem está acamado, ou é perceptível seu funcionamento abaixo do padrão devido à dor ou doença, ou tem uma febre que não é potencialmente fatal, pode tomar qualquer comprimido, cápsula ou drágea independentemente se ela contém hamets, a menos que há disponível um mesmo medicamento eficaz que não contenha hametz.
No entanto, se possível, uma pessoa só deve utilizar medicamentos que não contêm hametz.
No caso em que não há perigo de vida, todas as pastilhas para mastigar e medicamentos líquidos só podem ser utilizados, se eles aparecerem na lista de aprovados para Pessah ou se puder determinar que eles não sejam hametz.
BARÍ (saudável) ou MIHUSH (ligeiro desconforto)
Aquele que está sentindo um ligeiro desconforto como ligeiras dores articulares ou corrimento nasal, ou que esteja em bom estado de saúde mas não se sente bem, pode tomar apenas produtos encontrados na lista de aprovados para Pessah.
Se uma pessoa precisa mastigar uma pastilha ou tomar uma medicação líquida para um pequeno desconforto, poderá tomá-la apenas se esta aparece na lista.
Na maioria dos casos, as informações recolhidas para a lista não são baseadas em uma inspeção de mashguiah às instalações, mas sim em informações fornecidas pelo fabricante.
Vitaminas não entram na classificação de remédios mas são classificadas como alimentos e necessitam de selinho Kasher LePessach ou estar em uma lista de produtos liberados para Pessah sem o selinho
COSMÉTICOS em Pessa’h
Um hametz que chegou a um nível de decomposição que um cachorro está disposto a passar fome mas não comê-lo, recebe pela lei judaica o status de nifssal me’ahilat kelev, deixa de ser um hametz proibido em Pessah e pode ser utilizado.
Sendo que o batom não seria comido por um cachorro mesmo que ele estivesse com muita fome, mesmo se esse batom contém hamets ele pode ser usado em Pessah nos dias em que uma mulher pode colocar batom.
Ou seja, não se pode colocar batom no próprio dia de Yom Tov ou Shabat por que entre os trabalhos proibidos nos dias de Shabat e Yom Tov está o de colorir.
Mesmo que o batom não seria comido por um cachorro e portanto seria considerado pela lei judaica como hametz não comestível que seu uso é permitido em Pessa’h, a maioria das mulheres judias religiosas não usam batom em Pessa’h a não ser que ele apareça em uma lista de produtos liberados para Pessa’h.
Creme dental e bochecho contêm sorbitol e outros ingredientes que podem ser derivados de hamets.
Embora pela lei judaica esses itens são permitidos para utilização, sendo que que são nifsal me’ahilat kelev, é melhor não usá-los sendo que eles são usados via oral.
Historicamente, temos o costume de seguir as opiniões mais rigorosas em tudo o que é relacionado a Pêssa’h.
Nosso costume é não usar coisas que possam conter hamets, mesmo quando eles são claramente nifsal me’ahilat kelev.
LIMPEZA DE PESSA’H, A ALEGRIA DE LIMPAR
O Brasil tem uma vantagem sobre todos os países. Aqui ninguém limpa a casa sozinha, aqui graças à D’us temos as ajudantes. E mesmo quem não tem ajudante o ano inteiro, quando entra o mês de Nissan a ajudante deixa de ser um luxo do nosso país tão distante, mas se torna uma necessidade básica
E sendo que se tornou um costume de toda a nossa geração vender o Hametz antes de Pessa’h pelo motivo de todos nós termos hametz armazenado no freezer e costumarmos fazer compras em grande quantidade nas grandes redes de supermercados, para todos nós eliminar o hametz antes de Pessa’h é um grande prejuízo e por isso é permitido para todos nós vender o Hametz antes de Pessa’h
E o que ganhamos com isso é que por causa dessa venda podemos confiar na limpeza da ajudante sendo que de qualquer maneira se ela esqueceu de limpar alguma coisa mesmo que intencionalmente, esse hametz deixará de ser nosso por meio da Mehirat Hametz
Vantagens da ajudante sobre nós
1-com certeza ela limpa bem melhor do que você.
2- se você limpar com toda a sua delicadeza, ninguém vai ser louco de pedir para você limpar de novo, mas para ela sim
3- quanto mais dias de trabalho tiver mais feliz ela vai ficar porque assim ela ganha mais, o contrário de você que quanto mais trabalho tiver mais você se desgasta
Em outras palavras, deixe a ajudante limpar mas não deixe de supervisionar a limpeza dela, você é a “mashguichá” da limpeza de Pessa’h da sua ajudante
Não esqueça de limpar o escritório e o carro, atenção especial para os bolsos das roupas especialmente das crianças, bainhas de calças, punhos de roupas
ASPIRADOR DE PÓ:
o saco descartável deve ser removido antes de Pessa’h e a caixa limpa, caso o saco do aspirador não seja descartável ele deve ser lavado.
Rações
Venda a ração e o animal de estimação no preenchimento do formulário da venda do Hametz e peça para alguém que não é judeu vir para a sua casa em Pessa’h dar a ração do não judeu para o animal de estimação do não judeu. Depois de Pêssa’h o Rabino compra automaticamente o animal e a ração de volta para você
Quartos
Estrados da cama, em baixo do colchão, encostos das camas, passar lustra móvel nos armários dentro e fora.
Lavar colchas e edredons, travesseiros colocar para ventilar ou lavar.
Aspirar e lavar bem o piso, não esquecendo das frestas
Armários de roupas
Tirar tudo dos armários, limpar os armários por dentro e aproveitar para separar o que é para doar do que volta para dentro
Sala
Tampos de mesas com vidro removíveis devem ser retirados e limpos. Nas bordas e cavidades da mesa onde foi retirado o tampo, retirar a sujeira que ficou impregnada…talvez de hamêts.
Aspirar e limpar poltronas e sofás;
Não esqueça de limpar as capas dos livros e a estante da sala porque os livros vão da mesa para a estante e da estante para a mesa levando o hametz com eles
Banheiros
Separar todo o material de higiene em uma prateleira ou armário que não será usado durante Pessa’h reservando lugar limpo para os produtos de higiene da lista Casher para Pessa’h (shampoos, sabonetes, escovas de dente novas e pasta de dente, bem como cosméticos que fazem parte da lista).
Sacudir os bolsos de mochilas, bolsas, pastas etc., removendo todos os resíduos
Cozinha
FOGÃO
Se possível, devem ser trocadas as grelhas. Caso contrário, devem ser aquecidas até ficarem incandescentes. A mesa do fogão deve ser limpa e casherizada posteriormente derramando sobre ela água fervente e passando uma pedra ou ferro em brasa para que a água continue fervendo.
Após este procedimento, sugere-se cobrir a parte de cima do fogão com folha de alumínio. Se a parte de cima do fogão for esmaltada, deve ser bem limpa e depois coberta com uma folha de alumínio grossa ou chapa.
As bocas devem ser bem limpas e depois o fogo é aceso no máximo para eliminar resíduos de hamêts.
Os botões do gás devem ser retirados e limpos (há quem costume cobri-los com contact ou folha de alumínio)
FOGÃO ELÉTRICO
Deve ser aceso no máximo até a chapa avermelhar. Sobre a parte de cima restante joga-se água fervendo, passando na água uma pedra ou ferro incandescente
FORNO
As grades devem ser aquecidas até ficarem incandescentes. O forno deve ser bem limpo com um produto especial que remova toda a gordura. Em seguida, deve ser aquecido na temperatura máxima durante duas horas. Se possível, as paredes internas devem ser revestidas, bem como o teto, o chão, a parede interna da porta com folhas de alumínio grossa
FORNO AUTOLIMPANTE
Há dois tipos de autolimpante: aquele que chega até cerca de 500ºC se casheriza automaticamente, ao ser limpo na temperatura máxima até o final do ciclo. Porém, o forno que não chega a esta temperatura deve seguir a limpeza do forno normal
FORNO DE MICROONDAS
Deve ser limpo internamente com produto de limpeza e ficar 24 horas sem uso. Em seguida, coloca-se um recipiente não usado nas últimas 24 horas com água limpa, deixando o forno ligado até formar bastante vapor.
Se possível, este processo deve ser feito três vezes, enchendo o recipiente sempre com água fria. Depois disso, o interior deve ser limpo. Se possível, deve ser trocado o prato de vidro ou coberto com isopor ou plástico grosso. De preferência, ao usar este forno para cozinhar, é prudente cobrir por completo os alimentos
PIA
Cubas de porcelana, cerâmica ou esmaltadas não podem ser casherizadas. Neste caso, devem ser limpas e cobertas por todos os lados , podem ser usadas folhas de EVA que podem ser compradas em qualquer papelaria, ou qualquer material grosso plastificado ou emborrachado, o importante e que seja impermeável
Cubas de metal, mármore ou granito podem ser casherizadas. Para tanto a pia não deve ser usada com alimentos quentes por 24 horas antes da casherização e deve ser meticulosamente limpa.
É jogado no ralo um produto desentupidor para destruir qualquer vestígio de hamêts.
Em seguida, seca-se a pia.
Posteriormente, é despejada água fervente de uma chaleira ou panela nova, ainda borbulhando, atingindo todos os cantos da cuba, balcão, torneiras, ralos, etc.
Enquanto a água é despejada, deve-se passar sobre a pia uma pedra ou ferro incandescente para fazer a água borbulhar.
É costume forrar a pia mesmo após a casherização (por todos os lados , podem ser usadas folhas de EVA que podem ser compradas em qualquer papelaria, ou qualquer material grosso plastificado ou emborrachado, o importante e que seja impermeável.)
LIQUIDIFICADOR, BATEDEIRA, MULTIPROCESSADOR
A máquina deve ser bem limpa e, de preferência, envolvida em papel alumínio. Um novo copo, novas faquinhas para o multiprocessador e liquidificador, e novas pás e tigelas para a batedeira devem ser compradas
GELADEIRA E FREEZER
Devem ser descongeladas e limpas as paredes internas, prateleiras e gavetas com um pano úmido e produtos de limpeza;
na borracha da porta, deve ser usada uma escovinha também para melhor limpeza de resíduos infiltrados. Há o costume de cobrir as prateleiras com borracha, plástico ou alumínio
ARMÁRIOS da cozinha
Devem ser bem limpos e forrados
MESAS E BALCÕES
Se possível, água fervente deve ser jogada à semelhança da pia; caso possa estragar a mesa, deve ser limpa e forrada. Basta limpar bem a mesa da sala, sobre a qual não se coloca nada quente com perigo de estragá-la, e cobri-la com uma toalha.
A mesinha do cadeirão das crianças também deve ser casherizada. Pode ser coberta com papel contac
TOALHAS DE MESA (MENOS AS DE PLÁSTICO) E GUARDANAPOS
De preferência devem ser reservados para uso exclusivo de Pessa’h. Se não for possível, as bordas devem ser escovadas para retirar possíveis resíduos de hamêts, e as toalhas lavadas com água quente, sem engomar
UTENSÍLIOS
Os utensílios que usamos durante todo o ano para hamêts não devem ser utilizados desde a véspera de Pessa’h, até finalizada a Festa; Deve-se lava-los bem, e guarda-los em lugar bem fechado.
Hoje em dia está ao alcance de quase todos ter louça especial para Pessa’h.Entretanto, para aqueles que não é possível, poderão usar a vasilha normal depois do processo da Hagalá, excepto os utensílios de porcelana ou cerâmica que não são susceptíveis de hagalá.
Devido a que são múltiplos os casos e os detalhes, assim como os costumes sobre este procedimento, aconselhamos consultar o rabino da sua comunidade. Se você não puder ter novos utensílios para Pessa’h, aconselhamos usar utensílios DESCARTÁVEIS
A Eliminação do Hametz
Como vimos anteriormente, começando na manhã da véspera de Pessa’h e se estendendo até o término desta festa de oito dias (sete em Israel), é proibido comer, possuir ou mesmo se beneficiar de qualquer quantidade de Hametz.
Apesar da palavra ser comumente traduzida como “fermento” ou “levedura”, o termo Hametz possui uma definição bem mais precisa.
Significa trigo, aveia, cevada, trigo espelta e centeio que permaneceram úmidos por 18 minutos ou mais – tempo suficiente para que se inicie o processo de fermentação e tudo o que deriva disso
Mehirat Hametz, a venda do Hametz
Alguns dias antes de Pessa’h, vendemos nosso Hametz a um não judeu.
A maneira mais simples de realizar essa venda é preenchendo um contrato de venda que é enviado à um rabino, que intermedia tanto a venda a um não judeu na manhã antes do início de Pessa’h, quanto a recompra, ao anoitecer do término dos oito dias de Pessa’h.
Isso também pode ser feito pelo internet, mas tenha o máximo cuidado de vender o seu Hametz em um site de um rabinato que se encontra no seu fuso horário, porque se você vende ele em um fuso horário diferente ele será vendido ou comprado de volta pelo Rabino em um horário que a proibição de possuí-lo recai sobre você causando um verdadeiro desastre acesse à esse site e venda o hametz de acordo com o fuso horário da sua cidade
https://pt.chabad.org/holidays/passover/sell_chometz_cdo/jewish/Venda-seu-Chamts-Online.htm
Para quem mora no fuso horário de Brasília a venda do Hametz pode ser feita nos seguinte site
http://www.morasha.com.br/nossas-festas/pessach-1/formulario.html
O Contrato de Venda de hametz permite a guarda dele, na sua casa pois esses alimentos deixam de pertencer a você, passando a ser propriedade do não judeu que os adquiriu.
Esse contrato não é, como muitos poderiam pensar, apenas um estratagema para burlar as leis da Torá , porque aquele não judeu que compra o seu Hametz pode, se assim quiser, ficar de posse daquilo que comprou, e eu me lembro que isso quase aconteceu uma vez no Brasil há mais de quarenta anos atrás. Quando você vende o seu Hametz tem que estar ciente de que não se trata de uma venda de “faz-de-conta”
Bedikat Hametz, a verificação do Hametz
Bedikat Hametz é a busca e extermínio de todo o Hametz que não foi guardado para ser vendido por meio do “Contrato de Venda” na manhã antes do início de Pessa’h.
O ritual da procura é realizado na noite antes do Seder
Imediatamente após o cair da noite, o chefe da família conduz essa busca do hametz sem grande valor financeiro e que ele pode consumir ou descartar tranquilamente antes do início da festa. Pode-se comer o que encontra ou queimá-lo na manhã seguinte.
Antes da verificação se diz a seguinte Brahá
“Baruch Atá A-do-nai E-lo-hê-nu Mêlech Haolám, Asher Kideshánu Bemitsvotav Vetzivánu Al Biur hamêts.“
Deve-se procurar em todos os cantos da casa onde é possível que haja hametz. Um costume universalmente aceito é o preparo de dez pedacinhos de pão embrulhados individualmente, que são escondidos em diferentes lugares da casa, mas em lugares fáceis de se encontrar, antes de começar a procura.
É importante que esses pedaços sejam firmes, não quebradiços, para não deixar migalhas, é melhor lacrá-los em saquinhos plásticos mas nunca em papel alumínio.
Depois disso começa-se a procura pela casa com uma vela de cera acesa, uma vela de um pavio só (não se deve usar para isso uma vela de Havdalá), uma colher de pau, uma pena e um saco de papel.
As crianças curtem muito este momento, percorrendo os quartos, sala e cozinha munidos com a pena que serve para “varrer” o hamêts.
Como a pessoa que realiza a busca deverá encontrar os dez pedaços de pão “escondidos” essa bênção não é em vão.
O fato de essa Brahá que inclui tanto a busca do hametz à noite, quanto sua eliminação, na manhã seguinte mencionar “a eliminação do hametz”, e não “a busca do hametz” é porque a busca do Hametz é meramente um preparativo para o mandamento essencial , a eliminação do hametz, que ocorre na manhã seguinte.
Enquanto conduz a busca, o chefe da família não deve parar ou falar sobre qualquer outro assunto que não seja relacionado à essa procura.
Ele deve colocar cuidadosamente no saco de papel por meio da pena e da colher de pau todo o hametz que vai encontrando e os dez pedacinhos embrulhados.
Após a busca ele coloca tudo o que encontrou em um local seguro e diz as seguintes palavras:
“Todo hametz que está em minha posse, que eu não vi, e que não exterminei, que seja anulado como o pó da terra”.
Na manhã seguinte, véspera de Pessa’h (14o dia de Nissan), até a hora que for anunciada como o limite para a eliminação do Hametz, queima-se tudo o que foi encontrado durante a busca. Isso inclui os dez pedacinhos de pão.
Após jogar o Hametz na fogueirinha, o chefe da casa repete o que havia pronunciado na noite anterior, após realizar a busca: “Todo Chametz que está em minha posse, que eu vi ou não vi, e que eu exterminei ou não exterminei, que seja anulado como o pó da terra”.
Como vimos anteriormente, começando na manhã da véspera de Pessa’h e se estendendo até o término desta festa de oito dias (sete em Israel), é proibido comer, possuir ou mesmo se beneficiar de qualquer quantidade de Hametz.
Apesar da palavra ser comumente traduzida como “fermento” ou “levedura”, o termo Hametz possui uma definição bem mais precisa.
Significa trigo, aveia, cevada, trigo espelta e centeio que permaneceram úmidos por 18 minutos ou mais – tempo suficiente para que se inicie o processo de fermentação e tudo o que deriva disso
Pela Halachá um suco de uva verdadeiro também é considerado vinho para o Kidush, aqui vai uma receita para fazer o seu suco de uva “bore pri hagafen” para todos os Shabatot do ano, principalmente se você tem crianças em casa.
Modo de preparo:
1- Compre uvas de qualquer tipo, lave as uvas, separe elas dos galhos e coloque elas dentro de uma panela (de preferência de pressão.
2- coloque a mão sobre as uvas e adicione água e açúcar . Essa água e açúcar tem que preencher somente os espaços entre as uvas e você coloca a mão encima para elas não flutuarem encima da água com açúcar sendo que a água com açúcar tem que preencher somente os “buraquinhos” entre as uvas mas não pode cobrir elas por cima nem se acumular separadamente no espaço de baixo caso elas flutuem, por isso você não deixa elas flutuarem.
3- Tampe a panela , acenda o fogo e deixe ferver um pouquinho.
4- Peneire o conteúdo da panela para uma jarra apertando e amassando totalmente as uvas dentro da peneira com uma colher até que todo o suco passe pela peneira e sobre dentro da peneira somente uma polpa
5- Coloque o suco em garrafas ou em uma jarra.
6- Mantenha o suco na geladeira e só retire para as refeições.
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Hametz e as forças do mal
A prática de espalhar pela casa dez pedacinhos de pão é bastante antiga. E serve a um propósito prático: se não fosse pelos dez pedacinhos, o chefe da família talvez não encontrasse nenhum vestígio de Hametz em sua casa e sua bênção acerca de sua eliminação teria sido em vão.
Mas há, também, uma razão cabalística para os dez pedaços de pão. Apesar de também fazerem lembrar as Dez Pragas, eles representam a ideia de que, no reino da impureza, há dez forças que correspondem às Dez Sefirot do reino da santidade. Trata-se das “dez coroas da impureza”, simbolizadas pelos dez pedacinhos de pão que buscamos para depois queimar.
No Talmud e na Cabalá, o hametz geralmente é usado como símbolo para o mal. O Rabi Moshe Chaim Luzzatto, o Ramhal, dizia que o Hametz simboliza o Yetzer Ha-Rá, o instinto do mal que existe dentro de todos os seres humanos, exceto daqueles que estão em um nível espiritual completamente elevado, os Tzadikim.
O Zohar, clássico da Kabalá, compara o hametz à idolatria, com as seguintes palavras: “Aquele que come hametz em Pessa’h se compara a quem cultua um ídolo” (Zohar 2: 182).
Alguns comentaristas explicam que o hametz representa o Yetzer Ha-Rá porque, ao contrário da Matzá, ele cresce e incha, simbolizando o orgulho, que é a suprema fonte das forças do mal.
O fato de que o hametz faça outro tipo de massa crescer é análogo à maneira pela qual o mal age sobre as funções da alma da pessoa, arruinando-a, e arruinando a alma das pessoas que estejam ao seu redor.
Como o hametz é um símbolo de arrogância, podemos entender a razão para o Zohar o comparar à idolatria. Porque, o que é a idolatria? Para o judaísmo, não significa apenas acreditar em mais de um D’us. Significa, também, atribuir poder a qualquer coisa no mundo que não seja a D’us.
A arrogância é uma forma de autoidolatria, pois é a crença de que a pessoa é melhor do que os demais, que sabe mais do que todos, e que não deve nada a ninguém. Na verdade, o Talmud ensina que se há algo que afaste a Presença Divina, esse algo é a arrogância, pois o arrogante pretende usurpar o legítimo lugar de seu Criador. Somente pode haver um único D’us no mundo. D’us aguenta um pecador, mas não alguém que se julgue um deus.
Ninguém personificou a arrogância mais do que o Faraó, o vilão na história de Pessa’h. O rei egípcio, que era idólatra e genocida e desafiava a D’us, proclamava ser uma divindade que havia criado sua própria pessoa.
O oposto do Faraó, o herói de Pessa’h, foi Moshé Rabenu, que, nas palavras da Torá, foi o “homem mais humilde que jamais se viu”. A santidade e a sacralidade estão associadas à humildade, enquanto que a profanidade e a blasfêmia se associam à arrogância.
Matzá, o pão da pobreza, que não cresce e não fermenta, simboliza a humildade. O hametz, que fermenta, representa justamente o oposto.
A festa de Pessa’h é uma época para agradecermos, pois se D’us não nos tivesse salvado, nossos antepassados e todas as gerações judaicas subsequentes, incluindo a nossa, ainda seríamos escravos ou teríamos sido exterminados pelo Faraó.
O reconhecimento e a gratidão advêm da humildade. Além disso, Pessa’h é a “Festa da Liberdade” e quem é presa de seu próprio ego – que vive para satisfazer seus desejos e seu orgulho – jamais poderá ser realmente livre. Os temas dessa festa, simbolizados pela Matzá, são a antítese do que representa o hametz
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Hametz e o Instinto do Mal
O judaísmo despreza a arrogância e dá muito valor à humildade. Ensina o Talmud que o mundo se preserva pelo mérito das pessoas humildes. Portanto, cabe perguntar: se o hametz é um símbolo de arrogância, maldade e idolatria, por que não é proibido o seu consumo o ano inteiro?
Uma das respostas a essa pergunta pode surpreender a muitos. A Torá não proíbe o hametz o ano todo porque o que simboliza – o Instinto do Mal, o Yetzer Ha-Rá, não é, necessariamente, uma coisa ruim.
É o que dá ao homem o livre arbítrio. Se o homem tivesse apenas o Instinto do Bem e não se sentisse tentado a pecar, ele não seria merecedor do poder de escolha entre o certo e o errado.
Se não houvesse escuridão no mundo, não apreciaríamos a luz. O Instinto do Mal é necessário para que a vida do homem tenha significado, pois não podemos viver sem desafios.
A resistência e o esforço resultam em crescimento e progresso. Isso é válido para todas as esferas – a física, a intelectual ou a espiritual. Nesta última, somente se adquire mérito através do esforço.
A vida, segundo os Kabalistas, é um campo de batalha, onde lutam os instintos positivos e os negativos do homem. Não fosse pelo Yetzer Ha-Rá, não haveria luta espiritual e, portanto, nenhuma possibilidade de vitória.
Há outra razão para que o Instinto do Mal – e tudo o que representa – não seja de todo ruim. É o fato de ser o motor que aciona as pessoas. Ao nos levantarmos pela manhã, vamos ao trabalho em busca de prazer, honra e felicidade. Somente um verdadeiro Tzadik, um homem como Moshé Rabenu, vive todos os momentos de sua vida para servir a D’us e cumprir Sua Vontade. A maior parte de nós vive para si próprio ou para aqueles a quem amamos.
O Midrash (Gênesis Rabá) cita um versículo da primeira porção da Torá, que diz o seguinte: “E D’us viu tudo o que fizera, e o achou muito bom: ‘bom’ se refere ao Instinto do Bem, mas ‘muito bom’ se refere ao Instinto do Mal. Por quê? Porque se não fosse pelo Yetzer Ha-Rá, ninguém construiria uma casa, casar-se-ia, teria filhos ou trabalharia”.
Essa passagem do Midrash nos ensina que o Yetzer Ha-Rá é uma criação Divina e serve a um propósito muito bom. Como vimos, é o que faz o homem avançar na vida.
É o que leva o homem a trabalhar com afinco, escolher uma esposa e constituir uma família. Senão, faria apenas o mínimo indispensável para sobreviver.
O Instinto do Mal e suas manifestações – desejo, egoísmo, arrogância e egocentrismo – podem ser ruins e desprezíveis, mas a isso se deve o progresso do mundo.Comemos hametz durante o ano porque temos que aprender a lidar com o Instinto do Mal e usá-lo em nosso benefício. Contudo, o Yetzer Ha-Rá nem sempre é bem vindo. O judeu não pode ter em sua posse quantidade alguma do hametz durante Pessa’h.
Tampouco se podia oferecer hametz no Altar do Tabernáculo nem do Templo Sagrado de Jerusalém. No Altar de D’us, não há lugar para hametz – símbolo do Yetzer Ha-Rá.
Durante Pessa’h, quando recordamos os inúmeros milagres que D’us realizou em nosso benefício – como nos salvou da escravidão e aniquilação e nos escolheu para ser Seu povo amado – não há espaço para arrogância ou orgulho.
Durante o restante do ano, no entanto, bem como em outros lugares que não o Altar, o hametz foi permitido, porque até a Era Messiânica, o homem precisará combater e dominar seu Instinto do Mal, usando-o para realizar coisas grandiosas.
O Baal HaTanya ensinava o seguinte: “Nossos Sábios disseram sobre a arrogância, ‘Amaldiçoado é aquele que a possui, e amaldiçoado é aquele que não a possui’. A arrogância torna o ser humano em um ídolo. Mas sem ela, como podemos mudar o mundo?”.
Ele nos ensinou como solucionar esse enigma: Deixe sua consciência saber que arrogância de nada vale e o poder que D’us colocou em seu coração poderá, então, ser facilmente encontrado.
Em outras palavras, o homem primeiro precisa aprender a ser humilde e modesto como uma Matzá. Quando ele perceber que nada é diante de D’us, ele poderá usar o hametz que tem dentro de si para fazer grandes mudanças no mundo.
Durante a Festa das Matzot, eliminamos o hametz de nossa vida, literal e metaforicamente, e retornamos à nossa Origem Inicial, e assim nos lembramos que nada somos comparados ao Infinito.
Ao término de Pessa’h, retornamos ao mundo, enfrentando-o com firmeza e determinação para executar o propósito para o qual D’us nos enviou a este mundo.
Guia para Pessah
PRIMEIRA NOITE DE PÊSSA’H Acendemos as velas de Yom Tov
Na reza da noite, Arvit, falamos o Halel completo.
No kidush, acrescentamos a bênção de shehecheyánu. O kidush encontra-se na Hagadá.
• Após o sêder, antes de dormir, recita-se somente o primeiro parágrafo do Shemá e a bênção de Hamapil. Uma vez que esta é uma noite protegida (lel shimurim), as outras preces de proteção são omitidas.
• Na conclusão da refeição, ao recitar o Bircat Hamazon (Bênção de Graças), acrescenta-se o parágrafo “Yaalê Veyavô”, lembrando a festa de Pessa’h.
PRIMEIRO DIA DE PESSA’H
• A partir de Mussaf (Prece Adicional) do primeiro dia de Pessa’h fala-se “morid hatal” (que faz cair o orvalho) na segunda bênção da Amidá (em vez de “mashiv haruach umorid haguêshem”).
• Antes do almoço recita-se o kidush.
• Na conclusão da refeição, ao se recitar o Bircat Hamazon (Bênção de Graças), acrescenta-se o parágrafo “Yaalê veyavô”, lembrando a festa de Pessa’h.
O acendimento das velas deverá ser feito a partir de uma chama pré-acesa antes do Yom Tov.
• Os preparativos para o segundo sêder são iniciados somente após este horário.
• Na oração da noite, Arvit, recita-se o Halel completo.
• Desta noite em diante inicia-se a contagem do ômer, que é feita todas as noites até a festa de Shavuot. O texto encontra-se no sidur. (Os quarenta e nove dias entre Pessa’h e Shavuot são contados em antecipação ao recebimento da Torá).
• No kidush, acrescenta-se a bênção de “shehecheyánu”. O kidush encontra-se na Hagadá.
SEGUNDO DIA DE PESSA’H
• Antes do almoço recita-se o kidush.
• É costume acrescentar um prato especial na refeição do almoço em lembrança ao banquete que a Rainha Ester ofereceu nesse dia e que levou ao milagre de Purim.
• Na conclusão da refeição, ao se recitar o Bircat Hamazon (Bênção de Graças), acrescenta-se o parágrafo “Yaalê veyavô”.
OS DIAS INTERMEDIÁRIOS DE PÊSSA’H
HOL HAMÔED PESSA’H
• As atividades criativas normalmente proibidas em Yom Tov são permitidas nos dias de hol Hamôed exceto em Shabat de hol Hamôed.
Pode-se por exemplo: andar de carro, acender e apagar luz elétrica, etc.
Porém, todo trabalho que exija muito esforço, muito tempo ou conserto profissional são proibidos em hol Hamôed.
Não se colocam tefilin em hol Hamôed.
• Nas rezas de Arvit que é a reza da noite, Shaharit que é a reza da manhã, e Min’há que é a reza da tarde, a Amidá recitada é a mesma de todo os dias; porém, acrescenta-se o parágrafo “Yaalê veyavô”, lembrando a festa de Pessa’h.
• Também no Bircat Hamazon, a reza que fazemos depois de comer a Matzá, acrescentamos “Yaalê veyavô”.
• Após Shaharit falamos meio-Halel, uma leitura da Torá e uma Amidá adicional, a de Mussaf de Pessa’h.
Shvií Shel Pêssa’h
SÉTIMO DIA DE PESSA’H
O sétimo dia de Pessa’h inicia-se, ao entardecer, com o acendimento das velas de Yom Tov
• Deixa-se uma vela de sete dias ou uma chama acesa antes do acendimento das velas de Yom Tov.
• Acende-se as velas de Yom Tov
• Não se fala a bênção de shehecheyánu no acendimento das velas, nem no kidush.
• Antes do jantar recita-se o kidush.
• Na conclusão da refeição, ao se recitar o Bircat Hamazon (Bênção de Graças), acrescenta-se o parágrafo “Yaalê veyavô”.
• O milagre da Divisão do Mar aconteceu ao amanhecer do sétimo dia de Pessa’h. É costume permanecer acordado nesta noite, tal como os judeus antigos o fizeram. Estuda-se Torá durante toda a noite.
SÉTIMO DIA DE PESSA’H
• Em Shacharit (Prece Matinal) meio-Halel é recitado.
• Há uma Leitura da Torá especial de Pessa’h que é lida na sinagoga : O cântico de louvor pelo milagre da travessia do mar.
• Antes do almoço recita-se o kidush.
• Na conclusão da refeição, ao se recitar o Bircat Hamazon (Bênção de Graças), acrescenta-se o parágrafo “Yaalê veyavô”.
Acendem-se as velas para o 8º dia de Pessa’h antes do pôr-do-sol usando uma chama que esteja ardendo desde antes do pôr-do-sol, é proibido acendê-la após o crepúsculo).
Não se recita a bênção de”shehecheyán”u no acendimento das velas nem no kidush.
• Antes do jantar recita-se o kidush.
• Nesta noite, mesmo quem toma cuidado para não molhar a matsá durante os outros dias de Pessa’h, faz questão de comê-la molhada.
• Na conclusão da refeição, ao recitar o Bircat Hamazon (Bênção de Graças), acrescenta-se o parágrafo “Yaalê veyavô”.
OITAVO DIA DE PESSA’H
• Em Shacharit (Prece Matinal) meio-Halel é recitado.
• De manhã, antes de Mussaf (Prece Adicional), fala-se Yizcor em memória dos entes falecidos. É importante lembrar que o principal aspecto do Yizcor é a caridade prometida e doada (após o término de Pessa’h) em memória do falecido.
• Antes do almoço recita-se o kidush.
• Neste dia, mesmo quem toma cuidado para não molhar a matsá durante os outros dias de Pessa’h, faz questão de comê-la molhada.
• Na conclusão das refeições do dia, ao se recitar o Bircat Hamazon (Bênção de Graças), acrescenta-se o parágrafo “Yaalê veyavô”.
• É costume chassídico fazer uma refeição especial, com matsá e quatro copos de vinho, chamada Seudat Mashiach. Esta refeição tem a intenção de aprofundar nossa conscientização da iminência da Redenção Final. Este também é o tema da haftará do dia.
TÉRMINO DE PESSA’H
• Pessa’h termina após o completo anoitecer .
• Espera-se mais uma hora antes de abrir os armários de chamêts (vendidos na véspera de Pessa’h), para que o rabino tenha tempo de readquiri-los.
• Toma-se cuidado absoluto para não comprar de um judeu, mesmo depois da festa, qualquer produto chamêts que ele não tenha vendido na véspera de Pessa’h, porque é proibido usufruir do chamêts que foi propriedade de um judeu durante Pessa’h.
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O Seder – 15 passos em direção à liberdade interna
Uma das denominações de Pessa’h é Zman herutenu – Época de nossa Liberdade – porque a festa comemora a libertação do Povo Judeu da escravidão egípcia. Nossos Sábios ensinam que em Pessa’h, e em especial durante o Seder, cada um de nós, judeus, tem a oportunidade de conseguir libertar-se de seu acorrentamento interno, que impede o crescimento espiritual, psicológico e emocional. O Seder é uma reencenação pessoal e espiritual do Êxodo do Egito.
Contudo, a maioria de nós não aprecia o poder do Seder. Aparentemente, não há nada de libertador na cerimônia. Até mesmo algumas famílias mais religiosas o celebram de forma superficial, sem entender realmente o significado de seus rituais. Veem o Seder como uma cerimônia religiosa demorada, desinteressante e cansativa, sem apreciar o fato de que os 15 passos que a compõem são lições que, se postas em prática, levam à liberdade interior e libertação espiritual.
Nosso propósito neste trabalho é indicar como os 15 passos do Seder são um guia para se alcançar a liberdade interior. Se o ser humano deseja alcançar a verdadeira libertação – emocional, psicológica e espiritual –, ele precisa viver de acordo com os ensinamentos e princípios aportados em cada passo do Seder.
1. Kadesh – Kidush
O 1º passo do Seder é kadesh – fazer o Kidush sobre um copo de vinho. De acordo com a Torá, o real significado da palavra Kidush, “santificação”, é “designação” ou “separação”. Algo que é Cadosh, “sagrado”, é separado: é designado para um propósito especial.
A lição de kadesh, 1º passo do Seder, é que o ponto de partida para se atingir liberdade interior é o ser humano se autodesignar um veículo de santidade. Para ser verdadeiramente livre, é preciso destinar momentos de cada dia de sua vida para se comunicar com D’us. É preciso destinar um espaço em sua alma para a introspecção e o crescimento pessoal, de modo a ficar em contato com D’us e com a Torá.
Algumas pessoas são tão ocupadas e envolvidas em seus próprios assuntos e afazeres que nunca destinam tempo algum às questões da alma. Podem até ser pessoas bem-sucedidas e influentes, mas não são donas de seu próprio tempo e, portanto, não são realmente livres. Aqueles que estão sempre correndo, nunca estão em lugar algum. Para ser verdadeiramente livres, temos de parar de correr o tempo todo e aprender a viver o momento.
A Lei Judaica nos ordena iniciar nosso dia com oração, colocação dos Tefilin e estudo da Torá. Isso se aplica a todos os judeus, seja o maior Sábio da geração ou alguém que precise trabalhar dia e noite para sustentar sua família. Destinar tempo para a santidade, especialmente na primeira hora de nosso dia, é obrigação de cada um de nós, judeus, independentemente de seu nível de ocupação. Quando a pessoa santifica o início de seu dia a D’us, à sua alma e a propósitos mais elevados, como a oração e o estudo da Torá, ela alcança uma medida de liberdade espiritual que impacta o restante de seu dia. Por outro lado, alguém que não dedica tempo à sua alma, por ser muito ocupado com seus afazeres diários, não é verdadeiramente uma pessoa livre, independentemente de quão rica ou proeminente seja.
2. Urháts – ablução das mãos sem bênção
O 2º passo do Seder é Urháts – a ablução ritual das mãos. Urcháts nos ensina que o ser humano não é verdadeiramente livre enquanto não tiver “mãos limpas”: para atingir a libertação interna, é necessário levar uma vida digna e honesta. Quem mente, engana ou ludibria os demais, ainda que tenha o hábito de contar “mentiras sociais”, não é verdadeiramente livre, pois vive em um mundo de distorção, onde uma mentira encobre outra, e o mentiroso vive enredado em suas próprias histórias. As pessoas com “mãos sujas” podem ter sucesso e se orgulhar de serem mestres da mentira e da manipulação; mas abriram mão de sua liberdade interior. Quer o saibam quer não, vivem em um mundo de distorção e corrupção criado por eles mesmos. Isso pesa em sua consciência e acorrenta sua alma.
Há somente dois tipos de pessoas que são verdadeiramente felizes e podem viver em paz. São aquelas que têm a consciência limpa e aquelas que não têm consciência alguma. É muito difícil para um judeu, cuja alma é intimamente ligada à Torá, ter como viver de forma totalmente inconsciente. Portanto, sua única opção – se quiser ser realmente livre – é viver com a consciência limpa.
É importante observar a anomalia neste 2º passo do Seder: não fazemos a bênção de Al Netilat Yadayim após a ablução ritual das mãos. Uma das razões para tal é que a necessidade de se ter “mãos limpas” não é um conceito unicamente judaico nem religioso. É uma norma universal que se aplica a todos os seres humanos. Quem quer ser livre tem que ter “mãos limpas”, independentemente de suas crenças ou práticas religiosas.
3. Carpás – mergulhar a verdura
Após a ablução ritual das mãos sem fazer uma berachá, tomamos o Carpás – um pedaço pequeno de uma verdura (como o aipo ou a batata) – molhando-a em água salgada, e recitamos a bênção de Borê Perí Ha’Adamá (“Que cria o fruto da terra”), para então comê-la. Carpás simboliza o corpo humano. Em hebraico, o homem é chamado Adam porque como o Carpás (a verdura, o “fruto da terra”), a dimensão física de sua existência se originou da terra (Adamá): “Com o suor de teu rosto comerás pão, até voltares para a terra – pois dela foste tomado – pois tu és pó …” (Gênesis 3:19).
Antes de comer o Carpás, o molhamos na água salgada, dizendo a berachá, como vimos acima. É necessário molhar o Carpás n’água salgada porque a água é um dos símbolos da Torá, ao passo que o sal representa o pacto eterno entre D’us e o Povo Judeu. Portanto, ao mergulhar o Carpás na água salgada, a dimensão física do judeu, isto é, seu corpo, é submergida nas águas da Torá.
Trata-se de um passo necessário para se alcançar a liberdade interior, pois a maioria dos seres humanos, entre eles muitos judeus religiosos, não sabem como se relacionar com seu corpo de forma saudável. O equilíbrio entre a vida física e a espiritual é um grande problema para eles. Algumas pessoas estão aprisionadas por seu corpo: passam a vida correndo atrás de prazeres físicos e negligenciam os assuntos espirituais. Outras, porém, seguem o caminho oposto. Acreditam que só se pode viver uma vida superior e significativa se o corpo for negligenciado. Acreditam que os prazeres físicos e o conforto são obstáculos à santidade e, assim sendo, o corpo e seus desejos devem ser ignorados. Julgam que a privação física eleva e santifica a alma humana. O que não percebem é que se tornaram escravos de seu próprio corpo. São obcecados por ele, ainda que em um relacionamento antagônico, e vivem em constante luta com suas necessidades e desejos físicos.
A Torá não endossa nenhuma dessas duas visões extremas. Por um lado, despreza o hedonismo. Por outro, ensina que o corpo é o veículo para a alma e, portanto, deve ser respeitado e cuidado. O Judaísmo considera um grave pecado negligenciar, ferir ou abusar do corpo de qualquer forma que seja.
Segundo a Torá, o corpo precisa ser santificado: deve ser submerso nas águas da Torá, o que significa que deve ser um veículo para a santificação. O Carpás é submergido na água salgada para nos ensinar que o ser humano verdadeiramente livre não é escravo de seu corpo – nem de uma busca obsessiva por prazeres físicos nem pela ideia contraproducente de negá-los totalmente. O homem é verdadeiramente livre quando seu corpo e sua alma funcionam em harmonia: quando o corpo não é desprezado, mas sim, elevado por meio da sua imersão nas águas da sabedoria e santidade da Torá.
4. Yachatz – a partição da Matzá do meio
O 4º passo do Seder é Yachatz: a quebra da Matzá do meio. Este passo do Seder nos ensina que às vezes, um coração humilde – um coração partido – é um pré-requisito para se atingir crescimento e liberdade interior. A crença de que se é perfeito e completo é um dos maiores obstáculos ao progresso pessoal em qualquer aspecto da vida, particularmente em questões espirituais. Aquele que se julga incapaz de cometer erros não fará esforço algum para melhorar. Consequentemente, permanecerá preso à realidade ilusória que criou para si próprio – um mundo imaginário no qual se sente perfeito, completo e superior. Pessoas que se iludem não são livres, pois vivem trancadas em seu próprio mundo imaginário, irreal. A incapacidade de admitir erros, dor, medo, imperfeições e falhas é um dos maiores impedimentos ao crescimento e libertação espiritual.
Para conquistar a verdadeira liberdade, é preciso “quebrar nossa própria Matzá”: é preciso admitir internamente nossas falhas, vulnerabilidades, erros e imperfeições. Yachatz nos ensina que a vida não tem a ver com perfeição, mas com responsabilidade e crescimento. Aquele que percebe que não é completo nem perfeito fará esforços para melhorar e não se sentirá acorrentado por limitações externas ou internas. Por outro lado, aquele que crê que não precisa melhorar, o sabichão que se julga sempre certo, que não erra e que não necessita desculpar-se com ninguém, seja D’us seja seu semelhante – essa pessoa permanecerá estacionada em sua vida. Isso é exatamente o oposto de liberdade, pois o ser humano que deseja ser verdadeiramente livre está sempre se aperfeiçoando e progredindo.
5. Maguid – leitura da Hagadá
Maguid – a leitura e discussão da Hagadá, que narra a história de Pessa’h – constitui o âmago do Seder. Seu propósito primordial é relatar essa história, ensinando-a a nós, nossos filhos e a todos os que conosco compartilham dessa celebração singular.
Este 5º passo do Seder nos ensina que um elemento necessário para a nossa libertação interior é expandir nossos horizontes por meio do estudo. A ignorância é a antítese da liberdade. Falta de educação e de estudo reprimem o progresso. Trata-se de uma verdade indiscutível: os países que valorizam a educação são bem mais avançados e livres do que os que não o fazem. Não é surpresa que o Judaísmo dê um valor supremo ao estudo.
Maguid transmite a ideia de que quando estudamos, desafiamos a nós mesmos e ampliamos nossos horizontes. Infelizmente, há muitas pessoas que param de estudar quando completam sua educação formal. O Judaísmo nos ensina que o estudo é uma busca ininterrupta e vitalícia: um de seus mandamentos fundamentais é estudar a Torá diariamente.
As pessoas livres estão sempre desenvolvendo seu intelecto. Estão sempre estudando e expandindo seu conhecimento. Quem não estuda continuamente não é verdadeiramente livre, pois fica preso em uma esfera intelectual e espiritual limitada, enquanto o restante do mundo se torna cada vez mais instruído e bem informado.
6. Rochtsá – ablução das mãos com bênção
O 6º passo do Seder, Rochtsá, novamente trata da ablução ritual das mãos. Diferente da primeira vez (2º passo), desta segunda vez, a ablução é seguida da recitação da berachá de Al Netilat Yadayim.
Há diferenças significativas entre essas duas abluções. A primeira é uma lição básica de integridade. Não vem acompanhada de uma bênção, pois sinceridade, honestidade e decência são atributos que se esperam de todos os seres humanos.
A segunda ablução é acompanhada de uma bênção. Uma das razões para tal é que após o estudo da Torá (Maguid – passo anterior no Seder), já não basta ter “mãos limpas”, ou seja, viver uma vida de honestidade e integridade. Uma vez que um judeu tenha estudado a Torá, não lhe é suficiente ser uma pessoa honesta; espera-se muito mais de sua pessoa. Agora que já adquiriu conhecimentos da Torá, essa pessoa também deve obter limpeza espiritual: seu comportamento e integridade têm de ser impecáveis.
Ser verdadeiramente livre significa adquirir pureza espiritual. Muitas pessoas são honestas, decentes, boas e generosas, mas levam uma vida profana e hedonista. Isso não é aceitável para quem estuda a Torá. Quem acumula conhecimentos sobre a Torá se torna um representante do Judaísmo. E para quem personifica a Torá, não basta ser decente, honesto e educado. É preciso ser um ser humano iluminado e exemplar. Aquele que é identificado com a Torá precisa lavar suas mãos uma segunda vez e recitar a berachá. Ou seja, suas “mãos” não apenas têm de estar duplamente “limpas”, mas também santificadas.
Há, ainda, outra razão para ser imperativo lavar as mãos, metaforicamente, uma segunda vez após ter estudado Torá: porque quando a pessoa acumula muito saber, particularmente sabedoria espiritual, essa pessoa corre o risco de se tornar arrogante e complacente – que, como vimos acima (em Yachatz), é a antítese da liberdade.
7. Motsí – primeira benção sobre a Matzá
Após a ablução ritual das mãos, comemos Matzá. Mas antes recitamos duas bênçãos. A primeira delas é a berachá de Motsí (“Que extrai o pão da terra”).
Em hebraico, Motsí significa “extrair”. A bênção de Motsí nos ensina uma lição que aparece com frequência na Cabalá: que tudo na Criação tem um propósito Divino e que um dos principais propósitos em nossa vida é extrair centelhas sagradas do mundano. Ou seja, santificar o mundo físico usando-o para propósitos sagrados. Por exemplo, quando recitamos o Kidush sobre um cálice de vinho casher, no Shabat ou Yom Tov, estamos santificando o vinho. Ao utilizarmos essa bebida alcoólica para uma finalidade sagrada, extraímos as centelhas sagradas nela contida.
Pessoas realmente livres sabem como extrair centelhas sagradas deste nosso mundo material. Ou seja, sabem como santificar a fisicalidade. Como vimos no passo 3 do Seder (Carpás), a pessoa livre santifica seu corpo mergulhando-o nas águas sagradas da Torá. Este 7º passo, Motsí, trata de santificar mais do que o corpo da pessoa: trata de santificar o mundo físico que a rodeia. Motsíconstitui um pré-requisito para se alcançar a verdadeira liberdade, pois nos força a repensar nosso relacionamento com o material: trabalho e dinheiro, alimentos e bebidas, sono, assuntos íntimos e nossos bens. Há quem seja escravo dessas coisas, obcecado com o mundo material. Essas pessoas danificam sua alma e abrem mão de sua liberdade interior para tentar satisfazer todos os seus desejos físicos. No entanto, há também aqueles que, incapazes de lidar com os desafios apresentados pelo físico e o material, partem para o outro extremo. Por acreditarem que a fisicalidade é um empecilho para o crescimento espiritual, tentam abster-se de qualquer forma de materialismo – geralmente sem muito sucesso. Acreditam, erroneamente, que o ascetismo é o caminho para a elevação espiritual.
Motsí nos ensina que as duas abordagens acima são erradas. Assim como temos que encontrar o ponto de equilíbrio entre corpo e alma (passo 3 – Carpás), temos, também, que harmonizar a fisicalidade com a espiritualidade. Para ser realmente livre, a pessoa tem de realizar Motsí – extraindo as centelhas sagradas contidas na matéria física. A liberdade genuína é alcançada por aqueles que conseguem fazer a paz entre os elementos físicos e espirituais de sua vida.
8. Matzá – segunda benção sobre a Matzá
Após fazer a berachá de Motsí, fazemos a da Matzá – Al Achilat Matzá – e então comemos esse alimento que é o símbolo de Pessa’h. A Matzá é o pão não fermentado – insípido e achatado, praticamente sem gosto. Nossos Sábios ensinam que a Matzá simboliza a humildade.
Enquanto a benção de Motsí nos ensina a buscar oportunidades na vida – por exemplo, usando o mundo físico para propósitos espirituais em vez de se abster dele –, a benção da Matzá, símbolo da humildade, ensina a evitar a ostentação ao fazê-lo.
A bênção de Motsí nos incentiva a extrair o que há de bom no mundo físico, ao passo que a da Matzá nos ensina a manter a perspectiva correta: não exibir ou ficar imerso em exagero nos prazeres e ocupações físicos, ainda que se possa extrair centelhas sagradas de seu interior.
9. Maror – bênção sobre as ervas amargas
O Maror, alface ou ervas amargas, é outro famoso elemento do Seder. Essa erva amarga nos faz lembrar a aflição de nossos antepassados no Egito, onde foram escravizados, torturados e assassinados. O Maror simboliza os sofrimentos, a dor e os traumas sofridos pelos Filhos de Israel. Sendo assim, como é um dos 15 passos do Seder a caminho da liberdade e emancipação? Porque a pessoa só pode ser realmente livre se aprender a lidar de forma adequada com a aflição e o sofrimento.
É interessante que, durante o Seder, temos que comer muita Matzá, mas não muito Maror. Isso é uma lição de como lidar com o sofrimento, ensinando-nos que não podemos ignorar o sofrimento, mas tampouco devemos entregar-nos a ele, indefinidamente. Há, basicamente, duas abordagens ao sofrimento e ao trauma. Algumas pessoas os reprimem totalmente, como se nunca tivessem ocorrido. Se tivessem opção, não serviriam Maror no Seder nem falariam sobre as aflições de nossos antepassados no Egito. A segunda forma de lidar com o sofrimento é continuamente pensar e falar sobre tragédias e tristezas. Há pessoas que revivem continuamente traumas passados. Se dependesse delas, passariam o Seder inteiro comendo Maror e discorrendo sobre o sofrimento de nosso povo sob o jugo do Faraó. Passariam toda a noite falando das agruras pelas quais passaram todos os judeus, e toda a humanidade – sem deixar de incluir seus próprios problemas.
Maror – 9º passo para a liberdade interior – nos ensina que estão erradas as duas abordagens acima ao sofrimento. Ainda que a pessoa consiga reprimir experiências dolorosas, estas não desaparecem por si só; continuam arraigadas na mente e na alma da pessoa. E, um dia, de alguma forma, virão à tona. Ninguém consegue ser realmente livre se tem reprimido, dentro de si, dor e trauma. Isso porque, tendo conhecimento disso ou não, esses sentimentos influenciarão seu comportamento. Quem reprime tristeza e sofrimento tem, geralmente, explosões inexplicáveis de raiva ou depressão e pode tornar-se uma pessoa fria, indiferente e antissocial – ou pior, desenvolver horríveis fobias.
Por outro lado, a pessoa que não consegue parar de falar sobre seus sofrimentos e traumas acaba sendo consumida por eles. Dá um grande alívio falar sobre algo doloroso e, assim, sentir-se mais leve; mas é algo bem diferente reviver o assunto repetidamente. A pessoa que só fala de suas dores não pode ser verdadeiramente livre porque está aprisionada em seu passado e em sua dor – que ela revive continuamente, sem conseguir vencê-los.
Maror nos ensina a abordagem judaica ao sofrimento. Devemos comer o Maror – elemento indispensável do Seder – por ser errado negar as experiências dolorosas ou ignorar as dificuldades, traumas e sofrimentos. Mas, após comer uma certa quantidade de Maror neste momento do Seder e no momento do Corech (próximo passo), esgotamos a nossa quota de amargura. Isso significa que após reconhecer o sofrimento e o verbalizar, temos que seguir em frente – optar pela vida, apesar das experiências dolorosas. Não podemos tapear ou tentar reprimir a dor e o trauma. Mas tampouco podemos deixar-nos absorver ou paralisar por eles. Podemos e devemos chorar e lamentar as tragédias passadas, mas com o limite adequado. Essa lição foi particularmente relevante para a geração de judeus que viveu o Holocausto. Não há palavras que exprimam o seu sofrimento. Eles tinham todo o direito de falar disso o dia todo e todos os dias, até o fim de sua vida. Mas quase todos decidiram seguir em frente, reconstruir sua vida, sua família e o Povo Judeu, apesar de toda a dor e de todo o sofrimento. Seres humanos livres se permitem sofrer e lamentar, mas não permitem que o sofrimento e as experiências dolorosas os escravizem para todo o sempre.
10. Corech – sanduíche de Matzá e Maror
O 10o passo do Seder é Corech – o sanduíche. Atualmente, na ausência do Templo Sagrado de Jerusalém, o Corech é apenas um sanduíche de Matzá contendo Maror com Charosset. Na época do Templo Sagrado de Jerusalém, o Corech era bem mais saboroso, pois também continha pedaços do Corban Pessa’h, o sacrifício Pascal: carne assada.
O Corech original tinha, portanto, três ingredientes: o sacrifício Pascal, a Matzá e o Maror – alimentos altamente simbólicos. O Corban Pessa’h era uma iguaria real – quem não gosta de churrasco? A Matzá é um alimento insosso – não se pode dizer que seja gostoso e poucos o preferem a um pedaço de pão – mas não deixa de ser tragável. Já o Maror, é amargo e desagradável, e a maioria das pessoas não gosta de comê-lo.
Corech nos ensina que há, basicamente, três tipos de experiências na vida: as alegres, as insossas e as amargas. Há coisas que gostamos de fazer e que nos dão prazer e alegria (Corban Pessa’h). Há outras que não gostamos de fazer – são insossas e maçantes, mas não nos causa sofrimento fazê-las (Matzá). E há outras que não gostamos mesmo de fazer e gostaríamos de não ter de fazê-las (Maror). De modo semelhante, há períodos em nossa vida que são felizes, bem-sucedidos e cheios de notícias boas e alegres. Há outros que são insossos, quando nada de empolgante ou alegre ocorre, mas tampouco nada doloroso. E, por fim, há épocas em nossa vida que são difíceis, desafiadoras e dolorosas.
Corech nos ensina que ser livre significa ter a capacidade de lidar com todos os três tipos de situações. Ninguém pode fazer apenas o que gosta. Nenhuma pessoa madura pode esperar que todos os dias de sua vida sejam felizes e agradáveis. Quem é realmente livre entende que muitos eventos de nossa vida são desinteressantes, mas necessários. Entende, também, que mesmo o ser humano mais afortunado cedo ou tarde terá de enfrentar dificuldades e desafios. As pessoas livres encontram significado nos eventos aparentemente insossos e triviais da vida e entendem que os períodos difíceis geralmente são oportunidades de crescimento pessoal. Conseguem internalizar a ideia de que é quando enfrentamos momentos desafiadores que estamos em nosso auge, revelando nosso verdadeiro potencial e grandeza interior. Seres livres lidam com todo tipo de vivências porque não são presa do medo ou da insegurança. Já aquele que não é internamente livre, faz o impossível para esquivar-se da responsabilidade e da disciplina, evitando tudo que julga desagradável ou insosso, sem emoção. Essa gente não enfrenta a vida como ela é; está sempre tentando escapar de situações difíceis ou buscando atalhos ou saídas intempestivas. O homem realmente livre tem a coragem, força e resiliência para lidar com qualquer tipo de situação.
Quem não preferia que a vida fosse uma sequência de eventos felizes? Poucos gostam de insipidez ou amargura. Mas Corech nos ensina que a vida inclui uma série de experiências diferentes. E aqueles que desejam alcançar liberdade e crescimento espiritual estão dispostos a confrontar situações insípidas e até dolorosas sempre que necessário.
11. Shulchan Orech – o jantar festivo
O 11o passo do Seder é o Shulchan Orech – a refeição festiva. É importante notar que a refeição de Pessa’h não é apenas um banquete de Yom Tov. Constitui também um dos passos do Seder e, portanto, nos dá lições de liberdade. Uma destas é que um dos sinais de verdadeira liberdade é a capacidade e disposição de prover para os outros.
Os realmente livres são generosos. Sabem dar e gostam de o fazer. Podem dar e compartilhar porque conhecem o seu próprio valor e não sentem que ao compartilhar perdem o que é seu. Tampouco sentem-se diminuídos ou empobrecidos. Prover para os outros só os engrandece.
Quem não consegue compartilhar é limitado por uma mentalidade de escassez, acreditando que a vida é um jogo em que para alguém ganhar, é preciso alguém perder, em que o lucro de um é o prejuízo do outro. Homens livres, no entanto, creem na abundância. O sucesso e a felicidade do outro não os ameaça. Pelo contrário, ajudam e dão poder aos outros, sabendo por experiência própria que a generosidade volta, cedo ou tarde.
Convidar pessoas para o Seder é uma grande mitzvá, provendo a essas pessoas de forma material e espiritual. Uma boa medida de liberdade pessoal é a capacidade e disposição de preocupar-se e ser generoso com todos, nas questões materiais e nas espirituais.
12. Tzafun – o ato de comer o Aficoman
Após o jantar, e antes de recitar o Bircat HaMazon (Benção após as Refeições), comemos o Aficoman– o pedaço de Matzá quebrado (em Yachatz – 4º passo) e escondido.
O Aficoman é denominado Tzafun, “oculto”, por ser o pedaço da Matzá que foi escondido após realizar Yachatz – a quebra da Matzá do meio. Uma das lições do Aficoman é que para ser verdadeiramente livre, a pessoa precisa lidar com o que traz escondido dentro de si. Há várias coisas em nossa vida – sentimentos, pensamentos e lembranças, em particular as dolorosas – que reprimimos. Reprimir sentimentos é um recurso de sobrevivência, que nos permite continuar a viver apesar dos traumas sofridos. Mas, como vimos ao falar do Maror, o que é reprimido pode acabar vindo à tona – geralmente na hora errada, no lugar errado e da forma errada. A pessoa verdadeiramente livre, que busca crescimento espiritual constante e significativo, precisa lidar com o que lhe dói e vive em seu subconsciente – e que o trava de alguma forma, seja emocional, psicológica ou espiritualmente.
É importante observar que Tzafun – lidar com o que está oculto – é um dos passos finais do programa de libertação, de 15 passos, do Seder. Uma das razões para Tzafun só aparecer quase no final é que apenas quando o ser humano já fez progressos espirituais e emocionais significativos, ele tem condições de lidar de forma saudável com os fantasmas ocultos que podem habitar as profundezas de sua alma.
Tzafun constitui um dos passos mais difíceis na busca por liberdade interior. Geralmente, é doloroso lidar com sentimentos reprimidos e revisitar eventos bloqueados por nosso consciente. No entanto, trata-se de um passo indispensável para a libertação pessoal. Mas, tudo o que dissemos sobre o Maror se aplica a Tzafun: temos condições e devemos enfrentar nossas questões e emoções dolorosas, mas não podemos deixar-nos aprisionar pelas mesmas. Do contrário, tudo o que deve constituir um passo para a autolibertação passa a ser um degrau na queda para o abismo da autopiedade e autoescravidão.
13. Barech – Bênção após as Refeições (Bircat HaMazon)
Após comer o Aficoman, recitamos Bircat HaMazon. Há um mandamento bíblico que nos ordena recitar essa bênção sempre que se come pão. Como comemos Matzá durante o Seder, devemos recitar o Bircat HaMazon.
Essa bênção constitui um dos 15 passos do Seder. A razão para isso é que o Bircat Hamazon nos ensina que se a pessoa deseja ser livre, ela precisa aprender a agradecer e ser agradecida.
Há aqueles que têm dificuldade de sentir-se gratos. Eles se abstêm de agradecer um favor ou uma gentileza porque creem que, ao fazê-lo, ficam endividados perante o outro. Pessoas realmente livres não têm dificuldade em agradecer e receber agradecimentos. Entendem que, na vida, todos nós damos e todos nós recebemos.
Aqueles que não são agradecidos não são livres, pois acreditam – ou fingem acreditar – que são autossuficientes. A ideia de que não devemos nada a ninguém é de uma arrogância sem par, já que até as pessoas mais realizadas têm muito a dever aos outros: a D’us, a seus pais e mestres, e a todo aquele que ao longo da vida os ajudou. Ser ingrato e ter relacionamentos saudáveis são coisas opostas – seja com D’us, seja com outros seres humanos. Ninguém é verdadeiramente livre se julga não dever favores a ninguém. Quem não é agradecido não é livre, pois vive em um mundo de ilusória autossuficiência.
14. Halel – Salmos de Louvor
Após recitar o Bircat Hamazon, recitamos o Halel, que significa louvor, enaltecimento. Enquanto o passo anterior do Seder, Bircat Hamazon, constitui uma lição de agradecimento, o Halel ensina a importância de se enaltecer os demais. Esse cântico nos ensina que não basta agradecer; é necessário também louvar e elolgiar. Algumas pessoas conseguem agradecer aos demais, mas têm grande dificuldade de enaltecê-los.
O Judaísmo abomina a bajulação, especialmente quando é falsa e manipuladora. No entanto, é louvável saber apreciar os demais e louvá-los sempre que o mereçam. O louvor sincero é estimulante e traz à tona o que há de melhor nas pessoas.
Pessoas livres não se sentem ameaçadas por louvar o outro. Não julgam que o sucesso do outro os ameaça ou empana o brilho de seu próprio valor e realizações. Mas aqueles que não são espiritual e emocionalmente livres veem os demais como concorrentes. No mundo escuro em que vivem, a única maneira de se sobressair é pisando nas outras pessoas. Sendo assim, nunca elogiam – só sabem desmerecer os outros. São pessoas que estão presas e escravizadas por suas incertezas e inseguranças e, assim sendo, recusam-se a ver e reconhecer o mérito dos demais.
Um sinal de verdadeira liberdade é poder apreciar, admirar, estimular e elogiar os nossos semelhantes.
15. Nirtsá – Aceitação
O 15o e último passo do Seder não exige qualquer ação. Mas isso não diminui sua importância. Este passo é Nirtsá – a afirmação de que o Seder, uma vez realizado fielmente de acordo à Lei Judaica e sua tradição, foi bem recebido por D’us.
Nirtsá responde a uma pergunta existencial que deve ser feita e satisfatoriamente respondida quando a pessoa deseja alcançar a verdadeira liberdade interior: qual a finalidade de se esforçar tanto para alcançar a liberdade interior e o crescimento espiritual? Para que, sinceramente, cumprir esses 15 passos? Por que seguir uma vida de dedicação a D’us e à alma (passo 1), de verdade e decência (passo 2), de santificação do corpo (passo 3), de humildade (passo 4), de conhecimento e estudo da Torá (passo 5), de aperfeiçoamento espiritual (passo 6), de equilíbrio entre o físico e o espiritual (passo 7), de modéstia (passo 8), de sofrimento saudável (passo 9), de coragem e resiliência (passo 10), de generosidade e hospitalidade (passo 11), de psicanálise espiritual (passo 12), de agradecimento (passo 13) e de enaltecimento (passo 14)?
A resposta é o 15o passo – Nirtsá. Ou seja, a crença de que isso é o que D’us espera de cada um de nós. Nirtsá nos ensina que nossos esforços para alcançar a libertação interior e o crescimento espiritual têm grande importância perante D’us. E transmite a ideia de que quando o ser humano se empenha em viver a vida que D’us espera que ele viva, esse homem cumpre o propósito para o qual foi criado e enviado a este mundo. E, portanto, o Mestre do Universo se satisfaz com seu serviço.
Shevií Shel Pessah
O sétimo dia de Pessach e a Gueulá
O último dia de Pessah em Israel e os dois últimos dias de Pessah fora de Israel estão na categoria de festas judaicas chamadas de “Yom Tov” onde o trabalho é proibido.
O Rambam determinou que não precisamos falar a benção chamada de Sheeheiyanu na entrada dos dois últimos dias de Pessah porque eles não são um “Yom Tov” por si só mas são a continuação da festa de Pessah, e já falamos o Sheeheiyanu nos primeiros dois dias de Yom Tov de Pessah.
O Rebe nos explicou que o motivo oculto para não falarmos o Sheeheiyanu é porque os primeiros dias de Pessah estão ligados à saída do Egito, enquanto que os últimos estão ligados à nossa Gueulá, à saída do nosso exílio atual.
E sendo que a bênção de Sheeheiyanu só é dita em relação à algo que acontece mas não pode ser dita sobre algo que ainda não aconteceu, e os dois últimos dias de Pessah estão ligados à Gueulá que vai acontecer, por isso não falamos o Sheeheiyanu nos últimos dois dias de Pessah
No sétimo dia da festa de Pessah, dia 21 do mês de Nissan, comemoramos o milagre da abertura do Mar de Juncos. Foi esse evento que causou a libertação do Povo Judeu da escravidão egípcia, e não as Dez Pragas.
A Torá nos conta que como consequência da décima e última praga, a morte de todos os primogênitos egípcios, o Faraó finalmente permitiu que os judeus deixassem o Egito. Os judeus deixaram o Egito no décimo quinto dia de Nissan que foi o primeiro dia de Pessah.
Mas o faraó se arrependeu de ter nos deixado sair e foi com todo seu poderoso exército nos trazer de volta ao Egito para voltarmos a ser escravos.
O Faraó estava determinado a capturar os milhões de escravos a quem dera permissão de deixar o país, e os trazer de volta ao Egito para uma escravidão ainda mais severa.
Uma semana após o grande milagre da saída do Egito chegamos à um bêco sem saída. Na nossa frente um “Mar de Juncos” que provavelmente era o Mar Vermelho, e por trás de nós o faraó com seu poderoso exército em todas as suas divisões.
O Midrash nos conta que o Povo Judeu se dividiu em quatro categorias, em quatro ideologias.
1- entrar no mar porque é melhor morrer do que voltar à escravidão no Egito”.
2- voltar ao Egito porque é melhor viver como escravos do que morrer”.
3- lutar contra os egípcios porque é melhor morrer lutando do que voltar para a escravidão”.
4- rezar para D’us porque não dá para fazer nada fora isso”.
Moshe Rabeinu responde ao nosso povo em um único versículo explicando porque as quatro opiniões são desnecessárias.
וַיֹּ֨אמֶר מֹשֶׁ֣ה אֶל־הָעָם֮ אַל־תִּירָאוּ֒ הִֽתְיַצְב֗וּ וּרְאוּ֙ אֶת־יְשׁוּעַ֣ת ה’ אֲשֶׁר־יַעֲשֶׂ֥ה לָכֶ֖ם הַיּ֑וֹם כִּ֗י אֲשֶׁ֨ר רְאִיתֶ֤ם אֶת־מִצְרַ֙יִם֙ הַיּ֔וֹם לֹ֥א תֹסִ֛יפוּ לִרְאֹתָ֥ם ע֖וֹד עַד־עוֹלָֽם׃ יד ה’ יִלָּחֵ֣ם לָכֶ֑ם וְאַתֶּ֖ם תַּחֲרִישֽׁוּן׃
À aqueles que, no desespero de não vencer a ameaça egípcia, queriam se atirar ao mar Moshe diz para eles não terem medo e por enquanto esperarem pela ajuda Divina posicionados naquele mesmo lugar, sem se atirar no mar.
Para aqueles que queriam voltar para a escravidão no Egito Moshe diz: “os egípcios que vocês estão vendo agora vocês não vão ver nunca mais”.
Para aqueles que queriam morrer lutando Moshe responde “Hashem (D’us) vai lutar por vocês.
E para aqueles que queriam rezar Moshe pede para eles ficarem em silêncio, não há necessidade de rezar.
Ou seja, nada depende do nosso mérito agora, o tamanho desse milagre que vai acontecer é desproporcional ao mérito das nossas rezas nesse momento.
A explicação do Rebe
O Rebe nos conta que a palavra Torá deriva da palavra hebraica Hora’á, que significa ensinamento.
Cada relato na Torá é uma lição para cada um dos judeus em cada uma das gerações. Há muito a aprender da leitura do Midrash sobre a divisão do Povo Judeu em quatro grupos diante do Mar.
As reações do povo quando se viu aprisionado – pelo Mar, de um lado, e pelo exército egípcio, de outro – é uma lição para cada um de nós sobre como lidar com os obstáculos e as adversidades da vida.
Apesar dos milagres que tinham testemunhado no Egito, não há dúvida de que os judeus tinham boas razões para temer quando o exército egípcio se aproximava deles.
Seria praticamente impossível cruzar o Mar, ainda que alguns conseguissem salvar-se, certamente as crianças e os bebês se afogariam.
E se optassem por enfrentar o exército egípcio, eles provavelmente seriam aniquilados. Afinal, não era o Egito a superpotência da época? Escravos fugitivos não se comparavam às forças bem equipadas do exército egípcio.
Ao se depararem com a morte, os judeus se dividiram em quatro facções. O primeiro grupo defendia o suicídio. Argumentavam que era melhor afogar-se do que ser morto em batalha ou ser capturado e levado de volta ao Egito.
O segundo grupo queria permanecer vivo a qualquer preço: nem queriam se afogar nem morrer lutando.
O terceiro grupo defendia o martírio: “Como vamos morrer, de qualquer forma”, diziam, “deixem-nos ao menos morrer com dignidade”.
O quarto grupo não queria morrer – nem no mar nem em batalha – mas tampouco queria voltar ao Egito. Como aparentemente não havia nenhuma solução natural para seu suplício, eles argumentavam que a única coisa que os judeus podiam fazer era rezar para D’us e esperar que Ele os salvasse.
Essas quatro abordagens frente a uma situação aparentemente impossível ilustram como quase todos os seres humanos lidam com as adversidades que lhes parecem intransponíveis.
Algumas pessoas querem se jogar ao mar, metaforicamente, e, às vezes, até literalmente. Elas entram em desespero e desesperança.
Outras, que D’us os livre, até contemplam o suicídio. No mínimo, retiram-se do mundo como forma de se retirar da realidade.
Um segundo grupo lida com a adversidade se rendendo à situação. Essas pessoas se submetem à situação ou à pessoa que as está ameaçando. E fazem quaisquer sacrifícios – de fato, até sacrificam sua própria liberdade – em troca da vida. Metaforicamente, preferem continuar escravos do Faraó a ter que enfrentar suas legiões e arriscar sua vida ou sua integridade física.
Para essas pessoas, é melhor viver acorrentadas do que correr o risco de se afogar ou morrer no campo de batalha. Tais pessoas conciliam, chegam a acordos e se subjugam. Elas farão qualquer coisa para evitar uma briga, mesmo se isso implicar em abrir mão de sua liberdade, seus valores, sua dignidade e crenças mais valiosas.
Há um terceiro grupo de pessoas que é a antítese do segundo. Essas adoram uma briga. Vivem para brigar. No que lhes diz respeito, quando surge um obstáculo, este tem que ser vencido pela força. Se um inimigo se impõe, este tem de ser derrotado. Diante de um problema, sua reação é preparar-se para uma luta. Essas pessoas não acreditam no meio-termo, nas negociações e, certamente, na conciliação.
Quem pertence a esse grupo geralmente despreza quem faz parte dos outros dois. Para eles, a ideia de ceder sem lutar – ou pior, se autodestruir – é absurda.
As pessoas que pertencem ao terceiro grupo às vezes até gostam de problemas e obstáculos. Afinal, é sua chance de exercitar seus músculos, de mostrar como são poderosas, mesmo que elas, também, tombem em meio à batalha.
Seu lema, como Sansão, é: “Que eu morra com os filisteus” (Juízes 16:30). “Pode ser que eu tombe”, argumentam, “mas farei tudo para que também caiam meus inimigos”. “Os exércitos do Faraó podem mesmo me vencer”, dizem, “mas eles, também, sentirão o gosto de sangue e cairão mortos”.
Há um quarto grupo de pessoas: aqueles que creem que a reza é a resposta para todos os problemas. “Como D’us é Onipresente e Onipotente”, raciocinam, “Ele pode bem cuidar de todos os meus problemas”.
Tais pessoas obviamente não pertencem ao primeiro grupo de pessoas, pois quem tem uma profunda fé em D’us não se desespera.
Eles também não pertencem ao segundo nem ao terceiro grupo, pois não creem em submissão nem em confrontação. Somente creem no poder da reza, em invocar a ajuda de Hashem.
A Torá nos conta que D’us não aprovou as abordagens de nenhum dos quatro grupos – nem mesmo do quarto grupo. Pelo contrário, D’us diz a Moshé: מַה־תִּצְעַ֖ק אֵלָ֑י דַּבֵּ֥ר אֶל־בְּנֵי־יִשְׂרָאֵ֖ל וְיִסָּֽעוּ
“Por que você está gritando para mim? Fala para os filhos de Israel seguirem em frente!”.
Isolamento, submissão e confrontação
Não é difícil entender por que a Torá rejeita a abordagem que diz que a maneira de lidar com os obstáculos é se atirar ao mar.
O ser humano nunca deve ceder ao desespero. Enquanto estivermos vivos, sempre haverá esperança.
Acreditar em D’us significa acreditar que Ele tudo pode, inclusive arrancar alguém da mais difícil das situações.
De fato, como ensina o Talmud, a vida é uma gigantesca roda-gigante: a sorte da pessoa pode estar embaixo, hoje, mas pode estar no alto, amanhã.
Na verdade, quando alguém chega ao fundo do poço, geralmente é sinal de que sua sorte está prestes a mudar.
A história de Yossef, filho de nosso Patriarca Yaacov, é um exemplo disso: ele, que ficou durante 12 anos nas prisões egípcias, tornou-se o Vice-Rei do Egito – o governador de fato daquela que era a superpotência da época.
A própria história de Pessah nos ensina que é possível a sorte da pessoa dar uma reviravolta.
Nós, o Povo Judeu, que fomos um povo escravo e oprimido, sujeito a torturas e genocídio, fomos libertados pela Mão de D’us, que nos tirou do Egito e nos levou ao Monte Sinai, onde Ele nos escolheu como Seu povo e nos deu a Sua Torá.
Yossef se tornou Vice-Rei do Egito porque ele não se desesperou na prisão egípcia. Os judeus se tornaram o Povo Eleito porque não se assimilaram, apesar de todo o sofrimento que nos foi imposto nas centenas de anos em que vivemos no Egito.
A Torá condena todas as formas de autodestruição – física, espiritual, psicológica, emocional, social, econômica ou cultural. Obviamente, há várias formas de “se atirar ao mar”.
Algumas pessoas, incapazes de lidar com o mundo, atiram-se em um mar de vida religiosa. Essa é sua maneira de cortar todo o contato com um mundo que lhes parece negativo ou desagradável.
A Torá não tolera esse comportamento, ensinando-nos que o judeu deve ser proativo no mundo.
Se D’us quisesse que todos os judeus se trancassem dentro de uma sinagoga ou Casa de Estudos, sem nunca de lá sair, Ele não teria enviado suas almas à Terra.
Se estamos aqui neste mundo, há um propósito nisso. Ser um reino de sacerdotes e uma nação santificada significa envolver-se no mundo e ter uma influência positiva sobre o mesmo.
A Torá não deseja que nos afastemos da escuridão, mas sim, que iluminemos o mundo. De fato, podemos e devemos nadar no “mar do Talmud”.
Mas o que não podemos fazer é nos afogar nele. Com raríssimas exceções, o Povo Judeu não se pode imergir totalmente no estudo da Torá e negligenciar o mundo, porque isto também é uma forma de suicídio.
Muitas pessoas, temerosas, ou que não desejam enfrentar as “legiões do Farão”, atiram-se ao mar, e, consequentemente, deixam de contribuir para o Povo Judeu e o mundo, em geral.
A Torá também condena a abordagem do segundo grupo de judeus diante do Mar – aquela que defendia que o povo devia voltar ao Egito.
D’us criou o homem para ser livre. O próprio tema de Pessach é o fato de termos sido escravos, mas quando D’us nos libertou, nós nos tornamos Seus servos apenas – e de mais ninguém.
Voltar ao Egito significaria desistir – por inércia ou medo. Significaria escolher a sobrevivência em vez de escolher uma vida plena e livre. Significaria não assumir os riscos da vida.
Os judeus que apoiaram a ideia de voltar ao Egito preferiam viver como escravos a lutar e arriscar sua vida. Para eles, a única coisa que importava era continuarem vivos.
Essa atitude de submissão – de ceder, de conciliar – se aplica tanto a indivíduos quanto a grupos de pessoas. Muitos indivíduos e minorias costumam sacrificar sua identidade, seus valores e mesmo sua dignidade, apenas para preservar a vida.
A sobrevivência física vem às custas de todo o resto. Pessoas submissas toleram e apaziguam os faraós do mundo. Elas suportam opressão, brutalidade e injustiça porque têm medo de confrontar um inimigo a quem julgam ser muito mais forte do que elas. Seu lema é: Melhor viver como escravos do que morrer como homens livres.
Os judeus que pertenciam ao terceiro grupo – aqueles que desejavam enfrentar os egípcios no campo de batalha – podem parecer mais honrados do que os outros dois. Mas lutar geralmente não é a abordagem correta face aos obstáculos e inimigos.
Há quem adore uma briga. Essas pessoas querem lutar com todos e com tudo: todos os inimigos – imaginários ou reais, todas as ameaças e mesmo qualquer ideia ou ideologia que eles desaprovem.
Geralmente, a bravura dessas pessoas nos deslumbra. Nós os julgamos valentes e fortes. Os judeus foram pisoteados pelo mundo durante tanto tempo que muitos de nós se deslumbram com aqueles que enfrentam nossos inimigos.
Mas muitas pessoas querem lutar apenas porque anseiam pela confrontação e guerra. Tais pessoas, especialmente se estiverem convencidas de que estão absolutamente certas e que D’us está a seu lado, lutarão incansavelmente contra qualquer pessoa ou coisa que julguem estar em seu caminho.
Contudo, há uma diferença enorme entre lutar porque não há outra saída e lutar pelo prazer de lutar. A luta pela preservação da vida, da liberdade e da dignidade está sancionada pela Torá. A luta pela emoção da luta, pela glória ou como um canal para o ódio é o oposto do judaísmo.
Como ensinam nossos Sábios, o propósito da Torá é trazer paz ao mundo. Somente usamos as armas quando necessário. Como disse, certa vez, um de nossos grandes Mestres, a missão do Povo Judeu é trazer luz ao mundo. Se o Povo Judeu apenas se dedicasse a combater seus inimigos – vingando-se daqueles que nos fizeram mal ou estivesse constantemente em batalha contra os que nos odeiam ou a nós se opõem – nosso povo não teria tempo para nada mais.
Nós, judeus, quer individual quer coletivamente, temos importantes tarefas a cumprir neste mundo. Não poderemos realizar nossa missão se estivermos ocupados lutando contra todos aqueles que nos odeiam.
A Torá não tolera a abordagem de atirar-se ao mar ou de voltar ao Egito ou, ainda, de lutar contra os egípcios. Mas, por que também rejeita a abordagem do quarto grupo de judeus – cuja solução ao terrível dilema foi rezar?
Não deveria ser essa a recomendação da própria Torá? Como a Torá é a Vontade e a Sabedoria Divina, sua mensagem a todos os seres humanos seria que se alguém tem um problema, esse alguém deve encaminhá-lo a D’us, especialmente se for humanamente impossível solucioná-lo. Por que teria D’us rejeitado a abordagem até mesmo da quarta facção, diante do Mar de Juncos?
Ação ou oração?
A Torá ordena ao judeu rezar todos os dias de sua vida. A reza tem importância fundamental no judaísmo.
A Guemará nos conta que a reza é uma das coisas de importância máxima no mundo que, no entanto, as pessoas não levam a sério. As rezas são o canal pelo qual o homem canaliza as bênçãos Divinas para o mundo.
Mas, ainda assim, não substituem a ação. A oração ajuda em todas as situações, mas o homem tem de se empenhar para aperfeiçoar a si próprio e ao mundo.
Não podemos recusar-nos a tomar um remédio esperando a cura e deixar tudo por conta da oração no lugar da ação de tomar o remédio.
Não podemos recusar-nos a ir ao trabalho e confiar na oração para termos como pagar as nossas contas.
Não podemos recusar-nos a ir para o campo de batalha e confiar na oração para que D’us aniquile nossos inimigos.
É verdade que às vezes esses milagres acontecem. Às vezes, as pessoas são curadas, por milagre. Quando os judeus estavam no deserto, o maná caía do céu.
E como nos ensina o Tanah, às vezes, em resposta à nossas rezas, nossos inimigos são destruídos sem a necessidade de guerrearmos.
Mas, tudo isso são exceções. Nós não somos nem profetas nem grandes Tzadikim. Tomamos remédios quando estamos enfermos, trabalhamos e, quando necessário, pegamos em armas, e rezamos para que os medicamentos façam efeito, para que tenhamos sucesso em nossos empreendimentos e que saiamos vitoriosos da guerra.
A oração não substitui a ação
A reza ajuda imensamente, mas com raras exceções, não substitui o empenho humano.
E como a Torá foi escrita para todos, não apenas para os profetas. E para todas as épocas, não apenas para ocasiões especiais, ela nos ensina que a oração por si só, sem ação, não é a resposta para os obstáculos da vida, como disse Hashem para Moshe:“Por que você está gritando (rezando) para mim?” – “Diga ao povo que siga em frente!”
“Como podemos seguir em frente?”, o povo pergunta. “Sigam em frente”, D’us lhes diz. “Façam a sua parte e eu farei a Minha”.
O Povo Judeu de fato seguiu em frente e o obstáculo se tornou um milagre – na verdade, um milagre duplo: pois não apenas o Mar se partiu, salvando os judeus, mas também voltou a seu estado natural após o último judeu tê-lo atravessado, afogando todos os egípcios, que ainda estavam em seu interior.
O obstáculo, o Mar de Juncos, Yam Suf, acabou revelando-se um milagre que salvou nosso povo de nossos inimigos, garantindo sua liberdade.
Esta história é verdadeira e vem sendo contada há milhares de anos, geração após geração, e inspirou inúmeras pessoas – judeus e não judeus.
“Sigam em frente”
O tema principal de Pessah é a liberdade, que, para o Povo Judeu, aconteceu em estágios. Primeiro vieram as Dez Pragas, a seguir a saída do Egito, e por fim, o milagre da divisão do Mar de Juncos. Esses relatos e as lições que deles tiramos servem para todos os tempos e para todas as pessoas.
No decorrer de nossa vida, enfrentamos obstáculos – externos e internos. Ao longo de nossa história, nós, judeus, enfrentamos muitos faraós, muitas legiões egípcias e muitos Mares de Juncos.
Alguns judeus se atiraram ao mar, outros “voltaram ao Egito”, outros, ainda, decidiram que a solução para lidar com um mundo hostil era a luta, e outros concluíram que tudo que podiam fazer era rezar e esperar pelo melhor.
Mas a melhor abordagem tem sido a que é recomendada pela Torá: seguir em frente.
Apesar de todos os nossos inimigos e de todo o sofrimento e perseguição, e mesmo apesar do Holocausto, o Povo Judeu seguiu em frente.
Na esteira das grandes tragédias, seria compreensível se os judeus tivessem cometido suicídio nacional – abandonando o judaísmo – ou “voltado ao Egito” – através da assimilação.
Teria sido compreensível se o Povo Judeu se tivesse dedicado inteiramente a se vingar contra todos os responsáveis pelo Holocausto. Os judeus poderiam ter permanecido na Europa e recorrido à violência e terrorismo para vingar o sangue de sete milhões de seus filhos.
Ou poderiam ter concluído que como somos um povo pequeno, não há nada a fazer além de rezar nas sinagogas e pedir pela vinda do Mashiah.
No entanto, ao longo de nossa história, e especialmente após o Holocausto, nós, o Povo Judeu, decidimos seguir em frente.
A ordem Divina de seguir em frente se aplica ao Povo Judeu como um todo, e também a cada judeu em particular e a cada ser humano. Precisamos constantemente seguir em frente, mesmo diante de um Mar de Juncos, de nosso Yam Suf particular.
E quando seguimos em frente, os obstáculos não apenas se desfazem – eles não só se transformam em milagres, mas mais do que isso, eles se transformam na nossa própria salvação, como vimos que o maior obstáculo da nossa história que foi o Mar Vermelho se tornou a nossa maior salvação, mais do que as dez pragas do Egito. E isso acontece para cada um de nós .
Seudat Mashiah
Um dos mais importantes elementos de Pêssah, a festa que celebra a liberdade do povo judeu, é que serve como uma preparação para a completa e eterna Redenção, através da vinda de Mashiah.
Assim, o versículo declara: “Revelarei maravilhas [ao tempo da Redenção Final que serão] similares [àquelas que foram reveladas] ao tempo do êxodo do Egito.” De fato, o êxodo do Egito tornou possíveis todas as redenções subsequentes, bem como tornará a final.
Os primeiros dias de Pêssah estão mais relacionados ao êxodo do Egito, enquanto que os últimos dois estão conectados à Redenção final. Isto também pode ser observado através da leitura da Haftará durante os dois últimos dias.
A Haftará do sétimo dia de Pêssah é a Canção de David, pois neste dia (bem como no último dia de Pêssah), há uma referência à Mashiach, descendente de David. Acontece principalmente a respeito da Haftará no último dia, a qual fala diretamente sobre a Gueulá, a nossa futura Redenção.
Durante estes dois últimos dias de Pêssah, a maior ênfase na Redenção final encontra-se no último dia, Aharon shel Pêssah, quando a Haftará fala aberta e longamente sobre a Redenção futura, e sobre a personalidade do próprio Mashiah, condutor do mundo àquele tempo, e da saída do exílio de todos os judeus.
Incluindo a Gueulá das dez tribos perdidas e de todos os judeus misturados com os outros povos.
O Que é a Seudat Mashiah?
Seguindo uma tradição instituída pelo Baal Shem Tov, os judeus de todo o mundo celebram as últimas horas de Pêssah com uma Seudat Mashiah (Refeição do Mashiah), um banquete que celebra a revelação Divina que ainda está por vir.
Por que celebramos?
No último dia de Pêssah, lemos versículos do livro de Yeshayahu como haftará.1 Essa leitura inclui muitas profecias maravilhosas sobre a era de Mashiah.
A profecia nos fala sobre um líder à quem “a presença Divina vai pairar. Uma inspiração Divina de sabedoria e entendimento, uma inspiração Divina de conselho e heroísmo, uma inspiração Divina de conhecimento e temor a D’us”.
Além de trazer paz à humanidade (“ele julgará o pobre com justiça, e castigará com equidade os humildes da terra”), a paz e a compreensão Divina se estenderão a todas as criaturas de D’us: “E o lobo morará com o carneiro, o leopardo se deitará com o cabrito… e uma criança pequena os guiará.”
O Baal Shem Tov, fundador do movimento hassídico, foi o primeiro a celebrar essa refeição, de portas abertas, permitindo a entrada de todos que quisessem participar.
O sexto Rebe de Lubavitch explicou que no último dia de Pêssah o esplendor de Mashiah já está brilhando.
A Seudat Mashiah (Refeição de Mashiah) é realizada após a reza da tarde no oitavo dia de Pêssah.
Em Israel, onde Pêssah é celebrado durante sete dias, a Seudat Mashiah é realizada no sétimo dia.
A celebração costuma se estender até o anoitecer, despedindo-se de Pêssah em meio a canções, palavras de Torá e inspiração
Em 1906, o rabino Shalom Dov Ber, de Lubavitch, incorporou quatro copos de vinho e Matzá na Seudat Mashiah em espelhando o Seder realizado na semana anterior. Geralmente servem-se frutas, saladas, vinho, suco de uva e Matzá.
Pós Pêssa’h
A mensagem que nos acompanha o ano inteiro
Já passamos pelo Sêder e hol Hamoed, “Dias Intermediários”, e pelos dois últimos dias da comemoração de Pessa’h, a festa de nossa liberdade, e fim: só ano que vem (que seja em Jerusalém, se D’us quiser!).
O Sêder, no qual nos reunimos com nossa família e narramos a história do Êxodo: a escravidão dos israelitas no Egito e finalmente sua libertação é o ponto central desta festa única celebrada pela maioria dos judeus em todas as épocas.
É um ritual que jamais perdeu seu poder de capturar a imaginação. Não se trata de um mero relato que acompanhamos na Hagadá, sobre os eventos e milagres ocorridos no Êxodo de nossa história, há muito tempo e num lugar distante.
Trazemos a história à nossa mesa e contamos e explicamos a nossos filhos, em todas as gerações, colocando ingredientes simbólicos repletos de conteúdo e significado em nossa keará.
“Ma nishtana..”, “porque esta noite é diferente de todas as outras noites”, trazem lembranças de nossa infância quando podemos visualizar na memória nossos pais ou avós sentados com toda a família ao redor da mesa do Sêder de Pessa’h.
Mas o Sêder é apenas o início. Provamos as ervas amargas da escravidão. Bebemos quatro copos do vinho da liberdade. É como se estivéssemos ali. Em lugar algum isso é mais dramaticamente focalizado do que nas palavras de abertura do serviço. “Este é o pão da aflição que nossos ancestrais comeram na terra do Egito.” A esta altura, o passado e o presente se juntam num desafio às categorias normais do tempo. O serviço do Sêder não é só recordação, mas principalmente renovação.
Os judeus têm uma história mais longa e mais notável que a maioria. Foram os primeiros a encontrar D’us na história e a verem no fluxo do tempo não a mera seqüência de eventos, mas uma narrativa coerente.
Uma fé baseada em fatos históricos. Nenhum povo jamais insistiu mais firmemente que os judeus de que a história tem um propósito e a humanidade um destino.
A palavra história em hebraico foi adaptada, era inexistente, pois para o judaísmo história é memória. A história é aquilo que aconteceu com outra pessoa.
A memória é aquilo que aconteceu para mim. A memória é a história interiorizada, o passado transformado em presente por aqueles que o revivem.
Através da identificação pessoal com os momentos importantes do passado, eles se tornam parte daquilo que nos faz ser exatamente quem somos.
Tornamo-nos personagens de uma história contínua que começou antes de nascermos e continuará depois de termos deixado de ser. Nesse sentido, Pêssach é a festa na qual a história se torna memória.
O resultado é que a história do Êxodo continuou, no decorrer de sucessivas gerações, a incentivar as pessoas na luta pela liberdade.
A outorga da Torá, a chegada a Terra Prometida, o levante do Gueto de Varsóvia, o florescimento de Israel como povo e nação, nossa luta contra a assimilação através do fortalecimento de nossos valores são marcas vivas, passadas e atuais, de nossa liberdade, do direito de não esquecer e revitalizar a memória, manter a chama sempre acesa.
Se devemos prezar a liberdade e guardá-la, devemos lembrar à nova geração esta alternativa: o pão da aflição foi conseguido à base de luta e sofrimento: não com vingança ou ódio, mas simplesmente para saber o que é suficientemente importante para exigir constante vigilância.
Quem tem fome que venha! Junte-se a nós. Seja humilde como a matsá, mas importe-se: seja suficientemente ambicioso para refrescar sua memória. Busque na comunidade aulas de Torá, fale com seu rabino, reuna-se com grupos jovens judaicos e traga mais um amigo, estude em escolas judaicas ou coloque seu filho em uma. Esta é a lição de Pêssach após Pêssach: a memória é o nosso melhor guardião da liberdade.
O Primeiro Shabat Após Pêssa’h
No primeiro Shabat após Pêssa’h fazemos uma halá em forma de chave ou colocamos uma chave dentro da massa antes de assá-la
Este costume também é conhecido em Yidish como “Chalá Shlissel” (chave).
Inserimos uma chave, ou moldamos nossas halot como uma chave, para significar que entendemos nossas necessidades básicas na vida assim como nossos confortos como criaturas são armazenados para nós nos céus, atrás de portões trancados.
Tudo que precisamos fazer é pedir a Hashem, o Porteiro Celestial, para abrir os portões e encher nossas casas com bênçãos.
Esta é uma época bastante adequada para isto, pois foi na primavera, logo após Pêssa’h que nosso povo finalmente entrou na Terra de Israel. Foi um tempo de transição nas estações assim como na maneira pela qual recebemos nosso sustento.
Estivemos comendo o presente Divino, o maná que caía dos Céus sem nossa mínima intervenção ou esforço e agora tínhamos de começar a comer o fruto da terra, alimento que seria o resultado direto de nosso próprio esforço de amassar a farinha com ingredientes e deixar a massa crescer por horas…
Ao colocar uma chave dentro da Halá ou fazer em formato de chave, a nossa halá na mesma época do ano em que ocorreu a mudança de receber o maná que caía dos céus e passar a amassar e fazer a halá com nossas próprias mãos e esforço, estamos dizendo que a chave para ambos pertence a Hashem.
E assim como Ele destrancou os portões do sustento para nos prover naqueles dias no deserto, que Ele nos abasteça com nossas necessidades agora, onde quer que estejamos.
לא תם ולא נשלם