עילוי נשמה
לעילוי נשמת
מיכאל מאיר בן רפאלה Miguel Meir ben Rafaela
Vida após a morte
Existe céu? Existe inferno? O judaísmo acredita em reencarnação? Os mortos ressuscitam ?
Quando um ente querido falece costumamos rasgar a roupa demostrando dessa maneira que o corpo é uma simples vestimenta da alma.
Não morremos mas simplesmente trocamos de roupa.
Nós somos a Alma, uma Alma linda. Para interagir neste mundo nos revestimos em um corpo.
Com o passar da nossa estadia neste mundo nossa alma fica casa vez refinada, jovem e reluzente. Nosso corpo envelhece.
Quanto mais a alma se refina mais o corpo se desgasta, até chegar a hora em que o diamante lapidado já não tem mais como conviver com os seus resquícios e corpo e alma se separam.
Nossa Alma linda chega ao tribunal Divino. De acordo com o julgamento do tribunal Divino três caminhos se abrem a nossa frente.
O baixo paraíso situado no mundo da Yetzirá, um mundo acima do nosso, onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres neste mundo.
Acima dele está o alto paraíso que se encontra no mundo da Briá, dois mundos acima do nosso. Uma hora no Olam Habriá equivale a setenta anos no Olam Hayetzirá.
Uma hora no Olam Hayetzirá equivale a setenta anos dos maiores prazeres neste mundo, faça as contas para o Olam Habriá!
Existe inferno no judaísmo?
O conceito inferno (guehinom) foi tirado do judaísmo e depois pegou uma forma mitológica na cultura ocidental, sendo que na mitologia tinha o deus do bem e o deus do mal e cada um tinha o espaço eterno dele.
Então a ideia de mal eterno e um inferno regido pelo diabo foi mais um dos inúmeros conceitos mitológicos que entraram na cultura ocidental deturpando um conceito Judaico.
Sendo que D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem, tudo que é ruim tem um prazo limitado e se extingue ,e no final só prevalece o bem.
Esse inferno existe somente até a chegada do Mashiach. Ele é terceirizado e controlado por anjos da impureza que também,junto com todo esse inferno, não existirão quando Mashiach chegar.
Esse inferno tem limite de doze meses por pessoa, mais do que isso não podemos ficar lá, e por isso falamos a reza do Kadish pelo nosso entre querido somente onze meses, porque é impossível alguém ser tão ruim para ficar todos os doze meses que tem direito a ficar no inferno.
De acordo com o julgamento do tribunal Divino, poderemos Optar entre esse inferno ou nos reencarnar, nascer de novo e ter mais uma chance, e essa é a opção mais comum.
Nosso patriarca Avraham foi perguntado por D’us o que ele escolhe para os seus filhos, exílio ou inferno. Ele optou por exílio,e por isso o povo de Israel se reencarnou no Egito e sofreu lá.
Como vimos, o conceito inferno em todas as suas ramificações não existirá no futuro sendo que D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem, só prevalece o bem.
A etapa final da trajetória da alma é a ressurreição dos mortos. Nossa linda alma está em um lindo paraíso, por honestidade Divina ela não poderá ressuscitar a não ser que este mundo fique mais paraíso que o alto paraíso, e isso é o que vai acontecer, como diz o Rambam no décimo terceiro princípio da fé Judaica.
Ou seja, o lado espiritual do mundo se revela, o lado espiritual do corpo se revela, e assim, ressuscitados, chegamos ao mais alto nível que é o objetivo da criação, a maior revelação Divina vai ser aqui ,e este mundo se tornará mais paraíso que o alto paraíso !
Mudando de mundo
יְמֵֽי שְׁנוֹתֵ֨ינוּ בָהֶ֥ם שִׁבְעִ֪ים שָׁנָ֡ה וְאִ֤ם בִּגְבוּרֹ֨ת שְׁמ֘וֹנִ֤ים שָׁנָ֗ה וְ֭רׇהְבָּם עָמָ֣ל וָאָ֑וֶן כִּי־גָ֥ז חִ֗֝ישׁ וַנָּעֻֽפָה
O Rei David escreve no Tehilim (Salmos 90/10) que os dias da nossa vida são setenta anos e se forem com Guevurot (durezas) serão oitenta anos. O versículo continua com as palavras “a melhor parte desses dias é gasta com esforço e sofrimento porque esses anos passam rápido e voando”. Vemos que a expectativa de vida mundial também oscila em volta desses números.
O Zohar nos conta que no momento em que a pessoa falece é dada a ela a permissão de ver a dimensão que ela não conseguiria ver antes. Nesse momento ela vê seus parentes e amigos que já estão no Gan Éden, no Paraíso, e eles se revelam para ela com a aparência que tinham nesse mundo para que ela possa reconhecê-los.
Se essa pessoa era um “Tzadik” todos vem alegres ao seu encontro e o cumprimentam com a palavra “Shalom” que quer dizer paz.
A palavra Tzadik tem vários significados. Nesse caso a palavra Tzadik se aplica a uma pessoa que passou pelo julgamento do tribunal Divino e saiu vitoriosa.
A palavra Tzadik em relação a pessoa que está deixando esse mundo se refere ao fato de ela ter saído com de forma justa do seu julgamento, sendo que passamos por esse julgamento no momento em que a Alma deixa o corpo.
Os motivos para ela ter saído vitoriosa do julgamento do tribunal Divino são o fato de ela ter se arrependido em vida das coisas ruins que fez, e por isso ter recebido um grande desconto nos sofrimentos que deveria passar para retificar essas coisas ruins.
Ou também pelo fato de ela ter sofrido “medida por medida” e retificado dessa maneira todo o mal que fez nesse mundo.
E junto com as coisas boas que fez ela tem direito ao Gan Éden que é o Paraíso espiritual. Essas coisas boas nunca se perdem, a não ser que a pessoa tenha se arrependido profundamente de tê-las feito, o que geralmente não acontece.
Ou seja, a retificação pelas coisas ruins que fizemos são no máximo “medida por medida” e não mais do que isso e não existe castigo eterno. Mas para as coisas boas que fizemos recebemos uma recompensa eterna.
Quando a pessoa falece nessas condições, ela é recebida com muita alegria pelos seus parentes e amigos que vem especialmente do Paraíso para recebê-la.
Mas se ele não foi um Tzadik, as únicas pessoas que se revelam para ele no momento da morte são as pessoas ruins que estão sendo temporariamente atordoadas no “gehinon” que é o lugar da retificação das Almas.
Nesse caso todos aparecem para ele tristes, o recebem com um grito de dor e se despedem com um grito de dor. Ele olha para eles e os vê como fagulhas que sobem do fogo, e ao vê-los ele também dá um grito de dor.
Por isso diz Rabi Shneior Zalman, nosso primeiro Rebe, sempre devemos nos relacionar aos sofrimentos desse mundo com alegria. Porque não existe sofrimento de verdade a não ser o gehinom, e um pouquinho de sofrimentos nesse mundo nos livra dos verdadeiros sofrimentos que são os sofrimentos do gehinom.
Mesmo sendo o gehinom limitado à 12 meses e não mais, a intensidade dele é muito grande e uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores sofrimentos aqui nesse mundo.
Depois que todos os parentes e amigos se encontram com muita alegria com a pessoa que faleceu, levam ela para um passeio lá no mundo de cima e mostram o lugar reservado para ela no Gan Éden, no Paraíso e depois ela volta para o mundo para o enterro do seu corpo.
Rabi Yehuda no Zohar nos conta que após o enterro a Alma ainda continua sete dias nesse mundo, e todos esses sete dias ela vai da sua casa para o seu túmulo e do seu túmulo para a sua casa, e fica enlutada pelo seu corpo que morreu.
Ela se senta dentro de sua casa e vê que todos estão tristes e enlutados, e fica enlutada junto com eles também. Depois de sete dias ela vai para o seu caminho.
Em primeiro lugar ela chega ao túmulo dos nossos três patriarcas. Esse lugar fica na cidade de Hevron em Israel e é chamado de Mearat Hama’hpela.
Lá, diz o Zohar, ela “vê o que vê” e “sobe para o lugar que sobe” até chegar ao Gan Éden HaTahton, ao baixo Paraíso. Lá ela encontra os Kruvim que são os anjos guardiões do Gan Éden. Se ela tem o mérito de entrar eles liberam a entrada dela.
A Alma é comparada à Luz, e para ela usufruir do Gan Éden ela precisa de um corpo que é o receptáculo da luz. Da mesma forma que ela precisou do corpo material para interagir aqui no nosso mundo material ela precisa de um corpo espiritual para usufruir do mundo espiritual, do Gan Éden.
Entrando lá ela se encontra com os Anjos Mihael, Gavriel, Uriel e Refael segurando para ela um corpo espiritual lindo feito pelos mandamentos Divinos que ela cumpriu nesse mundo.
E como aqui no nosso mundo material temos um corpo feito com os elementos básicos que são o fogo, o vento, a água e a terra, lá ela recebe esse corpo espiritual feito para ela com quatro elementos básicos espirituais, e no mérito dos Mandamentos que ela cumpriu.
Ela se reveste nesse corpo com muita alegria, e assim ela entra no Gan Éden HaTahton, no baixo Paraíso onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui. Ela fica lá até subir ao Gan Éden HaElion, o alto Paraíso onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres no Gan Éden HaTahton.
Para entendermos essa passagem do Zohar precisamos primeiro entender o conceito cabalístico de luzes e receptáculos.
Hashem (D’us) é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem. O Zohar chama a revelação Divina de “a luz infinita”. A partir do nível chamado de a “essência Divina” começa uma descida, e a primeira etapa dessa descida é a grande ocultação chamada de “o grande tzimtzum” que é a primeira raiz dos “receptáculos”.
A partir desse nível, cada descida de nível nesse desencadeamento até chegar ao nível no qual possamos surgir como “parte de Hashem” é um paralelo de “luzes” e “receptáculos” até o mundo de Atzilut onde nos tornamos “parte de Hashem”.
Alma animal e Alma Divina
A primeira alma a entrar no nosso corpo é chamada de alma animal e está vinculada ao sangue.
A Guemará nos conta que no momento em que uma mãe engravida é colocado nesse óvulo uma alma animal do nível deste mundo onde o bem e o mal estão misturados.
Essa alma animal está revestida em todo o corpo, mas a principal revelação dela é no sangue, no lado esquerdo do coração que bombeia o sangue oxigenado para todo o corpo.
Sendo que ela é uma alma espiritual, podemos fazer transfusões de sangue, transplante de coração, e mesmo assim ela continua no nosso corpo.
Uma segunda alma é dada à cada judeu e também à quem faz uma conversão kasher ao judaísmo. Ela já estava vinculada à essa pessoa desde que nasceu.
Essa segunda alma é chamada de Alma Divina, Neshamá. No começo ela está no nosso corpo de maneira “envolvente. Ou seja, ela está no nosso corpo mas não está “revestida” nele, e portanto não recebe a influência das coisas “ruins” que fazemos.
Quando uma menina faz doze anos ou um menino faz treze anos, nossa Alma Divina que somos nós próprios, deixa o status de “envolvente” e se reveste na alma animal, e assim tanto a alma animal quanto o corpo se tornam acessórios da nossa Alma Divina.
Toda linguagem na Torá indica um assunto espiritual. Quando D’us coloca essa Alma Divina no primeiro homem é usada a linguagem “soprou”
Diz o Zohar que essa língua é representativa. Quem sopra, sopra o que estava dentro, e quem coloca, coloca o que estava fora. Não está escrito que D’us colocou, mas sim que D’us soprou, nos indicando que essa Alma vem da essência Divina e é definida como sendo “uma parte de D’us”.
Essa Alma é você!
Você que desceu do céu para vencer uma corrida de obstáculos que chamamos de vida, e vai ganhar por próprio mérito um “baixo paraíso” no qual uma hora equivale a setenta anos dos maiores prazeres nesse mundo. Ou, se você se esforçar mais, você vai ganhar um alto paraíso, onde uma hora lá equivale a setenta anos no baixo paraíso.
E tudo isso como prêmio por ter feito o trabalho Divino, meta da corrida de obstáculos.
A Neshamá é pura e linda, cada ano que passa ela fica mais refinada e reluzente por meio do nosso cumprimento dos 613 mandamentos Divinos.
Poderíamos dizer como exemplo que cada ano que passa, enquanto o corpo fica mais velho, a Neshamá fica “mais jovem”.
O povo de Israel é chamado de “O povo escolhido”. Quem participou desse concurso Divino para ser escolhido? Nossa Neshamá não poderia ter participado, sendo que ela é diferente das almas dos povos do mundo.
Quem se parece com os povos do mundo? Nosso corpo! Ele foi escolhido! E o que ele ganhou com essa escolha? Ele ganhou Kedushá, ganhou santidade!
Quando cumprimos um Mandamento Divino ele recebe Kedushá, ele recebe santidade!
A cada Mandamento Divino que cumprimos, nosso corpo e nossa alma animal se tornam mais sagrados e refinados. No futuro, quando ressuscitarmos esse nosso mundo material vai se tornar mais alto Paraíso do que o alto Paraíso, vamos usufruir do mais alto nível que é chamado de Keter de Atzilut
Sendo que esse nível de revelação está acima da raiz da nossa Alma Divina, só conseguiremos usufruir desse nível tão elevado por meio do nosso corpo e da nossa alma animal, sendo que a raiz deles é o mundo do Tohu que está acima da raiz da nossa Alma Divina.
Com o fenômeno espiritual da “quebra dos receptáculos” do mundo de Tohu tanto nossa alma animal quanto nosso corpo se tornaram “luzes caídas”, mas mantendo o vínculo com a sua raiz, e por isso vamos precisar deles no futuro como um filtro para podemos usufruir da intensidade dos prazeres do Keter de Atzilut
Transmigrações da Alma
Nossa Neshamá se reencarna quantas vezes for necessário até cumprirmos todos os 613 mandamentos Divinos, e de cada um desses Mandamentos que cumprimos surge um novo sentido no corpo espiritual que receberemos para podermos usufruir do mundo de cima, do Gan Éden.
Da mesma forma que para usufruirmos desse nosso mundo material precisamos de cinco sentidos, para usufruirmos do Gan Éden precisaremos lá de 613 sentidos, sendo que a intensidade dos prazeres do Paraíso espiritual é imensamente maior do que a intensidade dos prazeres desse mundo material e por isso Hashem D’us nos deu 613 mandamentos na Torá.
Diz o Ari Zal que por esse motivo temos que nos reencarnar até cumprir todos os Mandamentos Divinos, para não nos faltar nenhum desses sentidos no próximo mundo.
תם ולא נשלם