Vivendo com Zohar Parasha 5783

Matot

Nossa Parashá nos conta que quando alguém faz uma promessa ou um juramento que não consiste em uma coisa proibida pela, Torá ele tem a obrigação de cumprir com a sua palavra.Por isso o ideal é sempre dizer “Bli Neder” (sem promessa) quando prometemos alguma coisa, para deixar claro que não estamos fazendo uma promessa ou um juramento.Porque uma promessa de fazer algo que a Torá proíbe não é levada em conta e continuamos proibidos de fazer aquilo que a Torá proíbe?Simples: Sendo que um juramento não tem a capacidade de anular outro, e nossa Alma antes de descer para o corpo já jurou lá em cima que vai cumprir todos os mandamentos Divinos, consequentemente um juramento de fazer algo contra a vontade Divina não é válido.Mesmo que pela Torá é permitido jurar, nossos Sábios recomendam não fazer juramentos ou promessas.Então, lembre-se : quando prometer alguma coisa, NUNCA se esqueça de falar “Bli Neder.

Mass’ei

Nossa Parashá nos conta que alguém que matou uma pessoa acidentalmente também é chamado de assassino.

O “Assassino sem intenção” não é condenado à morte como o assassino com intenção, mas recebe um castigo de exílio em uma cidade de refúgio que foi feita para esse fim e geralmente era habitada pela tribo de Levi que não tinha terra própria .

O castigo dele era ficar lá até o Cohen Gadol (sumo sacerdote) falecer e o versículo diz que “depois da morte do Cohen Gadol o assassino pode voltar à sua terra”.

Surge a pergunta:

Porque a Torá continua chamando ele de assassino se de acordo com a própria Torá depois da pessoa ter recebido o castigo neste mundo sua transgressão é apagada no tribunal Divino ?

No começo ele é chamado de assassino porque a regra da Torá é que coisas boas acontecem por meio de pessoas boas, e coisas ruins por meio de pessoas ruins. O fato de a morte acidental ter acontecido por meio dele justifica o adjetivo assassino.

Depois que ele cumpre sua pena, se tornando por meio disso um Tzadik, diz a Torá: “Depois que morrer o Cohen Gadol voltará o assassino para a terra da sua herança”. A linguagem é estranha! Porque a Torá continua chamando ele de assassino mesmo depois de ele ter cumprido sua pena?

Assassinato por falta de reza

A Guemará em Macot 11b nos conta que o Cohen Gadol na função de sumo sacerdote deveria rezar para que esses acidentes não acontecessem, e o fato de ter acontecido demonstra que o Cohen esqueceu de rezar para isso

Assassinato por meio de reza

A consequência automática disso é uma reza contrária, o exilado reza para que o Cohen Gadol morra rápido para que ele possa sair do exílio e voltar para a sua família.

Por isso ele é chamado novamente de assassino, por ter causado a morte do Cohen Gadol por meio de suas rezas, nos ensinando que uma reza não só que pode salvar alguém mas pode também matar alguém

Anulando uma reza assassina

A mãe do Cohen Gadol levava para esses exilados roupas e comida para que eles não desejassem o mal da sua família, e esse era o jeito dela de anular essa propensão de reza.

Ou seja, depois que ele recebeu dela roupas e comida, ele só iria desejar o bem dela e dar todas as bênçãos para essa família.

Conclusão : sempre temos que rezar e pedir pelas pessoas próximas a nós para que nada de ruim aconteça por meio delas e também sempre ajudar à quem está ligado à nós para que todos sempre desejem o nosso bem.

Quarenta e duas viagens

O povo de Israel fez quarenta e duas viagens entre a saída da escravidão no Egito e a milagrosa entrada na “Terra Prometida”.

O que há por trás das quarenta e duas viagens que nos dá a obrigação de nos lembrarmos delas todos os anos quando lemos Parashat Mass’ei na Torá ?

O Baal Shem Tov nos revelou que cada Judeu e Judia tem um itinerário de viagens planejado lá de cima para percorrer durante sua vida

A Torá nos conta sobre quarenta e duas viagens que o povo de Israel teve que fazer entre a saída do Egito e a chegada à terra de Israel.

Diz o Baal Shem Tov que o objetivo dessas viagens era para elevar pequenas “Revelações Divinas”, que chamaremos de “Centelhas Divinas”.

Quando damos um exemplo sobre a Revelação Divina comparamos ela à uma grande Luz, por isso essas pequenas revelações são comparadas à pequenas centelhas.

O objetivo dessas 42 viagens era fazer um “Tikun”, uma “reparação”, um conserto espiritual nesses lugares por onde eles passaram que consistia em elevar essas “Centelhas Divinas”.

Em cada lugar eles acamparam, mas ficaram somente o tempo necessário para fazer o “Tikun” e elevar as “Centelhas Divinas” daquele lugar.

O Baal Shem Tov diz que cada Judeu e Judia tem um circuito de viagens pré destinadas durante toda a sua vida.Tudo é pré determinado até os pequenos detalhes.

Onde vai morar, onde vai trabalhar, para onde vai viajar, onde vai passar uma semana, onde vai passar um ano, onde vai morar mais ou menos tempo.

Um detalhe interessante é que tanto no lugar onde o povo de Israel acampou por um só dia quanto no lugar onde eles acamparam por dez anos eles montaram o Mishkan como se fossem ficar lá a vida inteira, nos ensinando que mesmo sabendo que Mashia’h pode chegar hoje, mesmo assim devemos nos comportar de maneira natural como se tivéssemos que ficar aqui a vida inteira.

Nossas viagens

Somos chamados de Sefaradim (Judeus Espanhóis) ou Ashkenazim (Judeus Alemães). Mas nossos avós não vieram da Espanha mas sim de países Árabes. Somos Sefaradim só de nome porque em Portugal e na Espanha já não havia comunidade judaica nos últimos quinhentos anos. E a grande maioria dos Ashkenazim não veio da Alemanha, mas sim da Europa oriental.

Ou seja, na Síria e no Líbano sabíamos que éramos Sefaradim (espanhóis) e não libaneses. Nenhum de nós pertencia nem mesmo ao próprio país de onde vinha, demonstrando explicitamente a locomoção do nosso povo

Ninguém mais pode voltar para a Síria ou para o Líbano nem para visitar, e ninguém vai querer morar na Polônia ou na Romênia que no passado foram comunidades judaicas enormes

Os Judeus que foram expulsos de Recife em 1654 fundaram Nova York e eram chamados de Sefaradim, em 1824 Judeus vindos do Marrocos fundaram a Sinagoga de Belém e também eram chamados de Sefaradim.

Temos uma aparência Européia ou Árabe, mesmo sendo Judeus brasileiros, e essa é a marca registrada de que somos turistas em qualquer país onde vivemos, “Trade Travellers”, “Turismo de negócios”

Pensamos que tudo o que fazemos estamos fazendo para nós próprios, mas na realidade por trás de tudo está D’us causando nossas mudanças para que possamos elevar essas “Centelhas Divinas” espalhadas pelo mundo.

E assim fazemos todos os consertos, ”Tikunim”, que nossa Alma precisa fazer nesse mundo em um limite de viagens pré determinado.

Achamos que conseguimos um emprego melhor e subimos na vida, depois vamos para a China comprar mercadoria e voltamos para cá para vender a mercadoria, pensamos que somos espertos e lucramos!

Mas simplesmente é D’us que está causando tudo isso para que cada um possa elevar a sua parte do mundo, a parte que está na sua responsabilidade.

Por isso que sobre a saída do Egito está escrito que deixamos o Egito como uma armadilha sem isca, ou como as fossas oceânicas que não tem peixes

Ou seja, tiramos do Egito a “isca” espiritual que nos atraiu para lá que na verdade eram 210 “Centelhas Divinas” que elevamos lá, e o mesmo estamos fazendo aqui e agora!

Está esclarecido nos livros sagrados que como consequência da “Quebra dos receptáculos, conceito cabalístico que se refere a um fenômeno espiritual acontecido antes da criação do mundo, caíram 288 Nitzutzot, “Centelhas Divinas” nesse nosso mundo material chamado pela kabala de “o mundo do conserto”.

Nos anos da fome, na época em que Yossef era o vice rei do Egito antigo, pessoas de todas as terras trouxeram ao Egito dinheiro, ouro, prata e etc, e com esse dinheiro compraram trigo e mantimentos,e assim, por meio desse dinheiro Yossef o Tzadik reuniu no Egito essas Nitzutzot para que o povo de Israel pudesse elevá-las.

E realmente assim aconteceu, a maior parte delas se elevou, como está escrito “e também erev rav”.

A palavra “rav” tem o valor numérico de 202 representando 202 Nitzutzot matrizes. Sobraram ainda 86 Nitzutzot cujo valor numérico é equivalente a um dos nomes de D’us, “Elokim”, e também à palavra “natureza”, indicando que esse nome se refere à revelação Divina dentro da natureza, milagres revestidos em assuntos naturais.

A pergunta é: como em 210 anos elevaram 202 Nitzutzot e desde lá até hoje se passaram 3.333 anos e ainda não terminamos de elevar esses poucos 86 Nitzutzot que sobraram.

Está esclarecido nos livros da Torá oculta que depois da saída do Egito, aqueles poucos 86 Nitzutzot se dividiram, e por isso em todos os exílios pelos quais passamos e estamos passando, de uma maneira geral os judeus se locomovem atrás das “partículas” dessas “Centelhas Divinas” em todo o mundo.

No começo era na Ásia e no nordeste da África, na continuação foi a Europa e etc etc etc .Nos últimos tempos a tecnologia se desenvolveu e por isso nem sempre precisamos viajar para a China para elevar os Nitzutzot que estão lá mas por meio da importação de produtos “Made in China” facilitam esse assunto para nós judeus, e os Nitzutzot chegam até nós (como chegaram para Yossef no Egito) em forma de roupas, outros produtos e etc.

O Rebe de Lubavitch nos contou que já terminamos o trabalho do refinamento, esse trabalho de elevar os Nitzutzot, terminamos a parte geral obviamente, mas ainda deve ter sobrado para cada um de nós alguma coisinha pequena personalizada para elevarmos, e então imediatamente chega o Mashia’h que estamos esperando já há dois mil anos

Pin’hás

Ódio Gratuito:

No começo da nossa Parashá, Hashem (D’us) pede para fazer uma guerra contra Midian por eles terem abalado a estrutura familiar do nosso povo e causado 24.000 mortes.

Essa guerra aconteceu a mais de 3300 anos atrás. Por qual motivo temos que nos lembrar hoje que vencemos a guerra de Midian?

A Torá tem um lado revelado que chamamos de “corpo da Torá”, e um um lado oculto, “Alma da Torá”. O lado corpo dessa guerra aconteceu a 3300 anos atrás mas o lado alma dela acontece diariamente.

Aqui na nossa Parashá estudamos no lado oculto da Torá o diagnóstico de uma “Klipá”, deforça negativa que atua no mundo, chamada de klipat Midian.

Essa Klipá é a fonte espiritual do ódio gratuito que causou a destruição do segundo Beit Hamikdash, causou o exílio do nosso povo, e até hoje ela continua no nosso meio.

Então não é por acaso que lemos essa Parashá nessa época em que o Beit Hamikdash foi destruído.

A Torá já tinha nos contado sobre os meraglim, os espiões, que contra a vontade Divina queriam que o povo ficasse no deserto estudando Torá para entrarem na terra de Israel espiritualmente mais bem preparados.

Agora, depois de décadas de estudo, nosso povo se encontra com um exército de mulheres que vem nos seduzir. Como poderiam correr atrás da primeira mulher que vissem depois de estarem quase quarenta anos estudando Torá?

Essa é a consequência da Klipá que se provou resistente aos estudos de Torá , a classe social e a nível espiritual. Todos nós estamos sujeitos a ela, ela é a pior de todas as klipot.

Características da Klipá de Midian

1-Bilam, o feiticeiro, sabia que para D’us a pior coisa é a destruição do conceito familiar, o que acontece por meio de relações ilícitas.

Bilam não tinha motivo justo para aconselhar Balak contra nós, mas era ódio gratuito, porque seu país, Midian, estava longe de nós, e não representávamos um perigo para ele ou para seu povo.

Ele viajou até Moav para dar o conselho mais destrutivo do mundo em relação à nós, sabendo que Moav também não estava em perigo.

Quando essa Klipá nos contagia, nos tornamos dispostos a fazer tudo para destruir. Ela desperta em nós o sentimento de destruição sem limites, sem motivo, ou por um motivo muito pequeno, destruir gratuitamente.

Como nos proteger? Não nos deixando seduzir pela Klipá!

Sempre que sentirmos motivação para entrar em uma briga e quereremos destruir totalmente nosso próximo a ponto de desejar até sua inexistência, sabemos que ela despertou em nós.

Nessa hora, imediatamente temos que despertar nosso sistema imunológico espiritual (yetzer hatov) contra ela e tomarmos a decisão de não brigar, não dar palpites destrutivos e não “colocar lenha na fogueira” seja o que não for.

As jovens de Midian justificaram seu comportamento como causa nobre e espiritual, e até princesas participaram dessa sedução em massa.

Cada uma levou com ela seu deuzinho, o Baal Peor, que foi apresentado como deus politicamente correto que apoiava o prazer e bem estar de seus adoradores, e cuja adoração consistia em fazer as “necessidades” sobre ele, demonstrando que não existe nada proibido no mundo contanto que isso te dê prazer. Ou seja, se você se sente bem brigando com alguém, brigue!

Essa é outra característica dessa Klipá, ela apresenta a destruição por meio de brigas e intrigas como se isso fosse uma causa nobre, politicamente correta e ainda com o apoio divino da idolatria !

Como sabemos que isso é Klipá ? Pelas consequências !

Por mais nobre e politicamente correta que seja a causa, se a consequência é a destruição, aí a klipá se encontra.

Então vamos abrir mão da legitimidade da briga olhando mais longe, vendo que se continuarmos a briga todos sairemos perdedores.

No começo da briga ou da intriga já devemos mentalizar a paisagem da destruição do pós briga, e do tempo necessário para reparar os prejuízos que ela causará e para curar os ferimentos que ela trará.

Vamos abrir mão dos prazeres descontrolados da briga que a klipá nos oferece, para não morrer na peste espiritual que é a consequência desse tipo de prazer.

No primeiro dia da criação do mundo quando D’us criou a luz ele disse “Ki Tov”(Que bom)

No segundo dia D’us criou a separação, colocando limites entre os oceanos e as nuvens, uma separação extremamente necessária que sem ela não existiríamos, mesmo assim D’us não falou que era bom.

A separação pode ser uma coisa extremamente necessária, mas sendo que é uma separação, está longe de ser uma coisa boa.

O Beit Hamikdash foi destruído por causa de pessoas que estavam com toda a razão, como vemos na história de Kamtza e Bar Kamtza.

Kamtza em aramaico é formiga, e se formiga já é uma coisa pequena, imagine o “bar Kamtza”(o filho da formiga).

Por causa de uma “coisinha pequena” que foi vista como uma briga justa e necessária, causa nobre apoiada até pelo silencio dos rabinos da época, tivemos um verdadeiro holocausto !

Não seja “durão”

A Guemará em Guitim nos conta que um homem rico de Yerushaláim (Jerusalém) fez uma grande festa. Seu amigo se chamava Kamtza e seu inimigo Bar Kamtza.

Ele pediu para seu shamash (“serviços gerais”, faxineiro, geralmente pessoa muito simples) chamar o Kamtza e o faxineiro se atrapalhou e chamou o Bar Kamtza no lugar dele.

O problema já teria que ser arquivado nesta etapa como ”erro de faxineiro”, coisa insignificante. Mas o dono da festa, que seu nome nem aparece na história, se relacionou a isso com a maior gravidade.

Aí a klipá se revela! Ele usou sua autoridade para exigir a retirada do Bar Kamtza de sua festa, e o que seria uma possibilidade de reconciliação entre dois judeus, acabou em uma guerra mundial.

Bar Kamtza foi durão e se recusou a sair, oferecendo pagar pelo que comer e beber. O dono da festa foi durão e não aceitou, e aí a klipá vai crescendo.

Bar Kamtza foi durão novamente e se recusou novamente a sair, oferecendo patrocinar metade da festa. O dono da festa foi durão e não aceitou.

Bar Kamtza foi durão novamente, e se recusou novamente a sair, dessa vez oferecendo patrocinar a festa inteira. O dono da festa foi durão e não aceitou, pegou o Bar Kamtza e o colocou para fora.

Os rabinos que estavam lá foram durões e não fizeram nada para acalmar os ânimos, e a partir dessa etapa a coisa piorou até envolver o império romano. Por causa disso nosso Beit Hamikdash foi destruído e nosso exílio se estende por 2000 anos.

Na hora da briga cada um estava certo e tinha quem o apoiava, nenhum dos lados viu que o final não é a vitória mas sim a destruição de todos.

A única vitória verdadeira é quando nos controlamos e não brigamos, então vencemos e destruímos a klipá de Midian.

Com essa história nossos Sábios nos dão a dica de como vencer a klipá. Simples: não seja durão!

Shla’h

Nossa Parashá nos conta que Moshe Rabeinu, atendendo aos pedidos do nosso povo, mandou os presidentes de doze tribos, das que receberiam uma parte da nossa Terra Santa, irem à ela pessoalmente para constatar a veracidade da promessa Divina. A tribo de Levi que não receberia uma parte da nossa terra não teve representação.

Moshe Rabeinu deu algumas instruções aos nossos “espiões” e pediu para eles verificarem se havia lá uma árvore, um pedido aparentemente muito estranho sendo que qualquer terra habitável tem árvores.

Então, com certeza a intenção de Moshe não era a de eles verificarem se essa terra tem árvores, porque Hashem (D’us) nos prometeu aquela terra, e com certeza tudo de bom havia nela, e uma terra sem árvores está mais próxima de ser um deserto do que ser uma terra fértil.

E mais, se Moshe quisesse saber se existem árvores naquela terra, ele pediria para os espiões verificarem se a terra tem árvores, e não pediria para eles verem se há lá uma árvore, uma única árvore.

 

A explicação da Guemará 

 

A Guemará nos conta que a intenção de Moshe Rabeinu não era a de eles verificarem se existe lá uma árvore, mas sim de eles verificarem se ainda se encontra lá uma pessoa que teve uma vida tão longa como a vida de uma árvore, e essa pessoa era Yov (Jó).

Yov nasceu quando Yaakov desceu com toda a sua família para o Egito, e faleceu quando nossos “espiões” entraram na nossa terra prometida.

Moshe pediu para verificar se Yov ainda estava vivo, porque o mérito que ele tinha devido ao grande teste que ele passou em meio a grandes sofrimentos seria uma proteção especial para toda aquela região.

Moshe é comparado ao Sol e Yov à árvore que protege do Sol todos aqueles que estão embaixo dela.

Enquanto Yov ainda estivesse vivo não conseguiríamos conquistar a nossa terra prometida, por isso Hashem fez o milagre de Yov terminar seus longos 210 anos de vida quando os meraglim, nossos espiões, chegaram lá.

Também para que todos estivessem ocupados com o cortejo do enterro de Yov para o qual muitas pessoas vieram de muitos lugares, e não despertaria suspeita o fato de pessoas desconhecidas como os meraglim terem entrado naquela região.

 

A explicação do Zohar

 

O Zohar nos conta que a intenção de Moshe era mais profunda ainda. Diz o Zohar que Moshe pediu para os espiões verificarem se a árvore da vida que é a sincronização entre o Paraíso de baixo e o Paraíso de cima já se encontra lá.

Moshe Rabeinu tinha certeza de que ele entraria na Terra Santa com toda aquela geração,  e ele também tinha certeza de que a Gueulá, nossa redenção final, aconteceria naquele momento.

Mas os espiões fizeram a leitura errada do que viram. Eles voltaram e disseram que os povos daquela terra são mais fortes do que D’us. A consequência disso foi que todos os homens do nosso povo choraram e decidiram que vão voltar para o Egito.

Mas as mulheres não! As mulheres continuaram na plena fé de que Hashem (D’us) dirige o mundo a cada instante e vai fazer para nós milagres sobrenaturais.

Por causa disso, Hashem (D’us) decretou para o nosso povo que todos os homens daquela geração que tivessem de vinte anos para cima, iriam morrer no deserto, sendo que a maioridade penal no judaísmo é vinte anos.

Mas as mulheres não, elas iriam entrar com as crianças na nossa terra prometida.

O Zohar nos conta que o Paraíso das mulheres no mundo superior é maior do que o Paraíso dos homens.

No nosso mundo físico os prazeres se encontram nas coisas materiais, e se os prazeres do mundo superior que desceram até o nosso nível já são chamados de grandes prazeres, imaginem esses prazeres lá em cima, na própria fonte! Não há como descrever esses prazeres de tão grandes que eles são, e em tão grande intensidade.

O Zohar nos conta que no Paraíso no mundo de cima existe uma Yeshivá, um lugar onde se estuda Torá, a Yeshivá do Gan Eden.

Obviamente o prazer que se sente em estudar Torá na Yeshivá do Gan Eden é infinitamente maior do que qualquer prazer dos maiores prazeres desse nosso mundo material.

Rabi Shimon bar Yohai no Zohar recebeu a visita de um dos membros da Yeshivá do Gan Eden que veio responder às perguntas dele sobre a grandeza das mulheres no Paraíso superior e sobre as relações íntimas entre as mulheres e seus maridos que acontecem no Paraíso todas as noites à meia noite, e tudo isso no Gan Eden no mundo superior.

Para responder às perguntas de Rabi Shimon bar Yohai, o Shelia’h, o enviado da Yeshivá lá de cima, precisou entrar em seis níveis diferentes de Gan Eden, um superior ao outro. Cada um desses níveis é chamado de hei’hal que quer dizer um grande palácio, isso para termos uma leve idéia do que se trata.

Ele contou para Rabi Shimon que em cada um desses níveis os prazeres ficavam mais intensos, mas em um certo nível já havia uma “cortina” impedindo a entrada dos homens. De lá para cima somente as mulheres poderiam subir .

O Shelia’h contou para Rabi Shimon que depois dessa “cortina”, em um grande palácio se encontra Batya, a filha do faraó, e junto com ela dezenas de milhares de mulheres usufruem dos mais intensos prazeres. E fora o fato de estarem lá juntas, cada uma delas tem seus próprios lugares de luzes e prazeres sem nenhum aperto entre elas.

Três vezes ao dia é anunciado naquele hei’hal que Moshe Rabeinu veio visitar sua mãe espiritual, Batya. Nessa hora ela sai ao encontro dele. Vendo a grandeza de Moshe no mundo superior, ela diz: que maravilha que eu tive o mérito de cuidar de uma luz tão grande! E esse prazer para ela é o maior de todos.

Todos se encontram lá em cima com a aparência que tinham aqui nesse mundo. Mas sendo que velhice e problemas de saúde são defeitos do mundo de baixo mas não do mundo de cima, lá em cima voltamos às configurações originais de fábrica. Ou seja, aparência real de quando tínhamos vinte anos de idade, mas no tamanho e peso ideais!

E mesmo recebendo lá um “corpo de luz”, ou seja, um corpo espiritual, mantemos nossa fisionomia, porque ela também é original de fábrica.

Todas essas mulheres que se encontram junto com Batya são mulheres que não precisaram passar pelo gehinom, sendo que elas já tinham passado por sofrimentos aqui neste mundo material e suas Almas já estavam puras, reluzentes e refinadas.

Em outro palácio se encontra Sera’h, a filha de Asher, e dezenas de milhares de mulheres juntas com ela.

Três vezes por dia é anunciado lá que Yossef veio visitá-la. Ela vai ao seu encontro com muita alegria e diz: que maravilha que fui eu que trouxe para o meu avô (Yaakov) a notícia de que você estava vivo e era o governador de todo o Egito.

Depois ela volta para as outras mulheres e juntas cantam melodias lindas, cânticos de agradecimento para Hashem de beleza surreal. A alegria lá é muito grande, e cada uma delas tem seus próprios espaços.

Depois elas estudam os segredos profundos que estão por trás dos mandamentos Divinos e o prazer que elas sentem nesses estudos é sublime.

Em outro palácio se encontra Yo’heved, a mãe de Moshe, o maior de todos os profetas, e dezenas de milhares de mulheres estão lá juntas com ela. Três vezes por dia ela agradece o criador do mundo junto com todas as mulheres que estão lá com ela.

Todo dia elas cantam o cântico do mar vermelho e todos os Tzadikim do Gan Eden se concentram na profunda doçura dos seus cânticos. Muitos anjos sagrados se unem aos seus cânticos e cantam para Hashem juntos com ela.

Em outro palácio se encontra Dvora a profetiza. Ela e todas as mulheres que se encontram lá com ela cantam o cântico que ela cantou nesse mundo.

O Shelia’h continua contando para Rabi Shimon que quem não ouviu os cânticos que as mulheres cantam para Hashem no Gan Eden e não viu a extrema alegria delas dentro e mais dentro daqueles palácios não sabe o que é alegria.

Bem dentro daqueles inacabáveis palácios, se encontram quatro palacios inacessíveis que são os palácios das nossas matriarcas. Mas não foi dada a permissão para o Shelia’h revelar a grandeza desses lugares, e não há alguém que teve o mérito de ver esses lugares de tão lindos que são.

 

Relações íntimas no Gan Eden

 

Toda noite, à meia noite, cada uma dessas mulheres que estão no Gan Eden se unem aos seus maridos, sendo que eles são dois aspectos de uma mesma Alma.

E isso acontece à meia noite, porque o horário mais apropriado espiritualmente para se ter uma relação, tanto no mundo de cima quanto no mundo de baixo, é meia noite.

A relação íntima naquele mundo é, na linguagem do Zohar, um “grude” de Alma com Alma e um “grude” de corpo de luz (corpo espiritual) com corpo de luz.

Uma relação entre marido e mulher neste mundo é uma relação de corpo com corpo. Diz o Zohar, cada coisa é feita da maneira como deve ser feita, cada mulher se une ao seu marido no nível em que os dois se encontram.

Se for nesse mundo material a união é de corpo material com corpo material, e no Gan Eden a união é de corpo de luz (corpo espiritual) com corpo de luz, de Alma com Alma.

O Shelia’h da Yeshivá do Gan Eden agradece ao Rabi Shimon bar Yohai por ter feito essas perguntas e dessa maneira dado a ele a oportunidade de visitar todos os palácios do Gan Eden para poder responder.

Depois ele continuou explicando sobre as relações íntimas entre as mulheres que se encontram lá no Gan Eden e seus maridos que também estão lá. O Shelia’h conta para Rabi Shimon que as relações íntimas no Gan Eden dão mais frutos do que as relações íntimas aqui nesse mundo.

Ele contou que quando as mulheres no Gan Eden se “colam nos seus maridos” que estão junto com elas no Gan Eden (se colar nos seus maridos quer dizer ter uma relação íntima), elas engravidam e dão à luz ao mesmo tempo.

E quem são os filhos que nascem dessa relação tão sublime que acontece toda meia noite?

Quando essas Almas puras das mulheres que estão no Gan Éden tem uma relação com seus maridos, elas engravidam e dão a luz às Almas dos Guerim, que são as Almas das pessoas que vão se converter ao judaísmo.

E todas essas Almas que nascem no Gan Eden sobem para um palácio no Paraíso. Elas são os “frutos” dos Tzadikim, e essas são as Almas dos Guerim.

Por isso um Guer, que é alguém que se converte ao judaísmo, é chamado de “Guer Tzedek”. Porque ele é fruto da união entre a Alma de um Tzadik e a Alma de uma Tzadeket que se encontram no Gan Eden, sendo que para chegar ao Gan Eden cada um de nós tem que passar por um refinamento e se tornar um Tzadik ou uma Tzadeket por meio desse refinamento.

Às vezes conseguimos fazer esse refinamento de maneira positiva, estudando Torá e cumprindo os mandamentos Divinos com muita alegria. Às vezes esse refinamento acontece por meio dos sofrimentos que passamos.

E essa é a explicação do versículo que diz ” o fruto do Tzadik é a árvore da vida.

E esse foi o sinal que Moshe Rabeinu nos revelou quando pediu para os espiões verificarem se existe lá uma árvore. Se você vê pessoas se aproximando do judaísmo esse é o sinal de que o mundo de baixo está sincronizado com o mundo de cima, com a árvore da vida, e esse é o sinal de que a Gueulá, nossa redenção final, já está na porta!

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Beaalot’há

Nossa Parashá nos conta sobre Miriam, irmã de Moshe, que era uma das sete profetisas que nosso povo teve.

Nossas sete profetisas foram:Sarah, Miriam, Dvorá, Hana, Abigail, Huldá e Esther. Cada uma dessas sete profetisas está ligada a uma Sefirá lá em cima.

Sarah

Sarah, nossa primeira matriarca, está ligada à Biná que é a fonte do aspecto feminino da Alma. Sarah é chamada de “a mãe das profetizas”.

Miriam

Miriam, irmã de Moshe, está ligada à Hessed. Por isso, no mérito dela uma grande fonte seguia o nosso povo no deserto e serviu como abastecimento de água para todo o nosso povo durante os quarenta anos que estávamos no deserto. A água é a principal característica da Sefirá chamada de Hessed.

Dvora

Dvora está ligada à Sefirá chamada de Guevurá, ela era a quarta pessoa a ocupar o cargo de juiz do nosso povo antes de termos um rei, uma função ligada diretamente à Sefirá chamada de Guevurá que representa a rigidez e a severidade. Naquela época o juiz era a autoridade máxima do nosso povo.

Ela acompanhou o general Barak na principal guerra daquela época. No mérito dela nosso povo venceu aquela guerra e uma mulher chamada de Yael que era dos descendentes de Ytró conseguiu matar Sisrá, o general inimigo, e assim a guerra terminou.

Dvorá foi a juíza do nosso povo durante quarenta anos, na nossa Terra Santa na época dos juízes há 3.250 anos atrás

Hana

Hana está ligada à Sefirá chamada de Tiféret, que é traduzido como beleza. A Tiféret é uma categoria de bondade superior à Hessed mas diferente dela, fazendo com que as duas sejam necessárias sendo que cada uma é uma bondade de um aspecto diferente.

A Hessed é representada pela expansão, e essa expansão torna a Guevura necessária para contê-la.

Sendo que a Guevura se torna necessária por causa da Hessed, podemos dizer que a Hessed dá origem à Guevurá.

Ou seja, depois de uma grande chuva vem uma grande enchente, e a Guevurá se torna necessária para separar entre as “águas de cima” e as “águas de baixo”.

Os limites causados pela Guevura trazem a necessidade da existência da Tiféret que é novamente uma expansão, mas uma expansão na medida certa.

Podemos dizer que a Guevura dá origem à Tiféret que é a verdadeira bondade, a bondade na medida certa, nem menos do que você precisa e nem mais. A Tiféret é a roupa do tamanho do seu corpo, o sapato no número certo, nem apertado que pode deformar o seu pé e nem largo a ponto de você escorregar dentro dele.

Por isso a Tiféret é mais bondade do que a bondade, porque ela é uma bondade que dela não sai coisa ruim, ela é a bondade sem “efeitos colaterais”.

Podemos dizer que a diferença básica entre a Hessed e a Tiféret é que a Hessed é uma bondade em quantidade e a Tiféret é uma bondade em qualidade.

Hana, a mãe do profeta Shmuel foi uma pessoa que sofreu muita pressão dentro da família. Passou por uma longa situação de Guevurá.

A consequência disso foi o surgimento da Tiféret que vem automaticamente depois da Guevurá e é uma bondade que dela não sai nada de ruim, uma bondade constante.

No mérito desses sofrimentos ela se tornou a mãe do profeta Shmuel, e com a alegria do nascimento dele ela chegou ao mesmo nível de profecia do rei David que seria ungido como rei de Israel pelo seu próprio filho, o profeta Shmuel.

Avigail

Avigail que foi a esposa de Naval que era uma pessoa muito cruel, e depois que ele faleceu ela se tornou esposa do rei David está ligada às Sefirót Netza’h e Hod

A Netza’h, traduzida como vitória e eternidade, é um tipo de bondade diferente da Hessed e da Tiféret.

A principal característica da Netza’h é fazer o bem à alguém mesmo contra a vontade dessa pessoa.

Essa foi a característica de Moshe Rabeinu que tirou nosso povo do Egito e os conduziu para a terra prometida, mesmo quando muitos do nosso povo não queriam sair de lá, ou mesmo depois de já terem saído queriam voltar para lá.

A Hod, traduzida como esplendor, conformação ou concordância, é um tipo de Guevurá diferente da Sefirá chamada de Guevurá pelo fato de a Hod ser uma Guevura introvertida que se expressa por meio de a pessoa aplicar esse tipo de Guevurá para corrigir a si própria.

Essa foi a principal característica de Aharon, irmão de Moshe, que nunca atribuía sua grandeza à si próprio, mas sempre concordava que toda sua grandeza é de Hashem (D’us) e ele é um simples funcionário que presta um serviço para Ele.

Huldá

Huldá viveu no reino da Judéia há aproximadamente 2.650 anos atrás. Dizem nossos Sábios que ela se tornou uma profetiza no mérito da Tzedaká que fazia seu marido que se chamava Shalum ben Tikva.

Shalum ben Tikva ficou famoso por sua bondade. Mesmo sendo uma pessoa importante, ele se encontrava sempre nos portões da cidade distribuindo água aos viajantes que chegavam sedentos à cidade, fazendo com que essas pessoas revivessem. Nesse mérito, sua esposa Huldá se tornou uma profetiza.

Sendo que no mérito da Tzedaká do seu marido ela se tornou uma profetiza, o vínculo dela é com a Sefirá chamada de Yessod que é a Sefirá que repassa a fartura e abundância do mundo superior para a Mal’hut que vai transformar essa fartura e abundância em bens materiais repassando tudo isso para o nosso mundo.

No dia em que Shalum ben Tikva faleceu, todas as pessoas acompanharam seu enterro para o cemitério que ficava fora da cidade. Nessa hora uma tropa inimiga se aproximou. As pessoas entraram em pânico, jogaram o corpo de Shalum ben Tikva em cima do túmulo do profeta Elishá (Eliseu) e voltaram correndo para a cidade.

Ao cair sobre o túmulo do profeta Elishá, Shalum ben Tikva ressuscitou e saiu correndo para a cidade junto com eles. Dessa forma o profeta Eliahu (Elias) cumpriu o que prometeu para Elishá, de que tudo o que fez Eliahu, Elishá iria fazer em dobro.

Eliahu tinha ressuscitado um morto e Elishá também. Agora Elishá ressuscitou o segundo morto e assim a promessa de Eliahu para com ele se cumpriu.

Shalom ben Tikva, ressuscitado e em boa forma, voltou para casa e continuou fazendo todas as bondades que fazia antes, e agora com muito mais energia. Depois de ter ressuscitado, Shalom ben Tikva e sua esposa Huldá a profetiza tiveram um filho chamado Hanamel ben Shalum, primo do profeta Yermiahu (Jeremias)

A Guemará nos conta que Huldá a profetiza e sua família eram descendentes de Rahav, a prostituta de Yeri’hó (Jericó) que se converteu ao judaísmo e se casou com Josué, que foi o sucessor de Moshe Rabeinu.

Entre os descendentes de Rahav estão oito profetas, todos Cohanin (linhagem sacerdotal). Os oito profetas são Neria, Baru’h, Sraya, Ma’hseya, Yermiahu (Jeremias) Helkya, Hanamel e Shalum.

Ester

Ester, a sétima profetiza está ligada à Sefirá chamada de Mal’hut, tanto pelo fato de ela ter sido a última profetisa quanto pelo fato de que na sua época a profecia terminou.

Nossa Parashá nos conta que Tzipora, a esposa de Moshe, ficou com dó das esposas dos novos profetas, sendo que ela achava que agora que seus maridos chegaram ao nível de profecia, não teriam mais contato físico com elas.

Tzipora achava que todos os profetas chegariam rapidamente ao nível de Moshe, e devido a intensidade da revelação Divina que poderia acontecer para eles a qualquer momento, esses novos profetas estariam sempre de prontidão e não teriam a possibilidade de se relacionarem com suas esposas.

O erro de avaliação de Tzipora foi o de ela achar que qualquer pessoa poderia chegar facilmente ao nível de “Tzadik HaDor” que é o maior Tzadik da geração como era seu marido.

Tzipora não sabia que pelo fato de seu marido estar nesse nível tão elevado que é um nível acessível a uma única pessoa em cada geração, ninguém mais teria a possibilidade de chegar lá enquanto ele estivesse vivo.

Ou seja, todo o tempo que Moshe estivesse vivo, a única pessoa que teria a preocupação de seu marido não se relacionar com ela seria a própria Tzipora, e não as esposas dos novos profetas. Tzipora não fez nada de errado em avaliar que qualquer pessoa pudesse chegar rapidamente ao nível de Moshe, seu marido.

Aaron e Miriam também eram respectivamente profeta e profetiza e mesmo assim tinham tempo para viver com seus cônjuges.

Moshe era o irmão mais novo deles e eles contestaram o comportamento de Moshe achando que todos os profetas são iguais e Moshe não é exceção.

Quase que eles tinham razão!

Mas…nessa hora Hashem se revela para os três, Moshe Aharon e Miriam, e mostra para eles que existem níveis diferentes de revelação profética.

Essa passagem aparece em uma linguagem exclusiva que é explicada pelo Zohar e pela Guemará :

A profecia não é somente uma informação Divina mas para ela acontecer ela tem que se incorporar no mundo causando uma transformação nele.

Para a profecia se incorporar no mundo ela tem que primeiramente ser incorporada pelo profeta e por meio dele ela se reveste no mundo material causando a mudança da natureza naquele assunto específico que foi profetizado.

A revelação e incorporação da profecia para Moshe Rabeinu era direta, como alguém que olha por uma janela de vidro transparente e vê claramente o que há do outro lado, uma profecia clara e objetiva, na linguagem dos nossos Sábios “Aspaklaria Meirá” (vidro transparente).

A revelação da profecia para todos os outros profetas é oculta e indireta, um nível mais baixo, e também levando em consideração a capacidade do profeta de incorporá-la .

Nesse caso ela acontece por meio de visões e sonhos, por meio de exemplos e enigmas, como alguém que olha para um espelho que reflete a imagem e não está vendo ela diretamente mas sim um reflexo dela que tem que ser decifrado, na linguagem dos nossos Sábios “Aspaklaria Sheeina Meirá” (um vidro que não é transparente)(Algumas palavras no aramaico da Guemará tem origem no latim por causa da colonização romana em Israel, provavelmente a palavra aspaklaria vem de “specularia” que em latim é o vidro da janela).

Critérios básicos para que uma profecia aconteça

A Revelação Divina só acontece em um lugar adequado, em um ambiente adequado e sobre uma pessoa adequada para recebê-la, e também tem que ser de acordo com o nível que o profeta pode incorporar senão ele não sobrevive à própria profecia.

O profeta Yoná (Jonas) tentou fugir para o “lugar inadequado”, ou seja, para fora da Terra Santa, para que a profecia em relação à Nínive não descesse ao mundo por meio dele.

Nahar Kvar, o rio que “já foi”

O profeta Yehezkel recebeu sua profecia na Babilônia, lugar inadequado, como ele próprio diz :- “e eu estou dentro da Golá (exílio) sobre o rio Kvar.

Explica Rashi que dentro da “Golá” quer dizer fora da terra de Israel.

Diz o Zohar que se não fosse o próprio acontecimento comprovando que isso aconteceu não saberíamos que isso poderia acontecer.

A Guemará no tratado de Moed Katan nos conta que a profecia não paira sobre o profeta fora da terra de Israel e explica que quando o profeta Yehezkel diz que estava no rio “kvar” na Babilônia ele está indicando assim que a profecia dele já tinha começado antes.

A palavra kvar quer dizer que já foi ou já estava, nos indicando que essa profecia já começou a acontecer antes, na terra de Israel (essa é a segunda explicação de Rashi lá).

Rashi explica essa passagem da Guemará também de outra forma, que a palavra kvar (já foi) quer dizer que a profecia do profeta Yehezkel mesmo sendo desde o começo fora da terra de Israel, “já foi” mas não será mais dessa forma

Diz o Zohar em Lech Lechá que aquela profecia aconteceu na Babilônia naquela ocasião porque o povo de Israel precisava dela naquela hora por causa do sofrimento que eles estavam passando

Dessa linguagem entendemos que o Zohar não opina como Rashi mas sim que a profecia pode acontecer às vezes, quando necessário, fora da terra de Israel, principalmente por causa dos sofrimentos do nosso povo.

E até Rashi que diz que o profeta Yehezkel não teve outra profecia porque estava fora da terra Santa, não determina que isso está impedido de às vezes acontecer

Da linguagem do Zohar em Ytró vemos que ele opina que a profecia pode acontecer fora da terra de Israel também de maneira fixa para comunicar ao povo as palavras Divinas

O Rambam nos trás a lei na prática, e aparentemente ele opina como o Zohar em Ytró, sendo que o Rambam abrange todos os detalhes sobre o assunto das profecias mas omite o fato de que estar na terra de Israel seja uma condição (Rambam Hilchot Yessodei Hatorá)

Avraham Avinu, nosso primeiro patriarca era a pessoa adequada no lugar adequado, mas Lot estava morando ao lado dele e se comportando como em Sodoma, fazendo com que o ambiente ficasse inadequado .Hashem se revelou para Avraham naquele mesmo lugar somente depois que Lot saiu de lá e foi morar em Sodoma, e o ambiente de Avraham voltou a ser adequado.

Mesmo assim a profecia era somente no nível que ele tinha a capacidade de incorporar.Yaakov Avinu, nosso terceiro patriarca teve uma revelação profética quando fugiu de Essav.

Essa revelação foi por meio de um sonho que é o nível mais baixo do recebimento de uma profecia.

Diz o Zohar que o motivo disso foi o fato de Yaakov ainda não estar casado, e mesmo estando em Beit E-l, lugar adequado, ainda não era a pessoa totalmente adequada por estar solteiro.

Depois que ele se casou em Haran, teve uma revelação profética novamente por meio de sonho, aí ele já era a pessoa adequada mas o lugar, Haran na Síria, fora da terra de Israel, não era adequado e por isso o nível da profecia foi o mais baixo.

Quando ele voltou casado, para a “Terra Santa”, a revelação profética já aconteceu para ele estando acordado e por meio de uma visão.

Mas ela ainda era no nível dos patriarcas, não tinha chegado ao nível de Moshe, e mesmo assim diz o Zohar que esse nível só foi alcançado porque seu pai Itzhak já havia falecido, mais um critério na profecia

Enquanto um profeta está no mais alto nível possível da sua época outro profeta não tem como acessar à esse nível.

Diz o Zohar que Moshe teve o maior de todos os níveis de profecia, ele incorporava a revelação profética para trazê-la ao mundo diretamente, em pé e com toda a sua força e energia, via a revelação claramente.

Diferente dos outros profetas que na hora de incorporar a profecia caíam sobre suas faces, enfraqueciam e não tinham a capacidade de incorporar a profecia claramente.

E qual era o motivo dessa fraqueza? Diz o Zohar que era pelo fato de o “anjo de Essav” ter ferido a perna de Yaakov e Yaakov ter saído mancando desse acontecimento.

Espiritualmente o anjo ”sugou” a força das pernas de Yaakov causando com que depois disso nenhum profeta conseguisse incorporar, trazer para esse mundo a profecia do que Hashem vai fazer para os “Bnei Essav”, e se a profecia não descesse ela não aconteceria(de acordo com Don Itzhak Abarbanel os Bnei Essav são os povos da Europa e suas ramificações coloniais)

Somente o profeta Ovadiahu (Abadias), um profeta que originalmente se converteu ao judaísmo e era proveniente de Edom que eram os descendentes diretos de Essav conseguiu incorporar a profecia do final dos Bnei Essav

Porque sobre ele o assunto espiritual do anjo de Essav não recaiu pelo fato de ele ser um “guer” dos Bnei Essav. Ele pôde incorporar claramente a profecia do final de Essav e não enfraqueceu, e nenhum outro profeta pôde incorporar isso.

Moshe é a excessão de todas essas regras por estar em um nível tão alto que poderia incorporar claramente qualquer revelação sem enfraquecer.

Diz o Zohar que Moshe recebia a profecia em um nível de Sefirat HaTiferet de Atzilut , nível espiritual que nenhum profeta teve acesso

Diz o Ari Zal que o Mashiach vai ser a reencarnação de Moshe Rabeinu e vai revelar para todos nós as maravilhas ocultas da Torá.

Tzaraat, o castigo para quem faz um erro de suspeita 

A Parashá nos conta que Miriam, por ter falado de Moshe ficou “metzoraat” como neve por uma semana.A tzaraat não é um tipo de lepra, não é uma doença mas sim uma manifestação espiritual

Don Itzhak Abarbanel nos conta que se a tzaraat fosse doença a Torá pediria para encaminhar o portador dela para o médico sendo que a Torá deu permissão, ou seja, deu uma força espiritual para o médico curar, e no caso da tzaraat a pessoa não é levada para o médico em nenhuma etapa mas é feito um diagnóstico pelo Cohen (o sacerdote) e no final um ritual religioso.

A fonte desse erro de tradução que entrou na nossa cultura são os padres portugueses que traduziram a Torá na idade média, e vendo que está escrito “metzoraat como neve” traduziram erroneamente a tzaraat como lepra.

Don Itzhak Abarbanel também nos conta que se a tzaraat fosse doença ela seria encontrada em seres humanos, e o fato da mesma manifestação aparecer igualmente nas roupas, nas paredes e nas pessoas é mais uma prova de que ela é um assunto espiritual e não um tipo de lepra.

Em algumas traduções da Torá esse erro já está corrigido e a maior dificuldade em corrigí-lo é assumir que isso é um erro que erramos sessenta anos em seguida, mas “antes tarde do que mais tarde”!

Aprendemos daqui que se até Miriam a profetiza fez um erro de avaliação em relação à alguém tão próximo à ela como o próprio irmão, quanto mais nós que estamos longe de estar no nível dela.

Então o certo é sempre nos apoiar no ”benefício da dúvida” e julgar o nosso próximo de maneira positiva, e mesmo quando não temos a mínima dúvida temos que saber que talvez o fato de não termos dúvida é por nossa falta de informação, como foi no caso de Miriam.

Então, com o benefício da dúvida ou até mesmo quando não há dúvida nenhuma temos que julgar o nosso próximo somente de maneira positiva e assim também seremos julgados lá em cima

🌻🌻🌻🌻

Nassó

Quando a Torá nos ensina uma regra , se há alguma exceção ela tem que estar na própria Torá.

A Torá nos ensina a proibição de apagar o nome de D’us, e aqui na nossa Parashá ela traz a exceção.

Não só uma permissão para apagar o nome de D’us mas uma obrigação de apagá-lo em um certo caso que a Torá especifica.

E o que seria tão importante para a Torá justificar uma coisa dessas?O “Shalom Bait”! (harmonia familiar)

É permitido apagar o nome de D’us para salvar um casal do divórcio!

Daqui vemos a grandeza do Shalom Bait na Torá.

Poderíamos imaginar que uma permissão para apagar o nome de D’us, fazer uma coisa tão grave, seria possível somente em casos raros e específicos. Mas não!

A Torá nivela por baixo. Ou seja, a Torá está permitindo isso para salvar o Shalom Bait de uma mulher que estava sendo assediada por alguém e o marido disse para ela não se trancar com o suspeito.

Imagine uma situação assim: Um belo dia (ou uma bela noite) o marido chega de viagem, bate na porta, e quem destranca a porta por dentro?………”o suspeito”!

E a mulher aparece para justificar que esse mês ele não tinha onde dormir……então veio dormir em casa!

O marido com razão suspeita que algo tenha acontecido e quer divórcio!

Ele leva ela para o Beit Hadin (tribunal rabínico), ela diz que não traiu e o Beit Hadin não tem como verificar

Consequentemente o Beit Hadin não pode tomar uma decisão, sendo que mandamentos da Torá que envolvem em certos casos até uma pena de morte não são julgados por deduções e é necessário ter duas testemunhas oculares que sejam judeus religiosos e viram pessoalmente o próprio ato.

Na linguagem da Guemará, “o pincel dentro do tinteiro”, uma coisa dentro da outra,  e isso é quase impossível de acontecer na frente desse tipo de testemunhas

Não tendo o que fazer, o Beit Hadin encaminha os dois para o Beit  Hamikdash em Yerushaláim. No Beit Hamikdash os Cohanim (sacerdotes daquele turno) avisam que podem escrever a “Meguilat Sotá” copiando a “Parashat Sotá” da nossa Parashá com os nomes de D’us contidos nela, dissolver essa Parashá com os nomes de D’us dentro de um copo de água e dar para a mulher beber.

Se nada acontecer para ela, o marido pode ficar tranquilo porque foi só uma simples desobediência ao pedido dele mas nada aconteceu na prática.

Mas o Cohen avisa a mulher que caso ela tenha traído, se beber isso ela falece, e dá as últimas chances para ela não beber aquela água. No lugar disso ela pode receber o divórcio sem o valor da Ketubá e não assumir esse risco.

Se ela sabe que não traiu, ela pode beber essa água tranquila e o fato de ela não falecer vai ser a prova para o marido de que nada aconteceu, fora o susto.

E não só isso, se ela não tinha filhos, agora ela recebe uma indenização Divina pela vergonha que passou e recebe a bênção Divina para ter muitos filhos.

Aqui vemos a Infinita Bondade de D’us:Não só que Hashem pede para apagar o nome dele para fazer o Shalom Bait mas ainda indeniza a mulher milagrosamente​ pela vergonha que ela passou!

É proibido proibir…

Por causa disso, depois que o Beit Hamikdash foi destruído é proibido proibir a mulher de se trancar com uma pessoa específicamas deve-se falar para ela que os nossos Sábios instituíram o “Issur Yhud” que é a proibição genérica de uma mulher não se trancar sozinha com um homem que não seja seu marido, seu pai, seu avô, seu bisavô, seu filho, seu neto ou seu bisneto

Fique longe da mentira!

Quando você for convidado para um casamento, mesmo se a noiva for feia e antipática você deve dizer para o noivo que ele teve sorte de encontrar uma noiva tão bonita e simpática!

E essa é a Halahá e de acordo com Beit Hilel!

Porque na Torá, na nossa Parashá, não está escrito que é proibido mentir. Está escrito “fique longe da mentira”, deixando uma dica que em certos casos é permitido mentir

Explica o Baal Shem Tov que a mentira é como um veneno que quando usado na dose correta se torna um remédio que seria impossível fazer com outra coisa a não ser com o veneno.

Aharon Hacohen era esse especialista que conseguia usar a mentira na dose certa para fazer as pazes entre marido e mulher e entre as pessoas.

Mas a mentira na overdose volta a ser um veneno e por isso, se não está claro que sabemos usar ela na composição certa, temos que ficar longe dela.

Quase como continuação do assunto da mulher que se “desviou” aparece a Parashat Nazir que nos ensina que, quando houver necessidade, podemos fazer um juramento de não beber vinho e não cortar o cabelo por um tempo determinado.

Esse tipo de juramento chamado de Nezirut não pode ser feito depois da destruição do Beit Hamikdash porque se for feito hoje não temos como desfazê-lo.

Dizem nossos sábios que o motivo da proximidade entre essas duas Parashiot  é para sabermos quando chegou a hora de fazer esse juramento.

Quando vemos a Sotá (a mulher que se desviou) passar pelo que está passando, devemos aprender com isso a nos proteger de coisas que podem causar o nosso próprio desvio, como é o caso da embriaguez e da vaidade obsessiva.

Daqui aprendemos como nos relacionar ao que acontece à nossa volta. Não devemos pensar na pessoa que fez a coisa errada e acharmos que somos melhores do que ela por ainda não termos feito a coisa errada também

Mas quando vemos alguém fazendo uma coisa errada devemos pensar que nós também não estamos imunes desse tipo de comportamento e investir no nosso próprio refinamento, pensar em como nos vacinar para não chegarmos a uma situação semelhante.

Depois da Parashat Nazir,  como se fosse uma continuação dela, a Parashá nos trás as Bênçãos dos Cohanim, mostrando que esses três assuntos estão interligados.

Você se comporta bem com a esposa mesmo ela não dando motivo para isso, e no caso da mulher, você se comporta bem com o seu marido mesmo ele não dando motivo para isso, evitam beber para esquecer as mágoas mas esquecem as mágoas por motivo religioso de ser proibido guardar rancor, principalmente entre cônjuges, e no mérito desse amor gratuito e união incondicional Hashem te dá todas as Bênçãos, te dá muito dinheiro e te protege dos ladrões, te dá todas as Bênçãos e te protege para que você sempre possa ter proveito delas com muita saúde e alegria!

Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) pediu para Moshe Rabeinu contar o povo de Israel. Rashi explica que o motivo dessa contagem é o grande amor que Hashem tem por nós
Durante os quarenta anos que estávamos no deserto nosso povo foi contado três vezes. A primeira vez foi quando saímos do Egito
Antes de recebermos a Torá no Monte Sinai, Moshê Rabeinu contou nosso povo, como diz o versículo: ” e o povo de Israel viajou de Ramsés à Sucot seiscentos mil homens andando, fora as crianças
Porque Moshê fez esse senso? Para receberem a Torá. Como foi feita essa contagem não está explícito na Torá. O versículo nos conta sobre ela de maneira indireta nos trazendo apenas o resultado final desse primeiro senso
Quando o povo de Israel saiu do Egito, eles ainda tinham que cumprir somente 7 Mitzvot de Bnei Noach. Talvez nesse nível ainda não houvesse a necessidade de contá-los de maneira indireta por meio de cada um trazer meio shekel e os shekalim serem contados, como aconteceu nas contagens posteriores
Três censos foram feitos. O primeiro para que o povo de Israel recebesse a Torá e os outros dois para que a “Presença Divina” pairasse sobre eles
Quando muitas pessoas morreram por causa do bezerro de ouro foram contados novamente, “aparentemente” para saber quantos sobreviveram
Quando foi feito o Mishkan (o Templo móvel) para que pairasse sobre nós a Shehiná (a Presença Divina), novamente foram contados. E essa é a contagem da nossa Parashá.
No primeiro dia do primeiro mês da Torá que é o mês de Nissan, foi montado o Mishkan. E por causa disso, no primeiro dia do segundo mês da Torá, que é o mês de Iyar citado aqui na nossa Parashá, nosso povo foi novamente contado.
E porque não foram contados imediatamente quando a Presença Divina pairou sobre nós por meio do Mishkan, mas Hashem esperou um mês inteiro para contar o nosso povo? Porque pela Torá um mês inteiro determina que algo é fixo, no caso, a Shehiná que pairou sobre nós
A contagem determina limites, e a fonte de todos os limites é o primeiro Tzimtzum, a grande ocultação Divina. A partir desse fenômeno espiritual entramos em um esquema de “Luzes” e “receptáculos” até chegar à nós. Nossa Alma está na categoria de “Luz” e nosso corpo de “receptáculo”
O problema com os limites é que eles descem até a “sitra ahara” que é o “lado espiritual impuro”. Os limites se tornam limites desnecessários, excessos de limite. Como por exemplo uma epidemia, que é desde um limite de saúde até um limite de vida, ou seja, a morte
Por isso, quando o rei David pediu para fazer o censo do nosso povo de maneira direta, a consequência disso foi uma epidemia que dizimou dezenas de milhares do nosso povo
O Rei David não achou que isso fosse uma coisa tão grave até ver com os próprios olhos a tragédia que aconteceu como consequência da contagem direta, algo que não teve precedentes por não ter sido feito de outra forma desde que recebemos o nosso upgrade com a entrega da Torá e nos tornamos oficialmente o povo escolhido
Depois que o nosso povo recebeu a Torá e se tornou o povo sagrado no sentido da palavra, Hashem pediu para contar o nosso povo indiretamente, e o motivo para isso foi exatamente esse, para que não acontecesse uma epidemia
Ou seja, pediu para contar o nosso povo por causa do carinho que Ele tem por nós, e por outro lado pediu para Moshe nos contar de maneira indireta, por meio de cada um trazer uma moeda de meio Shekel. As moedas foram contadas e assim ficamos sabendo quantos éramos
Então porque Hashem pediu para nos contar indiretamente por causa do carinho que Ele tem por nós? Seria melhor não pedir para nos contar e evitar o risco…
Luzes e receptáculos
Como vimos antes, para as “Luzes espirituais” descerem à esse mundo elas precisam de um receptáculo que as contenham, como por exemplo nosso corpo e nossa Alma.
O corpo nos limita, mas sem ele não temos como interagir nesse mundo, e uma Alma neste mundo sem um corpo não é uma pessoa viva.
Assim também as grandes Bênçãos Divinas que pairaram sobre nós por meio da entrega da Torá e da construção do Mishkan precisavam de um recipiente, um limite que as comtesse nesse mundo. E esse recipiente foi a contagem.
Por isso, depois do bezerro de ouro fomos novamente contados, para que as grandes Bençãos Divinas que nos deixaram por causa da idolatria voltassem para nós depois que Hashem desculpou o nosso povo.
E por isso Hashem pediu para nos contar, por causa do carinho que Ele tem por nós. Mas a contagem teve que ser de maneira indireta para criar um receptáculo para que as Bençãos Divinas pudessem pairar sobre nós, mas que não fosse um receptáculo tão direto a ponto de dar a possibilidade de a “sitra ahara”, as forças do lado impuro, transformarem esse receptáculo que é um “limite”, em “limite de vida”.
E por isso nosso povo só foi contado nessas ocasiões e não foi contado quando realmente deveria ter sido contado, como no caso das guerras contra Midiã, Sihon e Og.
Daqui vemos que o único motivo verdadeiro dessas contagens foi para fazer um receptáculo para que as Bençãos Divinas pudessem pairar sobre nós.
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Nossa Parashá nos conta que Hashem pediu para Moshe Rabeinu contar o povo de Israel junto com Aharon e com o presidente de cada tribo
Diz o Zohar que a Benção Divina não paira sobre uma coisa contada, e quando a Benção Divina deixa de pairar sobre algo, a “sitra ahara” (o lado impuro) paira sobre isso podendo trazer um prejuízo e até mesmo a morte e por isso não devemos contar as pessoas do jeito normal, um dois três quatro….
Então como pode ser que o próprio D’us pede para contar o nosso povo?
Dizem nossos Sábios que nesse caso foi pedido de cada homem de vinte anos para cima no caso de todas as tribos for a a tribo de Levi, e no caso da tribo de Levi de um mês de idade para cima, darem uma moeda de dez gramas de prata chamada de “beka”.
Somente as moedas foram contadas, e sendo que cada um deu uma moeda, sabemos a contagem do nosso povo sem precisar contá-los.
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A tribo de Levi foi contada a partir de um mês de idade e mesmo assim o número dela foi menor do que a metade de qualquer uma das outras tribos
Dizem nossos Sábios que a tribo de Levi não foi escravizada pelos egípcios. As tribos que foram escravizadas receberam uma Benção Divina sobrenatural, e quanto mais os egípcios afligiam eles, mais eles cresciam e se multiplicavam. A tribo de Levi cresceu de maneira natural, e todas as outras tribos seriam também pequenas como ela se não tivessem sofrido
Diz o Zohar que na ordem das Sefirot, a Guevurá que é a fonte dos sofrimentos antecede a Tiféret, chamada de “corpo”, que é a fonte da coisas boas. Se não passamos pela Guevurá não temos como chegar à Tiféret.
Por esse motivo está escrito que relativo ao que eles sofreram, assim eles cresceram e se multiplicaram
Quem sofreu mais, cresceu mais e se multiplicou mais, quem sofreu menos, como a tribo de Levi, cresceu menos esse multiplicou menos
Por isso devemos sempre agradecer à Hashem pelos sofrimentos da mesma maneira que agradecemos pela coisas boas, sendo que por meio deles chegamos à Tiféret que é a fonte de todas as coisas boas
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Nossa Parashá nos conta sobre a descendência de Aharon e Moshe, e na continuação fala sobre os filhos de Aharon e não cita os filhos de Moshe
Então porque a Parashá nos diz que esses são os filhos de Aharon e Moshe?
Para nos ensinar que todo aquele que ensina uma pessoa Torá, é como se tivesse dado a luz à ela.
Então não vamos perder essa oportunidade, sempre que pudermos ensinar alguém Torá vamos fazer isso com muita alegria 😊
🌻🌻🌻
Na nossa Parashá Hashem pede para Moshe Rabeinu fazer a contagem do nosso povo
Rashi explica que por causa do amor que Hashem tem por nós Ele nos conta o tempo todo
E ainda sobre a contagem do nosso povo, sendo que no começo da nossa história como povo fomos contados, em breve, na época do Mashiach seremos tão numerosos como a areia do mar que não tem como ser contada
Como nos conta nossa haftará que trás a profecia de Hoshea (Oséias) que fala sobre o enorme número de judeus que vai se revelar quando Mashiach chegar e também sobre o amor que Hashem tem por cada um de nós.
Nessa Haftará vemos isso de maneira bem clara.
A Guemará nos conta que Hashem disse ao profeta Hoshea que o povo de Israel não está se comportando de maneira correta (para que ele rezasse pelo nosso povo como fez Moshe Rabeinu)
A profecia de Hoshea começa depois de ele, no lugar de rezar por nós, ter proposto à Hashem trocar nosso povo por outro.
O desencadeamento dessa profecia é que o país das dez tribos conhecido como “reino de Israel” onde o profeta Hoshea se encontrava e atuava se perdeu no meio dos povos do mundo mas volta de maneira imensurável na época do Mashiach
Geralmente os profetas tinham que ligar sua profecia à uma ação. No caso de Hoshea, Hashem pediu para ele se casar e ter filhos com uma prostituta
Ele se casa com Gomer bat Dvalim que era prostituta filha de prostituta e que estava feliz com o que fazia
Ela tinha filhos com os clientes e assim montou sua família, já havia se acomodado nessa profissão sem sonhar em sair dela e montar uma família normal
Eles se casam e tem um filho que D’us pede para chamá-lo de Izreel profetizando que o nosso povo (aquelas dez tribos judaicas) vai ser semeado (espalhado) entre os povos do mundo
Depois eles tiveram uma filha que D’us pede para chamá-la de “LoRuhama” profetizando que D’us não vai ter piedade do nosso povo, “no more chance”!
Depois eles tem mais um filho que D’us pede para chamar de “LóAmi” profetizando que o povo de Israel não é mais o povo de
Hashem.
Vemos na prática que tudo isso aconteceu com o país das dez tribos)
No final D’us pede para ele se divorciar…
O profeta não concorda e diz para Hashem:-Eu tenho filhos com ela, como posso tirar ela de casa ou me divorciar? No way
Então Hashem diz para o profeta:- Se até você que não tem certeza se sua esposa é só sua e se os filhos são realmente seus, mesmo assim já não é capaz de quebrar a família, como poderia Eu trocar o povo de Israel por outro povo
Nessa hora o profeta entende que fez um erro de avaliação e reza forte para que Hashem inverta a profecia
Sendo que uma profecia negativa não é obrigada a acontecer, a profecia se inverte e Hashem diz para o profeta que no lugar de Ló Ami, “não é meu povo”, eles serão chamados de filhos do D’us vivo. (Filhos, ou seja, ainda mais queridos do que povo! Seguindo a regra da Torá de que depois de cada descida obrigatoriamente acontece uma grande subida)
E a profecia continua, dizendo que nós (que somos chamados de judeus porque somos descendentes da tribo de Yehudá e Beniamin) vamos chamar nossos irmãos (das dez tribos) de “nosso povo” e nossas irmãs (das dez tribos) de Ruhama (
nosso consolo)
Conclusão, quem está triste em acreditar que o povo de Israel se limita aos poucos milhões da contagem oficial vai ficar maravilhado quando em breve essa profecia acontecer!
Lembre-se de deixar uma chama acesa antes do acendimento* Eruv Tavshiin

Emor

Na nossa Parashá Hashem diz para Moshe pedir aos Cohanim (os sacerdotes) filhos de Aharon, não se impurificarem participando de um enterro de alguém, a não ser que essa pessoa seja sua esposa, seu pai, sua mãe, seu irmão, sua irmã, seu filho ou sua filha.

Ou em uma situação extrema, alguém que não tenha absolutamente ninguém para enterrá-lo, que nesse caso é denominado “Met Mitzvá” e o Cohen é obrigado à enterrá-lo.

O motivo para esses limites em relação ao Cohen, diz a Torá, é que o Cohen não pode se impurificar a não ser por um motivo de extrema necessidade sendo que ele é quem faz os Sacrifícios no Beit Hamikdash.

E a pergunta é: Porque o extremo da impureza paira especificamente sobre um morto? E se é assim, por que a Torá não libera totalmente o Cohen de enterrar seus parentes próximos?

Morte e impureza 

Rabi Yehudah Halevi nos ensinou que a impureza está sempre ligada à morte, e por isso o caso mais grave de impureza é um judeu ou judia que faleceram.

Abaixo disso está a mulher que dá à luz uma menina. Antes de dar a luz, ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma, ou seja, menos vida.

E sendo que essa vida que saiu dela vai dar origem à outras vidas, ela fica impura 66 dias por causa da vida que saiu do seu próprio corpo, mesmo que a menina que saiu dela, não só que tem vida própria, mas também futuramente vai dar a luz à mais vidas.

Abaixo disso está a mulher que dá à luz a um menino. Antes de dar à luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma. Ou seja, menos vida.

Abaixo disso está a mulher que perdeu o óvulo e por isso ficou Nidá. O óvulo era vida, e ele saiu dela, agora ela é menos vida.

Abaixo disso está o marido que teve relação com a mulher. O que saiu dele entrou nela, mas quem ficou impuro foi ele e não ela, porque dele saiu vida, e nela entrou.

Essa regra se aplica também ao caso da “nega tzaraat”, a manifestação espiritual que se revelava na pele da pessoa causando a morte das células, e onde há morte há impureza, e por isso a pessoa ficava impura por causa da “nega tzaraat”

Quando acordamos de manhã estamos impuros (até jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) porque nossa Alma sobe para os céus nos colocando em uma situação de 1/60 da morte. Ou seja, durante o sono estamos menos vivos.

Quando cortamos as unhas ou os cabelos, ou quando fazemos uma doação de sangue, também devemos fazer a “netilat yadayim”, (jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) para tirar a impureza que pairou sobre nós por causa da perda de uma pequena parte de vida, uma pequena parte do nosso sangue, dos nossos cabelos ou das nossas unhas.Mas porque a impureza paira sobre nosso corpo sempre que há nele um pouquinho de redução de vida, ou, D’us nos livre, a própria morte que traz com ela a maior de todas as impurezas?

A explicação do Zohar

Diz o Zohar que a pessoa não morre antes de ver a “Shehiná” (Presença Divina) e por causa do intenso desejo da nossa Alma em se unir à Shehiná, nossa Alma sai do corpo ao seu encontro.

Depois que a Alma sai do corpo e, consequentemente, aquele corpo se torna um corpo morto, é proibido deixá-lo sem que seja enterrado.

O Zohar nos traz vários motivos para isso.

Um motivo é porque se deixarmos passar 24 horas entre a morte e o enterro, causamos uma fraqueza nas Sefirot do mundo superior, sendo que a “imagem e semelhança” Divina descritas pela Torá em relação à criação do homem se refere às Sefirot lá de cima e por isso cada um de nós está sincronizado com essas Sefirot

E da mesma maneira que existe a infiltração do lado espiritual negativo no corpo do falecido aqui em baixo, se ele não é enterrado em 24 horas esse lado espiritual negativo acessa ao mundo superior e suga vitalidade das Sefirot lá de cima

Outro motivo que não podemos atrasar o enterro é para não atrasar a ajuda Divina decretada para aquela pessoa.Porque talvez Hashem tenha decretado para o bem daquela pessoa que ela vai se reencarnar naquele mesmo dia que faleceu, explicitamente para o bem dela

E enquanto o corpo não é enterrado a Alma não pode se apresentar na frente de Hashem, e consequentemente não pode entrar em uma próxima reencarnação.Isso pelo motivo de que não é dado para a Alma um segundo corpo enquanto o primeiro não é enterrado.

O Zohar compara esse caso à uma pessoa cuja esposa faleceu. Não é correto ele se casar com outra mulher enquanto a esposa falecida não é enterrada, assim também não é correto ele receber um novo corpo enquanto o corpo anterior não é enterrado.

Outro motivo para que a pessoa seja enterrada no mesmo dia é porque quando a Alma sai do corpo e precisa ir para o mundo superior, para o Gan Éden (o Paraíso) ela não pode entrar lá enquanto não é dado a ela um novo corpo.Mas sendo que o Gan Éden fica no mundo superior, esse novo corpo é infinitamente melhor do que o atual e é denominado pelo Zohar como um “corpo de luz”.

Um corpo espiritual para usufruir do Gan Éden HaTahton (Baixo Paraíso) onde uma hora lá equivale à setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, ou do Gan Éden HaElion (Alto Paraíso) onde uma hora lá é comparada à setenta anos no Gan Éden HaTahton.

Mas só depois que a Alma recebe esse corpo espiritual ela pode entrar no mundo superior, e isso só acontece depois que o corpo material que ela usou aqui embaixo é enterrado. Somente depois disso ela recebe o corpo espiritual e pode entrar no mundo superior

Diz o Zohar que aprendemos isso de Eliahu Hanavi (o profeta Elias) que tem dois corpos.Um corpo, o corpo material, ele usa para aparecer para as pessoas aqui nesse mundo, mas com esse corpo ele não consegue subir para o mundo superior. Outro corpo ele usa para aparecer lá em cima entre os Anjos do céu

Mais um motivo que nos traz o Zohar é o de que todo o tempo em que o corpo ainda não foi enterrado a Alma sofre por causa do espírito impuro que aparece para habitar nele (causando com que o corpo morto fique impuro)

E sendo que o espírito impuro aparece por causa da morte, a pessoa não deve deixar aquele corpo por uma noite sem enterrá-lo, porque o espírito impuro se encontra com mais intensidade durante a noite e vaga por toda a terra procurando um corpo sem Alma para impurificá-lo, e de noite ele impurifica com muito mais intensidade.

O Zohar nos conta que no momento do falecimento é dada à pessoa a permissão de ver o que ele não conseguiria ver enquanto estava vivo.

Ele vê que estão vindo ao seu encontro seus parentes e amigos do mundo superior e ele reconhece cada um deles, mesmo sendo eles seus ancestrais que nunca viu em vida.

E todos se revelam para ele com a aparência que tinham neste mundo. Se a pessoa que falece tem o mérito de estar à caminho do Gan Éden (paraíso celestial) todos os amigos e parentes que estão no Gan Éden chegam alegres ao seu encontro e dão boas vindas à ela.

Mas se ela não tem o mérito de ir para o Gan Éden, ou seja, se está a caminho do gehinom, não aparecem para ela a não ser aquelas pessoas ruins que estão sendo retificadas no gehinom.E todos se revelam para ela tristes. Começam com um “ai” por causa do castigo que vai ser acrescentando à eles por causa dessa pessoa, e terminam com um “ai” por causa do castigo que essa pessoa vai receber

O “Guehinom”

O Guehinom é o “mundo de baixo”, dimensão espiritual negativa criada para a retificação da Alma mas com limite de estadia limitado para o máximo de doze meses.O Guehinom é exatamente o contrário proporcional do Baixo Paraíso. Da mesma maneira que uma hora no Baixo Paraíso equivale à setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, uma hora no Guehinom equivale à setenta anos dos maiores sofrimentos nesse mundo.

O exemplo do relógio de Sol

Diz o Baal HaTanya que da mesma maneira que o Sol percorre uma distância de milhares de quilômetros no céu, e relativo à isso sua sombra percorre alguns centímetros aqui embaixo, essa mesma proporção é aplicada aos nossos sofrimentos.Um pouquinho de sofrimentos neste mundo nos liberam de milhares de quilômetros de sofrimentos no gehinom, e por isso devemos sempre agradecer à Hashem por qualquer sofrimento pelo qual passamos.

Continuando a descrição do Zohar em relação à saída da Alma e os parentes e amigos do Gan Éden que vem receber ela neste momento.

No momento da saída da Alma, todos os parentes e amigos que estão no Gan Éden vêm recebê-la e fazem para ela um passeio até lá.Mostram para ela o lugar que ela vai receber no Gan Éden e ela sobe para conhecer e usufruir um pouquinho dos intensos prazeres daquele mundo. Um verdadeiro turismo pelo mundo superior !

Depois ela desce para participar da “Shiva” que é a semana de luto pela sua morte. Todos esses primeiros sete dias a partir do enterro a Alma vai da sua casa para o seu túmulo e do seu túmulo para a sua casa.Na sua casa ela vê que todos estão enlutados pela sua morte e ela também fica enlutada pela própria morte.

Depois de sete dias desde o enterro, o corpo continua na sua decomposição, e agora a Alma vai se mudar oficialmente para o Gan Éden.

Para sair oficialmente desse mundo ela passa primeiro pela Mearat HaMahpelá que é o túmulo de Adão e Eva e dos nossos Patriarcas e Matriarcas.

Lá ela vê o que tem permissão para ver, e entra no lugar que tem permissão para entrar, até chegar ao Gan Éden HaTahton. Porque a Mearat HaMahpelá, diz o Zohar, é o caminho para o Gan Éden HaTahton.

No caminho do Gan Éden ela vê os “keruvim” com o brilho das suas espadas circundantes. Os “Keruvim” são os anjos de destruição que Hashem (D’us) colocou para guardar o caminho da Árvore da Vida, a entrada do Gan Éden HaTahton. Se essa Alma tem a permissão para entrar lá, eles abrem o portão para ela e ela entra.

Os quatro Anjos principais, Mihae-l, Gavrie-l, Urie-l e Refae-l são convidados para “vesti-la”. Eles aparecem segurando uma “semelhança de corpo” nas suas mãos.

Um corpo espiritual que foi feito por ela própria por meio dos Mandamentos Divinos que ela cumpriu nesse mundo, e de acordo com o nível desse corpo ela vai usufruir dia intensos prazeres daquele mundo.

Ela se reveste nele com muita alegria e recebe o lugar dela no Gan Éden HaTahton. Ela fica lá somente durante o período que ainda não é permitido para ela subir ao Gan Éden HaElion, porque às vezes por causa do nosso comportamento nesse mundo não é liberada a nossa entrada diretamente para o Gan Éden HaElion, para o Alto Paraíso.

Quando termina nosso tempo de espera nesse lugar maravilhoso que é o Gan Éden HaTahton chega a hora de subirmos ao Gan Éden HaElion.Nesse momento ela ouve que estão anunciando lá de cima que chegou a hora de ela subir ao Gan Éden HaElion. Ela é chamada pelo seu nome

Nossa Parashá nos conta sobre uma pessoa que brigou com outra, perdeu a causa no julgamento. Depois de ter sido declarado culpado, essa pessoa disse o nome explícito de D’us e o amaldiçoou (à D’us).

Antes de nos aprofundarmos nesse assunto, temos que deixar claro que se esse caso acontecesse hoje em nossos dias não seria visto como um assunto religioso, mas sim como um caso médico.Para ser mais preciso, como um caso de abalo psicológico causado por um esgotamento nervoso, mas não como é esse caso onde a pessoa usou seu livre arbítrio e optou em sã consciência por amaldiçoador à D’us.

Dessa mesma maneira o suicida dos nossos tempos não é mais visto como alguém que se matou intencionalmente e conscientemente, mas sim como um caso de depressão profunda que não foi diagnosticado a tempo de podermos ajudá-lo a salvar a própria vida.

Mas aquela pessoa na Torá que amaldiçoou à D’us, fez isso conscientemente e intencionalmente, abrindo a porta para todos os que usufruíram da bondade Divina de tê-los tirado da escravidão mas não concordavam com a condição Divina de terem que se comportar da maneira correta, simplesmente amaldiçoarem à D’us.

E como consequência disso, à partir desse momento estarem totalmente livres dos mandamentos Divinos e se sentirem à vontade para fazer o mal sempre que desejarem, sem ter o mínimo peso na consciência. E isso poderia incluir até assassinatos, roubos e etc.

Em outras palavras, ele achou que tinha encontrado uma brecha na lei Divina que lhe permitiria isso, sendo que até aquele momento nem o próprio Moshe sabia o que fazer em um caso assim.Em breve o amaldiçoador teria inúmeros seguidores que viam os mandamentos Divinos como uma barreira entre eles e os desejos dos seus corações.

Todos estavam conscientes de que a idolatria era uma coisa grave, mas porque não uma ideologia? Você é filho de uma mãe judia, e portanto é judeu, mas você não quer D’us na sua vida porque você quer decidir sozinho o que é considerado assassinar ou roubar e tudo o mais de acordo com a sua própria vontade, sem que D’us que cria e dirige o mundo interfira em absolutamente nada.

E quando nosso povo chegasse à terra prometida, no lugar de transformá-la em uma “Terra Santa” eles a transformariam em um estado laico, onde algumas pessoas rezariam para D’us e outras simplesmente não acreditariam que D’us existe.

E o intermediário seria esse que acredita em D’us mas se dá ao luxo de amadicoá-lo, demonstrando que acredita em D’us e até está disposto a cumprir um pouquinho dos mandamentos Divinos para garantir o seu paraíso, mas deixar com que D’us interfira em todos os aspectos da sua vida a ponto de ele sair culpado em um julgamento que é feito de acordo com a Torá, isso já é demais.

Cada um de nós tem um “Yetzer Hará” que nos induz a pensar que D’us é bom quando os Mandamentos da Torá estão à nosso favor. E o contrário, D’us nos livre, quando saímos aparentemente “perdendo” por causa desses mesmos mandamentos.Como se livrar da categoria de pensamentos que levou o amaldiçoador à esse extremo? A solução para isso está na própria Torá. Quando esses pensamentos surgirem, jogue sobre eles um monte de pedrinhas e faça-o desaparecer. Você só tem a ganhar!.

 Maldições

Aprendemos da nossa Parashá que por pior que seja a situação nunca devemos amaldiçoar nem à nós próprios e nem aos nossos semelhantes, e isso por muitos motivos.

E um deles é que quando amaldiçoamos alguém estamos expressando nosso desejo de que aquela pessoa receba um castigo lá de cima, e nessa hora nossa ficha também é aberta lá em cima.

Cada um de nós traz méritos e pendências de reencarnações anteriores. Pode ser que a pessoa que estamos amaldiçoando tem o mérito que justifica a proteção Divina contra a nossa maldição.Por outro lado pode ser que sobre nós recai uma pendência de alguma reencarnação anterior que ainda não foi retificada, e que agora é cobrada de nós por termos despertado isso contra o nosso semelhante.

E isso se compara ao caso de alguém que transgrediu a lei mas não foi encontrado. Quando ele comparece ao tribunal para processar o amigo ele expõe a própria identidade.

Por isso, para o nosso próprio bem nunca devemos amaldiçoar ninguém e nem à nós próprios, mas confiar em D’us que dirige o mundo e nada é oculto para Ele. E caso seja necessário dar um castigo para alguém, que isso não aconteça por meio de nósAssim Hashem nos protege sempre de todos os que nos amaldiçoam. Da mesma maneira que não queremos que Hashem dê um castigo à alguém por causa de nós, por esse motivo Hashem nos protege de não recebermos um castigo por causa de alguém.

O lado oculto do amaldiçoador 

Diz o Zohar esse amaldiçoador era o filho do egípcio que estava tentando assassinar um judeu a chicotadas depois de tê-lo colocado para trabalhar a noite inteira e ter aproveitado essa situação para “passar a noite” com a esposa daquele judeu.Naquela noite ela engravidou dele, e de manhã quando o marido voltou e percebeu o que tinha acontecido, ele tentou matar o marido à chicotadas.Moshe Rabeinu apareceu naquele momento e disse um nome de Hashem que tira a alma do corpo devido ao nível da sua santidade.Aquele egípcio, diz o Zohar, era o nível nefesh da Alma de Caim. Esse filho é uma ramificação desse nível nefesh da Alma de Caim e a continuação da sua retificação.Caim assassinou Hevel (Abel) por dois motivos. Caim nasceu com uma irmã gêmea que seria sua esposa e Abel nasceu com duas. Caim achava que por ter nascido primeiro e consequentemente ser mais importante do que Abel ele merecia ter duas esposas, então ele assassinou o irmão para roubar a sua mulher.Outra coisa que motivou Caim a matar o seu irmão foi o fato de Hashem (D’us) ter aceito a oferenda de Abel e não ter aceito a sua.Os dois se reencarnaram, o nível nefesh de Caim era o egípcio que estava tentando matar o judeu a chicotadas para roubar a sua esposa. Ou seja, não só que ele não retificou o que fez de errado mas tentou fazer novamente.Moshe era a reencarnação de Abel, e por isso, sendo que Caim não se arrependeu do que fez e tentou fazer de novo nessa nova reencarnação que era a oportunidade dele de se retificar de maneira positiva, ele teve que morrer por meio de Moshe “medida por medida”.A ramificação desse caso foi o filho desse egípcio. Seu “tikun” o conserto da sua Alma era aceitar os decretos Divinos.Sendo que o que motivou Caim a matar Abel foi o fato de ele não ter aceito os decretos Divinos em relação à esposa e ao critério Divino em relação às oferendas, o conserto para isso seria a aceitação do veredito do tribunal Rabínico que fez o julgamento dele de acordo com as leis da Torá.Sendo que ele foi contra o veredito da Torá em relação à ele e fez uma maldição oficial contra D’us, o decreto Divino em relação à ele foi novamente “medida por medida” O nível nefesh da Alma de Caim foi retificado dessa maneira “medida por medida”, os níveis Ruah e Neshamá de Caim foram  retificados por Korah (nível Ruah) e Yitro (nível Neshamá)

Os Cohanim

Nossa Parashá nos conta sobre os direitos e deveres do Cohen (o sacerdote).

A palavra sacerdote em português é aplicada à qualquer liderança religiosa, diferente do hebraico que separa entre o rav (mestre) que pode ser tanto um rabino quanto um mestre de tecelagem, e o Cohen que tem uma função especificamente religiosa.

Nossa Parashá fala sobre o Cohen, que mesmo não sabendo Torá e não sendo um rabino ele é o sacerdote.

O Cohen pode estudar e se tornar um rabino, fora o fato de ser Cohen. Mas o rabino, se não nasceu Cohen, não tem como se tornar um Cohen por mais que saiba de cór todas as leis em relação aos direitos e deveres do Cohen.

Quem é o Cohen?

D’us pediu para ungir Aharon e seus filhos Nadav, Avihu, Elazar e Itamar com o azeite de unção sagrada, o mesmo que foi usado pelo profeta Shmuel para ungir o Rei David, e assim eles se tornaram os Cohanim

Nadav e Avihu faleceram sem ter filhos deixando para Elazar e Itamar a continuidade dos Cohanim

Quando a Torá determina uma regra, para tirar alguém dessa regra a própria Torá tem que trazer um versículo que determine isso, e aí aparece o caso por Pinhás que se tornou Cohen por determinação Divina, a única exceção de regra nesse caso

Ou seja, para ser Cohen a pessoa tem que ser um descendente direto de Elazar, Itamar ou Pinhás. Essa descendência tem que ser de pai para filho e não por meio das filhas

Ou seja, quando a filha do Cohen se casa, se o marido é Cohen o filho vai ser Cohen, mas se o marido não é Cohen o filho deixa de ser Cohen.

Deveres do Cohen:

O Cohen não pode se impurificar, e portanto ele só pode entrar no cemitério para enterrar seus pais, seus irmãos e seus filhos, mas não por outros motivos

O Cohen tem restrições à casamentos que os outros judeus não tem como veremos abaixo:

 A “zoná”

O Cohen não pode se casar com uma “zoná”. A palavra “zoná”, traduzida como prostituta por causa do caso de Yehudá e Tamar aonde ele pensa que ela é uma “zoná” e oferece para ela um pagamento.

A palavra “zoná” naquele acontecimento é literalmente uma prostituta, ou seja, o significado genérico da palavra.

Mas no caso do Cohen, a palavra zoná é aplicada à uma mulher que teve uma relação íntima com alguém com quem ela não poderia se casar no momento em que teve aquela relação, e não à uma mulher que cobrou para ter uma relação com alguém que seria permitido ela se casar com ele.

A “zoná” no caso do Cohen é uma mulher que teve uma vez na vida uma relação com o pai, o irmão, o filho, ou com alguém que não era judeu.Neste último caso até se o não judeu se converteu ao judaísmo depois disso, ela não pode se casar com um Cohen sendo que quando ela teve a relação com ele ele ainda não era judeu e esse é o caso mais comum.

 A “ietzianit”

Uma prostituta judia que só se relacionou com judeus e nunca teve uma dessas relações citadas acima é chamada de “ietzianit” (saideira) e não de “zoná” e é permitido para o Cohen se casar com ela (e com certeza dessa maneira ela vai parar de ser uma saideira).

A “grushá”

O Cohen não pode se casar com uma ”grushá” (divorciada) mesmo que ela não chegou a ter uma relação íntima com o marido entre o casamento e o divórcio e ainda é virgem. Esse caso se refere à um divórcio Judaico chamado de “guet” e não à um divórcio civil.

A “guioret”

O Cohen não pode se casar com uma ”guioret” (convertida) mesmo sendo ela virgem.

A “Halutzá”

A filha de um Cohen com uma das mulheres que são proibidas à ele é chamada de “Halutzá” e o Cohen não pode se casar com ela também.

 O Cohen Gadol, sumo sacerdote, cargo que existiu na época do Beit Hamikdash, só poderia se casar com uma mulher virgem, e por isso hoje muitas pessoas se atrapalham e acham que qualquer Cohen tem que se casar com uma mulher virgem, o que não é verdade como vimos acima.

O fato de ser permitido para o Cohen se casar com uma viúva que tenha vivido com o marido dezenas de anos e não poder se casar com a divorciada, com a guioret e com a ”Halutzá” mesmo sendo virgens ou com a “zoná” que só teve uma relação íntima na vida, mas com alguém que não era judeu, vem nos mostrar que o motivo dessas proibições é uma determinação Divina oculta para nós e não o fato de ela ter se relacionado com alguém por mais ou por menos tempo

A honestidade Divina

O fato de o Cohen não poder se casar com uma dessas mulheres citadas acima nos revela que elas nunca seriam a “cara metade” dele, sendo que Hashem (D’us) dirige o mundo com bondade e não se comporta com tirania com as suas criaturas.Portanto um dos jeitos de o Cohen saber que aquela mulher não é o “zivug” (o par espiritual) dele é o fato de ela ser proibida para ele.

 Direitos do Cohen hoje em dia

O Cohen hoje em dia não tem como provar que ele é um Cohen sendo que nenhum Cohen hoje em dia não tem nenhuma prova concreta de que é um descendente direto de Elazar Itamar ou Pin’hás.

O Cohen de hoje tem uma “hazaká”, um motivo forte para acreditarmos que ele é um Cohen, sendo que na comunidade judaica aonde ele se encontra ele é conhecido como Cohen. Mas essa “Hazaká” ainda não é uma prova de que ele é um Cohen de verdade.

Por isso o rabinato de Israel que dá a supervisão de Kashrut aos produtos agrícolas da cooperativa do governo, tira desses produtos agrícolas a “Trumá”, a pequena parte deles que deveria ser doada ao Cohen, e passa um trator encima desses cereais e vegetais, os destruindo.

Por isso também costumamos queimar a “hafrashat halá” , a pequena parte da massa do pão que deveria ser dada ao Cohen e não damos à ele na prática.

Por outro lado fazemos o “Pdion Haben” (resgate do primogênito) com o Cohen de hoje e damos à ele o equivalente à cinco “selaim” antigos.Sendo que estamos conscientes de que talvez ele não seja um Cohen de verdade e mesmo assim damos à ele esse dinheiro não é considerado que ele está nos enganando.

Os Cohanim de hoje também costumam fazer a ”Bircat Cohanim” (Bênção dos sacerdotes) e receber a primeira Aliá na Torá.

Conclusão: Vamos rezar para o Mashiach chegar rápido e ele vai nos revelar quem é Cohen de verdade!

Aharei Mot

Nossa Parashá começa nos contando sobre os dois filhos de Aharon que faleceram por terem entrado com um “fogo estranho” na parte mais sagrada do Mishkan.

A Parashá termina nos ensinando que existe uma situação em que a Terra Santa “vomita” seus habitantes devido ao comportamento deles em relação a “casamentos” e a santidade daquele lugar.

Existe uma ligação entre esses dois assuntos que fazem parte de uma mesma categoria, mas em níveis diferentes.

Quando Hashem (D’us) nos deu a Torá no Monte Sinai, pediu para Moshe avisar nosso povo para não subir naquela montanha e nem tocar nela enquanto estivesse acontecendo lá a entrega da Torá

A linguagem do versículo naquele caso é de que todo aquele que tocar em qualquer parte daquela montanha, mesmo em sua parte mais extrema, vai falecer.

E também os animais deveriam ser impedidos de pastar no Monte Sinai no momento da entrega da Torá, porque eles morreriam também se estivessem naquele momento naquele local.

A Torá nos conta mais adiante que Nadav e Avihu, os dois filhos de Aharon que faleceram por terem entrado no Mishkan com o “fogo estranho”, eram pessoas muito elevadas espiritualmente como o próprio Moshe diz ao seu irmão Aharon que Nadav e Avihu estavam em um nível superior ao deles.

O “fogo estranho era o incenso feito de acordo com a Torá, mas esse trabalho deveria ter sido feito pelo pai deles, por Aharon que era o sumo sacerdote, e não pelos seus dois filhos, por uma pessoa e não por duas.

Mas o fato de o Midrash ter nos contado que eles faleceram por ter entrado no Mishkan bêbados já nos ensina que o fato de eles terem entrado no Mishkan com o incenso no lugar de Aharon não justificaria a morte deles

Sendo assim, é óbvio que o motivo do falecimento deles naquela ocasião não tinha relação com o nível espiritual deles, que era elevado o suficiente.

Pelo fato de Moshe ter avisado os Cohanin para não entrarem “bêbados” no Mishkan, surge a possibilidade de eles terem bebido muito vinho antes de terem entrado lá, e pode ser que foi isso o que causou a morte deles.

Essa hipótese trazida pelo Midrash é vista como uma lição de moral, mas não é a prova de que esse foi o motivo verdadeiro, sendo que em relação à conduta moral Nadav e Avihu estavam dentro dos padrões e não havia nenhuma base para suspeitar de alguma conduta negativa em relação à eles.

Também o fato de não ter sido possível encontrar vinho naquele lugar nos leva a conclusão de que o Midrash está usando essa hipótese como lição de moral, mas não como prova de que o motivo do falecimento dele foi esse.

Então qual foi o motivo real da morte de Nadav e Avihu?

A Torá nos conta que no momento da entrega da Torá Hashem (D’us) chamou Moshe para subir na montanha, dando à ele por meio desse chamado uma proteção especial para que ele pudesse presenciar a intensidade da revelação Divina sem que sua Alma deixasse seu corpo.

Mas qualquer pessoa ou animal que tocasse naquela montanha naquele momento, mesmo que fosse somente no extremo da montanha, a Alma sairia do corpo devido ao nível da revelação Divina que estava acontecendo lá.

Depois da entrega da Torá, a revelação Divina deixou definitivamente o Monte Sinai. Ela voltou a ser uma montanha como qualquer outra, e não haveria mais nenhum problema para os pastores com seus animais subirem até o ponto mais alto dela e eles já poderiam fazer isso sem que nada acontecesse.

Aprendemos daqui que quando a revelação Divina paira sobre um lugar, todo o tempo que ela se encontra lá, nem as pessoas e nem os animais conseguem manter as almas nos corpos a não ser que ele seja chamado para, lá como foi o caso de Moshe Rabeinu no Monte Sinai na hora em que a presença Divina pairou sobre ele.

Quando o Mishkan, nosso “Templo-móvel” foi construído no deserto, a revelação Divina pairou sobre ele se revelando na sua parte mais sagrada chamada de “Kodesh HaKodashim”.

O sinal de que a revelação Divina pairou sobre o Mishkan foi o mesmo que aconteceu no Monte Sinai, a nuvem baixou sobre ele.

A regra em relação ao Mishkan foi a mesma que no monte Sinai. Quando a nuvem pairava sobre o Mishkan mostrando claramente que a revelação Divina estava acontecendo lá, Moshe era chamado para o Mishkan e Hashem (D’us) falava com ele. Se Moshe não fosse chamado ele não iria lá por si só,

Por outro lado, Aharon e seus filhos faziam parte da estrutura do Mishkan. Ou seja, o Templo-móvel tinha os seus sacerdotes que eram Aharon e seus filhos, e por isso está escrito em relação à entrada no Kodesh HaKodashim “o estranho que entrar vai falecer. E quem está na categoria de “estranho”?

A Guemará nos conta que certa vez alguém estava passando por trás de uma Sinagoga, escutou do lado de fora uma descrição sobre as roupas do Cohen, entrou na Sinagoga e perguntou :- Quem vai vestir essas roupas? :- O Cohen Gadol, respondeu o professor.

A pessoa que não era judeu tomou uma decisão consigo próprio: – vou me converter ao judaísmo com a condição de ser o Cohen Gadol!

Chegou ao tribunal rabínico onde se encontrou com Shamai, que ouvindo esse argumento concluiu que a pessoa não tinha uma boa intenção…..

Mas aquela pessoa não desistiu e foi procurar o outro grande Rabino da época que se chamava Hilel. Hilel fez para ele um curso de Cohen Gadol.

Quando chegaram nesse assunto de “o estranho que se aproximar vai morrer” a pessoa perguntou:- Quem é considerado “estranho” em relação ao “Kodesh HaKodashim”?

Até David, o rei de Israel que também era a pessoa mais elevada espiritualmente da sua geração e também a mais rica e poderosa, nada disso adiantaria em relação ao “Kodesh HaKodashim” e se ele entrasse lá ele morreria como qualquer outro.

Aquela pessoa descobriu que não poderia ser Cohen Gadol e se tornou um bom judeu.

Nadav e Avihu não estavam na classificação de “o estranho que se aproximar vai morrer” sendo que eles eram Cohanin, eles eram os sacerdotes.

Mesmo assim, a permissão para eles entrarem lá era restrita aos trabalhos específicos que eles deveriam fazer. Incluindo detalhes como roupas específicas para eles poderem trabalhar lá.

Cada ação no nosso mundo material tem uma sincronização com o mundo espiritual, e de acordo com essa sincronização acontece uma reação.

O Cohen por meio do seu trabalho sincroniza entre o mundo de baixo e o mundo de cima, trazendo para cá fartura e abundância.

Isso acontece por meio da sincronização entre as Dez Sefirót lá em cima. A fartura e abundância lá de cima é repassada por meio da Sefirá chamada de Yessod para a Sefirá chamada de Mal’hut, a Mal’hut transforma a abundância espiritual em bens materiais.

Um exemplo para isso é uma mãe que após comer um jantar de Shabat com vinho, pão, peixe e saladas, carne com batata, sucos e sobremesa, transforma em seu corpo tudo isso em leitinho para o nenê.

Se ela desse todo esse jantar de Shabat para o nenê do jeito que foi oferecido para ela, o nenê simplesmente morreria de fome. Não por causa da qualidade desses alimentos, mas por causa da incapacidade do nenê em relação a esse nível de alimentação.

Então a mãe come toda essa comida, transforma ela em leitinho e depois dá de mamar para ele. Assim o nenê cresce saudável.

Assim a Sefirá chamada de Mal’hut transforma a fartura e abundância espiritual em bens materiais. Mas para que o repasse dessa fartura do Yessod para o Mal’hut aconteça, nós precisamos merecer.

E aí entra o trabalho do Cohen. Ele faz o trabalho Divino nos representando como se cada um de nós estivesse lá fazendo esse trabalho junto com ele. Esse trabalho é feito totalmente em sincronização com as forças ocultas espirituais.

Quando Moshe Rabeinu trouxe as dez pragas para o Egito, ele teve que fazer ação material que causasse a reação espiritual para cada uma das dez pragas separadamente.

Na primeira praga, quando Hashem (D’us) pediu para ele dar uma cajadada no Rio Nilo, Moshe respondeu que não vai poder dar essa cajadada porque esse rio salvou a sua vida quando sua mãe o colocou lá em uma cestinha.

Hashem não cancelou a ordem da cajadada para trazer a praga, mas pediu para Moshe pedir ao seu irmão Aharon para ele dar essa cajadada. Porque para trazer algo lá de cima precisamos fazer uma ação nesse mundo material para que aconteça a reação no mundo superior.

E essa ação precisa ser de acordo com os detalhes da ordem Divina que no caso da primeira praga foi a cajadada.

No caso da praga dos piolhos, Hashem pediu para Moshe jogar a terra do Egito para o alto. Moshe novamente se desculpou de não poder fazer isso sendo que aquela terra o ajudou quando ele salvou um judeu de ser assassinado por um soldado egípcio.

Novamente Hashem não cancelou essa ação, mas pediu para Moshe pedir à seu irmão Aharon para ele fazer esse ato material de jogar a terra do Egito para cima e assim começou a praga dos piolhos.

Se Aharon tivesse invertido a ordem Divina e tivesse jogado a água do Rio Nilo para cima e dado uma cajadada na terra, nada aconteceria.

E assim é o trabalho dos nossos Cohanin que são os nossos sacerdotes. Cada trabalho tem que ser feito da maneira correta, e se não for feito da maneira correta a sincronização não acontece e nada de bom desce para baixo.

Sendo que é permitido para o cohen entrar no Mishkan e ela não está na classificação de “o estranho que entrar vai falecer”, e se o trabalho dele não for feito certo ele não traz as bênçãos celestiais para nós, o fato de Nadav e Avihu terem falecido ainda precisa de uma explicação.

Por isso, dia o Zohar, o motivo que restou foi o fato de eles não terem se casado.
E por esse motivo, quando a Torá se refere a pessoa que vai fazer o korban, o sacrifício, ela usa a palavra Adam.

Quando Hashem criou o ser humano, dia o Zohar, ele fez uma pessoa que era um lado homem e o outro mulher. Essa pessoa foi chamada de Adam. Hashem fez Adam adormecer profundamente e separou entre os dois lados, e assim surgiu Hava, a Eva da Torá.

(A estória que D’us criou a mulher da costela não tem fonte judaica)

Por isso eles faleceram, diz o Zohar, eles eram somente “meio corpo”. Cada um deles era “meio corpo”, e mesmo assim eles decidiram fazer o trabalho mais sagrado de todos os trabalhos do Mishkan.

E por causa do contraste entre a fraqueza de eles serem “meio corpo”, de não serem casados, e a intensidade do Ketoret, do trabalho de trazer o incenso para o Kodesh HaKodashim que deveria ter sido feito pelo pai deles, eles faleceram.

E por isso, dia Rabi Aba no Zohar, pelo fato de eles serem “meio corpo” e terem feito o mais importante de todos os trabalhos do Mishkan, por isso eles faleceram. Mas se eles fossem casados ou se tivessem feito outro trabalho do Mishkan que não fosse esse, não teriam falecido.

Nossa Parashá começa nos contando os procedimentos tomados depois que faleceram os dois filhos de Aharon, e termina nos contando sobre as relações íntimas proibidas. Nos revelando por meio disso que de acordo com o nosso comportamento a Terra Santa pode chegar ao extremo de os seus habitantes como vomitou os povos que estavam lá antes de nós por terem tido essas relações íntimas proibidas.

Daqui aprendemos que da mesma maneira que aqueles povos foram tirados da nossa terra por meio de sete anos de guerra que fizemos com eles, nós também podemos ser tirado de lá da mesma forma, e isso é a expressão do conceito da Torá de a terra vomitar os seus habitantes.

Sendo que a Torá não está falando sobre outras terras mas somente sobre a “Terra Santa” entendemos que também no nosso nível pode acontecer um curto circuito espiritual, entre a santidade da terra e a falta de santidade do nosso comportamento.

Por isso a Torá nos avisa antecipadamente, para sabermos que cada ação no mundo material causa uma reação no mundo espiritual.

Quando essa ação aqui embaixo se compara ao comportamento dos povos que foram “vomitados” da nossa terra estamos trazendo para nós por meio desse comportamento essa mesma consequência que esse comportamento trouxe para eles.

Então vamos estudar muita Torá e fazer muitas Mitzvot para trazer imediatamente a Gueulá

Tazria Metzorá

Nossa Parashá nos conta que quando a mulher tem o grande mérito de fazer a importante Mitzvá de dar a luz a um filho, ela se torna impura para o marido por sete dias.

 

Depois disso, mesmo já estando pura para o marido depois ter mergulhado no Mikve, ela continua impura por mais 33 dias em relação ao Beit Hamikdash.

 

Ou seja, por mais 33 dias fora os sete anteriores ela não pode entrar no lugar sagrado.

 

Como pode ser que depois de ter feito uma Mitzvá tão grande de dar a luz a um menino, ela  ficou impura por quarenta dias?

 

Nossa Parashá continua nos contando que quando a mulher tem um mérito ainda maior e faz a importante Mitzvá de dar a luz a uma menina, ela se torna impura por quatorze dias para o marido.

 

Depois disso, mesmo já estando pura para o marido depois de ter mergulhado no Mikve, ela continua impura por mais 66 dias em relação ao Beit Hamikdash.

 

Ou seja, como pode ser que depois de ela ter feito uma Mitzvá ainda maior e ter dado a luz a uma menina, como consequência disso ela fica impura por oitenta dias?

 

Pureza material, pureza espiritual e purificação das impurezas 

 

Rav Yeshayahu ben Avraham HaLevi Horowitz conhecido como HaShlá HaKadosh por causa do seu livro Shnei Luḥot HaBrit, foi um grande Tzadik e estudioso da Kabalá.

 

Ele nasceu em Praga (hoje república Tcheka) por volta de 1555 e faleceu em Tvéria (Tiberíades) por volta de 1630.

 

Em 1621, após a morte de sua esposa Haya, ele se mudou para Jerusalém onde se casou novamente e se tornou o Rabino da cidade.

 

Por ser um Rabino tão grande e famoso, o paxá Muhamed ibn Faruk aplicou sobre ele um golpe de extorsão usual no Oriente Médio.

 

O paxá mandou colocar o Shlá na prisão junto com os quinze judeus mais importantes de Jerusalém, e exigiu uma grande fortuna para soltá-los.

 

Depois que ele foi libertado, por motivos de segurança mudou-se para Tzfat (Safed). Três anos depois ele se mudou para Tiberíades onde viveu mais cinco anos, lá ele faleceu e lá se encontra o seu túmulo. Tzfat e Tvéria eram naquela época as cidades dos cabalistas e lá também viveram o Ramak e o Ari Zal.

 

O Shlá nos conta que existem três categorias de impureza:

 

1- impureza espiritual

 

Como por exemplo o “espírito de impureza” que entra no nosso corpo durante o nosso sonho, quando nossa Alma tem acesso ao mundo superior.

 

Essa categoria de impureza é retirada por meio da “Netilat Yadaiim”. Lavamos as mãos de maneira intercalada pelas manhãs e assim nos purificamos dessa impureza

 

Você pega com a mão direita um recipiente cheio de água e passa para a mão esquerda. Então você despeja um pouco dessa água inicialmente sobre a mão direita

 

Depois  você segura novamente o recipiente com a mão direita, despejando um pouco dessa água na mão esquerda. Faça isso três vezes, alternadamente.

 

Caso não haja água suficiente você pode despejar a água sobre os dedos (até a junção dos dedos com as mãos) mas o ideal é ter água o suficiente para cada vez jorrar a água sobre todo o punho.

 

Essa netilá deve ser feita sempre com um recipiente. Compre um pote redondo e grande, encha ele de água e coloque ele do lado da sua cama. De manhã sem descer da cama faça a Netilat Yadaiim.

 

A água utilizada para a netilá não poderá ser usada para nenhuma outra finalidade (pois um espírito de impureza paira sobre ela) e também não deve ser jogada em lugares por onde transitam pessoas que possam entrar em contato com ela.

 

2- impureza parcialmente espiritual e parcialmente material 

 

A impureza parcialmente espiritual e parcialmente material é a causada quando mexemos em animais mortos sendo que quando o animal morre, mesmo tendo sido ele em vida um animal puro, após a morte para sobre ele um espírito impuro.

 

O animal que passou por um abate Kasher não impurifica porque sendo que o abate foi feito da maneira que a Torá pede para ser feito nesse caso paira sobre ele um espírito puro

 

3- impureza material 

 

A impureza material é a que é causada pelo sangue que saiu do útero como no caso da nossa Parashá e tudo o que é comparado a isso.

 

A purificação desses tipos de impureza é por meio do mergulho no Mikve.

 

O Rambam nos conta que as purezas e impurezas citadas pela Torá são um “decreto do versículo”. Ou seja, mandamentos Divinos que estão acima da nossa capacidade de entendimento e por isso são chamados de hukim חוקים.

 

Diferente da categoria de leis da Torá chamadas de “Mishpatim” que são leis que conseguimos entender, como “não assassinar”, “não roubar” e etc, os “hukim” são leis da Torá que estão acima do nosso entendimento, e todas as leis da Torá relacionadas a assuntos de pureza e impureza estão nessa categoria.

 

Quando fazemos uma Mitzvá, quando cumprimos um mandamento Divino, trazemos para nós próprios uma grande pureza espiritual. E não somente para a nossa Alma, mas principalmente para o nosso corpo.

 

E esse é o motivo da descida da nossa Alma para esse mundo, cumprir os mandamentos Divinos como por exemplo dar a luz a uma menina ou a um menino e por meio disso trazer uma enorme pureza espiritual para o nosso corpo e também para a nossa Alma.

 

Ao mesmo tempo que a mulher por meio de cumprir o Mandamento Divino de dar a luz recebe toda aquela imensa pureza espiritual para seu corpo e sua Alma, uma pureza que vai reluzir eternamente nela, junto com isso ela recebe uma impureza material não detectável, que veio para ela por meio de uma ação material e vai sair dela por meio de outra ação material, e não por meio de rezas ou outros assuntos espirituais.

 

Como nos conta o Rambam que todo o assunto da pureza e impureza não é detectável, e por isso é chamado de “hok”, uma lei da Torá que está acima do nosso entendimento. Assim também a sua purificação por meio do mergulho no Mikve é um “hok”.

 

Da mesma maneira que a impureza não é detectável, sua purificação por meio da água também não é detectável, e todo esse assunto é chamado pelo Rambam de “decreto do versículo” por estar acima do nosso entendimento.

 

No caso da impureza e sua purificação, esse “decreto do versículo” vem nos revelar a impureza que existe nesse mundo material e não temos como saber que ela existe a não ser pelo fato de o versículo nos revelar a existência dela.

 

Ela aparece no nosso corpo por meio de uma ação material como no caso da mulher que deu a luz. Nesse caso a impureza material surge por consequência do corrimento de sangue para fora do ventre, e desaparece por meio de outra ação material que é o mergulho no Mikve após sete ou quatorze dias.

 

Mas nem a entrada dessa impureza material no nosso corpo e nem a sua saída são materialmente detectáveis.

 

Morte e impureza

 

Rabi Yehudah Halevi nos ensinou que a impureza está sempre ligada à morte e o caso mais grave de impureza é um judeu ou judia que faleceram.

 

Abaixo disso está a mulher que dá à luz uma menina. Antes de dar a luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma, ou seja, menos vida.

 

E sendo que essa vida que saiu dela vai dar origem à outras vidas ela fica impura 66 dias por causa da vida que saiu do seu próprio corpo, mesmo que a menina que saiu dela não só que tem vida própria mas também futuramente vai dar a luz à mais vidas

 

Abaixo disso está a mulher que dá à luz a um menino. Antes de dar à luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma. Ou seja, menos vida

 

Abaixo disso está a mulher que perdeu o óvulo e por isso ficou Nidá. O óvulo era vida, e ele saiu dela, agora ela é menos vida

 

Abaixo disso está o marido que teve relação com a mulher. O que saiu dele entrou nela, mas quem ficou impuro foi ele e não ela, porque dele saiu vida, e nela entrou

 

Nessa regra se aplica também no caso da “nega tzaraat”, a manifestação espiritual que se revelava na pele da pessoa causando a morte das células, e onde há morte há impureza, e por isso a pessoa ficava impura por causa da “nega tzaraat”

 

Quando acordamos de manhã estamos impuros (até jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) porque nossa Alma sobe para os céus nos colocando em uma situação de 1/60 da morte. Ou seja, durante o sono estamos menos vivos

 

Quando cortamos as unhas ou os cabelos, ou quando fazemos uma doação de sangue, também devemos fazer a “netilat yadayim”, (jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) para tirar a impureza que pairou sobre nós por causa da perda de uma pequena parte de vida, uma pequena parte do nosso sangue, dos nossos cabelos ou das nossas unhas

 

Mas porque a impureza paira sobre nosso corpo sempre que há nele um pouquinho de redução de vida, ou, D’us nos livre, a própria morte que traz com ela a maior de todas as impurezas?

 

A explicação do Zohar

 

Diz o Zohar que a pessoa não morre antes de ver a “Shehiná” (Presença Divina) e por causa do intenso desejo da nossa Alma em se unir à Shehiná, nossa Alma sai do corpo ao seu encontro

 

Depois que a Alma sai do corpo e, consequentemente, aquele corpo se torna um corpo morto, é proibido deixá-lo sem que seja enterrado

 

O Zohar traz vários motivos para isso

 

1- Porque se deixamos passar 24 horas entre a morte e o enterro causamos uma fraqueza nas Sefirot do mundo superior, sendo que a “imagem e semelhança” Divina descritas pela Torá em relação à criação do homem se refere às Sefirot lá de cima e por isso cada um de nós está sincronizado com essas Sefirot

 

E da mesma maneira que existe a infiltração do lado espiritual negativo no corpo do falecido aqui em baixo, se ele não é enterrado em 24 horas esse lado espiritual negativo acessa ao mundo superior e suga vitalidade das Sefirot lá de cima

 

2- Outro motivo que não podemos atrasar o enterro é para não atrasar a ajuda Divina decretada para aquela pessoa. Porque talvez Hashem tenha decretado para o bem daquela pessoa que ela vai se reencarnar naquele mesmo dia que faleceu, explicitamente para o bem dela

 

E enquanto o corpo não é enterrado a Alma não pode se apresentar na frente de Hashem, e consequentemente não pode entrar em uma próxima reencarnação. Isso pelo motivo de que não é dado para a Alma um segundo corpo enquanto o primeiro não é enterrado

 

O Zohar compara esse caso à uma pessoa cuja esposa faleceu. Não é correto ele se casar com outra mulher enquanto a esposa falecida não é enterrada, assim também não é correto ele receber um novo corpo enquanto o corpo anterior não é enterrado

 

3- Outro motivo para que a pessoa seja enterrada no mesmo dia é porque quando a Alma sai do corpo e precisa ir para o mundo superior, para o Gan Éden (o Paraíso) e ela não pode entrar lá enquanto não é dado a ela um novo corpo. Mas sendo que o Gan Éden fica no mundo superior, esse novo corpo é infinitamente melhor do que o atual e é denominado pelo Zohar como um “corpo de luz”.

 

Um corpo espiritual para usufruir do Gan Éden HaTahton (Baixo Paraíso) onde uma hora lá equivale à setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, ou do Gan Éden HaElion (Alto Paraíso) onde uma hora lá é comparada à setenta anos no Gan Éden HaTahton

 

Mas só depois que a Alma recebe esse corpo espiritual ela pode entrar no mundo superior, e isso só acontece depois que o corpo material que ela usou aqui embaixo é enterrado. Somente depois disso ela recebe o corpo espiritual e pode entrar no mundo superior

 

Diz o Zohar que aprendemos isso de Eliahu Hanavi (o profeta Elias) que tem dois corpos. Um corpo que ele usa para aparecer para as pessoas aqui nesse mundo, mas com esse corpo ele não consegue subir para o mundo superior. Outro corpo ele usa para aparecer lá em cima entre os Anjos do céu

 

4- Mais um motivo que traz o Zohar é o de que todo o tempo em que o corpo ainda não foi enterrado a Alma sofre por causa do espírito impuro que aparece para habitar nele (causando com que o corpo morto fique impuro)

 

E sendo que o espírito impuro aparece por causa da morte, a pessoa não deve deixar aquele corpo por uma noite sem enterrá-lo porque o espírito impuro se encontra com mais intensidade durante a noite e vaga por toda a terra procurando um corpo sem Alma para impurificá-lo, e de noite ele impurifica com muito mais intensidade

Vayak’hel – Pekudei

Nossa Parashá nos conta sobre os tipos de doações que Hashem (D’us) pediu para Moshe pedir ao povo de Israel.

Nesse caso são citadas algumas cores desses materiais que seriam doados para a construção do “Mishkan que era o nosso Templo móvel no deserto, e também para tudo o que estava ligado à ele, incluindo as roupas dos Cohanin que eram os sacerdotes.

Nesse caso a Torá nos traz pequenos detalhes como o fato de certas lãs de carneiro terem tingidas com uma tonalidade de vermelho, outras lãs serem tingidas com uma tinta extraída de uma criatura marinha chamada de Hilazon que dava à essa lãs uma tonalidade azul e lãs tingidas com um tipo de tinta chamado de “argaman”. Também foram doadas peles de um animal chamado de Tahash que tinha um só chifre e sua pele tinha uma grande mistura de cores.

E sendo que a Torá dá um destaque para as cores das doações que foram feitas para construir o Mishkan, levamos em conta que as cores das doações de ouro, prata e cobre não foram citadas pelo fato de serem a própria cor desses metais, diferente das lãs que foram tingidas.

Sendo que o Mishkan e tudo o que era relacionado à ele tinha a função de sincronização entre os mundos de cima e o nosso mundo de baixo que é o “mundo da ação”, com certeza por trás dessas cores havia um motivo espiritual importante que justificava o fato de Hashem pedir para o nosso povo fazer a doação desses materiais especificando suas cores.

E não só isso, mas também o fato de a Torá especificar que essas doações estavam sendo pedidas somente para as pessoas que quisessem doar de bom coração e boa vontade, não deixando claro o motivo desse pedido sendo que seria difícil verificar quem estava doando de coração e quem estava doando por outros motivos.

Ação e intenção

Nosso mundo é o mundo da ação, e por isso os Mandamentos Divinos são uma lista de boas ações que devemos fazer e más ações que devemos não fazer. Os mundos de cima estão em um nível muito superior, e esse nível superior está ligado à intenção que é mais profunda do que a ação.

Sendo que o Mishkan e tudo o que estava relacionado a ele seria uma sincronização entre o mundo da ação e o mundo da intenção, Hashem colocou como condição o fato de as doações do Mishkan terem que ser feitas obrigatoriamente com uma boa intenção, e sendo que não é possível cobrar esse nível de todos, as doações para o Mishkan foram voluntárias para aqueles que estavam doando com intenção, de bom coração e de boa vontade.

Enquanto que em outros casos todo o povo de Israel foi convocado a doar, nesse caso, sendo que o Mishkan teria a função de unir entre o mundo da ação e o mundo da intenção, à ação dessa doação precisaria obrigatoriamente conter uma intenção.

Sendo que quanto mais elevado o mundo, mais a característica de essência do bem que é a essência Divina está revelada, essas doações deveriam ser feitas de bom coração e de boa vontade.

As cores na representação das Sefirót

Rabi Moshe ben Yaakov Cordovero, conhecido como “o Ramak” (1522 – 1570) foi um grande cabalista que viveu em Tzfat (Safed) no norte da Galiléia na nossa Terra Santa.

Não sabemos exatamente onde ele nasceu, mas sendo que aquela época foi marcada pela inquisição espanhola e todo o império otomano que incluía a pequena cidade de Tzfat ficou cheio de judeus refugiados da Espanha. Provavelmente Rabi Moshe também fazia parte de uma família de refugiados, e talvez mais particularmente de Córdoba, devido a seu apelido “Cordovero”, sendo que naquela época ainda não existiam sobrenomes.

Depois de ter estudado toda a parte revelada das escrituras judaicas com Rabi Yosef Karo que foi o grande Sábio daquela época, aos vinte anos de idade ele se aprofundou no estudo da Kabalá e rapidamente se tornou a grande autoridade nesse assunto.

Nos seus 48 anos de vida ele conseguiu escrever muitos livros, sendo o principal deles chamado de “Pardês”, no qual ele traz, entre muitos assuntos, a ligação entre as cores e as Sefirót do mundo superior.

Rabi Moshe Cordovero nos ensinou que toda Sefirá está caracterizada por uma cor. O Zohar chama isso de “tonalidade” evitando usar a palavra cor. O motivo para isso é que sendo que cada Sefirá se revela de com mais intensidade ou menos intensidade, e também a Sefirá se inclina espiritualmente para todas as Sefirót que estão sincronização com ela, e essa inclinação pode ser para a direita que são as cinco Sefirót chamadas de cinco bondades, ou para a esquerda que são as cinco Sefirót chamadas de cinco severidades.

E sendo que a cor representa o estado em que a Sefirá se encontra naquele momento, e isso depende das nossas boas ou más ações, nunca a Sefirá vai ser representada por uma cor única, mas sempre por uma tonalidade daquela cor que a caracteriza. A cor lá em cima vai ser comparada a intenção aqui em baixo.

Rabi Moshe Cordovero deixa claro que o que a cor aqui em baixo é uma criação material, e quando falamos sobre cores em relação às Sefirót as cores materiais são somente um exemplo em relação à fonte dessas cores no mundo superior.

E assim nos conta o Ramak, nosso querido Rabi Moshe Cordovero, que a Sefirá chamada de Hessed que é a fonte da bondade às vezes é representada pela cor branca, às vezes pela cor prata e às vezes pela cor azul, enquanto que a Sefirá chamada de Guevurá que é a fonte da rigidez varia entre vermelho claro, dourado e vermelho escuro.

Esse fato também demonstra que a prata está vinculada a Hessed e o ouro está vinculado a Guevurá. Por isso, para fazer a sincronização espiritual entre o mundo de baixo e o mundo de cima foram pedidos também ouro e também prata para as pessoas que doassem de bom coração e com uma boa intenção.

A função do Mishkan e de tudo o que estava vinculado a ele era a de fazer a harmonia entre as forças ocultas espirituais que são as Sefirót e o nosso mundo material, trazendo para esse nosso mundo material só coisas boas e impedindo as coisas ruins de chegarem aqui.

Como a torre de comando do aeroporto que determina o que vai aterrizar e o que não pode aterrizar, assim também o Mishkan dava um acesso para a fartura e abundância do mundo superior “aterrizar” aqui e se transformar em bens materiais, e “segurava no ar” não deixando aterrizar aqui os maus decretos do tribunal Divino, para que tivéssemos tempo de fazer Teshuva e fazer com que esses maus decretos desaparecessem.

Ytró

Nossa Parashá nos conta sobre a entrega da Torá no Monte Sinai e começa com as palavras “E ouviu Ytró, sacerdote de Midiã, sogro de Moshe, tudo o que fez.

Hashem (D’us) para Moshe e para Israel seu povo, porque Hashem tirou o povo de Israel do Egito.

Por que a Torá nos lembra que ele era o sacerdote de Midiã junto com o fato de ele ser o sogro de Moshe, se na época em que ele se tornou o sogro de Moshe ele já tinha abandonado a idolatria?

Quando nosso povo saiu do Egito há mais de 3.300 anos atrás, o mundo habitado se encontrava entre o vale do rio Indo e o rio Nilo. Isso era o mundo inteiro e o resto era floresta virgem.

Enquanto o faraó era a maior autoridade civil do mundo, Ytró era a maior autoridade religiosa. Tanto o faraó quanto Ytró tinham reconhecimento internacional, eram temidos e respeitados por todos, e o mundo inteiro alinhava suas escolhas às escolhas deles.

Hashem (D’us) poderia ter dado a Torá antes, mas esperou até o momento em que o mundo estivesse definido e estruturado. Isso aconteceu na época de Moshe, época em que tanto o faraó quanto Ytró representavam o mundo inteiro e Hashem esperou o reconhecimento deles para entregar a Torá no Monte Sinai.

Na praga do granizo, o faraó declarou que Hashem é o Tzadik e ele e seu povo são transgressores. Ou seja, o povo egípcio apoiava totalmente o faraó, e por isso, quando o faraó reconheceu a grandeza de Hashem, ele pôde representar também seu povo nesse reconhecimento.

Quando o mar vermelho se fechou sobre o exército egípcio e todos os soldados egípcios morreram, Hashem (D’us) teve que fazer um milagre dentro de outro milagre para que o faraó continuasse vivo naquela situação.

O principal motivo para isso foi o fato de Hashem querer o reconhecimento definitivo do faraó que era a maior autoridade civil do mundo. O reconhecimento do faraó era respeitado por todos os governantes do mundo, e assim Hashem recebeu o reconhecimento mundial nos padrões civis.

Sabemos que quando Moshe se casou com Tzipora, filha de Ytró, naquela época Ytró já havia abandonado todas as idolatrias do mundo e se aproximado de Hashem, e por isso ele foi hostilizado pelo seu povo e teve que pedir para suas próprias filhas pastarem seu rebanho.

Mas quando Ytró ouviu que o povo de Israel saiu do Egito ele expressou seu reconhecimento definitivo dizendo:- Agora eu sei que Hashem é maior do que todos os deuses”, expressando dessa forma que ele é a pessoa autorizada a determinar isso, sendo que ele era a única pessoa no mundo que já havia sido o sacerdote de todos os deuses e portanto poderia fazer essa comparação.

Nossos Sábios discutem sobre o que ouviu Ytró e por causa disso decidiu se converter oficialmente ao judaísmo, e chegaram a conclusão de que o que causou para ele tomar sua decisão definitiva foi o fato de ter chegado à ele a notícia da abertura do mar vermelho e da guerra de Amalek.

A expressão de Ytró foi de que “o que eles fizeram aconteceu para eles”. No caso da abertura do mar vermelho dá para entender isso perfeitamente.

Os egípcios assassinaram as crianças recém nascidas jogando elas na água e no final eles morreram na água, mostrando a justiça Divina de que quando uma pessoa não se arrepende do mal que fez, ela recebe o castigo de “medida por medida”, o que ela fez é feito para ela.

Mas onde vemos o conceito de “medida por medida” citado por Ytró no caso da guerra de Amalek?

A Guemará em San’hedrin 99/b nos conta sobre Timná, irmã de Lotan. Timná pertencia à realeza da sua região. Ela queria se converter ao judaísmo e veio para Avraham, Itzhak e Yaacov, mas eles não a aceitaram.

Por causa disso ela optou por ser a concubina de Elifaz que era o primogênito de Essav. Sendo que ela não conseguiu entrar no judaísmo pela porta da frente, ela entrou pela porta de trás! Diz a Guemará que ela preferiu ser uma concubina dentro do nosso povo do ser uma princesa dentro de outro povo.

O filho dela foi Amalek. A Guemará explica que esse povo é o povo que mais nos faz sofrer. A Guemará conclui que o motivo para isso é que nossos patriarcas não deveriam afastá-la.

Daqui entendemos um detalhe importante no mandamento do extermínio de Amalek. A Guemará nos conta que os netos de Haman que era descendente de Agag, rei de Amalek, se converteram ao judaísmo e estudaram Torá em Bnei Brak. Daqui vemos que quando um amalequita se converte ao judaísmo ele é considerado exterminado.

Ou seja, alguém que faz uma conversão verdadeira ao judaísmo, se torna judeu de povo, raça, ascendência e etnia. Ele se torna filho de Avraham Avinu. Se torna judeu retroativamente.

Por isso os netos de Haman foram considerados exterminados. A ascendência deles foi trocada pela nossa. Eles deixaram de existir como Amalek e começaram a existir como filhos e filhas de Avraham.

E foi isso que deduziu Ytró quando disse que “o que eles fizeram”, que não aceitaram a existência de Timná no nosso povo, “aconteceu para eles”, os amalekitas não aceitaram a nossa existência. Mas como vimos no caso dos netos de Haman, podemos reverter isso.

E essa diferença entre nós e os outros povos foi identificada por Ytró. Ele viu o “medida por medida” que aconteceu aos egípcios, e viu o”medida por medida” que aconteceu para nós.

Viu claramente que nós não conseguimos chegar ao nível de maldade deles, nível sem conserto, mas que por mais que um judeu afunde ele não consegue afundar tanto, e sempre ainda sobra a possibilidade de consertar.

O conserto de Cain

A Torá nos conta que Adam e Havá tiveram três filhos e três filhas. Os dois primeiros filhos foram Caim e Hevel. Diz o Zohar que quando Hashem criou o primeiro homem ele incluía a primeira mulher.

Hashem fez um homem de terra que era um lado homem e o outro lado mulher. Hashem fez o homem adormecer e separou dele o lado mulher. Adam a chamou de Havá porque ela seria a mãe de todas as criaturas, e com ela ele se casou. Ou seja, Adam e Havá se casaram com si próprios, sendo que desde o início eles eram uma só pessoa.

Na segunda geração, Cain e Hevel se casariam com suas próprias irmãs, e por isso com Caim nasceu uma irmã gêmea e com Hevel nasceram duas.

Diz o Midrash que quando eles tinham quarenta anos de idade, Caim fez um sacrifício para Hashem. Uma oferenda de linho que tem como raiz espiritual a Guevurá lá em cima.

Caim tinha a intenção de fazer a sincronização com o atributo Divino da Guevurá e fazer com que o mundo se conduzisse dessa forma. Hevel fez uma oferenda de lã cuja fonte espiritual é a Hessed. Ele queria fazer a sincronização do mundo com o atributo Divino da Hessed para que esse mundo se tornasse um mundo melhor.

Cain assassinou Hevel por esses dois motivos. Para roubar uma de suas duas esposas, que Cain achava que pertencia a ele por direito, e para determinar a “linha dura” nos assuntos espirituais.

Depois desse assassinato, Hashem se revelou para Cain e deu à ele sete gerações para retificar sua Alma. Não vimos que isso aconteceu. Na sétima geração Caim foi morto, perdeu aquela oportunidade de se retificar.

Diz o Zohar que Batya, a filha do faraó, deu à Moshe o nome Moshe por Divina Providência. A palavra Moshe em hebraico משה contém as iniciais de três nomes: Hevel, Shet e Moshe. Ou seja, Moshe era a reencarnação de Hevel e Shet, e entre os trabalhos que ele veio fazer nesse mundo estava o conserto de Cain.

Nossa Alma Divina tem cinco níveis, mas somente três deles se revestem nesse mundo. Diz o Ari Zal que o lado bom da Alma Divina de Cain era maior do que o da Alma Divina de Hevel, mas o lado ruim da Alma de Cain era maior do que o lado bom da Alma dele.

O contrário disso era Hevel. O lado bom da Alma de Hevel não era tão grande quanto o da Alma de Cain, mas o lado ruim da Alma de Hevel era menor do que o lado bom dela.

Ytró era a reencarnação de Cain

Rabi Shimshon de Ostropoli foi um grande cabalista que viveu na Polônia há 400 anos atrás. Ele nos conta que quando uma pessoa morre assassinada, o conserto da Alma do assassino quando não se arrependeu do que fez, tem que ser feito “medida por medida” pela própria pessoa que foi assassinada.

E por isso Moshe, que era a reencarnação de Hevel, teve que matar o egípcio que era a reencarnação do nível Nefesh de Cain quando esse egípcio estava tentando fazer novamente o que fez na reencarnação anterior, assassinar alguém para roubar sua esposa.

E assim Moshe que era a reencarnação de Hevel consertou “medida por medida” o nível mais baixo da Alma de Cain, o nível Nefesh.

Outro motivo que Cain assassinou Hevel foi para roubar sua função em relação ao trabalho Divino. Kora’h que era a reencarnação do nível Rua’h de Cain, não só que não retificou o que tinha que retificar, mas também tentou assassinar novamente, alegando que Moshe era um falso profeta e consequentemente passível de pena de morte de acordo com a própria Torá.

Moshe disse para Kora’h que se ele não voltasse atrás e se arrependesse do que estava tentando fazer, a terra iria se abrir.

Nossa Alma Divina desce para o mundo com a memória das reencarnações anteriores no seu subconsciente, e por isso Moshe lembrou à Kora’h o fato de que a terra iria se abrir. Para lembrá-lo de como ela se abriu para receber o sangue de Hevel quando foi assassinado e tentar retificar isso sem precisar chegar ao extremo de “medida por medida”

Kora’h não voltou atrás e a terra se abriu para ele. Assim o nível Rua’h de Cain também foi consertado “medida por medida”.

Ytró era o nível mais alto da Alma de Cain, o nível Neshamá. Tzipora era a reencarnação daquela gêmea que foi o pivô do assassinato. Ytró devolveu Tzipora, a esposa de Moshe, para Moshe, consertando o que fez Cain.

Ytró também se converteu ao judaísmo aceitando Moshe como o responsável por todos os assuntos religiosos do nosso povo.

Ytró também salvou a vida de Moshe com o conselho que deu de dividir o trabalho de Moshe em juízes de 10, de 50, de 100 e de 1.000 pessoas, delegando o trabalho de Moshe para 78.600 juízes, e somente o que eles não conseguiam resolver de forma alguma chegaria até Moshe

Ytró fez a completa retificação da Alma de Cain, uma Alma cujo lado bom era maior do que a Alma Divina do próprio Moshe, Ytró conseguiu refiná-la.

Por isso nossa Parashá na qual Hashem nos entregou a Torá não é chamada de “Torá” mas é chamada de Ytró, nos mostrando que o principal da Torá é colocarmos ela na prática ❤️

Agradecemos aos nossos queridos amigos da ONG em Minas Gerais por te

Beshalach

Nossa Parashá nos conta sobre o cântico de agradecimento que Moshe e o povo de Israel cantaram para Hashem (D’us).

No lugar de nos contar que Moshe e o povo de Israel cantaram um cântico para Hashem, a linguagem do versículo é de que Moshe “vai cantar” este cântico.

O Zohar nos conta que esse versículo está nos revelando que Moshe vai ressuscitar e cantar novamente este cântico na nossa redenção final.

A ressurreição dos mortos

A origem da ressurreição na Torá é discutida longamente pela Guemará. Vários versículos são citados como fonte para isso:

Como por exemplo, no versículo [במדבר יח כח]: “E você deu a contribuição de Hashem para Aharon o Cohen (o sacerdote)” vemos uma alusão à esse assunto.

A categoria de Mandamentos Divinos ligadas à Terra de Israel começou somente depois que a terra foi conquistada e dividida. Nessa época, Aharon já havia falecido e não estava entre os que entraram nela.

Aprendemos desse versículo que ele ressuscitará e entrará na Terra Santa, e lá nós daremos à ele as contribuições que Hashem pediu para darmos aos Cohanim (aos sacerdotes)

No versículo [שמות פרק ו’ פסוק ש’]: “e também estabeleci a minha aliança com eles para dar a eles a terra de Canaã, a terra onde eles moraram e que nela eles habitavam”

Esse versículo que Hashem (D’us) disse à Moshe está falando sobre os nossos patriarcas. A Terra de Israel seria dada a seus filhos e não teria como ser dada a eles sendo que eles já haviam falecido. Aprendemos daqui que eles vão ressuscitar e receber a Terra que Hashem prometeu.

No versículo [.וילך לא, טז.] Hashem (D’us) diz à Moshe: “Você vai se deitar com os seus pais e se levantará…”. Aqui também a Torá nos dá uma indicação sobre a ressurreição dos mortos.

​​”Do versículo [עקב יא, כא.]: “Para que seus dias e os dias dos seus filhos sejam numerosos sobre a terra que D’us jurou para os seus ancestrais que dará a eles…”.

Ou seja, Hashem jurou que vai dar essa terra aos nossos patriarcas Avraham, Itzhak e Yaacov, e ela ainda não foi dada à eles, sendo que quando recebemos a Terra de Israel eles já não estavam mais vivos. Daqui também aprendemos a ressurreição dos mortos pela Torá.

E também do versículo [דברים ד, ד] “E vocês que estão apegados à Hashem seu D’us vivem todos vocês hoje”. Ou seja, todos vão ressuscitar.

A profecia sobre a ressurreição dos mortos é mencionada em muitos lugares nos livros dos profetas. A Gemara em Sanedrin cita muitas fontes dos livros dos profetas nas quais a profecia sobre a ressurreição dos mortos aparece explicitamente.

O profeta Yeshaiahu (Isaías) profetizou: [ישעיה כו, יט.]: “Os mortos viverão…”

A Gemara também explica que a profecia dos “ossos secos”[יחזקאל לז] profetizada por Yehezkel (Ezequiel), é uma profecia explícita sobre a ressurreição dos mortos.

O profeta Daniel também foi informado por D’us sobre a ressurreição dos mortos como diz o versículo (Daniel 12, 2-13) “E muitos do pó da terra se levantarão…”

O Rambam no livro Ressurreição dos Mortos e o Rav Saadia Gaon viram esses versículos como fonte clara da ressurreição dos mortos.

No versículo do Tehilim [ עב, טז ] “E brotarão da cidade (de Jerusalém) como a grama da terra”. Por meio desse versículo o Rei David nos indica a ressurreição.

A crença na ressurreição dos mortos é um dos 13 princípios da fé judaica.

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O Rebe nos contou que a ressurreição dos mortos vai acontecer após a construção do Terceiro Templo e após todos os judeus do mundo retornarem à Terra Santa, não de acordo com as fronteiras de hoje mas de acordo com as fronteiras dela determinadas pela Torá.

Esse retorno inclui o retorno das dez Tribos perdidas e também de todos os judeus que estão misturados com os povos do mundo como consequência das cruzadas, da inquisição, e de outros fatores diversos.

De acordo com o Rambam, a ressurreição dos mortos ocorrerá na segunda fase da Gueulá, no segundo período da nossa redenção final.

O Zohar explica que a volta de todos os judeus espalhados pelo mundo precede a ressurreição dos mortos em quarenta anos.

O Rebe afirma que isso pode acontecer imediatamente no início da redenção. Em relação às palavras de o Zohar, diz o Rebe que, dependendo do nosso mérito, os quarenta anos também podem se tornar quarenta minutos. Como isso pode acontecer? O profeta Eliahu que vai estar naquela ocasião vai explicar como foi possível receber esse desconto tão grande depois de ele acontecer.

Na verdade, este tempo de ressurreição de quarenta anos após a construção do Beit Hamikdash e a volta de todos os judeus perdidos, é para todo o povo de Israel.

Mas nossos Sábios na Guemará nos contam que os Tzadikim, que são as pessoas altamente elevadas espiritualmente, vão ressuscitar imediatamente no início da era do Mashia’h.

O Rebe acrescenta que isso inclui todo o povo de Israel, sendo que todo o nosso povo são chamados pelo profeta Yeshaiahu [ישעיה ס, כא] de Tzadikim.

Quem vai ressuscitar primeiro?

Rabi Shimon bar Yohai nos conta que as pessoas enterradas na Terra Santa vão ressuscitar primeiro. Depois deles vão ressuscitar todos aqueles do nosso povo que estão enterrados fora da nossa terra, e por final nossos patriarcas vão ressuscitar.

O motivo que nossos patriarcas e nossas matriarcas vão ressuscitar por último é para que eles tenham a alegria de ver nessa hora toda a terra cheia de Tzadikim e Hassidim

O Zohar nos conta que os Tzadikim vão ressuscitar primeiro e depois todas as pessoas. Aqueles que se destacaram no estudo da Torá vão ressuscitar antes daqueles que se destacaram no cumprimento das Mitzvot, mas aqueles que eram humildes vão ressuscitar antes de todos.

Nosso próprio corpo será ressuscitado e não será criado um novo corpo, sendo que cada um de nós tem um osso microscópio indestrutível chamado de “etzem luz” e a partir dele nosso corpo ressuscita.

Os mortos ressuscitarão exatamente como foram sepultados, e com as mesmas roupas com que foram sepultados mesmo que já tenham há tempo desaparecido.

Aqueles que faleceram com alguma deformidade ressuscitarão daquela forma, mas imediatamente serão totalmente curados e rejuvenescidos.

Almas que reencarnaram neste mundo várias vezes ressuscitarão com cada um dos corpos em que essa Alma se reencarnou. Cada corpo receberá a “parte” da alma que foi reparada por ele.

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O que vai acontecer no momento da ressurreição com as pessoas que ainda estarão vivas naquela hora?

O Rebe explica de acordo com a opinião do Zohar que Hashem fará com que cada uma dessas pessoas faleça por um curto período de tempo, e então eles serão ressuscitados.

Baseado no versículo [בראשית ג, יט] que diz “ao pó você retornará” a Gemara nos ensina que os Tzadikim retornarão ao pó “uma hora antes da ressurreição dos mortos”.

Mas o Rebe afirma que podemos cumprir essa obrigação de “ao pó você retornará” de maneira espiritual. Por meio da qualidade da humildade atingimos o nível de “e minha alma é como pó para todos”, e na prática as almas permanecerão nos corpos e entrarão na vida eterna sem precisar morrer e ressuscitar materialmente.

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O “Dia do Juízo Final” após a Ressurreição

O Ari Zal nos conta que o Dia do Grande Julgamento é apenas para as nações do mundo. Diz o Ari Zal que após termos passado em vida pelo dia de Yom Kipur todo ano, e também pelo fato de termos passado por sofrimentos neste mundo e reencarnações para retificar a nossa Alma, estamos totalmente refinados e portanto isentos do “dia do juízo final”

E o que vai acontecer para aqueles judeus que vão morrer próximos à ressurreição dos mortos e não terão tempo de sofrer ou de retificar suas transgressões por meio de reencarnações?

Diz o Ari Zal que durante aquele longo tempo do grande julgamento em que os povos do mundo estarão sendo julgados, aqueles judeus vão receber um castigo tão grande em um espaço de tempo tão pequeno que a qualidade do castigo vai substituir a quantidade de tempo para que eles possam viver a vida eterna com todos os seus infinitos prazeres

A principal recompensa e o propósito da criação

A ressurreição é o momento em que o mundo alcançará seu pleno propósito. Nesse período, o propósito da criação será concluído, como diz o Midrash: “Fazer uma morada para Hashem (D’us) aqui nesse mundo baixo”.

Uma hora no Gan Éden HaTahton, no baixo Paraíso que é o mundo da Yetzirá, equivale a setenta anos dos maiores prazeres possíveis e imagináveis aqui neste mundo.

Uma hora no Gan Éden HaElion, no alto Paraíso que é o mundo da Briá equivale a setenta anos dos maiores prazeres no Gan Éden HaTahton.

Acima disso se encontra o mundo de Atzilut, e o nível mais alto dele que é o Keter de Atzilut está acima da raiz da nossa Alma.

Por meio do trabalho Divino que fizemos nesse mundo, trouxemos as “luzes envolventes” do Keter para cá , e no futuro tudo isso vai se revelar fazendo com que esse nosso mundo material se torne mais alto Paraíso do que o próprio alto Paraíso.

Por causa disso todos os Tzadikim do Gan Éden HaElion, do alto Paraíso, vai querer ressuscitar nesse mundo. O mundo atual é o trabalho e o mundo da ressurreição é o pagamento por esse trabalho. Vamos rezar forte e fazer tudo o que pudermos para que tudo isso aconteça o mais rápido possível, em breve, em nossos dias!

Nossa Parashá começa com as palavras “Venha ao Faraó, porque eu endureci o coração dele etc.”

Sendo que Hashem está falando com Moshe sobre o que Moshe tem que fazer no Egito, a linguagem certa seria “vá ao Faraó” e não como está escrito: “Venha ao Faraó”

O motivo que Hashem endureceu o coração do Faraó foi para que ele pudesse ter o livre arbítrio em tomar sua própria decisão sem ser intimidado pelas pragas que Hashem colocou no Egito.

O versículo está nos indicando “como” D´us endureceu o coração de Faraó, de qual fonte o faraó recebeu toda sua auto confiança a ponto de não se intimidar pelas pragas e poder tomar sua própria decisão em relação à nós.

O segredo do grande crocodilo

Quando Hashem se revelou a Moshe, no Monte Sinai, na ocasião do arbusto incandescente, Hashem pediu para Moshe jogar seu cajado no chão. O cajado se transformou em cobra e Moshe pulou de susto, Hashem disse para Moshe pegar a cobra pelo rabo e a cobra voltou a ser um cajado.

A primeira pergunta é: como pode Moshe ter se assustado com a cobra se ele sabia que o que estava acontecendo naquele momento era um milagre que Hashem? E mais, se Moshe estava com medo da cobra, como pôde ele pegá-la pelo rabo?

Diz o Zohar que por meio daquela cobra Hashem mostrou para Moshe a fonte do mal no mundo superior representada por dez Sefirot impuras, que Moshe teria de enfrentar, por isso Moshe se assustou.

Mas Hashem mostrou para Moshe que começando a anulação da Klipá pelas forças inferiores dela ele consegue neutralizá-la sem dificuldade, e por isso Hashem pediu para Moshe pegar a cobra pelo rabo e dessa forma ela voltou a ser cajado, mostrando que ele deve começar a desativar a Klipá pelo lado inferior dela.

E assim foi, as Dez Sefirót do lado puro foram se revelando de baixo para cima e por meio dela Hashem fez as Dez pragas no Egito.

O cajado de Aharon

Quando Aharon jogou seu cajado na frente dos cajados dos magos do Faraó, o cajado de Aharon se transformou em crocodilo, como traduz Unkelos, demonstrando que podemos desafiar até o nível mais alto da impureza, o nível “keter” do lado impuro.

Esse nível mais alto de impureza representado por um grande crocodilo no centro de vários rios, onde o crocodilo representa o lado espiritual da klipá e os rios representam os receptáculos dessa klipá no esquema corpo-alma.

Quando Hashem pede para Moshe vir ao Faraó, Hashem está chamando Moshe para a fonte de vitalidade do Faraó no mundo superior, representada lá por um grande crocodilo, por isso Hashem usa a palavra “venha” ao faraó, ao faraó de cima.

Sendo que tudo aqui em baixo só acontece após acontecer em sua raiz lá em cima, para que a nossa redenção final aconteça, no futuro Hashem vai fazer desaparecer todos os 70 anjos, responsáveis pelos 70 povos e, desta maneira, vai acontecer a Gueulá, mas essa é a etapa final.

Está escrito: “como nos dias de nossa saída do Egito, mostre-nos maravilhas”. Isso quer dizer que, os milagres que irão acontecer em breve em nossos dias na saída do nosso exílio atual, serão considerados milagres mesmo em relação aos milagres que ocorreram na saída do Egito.

As três guerras que vão acontecer antes da nossa redenção final

O Zohar foi escrito por Rabi Shimon Bar Yohai, na época da Mishná, há quase 2.000 anos atrás, época em que ninguém imaginava que existiria o império árabe no mundo.

Diz o Zohar, se referindo à sua própria época, que futuramente os filhos de Ishmael iriam conquistar a Terra Santa em uma época em que ela estaria vazia. E o Zohar escreveu isso em uma época em que o Império Romano estava no auge da sua força e Israel era um Estado importante dentro do Império Romano.

Diz o Zohar que cada ação feita nesse mundo causa uma reação no mundo de cima. E, sendo que Ishmael fez o Brit Milá (circuncisão), por Mandamento Divino dado à Avraham, e os descendentes de Ishmael continuaram essa tradição, eles tiveram um mérito lá em cima.

Mesmo que a circuncisão deles é parcial, não como a circuncisão judaica, esse mérito deu à eles o direito sobre a Terra Santa na época em que ela estivesse vazia, da mesma forma que a circuncisão deles é vazia por ser incompleta,

E assim eles receberam os de cima a permissão de permanecer na Terra Santa por todo o tempo em que ela estiver vazia, e por isso, dia o Zohar, durante muito tempo e eles impedirão o Povo de Israel de voltar À sua Terra até que termine esse mérito lá em cima.

O Zohar nos conta que os “Bnei Ishmael”, os filhos de Ishmael, farão três grandes guerras no mundo. Uma no mar, uma na terra e uma próxima a Jerusalém.

Todos os “Bnei Edom”, os descendentes de Essav, que são os europeus e suas colônias vão lutar contra os Bnei Ishmael.

Naquela hora vão se unir aos filhos de Ishmael um povo do final do mundo, e vão guerrear contra os Bnei Edom durante três meses. Vão se reunir lá exércitos de vários povos mas vão cair nas mãos deles, até que se reúnam todos os filhos de Edom, de todos os cantos do mundo para lutar contra os Bnei Ishmael.

Nessa hora Hashem faz desaparecer todos os anjos responsáveis por todos os povos do mundo lá em cima, e assim, entraremos na nossa redenção final, quando todos os povos vão voltar a falar a língua santa e todos vão conhecer Hashem. E sobre aquela época está escrito: “ D´us será um e o Seu Nome um”. Nunca estivemos tão próximos à essa época.

Curiosidade

O Tosfot nos conta que os filhos de Ishmael se misturaram com os persas antigos, que hoje são a região do Irã e Iraque

O Irã tem grandes pretensões militares como planos o fechamento do estreito de Ormuz que é a entrada para o Golfo Pérsico o que poderia causar uma grande guerra no mar

O Irã também está constantemente ameaçando fazer uma invasão à Arábia Saudita, o que poderia causar uma grande batalha na terra.

O Irã está constantemente ameaçando Israel, e a última batalha, diz o Zohar, será próxima a Jerusalém.

Sobre o povo do final do mundo que virão ajudar os filhos de Ishmael, vemos, hoje que o Irã tem acordos militares com a China e a Coréia do Norte.

Então vamos rezar forte, para que a Gueulá aconteça imediatamente, em breve, em nossos dias.

Vaerá

Moshe Rabeinu (Moisés nosso mestre)

Moshe Rabeinu, o maior de todos os profetas, era filho do maior Tzadik da geração, da pessoa mais elevada espiritualmente da sua época. O pai de Moshe se chamava Amram e sua mãe Yoheved. O Zohar nos conta que quando Moshe nasceu, sua casa se encheu de luz.

Rabi Meir na Baraita* nos conta que quando Moshe nasceu, sua mãe lhe deu o nome de “Tov” que quer dizer “bom”. Essa mesma linguagem aparece na Torá em relação a criação da luz”.

Os astrólogos e feiticeiros do faraó disseram à ele que aquele que vai tirar nosso povo do Egito vai receber um castigo ligado a água. Eles descobriram isso porque tinham um pequeno acesso à “fontes espirituais pouco confiáveis”. Ou seja, anjos do lado impuro e demônios ligados às idolatrias do Egito antigo.

Essas “fontes espirituais negativas” repassaram para os “assessores espirituais” do faraó inclusive o próprio dia do nascimento de Moshe. Sendo que essas fontes espirituais eram pouco confiáveis, os magos do Egito não conseguiram saber se Moshe vai ser um judeu ou um egípcio.

Eles conseguiram descobrir que Moshe iria receber um castigo por causa de água, mas não tinham como saber em qual etapa da vida de Moshe isso ocorreria. Por isso, naquele dia que de acordo com o cálculo deles Moshe Rabeinu teria nascido, o faraó decretou jogar todos os bebês recém nascidos no Rio Nilo, tanto judeus quanto não judeus.

Eles também não conseguiram descobrir que Moshe já tinha nascido três meses antes, sendo que ele nasceu de sete meses, três meses antes da data que eles previram.
Amram, o pai de Moshe, era um grande Tzadik (uma pessoa altamente elevada espiritualmente) e líder religioso do nosso povo. Amram e Yoheved sabiam o que estava acontecendo no palácio do faraó, e as consequências disso para as crianças do nosso povo.

Yoheved teve uma ideia! Colocou Moshe em uma cestinha impermeável e o colocou no Rio Nilo para que os magos do Egito achassem que ele já havia morrido na água. Míriam, sua irmã ficou perto para ver o que iria acontecer.

Os feiticeiros do Egito foram informados pelas fontes espirituais do lado impuro que aquele que vai nos tirar do Egito já está na água. Essa era a estratégia dos pais de Moshe, isso era o que eles queriam que acontecesse e conseguiram!

Nesse momento o decreto de jogar todos os bebês no Rio Nilo foi anulado. O faraó chegou a conclusão de que essa criança estava morta, a não ser que alguém tivesse tirado ela do Rio, e quem arriscaria a vida para fazer uma coisa dessas?

O Midrash nos conta que a filha do faraó veio naquele dia mergulhar no Rio Nilo para se purificar das idolatrias do seu pai. Dizem nossos Sábios que ela veio se converter ao judaísmo, o Rio Nilo nesse caso foi o Mikve dela.

Quando uma pessoa faz uma coisa boa, nesse mérito Hashem dá a ela a oportunidade de fazer mais uma coisa boa para que ela ganhe mais méritos lá em cima e tenha no futuro um paraíso maior.

No mérito de ela ter vindo mergulhar no Rio Nilo para se tornar judia ela encontrou a cestinha com Moshe que tinha acabado de ser colocada lá, uma verdadeira Divina Providência para os dois.

Moshe estava chorando. A filha do faraó pediu para suas ajudantes amamentarem ele, mas ele não queria mamar delas. Miriam ofereceu para a filha do faraó contratar Yoheved, sua mãe, para amamentar o bebê, sem contar para ela que Yoheved era a mãe biológica desse nenê.

A filha do faraó contratou a mãe de Moshe para amamentá-lo, e quando ele cresceu e desmamou ela o trouxe para a filha do faraó que o adotou como um filho.

A filha do faraó se chamava Batya, e ela deu para a criança o nome Moshe. A Torá nos explica que esse nome no hebraico clássico quer dizer que “ele foi tirado da água”.

A Divina Providência

Rabi Haim Ibn Atar foi um grande Tzadik que nasceu no Marrocos e viveu em Yerushalaim (Jerusalém) há mais de trezentos anos atrás. Ele fez um estudo muito profundo sobre todas as escrituras judaicas e escreveu uma explicação profunda chamada de Ora’h Haim.

Rabi Haim ibn Atar nos explicou que a filha do faraó não falava hebraico e também com certeza não gostaria de publicar o fato de ela ter tirado a criança da água para não colocá-lo em risco em relação à seu pai.

E por isso, quando ela deu esse nome à ele ela não tinha nenhuma intenção em dizer que ele foi tirado da água. Mesmo assim a Torá nos revela que o nome de Moshe está nos indicando o fato de ela tê-lo tirado da água e isso chamamos de Divina Providência.

Ou seja, ela deu esse nome para ele por Divina Providência. Hashem deu à ela a inspiração de dar esse nome na língua dela porque esse nome na nossa língua tem esse significado, de ela tê-lo tirado da água.

Diz o Zohar que a Divina Providência nesse caso foi muito maior do que a própria Batya poderia imaginar. O nome que ela deu para Moshe não está indicando somente que ela o tirou da água, mas também está nos revelando quem era Moshe em suas vidas anteriores.
A palavra Moshe em hebraico é escrita por meio de três letras
מ = mem
ש = shin
ה = hei
O hebraico clássico que é o idioma original dos dez pronunciamentos que por meio deles Hashem (D’us) criou o mundo, é um idioma escrito da direita para esquerda. Milhares de anos depois surgiram as escritas europeias que escrevem ao contrário.

Batya, a filha do faraó deu para Moshe um nome escrito em hieróglifos e não sabia que esse nome em hebraico clássico está indicando que ela o tirou da água e que quando o nome é lido ao contrário suas iniciais nos mostram as três reencarnações de Moshe.

O Zohar nos conta que a letra “hei” que é a última letra no nome de Moshe nos mostra que Moshe em sua primeira reencarnação era Hevel, o Abel da Torá que foi morto pelo seu próprio irmão Caim.

A letra “shin” que é a letra do meio no nome de Moshe nos mostra que em sua segunda reencarnação ele era Shet, o filho de Adam e Havá que nasceu 130 anos depois de Hevel ter sido assassinado por Caim.

A letra “mem” que é a primeira letra no nome de Moshe vem nos mostrar que agora, em sua terceira reencarnação, ele é Moshe.

O fato de as duas reencarnações anteriores estarem incluídas no seu nome vem nos mostrar que ele não veio para o mundo somente para cumprir a sua missão como Moshe mas também para resolver assuntos ligados às reencarnações anteriores também.

E continuando com o assunto da Divina Providência, o nome Batya que era o nome egípcio da filha do faraó em hebraico quer dizer “filha de D’us” indicando o que nos conta a Guemará que ela não morreu, mas subiu viva para o paraíso superior !

A missão dos aspectos “Abel” e “Shet” da Alma de Moshe

Moshe cresceu dentro da família real do Egito, depois de ter contratado Yoheved, sua mãe, para amamentá-lo, a princesa contratou para ele os melhores professores de Torá, e com certeza o melhor desses professores era o próprio Amram, pai de Moshe que era o líder daquela geração.

Sabemos isso porque quando Moshe cresceu e saiu do palácio do faraó para ver o que estava acontecendo com seu povo, ele viu um egípcio tentando assassinar um judeu a chicotadas.

O versículo usa a linguagem “e viu” duas vezes. Diz o Zohar que aqui se trata de um caso em que ele viu com seu Rua’h Hakodesh, ele olhou e viu com sua visão espiritual. Olhou para o egípcio que estava tentando assassinar aquele judeu e o matou com seu olhar. Por isso está escrito “e viu” pela segunda vez.

Moshe era a reencarnação de Abel que foi assassinado por Caim, o primeiro assassinato da história da humanidade. Um dos motivos que Caim assassinou Abel foi porque quando Caim nasceu, junto com ele nasceu uma irmã gêmea, e com Abel nasceram duas.

Naquela segunda geração em um mundo recém criado eles se casariam com suas irmãs gêmeas que naquele caso eram gêmeas tanto de corpo quanto de alma. Sendo assim, Caim teria somente uma esposa enquanto seu irmão teria duas.

Caim assassinou seu irmão por acreditar que ele como primogênito teria que ter o dobro de tudo, inclusive o dobro de esposas. Na opinião de Caim, o fato de Abel ter nascido com duas gêmeas foi um erro Divino que pôde ser consertado dessa forma, assassinando Abel.

Os dois se reencarnaram e chegou a hora da retificação do ocorrido. Moshe era a reencarnação de Abel e aquele egípcio que estava tentando assassinar um judeu para roubar sua esposa era a reencarnação do nível Nefesh da Alma de Caim, o nível mais baixo que se reveste no corpo.

Ele se reencarnou para retificar o assassinato que fez na reencarnação anterior, e não só que não retificou esse assassinato, mas já estava prestes a repetí-lo assassinando um judeu para roubar sua esposa.

E foi isso que viu Moshe. Ele olhou para cá e para lá. Diz o Zohar que Moshe viu com seu Rua’h Hakodesh, com sua visão espiritual, o que aquele egípcio tinha feito na reencarnação anterior e viu que, não só que ele não estava retificando o que fez antes, mas também estava repetindo o erro.

Moshe olhou para ele, e ele morreu, fazendo assim a retificação daquela alma dentro da regra chamada de “medida por medida”. Ou seja, o que ele fez de errado aconteceu para ele integralmente e sem nenhum desconto, e assim aquela alma ficou retificada sem precisar fazer Teshuvá, sem precisar se arrepender do mal que fez.

Diz o Midrash que Moshe falou um nome de Hashem e a alma do egípcio saiu do corpo. Moshe não teria chegado à esse nível sem que tivesse estudado a Kabala que não é uma categoria da Torá que dá para estudar sozinho, mas é uma categoria da Torá repassada dentro do nosso povo de mestre para aluno de geração em geração.

Mais uma prova de que Batya contratou Amram, pai de Moshe, para estudar com ele depois de ter contratado Yoheved sua mãe para amamentá-lo.

O caso de Moshe com o egípcio chegou até o palácio do faraó. Moshe foi condenado a morte e fugiu para Midian, um país que ficava próximo ao Monte Sinai, provavelmente na região onde hoje se encontra a Arábia Saudita.

Chegando ao poço da cidade, local onde os pastores traziam os rebanhos para beber água, as filhas de Ytró chegaram com o rebanho de seu pai e foram hostilizadas pelos pastores de Midian.

Moshe as salvou dos pastores e deu água para o rebanho delas. Quando elas voltaram para casa, Tzipora, filha de Ytró e futura esposa de Moshe, disse à seu pai que um egípcio as salvou dos pastores.

Ela sabia que ele era um judeu porque nosso povo era uma etnia muito diferente da etnia dos egípcios, então porque ela o chamou de egípcio? Diz o Zohar que aqui também aconteceu um caso de extrema Divina Providência.

Muitas vezes nossos Sábios usam uma linguagem chamada de “profetizou mas não sabia o que profetizou”. No caso de Tzipora, diz o Zohar que por trás da linguagem dela se encontra uma indicação para a Divina Providência, como aconteceu com Batya em relação ao nome de Moshe.

O que ela “disse sem saber o que disse” é que “um egípcio”, ou seja, o egípcio que Moshe matou e por isso teve que fugir para Midian, ele a salvou dos pastores.

Ou seja, aquele egípcio fez com que Moshe encontrasse sua alma gêmea e ela o encontrasse também, e ela não precisasse se casar com alguém que estivesse somente procurando uma “ovelha para cuidar”.

O Midrash nos conta que Ytró, que era o sacerdote de Midian, chegou a conclusão de que o judaísmo é a religião verdadeira, deixou a idolatria e se aproximou do judaísmo. Por isso ele foi boicotado pelo seu povo e por isso teve que mandar suas filhas para pastar o seu rebanho.

Diz o Zohar que Ytró era a reencarnação do lado bom de Caim e sua filha Tzipora era a reencarnação daquela gêmea de Abel que por causa dela ele foi assassinado por Caim. Agora acontece uma verdadeira retificação de Almas.

Ytró que é a reencarnação de Caim salva a vida Moshe que é a reencarnação de Abel que foi assassinado por ele na reencarnação anterior, e não só isso, mas também devolve para ele sua Alma gêmea que roubou na reencarnação anterior, Tzipora que foi o pivô da briga entre Caim e Abel.

O arbusto incandescente

Moshe se tornou o pastor do rebanho de Ytró. Um dia um carneirinho fugiu do rebanho e Moshe correu atrás dele até o Monte Sinai. Daqui vemos a grande proximidade entre o Monte Sinai e Midian, nos mostrando que o Monte Sinai de hoje não é nada mais do que um erro histórico, e com certeza não é o Monte Sinai da Torá.

Moshe chegou até o carneirinho, e no lugar de bater nele como faria qualquer pastor depois de uma corrida dessas, Moshe pegou o carneirinho no colo levando em conta que o carneirinho estava cansado de tanto fugir. Esse era o teste que Moshe precisava passar para se tornar oficialmente o pastor das ovelhas de Hashem, para se tornar o líder do nosso povo.

Moshe era um grande cabalista. Ele viu um arbusto pegando fogo mas o fogo estava alimentando o arbusto no lugar de destruí-lo. Moshe sabia que isso só pode acontecer nesse mundo quando acontece nele a revelação Divina no nível da Sefirá chamada de “Keter” que está acima das Dez Sefirót. Nela os opostos não só que não se neutralizam mas também se acrescentam.

Moshe se aproximou do arbusto incandescente. Hashem (D’us) se revelou para ele e pediu para ele tirar os sapatos porque aquele lugar naquele momento era um lugar sagrado devido a revelação Divina que estava acontecendo lá naquele instante. O motivo de tirar os sapatos representa que tudo o que vai acontecer na continuação vai ser de maneira sobrenatural.

Hashem pede para Moshe voltar para o Egito para tirar nosso povo de lá. Moshe pergunta para Hashem com qual nome ele vai se revelar no Egito, sendo que cada nome de Hashem representa um nível de revelação Divina diferente. Hashem revela para Moshe um nome de quatro letras começando com a letra א Alef . Diz o Ari Zal que esse nome representa a revelação Divina no “Keter”. Ou seja, a revelação Divina no Egito vai ser sobrenatural chegando até nível “Keter”.

Veremos depois que as dez pragas no Egito vão ter uma ligação com as Dez Sefirót gradativamente e de baixo para cima até chegar à abertura do mar vermelho que está ligada a revelação Divina no nível “Keter”.

Como as bondades Divinas sobrenaturais se revelam no mundo

Moshe foi para o Egito e repassou o pedido Divino para o faraó usando o nome de Hashem de quatro letras começando pela letra “Yud”. O faraó respondeu que não conhece esse D’us e por isso não vai deixar o nosso povo sair do Egito.

Os egípcios antigos eram os maiores estudiosos de todos os assuntos religiosos, e quando Yossef se encontrou com o faraó e usou o nome de Hashem nível “Mal’hut” que é a décima Sefirá na qual os povos do mundo também podem ter acesso, o faraó não falou que não conhecia esse D’us.

Mas um nível de revelação Divina sobrenatural mostrando a revelação Divina no nível das Sefirót que estão acima da Mal’hut e é representado pelo nome de Hashem de quatro letras começando com a letra Yud, esse nível de revelação Divina o faraó não conhecia.

A consequência da conversa que Moshe teve com o faraó foi trágica para o nosso povo. O exílio ficou mais difícil, a escravidão ficou mais intensa.

Na nossa Parashá Moshe pergunta para Hashem porque ele causou essa piora e não salvou o nosso povo, e para que ele foi mandado para falar com o faraó se o resultado final disso foi o aumento da escravidão?

Hashem responde à Moshe que esse nível de revelação Divina não teve precedentes na época dos nossos patriarcas e funciona dessa maneira. A Gueulá, a redenção do Egito, já havia começado, a Gueulá já havia descido para o mundo, e dessa forma ela começa a se revelar.

Quanto maior a intensidade do milagre que se aproxima, maiores são os sofrimentos que o antecedem. Quando vemos os sofrimentos aumentando sabemos que o milagre sobrenatural ligado a aquele assunto já aterrissou nesse mundo, e depois de ele passar pela etapa de abertura da “embalagem” que é uma embalagem de sofrimentos chegamos à etapa do presente que se encontra dentro dela que é a bondade Divina revelada.

Hashem conta para Moshe sobre o nível de revelação Divina que atingiram nossos patriarcas e o nível de revelação Divina extremamente superior que vão acontecer agora….

 

Shemot
 Nossa Parashá nos conta sobre o exílio do nosso povo no Egito e o Zohar compara esse exílio e a saída dele aos nossos exílios posteriores.O profeta Yeshaiahu (Isaías) descreve a saída do Egito como algo que Hashem (D’us) fez com a maior facilidade. Ele traz um exemplo para entendermos o raciocínio desse assunto:As guerras antigas no Oriente Médio eram feitas por meio de cavaleiros montados em cavalos. O profeta Yeshaiahu descreve a revelação Divina no Egito como estando Hashem “montado em uma nuvem leve”. Depois de descrever com que leveza Hashem se revelou no Egito, ele descreve que todos os ídolos do Egito se balançaram na frente dele, nos mostrando que Hashem não precisa fazer nenhum “esforço” até para destruir o país mais forte do mundo.O Zohar explica que daqui vemos que todos os governantes mais poderosos do mundo e também todos os seus povos são considerados como sendo nada na frente de Hashem, como diz o profeta Daniel: “E todos os habitantes da Terra como um nada são considerados”. E mesmo que a nossa saída do Egito aconteceu por meio de pragas enormes e de maneira sobrenatural, tudo isso é descrito pelo profeta como um “cavalgar em uma nuvem leve”, mostrando que Hashem D’us não precisa nem de um “mínimo esforço” para destruir a maior potência mundial.E qual foi o motivo que Hashem se revelou pessoalmente para destruir o Egito se ele poderia fazer isso por meio de um Anjo ou por meio de qualquer outro fator? Diz o Zohar que o motivo para isso é que Hashem é comparado ao Rei e nós somos comparados à Rainha. Por isso o Rei fez questão de vir pessoalmente salvar a Rainha, para demonstrar o seu grande amor por ela.Dessa mesma forma Hashem vai se revelar no final do exílio de Edom que é o nosso exílio atual. Mas sendo que o nosso exílio atual foi mais longo do que os anteriores, e o nosso sofrimento foi mais intenso, a honra que o Rei vai dar para a Rainha dessa vez vai ser muito maior e a revelação Divina vai acontecer com muito mais intensidade.Porque na nossa redenção final que já está para acontecer, fora o fato de o Rei vir pessoalmente salvar a Rainha em honra a ela, ele vai mostrar a sua força ao mundo porque isso enobrece ainda mais a Rainha.E mesmo que na redenção da Babilônia quando as tribos de Yehudá e Beniamin saíram do exílio e construíram o segundo Beit Hamikdash com a autorização do rei da Pérsia os milagres sobrenaturais não aconteceram, o motivo para isso foi porque aquela redenção não era uma redenção final sendo que dez Tribos ainda se mantiveram perdidas. E também o comportamento do nosso povo naquela época não justificou que grandes milagres fossem feitos, sendo que eles eram uma parte do nosso povo e estavam misturados com os povos locais.Diferente do Egito onde a redenção naquela época aconteceu para todo o nosso povo que estava diferenciado dos egípcios, “o povo de Israel entrou no Egito e o povo de Israel saiu do Egito”.Mas no exílio de Edom, que é o nosso exílio atual, Hashem quer revelar a Sua honra no mundo. Levantar a Rainha definitivamente e tirar dela todos os vestígios de que um dia ela estava exilada. Por esse motivo o atual estado de Israel não representa nem a nossa redenção final e nem o começo dela, mas somente uma grande comunidade judaica na qual o local do nosso futuro Beit Hamikdash é um patrimônio tombado pela unesco negando nosso acesso à ele, e a Judéia com os túmulos dos nossos patriarcas é uma autonomia Palestina à qual os povos do mundo não nos dão o direito de anexar.
O “parto da Gueulá” 
Coitado de quem estiver vivendo na época em que acontecer a nossa redenção final, diz o Zohar. Coitado de quem estiver contra nós quando acontecer a profecia do profeta Yeshaiahu que diz: “abane o pó, levante-se e sente-se no seu trono Yerushalaim (Jerusalém) tire as correntes que estão prendendo o seu pescoço”. Quem é o Rei e o povo que será capaz de desafiar Hashem nessa hora? Pergunta o Zohar. O Zohar também nos explica que o fato de os ídolos do Egito terem caído frente a mínima revelação Divina foi devido a anulação lá em cima dos anjos do lado impuro que eram responsáveis pelas forças ocultas da idolatria egípcia, fazendo com que elas desaparecessem aqui em baixo, e que o mesmo vai acontecer na nossa Gueulá, só que em uma intensidade infinitamente maior. E de todo lugar onde fomos exilados Hashem vai nos tirar, e não só isso, mas também ele vai cobrar daqueles povos o mal que fizeram para nós. Daqui vemos que também os descendentes dos judeus que estão misturados com esses povos incluindo as dez tribos perdidas vão ser redimidos, e aqueles povos vão ser castigados por ter nos maltratado.E da mesma maneira que as gerações que causaram o dilúvio, fizeram a Torre de Bavel e Sodoma e Gomorra, se reencarnaram como o nosso povo no Egito para receber a sua retificação, assim também aqueles próprios povos que nos fizeram o mal se reencarnam e são eles próprios que vão receber o castigo que está decretado para eles, sendo que os filhos não pagam pelos pecados dos pais.Aqueles próprios portugueses e espanhóis que viveram na época da inquisição, aqueles próprios ingleses, franceses e alemães que viveram na época das cruzadas, aqueles próprios romanos da época da destruição do segundo Beit Hamikdash, babilônios da época da destruição do primeiro Beit Hamikdash e assírios da época da destruição do reino de Israel que era o país das nossas dez Tribos perdidas, eles pessoalmente vai desafiar o Mashia’h e receber o castigo pelo que fizeram.E da mesma forma que Moshe Rabeinu (Moisés nosso mestre) não precisou de um exército para lutar contra o faraó, dessa mesma forma, mas com muito mais intensidade, Mashia’h vai lutar contra esses povos que são a reencarnação daquelas pessoas que nos fizeram o mal durante todos os nossos mais de 3.300 anos de história.O Zohar dá ênfase no castigo que esses povos vão receber comparando a nossa redenção final à saída do Egito dizendo:Se até os egípcios que nos receberam entre eles, nos deram a melhor parte do seu país que era a terra de Goshen, e mesmo que nos maltrataram no exílio, com tudo isso não roubaram nossos bens, não roubaram nosso dinheiro e nem a terra que eles nos deram, e com tudo isso por terem nos maltratado no exílio foram julgados pelo tribunal Divino e receberam todas aquelas pragas.Quanto mais os Assírios, os babilônios e os romanos que vieram nos atacar sem motivo, nos assassinaram, roubaram nossas terras e nossos bens e nos exilaram em todos os cantos do mundo, quanto mais que nesse caso Hashem vai revelar a Sua honra em sua maior intensidade e o castigo que eles que vão receber vai ser muito maior do que o que receberam os egípcios antigos.Daqui vemos que os milagres que vão acontecer em breve em nossos dias são milagres infinitamente maiores do que aqueles que aconteceram no Egito, como dizem nossos Sábios, vão ser chamados de milagres relativos à milagres. Ou seja, imagine o nosso povo atravessando o mar vermelho como se fosse uma coisa óbvia e Moshe dizer para eles que daqui a pouco vão acontecer milagres. Esses milagres tem que ter uma intensidade tão grande que na frente deles um milagre sobrenatural não seria chamado de milagre!Por isso diz o profeta Yehezkel que na Gueulá futura, em breve em nossos dias, Hashem (D’us) vai se revelar em tal nível de grandeza que vai causar o reconhecimento de todo o mundo.Não perca o próximo capítulo 🌻🥰💕 Shabat Shalom
 

Vayehi

שְׁנוֹתֵ֨ינוּ בָהֶ֥ם שִׁבְעִ֪ים שָׁנָ֡ה וְאִ֤ם בִּגְבוּרֹ֨ת שְׁמ֘וֹנִ֤ים שָׁנָ֗ה וְ֭רׇהְבָּם עָמָ֣ל וָאָ֑וֶן כִּי־גָ֥ז חִ֗֝ישׁ וַנָּעֻֽפָה׃

O Rei David escreve no Tehilim (Salmos 90/10) que os dias da nossa vida são setenta anos e se forem com Guevurot (durezas) serão oitenta anos. O versículo continua com as palavras “a melhor parte desses dias é gasta com esforço e sofrimento porque esses anos passam rápido e voando”. Vemos que a expectativa de vida mundial também oscila em volta desses números.

O Zohar nos conta que no momento em que a pessoa falece é dada a ela a permissão de ver a dimensão que ela não conseguiria ver antes. Nesse momento ela vê seus parentes e amigos que já estão no Gan Éden, no Paraíso, e eles se revelam para ela com a aparência que tinham nesse mundo para que ela possa reconhecê-los.

Se essa pessoa era um “Tzadik” todos vem alegres ao seu encontro e o cumprimentam com a palavra “Shalom” que quer dizer paz.

A palavra Tzadik tem vários significados. Nesse caso a palavra Tzadik se aplica a uma pessoa que passou pelo julgamento do tribunal Divino e saiu vitoriosa.

A palavra Tzadik em relação a pessoa que está deixando esse mundo se refere ao fato de ela ter saído com de forma justa do seu julgamento, sendo que passamos por esse julgamento no momento em que a Alma deixa o corpo.

Os motivos para ela ter saído vitoriosa do julgamento do tribunal Divino são o fato de ela ter se arrependido em vida das coisas ruins que fez, e por isso ter recebido um grande desconto nos sofrimentos que deveria passar para retificar essas coisas ruins.

Ou também pelo fato de ela ter sofrido “medida por medida” e retificado dessa maneira todo o mal que fez nesse mundo.

E junto com as coisas boas que fez ela tem direito ao Gan Éden que é o Paraíso espiritual. Essas coisas boas nunca se perdem, a não ser que a pessoa tenha se arrependido profundamente de tê-las feito, o que geralmente não acontece.

Ou seja, a retificação pelas coisas ruins que fizemos são no máximo “medida por medida” e não mais do que isso e não existe castigo eterno. Mas para as coisas boas que fizemos recebemos uma recompensa eterna.

Quando a pessoa falece nessas condições, ela é recebida com muita alegria pelos seus parentes e amigos que vem especialmente do Paraíso para recebê-la.

Mas se ele não foi um Tzadik, as únicas pessoas que se revelam para ele no momento da morte são as pessoas ruins que estão sendo temporariamente atordoadas no “gehinon” que é o lugar da retificação das Almas.

Nesse caso todos aparecem para ele tristes, o recebem com um grito de dor e se despedem com um grito de dor. Ele olha para eles e os vê como fagulhas que sobem do fogo, e ao vê-los ele também dá um grito de dor.

Por isso diz Rabi Shneior Zalman, nosso primeiro Rebe, sempre devemos nos relacionar aos sofrimentos desse mundo com alegria. Porque não existe sofrimento de verdade a não ser o gehinom, e um pouquinho de sofrimentos nesse mundo nos livra dos verdadeiros sofrimentos que são os sofrimentos do gehinom.

Mesmo sendo o gehinom limitado à 12 meses e não mais, a intensidade dele é muito grande e uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores sofrimentos aqui nesse mundo.

Depois que todos os parentes e amigos se encontram com muita alegria com a pessoa que faleceu, levam ela para um passeio lá no mundo de cima e mostram o lugar reservado para ela no Gan Éden, no Paraíso e depois ela volta para o mundo para o enterro do seu corpo.

Rabi Yehuda no Zohar nos conta que após o enterro a Alma ainda continua sete dias nesse mundo, e todos esses sete dias ela vai da sua casa para o seu túmulo e do seu túmulo para a sua casa, e fica enlutada pelo seu corpo que morreu.

Ela se senta dentro de sua casa e vê que todos estão tristes e enlutados, e fica enlutada junto com eles também. Depois de sete dias ela vai para o seu caminho.

Em primeiro lugar ela chega ao túmulo dos nossos três patriarcas. Esse lugar fica na cidade de Hevron em Israel e é chamado de Mearat Hama’hpela.

Lá, diz o Zohar, ela “vê o que vê” e “sobe para o lugar que sobe” até chegar ao Gan Éden HaTahton, ao baixo Paraíso. Lá ela encontra os Kruvim que são os anjos guardiões do Gan Éden. Se ela tem o mérito de entrar eles liberam a entrada dela.

A Alma é comparada à Luz, e para ela usufruir do Gan Éden ela precisa de um corpo que é o receptáculo da luz. Da mesma forma que ela precisou do corpo material para interagir aqui no nosso mundo material ela precisa de um corpo espiritual para usufruir do mundo espiritual, do Gan Éden.

Entrando lá ela se encontra com os Anjos Mihael, Gavriel, Uriel e Refael segurando para ela um corpo espiritual lindo feito pelos mandamentos Divinos que ela cumpriu nesse mundo.

E como aqui no nosso mundo material temos um corpo feito com os elementos básicos que são o fogo, o vento, a água e a terra, lá ela recebe esse corpo espiritual feito para ela com quatro elementos básicos espirituais, e no mérito dos Mandamentos que ela cumpriu.

Ela se reveste nesse corpo com muita alegria, e assim ela entra no Gan Éden HaTahton, no baixo Paraíso onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui. Ela fica lá até subir ao Gan Éden HaElion, o alto Paraíso onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres no Gan Éden HaTahton.

Para entendermos essa passagem do Zohar precisamos primeiro entender o conceito cabalístico de luzes e receptáculos.

Hashem (D’us) é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem. O Zohar chama a revelação Divina de “a luz infinita”. A partir do nível chamado de a “essência Divina” começa uma descida, e a primeira etapa dessa descida é a grande ocultação chamada de “o grande tzimtzum” que é a primeira raiz dos “receptáculos”.

A partir desse nível, cada descida de nível nesse desencadeamento até chegar ao nível no qual possamos surgir como “parte de Hashem” é um paralelo de “luzes” e “receptáculos” até o mundo de Atzilut onde nos tornamos “parte de Hashem”.

Alma animal e Alma Divina

A primeira alma a entrar no nosso corpo é chamada de alma animal e está vinculada ao sangue.

A Guemará nos conta que no momento em que uma mãe engravida é colocado nesse óvulo uma alma animal do nível deste mundo onde o bem e o mal estão misturados.

Essa alma animal está revestida em todo o corpo, mas a principal revelação dela é no sangue, no lado esquerdo do coração que bombeia o sangue oxigenado para todo o corpo.

Sendo que ela é uma alma espiritual, podemos fazer transfusões de sangue, transplante de coração, e mesmo assim ela continua no nosso corpo.
Uma segunda alma é dada à cada judeu e também à quem faz uma conversão kasher ao judaísmo. Ela já estava vinculada à essa pessoa desde que nasceu.

Essa segunda alma é chamada de Alma Divina, Neshamá. No começo ela está no nosso corpo de maneira “envolvente. Ou seja, ela está no nosso corpo mas não está “revestida” nele, e portanto não recebe a influência das coisas “ruins” que fazemos.

Quando uma menina faz doze anos ou um menino faz treze anos, nossa Alma Divina que somos nós próprios, deixa o status de “envolvente” e se reveste na alma animal, e assim tanto a alma animal quanto o corpo se tornam acessórios da nossa Alma Divina.

Toda linguagem na Torá indica um assunto espiritual. Quando D’us coloca essa Alma Divina no primeiro homem é usada a linguagem “soprou”

Diz o Zohar que essa língua é representativa. Quem sopra, sopra o que estava dentro, e quem coloca, coloca o que estava fora. Não está escrito que D’us colocou, mas sim que D’us soprou, nos indicando que essa Alma vem da essência Divina e é definida como sendo “uma parte de D’us”.

Essa Alma é você!

Você que desceu do céu para vencer uma corrida de obstáculos que chamamos de vida, e vai ganhar por próprio mérito um “baixo paraíso” no qual uma hora equivale a setenta anos dos maiores prazeres nesse mundo. Ou, se você se esforçar mais, você vai ganhar um alto paraíso, onde uma hora lá equivale a setenta anos no baixo paraíso.

E tudo isso como prêmio por ter feito o trabalho Divino, meta da corrida de obstáculos.
A Neshamá é pura e linda, cada ano que passa ela fica mais refinada e reluzente por meio do nosso cumprimento dos 613 mandamentos Divinos.

Poderíamos dizer como exemplo que cada ano que passa, enquanto o corpo fica mais velho, a Neshamá fica “mais jovem”.

O povo de Israel é chamado de “O povo escolhido”. Quem participou desse concurso Divino para ser escolhido? Nossa Neshamá não poderia ter participado, sendo que ela é diferente das almas dos povos do mundo.

Quem se parece com os povos do mundo? Nosso corpo! Ele foi escolhido! E o que ele ganhou com essa escolha? Ele ganhou Kedushá, ganhou santidade!

Quando cumprimos um Mandamento Divino ele recebe Kedushá, ele recebe santidade!

A cada Mandamento Divino que cumprimos, nosso corpo e nossa alma animal se tornam mais sagrados e refinados. No futuro, quando ressuscitarmos esse nosso mundo material vai se tornar mais alto Paraíso do que o alto Paraíso, vamos usufruir do mais alto nível que é chamado de Keter de Atzilut

Sendo que esse nível de revelação está acima da raiz da nossa Alma Divina, só conseguiremos usufruir desse nível tão elevado por meio do nosso corpo e da nossa alma animal, sendo que a raiz deles é o mundo do Tohu que está acima da raiz da nossa Alma Divina.

Com o fenômeno espiritual da “quebra dos receptáculos” do mundo de Tohu tanto nossa alma animal quanto nosso corpo se tornaram “luzes caídas”, mas mantendo o vínculo com a sua raiz, e por isso vamos precisar deles no futuro como um filtro para podemos usufruir da intensidade dos prazeres do Keter de Atzilut

Transmigrações da Alma

Nossa Neshamá se reencarna quantas vezes for necessário até cumprirmos todos os 613 mandamentos Divinos, e de cada um desses Mandamentos que cumprimos surge um novo sentido no corpo espiritual que receberemos para podermos usufruir do mundo de cima, do Gan Éden.

Da mesma forma que para usufruirmos desse nosso mundo material precisamos de cinco sentidos, para usufruirmos do Gan Éden precisaremos lá de 613 sentidos, sendo que a intensidade dos prazeres do Paraíso espiritual é imensamente maior do que a intensidade dos prazeres desse mundo material e por isso Hashem D’us nos deu 613 mandamentos na Torá.

Diz o Ari Zal que por esse motivo temos que nos reencarnar até cumprir todos os Mandamentos Divinos, para não nos faltar nenhum desses sentidos no próximo mundo

Vaygash

Eis que os dias estão chegando

O Zohar nos traz um conceito chamado de Ketz hayamim, o extremo dos dias, se referindo ao extremo do mal, e Ketz hayamin, o extremo da direita, se referindo ao extremo das Sefirót que é a Mal’hut representando nesse caso o extremo do bem.

Explica o Rebe que antes da redenção final, durante o período chamado de “calcanhares do Mashiah” que é o período no qual estamos vivendo, o mal aumenta no mundo em forma de disputas entre judeus e também entre não judeus.

Isso entre outros sinais negativos que acontecem nessa época e que não aconteceram em épocas anteriores. Sinais para sabermos que estamos próximos à nossa Gueulá, à nossa redenção final.

Por outro lado o bem também aumenta, novas formas de estudar a Torá são reveladas e ações de caridade e bondade são feitas em uma escala sem precedentes.

Como podemos entender essa tão grande contradição no comportamento das pessoas da nossa época?

Em relação ao povo de Israel, e em particular agora que estamos no final do nosso exílio, depois de termos passado por todas as previsões em relação aos prazos finais dele incluindo a condição de fazer “Teshuvá” antes da Gueulá, da redenção final.

Como atestou o Rebe Yossef Yitzhak, o Rebe de Lubavitch anterior, que também esse requisito nosso povo já cumpriu. E com tudo isso esperamos todo dia pela nossa verdadeira e completa redenção final, e ela ainda não chegou!

A palavra “Ketz”, é traduzida como “extremo”, mas também pode ser traduzida como “final”. Assim também a ligação entre o conceito de “Ketz” e a nossa redenção é dupla.

“Ketz” se refere ao extremo final da escuridão do nosso exílio, “final dos dias” final do nosso exílio, e junto a isso, a palavra “Ketz” também está se referindo à uma nova era, a era da Gueulá. “Ketz hayamin, o extremo do bem.

E assim nos conta o Zohar que a palavra Ketz pode estar representando o extremo do bem, e ao contrário, pode também estar representando o extremo do mal.

Esses dois extremos, sendo um o extremo da direita que representa a Hessed, a bondade, e o outro que é o extremo da esquerda que representa a Guevura, a rigidez, são os dois caminhos que temos à nossa frente nesse mundo.

O extremo da direita que é o extremo do bem é citado no final do livro do profeta Daniel, e o extremo da esquerda é citado no livro de Yov (Jó), quando diz que Hashem D’us colocou um final para a escuridão.

Também em relação a Yossef, quando a Torá usa a palavra “Ketz” se referindo ao final dos dois últimos anos que Yossef estava na cadeia encontramos esses dois significados.

Por um lado o versículo está se referindo ao final da “estadia” de Yossef na prisão, e por outro se referindo ao começo da “redenção” de Yossef que se torna o vice rei do Egito.

Esses dois conceitos, mesmo aparecendo juntos, representam duas coisas totalmente opostas, como nos conta o Tzema’h Tzedek que foi o terceiro Rebe de Lubavitch no seu livro chamado de “explicações sobre o Zohar”:

Diz o Tzema’h Tzedek que “Ketz hayamim representa a parte final da “Klipá”, o extremo do lado ruim, indicando o fortalecimento do lado ruim antes de ele desaparecer totalmente. Ou seja, o “extremo de baixo” do lado “esquerdo”, o mal em sua maior intensidade. Enquanto que “Ketz hayamin” representa o supremo bem da Gueulá, da nossa redenção final.

Se trata de dois opostos que chegam ao mesmo tempo. Com o começo do brilho da luz da Gueulá, “Ketz hayamin”, começa também o fortalecimento do mal ao encontro do seu final definitivo. “Ketz hayamim”, a extrema intensidade do mal.

A ligação entre esses dois opostos se encontra em muitas citações dos nossos Sábios, como por exemplo no final do tratado de Sotá que nos conta sobre a depravação que acontece no mundo na época que antecede a Gueulá, e isso vemos hoje com os nossos próprios olhos.

Essas citações aparecem também em algumas partes do tratado de Sanedrin, como por exemplo: “o filho de David não chegará a não ser em uma geração que seja totalmente boa ou totalmente ruim”, nos indicando que a geração da Gueulá vai ser caracterizada por esses dois extremos. Diz o Rebe que eles acontecem simultaneamente.

E qual é realmente a ligação entre esses dois “extremos”?

A separação entre o bem e o mal

O principal problema causado pelo primeiro homem quando ele fez a primeira transgressão foi a mistura entre o bem e o mal. Ele causou a indefinição entre os limites da “luz” e da “escuridão”.

Mesmo no início da criação havia uma realidade de ‘mal’ no mundo como consequência da quebra dos receptáculos do mundo de Tohu, mas esse mal estava separado e isolado, sem nenhum contato e ligação com o lado bom, com o lado puro.

Em tal situação, o mal estava claramente definido e as criaturas não cometeriam um erro seguindo algo que é claramente visto como mal, visto como uma coisa negativa.

O que levou ao fortalecimento do mal e da impureza foi o pecado da árvore do conhecimento que misturou os conceitos e criou uma situação em que não há bem sem mal e não há mal sem bem.

Em tal situação, quando não há uma definição clara de quem é bom e de quem é ruim, o mal engana, prevalece e domina. Além disso, o mal entrelaçado na realidade do bem o impede de atingir sua perfeição.

O papel da redenção é acabar com essa mistura e confusão, e criar limites claros e definidos para a realidade do mal como última etapa antes de ele desaparecer totalmente.

Quando a verdade for revelada com a chegada da redenção, o mal será visto em seu verdadeiro estado. A mentira por si só “não tem pernas”, a única coisa que permite a existência da mentira e do engano, é um pouquinho de verdade que existe nela. Quando essa centelha do bem que existe no mal é removida, o mal perde toda a sua capacidade de existência, e então retorna às suas dimensões originais e verdadeiras.

E assim escreveu Rabi Shneior Zalman que foi nosso primeiro Rebe, “O trabalho do Mashiah vai ser o de separar entre o bem e o mal. Portanto, a preparação do mundo para a redenção é a de se separar totalmente do mal causando com que o bem e o mal se tornem claramente separados e isolados um do outro.

Dessa forma há até uma vantagem na situação trágica que previram nossos Sábios em relação aos acontecimentos que antecedem a nossa redenção final, situação em que o mal predomina completamente.
Por que dessa forma ele se torna totalmente visível, claro e definido, e está mais exposto ao seu final do que em uma situação na qual o mal está menos forte por estar misturado com o bem.

Por isso dizem nossos Sábios no tratado de Sanedrin que na geração que antecede a Gueulá os governos se tornarão totalmente corruptos, indicando que o mal que se encontra no mundo se tornará cada vez mais “reconhecível” e a verdade de que qualquer governo que não se comporta de acordo com o “governo Divino” é uma “corrupção absoluta” estará claramente visível.

A verdadeira crença na unidade de D’us é encontrada apenas entre os judeus. Esta é a preparação para a redenção, quando todos conhecerão a pura verdade e seguirão a verdadeira fé que o nosso povo representa.

Essa também é a explicação para o que disseram nossos Sábios que Mashiah chegará em uma geração totalmente boa ou totalmente ruim. A redenção, conforme mencionado, virá quando o trabalho de diferenciar o bem do mal for concluído. Nosso trabalho é separar o mal que se misturou com o bem e estabelecer limites claros entre o que é bom e o que é ruim.

Enquanto o bem e o mal estiverem misturados, a redenção completa não pode vir. Mas virá quando uma das duas possibilidades ocorrer: ou nos refinamos causando com que o nosso lado ruim gradativamente nos deixe, ou, D’us nos livre, o lado ruim nos domina por não encontrar em nós uma resistência compatível com a sua intensidade.

O Rebe nos contou que nos nossos tempos, coisas assustadoras estão acontecendo no mundo, tanto para o bem quanto para o mal.

A começar pela questão da disputas – hoje em dia vemos disputas até entre tais judeus que nunca foi possível supor que haveria uma disputa entre eles. Isso causou para eles uma real mudança de perfil, e eles até tentaram disfarçar isso dizendo que tinham entrado nessas discussões por motivos religiosos e etc…
E por outro lado, em relação as coisas boas, em nossos tempos vemos atos de bondade e amor ao próximo tão grandes que não imaginávamos antes que isso poderia um dia se tornar uma realidade.

Doações para a caridade em tão grande proporção, dedicação tão grande em benefício de outros judeus.

Temos histórias de gerações passadas, e em todas as gerações houve caridade e benevolência entre os judeus, mas nunca tínhamos alcançado níveis tão altos em relação à Tzedaká, em relação a caridade.

E também em relação ao estudo e ensino da Torá, justamente nas gerações mais recentes conseguimos revelar por meio do intenso estudo da Torá assuntos profundos que ninguém imaginou que poderiam ser decifrados e não vemos esses assuntos nos livros das gerações anteriores. Também a forma de ensinar e aprender em nossos tempos é especial, uma nova forma de estudar.

Mas a mudança é tanto para o bem, quanto vice-versa. Entre os sinais que mencionamos sobre o período da redenção, a questão de “países que se provocam” também aconteceu no passado, mas hoje em dia a situação nesta categoria é de uma forma que não se imaginava, com uma crueldade desproporcional, como vemos acontecer na prática em muitos países nesses dias mesmo e que não existia nas gerações anteriores, e ninguém está se importando muito com isso.

Sendo que a nossa Torá é uma Torá “luz”, tudo tem uma resposta na Torá e de forma clara e esclarecedora. E se assim for, a explicação para esta situação alarmante também deve estar na Torá. E em relação a nós, não há necessidade de pesquisar muito, porque a Guemará fala abertamente sobre esse assunto

De acordo com todos os sinais que foram ditos no final do Tratado Sota, nosso tempo está próximo do ‘final dos dias’, tão próximo que não existe mais próximo do que isso, porque nunca houve uma existência real de todos os sinais como nestes dias.
E em relação ao ‘final dos dias’, tempo em que se aplicarão muitas mudanças no mundo até a grande mudança concernente ao mundo inteiro que será a redenção final, está explícito no final do livro do profeta Daniel: “Muitos se definirão, se purificarão e se retificarão, e os maus farão maldades”. Termina o profeta Daniel com as palavras: “e os sábios entenderão do que se trata

Ou seja, há coisas que até o final dos tempos existem na realidade, mas não estão claras. Ou que se tornaram claras, mas ainda estão misturadas com outras coisas e ainda não se separaram delas e por isso ainda não são totalmente reconhecíveis. Ou que já são reconhecíveis mas não de maneira claramente explícita.

Mas, quando chegarem muito perto do final dos dias, e este é um dos principais sinais de que já estamos na etapa em que isso vai começar a acontecer, vai se cumprir a profecia do profeta Daniel de que “Muitos se definirão, se purificarão e se retificarão, e os maus farão maldades”.

Ou seja, não se trata de algo que vai acontecer para um grupo pequeno de pessoas, mas como diz o profeta Daniel, Muitos se definirão, se purificarão e se retificarão, se trata do mundo inteiro. E conclui que “os sábios entenderão”. Ou seja, para entender porque isso está acontecendo é preciso ser um sábio, mas para ver que isso está acontecendo, qualquer um pode ver.

O Rebe nos explicou por que existe a necessidade de o bem e o mal se revelarem separadamente em sua maior potência antes da Gueulá, como o mundo inteiro está vendo isso acontecer diariamente.

O motivo para isso, diz o Rebe, é que cada um de nós tem forças ocultas que não poderiam ser refinadas porque não sabíamos da existência delas. Nessa situação todas as nossas forças ocultas se revelam, se tornam forças reveladas, e se existe nelas um lado ruim que precisa ser refinado.

Ou seja, excluído de nós que somos parte de D’us que é a essência do bem, imediatamente reconhecemos sua existência e o consertamos, ou o excluímos, ou direcionamos ele para o bem.

Não teríamos como retificar nossas forças ocultas se elas não se revelassem e portanto não saberíamos que elas existem. Porque afinal das contas somos obrigados a refinar o mal das nossas forças ocultas, e se elas continuassem ocultas estaríamos ocupados com outras coisas, mesmo sendo elas coisas boas, e não consertaríamos o que precisamos consertar.

E assim conseguimos entender que quando o profeta Daniel fala sobre essa época de refinamento ele está nos indicando o lado bom que ela nos traz, porque somente assim conseguimos descobrir o lado ruim das nossas forças ocultas e fazer nelas o reparo necessário.

O fato de a revelação das nossas forças ocultas acontecer somente agora nessa época está ligado aos dois “extremos”, Ketz hayamim e Ketz hayamin.

Porque à medida que nos aproximamos do “final dos tempos”, do final do nosso exílio, a escuridão no mundo se fortalece e aumenta cada vez mais. As forças negativas que até agora estavam ocultas se revelam, e por isso há necessidade de revelarmos forças superiores, por meio das quais você pode superar a escuridão e resistir.

E mais uma razão para isso: já que nos aproximamos do “Ketz Hayamin”, da nossa redenção final, começa a se materializar o fenômeno do fortalecimento do bem, que também se torna “claro” e se revela em toda a sua intensidade.

Uma das manifestações disso é a descoberta dos segredos da Torá, a Torá oculta, a categoria da Torá que é comparada ao azeite que se transforma em luz.

Por isso já começamos agora por meio do estudo da Hassidut a provar um pouquinho dos segredos da Torá oculta que o Mashiah vai nos revelar. A palavra Mashiah quer dizer ungido, como diz o Tehilim (89/21)

Mikets

Nossa Parashá nos conta sobre os sonhos do faraó que por causa deles Yossef foi tirado da prisão e se tornou o vice rei do Egito.

O versículo diz: “e foi do final de dois anos e o faraó sonhou”. A Parashá usa a palavra Miketz que quer dizer “do final” no lugar de dizer “no final”.

Sempre que a Torá usa uma linguagem não usual ela está nos indicando que existe algo oculto por trás dessas palavras. Diz o Zohar que essa linguagem quer dizer “depois do final”, e o “final” é o “Satan” que em hebraico quer dizer desviador. Ele é o próprio anjo da morte que é o final de todos os que caem em suas mãos.

O Zohar nos ensina que o versículo usa a linguagem “depois do final” querendo dizer: depois de ter saído do esquecimento do ministro das bebidas que tinha prometido conversar sobre ele com o faraó e dos sofrimentos na prisão.

Tanto o esquecimento que é um limite de memória quanto os sofrimentos que são limite de saúde, de dinheiro e etc sempre são causados pelo “satan” que é o extremo de baixo da Guevura que é a raiz dos limites, o satan atua no mundo por meio de suas inúmeras ramificações, e o fato de o ministro das bebidas ter esquecido Yossef também foi “trabalho” dele.

Depois de Yossef ter saído do “final”, aí aconteceu uma reviravolta de um extremo ao outro.

Diz o Zohar que esse “anjo do mal” é chamado de final porque ele é o extremo dos resquícios da Guevurá, ou seja, pior do que isso não existe.

No começo do mundo ele “baixou” na cobra e a cobra começou a falar. Ela escolheu falar com Havá (Eva) por que sentiu mais proximidade com ela, e por meio dela conseguiu roubar as bençãos de Adam.

Esse é o cartão de visitas desse “satan”, desse desviador. Ele se une às coisas ruins para interagir no mundo por meio delas, e sempre encontra alguém ou alguma coisa compatível para que por meio dela possa roubar as nossas bençãos também.

Por isso dizem nossos Sábios que quando tem que acontecer uma coisa ruim no mundo o tribunal Divino dá autorização ao “satan” para fazer essa coisa ruim acontecer somente por meio de uma pessoa ruim.

O Zohar nos conta que todo esse “sistema” chamado de “sitra ahara” que quer dizer “o outro lado”, funciona da seguinte forma:

Em primeiro lugar o “satan” pessoalmente ou por meio de algumas das suas inúmeras ramificações, aborda a pessoa de várias maneiras para tentar seduzi-la a fazer uma coisa errada.

Nessa etapa ele também joga baixo, como fez com Adam HaRishon, o primeiro homem, que comeu a fruta do Etz Hadaat pressionado por sua própria esposa sem saber que por trás disso estava “a cobra”

Cada um de nós é abordado diariamente por alguma ramificação dessa coisa ruim que “baixou” em alguém ou em alguma coisa para nos seduzir.

Se a pessoa se deixa seduzir ele registra o B.O. imediatamente no tribunal Divino e pede a autorização para castigar severamente essa pessoa por meio dele próprio que tem o maior prazer em castigar cruelmente a pessoa que ele próprio seduziu.

Como fazer para nos proteger do “satan”?

Quando Hashem perguntou para Adam HaRishon por que ele comeu a fruta do Etz Hadaat, Adam jogou culpa em Havá e Havá jogou a culpa na cobra. A justificativa é o maior privilégio do satan. Porque se eles tivessem assumido que fizeram uma coisa errada e pedido para Hashem (D’us) desculpá-los, com certeza eles não teriam recebido castigo nenhum. O que a cobra queria era isso mesmo, que Adam jogasse a culpa na Eva e Eva na cobra, porque a cobra já tinha uma resposta automática: D’us pediu para não comer aquela fruta e uma conta pediu para eles comerem, a quem eles deveriam escutar?

E essa é a resposta que devemos dar para nós próprios sempre que recebemos uma sedução, como por exemplo quando alguém por qualquer motivo te tirou do sério e se trata de uma pessoa fraca em todos os aspectos a ponto de, se você “pisar nela”, ela simplesmente quebra e nada vai te acontecer por causa disso.

E você está com toda a vontade de quebrar essa pessoa com muito prazer e só assim você vai dormir melhor!

Nessa hora essa pessoa tem que dizer para si próprio :- D’us falou para não maltratar nem um animal, e essa pessoa está “pedindo” para eu maltratar ela, a quem eu devo ouvir?

O Zohar nos conta que
Tanto esse “anjo ruim” quanto todo o lado ruim já não vão mais existir no futuro quando Hashem (D’us) tirar o lado ruim do mundo. Então vamos rezar forte para que isso aconteça o mais rápido possível!

Shabat Shalom, Hodesh Tov e Hanuká Samea’h
Rabino Gloiber
Sempre rezando por você

Vayeshev

O segredo dos sofrimentos

Nossa Parashá nos conta sobre os sofrimentos do nosso terceiro patriarca, Yaakov. Mesmo sendo Yaakov o maior dos três patriarcas, ele foi o que mais sofreu.

A Guemará nos conta que se alguém é um Tzadik completo, ou seja, estuda Torá e cumpre os Mandamentos Divinos, Hashem (D’us) dá para ele uma vida muito boa nesse mundo e um grande Paraíso no próximo mundo. A Guemará também nos conta que um Tzadik que é filho de um Tzadik, também está nessa classificação.

Pergunta o Zohar, como pode ser que Yaakov, o principal dos nossos três patriarcas, que também estava em um nível de Tzadik perfeito e também era um Tzadik, filho de Tzadik e neto de Tzadik, passou por terríveis sofrimentos durante todos os seus 130 anos de vida?

Quando Yaakov chegou ao Egito, o faraó perguntou à ele qual era a sua idade. Yaakov sabia que o faraó recebia antecipadamente todas as informações sobre aqueles que iriam se encontrar com ele. O faraó sabia que Yaakov tinha 130 anos, então porque fez à ele essa pergunta? Porque as informações não batiam, Yaakov aparentava ser muito mais velho do que realmente era.

Pela resposta de Yaakov vemos que ele entendeu certinho o que o faraó estava perguntando. Naquela época, há mais de 3.500 anos atrás, as pessoas eram muito fortes e as vezes tinham uma vida excepcionalmente longa, e esse era o caso do próprio faraó. Pela cara de Yaakov, o faraó pensou que ele era nosso primeiro patriarca, Avraham.

Yaakov justificou o espanto do faraó com a seguinte resposta:- “Os dias da minha vida foram poucos e ruins, e não alcançaram os dias de vida de meus pais”. Ou seja, Yaakov justificou o por que de sua aparência não ser compatível com a sua idade em relação a sua época.
A resposta de Yaakov para o faraó foi que os dias da sua vida, mesmo tendo sido poucos relativos à sua época, foram ruins, e por isso ele aparentava ser muito mais velho do que realmente era. Ou seja, o próprio Yaakov concordou que sofreu todos os 130 anos de sua vida.

Sendo que Hashem (D’us) é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, como pode ser que Yaakov, que de acordo com a própria Torá deveria ter vivido uma vida extremamente boa, foi a pessoa que mais sofreu?

O Zohar nos traz algumas possibilidades que justificam o fato de uma pessoa boa ter uma vida ruim.

Sofrimentos de amor

A Guemará nos conta que quando alguém está sofrendo, a primeira coisa que deve fazer é um check-up espiritual. Verificar se está fazendo alguma coisa errada que justifique esses sofrimentos e voltar para o caminho o certo. Deixar de fazer a coisa ruim e se arrepender de ter feito aquilo.

Se depois disso os sofrimentos continuarem, essa pessoa deve estudar mais Torá, porque talvez esteja fazendo alguma coisa errada sem saber, ou está em falta com o próprio estudo da Torá.

Diz a Guemará que se depois disso os sofrimentos ainda continuarem, saiba que eles são sofrimentos de amor. Sofrimentos que não são ligados a coisas erradas que fizemos, não são uma retificação para as nossas transgressões.

A corrida de obstáculos

Nossa vida é uma corrida de obstáculos. Quando entramos nesse mundo estamos entrando nessa corrida, e de acordo com a intensidade dos obstáculos, assim será a grandeza da vitória e a recompensa por termos vencido.

Diz o Zohar que por causa do grande amor que Hashem tem por cada um de nós, ele nos dá uma vida mais difícil. Ou seja, aumenta o tamanho dos obstáculos que temos que ultrapassar para que a nossa recompensa por ultrapassá-los seja muito maior.

E por isso esses sofrimentos são chamados de “sofrimentos de amor”, sendo que o único objetivo dessa categoria de sofrimentos é a de recebermos uma recompensa muito maior no próximo mundo.

As vezes o motivo desses sofrimentos de amor é para nos refinar. Quando nascemos, a primeira alma que se revela em nosso corpo é a nossa alma animal. Um óvulo só é fecundado se Hashem colocar nele essa alma animal, e assim começa a vida.

Nós próprios somos a Alma Divina, mas se a Alma Divina se revestisse diretamente no corpo, nosso corpo se desintegraria, sendo que o nível espiritual da Alma Divina e o do corpo são totalmente desproporcionais.

Para nossa Alma Divina se revestir no corpo é necessário uma alma animal que é uma alma espiritual do nível mais baixo, que é o lado espiritual desse nosso mundo material chamado de mundo da Assiá. Ela é a intermediária entre a Alma Divina que somos nós e o nosso corpo.

A Alma Divina se reveste por etapas na alma animal e por meio dela no corpo. Quando o óvulo é fecundado, a alma animal já está revestida nele, caso contrário ele não se tornaria um embrião.

Quando o menino faz treze anos ou a menina faz doze, nossa Alma Divina finalmente se reveste totalmente em nossa alma animal que por sua vez está revestida no nosso corpo, então nossa Alma Divina assume o controle deles, e assim nossa alma animal e nosso corpo se transformam em acessórios para nós que somos a Alma Divina.

Mas as vezes nossa alma animal está tão forte, que no lugar de ela se tornar nosso acessório e nossa vestimenta, nós é que nos tornamos o acessório dela. Como uma pessoa que montou em um cavalo, e no lugar de o cavalo ir para onde essa pessoa quer conduzi-lo o cavalo leva essa pessoa para o pasto. Nesse caso, o cavaleiro só está montado no cavalo, mas quem manda é o cavalo!

A consequência disso é que essa pessoa, mesmo sendo um judeu religioso que estuda Torá e cumpre os Mandamentos Divinos, o comportamento dele lembra muito mais um animal que está mais interessado no pasto do que na Torá que estuda e nos Mandamentos Divinos que cumpre.

E para ajudar essa pessoa, diz o Zohar, pelo grande amor que Hashem (D’us) tem por ele, aumenta para ele a intensidade dos obstáculos da vida.

Devido aos sofrimentos o lado animal dessa pessoa enfraquece, e consequentemente o lado espiritual dela se fortalece. Essa é uma categoria de sofrimentos de amor.

E por esse motivo, diz o Zohar, Unkelus traduziu o versículo em (Deuteronômio 7) “e paga seus inimigos, etc”. – Ele recompensa seus inimigos nesse mundo pelas coisas boas que fazem para não receberem nenhuma recompensa no mundo de cima.

Daqui vemos que quando sofremos nesse mundo somos chamados de amados de Hashem, o contrário do inimigo de Hashem que recebe uma vida boa nesse mundo Como recompensa pelas coisas boas que fez, e não tem direito ao paraíso superior.

Esses sofrimentos de amor as vezes estão ligados ao que fizemos na reencarnação anterior, e nesse caso o Tzadik filho de um Tzadik não é visto do ponto de vista biológico mas sim do ponto de vista espiritual. Sua reencarnação anterior é chamada de “pai” da sua reencarnação atual mesmo que se trata da mesma pessoa.

O raciocínio que está por trás disso é de que aquele aspecto da Alma Divina que já se retificou se separa da parte que ainda não se retificou dando origem a uma nova identidade que será sempre ligada àquela mesma ramificação. E sendo que na ressurreição dos mortos elas ressuscitam como duas pessoas diferentes elas, são chamadas espiritualmente de pai e filho.

Sendo assim, a pessoa pode ser biologicamente filho de um Tzadik e neto de um Tzadik e mesmo assim ter uma vida ruim, porque o pai que é levado em conta nesse caso é a própria pessoa em uma reencarnação anterior na qual ela tinha o lado ruim que se separou dela e está se retificando nessa segunda reencarnação na qual ele é um Tzadik, mas está sofrendo pelo que ele próprio fez na reencarnação anterior na qual ele não era um Tzadik.

A reencarnação anterior de Yaakov

Depois que Adam HaRishon, o primeiro homem, comeu a fruta do “etz hadaat”, ele acusou Hava, a primeira mulher, de tê-lo induzido a comer aquela fruta, e se separou dela por 130 anos.

O anjo da morte tem um aspecto feminino, tem uma esposa. Essa anja da morte chamada de Ly… (não falamos o nome para não atrair a coisa ruim) se materializava, e junto com outra demônia chamada de Na… tiveram relações conjugais com Adam HaRishon durante todos esses 130 anos. Elas conseguiam se materializar para ter essas relações, engravidavam de Adam mas davam a luz a demônios.

Essas relações conjugais com as demônias afetaram o nível Neshamá de Adam, o nível mais alto da Alma Divina que ainda consegue se revestir no corpo.

Yaakov era a reencarnação do nível Neshamá de Adam, e por isso todos os sofrimentos dele foram ligados à assuntos familiares, medida por medida para retificar o que fez Adam HaRishon. Por isso sofreu Yaakov, e ele sabia que veio para esse mundo fazer essa retificação.
Quando Yaakov contou para o faraó que seus anos foram 130, acrescentou que não chegaram aos anos de vida de seus pais. Como Yaakov poderia afirmar que só viveria 130 anos e não chegaria a idade de seus pais? Porque ele sabia que veio para o mundo para retificar esses 130 anos que Adam se relacionou com as demônias.

Mesmo assim Hashem deu para ele 17 anos de vida a mais. E sendo que nesses 17 anos que recebeu de bônus ele não precisava retificar nada, Hashem deu para ele as revelações do Gan Éden aqui nesse mundo.
O mesmo acontece com cada um de nós. Sofremos somente pelo que fazemos errado conscientemente, as vezes sofremos também por algo que fizemos conscientemente em uma reencarnação anterior.

As vezes já retificamos a reencarnação anterior e também a atual, entramos na etapa dos sofrimentos de amor e achamos que ainda estamos na etapa retificação e que a retificação está sendo desproporcional ao que fizemos.

Então vamos rezar forte para que já venha a Gueulá, nossa redenção final. Hashem vai tirar o espírito da impureza do mundo, o mal não vai mais existir e consequentemente ninguém mais vai sofrer, no futuro esse nosso mundo vai se tornar mais alto Paraíso do que o Alto Paraíso

🌻🌻🌻

Vaishla’h

Nossa Parashá nos conta sobre a luta entre Yaakov, nosso terceiro patriarca e o anjo responsável por Essav e pelos povos que posteriormente sairiam dele.Esses povos se originariam das “tribos” de Essav, representadas na Torá pelos seus “generais”. Essas “tribos”  posteriormente iriam migrar de Edom para a Europa por vários caminhos, dando origem aos povos europeus.Cada povo tem o anjo que merece!Da mesma forma que nosso povo tem sua representação lá em cima por meio do Anjo Mihael, que é o extremo da bondade entre os Anjos e está ligado diretamente à Sefirá chamada de Hessed que é a fonte da bondade e do amor, o anjo que representa Essav é o extremo oposto.Ele é o extremo do lado ruim e está ligado diretamente à Sefirá chamada de Guevura que é a fonte da rigidez, a fonte da dureza e da severidade. Pior ainda, essa Guevurá à qual o anjo de Essav está ligado não é a nível de mundo da Briá como o Anjo Mihael, não é a Guevura do lado puro, do lado bom, mas é a Guevura das dez sefirot do lado impuro, da “sitra ahara” que quer dizer “o outro lado”. Essas dez sefirot do lado ruim se originaram da “queda das luzes” na quebra dos receptáculos do mundo de Tohu, e não vão mais existir na segunda etapa da Gueulá, quando os mortos ressuscitarem. Sendo que elas são a fonte da vitalidade de todas as coisas ruins, no futuro, quando elas desaparecerem, as coisas ruins irão desaparecer também, incluindo os anjos ligados à elas.Nessa ocasião, o anjo de Essav conhecido como Satan que quer dizer “desviador” e conhecido também como o anjo da morte que é o extremo de baixo da Guevura do lado ruim, vai desaparecer, como consta na profecia de Zeharia ( Zacarias capítulo 13 versículo 2) que diz: “e o espírito da impureza vou tirar da terra”, incluindo o Satan que representa o extremo desse lado espiritual impuro. Junto com ele vão desaparecer os setenta anjos que representam os setenta povos do mundo, e todas suas ramificações que também são anjos do lado impuro, estão abaixo deles e são responsáveis por cada uma das ramificações daqueles povos originais. Dessa maneira vai acontecer a profecia de Zeharia (Zacarias capítulo 14 versículo 9) que diz: “E Hashem será o Rei de toda a Terra”.Entendemos das palavras do profeta que por enquanto Hashem (D’us) ainda não é o Rei de toda a Terra. O motivo para isso é porque por enquanto esses setenta anjos responsáveis pelos setenta povos servem como deuses para esses povos, sendo que eles repassam para eles a cota de vitalidade determinada lá em cima para cada um desses povos. Por esse motivo, por mais que estejamos na geração do conhecimento o mundo continua na idolatria, sendo que os povos do mundo tem uma ligação espiritual com a fonte da vitalidade que eles recebem.Mesmo assim vemos milhares de pessoas maravilhosas procurando o judaísmo, e isso é a maior prova de que essas pessoas tem uma Alma Divina que não recebe sua vitalidade desses setenta anjos chamados de “Sarim”, mas recebem sua vitalidade diretamente do lado puro, como vai ser no futuro quando o lado impuro não existir mais.A procura do judaísmo é a manifestação da nossa Alma Divina, e isso está acontecendo em todos os lugares onde nosso povo se perdeu. Agora muitas pessoas estão descobrindo a luz da Torá e voltando para ela. Voltando ao nosso assunto, Yaakov lutou contra um anjo durante toda a noite, e de manhã segurou o anjo e não deixou ele voltar para o céu até que ele reconhecesse que as bençãos que Yaakov recebeu do seu pai pertenciam a Yaakov por direito.Como pode um ser humano segurar um anjo?Os anjos estão em outra dimensão, em uma dimensão espiritual. Pergunta o Zohar:- como pode uma pessoa de “carne e sangue” (esse é o termo judaico para “carne e ossos”) segurar um anjo que é uma criatura totalmente espiritual?  Daqui aprendemos, diz o Zohar, que os anjos  enviados lá de cima, quando descem para esse mundo se revestem em um corpo material que criam para si próprios quando entram na dimensão do nosso mundo.E isso foi o que aconteceu aqui. Esse anjo que desceu para lutar com Yaakov se revestiu em um corpo material, e por isso Yaakov lutou com ele materialmente toda aquela noite, e de manhã segurou o anjo até ele reconhecer que Yaakov recebeu as bençãos por direito.Venha e veja, diz o Zohar, todos reconheceram as bençãos que recebeu Yaakov, tanto lá em cima quanto aqui em baixo. E até ele próprio, o próprio anjo de Essav chamado de Satan e anjo da morte, reconheceu o direito de Yaakov de ter recebido as bençãos de seu pai.O próprio Satan foi subjugado por Yaakov nessa ocasião e foi obrigado por ordem Divina a mudar o nome de Yaakov de “aquele que nasceu para passar a perna”, nasceu segurando o calcanhar de Essav, para aquele que lutou contra um anjo e venceu. Assim Yaakov recebeu o reconhecimento até mesmo desse anjo que era o extremo do lado ruim. O Zohar explica que essas criaturas espirituais do lado impuro só conseguem se materializar e nos prejudicar em certas ocasiões. Eles são poderosos apenas no período da noite, quando rege a Sefirá chamada de Guevura.E é por isso que Essav, representado pelos povos europeus e suas colônias, só tem poder sobre nós durante o “galut”, durante nosso exílio que é comparado a uma grande noite. Por isso o anjo de Essav lutou contra Yaakov durante toda a noite, e quando amanheceu ele enfraqueceu, perdeu sua força e não pôde mais com Yaakov. No amanhecer Yaakov se fortaleceu, sendo que a força de Yaakov é de dia. E assim a “Gueulá”, nossa redenção final, é comparada ao amanhecer de um dia lindo que nunca mais vai terminar.Quem é o “Satan”, o anjo do mal que lutou contra Yaakov?O Zohar nos trás um exemplo de um grande rei que contratou uma prostituta para testar o nível de fidelidade de seu filho querido. Ela recebeu o dinheiro para fazer esse trabalho mas entrou em um grande dilema. Por um lado, se ela não tentasse seduzir o príncipe ela não receberia o salário, por que para isso ela foi contratada. Por outro lado, se ela conseguir seduzir o príncipe, o rei vai ficar muito bravo por ela ter corrompido seu filho querido. Por final ela decide seduzir o príncipe com tanta má vontade que até o próprio príncipe vai sentir isso e perder o desejo por ela. Assim funciona toda a estrutura da “Sitra Ahara”, o “outro lado” na linguagem do Zohar, o lado ruim. Ele recebe sua bem pequena cota de vitalidade do lado puro como salário para nos testar com toda a má vontade. Continuando o exemplo do Zohar,  caso o príncipe se deixe seduzir, ela vai imediatamente prestar contas ao rei e pedir permissão para ela própria ter o grande prazer de castigar o príncipe por ele ter se relacionado com ela. E assim, no lugar de ela ser vista como uma prostituta cruel e de mau caráter que é o que ela realmente é, ela é vista como uma importante promotora judicial lutando pela justiça. Isso é o Satan que em hebraico quer dizer desviador. Ele nos desvia do bom caminho aqui em baixo, nos delata no tribunal Divino por termos nos deixado seduzir e recebe lá a autorização para nos castigar por termos feito algo que ele próprio nos induziu a fazer, ou seja, o extremo da crueldade. Mesmo sendo o Satan a essência do mal, para esse mal existir ele depende de uma mínima cota de vitalidade do lado bom, e esse é o “salario da prostituta” no exemplo do Zohar. E sendo que o bom rei nesse exemplo não quer nem olhar para essa criatura extremamente cruel, quando ela vem receber esse salário ele joga para ela pelas costas para não precisar vê-la. Esse conceito cabalístico é chamado de “behinat ahoraim”. A “sitra ahara”, o outro lado, não só que recebe uma vitalidade extremamente pequena, mas também de forma indireta.Na mitologia antiga existia o deus do céu e o deus do inferno. Zeus e Hades na mitologia grega, que se tornaram Júpiter e Plutão na mitologia romana, e posteriormente deus e o diabo no cristianismo que tem como conceitos básicos os princípios da mitologia romana oferecidos ao público em uma “nova embalagem”.Sendo assim, no cristianismo o Satan tem poderes divinos, e tanto ele quanto o seu reino que é o inferno existem eternamente. Ou seja, no cristianismo o Satan é uma divindade. Ele é o Hades dos gregos, o Plutão dos romanos e o Satan dos cristãos. O mesmo personagem que só vai trocando de nome conforme eles vão reformando a religião. Esse é o conceito básico da idolatria em relação ao Satan, ele é simplesmente um dos deuses dela com vida e território próprios.O Zohar nos trás mais um exemplo para nos mostrar o que são as “forças do mal”, novamente o exemplo de um rei. Nesse exemplo, um rei bom e sábio precisa de um carrasco para executar os assassinos que precisam ser condenados a morte. O rei jamais mataria alguém, por ser um rei bom e piedoso, então ele contrata uma pessoa extremamente cruel que tem prazer em matar, e coloca essa pessoa na função de carrasco. Também nesse exemplo o rei não é capaz de olhar para essa pessoa tão ruim e cruel, e quando esse carrasco vem receber seu salário, o rei joga o dinheiro pelas costas para não ter que olhar para esse criminoso. E esse é o conceito cabalístico que o Zohar chama de “behinat ahoraim” traduzido como “o aspecto de trás”.Ou seja, tanto o Satan quanto qualquer coisa do lado ruim, existe somente devido a uma pequena cota de vitalidade que recebem do lado puro e mesmo assim pelas costas. O trabalho Divino que fazemos nesse mundo é comparado a uma corrida de obstáculos, e o Satan e toda a “sitra ahara”, todo o lado espiritual negativo que faz existir tudo de ruim nesse mundo, são os obstáculos.No futuro, quando não houver mais necessidade de esse lado impuro existir, essa cota de vitalidade do lado puro não será mais repassada para as dez Sefirót do lado impuro. Consequentemente essas dez sefirot do lado impuro desaparecerão e tudo que é ruim no mundo vai desaparecer junto com elas.Então vamos rezar forte para a Gueulá, nossa redenção final, chegar rápido, e toda a escuridão desaparece automaticamente com a chegada do amanhecer.

Shabat Shalom 🥰Rabino Gloiber 

Vayetze  🌻🌻🌻

וַיֵּצֵ֥א יַעֲקֹ֖ב מִבְּאֵ֣ר שָׁ֑בַע וַיֵּ֖לֶךְ חָרָֽנָה׃
Nossa Parashá nos conta que nosso terceiro patriarca, Yaakov, saiu de Beer Sheva e foi para Haran.
No meio do caminho, a Parashá nos conta que ele “se encontrou com o lugar”, sem especificar qual era o lugar, e depois dormiu lá porque o Sol se pôs.
Vemos que depois disso ele continuou sua viagem até Haran, e concluímos que o “lugar” não era o lugar para o qual ele estava viajando, mas que era um lugar tão importante que todos o conheciam como “o lugar”, sem precisar especificar o nome dele.
Sendo que Yaakov estava no meio do caminho entre a Terra Santa e Haran, e não havia lá nenhum lugar de destaque nesse caminho, por que nesse caso a Parashá usa somente a palavra “o lugar” como se estivesse nos contando sobre o lugar mais importante do mundo?
A linguagem do versículo é “se encontrou com o lugar” nos indicando que um foi ao encontro do outro, como pode um lugar ir ao encontro de alguém?
E também, por que a Parashá tem que nos contar que “o Sol se pôs” e por isso ele dormiu lá, sendo que aparentemente isso é uma coisa óbvia?
Fugindo de Essav para Lavan
Os dois motivos pelos quais Yaakov teve que sair de Beer Sheva e ir para Haran foram o fato de Rifka ter ouvido que Essav estava esperando seu pai falecer para assassinar Yaakov, e também para se casar com a filha de Lavan que não era menos perigoso do que Essav. Por esses motivos Yaakov estava atordoado, e por isso, mesmo tendo passado próximo ao Monte Moriá que era o lugar mais sagrado do mundo, ele não parou lá para rezar.
Nossos Sábios nos contam que quando ele chegou no final da Terra Santa, a caminho de Haran, Yaakov se questionou e disse:- Como pode ser que eu passei pelo lugar sagrado e não parei para rezar lá? Yaakov decidiu viajar de volta para o Monte Moriá, para rezar, e depois voltar para continuar sua viagem à Haran.
O “despertar de baixo” causa o “despertar de cima”
Diz o Zohar que quando “despertamos” para fazer uma coisa boa aqui em baixo, causamos o “despertar de cima”. Ou seja, quando você toma a iniciativa para fazer uma coisa boa aqui nesse mundo, você desperta a ajuda Divina que é sempre imensamente maior do que a iniciativa que tínhamos tomado.
E foi isso o que aconteceu com Yaakov. No momento em que ele tomou a iniciativa de viajar de volta para o Monte Moriá, o Sol se pôs milagrosamente. Por isso o versículo diz que o Sol se pôs, sendo que nesse caso não seria uma coisa óbvia porque não era o horário de o Sol se pôr.
E não só isso, mas também Hashem (D’us) fez mais um milagre sobrenatural e sincronizou toda a Terra de Israel embaixo dele, na linguagem Dos nossos Sábios “dobrou embaixo dele toda a Terra de Israel”.
Por isso Hashem disse para ele no sonho profético que ele teve naquele lugar : – “A Terra que você está deitado sobre ela, para você eu vou dar, e para todos os seus descendentes”. Ou seja, a Terra que ele estava deitado sobre ela era toda a Terra de Israel.
Nosso primeiro patriarca, Avraham, tinha instituído a reza de Shaharit, a reza da manhã. Seu filho, Itzhak, instituiu a reza de Min’há, a reza da tarde. E agora seu neto, Yaakov, institui a reza da noite, a reza de Arvit. Ele queria ir ao Monte Moriá, mas Hashem fez com que o Monte Moriá viesse até ele!
Yaakov adormeceu e teve um sonho profético. Nesse sonho ele viu uma escada apoiada na terra e essa escada chegava até o céu. Ele também viu que os anjos subiam e desciam por ela.
Quando o profeta Yeshaiahu (Isaías) descreve a profecia da “Merkavá”, da “Carruagem Divina” do mundo de Briá, e o profeta Yehezkel (Ezequiel) descreve a Profecia da Merkavá do mundo de Yetzirá, eles descrevem os anjos como sendo criaturas com asas e absolutamente sem necessidade de terem escadas para subir e descer.
Quando os anjos são citados em qualquer escritura Judaica eles também aparecem e desaparecem “voando”, sem nenhuma necessidade de terem escadas para subir e descer de qualquer lugar.
Então uma coisa aqui é óbvia, a escada que Yaakov viu no seu sonho profético não era uma escada de verdade, mas a palavra escada na Parashá veio somente para nos mostrar o raciocínio que está por trás desse assunto, e nesse caso, como em vários outros assuntos na Torá, somos obrigados a desmaterializar o conceito.
Como por exemplo no caso da criação do ser humano. Quando a Torá nos conta que Hashem (D’us) fez um homem de terra e “soprou” nele uma Alma, isso vai diretamente contra o segundo dos Dez Mandamentos onde está explícito que nenhum conceito material se aplica à D’us.
Nesse caso, diz o Zohar, a palavra soprou aparece somente para nos mostrar o raciocínio que está por trás desse assunto e facilitar o nosso entendimento.
Quem sopra, diz o Zohar, sopra o que tem dentro, e a palavra soprou aparece no lugar da palavra colocou para nos mostrar que a nossa Alma Divina é uma parte de D’us. Ou seja, a primeira raiz dela é a Sefirá chamada de Ho’hmá do mundo de Atzilut.
Quando a Torá nos conta que D’us “cheirou” o cheiro agradável dos sacrifícios de Noa’h, e jurou que nunca mais iria trazer um dilúvio para a humanidade, aqui também a intenção não é a de que D’us “cheirou”, sendo que nenhum conceito material se aplica à Ele.
Então por que a Torá usa a palavra “cheirou” se referindo à D’us, se ele está infinitamente acima de qualquer conceito material? Novamente para facilitar o nosso entendimento, a Torá nos traz o raciocínio que está por trás desse assunto.
Ou seja, quando Noa’h transformou o animal que é a coisa mais grosseira do mundo, em Trabalho Divino, essa atitude chegou até o nível espiritual mais elevado.
Soprou é o contrário de cheirou. Quando a Torá nos conta que D’us soprou a Alma, ela está dizendo que a nossa Alma Divina desceu do nível espiritual mais elevado ao mundo mais baixo.
Quando a Torá nos conta que D’us cheirou o cheiro agradável dos korbanot (sacrifícios), ela está dizendo que o korban, o sacrifício que Noa’h fez, subiu do mundo mais baixo para o nível espiritual mais elevado.
Em resumo, D’us não soprou e D’us não cheirou, mas a Torá usa essas palavras para facilitar o nosso raciocínio.
Aqui na nossa Parashá, quando a Torá nos conta sobre uma escada, a intenção da Torá também é a de facilitar o nosso raciocínio. Ou seja, os anjos não precisam de escada nem para subir e nem para descer. Então por que a Torá usa a palavra escada? Para facilitar o nosso entendimento.
Diz o Zohar que nesse caso a Parashá está falando sobre a Sefirá chamada de Mal’hut. Ela é comparada a uma escada que liga o nosso mundo ao mundo superior.
Quando nos comportamos da maneira correta, estudamos Torá e cumprimos os Mandamentos Divinos, a Mal’hut sobe e se une a Sefirá chamada de Yessod que está acima dela.
A Yessod recebe a fartura e a abundância das Sefirót que estão acima dela e repassa para a Mal’hut. A Mal’hut transforma essa fartura do mundo de cima em assuntos materiais e a repassa para nós.
Mas quando nosso comportamento decai, quando não encontramos mais tempo para estudar Torá e perdemos o interesse em cumprir os Mandamentos Divinos, enfraquecemos a Mal’hut lá em cima, e ela cai ao nível dos setenta anjos responsáveis pelos setenta povos.
Esses anjos pertencem ao lado impuro, e eles tem uma cota de vitalidade pré-determinada para repassar aos povos pelos quais eles são responsáveis.
Esses anjos estão na função de intermediários entre a fartura repassada pela Mal’hut e o povo que cada um deles representa. Cada um deles serve como um “deus” para aquele povo que é representado por ele.
E da mesma maneira que os setenta povos originais e seus setenta idiomas se ramificaram em centenas de povos e idiomas, esses setenta anjos também tem suas ramificações representadas por anjos inferiores e subjugados a eles.
Quando a Mal’hut baixa de nível devido ao nosso comportamento e chega ao nível deles, eles acessam à ela e conseguem sugar a abundância Divina que estava guardada para nós e repassá-la para os povos aos quais eles são responsáveis.
E esses, diz o Zohar, foram os anjos que Yaakov viu “subindo” por aquela escada. Primeiro subindo, sendo que o nível deles é baixo e eles só conseguiram subir devido a “queda” do Mal’hut.
Yaakov também viu que quando fazemos Teshuvá, voltamos para o bom caminho, encontramos tempo para estudar Torá e voltamos a cumprir os Mandamentos Divinos, a Mal’hut sobe novamente.
Então esses anjos que são chamados de “Sarim”, ministros, por que eles governam os povos do mundo, são obrigados a descer para não se desintegrarem com a subida do Mal’hut para o nível espiritual mais elevado, e por isso Yaakov viu que os anjos que no começo estavam subindo naquela “escada”, depois estavam descendo.
Ele viu o ciclo dos “Sarim” e entendeu que Hashem revelou tudo isso para ele por que agora que ele estava saindo da casa dos seus pais para dar origem ao nosso povo, Hashem mostrou para ele a responsabilidade que estava nas mãos dele e que posteriormente estaria nas nossas mãos.
As setenta faces da Torá
Encontramos outras explicações para essa passagem da Torá, uma explicação não anula a outra mas somente acrescenta mais detalhes à ela.
Rashi explica que nessa sincronização da Mal’hut também subiram os anjos que acompanhavam Yaakov da Terra Santa e desceram anjos de outra categoria para acompanhá-lo fora da Terra Santa.
Diz o Shla que nessa mesma ocasião subiram de volta para o céu os Anjos Refael e Gavriel, anjos do primeiro escalão, que levaram uma “suspensão” do tribunal Divino e ficaram na Terra desde a época do nosso primeiro patriarca Avraham até a “escada de Yaakov”
Quando nosso patriarca Avraham fez o “Brit Milá”, a circuncisão, com 99 anos, os anjos Mihael, Refael e Gavriel vieram visitá-lo. Saindo da tenda de Avraham, Mihael voltou para o céu, Gavriel foi destruir Sodoma e Gomorra, e Refael foi com ele para salvar Lot e sua família.
Chegando em Sodoma, Gavriel e Refael disseram aos seus habitantes que eles vieram destruir a cidade. Eles achavam que assim estavam fazendo a vontade Divina. Ou seja, como pode ser que D’us que é a essência do bem mandou eles fazerem uma destruição dessas?
Mas na verdade eles estavam fazendo contra a vontade Divina, sendo que se eles dissessem que foi D’us quem mandou eles para destruírem a cidade, talvez aquelas pessoas tivessem feito Teshuvá, voltado para o bom caminho, como aconteceu posteriormente em Nínive na época do profeta Yona.
Por terem feito contra a vontade Divina, esses Anjos receberam uma suspensão, foram obrigados a ficar nesse mundo e só puderam voltar para o céu naquela revelação da Mal’hut que foi a “escada de Yaakov”.
Estamos falando sobre anjos do lado puro, anjos do lado bom. Não se trata do anjo da morte e suas ramificações ou outras categorias diferentes de anjos do lado impuro que não vai mais existir depois da Gueulá como os “setenta Sarim”, os anjos responsáveis pelos setenta povos.
Esses Anjos do “primeiro escalão” são anjos do lado bom. Eles são os Anjos do mais alto nível, Anjos do mundo de Briá onde o bem e o mal não se misturam, e portanto eles não tem o livre arbítrio.
Eles não tem nenhuma inclinação para fazer o mal. Eles não precisam optar entre fazer o bem fazer ou o mal sendo que eles não tem o lado mal e nem a má inclinação conhecida como “yetzer hará”.
Então como podem eles terem feito algo contra a vontade Divina?
Diz o Rebe, eles fizeram contra a vontade Divina achando que estavam fazendo a vontade Divina, fizeram um erro de avaliação.
Como pode ser que esses Anjos chamados de Serafim que são os Anjos principais fazem um erro de avaliação?
Por que tudo o que D’us criou não é perfeito ?
Sobre o término dos seis dias da criação a Torá nos conta que “D’us abençoou o sétimo dia e o santificou por que nele cessou todo o trabalho que D’us criou para fazer”.
Se D’us terminou todo o trabalho da criação, por que aparece no final do versículo a palavra “para fazer”? Diz o Midrash que a intenção de “para fazer” é para fazer um conserto, Para consertar.
O Midrash nos conta que tudo o que Hashem (D’us) criou não é perfeito, até mesmo os Anjos do primeiro escalão podem fazer contra a vontade Divina por meio de um erro de avaliação causado pela imperfeição de tudo o que foi criado por D’us .
E esse é o nosso trabalho aqui nesse mundo, isso Hashem deixou para nós.
Vivemos nesse mundo para nos refinar. Para trabalhar continuamente o nosso intelecto e os nossos sentimentos, e pouco a pouco chegar à essa perfeição que D’us deixou intencionalmente para nós, para que tenhamos o mérito de termos participado da criação do mundo junto com Hashem, o mérito de termos feito a parte final da criação, a parte principal!
Shabat Shalom 🥰Rabino Gloiber 

Toldot Nossa Parashá nos conta que quando nosso segundo patriarca Itzhak tinha quarenta anos ele se casou com Rifka, filha de Betuel de Padan Aram irmã de Lavan.Pergunta o Zohar, por que a Parashá nos conta que Rifka era filha de Betuel, e que ela era da cidade de Padan Aram, e também que era irmã de Lavan? A Torá já tinha nos contado que quando Itzhak tinha 37 anos, depois que ele passou pelo teste de Avraham quase ter feito dele um sacrifício, Betuel teve a filha Rifka. Então por que a nossa Parashá repete que ela era filha de Betuel e ainda acrescenta o nome da cidade onde ela nasceu e também o nome do irmão dela?Responde o Zohar que a Torá nos conta esses detalhes para nos mostrar a grandeza de Rifka que, mesmo sendo filha de uma pessoa ruim, morando em uma cidade de pessoas ruins e sendo irmã de uma pessoa ruim, mesmo assim ela não se deixou influenciar pelo seu meio ambiente. Ela é comparada à uma rosa no meio dos espinhos, que mesmo tendo nascido e vivido no meio dos espinhos não se tornou um espinho, mas muito pelo contrário, cresceu uma flor, o contrário dos espinhos.Mas porque a Torá precisa nos atestar a grandeza dela? Porque naquela época ela tinha três anos de idade e poderíamos pensar que ela não era madura o suficiente para optar em ser uma pessoa boa mesmo não tendo aprendido isso com ninguém. Por isso a própria Torá tem que nos testemunhar que a escolha dela era verdadeira.Quando Eliezer, o servo de Avraham, chegou ao poço de Aram com dez camelos,  já era no final da tarde quando os pastores já tinham deixado o poço e recolhido seus rebanhos. Naquele horário chegavam as jovens que vinham encher seus jarros de água para abastecer suas casas. Eliezer pediu para Rifka um pouco de água e ela tirou daquele poço água para Eliezer e também para todos seus dez camelos.Tanto pelo horário que essas jovens chegavam ao poço, quanto pela quantidade de água que ela carregavam, entendemos que elas eram grandes e fortes, e sendo que esse poço abastecia a cidade inteira incluindo seus rebanhos entendemos que esse poço era gigantesco.Rifka tinha somente três anos. Daqui vemos que não temos como aplicar  conceitos de hoje à pessoas de 3.700 anos atrás. Não só que as pessoas cresciam rapidamente, mas também os animais. Mas mesmo sendo uma menina de três anos de idade com um corpo tamanho 18, mesmo assim a maturidade não se desenvolvia tão rapidamente como o tamanho das pessoas. Por isso a Torá tem que testemunhar sobre Rifka que ela era exceção de regra, e sua opção em fazer o bem e de não fazer o mal era totalmente madura e consciente.

Adoçando a Guevurá

O Zohar nos conta que nosso patriarca Itzhak era a revelação da Sefirá chamada de Guevurá do mundo de Atzilut nesse nosso mundo material. A Guevurá é a essência da rigidez, e essa era a essência de Itzhak. Mas mesmo sendo essa Guevurá do lado puro, ela não deixa de ser guevurá.Rifka, diz o Zohar, também era guevurá, mas ela já era uma guevurá bem mais leve. Na linguagem do Zohar, uma guevurá com um fio de, hessed, um fio de bondade.O Zohar nos conta que por causa disso Rifka conseguiu “adocicar” a guevurá de Itzhak, conseguiu fazer com que a guevurá dele ficasse bem mais leve. O Zohar explica que Hashem (D’us) tem que fazer um milagre nível abertura do mar vermelho para que uma mulher e um homem se casem. E sendo que o objetivo Divino do casamento é que os dois se refinem, sempre vai haver essa diferença entre o marido e a mulher. No caso de Avraham, ele era a revelação da Sefirá chamada de Hessed (bondade) de Atzilut nesse nosso mundo material. Sarah estava ligada a Sefirá chamada de Guevurá (rigidez). Nosso terceiro patriarca, Yaakov era a Tiferet que é mais Hessed do que Hessed, e Leah era Guevurá.E esse é o trabalho que Hashem coloca nas nossas mãos. Marido e mulher vão lapidando um ao outro durante toda a vida, mas com jeitinho para não causar atrito. E assim, diz o Zohar, refinamos à nós próprios e consequentemente o mundo fica mais refinado.

Por que Itzhak queria dar a Brahá para Essav?

O Zohar nos conta que Itzhak era a Guevura do lado puro e Essav era  Guevura do lado impuro, Essav era o resquício da Guevura de Itzhak. Diz o Zohar que cada pessoa se atrai por alguém que tem as mesmas características, independentemente da procedência dessas características. Por isso Avraham gostava tanto de Ishmael que também era hessed, mesmo sendo Ishmael a hessed do lado impuro.Da mesma forma que existem dez Sefirot no lado puro, paralelamente a elas existem as dez Sefirót do lado impuro. A origem desse lado impuro é a quebra dos receptáculos do mundo de Tohu, e por isso os quatro mundos que vem abaixo do mundo de Tohu são chamados de Olam HaTikun, os mundos do conserto. Esse conserto é o refinamento do lado bom separando dele o lado ruim. É por isso que de Avraham que era a Hessed do lado bom, saiu Ishmael que era a Hessed do lado ruim. De Itzhak que era a Guevura do lado bom saiu Essav que era a guevura do lado ruim.Sendo que as dez Sefirót do lado ruim que repassam a vitalidade de tudo o que é ruim tem origem na quebra dos receptáculos do mundo de Tohu, elas desaparecerão no futuro quando finalizarmos o conserto do mundo do Tohu. Então tudo o que é ruim desaparecerá junto com elas, sendo que o lado impuro não vai ter de onde receber sua vitalidade. A época do Mashia’h é dividida em duas etapas. Na segunda etapa acontece a profecia de Zeharia capítulo 13 versículo 2 que diz: “e o espírito da impureza vou tirar da terra”.

Anjos do lado puro e anjos do lado impuro

Antes de Hashem nos criar, ele criou os Anjos. Sendo que os quatro  mundos espirituais e nosso mundo material foram criados a partir da destruição do mundo do Tohu que deu origem ao mal, o conserto dos mundos aconteceria quando o primeiro homem, que era o objetivo da criação, se recusasse a fazer o mal.Para que isso pudesse acontecer, Hashem criou o anjo do mal para seduzir Adam e Havá e eles terem a oportunidade de recusar fazer o mal, e por meio dessa ação os mundos estariam consertados. O anjo da morte que é o extremo do lado impuro da Guevura, “baixou” na cobra que é a mais traiçoeira das criaturas, e a cobra começou a falar. Sendo que cada um tem afinidade com alguém que tem as mesmas características independentemente da procedência dessas características, a cobra foi conversar com a mulher, sendo que a origem do aspecto feminino da alma é a Sefirá chamada de Biná que também é Sefirá do lado esquerdo como a Guevura. A Biná está acima da Guevura e sincronizada com ela. Havá convenceu Adam a fazer aquela primeira transgressão. Adam, Havá, e consequentemente o mundo inteiro, caíram na klipat noga que é o nível de impureza onde o bem e o mal estão misturados. Quando Adam e Havá caíram, o anjo da morte ficou mais forte. Ele roubou as bençãos de Adam e Havá por meio de trapaça, e o único jeito de tirar essas bençãos dele e nos trazer elas de volta seria por meio de trapaça também.Espiritualmente falando, a humanidade se divide em setenta povos, cada um falando uma língua diferente. Todos os povos do mundo de hoje com todos os seus idiomas, são ramificações desses setenta povos originais e de seus setenta idiomas. Cada povo tem um anjo responsável por ele que repassa a “cota” de vitalidade que esse povo vai receber lá de cima, e isso se transforma nos bens materiais desse povo aqui em baixo. Quanto maior e mais importante se torna um povo aqui em baixo, mais importante se torna o anjo responsável por esse povo lá em cima. Por isso, quando um desses setenta anjos reivindica para o seu povo aqui em baixo uma parte maior de terra e de bens, ele começa uma “briga” entre os anjos adversários a ele lá em cima, e consequentemente acontece uma guerra entre os povos que eles representam aqui em baixo. No livro do profeta Daniel vemos várias indicações citando indiretamente os anjos responsáveis pela Pérsia e pela Grécia, e o Anjo Mihael que nessa divisão de povos lá em cima representa o nosso povo. O Anjo Mihael é um dos Serafim que são os Anjos do mundo de Briá, Anjos do lado puro. Os setenta anjos dos setenta povos são anjos do lado impuro, e o extremo de baixo desses povos é o povo de Essav que mais futuramente se divide em tribos, dando origem aos romanos e aos outros povos europeus.Sendo que os Bnei Essav, os filhos de Essav, são o extremo de baixo de todos os povos, o anjo responsável por eles é o anjo do extremo de baixo, o S.M. (não falamos o nome para não atrair a coisa ruim) que é o anjo da morte, aquele que por meio de trapaça roubou as bençãos de Adam e Havá e as reivindicou para os Bnei Essav que são os povos da sua responsabilidade.Na nossa Parashá, Essav diz ao seu pai: -Será que por isso Yaakov “foi chamado” de Yaakov? (uma linguagem de “Ekev” que quer dizer calcanhar) já “me passou a perna” duas vezes. Pegou minha primogenitura e agora pegou a minha Brahá (benção).O Zohar nos conta que realmente Yaakov nasceu para fazer isso. Nossos três patriarcas eram a reencarnação dos três níveis da Alma de Adam HaRishon, do primeiro homem. Avraham era a reencarnação do nível Nefesh de Adam HaRishon, Itzhak era a reencarnação do nível Rua’h e Yaakov do nível Neshamá, o nível mais elevado. A cobra disse para Havá que Adam HaRishon se tornaria um deus depois de comer aquela fruta, e também disse que por isso Hashem (D’us) pediu para ele não comer aquela fruta, sendo que ninguém gosta de concorrência. Ao comer a fruta da Etz Hadaat com aquela intenção, Adam HaRishon cometeu a transgressão de idolatria que afetou o nível mais baixo da sua Alma, o nível Nefesh. Avraham era a reencarnação do nível Nefesh do Adam HaRishon, por meio de Avraham ter deixado as idolatrias e ensinado à todos o que é D’us, ele retificou o nível Nefesh da Alma do Adam HaRishon que tinha sido afetado pela idolatria que Adam fez por causa do conselho da cobra.Hashem tinha avisado Adam HaRishon que se ele comesse aquela fruta, ele iria trazer a morte para o mundo. Adam causou com que ele próprio e o mundo inteiro morressem por causa dessa transgressão, e isso afetou o nível Rua’h da Alma dele. Itzhak era a reencarnação do nível Rua’h de Adam HaRishon e o retificou por meio de ter se controlado no teste da “Aquedá”, quando Avraham quase fez dele um sacrifício e ele não reagiu.Sendo que os dois níveis da Alma de Adam HaRishon que tinham sido danificados pelos “conselhos” da cobra já tinham sido retificados e Yaakov já era a retificação do nível Neshamá de Adam HaRishon, o nível mais elevado da Alma que se reveste nesse mundo, (existem mais dois níveis, mas eles não se revestem nesse mundo) chegou a hora de pegar as bençãos de volta. Mas sendo que elas tinham sido roubadas por meio de trapaça, elas só poderiam ser recuperadas dessa mesma forma. Para isso Yaakov nasceu, como disse Essav, para passar a perna nele. Mas será que essa era a intenção daquele Tzadik, daquela pessoa tão elevada que era Yaakov?Nossa Parashá nos conta que Yaakov era um homem ingênuo. Rashi explica que a palavra “tam”, usada pela nossa Parashá para definir a personalidade de Yaakov, significa alguém que não sabe enganar. Então como Yaakov conseguiu recuperar as bençãos de Adam HaRishon por meio de trapaça se ele não sabia e também não era capaz de fazer isso?A Parashá nos conta que no dia do falecimento do nosso primeiro patriarca, Avraham, Yaakov estava cozinhando lentilhas para seu pai que estava enlutado. Aquele costume de o enlutado comer lentilhas era pelo fato de as lentilhas serem redondas, representando assim o ciclo da vida.Essav chegou do campo “cansado”. Dizem nossos Sábios que naquele dia Essav tinha cometido adultério, assassinato e idolatria, e esse era o motivo do cansaço. Hashem (D’us) tinha prometido para Avraham que ele iria falecer com tranquilidade, e por isso ele faleceu cinco anos antes do tempo que estava determinado para ele, para não ver que Essav tinha cometido essas atrocidades e ficar atordoado por causa disso até o final da vida. Ou seja, o que Essav tinha cometido aquele dia não tinha como esconder de ninguém, a ponto de Avraham ter que falecer antes da hora para não ficar sabendo disso, e nessa situação Essav pede para Yaakov dar aquela comida “vermelha” para ele que acabou de derramar sangue. A tradição judaica desde Avraham Até o caso do bezerro de ouro, era de o primogênito ser o responsável por todos os assuntos religiosos da família. Qualquer pessoa, por mais ingênua que fosse, estava vendo que Essav não tinha condições de ser o “Rabino” da família. No momento em que Essav pediu para Yaakov a comida que estava sendo feita para seu pai, Yaakov entendeu que está recebendo lá de cima uma oportunidade única de se tornar o responsável pelos assuntos religiosos da família no lugar desse criminoso, e assim Yaakov comprou a primogenitura de Essav. Ou seja, Yaakov não teve a mínima intenção em enganar Essav, a única intenção de Yaakov era a de não deixar aquele criminoso se tornar o líder religioso da sua geração como foram Avraham e Itzhak antes dele.Vendo a Divina providência que trouxe Essav morrendo de fome até ele,  Yaakov viu que chegou a hora de assumir essa responsabilidade e se tornar o líder religioso da sua geração no lugar desse criminoso. Yaakov não sabia que nesse momento e por meio dele, as bençãos roubadas pela cobra por meio de trapaça começaram a ser recuperadas. Muito pelo contrário, Yaakov sentiu que estava exercendo o mínimo de responsabilidade em relação aos assuntos religiosos da família e nunca imaginou que Hashem estava fazendo com que esse resgate espiritual de extrema importância estivesse acontecendo em tempo real por meio dele.

A Brahá

A Parashá nos conta que quando Itzhak sentiu que sua vida já havia entrado na última etapa, pediu para Essav preparar comida para ele, e que nessa ocasião ele repassaria para Essav as bençãos Divinas. A partir daquele momento Essav se tornaria literalmente o “dono do mundo”, se tornaria nosso terceiro patriarca.Rifka entrou em pânico pelas consequências que isso acarretaria ao mundo inteiro. Imediatamente, mas de maneira sigilosa, ela pediu para Yaakov fazer o abate de dois bodes, preparar a comida que seu pai tinha pedido para Essav, e amarrar nos seus braços a pele recém extraída dos bodes para seu pai pensar que ele é Essav.Novamente Yaakov estava sendo induzido a fazer uma coisa contra seus  princípios. Novamente a “cobra” seria enganada por aquele que tinha nascido ingênuo e não sabia enganar. Novamente Hashem (D’us) iria fazer isso acontecer por meio dele.Hashem (D’us) tinha revelado ao nosso primeiro patriarca, Avraham, toda a Torá antes de ela ter sido entregue para nós no Monte Sinai, incluindo obviamente as leis de abate “kasher”. Yaakov obedeceu sua mãe, fez o abate dos dois bodinhos, extraiu a pele deles, e Rifka amarrou essas peles de bode nos braços e no pescoço de Yaakov.Quando Yaakov trouxe a comida para seu pai, Itzhak, que já não estava enxergando, entendeu pela delicadeza das palavras do seu filho que era Yaakov quem estava na sua frente, e não Essav. Itzhak pediu para Yaakov se aproximar e apalpou seus braços para verificar se ele era Essav de verdade. Depois Itzhak cheirou as roupas de Yaakov e disse:- O cheiro do meu filho está como o cheiro do campo que Hashem abençoou, se referindo ao mundo superior.Yaakov estava vestindo peles de bode recém extraídas, e o cheiro dessas peles com certeza está longe de ser chamado de “cheiro do paraíso”. Então, como pôde Itzhak dizer que o cheiro do seu filho está como o cheiro do campo que Hashem abençoou, como o cheiro do Paraíso?Diz o Zohar que absolutamente não se tratava do cheiro das roupas de Yaakov, sendo que o próprio versículo diz: “o cheiro do meu filho”, mas essa afirmação aparece após o versículo dizer que ele cheirou as roupas de Yaakov.Está escrito que quando Hashem (D’us) criou o homem, fez uma criatura de terra e “soprou” nas suas narinas uma Alma de vida. O Zohar nos conta que D’us não soprou, como vemos no segundo dos Dez Mandamentos que D’us está acima de todos os conceitos materiais. Então por que a Torá usa a palavra soprou? Para nos mostrar que nossa Alma Divina é uma parte de D’us, como diz o Zohar, quem sopra, sopra o que tem no seu interior. Nesse caso a palavra “soprou” vem nos indicar que a fonte da nossa Alma Divina é o mundo de Atzilut, por que acima de Atzilut já somos o “brilho do Sol dentro do próprio Sol”, já não somos uma “parte” de Hashem. Acima de Atzilut já não temos nossa própria identidade.Depois do dilúvio, quando Noa’h fez os sacrifícios, está escrito que “D’us cheirou o cheiro agradável…”. Novamente vamos para o Segundo  Mandamento e vemos que nenhum conceito material se aplica à D’us. Ou seja, D’us não cheirou! Novamente a Torá está nos indicando o raciocínio do assunto.O animal é o extremo da grosseria deste mundo. Quando Noa’h transformou o animal em “trabalho Divino”, esse ato chegou ao mais alto nível espiritual. Ou seja, “soprou”, como vimos no caso da Alma Divina, representa o mais alto nível descendo e se revestindo nesse mundo, e “cheirou” que é o contrário de “soprou” representa o mais baixo nível subindo até o mais alto nível.Itzhak “cheirou” as “roupas” de Yaakov e falou sobre o “cheiro” do seu filho e não sobre o cheiro das suas roupas. Diz o Zohar que, sendo que Itzhak não tinha dados para determinar quem estava na sua frente porque estava quase cego e “a voz era a voz de Yaakov e os braços eram os braços de Essav”, Itzhak teve que “cheirar”.Diz o Zohar que nesse caso, “cheirar” é olhar a partir do mundo de cima. O versículo diz que Itzhak cheirou as roupas e sentiu o cheiro do filho. Explica o Zohar que cada ação no mundo de baixo causa uma sincronização no mundo de cima. Quando fazemos algo, nossa Alma Divina recebe uma vestimenta. Se o que fizemos é uma boa ação, nossa Alma recebe uma vestimenta no paraíso, e por meio dessa vestimenta vamos usufruir de todos os prazeres do mundo superior.Ou seja, nós somos a nossa Alma. Para usufruirmos desse mundo material precisamos de um corpo material que é a nossa vestimenta nesse mundo. Para usufruirmos dos prazeres do paraíso superior precisamos de um corpo espiritual que é a nossa vestimenta naquele mundo.

Cada ação causa uma sincronização

Quando fazemos algo que é considerado uma boa ação pela Torá, recebemos uma vestimenta para a nossa Alma no Paraíso. Quando fazemos algo ruim, recebemos uma vestimenta para a nossa Alma no gehinom que é o “inferno” judaico que já não vai mais existir no mundo da ressurreição.Sendo que Itzhak não tinha como verificar nesse mundo material quem era a pessoa que estava na sua frente, ele “cheirou as suas roupas” (de Yaakov).Ou seja, ele viu que as vestimentas da Alma de Yaakov estavam no nível do campo que Hashem (D’us) abençoou, no nível do Paraíso espiritual. Consequentemente a pessoa que estava na sua frente era digno de receber as Brahot, as bençãos Divinas. E assim, sem saber, Itzhak repassou todas as bençãos roubadas pela cobra para o seu verdadeiro dono, para quem merecia recebê-las.Depois que Yaakov saiu Essav chegou. Está escrito que Itzhak ficou apavorado. Novamente, sendo que Itzhak achava que Essav já esteve lá antes e já tinha recebido as bençãos, Itzhak teve que olhar para as vestimentas espirituais da pessoa que estava na sua frente para ver quem ele era, e nesse momento, diz o Zohar, Itzhak viu o gehinom aberto em baixo de Essav, e por isso entrou em pânico.Yaakov não usou as bençãos que recebeu e as guardou para a época do “parto” da nossa redenção final. Yaakov entendeu que sem essas Brahot não teríamos como sobreviver a saída do último exílio que são os nossos exílios atuais, os exílios de Edom e Ishmael. O Zohar nos conta sobre o que diz o profeta Yeshaiahu (Isaías capítulo 11 versículo 3) que  Mashia’h vai fazer os julgamentos pelo “cheiro” e não por meio de testemunhas.Agora entendemos como isso funciona. Sendo que um dos trabalhos do Mashia’h é o de trazer de volta as dez tribos perdidas que hoje de acordo com o que se ouve ou o que se vê não teríamos como determinar quem é quem, o único jeito para isso é fazer como fez Itzhak e ver essa pessoa a partir do mundo de cima.Então vamos rezar forte para que a Gueulá, nossa redenção final, aconteça imediatamente e o nosso mundo se torne realmente um mundo melhor 🌻

Hayei Sarah
– A vida de Sarah
Nossa Parashá nos conta que nossa primeira matriarca, Sarah, viveu 127 anos. Na Parashá, as palavras “cento e vinte sete” aparecem escritas de maneira não usual, nos indicando que por trás disso existe um lado oculto.
A Parashá começa com as palavras:
E foi a vida de Sarah:וַיִּהְיוּ֙ חַיֵּ֣י שָׂרָ֔ה
cem “ano” (no singularמֵאָ֥ה שָׁנָ֛ה (
e vinte “ano” (no singular) וְעֶשְׂרִ֥ים שָׁנָ֖ה
e sete “anos”וְשֶׁ֣בַע שָׁנִ֑ים
(foram) os anos da vida de Sarah שְׁנֵ֖י חַיֵּ֥י שָׂרָֽה
O Zohar nos conta em relação à esse versículo que no Gan Éden HaTahton, no baixo Paraíso que fica no mundo da Yetzirá, existe um lugar chamado “Yeshivá Shel Mala”, a Yeshivá do mundo de cima.
Ou seja, da mesma forma que no nosso mundo material existe a Yeshivá que é o lugar onde a Torá é estudada, o mesmo acontece no Gan Éden. Mas claro que de forma muito diferente, sem os limites desse mundo material, como ter que ler um livro ou ouvir um áudio para aprender a Torá.
E da mesma forma que no nosso mundo material toda Yeshivá tem um Rosh Yeshivá que é o Rabino chefe da Yeshivá, a Yeshivá do Gan Éden tem o “Reish Metivta” que é o Rabino chefe da Yeshivá do mundo superior.
Rabi Shimon bar Yohai que escreveu o Zohar teve uma “subida de Alma” para o baixo Paraíso e conversou com o Reish Metivta do Gan Éden sobre esse versículo da nossa Parashá, e sobre isso diz o Zohar:
Feliz é aquele que se diminui nesse mundo. Quão grande e elevado é ele no mundo de cima!
E assim abriu suas palavras o Reish Metivta do Gan Éden:- Quem é pequeno, ele é o grande, quem é grande, ele é o pequeno.
Quem é grande ele é o pequeno, como está escrito sobre a vida de Sarah, após o número “cem” que é uma contagem grande aparece a palavra “ano” que representa a menor contagem de anos, ou seja, um ano.
A Torá diminuiu a importância do número grande no versículo que fala sobre a vida, nos mostrando a regra de que quem se considera grande nesse mundo é diminuído.
Quem é pequeno ele é o grande. O número sete que é uma contagem pequena foi engrandecido e chamado de “anos” que representa uma grande contagem, mostrando a regra de que quem se diminui é engrandecido.
Venha e veja, que D’us não engrandece a não ser a quem diminui a si próprio, e D’us não rebaixa a não ser a quem engrandece a si próprio.
Feliz é aquele que se diminui nesse mundo, porque ele será muito grande e elevado no mundo de cima.
🌻🌻🌻
O Zohar nos conta que os dias da nossa vida são uma criação sincronizada com os níveis superiores que são as Sefirot conhecidas como “as sete de baixo”, que são:
Hessed
Guevura
Tiferet
Netz’ah
Hod
Yessod
Mal’hut
Cada uma dessas Sefirót tem em segundo plano todas as dez Sefirót Incluindo ela própria, por isso diz o rei David no Tehilim (capítulo 90 versículo 10) “os dias da nossa vida são setenta anos”.
Depois de receber nossa vitalidade de cada um desses níveis, não teríamos mais de onde receber nossa vitalidade, e por isso o versículo continua dizendo que o melhor desses dias passa com trabalho e sofrimento e depois disso tudo desaparece rapidamente como se não tivesse existido, se referindo à época que chega depois dos setenta anos de vida.
Ou seja, depois dos setenta anos não recebemos mais nossa vitalidade do lado puro sendo que já completamos todos os níveis das sete Sefirót, então passamos a receber nossa vitalidade do lado espiritual chamado de “superficial” que é o lado impuro.
Por isso a continuação do versículo fala sobre as “guevurot”, as durezas, ou seja, o lado impuro que é o lado “perecível”. E por isso, nessa etapa de “guevurot” nossos anos desaparecem “voando” como se nunca tivessem existido, e vamos aos poucos perdendo a vontade de usufruir dos prazeres desse mundo. Pouco a pouco vamos decaindo.
Mas o Zohar nos revela que essa regra se aplica somente às pessoas normais. Mas os dias dos Tzadikim, das pessoas espiritualmente mais elevadas, continuam recebendo a vitalidade do lado puro, porque eles acessam à Sefirá chamada de Biná, eles acessam às três primeiras Sefirót, e lá já não há limite para a vida sendo que elas estão conectadas ao “ein sof”, ao “sem fim”.
Por isso, diz o Zohar, a Torá usa a linguagem “e foram os dias de Sarah” nos mostrando que todos os dias de vida dela receberam a vitalidade da mesma fonte, do lado puro.
Sobre Avraham, diz o Zohar, é usada a linguagem “e esses são os dias e anos da vida de Avraham”, também indicando que ele continuou recebendo a vitalidade do lado puro até o final da sua vida. Em relação à Ishmael, a Torá usa a mesma linguagem que usou para Avraham, nos indicando que Ishmael fez Teshuvá, voltou para o bom caminho.
Então vamos sempre estudar Torá e cumprir os Mandamentos Divinos, só temos a ganhar!
🌻🌻🌻
Nós somos a nossa Alma. Nosso corpo é como uma roupa que despimos toda noite quando dormimos e nos vestimos nela novamente quando acordamos de manhã.
Venha e veja, diz o Zohar , (essa é a linguagem usual do Zohar, a Guemará sempre usa a linguagem “Venha e ouça”, mas o Zohar usa sempre a linguagem “Venha e veja”), toda noite, na hora em que estamos dormindo, nossa Alma sobe para o mundo de cima e lá somos julgados pelo tribunal Divino. Se tivermos o mérito de continuar vivendo, retornamos à este mundo. Esse fenômeno espiritual é comparado a uma ressurreição.
E esse julgamento acontece simultaneamente de duas maneiras diferentes,. Não somos julgados pelas coisas ruins que vamos fazer no futuro, mas somente pelas coisas ruins que já fizemos e não nos arrependemos de tê-las feito. Ou seja, as coisas ruins que ainda constam no nosso currículo.
Sobre essa categoria de julgamento está escrito em Bereshit 21 sobre Ishmael “D’us ouviu a voz do jovem ali onde ele está”. Ou seja, Ishmael não foi julgado naquele momento pelas atrocidades que iria fazer no futuro, mas somente pelo que tinha feito até aquela hora, e por isso continuou vivo.
Mas em relação às coisas boas, somos julgados de um jeito totalmente diferente. Fora as coisas boas que já fizemos, somos julgados também pelas coisas boas que iremos fazer futuramente.
Sendo assim, mesmo que até aquele momento não fizemos nada de bom, somos julgados favoravelmente por causa das coisas boas que vamos fazer mais futuramente e por isso acordamos novamente mesmo que naquele momento ainda não temos o mérito para que isso aconteça.
Porque Hashem (D’us) é a essência do bem e o interesse Divino é sempre o de fazer o bem com todas as suas criaturas. E por isso ele nunca julga o ser humano de acordo com o mal que ele vai fazer futuramente.
E por isso, quando uma pessoa chega ao limite de quanto mal ela pode fazer nesse mundo, aquela pessoa não continua vivendo para não aumentar a intensidade do sofrimento que ela vai ter que passar para retificar o mal que ela fez, e isso também nos mostra a bondade Divina.
Por isso às vezes acontecesse de uma pessoa falecer antes dos setenta anos. Mas não necessariamente o motivo é esse. Pode ser também pelo motivo de ela ter terminado o trabalho Divino que veio fazer nesse mundo, como vimos no caso do profeta Shmuel que faleceu aos cinquenta anos.
Às vezes alguém vem para esse mundo para passar por uma retificação, e sendo que uma hora no Gan Éden HaTahton que é o baixo paraíso equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, se a pessoa já terminou essa retificação, o combinado lá em cima com aquela Alma antes de ela descer é de que ela não vai sofrer mais do que o que foi decretado para ela, e a vida nesse mundo é um sofrimento em relação à vida no mundo de cima, e por isso ele deixa esse mundo mais rapidamente.
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A Mearat Hama’hpela 
Nosso primeiro patriarca Avraham estava passando muito mal quando recebeu a visita dos três Anjos no terceiro dia depois de ter feito o Brit Milá.
O Zohar nos conta que Anjo Refael que era um desses três Anjos fez um milagre e Avraham ficou totalmente curado. Avraham queria fazer o abate de três bezerros para preparar para esses três hóspedes a maior iguaria da época, que era língua de boi com mostarda, para cada um, mas um desses bezerros fugiu para bem longe.
A saúde de Avraham ficou tão forte por causa do milagre da cura que o Anjo Refael fez para ele, que mesmo tendo noventa e nove anos de idade, ele saiu correndo atrás do bezerro até chegar a uma caverna em Hevron.
Avraham viu uma grande luz na caverna e descobriu que lá era o túmulo de Adam e Havá (Adão e Eva). Aquela caverna pertencia a uma pessoa que se chamava Efron. O Zohar nos conta que Efron passava todo dia ao lado dessa caverna e nunca viu o que Avraham tinha visto.
Diz o Zohar, venha e veja: Se Efron estivesse vendo naquela caverna o que viu Avraham, nunca teria vendido a caverna para ele. E por qual motivo ele não viu? Porque uma coisa não é revelada a não ser para seus verdadeiros donos.
E por isso, para Avraham foi revelado o que estava lá e não para Efron. Para Avraham foi revelado por que à ele ela pertencia. Para Efron ela não era revelada porque ele não tinha uma parte nela, e por isso não foi revelado para ele nada, e ele não viu lá a não ser escuridão, e por isso ele vendeu a caverna para Avraham.
Mesmo assim Avraham esperou 37 anos até ter um motivo para comprar essa caverna. Por que se Avraham fizesse a proposta de compra para Efron sem precisar da caverna para nada, Efron poderia desconfiar que existe lá algo valioso e não vender a caverna para Avraham.
Mas quando Avraham publicou que estava procurando qualquer túmulo para enterrar Sarah, e citou a caverna como algo sem utilidade que serviria somente para aquilo, Efron concordou em vendê-la, e ainda assim por uma exorbitância.
Daqui aprendemos que mesmo que algo valioso está guardado lá de cima para nós e por isso somente nós conseguimos identificar o verdadeiro valor disso, mesmo assim temos que agir com sabedoria.
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Vayerá
Nossa Parashá nos conta que nosso primeiro patriarca, três dias depois de ter feito o Brit Milá, a circuncisão, estava muito fraco.
Hashem (D’us) fez aquele dia ficar um dia muito quente para que ninguém viesse para a tenda de Avraham e ele pudesse descansar um pouquinho.
Mas no lugar de ficar deitado descansando, ele se esforçou e sentou na porta da tenda olhando para todos os lados preocupado pelo fato de ninguém estar na região para que ele pudesse convidar para a sua tenda e fazer para essas pessoas uma bondade material, dando comida e bebida para elas, e também uma bondade espiritual, ensinando elas a agradecer à Hashem pelo que receberam.
Para consolar Avraham, Hashem enviou para ele três hóspedes. O Zohar nos conta que esse três hóspedes apareceram em forma de três árabes, mas eram na verdade eles eram os Anjos Mihael, Gravriel e Refael, que entrando na dimensão do nosso mundo criaram para si próprios corpos de pessoas desse mundo.Os Anjos são criaturas espirituais que estão continuamente ligados à Hashem (D’us). O lugar onde eles se encontram são nos mundos de Briá, Yetzirá e na dimensão espiritual do mundo de Assiá.
Existem Anjos e Anjas, tanto do lado puro quanto do lado impuro, mas as interações reveladas que aconteceram entre nós e os Anjos do lado puro geralmente foram com Anjos e não Anjas.Por outro lado o Zohar nos conta que Adam HaRishon, o primeiro homem, teve relações conjugais durante 130 anos com uma anja chamada de “Li” (não podemos falar o nome inteiro dela para não atrair a coisa ruim) que é a “esposa” do anjo da morte, e também com  uma anja chamada “Na” (também nesse caso não podemos falar o nome inteiro dela para não atrair a coisa ruim). O Zohar nos conta que “Na” é a “mãe” dos demônios.O que é um Anjo?
A tradução da palavra anjo significa mensageiro, porque o trabalho deles inclui também trazer a fartura e abundância Divina para os mundos, e também realizar diferentes missões.
Em contraste com as criaturas Divinas do mundo de Atzilut e nos mundos acima do mundo de Atzilut, que estão tão unidos com Hashem, a ponto de não poderem ser chamados de mundos, como no exemplo do brilho do Sol antes de se separar do Sol e chegar à terra, que mesmo existindo ele não tem como ser chamado de brilho.
Em contraste à isso, nos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá já existe uma separação entre Hashem e a criação. Nesses mundos as criaturas já tem identidade própria, mesmo estando totalmente submissas à Hashem. São nesses mundos que existem os Anjos, e não acima deles.
Os anjos foram criados a partir da queda das “luzes” da “quebra dos receptáculos”, fenômeno espiritual que aconteceu no mundo chamado de “Olam HaTohu” .
Essas “luzes caídas” receberam uma característica de “partes separadas”, e mesmo estando a “raiz” delas ainda ligada ao mundo do “Tohu”, por causa da descida que tiveram, as criaturas originárias delas sentem sua própria existência, mesmo que submissas à Hashem devido a grandeza da revelação Divina que acontece nesses mundos .
Os Anjos são divididos em categorias chamadas de “acampamentos”. Os profetas Yeshaiahu (Isaías) e Yehezkel (Ezequiel) tiveram uma profecia metafórica onde eles descrevem a “Carruagem Divina”.
O profeta Yeshaiahu chegou ao nível de “mundo da Briá”, e a “Carruagem Divina” que ele descreve é a origem dos Anjos do mundo de Briá que são criados lá a partir das “luzes caídas” do mundo do Tohu.
A “face do leão” da “carruagem” é a origem os Anjos ligados à Sefirá chamada de Hessed. Eles tem como raiz a quebra do receptáculo da Sefirá chamada de Hessed do mundo de Tohu, e sendo que eles são originários da Hessed o trabalho Divino deles é sempre na categoria de amor.
A “face do boi” da “carruagem” é a origem os Anjos ligados à Sefirá chamada de Guevura. Eles tem como raiz a quebra do receptáculo da Sefirá chamada de Guevura do mundo de Tohu, e sendo que eles são originários da Guevura, o trabalho Divino deles é sempre na categoria de temor, ou seja, reverência.
O Rambam enumera dez categorias de anjos, mas a Hassidut explica que elas são ramificações de três categorias principais que são:
Serafim
Os Serafim que quer dizer “Anjos incandescentes”, são os Anjos do mundo de Briá.
A palavra Serafim é o plural da palavra Saraf que quer dizer “incandescente”.
Os Serafim são os Anjos do mundo da Briá. O trabalho Divino dos Serafim consiste na compreensão intelectual de D’us que por meio dela eles chegam ao nível de entusiasmo “incandescente” no trabalho Divino, e por isso são chamados de Serafim, Anjos “incandescentes”.
Os Serafim são uma criação por si só e de estrutura completa de dez Sefirot, tendo como primeira raiz o “Kav” que é o começo do “Seder HaHishtalshelut, “a ordem de desencadeamento” que dá origem aos mundos espirituais.
Os Anjos Mihael, Refael e Gavriel que vieram “visitar” nosso patriarca Avraham eram Serafim.
Hayot HaKodesh
Anjos chamados de Hayot HaKodesh, “animais sagrados”, são os Anjos do mundo de Yetzirá.
O trabalho Divino dos Hayot HaKodesh acontece por meio do entusiasmo que eles tem por própria natureza, e não o pelo entendimento intelectual, e por isso são chamados de Hayot “animais”, sendo que o animal age por instinto e não por compreensão.
Ofanim
Ofanim é o plural de Ofan, que quer dizer roda e também eixo. Esse é o nome dos anjos que estão no lado espiritual do nosso mundo, o mundo da Assiá. O trabalho Divino deles consiste apenas em reconhecimento, contemplação e submissão à distância, e por isso são chamados de “Ofanim” que são as rodas e os eixos da “carruagem Divina”.
Sendo que eles são os anjos do mundo de Assiá, eles fazem o último “repasse” da abundância do mundo superior para o mundo material. Cada etapa desse “repasse” consiste na transformação dessa abundância da dimensão na qual ela é recebida para a dimensão para a qual ela é repassada. Por isso esses anjos dizem “Bendita é a glória de D’us desde o seu lugar”, que significa a continuação da abundância Divina para o mundo de baixo que os é o nosso mundo, o lado material do mundo de Assiá.
Shabat Shalom
Rabino Gloiber

Le’h Lehá

  1. A Guemará nos conta que três participantes são necessários para existirmos. Nossa mãe, que participa com a parte dela (o óvulo), nosso pai, que participa com a parte dele, e Hashem (D’us) que participa colocando nesse óvulo fecundado uma Alma.Ou seja, se Hashem não coloca nele a Alma, o óvulo não se torna um embrião e é descartado automaticamente. Em outras palavras, Hashem também é o nosso pai biológico e consequentemente responsável por nós como os pais são responsáveis em suprir todas as necessidades dos seus filhos.E ainda mais, sendo que a participação de Hashem é mais importante do que a dos nossos pais, ele é mais responsável por nós do que nossos próprios pais. E essa responsabilidade não termina quando fazemos dezoito anos e nos casamos, porque para Hashem sempre seremos suas amadas crianças pequenas durante todos os nossos 120 anos de vida nesse mundo.Em outras palavras, nós somos essa Alma que Hashem colocou, e nosso corpo é a nossa vestimenta, a roupa da nossa Alma.Por isso, quando alguém perde o pai, ou a mãe, ou a irmã, ou o irmão, ou a filha, ou o filho, ou quando a esposa perde o marido ou o marido perde a esposa, D’us nos livre de tudo isso, nesses sete casos de falecimento, o costume judaico é rasgarmos a roupa.O motivo oculto para isso é o de mostrar que a pessoa querida está deixando uma roupa que é o corpo material e daqui a pouco ela vai vestir outra roupa. Ela vai ganhar um corpo espiritual no mundo superior para poder usufruir daquele mundo por meio daquele corpo espiritual.O Zohar nos conta que quando a Alma sai do corpo, depois que a pessoa falece, ela vai para a “Mearat Hama’hpela”, o túmulo dos nossos patriarcas, por que lá é o ponto de acesso ao Paraíso.Lá ela se encontra com o Adam HaRishon, o primeiro homem, e se encontra também com os patriarcas do nosso povo.Se ela tem o mérito, eles ficam muito alegres com a chegada dela, abrem o portão que liga o mundo material ao mundo espiritual, e ela tem acesso ao Paraíso.Chegando ao “Gan Éden”, traduzido como o “jardim dos prazeres”, o Paraíso, ela recebe uma “roupa nova”. Um corpo espiritual na aparência do corpo material que ela tinha nesse mundo, para poder, por meio dele, usufruir de todos os prazeres daquele mundo espiritual.Quando falamos sobre a aparência que tínhamos nesse mundo, levamos em conta que nossa aparência muda de um extremo ao outro durante nossos longos anos de vida. É claro que esse corpo espiritual que vamos receber lá, mesmo tendo a aparência do corpo material que tínhamos aqui nesse mundo, não vai ter a aparência dos sinais de idade ou outros problemas de estética que tivemos durante a nossa longa vida nesse mundo material.O panorama do Gan Éden HaTahton, o Baixo Paraíso, que fica no mundo da Yetzirá, é composto de imagens desse mundo e imagens do mundo de cima, sendo que ele é o intermediário entre o mundo de cima, mundo da Briá, e o nosso mundo. Uma hora no Gan Éden HaTahton, no baixo paraíso, equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo.No meio do Gan Éden HaTahton existe uma grande “coluna bordada de todas as cores”, ou seja, sincronizada com todas as sincronizações entre o baixo Paraíso e o Alto Paraíso.Quando chega o Shabat e também quando chega o Rosh Hodesh, o começo do mês, todos sobem por meio dela do Gan Éden HaTahton, do baixo Paraíso, para o Gan Éden HaElion, para o Alto Paraíso. Uma hora no Gan Éden HaElion, no alto Paraíso, equivale a setenta anos dos maiores prazeres do baixo Paraíso.Mas para subir para o alto Paraíso primeiro a Alma tem que deixar o corpo espiritual que ela recebeu no baixo Paraíso na entrada dessa “coluna”, e lá no Alto Paraíso ela recebe um corpo espiritual compatível para usufruir do Alto Paraíso. Depois do Shabat e do Rosh Hodesh ela deixa o corpo espiritual do Alto Paraíso, desce por essa “coluna” para o baixo Paraíso e se reveste novamente no corpo espiritual dela compatível para o baixo Paraíso.Rabi Israel Baal Shem Tov, fundador da Hassidut que é a linha do judaísmo feita para tornar o lado oculto da Torá acessível à cada um de nós, escreveu uma carta para o seu cunhado Rabi Avraham Guershon Kitover, contando sobre a sua viajem ao Gan Éden. Trouxe aqui para vocês uma parte dessa carta:Escreveu o Baal Shem Tov: Em Rosh Hashaná no ano de 5507 (1746) acessei (somente Alma) aos mundos superiores, e vi lá coisas maravilhosas que nunca havia visto antes.E o que eu vi e aprendi lá é impossível de te compartilhar mesmo pessoalmente de tão maravilhoso.Quando voltei para o Gan Éden HaTahton (baixo Paraíso) vi muitas e muitas Almas de pessoas que conhecia, e também de pessoas que não conhecia. Todos estavam subindo e descendo de mundo para mundo por meio da “coluna” conhecida pelos estudiosos da Torá oculta.E estavam com tanta alegria, uma alegria tão grande que não conseguiria descrever em palavras, e até se conseguisse você não conseguiria imaginar de tão grande que era.E também encontrei lá pessoas que nesse mundo fizeram muitas coisas erradas, mas no final se arrependeram e foram desculpados, porque aquele momento era um momento muito especial que até eu fiquei muito impressionado.Porque muitos e muitos foram desculpados e aceitos lá no Paraíso, muitos que você conheceu e nunca imaginaria que eles estariam aqui.E eles também estavam em uma alegria tão intensa, tão grande, que não conseguiria descrever, e subiam também todas aquelas subidas.E todos juntos, como se fossem uma só pessoa, me pediram e insistiram muito muito dizendo::- Alto dos altos, maior de todos os eruditos da Torá, Hashem te abençoou com um entendimento profundo para compreender todos esses assuntos. Suba com a gente para ser a nossa ajuda e o nosso apoio (sendo que existem inúmeros níveis de inúmeros aspectos nessas subidas).E por causa da alegria tão grande que vi entre eles decidi subir junto com eles.Lá eu descobri por meio de uma visão, que o anjo da morte estava atuando no tribunal Divino por meio de delações para conseguir trazer ao mundo decretos contra as comunidades judaicas, e muitas pessoas morreriam de formas trágicas.Fiquei muito espantado e arrisquei a vida de verdade para impedir com que isso acontecesse.Pedi ao meu Rebe e mestre, o profeta Ahiya HaShiloni, ir comigo. Porque é um grande perigo para uma pessoa viva subir mais e mais nos mundos superiores.Porque desde que cheguei ao nível de conseguir subir aos mundos espirituais nunca subi à alturas tão grandes como essas.E subi de nível em nível, até chegar ao salão do Mashia’h, onde ele estuda Torá com todos os Tanaim que são os Sábios da Mishná, e com todos os Tzadikim que são as pessoas altamente elevadas.Lá eu vi uma alegria extremamente grande, e não sabia qual era o motivo de toda essa alegria. Achei que eles estavam tão alegres porque provavelmente eu iria deixar o mundo físico e me unir a eles.Mas me avisaram depois que eu ainda não iria falecer porque eles tem um grande prazer lá em cima dos Y’hudim que eu faço lá em baixo no mundo material com a Torá que eles nos ensinaram. Mas a essência daquela grande alegria eu não sei até hoje.E perguntei para o Mashia’h :- Quando o Sr. vem para o mundo? E ele me respondeu :-Vou te dar um sinal: Quando o seu estudo (a Hassidut) for publicado e revelado pelo mundo, e se espalharem suas fontes para fora.Daqui vemos a importância de estudar a Hassidut que começou a ser revelada pelo Baal Shem Tov e continuou a ser revelada de geração em geração pelos seus sucessores, o Maguid de Mezritch, o Baal Hatanya, e todos os Rebes de Lubavitch que vieram após eles.

Noa’h 
E Hashem (D’us) abençoou Noa’h e seus filhos
O Zohar nos conta sobre o que escreveu o rei Salomão, que “a benção Divina ela é que traz as riquezas e não precisamos acrescentar sofrimentos e esforço para receber essas riquezas, porque é o suficiente a benção Divina, e dela somente vem as riquezas.A “Shehiná”, traduzido como “a presença Divina”, é a Sefirá chamada de Mal’hut. Ela é comparada pelo Zohar a uma grande represa que recebe águas de muitos lugares e repassa essas águas para as nós de acordo com as nossas necessidades, sem nos causar uma inundação. A palavra “represa”,  em hebraico  brehá בְּרֵכָה ,  vem da mesma raiz que a palavra benção em hebraico, brahá בְּרָכָה  nos mostrando que a Mal’hut é uma represa em relação às Sefirot que a antecedem, e isso se transforma para nós na benção Divina que nos traz todas as riquezas.O conjunto de Sefirot (plural de Sefirá) chamado de Zeir Anpin é composto pelas Sefirot: Hessed, Guevura, Tiferet, Netza’h Hod e Yessod. Esse conjunto de Sefirot que também é chamado de “Kudsha Brih’hu”, repassa para a Mal’hut, que também é chamada de “She’hinta”, todas as coisas boas lá de cima. Esse repasse acontece quando o Zeir Anpin e a Mal’hut se unem.O Zeir Anpin é comparado ao noivo, a Mal’hut comparada a noiva, e a união dessas Sefirot lá em cima é comparada ao casamento.
Yhud (a união) de Kudsha Brih’hu e She’hinta
A união do Zeir Anpin e Mal’hut lá em cima só acontece no mérito do nosso estudo da Torá e do nosso cumprimento das Mitzvot (dos Mandamentos Divinos). Quando estudamos Torá e cumprimos os Mandamentos Divinos, estamos fazendo o vestido e as joias da noiva. Espiritualmente falando, preparando a noiva para o casamento.Quando essa união acontece, a Mal’hut recebe a fartura do Zeir Anpin por meio da Yessod e a repassa para nós, e essa é a benção Divina que nos trás as riquezas.Podemos comparar a Mal’hut a uma mãe  amamentando seu nenê. Depois que ela comeu tudo o que precisava, deu tudo aquilo para o nenê, mas no nível dele. Naquele leitinho que ele está mamando estão  todas as variedades de comida que ela comeu, e ela consegue fazer com que tudo isso chegue até o nenê, mas no nível dele. Se ela desse para o nenê diretamente os alimentos que ela recebeu, ele não conseguiria comer e morreria de fome na frente de todos aqueles alimentos. E essa é a característica da mãe, o pai não conseguiria fazer isso, essa é a característica da Mal’hut e não do Zeir Anpin.Essa formação de Sefirot chamado de Zeir Anpin representa o lado espiritual masculino, o pai que traz a comida para casa. A Mal’hut nas Sefirot representa o lado espiritual feminino, a mãe que, depois de ter comido, amamenta o nenê repassando para o nível dele a comida que ela recebeu do marido.Ou seja, não temos como receber a fartura lá de cima a não ser dessa forma. Depois que essa fartura chega ao Mal’hut, a Mal’hut nos repassa tudo isso em forma de bens materiais. Somente assim conseguimos usufruir aqui nesse mundo o que recebemos do mundo de cima. E essa é a benção Divina que nos traz as riquezas.Mas se a mãe não se alimenta, ela não tem como amamentar. Por isso, quando não estudamos Torá e não cumprimos os Mandamentos Divinos, causamos a separação entre o Zeir Anpin e a Mal’hut. A Mal’hut não recebe do Zeir Anpin e não tem como nos repassar o que ela não recebeu.
A “sitra ahara”, o outro lado”. 
A pequena cota de bençãos que recebe o lado de trásNossa Parashá nos conta sobre a geração que fez a Torre de Babel. Aparentemente o comportamento deles foi muito estranho. Eles queriam fazer uma torre que chegasse até os céus, mas no lugar de procurar um lugar alto como ponto de partida viajaram até o lugar mais baixo do oriente médio para fazer essa torre.  Eles poderiam colocar pedras sobre pedras mas optaram por fazer tijolos, um trabalho mais difícil e menos eficaz.Diz o Zohar que da mesma forma que existem dez Sefirot no lado puro existem dez Sefirot no lado impuro também. Mas no lado puro elas são dez e não nove, dez e não onze, na linguagem do Sefer Yetzirá, e no lado impuro elas são onze. Por que?A origem do mal está na quebra dos receptáculos do mundo do Tohu. Toda a descida de nível é chamada de mal. Mas  tudo o que é ruim só existe porque uma pequena Luz Divina está envolvendo a “coisa ruim” fazendo ela existir sem se revestir nela, e por isso as dez Sefirot do lado ruim são dez e mais uma pequena Luz Divina que faz com que elas existam. Por isso elas nunca são dez mas sempre onze.No lado puro a revelação Divina se reveste nas Sefirót, por isso elas são somente dez. Por que o lado espiritual das coisas ruins, as dez Sefirot do lado impuro, é chamado de sitra ahara, o outro lado? Será que lá em cima existem dois lados? Como nas idolatrias, o deus do bem lutando contra o deus do mal? Absolutamente não! Hashem (D’us) é a essência do bem. Hashem está em todo lugar e não existe nada que tenha vida própria, mas cada criatura material ou espiritual nos seus mínimos detalhes está recebendo sua vitalidade somente de Hashem, e se Hashem não repassar a vitalidade para o lado ruim ele desaparece. E isso vai acontecer no futuro, quando todo o lado impuro deixar de existir. Então o que é a “sitra ahara”, o que é o outro lado ?
O lado da frente e o lado de trás
O Zohar nos traz como exemplo um rei bom e piedoso que precisa de um carrasco ruim e cruel para executar o assassino que foi condenado a morte. O rei bom e piedoso precisa manter o carrasco temporariamente até que não hajam mais assassinos, mas o bom rei não é capaz de olhar para o carrasco que é uma pessoa ruim e cruel. Então, quando o carrasco vem receber o seu salário, o rei joga o dinheiro do carrasco pelas costas, sem olhar para ele, e isso o Zohar chama de “behinat ahoraim” , “aspecto de trás”. E por isso o Zohar chama as coisas ruins de “o outro lado” , o lado de trás. Enquanto existe a necessidade de esse outro lado, desse lado de trás, existir, ele recebe uma cota de vitalidade “pessoas costas”. Mas se nós nos comportamos errado, esse lado de trás suga o que deveria ser repassado para nós. Ou seja, se nós caímos eles levantam, se nós nos levantamos eles caem.Se a Mal’hut se eleva e se une ao Zeir Anpin no mérito do nosso estudo de Torá e cumprimento das Mitzvot, nós recebemos tudo de bom. Mas se o Mal’hut desce de nível por causa das nossas transgressões, eles tem acesso ao Mal’hut quando ela está nesse nível baixo, e sugam o que deveria chegar para nós.E isso é o que aquelas pessoas que construíram a torre de Babel queriam. Um acesso à fartura de cima sem precisar fazer nada de bom que justifique recebê-la. Eles queriam interceptar essa fartura por meio dos anjos responsáveis por fazer esse repasse. Eles procuraram intermediários.Por isso eles não queriam nenhuma ajuda Divina como uma montanha ou uma pedra, mas fizeram a torre em um lugar baixo e fizeram tijolos de barro “feitos por eles”,  não quiseram usar as pedras “feitas por D’us”.Eles falavam a Língua Santa, o hebraico da criação do mundo, e conseguiram invocar dessa forma os anjos responsáveis pelo repasse dessa abundância que desce do Mal’hut para o nosso mundo. Por causa que eles estavam unidos, o tribunal Divino não pôde decretar nada contra eles.Hashem foi obrigado a fazer um milagre, o anjo Gavriel se revelou e eles começaram milagrosamente a falar setenta línguas que são as raízes de todos os idiomas do mundo, e assim eles não conseguiram mais invocar os anjos por meio dos seus nomes.Mas no futuro Hashem vai reverter isso para que todos os povos falem uma língua clara, que é a Língua Santa, o hebraico original, e toda a Terra vai se preencher com o conhecimento Divino como a água preenche o mar. Como no mar um lugar é mais superficial e o outro é mais profundo, mas todos os lugares estão preenchidos pelas águas, dessa mesma forma no futuro. Alguns vão ter um conhecimento Divino mais superficiais e outros mais profundos, mas todos vão conhecer Hashem.

 

BereshitA Torá nos conta que “No princípio D’us criou o céu e a Terra, e a Terra estava vazia e desolada”.A linguagem do versículo aparentemente está contradizendo a si própria, sendo que o versículo atesta que D’us criou o céu e a Terra, e a  palavra criação já está nos indicando o contrário de vazia e desolada. Então por que a Torá nos conta que a Terra estava vazia e desolada se ela tinha acabado de ter sido criada e não estava nem vazia e nem desolada?Olam HaTohu – O mundo vazio e desoladoMuitos versículos da Torá estão nos indicando coisas ocultas, e esse é um deles. O Zohar nos conta que a palavra “estava” está se referindo à antes da criação. Ou seja, antes de ter sido criada, a Terra estava vazia e desolada, mas depois que foi criada ela já não estava mais vazia e desolada, muito pelo contrário.Mas como pode uma coisa ter existido antes de ter sido criada? Diz o Zohar que Hashem (D’us) criou nosso mundo material usando como “ matéria prima” a quebra dos receptáculos do “mundo do Tohu”, o mundo vazio e desolado.A criação do mundo do Tohu antecedeu a criação do nosso mundo. O Zohar nos conta que  para que Hashem  criar o nosso mundo, a revelação Divina aconteceu  por meio de dez “Sefirot”. Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e essas dez Sefirot são a expressão Divina em dez categorias diferentes. A primeira expressão da revelação Divina por meio das dez Sefirot acontece em um nível elevadíssimo chamado de Adam Kadmon, ou simplesmente AK.A palavra Adam se aplica à revelação Divina por meio das dez Sefirót, mas no nível do mundo de AK as dez Sefirót São uma coisa só.O nível abaixo de AK é chamado de Olam HaAkudim. Nesse nível de revelação Divina as dez Sefirót já se revelam separadamente, mas lá, essas dez “Luzes” compartilham um único receptáculo.O nível abaixo do Olam HaAkudim é chamado de Olam HaNekudim.Lá cada uma das Sefirót, cada uma dessas “luzes” tão diferentes uma da outra, tem o seu próprio receptáculo, mas são comparadas a pontos por não terem nenhuma sincronização entre si, não se unirem em nenhum aspecto.E naquele nível de mundo chamado de Olam HaNekudim,  aconteceu o fenômeno cabalístico chamado de “a quebra dos receptáculos”. Sendo que as luzes eram intensas e os receptáculos não conseguiram contê-las, eles  se quebraram. Isso aconteceu em sete Sefirót a partir da Sefirá chamada de “Hessed”. Por causa da quebra dos receptáculos, o mundo dos Nekudim se tornou o mundo do “Tohu”, o mundo vazio e desolado.As luzes e os receptáculos do Tohu caíram quatro níveis, e aí começa uma nova categoria de mundos, chamados de Olam HaTikun, o mundo do conserto.Começando pelo mundo de Atzilut onde as dez Sefirót estão cada uma no seu próprio receptáculo mas a sincronização entre elas é perfeita e em todos os aspectos. No mundo de Atzilut o mal já existe, sendo que ele surge com a quebra dos receptáculos, mas lá ele não é reconhecível.Depois de um Tzimtzum, uma grande ocultação, Hashem criou o mundo da Briá, o “alto paraíso”. Lá o bem prevalece, o mal é proporcionalmente muito menor do que o bem, e também lá o bem e o mal não se misturam.Depois de um novo Tzimtzum, uma nova grande ocultação, Hashem criou o mundo da Yetzirá, nosso baixo paraíso. Lá o bem e o mal estão na mesma proporção, mas também não se misturam.Depois de mais um grande Tzimtzum, Hashem criou o nosso mundo da Assiá a partir da quebra dos receptáculos do mundo do Tohu. Sendo que a quebra dos receptáculos de Tohu aconteceu nas sete Sefirot de baixo começando pela Hessed, a criação do nosso mundo no primeiro dia acontece por meio da revelação da Hessed, e cada um dos dias da criação acontece por meio da revelação de uma das Sefirot do conjunto de Sefirot chamado de Zeir Anpin que são:Hessed – bondade, generosidade, expansividade. A característica da criação do primeiro dia é a expansão que são as características da água e da luz, principais criações do primeiro dia. Guevurá- justiça, disciplina, restrição. A característica do segundo dia da criação são os limites que expressam a revelação da Guevurá.Tiferet – mais do que bondade, fazer o bem mesmo para quem não merece, beleza, equilíbrio. A característica do terceiro dia da criação expressa a revelação da Tiferet que é representada pelo fato de que a partir desse momento surge a vida na Terra, vida vegetal que vai se expandir por todo o planeta para que possam existir as aves e os peixes que vão ser criados no quinto dia e também os animais e o ser humano que vão ser criados no sexto dia. Netza’h – vitória, ambição, eternidade, fazer o bem mesmo para quem não quer recebê-lo. A característica da criação do quarto dia que é o Sol que brilha para todos, mesmo para aqueles que não querem.Hod – glória, humildade, submissão, que são as características da criação do quinto dia quando Hashem criou as aves e os peixes, as aves que cantam e desaparecem voando e os peixes ocultos nas águas.Yessod – estrutura, carisma, conectividade, que são as características da criação do sexto dia quando Hashem criou os animais e o ser humano.Mal’hut – realeza, liderança, supremacia, que são as características do Shabat, dia em que nele nada foi criado mas que recebeu tudo pronto de todos os seis dias da criação.Matéria YuliO Zohar não encontrou uma palavra em hebraico ou aramaico para definir uma matéria totalmente invisível, que não tem forma, cheiro, gosto,  medida, peso, aparência, consistência, não está dentro dos conceitos de tempo e espaço, não é palpável, etc etc etc. Em hebraico ou aramaico isso é considerado uma coisa que não existe. Mas em grego havia uma palavra para essa categoria de matéria, matéria Yuli.E a partir dela, diz o Zohar, Hashem criou o céu e a Terra. A palavra vazia e desolada se refere à matéria “yuli” e não ao nosso mundo.Dez Sefirót, dez pronunciamentos Divinos, dez MandamentosAs Letras dos dez pronunciamentos Divinos representam as inúmeras combinações das inúmeras ramificações das manifestações das Dez Sefirót.O Zohar nos conta que o Sefer Yetzirá, livro escrito pelo nosso primeiro patriarca, Avraham, diz que os dez pronunciamentos Divinos que por meio deles Hashem criou o mundo não foram palavras de verdade mas sim a revelação das Dez Sefirót por meio de inúmeras ramificações. Essas forças Divinas fazem tudo no mundo existir, e se elas se ocultassem tudo desapareceria. E por isso a Torá usa a linguagem “disse Hashem” sendo que fala é revelação. Ou seja, os dez pronunciamentos Divinos representam a revelação das Dez Sefirót que fazem o mundo existir. Cada uma das letras dos dez pronunciamentos Divinos se une  com todas as outras letras em todas as possibilidades de variação dando origem à tudo o que existe no mundo.Naassé Adam Antes de nos criar, Hashem criou os Anjos. Sendo que Hashem é a essência do bem e nós somos o objetivo da criação, Hashem criou os Anjos antes de nos criar para montar um tribunal Divino e não podermos receber alguma coisa nesse mundo sem ter que dar para Hashem um bom argumento para ele interceder à nosso favor, e assim somos obrigados a nos comportar certo mesmo sendo os “filhos do Rei”.E sendo que os Anjos foram criados à nossa função, antes de nos criar Hashem compartilhou essa informação com eles. Vemos aqui um pequeno exemplo da infinita Humildade Divina. A palavra Adam se refere à revelação Divina por meio das dez Sefirot, por isso quando Hashem diz para os Anjos “vamos fazer o homem à nossa imagem e semelhança” não está falando sobre uma imagem e semelhança material, como está escrito no segundo dos dez Mandamentos que Hashem está acima dos conceitos materiais e não se compara a nada material, mas está se tratando da imagem e semelhança Divina, ou seja, a revelação Divina por meio das dez Sefirot.A Alma Divina e a alma animalA criação do ser humano acontece de maneira totalmente diferente de tudo o que foi criado anteriormente. Todas as criaturas ”saíram” da terra, enquanto que o ser humano foi “feito de terra”.  Quando o primeiro boi foi criado, seus chifres saíram da terra antes das suas patas. Mas para fazer o ser humano, primeiro Hashem fez uma criatura de terra de dois lados, lado homem e lado mulher, diferente dos animais que Hashem criou o macho e a fêmea separadamente. A Torá nos conta que Hashem “soprou” nas narinas dessa criatura uma “Alma Vida” e o ser humano se tornou uma alma viva.Diz o Zohar que a palavra “soprou” não pode ser aplicada à D’us, sendo que, como vimos no segundo mandamento, nenhum conceito material se aplica à D’us. D’us está infinitamente acima dos limites materiais. Conclusão, D’us não soprou. Então por que a Torá usa a palavra “soprou”? Para nos indicar que a nossa Alma Divina é uma “parte de D’us”. Por isso foi usada a palavra soprou. Por que quem sopra, sopra o que tem dentro de si próprio, mas quem coloca, coloca o que está fora de si próprio.Sendo que D’us não soprou e a palavra soprou aparece somente como exemplo para entendermos o raciocínio desse assunto, então a palavra narinas também é desnecessária, sendo que se D’us não soprou, não soprou nas narinas. Então por que aparece a palavra narinas? Também para facilitar o nosso entendimento. A palavra “soprou” nos indica que D’us colocou no ser humano uma Alma que é uma “parte de D’us”, e a palavra “narinas”, no plural, vem nos indicar que a Alma Divina que Hashem colocou naquela criatura foi colocada em aspecto masculino e aspecto feminino.Quando D’us separou os dois lados daquela criatura, ela se tornou o homem e a mulher, mas a Alma continuou uma só. No homem o aspecto masculino da Alma Divina e na mulher o aspecto feminino. O marido e a mulher são a mesma Alma em dois aspectos diferentes. O final do versículo é que o homem se tornou uma alma viva. Essa mesma linguagem é aplicada aos animais que não tem a Alma Divina mas somente a alma animal. Ou seja, somos nossa Alma Divina, mas para podermos interagir com o corpo precisamos de uma alma animal que é o software do nosso corpo.A Árvore da vidaAs Dez Sefirot são a fonte da vida, por meio delas Hashem repassa a vitalidade de todas as criaturas. As Dez Sefirot são representadas por uma árvore de cabeça para baixo.As três primeiras Sefirót, a Ho’hmá, a Biná e a Daat são as raízes da “arvore da vida”A Tiferet é o tronco da árvore da vida. A Hessed, a Guevura, a Netza’h e a Hod são os galhos da árvore da vida.A Yessod é o galho da fruta e a Mal’hut é a fruta enquanto está unida à árvore.A árvore do bem e do malDa mesma forma que existem Dez Sefirot no lado puro, assim também acontece no lado impuro. Mas no lado puro elas são “dez e não onze” como nos conta o Sefer Yetzirá. O lado impuro depende de uma pequena revelação do lado puro para lhe dar vida, e sendo assim, tudo o que existe no lado impuro existe porque uma pequena “Luz Divina”  está fazendo aquilo existir. Essa pequena Luz Divina não se reveste no lado impuro, mas dá vida para ele por meio de estar envolvendo, mas não se revestindo nele, e por isso o lado impuro sempre é ligado ao número 11. Dez Sefirót da “Tumá” e a pequena Luz Divina que faz elas existirem.A árvore do conhecimento, do bem e do malA árvore do conhecimento do bem e do mal estava naquele sexto dia da criação sincronizada com o lado impuro chamado de “klipat noga” onde o bem e o mal se tornam uma mistura.Quando Adam e Hava comeram aquela fruta eles fizeram a ação material que trouxe o mundo para baixo, para o nível da klipá.Roupas de luzAdam e Havá no Gan Éden tinham uma roupa de Luz como nos mundos superiores. Depois que eles comeram aquela fruta, a roupa de luz desapareceu, por isso eles disseram que estavam sem roupaHashem fez para eles túnicas de couro. De onde era esse couro? Não percam nosso próximo capítulo…..