Avançar para a origem
Em Rosh Hashaná, escreve Rabi Shneur Zalman de Liadi, todas as coisas retornam à sua origem.
Portanto isso é o que realizamos em Rosh Hashaná. Na linguagem da Guemará, em Rosh Hashaná, D’us diz: “me nomeie para ser o seu Rei.”
Declaramos Ele como Autor, Mestre, Compositor, Criador e Rei do Universo Inteiro. Tocamos o Shofar. Nos comprometemos a cumprir mais Mitzvót, mais atos de bondade, conforme o desejo do Rei. Como resultado, o universo recebe um outro ano de existência.
O exemplo do Rei Perdido
Rabi Levi Yitzhak de Berditchev contou uma parábola. Certa vez um rei fez um passeio na floresta a fim de apreciar a natureza, ver os animais, as aves e todas as criaturas de seu reino.
Mas por fim ele se viu realmente perdido, sem uma pista para encontrar a estrada real que levava direto para o palácio.
Ele viu alguns aldeões e perguntou a eles: “Desculpe. Vocês sabem o caminho para a estrada real do Rei?”
Mas eles não o reconheceram como rei, e mesmo se o tivessem, não tinham nada a lhe dizer – eles nunca tinham viajado na estrada real e nem sequer sabiam que ela existia.
Por fim, o rei encontrou uma pessoa sábia e compreensiva. Ele perguntou: “Você sabe o caminho para a estrada do Rei?”
O Sábio entendeu que este deveria ser o Rei. Ele tremeu e deu um passo para trás, e então imediatamente mostrou o caminho ao rei
Porque devido à sua grande sabedoria, ele conhecia o caminho direto e adequado da estrada do Rei. Ele conduziu o Rei até o palácio e colocou o Rei no trono real do seu reino.
Este homem Sábio encontrou muita graça aos olhos do Rei, portanto o rei o nomeou acima de todos os ministros de seu reino e o presenteou com roupas preciosas. Quanto às suas roupas velhas, o Rei ordenou que fossem estocadas na câmara do tesouro real.
Após muitos anos aconteceu que este homem Sábio cometeu um crime contra o rei. O rei ficou enfurecido e ordenou que sua corte real condenasse este homem por traição. O homem sábio ficou, é claro, muito preocupado. Ele sabia que seu julgamento não seria bom. Era, afinal, traição que ele tinha cometido.
Então ele foi perante o rei e se atirou à frente dele. Implorou por um último pedido antes da sua sentença.
“E qual seria esse último pedido?” indagou o rei.
“O homem sábio respondeu: “É, que eu seja permitido de vestir mais uma vez as minhas roupas que eu vestia quando nos encontramos pela primeira vez.”
O Rei concordou com o pedido, e quando ele viu o homem Sábio vestido com aquelas roupas, ele lembrou da grande bondade que este homem tinha feito para ele quando ele o levou de volta ao palácio e o sentou no trono real de seu reino.
A compaixão do Rei brotou. O homem sábio encontrou novamente graça em seus olhos. O Rei o perdoou de seu crime e o devolveu ao seu cargo real.
O Dia das Origens
Rabi Levi Yitzchak explicou que essa história é na verdade nossa história de todo Rosh Hashaná. Restauramos o Rei do mundo em seu trono quando aceitamos Sua Torá com o toque do Shofar. Portanto, lembramos a Ele daquele favor que fizemos por Ele no nosso dia de julgamento.
Por que Rabi Levi Yitzhak de Berditchev teve de contar uma parábola inteira para chegar a esse ponto?
Por um lado, a história também é sobre como, em Rosh Hashaná, cada ser retorna à sua origem. Este rei e este homem Sábio, eles também tiveram que retornar às suas origens.
O homem Sábio teve que retornar à aquela situação onde ele reconheceu que este era o rei, teve que retornar até aquele ponto onde não havia possibilidade de que ele não fizesse tudo o que pudesse para ajudar o Rei, muito menos rebelar-se contra ele.
Foi aquele Sábio original que o rei viu agora diante dele. Este homem a quem ele devia todo o seu reino, pois naquelas florestas distantes ele não era Rei, e se não fosse por este homem, ele nunca teria sido Rei novamente.
Este homem pecou contra ele? Não, não este homem Sábio. Mas no lugar disso, alguma versão posterior corrompida de sua personalidade se rendeu à tentação perversa. O próprio homem Sábio, em sua origem primitiva, era essencialmente bom e eminentemente leal.
Nós também retornamos à nossa origem. Esse é o significado mais essencial do toque do Shofar. É um grito primordial, um alcance mais profundo e ainda mais profundo no coração e na Alma, para um lugar que não pode ser falado, que não pode ser articulado de outra forma a não ser com o chamado primitivo do chifre de um animal.
É a nossa origem, a concepção inicial de um ser capaz de descobrir o Autor dentro da história, o Rei dentro do Seu Reino. Aquilo que chamamos de Alma Divina que está em cada um de nós.
Como um autor deseja colocar em sua obra a expressão mais íntima de si mesmo, assim também o Criador de Todas as Coisas deseja que cada uma e todas as Suas criações expressem Seu ser essencial. Nossas Almas, em suas origens, são aquele vislumbre do Ser que Ele imaginou em Sua criação.
Quando voltamos para o começo, então D’us diz: “Eu encontrei você, e você é uma criança pura e inocente.”
E agora podemos dizer: “Então, vamos começar tudo de novo. Como algo pode se interpor entre nós? ”
Em Rosh Hashaná a essência das nossas Almas se revela em toda a sua glória no toque do Shofar. Agora não há manchas de pecados, nem ferimentos da batalha. O que quer que tenha ocorrido aqui em nosso mundo, dentro do tempo e espaço – nada disso poderia afetar a conexão entre a essência da sua Alma e a essência de D’us.
Nesse caso, tudo está perdoado. Assim como o Rei deve perdoar o homem Sábio que o trouxe de volta ao seu trono, D’us perdoa todos nós.
Então, por que precisamos de Yom Kipur?
Você, aqui embaixo, dentro do tempo e do espaço, uma Alma revestida em carne e ossos, precisa de uma limpeza. Só porque tudo está ótimo no andar de cima não significa que o porão pode ignorar sua bagunça.
Dê uma olhada nas coisas que dizemos em Rosh Hashaná, percorra todo o Machzor, o livro de rezas da festa, e você mencionará pouco os pecados.
Na reza de Rosh Hashaná você não vai encontrar nenhuma das longas listas alefbéticas de “Pelo pecado que cometemos diante de Você por …” que repetimos continuamente em Yom Kipur.
Nem mesmo um “Por favor, nos perdoe e nunca mais faremos isso!”, como se nunca tivéssemos feito nada de errado.
Porque nós não cometemos. Não esta pessoa agora que voltou às origens durante o toque do Shofar. Em Rosh Hashaná você é uma Alma pura exatamente como era em sua origem, você voltou às “configurações originais de fábrica”.
Agora imagine se fossemos direto de Rosh Hashaná para o ano inteiro sem passar pelo Yom Kipur. Seria como se nada tivesse acontecido. Tudo um sonho. Apenas mais um potencial perdido.
Por isso você tem um período de dez dias para aclimatar toda a sua pessoa, da cabeça aos pés, à essa nova personalidade emergente, ao seu “original de fábrica”. Esses dias são chamados de “Os Dez Dias de Teshuvá”.
Teshuvá significa retornar, e esses são os dias em que toda a sua personalidade pode retornar à harmonia com seu verdadeiro eu.
Na linguagem da Kabala do Ari Hakadosh, Rabi Itzhak Luria, este período é chamado de Binyan ha-Mal’hut , a reconstrução da Sefirá chamada de Mal’hut.
Na sua personalidade, a Mal’hut se expressa na maneira como você lida com o mundo em torno de você. Em Rosh Hashaná, você começa a reestruturar tudo isso, começa esse trabalho do topo para baixo.
A etapa final ocorre em Yom Kipur. Em Yom Kipur, tudo o que aconteceu em Rosh Hashaná agora vem à tona – até a própria fisicalidade do corpo humano.
É por isso que não podemos comer no Yom Kipur – ao contrário de Rosh Hashaná que festejamos com abundância de alimentos.
Porque passo a passo, toda a história de sua construção humana foi levantada e conectada a um lugar muito mais elevado, até que seu próprio corpo físico se tornasse tão espiritual que comer e beber o arrancaria violentamente de sua fonte de vida que está acima da matéria.
RoshHashaná e Yom Kipur são um único processo: chegar à origem de todas as coisas e trazê-la para a terra, de modo que transforme tudo em você e permaneça com você durante todo o ano.
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O Rav Bere Volf Kazevnikov de Yekatrineslav costumava perguntar:
Por que é tão difícil para um judeu ter parnassá, ou seja, porque o aspecto financeiro da nossa vida é sempre tão difícil?
A Guemará nos conta que o milagre que tem que Hashem tem que fazer para que cada um de nós tenhamos com o que viver é tão difícil quanto o milagre da abertura do Mar Vermelho!
Mas a Guemará também diz que tudo o que precisamos durante todo o ano já é decretado em Rosh Hashaná. Se já está decretado que vamos receber por que é tão difícil de recebermos a ponto de precisarmos de um milagre nível abertura do mar vermelho?
E ele respondeu:
Quando os oceanos e os mares foram estabelecidos no terceiro dia da criação, o Criador fez uma estipulação com o anjo designado sobre eles: Que quando os Filhos de Israel chegassem ao Mar Vermelho, ele separaria suas águas.
Mas quando os Filhos de Israel finalmente chegaram, o Mar Vermelho inicialmente esse anjo se recusou a abrir o mar. D’us perguntou ao anjo nomeado: “Por que o mar não está se dividindo?”
O anjo respondeu: “Vai se partir. Assim que os Filhos de Israel chegarem lá, ele se dividirá. ”
Veja, o anjo tinha visto todas as almas judias enquanto elas estavam no céu. Mas agora, essas eram as almas judias depois que desceram a este mundo e suportaram a opressão e a humilhação do exílio e da escravidão.
Então D’us teve que explicar ao anjo que essas eram as mesmas almas. Mas explicar a um anjo o que o exílio e a opressão podem fazer a uma Alma é muito difícil.
Da mesma forma, quando somos julgados em Roshaná todos os anjos designados para a distribuição das Bênçãos divinas e abundância são instruídos a “encher o nosso prato” todos os dias do ano.
Mas quando chega a hora de essas Bênçãos fluírem, os anjos afirmam que a pessoa que viram em Rosh Hashaná não se encontra em nenhum lugar.
E então D’us tem que explicar àqueles anjos que você é o mesmo que eles viram de pé na sinagoga quando o Shofar foi tocado no dia sagrado de Rosh Hashaná.
Acontece que você teve que sair para o mundo e trabalhar para viver. E isso é algo muito difícil: explicar a um anjo o que trabalhar para viver em um mundo físico pode fazer a uma Alma divina.
Temos que viver em dois mundos ao mesmo tempo – e conectar esses dois mundos. Esse é o nosso trabalho neste mundo: agarrar-se firmemente a essa essência de nossa Alma em sua origem e trazê-la para baixo para saturar todas as atividades humanas que os humanos devem fazer durante todo o ano. Para tornar todas as coisas sagradas.
É por isso que é tão vital que durante os Dez Dias de Teshuvá, de Rosh Hashaná a Yom Kipur, tragamos toda a nossa inspiração para os detalhes práticos. Pequenos detalhes.
Como colocar uma Mezuzá kasher em uma porta de sua casa que ainda está faltando. Como colocar uma caixinha de Tzedaká em seu local de trabalho. Como falar uma bênção em voz alta antes de comer.
Aparentemente são pequenas coisas, fáceis de cair pela porta quando você sai daqueles dias de reza e volta para o trabalho nesse mundo. Mas quando você se lembra de fazer essas pequenas coisas você está nomeando Hashem (D’us) como o Rei do universo
Eles são a assinatura divina na criação de D’us. Que é, afinal, o tema de todo este universo, o objetivo pelo qual foi criado.
O toque do Shofar
Em Rosh Hashaná tocamos o shofar de três formas diferentes
O primeiro toque é chamado Tekiá, um toque de nove segundos sem interrupção.
O segundo toque é chamado de Shevarim, são três toques de três segundos cada um que parecem como três suspiros.
O terceiro toque é chamado Truá, são nove toques de um segundo cada um, que se parecem como soluços breves.
O que os Toques do Shofar representam?
A Tekiá nos lembra que já fomos um todo. Cada um de nós nasceu inteiro.
Os Shevarim nos lembram que conforme vamos crescendo vamos quebrando, nos tornamos fragmentados, dispersos, provocando suspiros existenciais.
A Truá nos lembra que nossas vidas foram abaladas e quebradas em pedaços através de várias experiências negativas, e por isso estamos chorando consciente ou inconscientemente.
Mas o que fazemos depois de cada vez que tocamos a Truá? Tocamos o Tekiá novamente. Isso nos lembra que podemos ser restaurados novamente à integridade.
Tekiá Guedolá toca os sons dispersos… Os locais onde estamos colados juntos são locais onde a luz de D’us pode entrar.
Depois de tocarmos todos os toques do shofar, chegamos à Tekiá Guedolá.
Atingimos o nível de Tekiá Guedolá, “a grande Tekiá”, um toque que dura enquanto quem toca o Shofar tiver fôlego, um toque muito mais longo do que o toque inicial que iniciou o ciclo.
A Guemará nos conta que um vaso de barro pode receber tumá que é a impureza espiritual, através do contato com determinadas substâncias impuras.
Se um recipiente de barro se torna tamê, ou seja, impuro, a maneira de deixá-lo novamente tahor, novamente puro, é quebrá-lo e então colar os pedacinhos juntos novamente.
Através da quebra do recipiente sua integridade é restaurada, ele se torna puro novamente.
Nós também somos feitos de barro, como a Torá nos conta que “D’us criou o ser humano de terra.”
Quando aceitamos nossa própria fragilidade, nossa própria vulnerabilidade, chegamos a conclusão de que estamos totalmente quebrados, nos tornamos capazes de uma integridade mais profunda e mais poderosa que aquela que conhecíamos antes.
A Tekia Guedola é o último dia toques do Shofar porque ela reúne em um só toque todos os toques que estavam dispersos.
Nossos pedacinhos, agora colados juntos, são locais onde a luz de D’us pode entrar.
E esse nível tão elevado só vem para nós depois de termos passado por essa quebra em pequenos pedacinhos
Faça o seu próprio Shofar
O Shofar pode ser feito de chifre de carneiro, antílope, gazela, ou cabra. Esses chifres não são ossos sólidos, mas contém cartilagem que pode ser removida.
A palavra shofar significa “oco”. Os animais acima são kosher, uma vez que têm cascos fendidos e ruminam. Chifres de carneiro podem ser obtidos em matadouros. Os donos de açougues podem obtê-los de seus fornecedores.
1- Ferva o chifre em água por pelo menos duas horas e provavelmente até cinco. Um pouco de carbonato de sódio adicionado à água facilita a limpeza posterior.
A cartilagem pode ser arrancada com o auxílio de uma ferramenta. Se os chifres forem pequenos, a cartilagem pode ser removida em cerca de meia hora.
2- Depois que ele secar, meça até onde se estende a cavidade do shofar. Meça uma polegada a mais do lado de fora e corte a ponta com uma serra.
3 – Faça um furo de 1/8” com uma furadeira elétrica a partir da extremidade serrada até que a broca atinja a cavidade do chifre.
4 – Usando uma furadeira elétrica fure um bocal na extremidade do shofar. Alise as bordas do bocal.
Você pode esculpir a parte externa do shofar. Não deve haver nenhum buraco nas laterais do
shofar. Não pinte o seu Shofar e nem cole nada sobre ele.
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O Aniversário do Universo
Rosh Hashaná, considerado o aniversário do Universo, é na realidade o sexto dia da Criação do mundo, quando D’us criou o primeiro homem, Adam Harishon que foi o propósito de toda a Criação
Rosh Hashaná – o Ano Novo judaico – é um momento de Julgamento Divino. Durante os dois dias dessa festividade, D’us inicia o processo de julgamento – que continua até o final da festa de Sucot – que determinará o destino de cada ser humano durante o ano que se inicia.
Nossos Sábios empregam várias metáforas para transmitir a ideia de que a Corte Celestial julga todos os seres humanos em Rosh Hashaná. Uma dessas metáforas descreve a maneira como o “arquivo” de cada pessoa é levado perante D’us.
Falando de forma metafórica, D’us “abre” esses arquivos, lê e analisa seu conteúdo e, então, faz seu julgamento, decidindo o destino de cada pessoa para o próximo ano.
Muitos se esquecem do fato de que Rosh Hashaná é o momento em que D’us inicia seu julgamento. Essas pessoas estão felizes, com a falsa impressão de que Rosh Hashaná é o dia 1o de janeiro do Judaísmo: um feriado alegre no qual mergulhamos a maçã no mel e nos reunimos com os familiares e amigos para comer e beber, a nosso bel prazer.
Esse conceito é comum, mas errôneo e perigoso, pois muitas pessoas não celebram Rosh Hashaná com a seriedade de corpo e alma que a data exige: estão totalmente desligadas do fato de que todos nós estamos diante da Corte Celestial e talvez não estejamos preparados para essa solene intimação.
A realidade é que os dois dias de Rosh Hashaná são a antítese do dia 1o de janeiro. Não são um momento de folia, mas sim, os dois dias mais importantes do ano.
Em Rosh Hashaná, o destino do mundo e de cada um de nós está pendurado na balança. E se estamos infelizes com a situação em que se encontra o mundo, temos de agir em Rosh Hashaná da maneira como o Juiz Supremo espera que nos comportemos.
Rosh Hashaná não é, apenas, um momento em que todos os povos e o mundo inteiro são julgados, coletivamente, para o novo ano. Como deixa claro a reza de Mussaf de Rosh Hashaná, o Julgamento Divino é individual.
O Tribunal Celestial julga os atos, bons ou ruins, que cada um de nós cometeu no ano que se encerra.
O julgamento das ações positivas não é como o das negativas. Você não é julgado pelas coisas negativas que vai fazer mas somente pelas que já fez.
O julgamento das ações positivas é diferente, você recebe um prêmio pelo que já fez e também é favorecido pelo que vai fazer.
Mas a ideia de que D’us julga cada um de nós individualmente, e que Ele sabe todos os nossos pensamentos, palavras e atos, nos traz uma pergunta : Estará D’us de fato interessado nos atos de cada ser humano? Serão nossas palavras – inclusive nossas orações – e nossas ações diárias dignas de Sua atenção?
Relacionando-se com um D’us Infinito
Muitas pessoas, inclusive as com alto grau de moralidade, têm uma determinada noção sobre as “coisas pequenas” da vida – os detalhes do cotidiano e os atos menores que todo ser humano realiza, com regularidade.
E podemos perguntar: “Você acredita que D’us realmente se preocupa com esses detalhes pequenos? Você acredita que D’us se importa com o que acontece na intimidade de nosso lar, nossa cozinha e nosso trabalho?”
O conceito de “pequenas coisas” obviamente é muito subjetivo: o que uma pessoa considera “pequeno” ou “grande” depende do ambiente cultural e social da pessoa.
Contudo, ainda que as pessoas costumem discordar sobre o que é importante e o que não o é, podemos generalizar que a maioria dos seres humanos acredita que, na vida, as “coisas grandes” importam, ao passo que as “coisas pequenas” não importam tanto – se é que importam.
Os pequenos detalhes que as pessoas costumam deixar de lado não são, necessariamente, coisas às quais se opõem, em princípio.
Os pequenos detalhes podem também ser coisas que causam indiferença, na pessoa, ou mesmo que elas considerem benéficas; contudo, não são especialmente importantes.
Em muitos casos, a atitude de não se preocupar com as “pequenas coisas” na vida pode apenas ser uma fachada para a preguiça.
Mas a questão se D’us se importa ou não com os pequenos detalhes é uma pergunta válida mi e merece ser feita. De fato, essa pergunta está no centro do que trata a festividade de Rosh Hashaná – quando o Tribunal Celestial examina o “arquivo” de cada ser humano e o julga, segundo seus atos.
A reza de Rosh Hashaná nos conta que D’us examina e julga todos os nossos atos. Mas, por que razão o Todo Poderoso deveria se importar com nossas ações cotidianas, os pequenos detalhes, bons ou maus, da vida?
Pode-se argumentar que D’us poderia se importar com o que é notícia – guerras e terrorismo, uma pandemia mundial, eleições em Israel – eventos que afetam a vida de milhões ou bilhões de pessoas. Mas por que Ele deveria se importar se um único indivíduo come kasher?
Por que Ele deveria se preocupar se a pessoa diz uma Benção antes de comer alguma coisa, cumpre os mandamentos do Shabat, ouve o toque do Shofar em Rosh Hashaná ou come na Sucá durante a festa de Sucot?
Por que Ele deveria se importar se uma pessoa jejua ou não em Yom Kipur? Afinal, D’us é o Senhor do universo, onde planetas e estrelas, movimentam-se como meros pontinhos dentro de uma miríade de galáxias.
Cada um de nós, na Terra, é apenas um indivíduo entre bilhões de outros, e mesmo o planeta e a galáxia onde habitamos são minúsculos se comparados ao restante do universo.
Dentro de nossa estrutura, muito limitada – nossa família, amigos e talvez nossa comunidade –, cada um de nós pode ser importante.
Mas quando olhamos para o mundo a partir de uma perspectiva mais ampla de tempo e espaço, nossas atividades diárias e mesmo nossa própria existência parecem insignificantes.
Portanto, não faz sentido crer que o Senhor do Universo pudesse ou devesse se importar com cada um de nós e com os pequenos detalhes de nossa vida – nossos pequenos atos, bons ou ruins.
Essa pergunta é igualmente válida em relação às nossas rezas. Quando uma pessoa invoca a D’us, quais as chances de ser ouvido?
A pergunta se D’us presta atenção a cada pessoa – e especialmente aos detalhes de sua vida – é um problema fundamental e profundo.
Muitos optam por ignorar essa pergunta, enquanto outros agem como se não houvesse respostas à ela. Em quase todos os casos, a origem dessa pergunta – e toda a confusão que gera – é a imagem infantil de D’us que os adultos geralmente “pintam” para as crianças e que, por sua vez, permanece conosco mesmo depois de crescermos.
Essa imagem infantil de D’us é alguém com uma longa barba branca, sentado em algum lugar dos Céus, milhares de quilômetros acima de nós, com relâmpagos em uma mão e um saco de balas na outra.
Quando adultos, muitos de nós substituem essa imagem, compreendendo que é infantil e até uma blasfêmia, com a ideia de que D’us é como o diretor de uma grande empresa.
Em grandes empresas, um funcionário mediano tem pouco ou nenhum contato com o diretor. Os funcionários são apenas uma pequena peça em uma grande engrenagem.
O funcionário teria de fazer algo extraordinariamente bom ou ruim para ter a atenção do diretor. Na falta de qualquer dos dois cenários, é provável que o diretor nunca vá a ter contato com o funcionário, mesmo que este trabalhe para ele.
À medida que subimos a cadeia hierárquica, esse padrão é amplificado. Por exemplo, o Primeiro Ministro de Israel é responsável pela segurança e bem-estar de todos os cidadãos do país, ainda que não os conheça pessoalmente e nem se importe com a vida pessoal deles.
Quando um cidadão escreve uma carta ao Primeiro Ministro, é algum secretário quem responde. Talvez apenas pessoas muito famosas, excepcionais, recebam às vezes uma resposta pessoal. E pode-se entender a razão para ser assim.
Se o Primeiro Ministro fosse responder a cada uma das cartas que lhe são enviadas, não teria tempo nem forças para executar seu trabalho.
Os Chefes de Estado desempenham um papel vital e têm o poder de impactar a vida de milhões de pessoas. No entanto, até eles funcionam dentro de uma esfera limitada de poder e influência, comparada ao universo inteiro.
Evidentemente, nenhum deles pode ser comparado a D’us – Criador e Mestre de tudo o que existe. Mas pode-se concluir que se um Chefe de Estado não pode relacionar-se com os cidadãos de seu país individualmente – e muito menos preocupar-se com os detalhes da vida de cada um – imaginem o quanto mais essa ideia se aplica a D’us, o responsável não apenas por nosso planeta, mas por todo o universo.
Se um Chefe de Estado é inacessível aos cidadãos, como pode o Senhor de todo o universo estar acessível a cada um de nós?
Aqueles que imaginam D’us como um líder muito poderoso julgam que assim fazendo estão expressando profundo respeito pelo Altíssimo.
Será que que D’us não tem nada melhor a fazer do que intrometer-se nos mínimos detalhes da vida de cada ser humano. Pois mesmo um pai, o quanto ele sabe da vida de seus filhos, o quanto isso o preocupa?
São tantos os mínimos detalhes sobre coisas que desconhecemos totalmente. De modo geral, os seres humanos se preocupam com o que é grande e ao pensar na vastidão do universo, imaginam que D’us, que é incomparavelmente mais importante do que o ser humano mais poderoso, certamente não tem como preocupar-se com detalhes.
Mas quando dizemos que D’us não está interessado ou envolvido com detalhes – com as “coisas pequenas” que fazemos ou deixamos de fazer, na realidade, estamos imaginando o Altíssimo de acordo com as nossas medidas. Independentemente do quão aumentemos a concepção Divina, continua sendo a nossa concepção, a nossa medida.
Podemos ver D’us como sendo particularmente importante. No entanto, por maior que seja a nossa concepção de D’us, continua sendo uma projeção muitíssimas vezes aumentada de nossa figura humana finita.
Em nossas orações e Bênçãos, referimo-nos a D’us como Melech haOlam, Rei do Mundo. E, de fato, o reinado Divino é um dos principais temas de Rosh Hashaná. Contudo, precisamos ter cuidado para não interpretar erroneamente essa metáfora. Há uma diferença fundamental entre D’us e qualquer ser humano, por mais importante e poderoso que seja – um Chefe de Estado, ou até mesmo um rei. A razão para um Chefe de Estado não estar a par das preocupações diárias dos cidadãos de seu país é por ele ter uma mente limitada, além de tempo e energia limitados. Independentemente de quão talentoso e cheio de energia seja, há um limite no que ele consegue fazer em um dia limitado a 24 horas. Por essa razão, ele precisa saber fazer suas escolhas. O líder de um país, ou qualquer pessoa que esteja no alto de uma cadeia hierárquica, só consegue concentrar-se em questões macro – no que é mais importante; ele não se pode dar ao luxo de dedicar seu tempo e sua mente a detalhes pequenos, senão seu funcionamento será prejudicado. Qualquer líder, até o mais capaz e batalhador, deve delegar os assuntos importantes a seus ministros ou pessoas de confiança – sozinho não consegue fazer tudo.
No entanto, diferentemente de Chefes de Estado, D’us é Infinito. A infinitude é um conceito difícil de ser entendido, mesmo na Matemática. O infinito não tem limites: é ilimitado o número de detalhes que pode conter. Além disso, uma constatação matemática básica prova que em relação ao infinito, qualquer outro número é zero e qualquer outro tamanho é igual. Um ou um trilhão, se comparados com o infinito, são exatamente iguais a zero.
Sob o ponto de vista teológico, o fato de que D’us é Infinito significa que para Ele, todos os detalhes são iguais em importância ou falta de importância, independentemente de seu tamanho. Comparada ao Infinito, uma galáxia, com todas as suas estrelas, é exatamente igual às menores partículas de um átomo. Assim sendo, não faz sentido algum que D’us se preocupe com o que ocorre em uma galáxia e não com o que ocorre a um tufo de grama. Comparado a D’us Infinito, sua magnitude é exatamente igual. Se D’us se preocupa com todo o universo, – que, por maior que seja, é finito e limitado –, pode-se dizer que todas as suas partes mais ínfimas têm igual importância para Ele.
O conceito de que, para um D’us Infinito, não há o grande e o pequeno, é um dos temas das orações de Rosh Hashaná: quando o Chazan repete aoração de Mussaf, ele recita um trecho que afirma que D’us “trata na igual medida o grande e o pequeno”. Essa é uma das maneiras de expressar a ideia de que as diferenças entre grande e pequeno, importante e sem importância, são insignificantes para Aquele que é Infinito, que está além de todas as limitações, Aquele para Quem as limitações nada representam.
De forma semelhante, diz o Salmo 139: “Tu perscrutas meu íntimo e me conheces totalmente. Sabes quando me sento ou levanto e antecipas meu pensamento onde quer que eu esteja. Estás comigo quando repouso ou caminho, e Te são conhecidos todos os meus passos…. Se aos céus eu ascendesse, lá Te encontraria, e se às profundezas me lançasse, também lá estarias”. Esse Salmo indica que D’us está ciente de onde estamos e de tudo o que fazemos, e que para Ele, os Céus e as profundezas, o distante e o próximo, a escuridão e a luz, é tudo igual. O Rabi Avraham Ibn Ezra (1089-1164) – um dos maiores poetas e filósofos da Idade Média – escreveu que esse salmo é o mais importante que há no Livro dos Salmos.
O Salmo 113, o primeiro da oração de Hallel, expressa uma ideia similar. Por um lado, declara: “Muito acima de todas as nações está o Eterno, e acima dos céus Sua glória”. A noção de que D’us está acima e além de tudo é indiscutível: não pode haver semelhança ou comparação entre D’us e Suas criações. Mas, o Salmo continua: “Quem é como o Eterno, nosso D’us, que habita nas Alturas e vê o que se passa nos Céus e na Terra?”. O que esse Salmo nos diz é que, por mais elevado que seja D’us, Ele está ciente de tudo o que transpira nos Céus e na Terra. Algumas pessoas querem louvar D’us dizendo que Ele é tão vasto e tão santificado que Sua glória está nos Céus.
Contudo, ao afirmar isso, eles também deixam implícito que D’us se encontra apenas nos Céus, e, portanto, aqui na Terra e especialmente na privacidade de nosso lar e nosso trabalho, podemos fazer o que bem quisermos. Se fosse verdade que D’us se encontra apenas nos Céus e se preocupa apenas com as questões macro do universo, nós poderíamos facilmente fazer pequenas coisas erradas, “por trás de suas costas”, de forma escondida, pois esse grande D’us, que é tão ocupado com as coisas importantes, pode não me ouvir, mas tampouco Ele irá me repreender.
Mas esse Salmo desfaz, em pedacinhos, a ilusão de que D’us é grande demais para estar ciente e envolvido nos detalhes mínimos do universo. O Salmo nos diz que D’us cuida dos Céus e da Terra. O Infinito está em toda parte. Portanto, Céu e Terra são iguais para Ele. Comparado a D’us Infinito, um camundongo não é menos importante que um arcanjo. Mas para nós, criaturas pequenas e limitadas que somos, há uma diferença tremenda entre uma galáxia e um átomo. Para D’us, essa diferença e todas as demais são insignificantes.
Em outras palavras, a capacidade de ver todos os detalhes é parte da Infinitude: constitui uma das definições de ser Infinito. Assim como nada é grande demais para D’us, nada é pequeno demais para Ele. Nada é insignificante ou pequeno demais para passar despercebido, pois D’us tem uma visão plenamente abrangente, que contém tudo que se possa imaginar. Assim sendo, a crença de que algo é tão insignificante que pode escapar da atenção Divina é pior do que uma blasfêmia – é um absurdo total.
Mas o fato de que para um D’us Infinito tudo é igualmente significativo ou sem significado, levanta uma questão fundamental: será possível que tudo seja igualmente sem significado para D’us? Em outras palavras, será que D’us chega a se importar? E por que Ele o faria? A resposta é que se D’us se preocupou em criar o mundo, com regras tão elaboradas – às quais chamamos de “leis da natureza” – para que esse mundo pudesse funcionar, então isso significa que sim, D’us deve se importar. Mesmo se desconsiderássemos a Revelação Divina no Sinai e a entrega da Torá – que nos permitiu ter um vislumbre da Sabedoria e Vontade Divinas, o simples fato de que D’us criou e mantém o universo é uma forte indicação de que Ele se preocupa com toda a existência. Portanto, se o universo tem significado e importância para D’us, todos os seus detalhes têm igual significado. Assim sendo, D’us está igualmente ciente até do ato mais ínfimo de cada um dos seres humanos, seja ele positivo ou negativo. D’us está atento a cada ato negativo, por menor que seja, mas também a cada uma das boas ações, independentemente de seu tamanho. O choro de uma criancinha é ouvido por D’us e Lhe é tão importante quanto o que um Chefe de Estado possa dizer em público, sendo ouvido por milhões de pessoas. É somente a idolatria de reduzir D’us a um tamanho finito, com conhecimento finito – vendo-o como um tipo de Chefe de Estado celestial – o que dá origem à pergunta “será que D’us se importa?”. São conceitos errôneos sobre D’us como este ou similares a este o que gera tanta confusão na mente e no coração dos seres humanos.
O fato de se ter uma noção mais madura e mais abstrata sobre D’us não O distancia de nós. Pelo contrário, aproxima-nos d’Ele. Ao aceitarmos a premissa de que D’us tudo sabe e tudo ouve, torna-se evidente que Ele está ciente de todos os nossos pensamentos, palavras e atos. E isso, obviamente, inclui todas as orações que recitamos e os mandamentos da Torá que cumprimos.
Muitas pessoas que vão às sinagogas em Rosh Hashaná e participam das longas orações desses dias, podem pensar: “Será que D’us realmente ouve minhas preces e meus pedidos? Será que Ele se preocupa com o que sente o meu coração?”. Tais perguntas estão na base da religião. Todas as preces se resumem a um ponto básico que é o fato de nos estarmos dirigindo a D’us com a convicção de que Ele está presente e nos ouve. Se temos Alguém com quem falar, podemos rezar. Se não tivermos com quem falar – se D’us está distante de nossa vida ou se Ele não se importar, então de que valem todas as orações e todos os mandamentos? A base do Judaísmo, portanto, é a consciência da presença Divina e o entendimento de que Ele vê tudo o que fazemos, ouve tudo o que dizemos e sabe tudo o que pensamos.
A dificuldade que muitas pessoas encontram em se relacionar com D’us advém de um entendimento errôneo sobre Sua grandeza. A pessoa que pensa que D’us é muito ocupado com assuntos grandiosos e não se preocupa com uma criança que clama por Ele ao recitar os Salmos, não vê, de fato, a grandeza Divina. Para a Onisciência Divina não há grande nem pequeno, significativo ou insignificante na infinitude do universo. Para o Altíssimo, não há diferença entre os mundos. Assim sendo, para D’us não há orações que passem sem ser ouvidas, nem atos, bons ou ruins, que passem despercebidos.
Devemos ter isso em mente não apenas em Rosh Hashaná, mas em todos os dias de nossa vida. O entendimento de que D’us está diante de cada um de nós deve-nos forçar, sempre, a sermos mais atentos a nossos pensamentos, palavras e ações. Essa percepção da constante Presença Divina é primordial para o progresso espiritual e moral. Portanto, a abordagem correta à vida é viver como se todo dia fosse Rosh Hashaná. Diariamente, em qualquer dia do ano, antes de realizar uma ação – mesmo que seja uma ação comum, rotineira -, a Torá nos alerta para que lembremos que estamos diante do Altíssimo. D’us não está, como muitos acreditam, em um outro mundo ou nos Céus, tampouco em um reino espiritual invisível aos seres humanos. Ele está aqui e em toda parte, preenchendo toda a existência com Sua Essência Divina
Maçã
Mergulhamos uma fatia de maçã doce no mel, recitamos a bênção da fruta (Borê Peri Haêts) e falamos: “Yehi ratson milefanêcha shetechedêsh alênu shaná tová umetucá”.
“Possa ser Tua vontade renovar para nós um ano bom e doce “.
Chalot
As chalot servidas em Rosh Hashaná são redondas, símbolo de continuidade e eternidade, como o círculo que não tem começo nem fim; sem ângulos, nem arestas, um pedido para um ano sem conflitos. Costuma-se mergulhar o pão no mel em vez do sal habitual, em todas as refeições desde Rosh Hashaná até o sétimo dia de Sucot.
Mel
O valor numérico da palavra “dvash” (mel) equivale ao valor de “Av Ha’Rachamim” (Pai Misericordioso): assim o mel representa a esperança de que a sentença decretada pelo Supremo Juiz seja amenizada pela Sua compaixão.
Frutas e alimentos especiais
É costume comer carne e vinho doce ou qualquer bebida doce nesta refeição, para ter um ano farto e doce. Na segunda noite de Rosh Hashaná, imediatamente após o kidush, costuma-se ingerir uma fruta nova, a primeira vez que comeríamos nesta estação, a fim de pronunciarmos a bênção de Shehecheyánu.
Há quem costume recitar uma prece especial (Yehi ratson) antes de ingerir qualquer um dos seguintes alimentos. Conforme o costume Chabad, Yehi ratson só é recitado ao ingerir a maçã com mel.
Os sefaradim colocam no centro da mesa uma cesta (Traskal) contendo diferentes espécies de frutas que contém muitas sementes, para que as boas ações sejam numerosas no ano vindouro além de alimentos especiais entre os quais maçã, alho poró, acelga, tâmara, abóbora ou moranga, feijão roxinho, romã, peixe e cabeça de carneiro (que pode ser substituída por língua de boi ou cabeça de peixe). Antes de ingerir cada um dos nove alimentos recita-se um “Yehi Ratson” especial:
Alho-Poró
“Yehi Ratson milefanêcha sheyicaretu oyvêcha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu”.
“Possa ser Tua vontade que sejam exterminados Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal”.
Acelga
“Yehi Ratson milefanêcha sheyistalecu oyvecha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu”.
“Possa ser Tua vontade que sejam removidos Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal”.
Tâmara
Costuma-se ingeri-la para que acabem nossos inimigos (em hebraico, yitámu, parecido com tamar).
“Yehi Ratson milefanêcha sheyitámu oyvecha vessoneêcha, vechol mevacshê raatênu”.
“Possa ser Tua vontade que sejam consumidos Teus inimigos e Teus oponentes e todos aqueles que querem nosso mal”.
Abóbora, moranga ou cenoura
A palavra “mern”, em yidish, pode ser traduzida como “cenoura” e também como “se multipliquem”. Por isto comemos cenoura – para que os méritos se multipliquem.
“Yehi Ratson milefanêcha sheticrá rôa guezar dinênu, veyicareú lefanecha zechuyotênu”.
“Possa ser Tua vontade que o decreto ruim de nossa sentença seja rasgado em pedaços, e que nossos méritos sejam proclamados perante Ti”.
Feijão roxinho
“Yehi Ratson milefanêcha sheyirbu zechuyotênu”.
“Possa ser Tua vontade que nossos méritos se multipliquem”.
Romã
Costuma-se ingerir em sinal para que aumentem nossos méritos como os caroços da romã. Há uma explicação que a romã possui 613 caroços – o número das mitsvot da Torá.
“Yehi Ratson milefanêcha sheyirbu zechuyotênu carimon”.
“Possa ser Tua vontade que nossos méritos cresçam em número como [as sementes] da romã”.
Peixe
“Yehi Ratson milefanêcha shenifrê venirbê cadaguim; vetishgach alan beená pekichá”.
“Possa ser Tua vontade que nós nos frutifiquemos e nos multipliquemos como peixes; e cuida de nós com olho aberto [atentamente]”.
Cabeça de carneiro, língua ou peixe com cabeça
Costuma-se ingerir um destes alimentos para que sejamos cabeça e não cauda:
– de carneiro, para lembrar o mérito do sacrifício de Yitschac que foi substituído por um carneiro.
– de peixe, para que o ser humano se multiplique como os peixes.
“Yehi Ratson milefanêcha shenihyê lerosh velô lezanav”.
“Possa ser Tua vontade que sejamos como a cabeça e não como a cauda”.
Ingredientes que devem ser evitados
Não se come nada temperado com vinagre em Rosh Hashaná ou raiz forte para não ter um ano amargo. Nozes também não devem ser ingeridas nestes dias. Um dos motivos é porque as nozes provocam pigarro que pode atrapalhar as orações do dia; outro motivo é que o valor numérico da palavra egoz (noz) corresponde ao da palavra chet (pecado) sem o alef
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