Shabat

Shabat Shalom à todos 💕🌻🥰

Horário de acendimento das velas de Shabat 

Para o horário de acendimento das velas de Shabat na sua cidade, acesse ao site

https://www.climatempo.com.br/

Verifique o horário do pôr do Sol da sexta feira na sua cidade e acenda as velas 18 minutos antes do pôr do Sol da sexta feira

O acendimento das velas só tem validade a partir do horário judaico chamado de “Plag HaMin’ha que é uma hora e quinze minutos antes do pôr do Sol.

O horário da Havdalá, a saída do Shabat, é quarenta minutos depois do pôr do Sol do Sábado

Você pode também acessar ao site

https://www.myzmanim.com/search.aspx

E digitar o nome da sua cidade

Ou ao site

https://www.chabad.org/calendar/candlelighting_cdo/locationId/476/locationType/1/jewish/Candle-Lighting.htm

 

Shabat

D’us criou o mundo em seis dias e no sétimo parou. Ou seja, no sétimo dia nada foi criado.

A linguagem “descansou” não é aplicada nesse caso sendo que D’us está infinitamente acima dos limites da matéria e com certeza não precisaria descansar depois de ter criado o mundo.

Porque nós judeus guardamos o Shabat 

Para demonstrar claramente que acreditamos somente nesse D’us que criou o mundo em seis dias e não em outro, não fazemos trabalhos no Shabat.

 

Ou seja, o Shabat é o dia do “reconhecimento”.

Por causa desse motivo, quando guardamos o Shabat integralmente nos retificamos da idolatria. 

Por outro lado, por causa desse mesmo motivo, um judeu que ainda não guarda Shabat, mesmo por falta de conhecimento, é considerado naquele momento como se fosse um idólatra em relação à comida que ele cozinhou ou ao vinho que ele fez.

Ou seja, não podemos usufruir do vinho que ele fez e de nenhum derivado de uva feito por ele.

O motivo para isso é:

Na época do Beit Hamikdash, do Templo Sagrado de Jerusalém, o vinho era usado pelos idólatras como oferenda para a idolatria.

Hoje em dia essas idolatrias só existem na Índia e nos “confins do norte” como Nepal eTibet

Mas sendo que na época do Beit Hamikdash nossos Sábios, usando a força que a Torá deu à eles de que tudo o que eles decretarem aqui no “Tribunal de baixo” , ou seja, no Tribunal Rabínico do Beit Hamikdash, é decretado automaticamente no “Tribunal de Cima, ou seja, no “Tribunal Divino”, decretaram que tanto o vinho feito por alguém que não é judeu quanto todos os derivados de uva feitos por eles, são proibidos para nós

Por isso, só podemos usar qualquer produto que contenha vinho ou suco de uva, como vinagre de vinho, bala de uva , geléia de uva, refrigerante de uva, conhaque e outras bebidas que possam ser destiladas ou misturadas com vinho,  quando tiverem uma supervisão rabínica confiável.

Vinho feito por um judeu que guarda Shabat , que foi fervido depois de ter sido feito, não poderia ser oferecido para-a idolatria na época antiga, e por isso pode ser servido por alguém que não é judeu.

Suco de uva que as uvas foram fervidas antes de o suco ter sido feito é considerado vinho cozido.

Atualmente, a maioria dos vinhos Kasher comercializados costumam ser fervidos já na fabrica.

Para ter certeza de que o vinho que você comprou foi fervido na fábrica, verifique se na supervisão rabínica que aparece no rótulo dele consta a palavra mevushal (fervido).

Os “Dez Mandamentos” aparecem duas vezes na Torá

Na primeira vez , em Parashat Ytró , está escrito: “Lembre-se (Zahor) do dia do Shabat para santificá-lo .

Na segunda vez, em Parashat Vaetchanan, está escrito “Guarde (Shamor) o dia do Shabat para santificá-lo”.

Nossos Sábios nos contam que quando ouvimos os Dez Mandamentos no Monte Sinai, as palavras “Zahor” (Lembre-se) e “Shamor” (Guarde) foram ditas e ouvidas em uma palavra só, e de maneira sobrenatural.

Da palavra “Shamor” aprendemos que o Shabat entra na categoria de Mitzvá chamada de “Ló Taassé” (“não faça”) e da palavra “Zahor” aprendemos que o Shabat entra na categoria de Mitzvá chamada de “Assé” (“faça”).

A regra é que quando uma “Mitzvat Assé” cai sobre uma “Ló Taassé” (como no caso de o oitavo dia do “Brit Milá” cair no Shabat) o “Assé” (do “Brit”) anula o “Ló Taassé” (do Shabat) no assunto específico dela (nesse caso, o de cortar o prepúciozinho do nenê).

Quando uma regra da Torá tem alguma excessão, a própria Torá tem que trazer um versículo que determine que nesse caso específico está acontecendo uma excessão da regra.

E esse é o caso da Mitzvat Assé da construção do Mishkan que não anulou o “Ló Taassé” do Shabat, e portanto o Mishkan não foi construído no Shabat mesmo sendo um Mandamento “Assé”

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Preparando-se para o Shabat 💕😉

O grande Sábio Shamai todos os dias comia em honra ao Shabat.

Quando ele encontrava um item de primeira, dizia: ‘Este é para o Shabat.’

Depois, se encontrasse algo melhor, ele o deixava de lado para o Shabat e comia o primeiro…” (Talmud, Beitza 16b)

O grande Sábio Rava preparava pessoalmente o peixe para o Shabat.

Rav Hisda cortava os legumes, Raba e Rav Yossef cortavam lenha.

Rav Nachman bar Yitzhac era visto na sexta-feira carregando feixes sobre os ombros.

Muitos desses eram homens ricos que tinham numerosos funcionários que poderiam fazer este trabalho para eles, mas eles insistiam em trabalhar pessoalmente em honra ao Shabat (Talmud, Shabat 119a; Shul’han Aru’h, Leis do Shabat)

Preparativos para o Shabat:

Está escrito que temos que nos lembrar do Shabat. Para o Shabat estar pronto na sexta feira antes do por do sol temos que nos planejar com antecedência.

Eu pessoalmente tenho uma verdadeira “Shabatfobia” e no domingo já deixo as velas prontas nos castiçais e já começo a comprar umas coisinhas para Shabat, mas o importante é se planejar com antecedência, saber antecipadamente o que você vai fazer para Shabat.

Para facilitar para quem está começando, lá vão umas dicas básicas. Escrevemos essas dicas principalmente para quem mora no interior e não tem facilidade em comprar as coisas para Shabat.

Como fazer em casa o seu vinho para o Kidush:

Pela Halachá um suco de uva verdadeiro também é considerado vinho para o Kidush, aqui vai uma receita para fazer o seu suco de uva “bore pri hagafen” para todos os Shabatot do ano, principalmente se você tem crianças em casa.

Modo de preparo:

1- Compre uvas de qualquer tipo, lave as uvas, separe elas dos galhos e coloque elas dentro de uma panela (de preferência de pressão.

2- coloque a mão sobre as uvas e adicione água e açúcar . Essa água e açúcar tem que preencher somente os espaços entre as uvas e você coloca a mão encima para elas não flutuarem encima da água com açúcar sendo que a água com açúcar tem que preencher somente os “buraquinhos” entre as uvas mas não pode cobrir elas por cima nem se acumular separadamente no espaço de baixo caso elas flutuem, por isso você não deixa elas flutuarem.

3- Tampe a panela , acenda o fogo e deixe ferver um pouquinho.

4- Peneire o conteúdo da panela para uma jarra apertando e amassando totalmente as uvas dentro da peneira com uma colher até que todo o suco passe pela peneira e sobre dentro da peneira somente uma polpa

5- Coloque o suco em garrafas ou em uma jarra.

6- Mantenha o suco na geladeira e só retire para as refeições.

(Agradecemos o Reb Avrohom Arbeter pela receita.) Outras receitas de Shabat você encontra na nossa sessão de culinária

Sendo que está escrito que o Shabat tem que ser um prazer, nossos Sábios decretaram a obrigação de deixar a comida pronta e quente e acender as velas de Shabat antes do por do sol da sexta feira porque não podemos acender fogo durante o Shabat.

A eletricidade foi classificada como fonte de fogo e por isso acendemos tudo o que precisa estar aceso no Shabat antes de acender as velas (não podemos apagar essas coisas durante o Shabat a não ser em caso de perigo de vida) . Ou seja, a luz da sala cozinha e banheiro e a chapa de Shabat que chamamos de plata devem ser acesas antes do Shabat

A plata é uma placa de alumínio que pode ser encomendada de acordo com a medida do seu fogão , você deve pedir para fazer uma dobradinha de um centímetro nas extremidades para ela não ficar cortante e deve ser dobrada uns 8 centímetros na frente para cobrir os botões do fogão.

A plata pode ser encomendada em qualquer fabriquinha de calhas (peça um material grosso para não entortar nas 25 horas que vai estar encima do fogo baixo) . Então acenda um fogo baixo , coloque a plata encima dele e as panelas com a comida pronta encima da plata.

A quantidade de água dentro da panela deve ser planejada de acordo com o número de horas que ela vai ficar encima da plata. Uma janela deve estar um pouquinho aberta para entrar ar e todos os cuidados devem ser tomados para que o fogo não se apague sozinho no meio do Shabat e não haja vazamento de gás (não deixe panos ou plásticos perto dela para não pegar fogo).

Centenas de milhares de judeus religiosos fazem assim no mundo inteiro e com o tempo você pega experiência. Se o seu gás é de botijão você pode comprar uma balança de banheiro e colocá-la fixamente enbaixo do botijão para calcular quando ele vai acabar para trocar o botijão antes do Shabat.

Aprendemos na profecia de Yeshaiau Hanaví que o Shabat tem que ser um prazer.

Mas o que é um prazer?  Com certeza o contrário da aflição!

A Torá usa a palavra aflição em relação à proibição de comer e beber no Yom Kipur , e daí nossos Sábios concluem que no Shabat temos a obrigação de comer e beber do bom e do melhor e em um ambiente iluminado pelo menos à luz de velas.

E daí surge a Mitzvá de acender as velas de Shabat e fazer o Kidush com vinho e Halot.

Por isso também devemos deixar um fogo aceso coberto pela “Plata” com a comida quente que vamos comer no Shabat.

A Plata de Shabat 

Sendo que está escrito que o Shabat tem que ser um prazer, nossos Sábios decretaram a obrigação de deixar a comida do Shabat pronta e quente.

Como manter a comida do Shabat aquecida se é proibido acender fogo no Shabat?

Para isso foi inventada a famosíssima ”Plata de Shabat”!

A chapa de Shabat que chamamos de plata é uma placa de alumínio que pode ser encomendada em qualquer fabriquinha de calhas (peça um material grosso para não entortar com o fogo nas 25 horas em que ela vai estar em cima do fogo baixo) de acordo com a medida do seu fogão

Você deve pedir para fazer uma dobradinha de um centímetro nas extremidades para ela não ficar cortante e deve ser dobrada uns 8 centímetros na frente para cobrir os botões do fogão.

Então acenda um fogo baixo , coloque a plata em cima dele e as panelas com a comida pronta em cima da plata.

A quantidade de água dentro da panela deve ser planejada de acordo com o número de horas que ela vai ficar em cima da plata. (Se não souber calcular esse tempo faça uma experiência no meio da semana)

Uma janela deve estar um pouquinho aberta para entrar ar e todos os cuidados devem ser tomados para que o fogo não se apague sozinho no meio do Shabat e não haja vazamento de gás (não deixe panos ou plásticos perto dela para não pegar fogo).

Centenas de milhares de judeus fazem assim no mundo inteiro e com o tempo você pega experiência.

Se o seu gás é de botijão você pode comprar uma balança de banheiro e colocá-la fixa embaixo do botijão para calcular quando ele vai acabar e por precaução trocar o botijão antes do Shabat.

A eletricidade foi classificada como fonte de fogo e por isso acendemos a luz da sala cozinha e banheiro e tudo o que precisa estar aceso no Shabat antes de acender as velas (não podemos apagar fogo ou eletricidade durante o Shabat a não ser em caso de perigo de vida).

O Baal HaTanya diz que pelo fato de as leis de Shabat serem muitas é bom revisá-las constantemente.

Dimensões Místicas do Shabat

A observância do Shabat é um dos fundamentos do judaísmo. A santidade do dia e os mandamentos de guardá-lo e honrá-lo são enfatizados ao longo da Torá.  

O Shabat desempenha um papel central no relato da Criação do mundo e da outorga da Torá, nos Livros dos Profetas e na literatura rabínica de todas as gerações. 

O Shabat é o único ritual que consta nos Dez Mandamentos e é o mandamento cuja observância é enfatizada o maior número de vezes na Torá.

Os Cabalistas ensinam que a Criação é constituída por três categorias básicas: Olam (mundo), Shaná (tempo) e Nefesh (alma). 

A santidade do mundo (Olam) está mais concentrada em Eretz Israel, na Terra Santa, particularmente em Jerusalém e em especial no local onde foi erguido o Templo Sagrado. 

Na categoria de tempo (Shaná), a santidade prevalece no Shabat e nos Yamim Tovim – as festividades judaicas.

De acordo com o judaísmo, a santidade se manifesta no tempo por meio de dias consagrados, seja na semana, no mês ou no ano. 

O conceito de tempo, conforme a Torá, não é uma passagem linear, e sim, uma espiral, uma hélice, que ascende da Criação. 

Há, portanto, uma reversão constante a um padrão fundamental, ou seja, um ciclo de tempo que se repete. 

O que se espera do ser humano é que tal ciclo seja virtuoso e não vicioso – que a hélice ascenda e não descenda. 

O Shabat, tendo sido criado e instituído por D’us, ocorre toda semana, sem exceção. 

Mas espera-se que um Shabat seja melhor que o anterior – que, à medida que passa o tempo, os seres humanos se aperfeiçoem e melhorem o mundo.

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Shabat nas Sefirót 

O ciclo semanal judaico está associado aos sete dias da Criação.

Todo dia é, de certa forma, uma recapitulação do que ocorreu no Gênese.

Cada dia da semana é, portanto, um modelo que manifesta a qualidade especial de uma das Sefirot emocionais, que são os canais de energia Divinos que criaram e que continuam a criar, incessantemente, toda a existência.

O motivo por que o mundo foi criado em sete dias – de fato, a razão por que a semana é constituída de sete dias – é que cada um deles corresponde a uma das sete Sefirot emocionais.

Domingo, o primeiro dia da semana judaica, corresponde à primeira Sefirá chamada de Hessed (Bondade, Amor, Atração).

Segunda-feira, o segundo dia da semana, corresponde à segunda Sefirá chamada de Guevurá (Justiça, Disciplina, Restrição, Severidade).

Terça-feira está associada à Tiferet (Beleza, Compaixão)

Quarta-feira à Netzach (Vitória, Ambição, Eternidade)

Quinta-feira à Hod (Humildade, Majestade, Glória)

Sexta-feira à Yessod (Fundamento, Carisma)

O Shabat, o sétimo e último dia da semana, à Mal’hut (Realeza, Soberania, Liderança). O Shabat representa, portanto, a manifestação pública do Rei dos reis.

O Sétimo Dia é o dia da semana em que a glória de D’us se torna mais perceptível na Terra: é a culminação do processo por meio do qual o Infinito transmite Sua glória das mais altas esferas da existência à nossa.

Todo Shabat é o dia mais sagrado do ano – até mais do que os dias festivos judaicos –, pois é o dia do Rei do Universo. Já os outros dias sagrados do calendário judaico estão ligados ao Povo Judeu celebram ocasiões especiais ou eventos milagrosos que D’us realizou em nosso benefício.

Hashem (D’us) se junta a nós para celebrar essas datas, tornando elas “festas para Hashem” (Levítico 23:4) – dias de confraternização entre os Filhos de Israel e o Hashem.

Mas o Shabat, em sua essência, não está ligado ao Povo Judeu: o Sétimo Dia precede a criação física do ser humano.

O Shabat é o dia do Hashem, que Ele santificou após ter finalizado a Criação do Universo.

Graças a seu grande amor por nós, D’us nos convida para compartilhar Seu dia com Ele.

Esse é um dos significados do versículo que utiliza linguagem metafórica e antropomórfica para descrever a Criação: “O Shabat é um sinal entre Mim e os Filhos de Israel para sempre, pois em seis dias fez D’us os Céus e a Terra, e no sétimo dia, cessou de sua obra e parou” (Êxodo 31:17).

A própria palavra hebraica Shabat está associada a Shuv, “retorno”, que é a raiz de Teshuvá, que significa o retorno a D’us.

Essa associação de palavras revela um dos propósitos fundamentais do Shabat: o retorno à Fonte Primária e Suprema.

Porque o Shabat serve para nos lembrar, constantemente, de que foi D’us quem criou os Céus e a Terra e que, portanto, toda a existência pertence a Ele e Dele depende.

Esse conceito é elucidado por Rabi Haim ibn Attar, o Ohr HaHaim. Em seus comentários sobre o primeiro Shabat da Criação, esse grande e cabalista sefaradi escreve que, no Gênese, D’us criou um Universo que permaneceria em existência por apenas seis dias.

No sétimo dia da Criação, o Hashem criou o Shabat, que, a cada semana, provê ao Universo uma fonte de vida que lhe permite existir por mais seis dias.

Portanto, o Shabat é o canal Divino utilizado para manter o Universo. Na ausênci

a do Shabat, o mundo revertia à não existência.

Os seis dias mundanos da semana judaica, que se iniciam quando termina o Shabat, no sábado à noite, e terminam na sexta-feira, antes do pôr do sol, quando começa o Sétimo Dia, são caracterizados pela descida da plenitude Divina ao mundo.

Durante esses seis dias, o homem tem como missão consertar e retificar a existência.

Isso engloba não apenas a tarefa de melhorar o mundo de forma física e tangível, por meio de esforços e atos construtivos, como exercer uma profissão que contribua com a sociedade, mas também o trabalho espiritual, a busca pelo autoaperfeiçoamento. Essa incessante correção de falhas, o trabalho de aperfeiçoamento de caráter e comportamento, constitui um esforço criativo constante.

A missão de corrigir tanto o mundo como a própria alma do homem que é o microcosmo da Criação, exige ação, ou seja, atos construtivos.

O Shabat, por outro lado, fundamenta-se na passividade, na autoanulação perante a santidade.

Durante a maior parte do dia sagrado, rezamos e estudamos a Torá, que são mandamentos cumpridos por meio de pensamentos e palavras.

Por um lado, são os seis dias que precedem o Shabat que permitem ao homem aperfeiçoar o mundo e sua própria alma. Por outro, o Shabat é a fonte da plenitude para os seis dias da semana que o seguem.

Se não existisse o Shabat, o mundo se esgotaria, tanto física como espiritualmente. Sem o Shabat, não haveria renovação e, portanto, o mundo estaria desprovido da energia necessária para continuar a existir.

O Shabat é o dia de D’us, instituído já no Sétimo Dia da Criação, milênios antes de a Torá nos ser dada no Monte Sinai. A santidade do Shabat, como a luz do sol, é uma dádiva que independe dos seres humanos.

Nenhum dia pode substituir o Shabat. Mas apesar da qualidade de santidade ser um conceito objetivo, o grau de santidade que o ser humano pode presenciar depende de seu preparo e de sua abertura espiritual.

Pode-se viver em Jerusalém e nunca desfrutar da santidade da cidade, pode-se acreditar que a cidade não é diferente de qualquer outra. Assim também em relação ao Shabat.

Por outro lado, quanto mais intensa e sincera for a busca pela espiritualidade durante os seis dias mundanos da semana, mais fácil será sentir a santidade do Shabat.

E quanto mais alto for o nível espiritual de um judeu, mais aguçada será sua percepção da elevação de todos os mundos no Sétimo Dia.

Como mencionamos anteriormente, Shabat é o dia que manifesta a Sefirá de Malchut, Realeza. Esse canal de energia Divino representa a Shehiná – a Presença Divina em nosso mundo.

Além de ser a última Sefirá, Mal’hut é também um receptáculo que recebe a abundância de todas as Sefirot que a precedem. Mal’hut é, por vários motivos, uma Sefirá bastante diferente das demais: é a única Sefirá emocional “feminina”, e, como o Shabat, o dia ao qual está associada, é considerada “passiva”.

Como exemplo dessa associação entre Shabat e Mal’hut e do fato de essa Sefirá ser considerada “feminina” e “passiva”.

É o homem que engravida a mulher: ele é, aparentemente, o agente, o criador da vida. Contudo, na realidade, é a mulher que, após um período de espera, produz uma vida, dando à luz um ser humano.

A mulher desempenha o papel principal na criação de seres humanos. Analogamente, Mal’hut é um receptáculo que recebe de todas as outras Sefirot, mas é ela quem direciona e transmite uma luz unida para o mundo, harmonizando todos os outros atributos Divinos que absorveu, projetando-os para baixo, para dentro da Criação.

Da mesma forma que é a mulher que serve como o canal para a criação da vida, Mal’hut é o instrumento por meio do qual ocorre o processo contínuo de Criação do Universo.

O mesmo conceito se aplica a Shabat, o dia que reflete a Sefirá de Mal’hut. O Sétimo Dia é o dia da passividade, mas é o meio pelo qual o mundo é recriado, o que permite que continue a existir pelos próximos seis dias.

À luz do que foi explicado acima, podemos vislumbrar o papel fundamental que o Shabat exerce em toda a Criação.

Voltando à analogia: assim que a mulher engravida, há um período de gestação de aproximadamente nove meses. Da mesma forma, sabe-se que após semear, é necessário aguardar um período de tempo antes de poder colher.

Se esses períodos de espera não forem respeitados, não nascerá uma criança e não haverá uma colheita.

Assim é o Shabat. D’us ordenou que o homem trabalhasse durante os seis dias mundanos da semana para aperfeiçoar tanto o mundo quanto a si próprio.

A noite do Shabat

Shabat é a manifestação da Sefirá feminina de Mal’hut, a Shehiná (presença Divina), um termo que vem expressar a realidade da presença de D’us nesse nosso mundo material. 

Por isso as mulheres desempenham um papel fundamental no cumprimento da observância desse dia tão sagrado. 

Um dos mais importantes mandamentos do Shabat é o acendimento das velas 18 minutos antes do pôr do sol, na sexta-feira. 

Esse mandamento deve ser cumprido pela esposa do lar e suas filhas. As velas são os  símbolos principais da santidade desse dia, nos indicando a luz espiritual do Shabat e a missão singular da mulher como “representante” da She’hiná nesse nosso mundo.

Na noite do Shabat nossa casa se transforma  em um santuário. A mesa em que é posta a halá, os pães trançados, e as velas de Shabat, simbolizam dois dos principais elementos do Templo Sagrado: o Le’hem HaPanim – os doze pães que os Cohanim, os sacerdotes, comiam todo Shabat, e que representavam o sustento do homem – e a Menorá – o candelabro de sete braços que simbolizava a Sabedoria Divina, a Torá.

Um dos principais rituais do Shabat é o Kidush, feito com um copo de vinho ou suco de uva que tem que ser de uvas de verdade e pode ser feito em casa. 

Nossos Sábios ensinam que o Kidush de sexta-feira à noite é o próprio cumprimento do quarto dos Dez Mandamentos: “Lembre-se do dia do Shabat para santificá-lo”. 

O Kidush, que literalmente significa “separação” ou “santificação”, enfatiza a diferença entre os seis dias mundanos da semana e o sétimo, sagrado. 

A cerimônia do Kidush, além de ser, por si só, o cumprimento de uma Vontade Divina, permite que a alma judia acesse à um estado de tranquilidade e receptividade espiritual.

O Kidush é feito sobre um copo de vinho (sendo este, evidentemente, kasher), pois há um conceito no judaísmo de que ideias e princípios devem se traduzir em atos. 

Portanto, a santificação do Shabat, o Kidush, ocorre não apenas por meio da leitura dos trechos sagrados, mas também do ato de bebermos o vinho. Além disso, o vinho do Kidush lembra o vinho que era ofertado no Templo Sagrado.

O copo do Kidush simboliza a She’hiná – o receptáculo por meio do qual, e no qual, é transmitida a bênção Divina. 

Dentro do copo é despejado o vinho, que evoca a fartura, a plenitude e o poder que advêm de fontes espirituais, sobrenaturais. 

O vinho tinto expressa, de certa forma, um aspecto da segunda Sefirá emocional, Guevurá – Poder, Justiça e Severidade. 

Portanto, há um costume cabalístico de despejar um pouco de água sobre o vinho do copo do Kidush. 

De acordo com a Cabalá, a água representa a primeira Sefirá emocional, Chessed – Bondade e Amor. Uma pequena quantidade de água é despejada sobre o vinho para amenizar a Guevurá – para criar harmonia entre as duas primeiras Sefirot emocionais

Rabi Yehudá Lowe, o Maharal de Praga, um dos maiores cabalistas e Sábios de todos os tempos, conhecido por ter criado o Golem, explica um motivo por que se utiliza o vinho no Kidush.

O Maharal ensina que essa bebida é singular pelo fato de ser não meramente um produto da uva, mas sua própria essência.

Em seu estado natural, a uva é uma fruta como qualquer outra. Antes de comer a uva, falamos a bênção Bore Peri Ha’Etz, que vale para qualquer fruta que cresça em uma árvore.

Contudo, a uva oculta dentro de si suco que pode se transformar em vinho, um produto que, na linguagem antropomórfica do Talmud, “traz alegria a D’us e ao homem”.

Isso significa que a essência e o potencial da uva são muito maiores do que ela própria. A bênção feita sobre o vinho, Bore Peri Ha’Guefen, é singular, pois a essência da uva supera seu estado natural.

O mesmo é verdadeiro, explica o Maharal, sobre o homem.

Como a uva, o corpo do homem oculta uma alma, que é sua essência. O ser humano pode ignorá-la e até feri-la. Mas também é dada ao homem a opção de elevá-la e purificá-la a tal ponto que mesmo o corpo que a encobre seja santificado, permitindo que o ser humano viva neste mundo material e, simultaneamente, acima dele.

Além disso, por meio do Shabat, o homem pode se tornar a própria alma do mundo, dando vida à existência, para que ela possa continuar a existir pelos seis dias que seguem o Sétimo Dia. Por esse motivo, explica o Maharal, a santidade do Shabat é proclamada por meio do vinho.

Falamos o Kidush da noite em pé, porque por meio do Kidush estamos testemunhando de que D’us criou os Céus e a Terra, e, de acordo com a Lei Judaica, toda pessoa deve permanecer de pé enquanto presta testemunho

A manhã do Shabat

De acordo com o judaísmo, a escuridão da noite simboliza a ocultação espiritual. 

A noite de Shabat, horas de escuridão, é comparada a um dos aspectos da She’hiná, a Sefirá chamada de Mal’hut que é comparada à lua que não possui luz própria. 

Já que a noite de Shabat, como a lua, não possui sua própria luz, ela recebe e é preenchida pela luz do dia do Shabat, o dia seguinte. 

Mas já que a iluminação é sentida de forma mais contundente do que a própria fonte de luz, à noite, por exemplo, percebemos a iluminação vinda da lua e não a fonte de luz que ela reflete, é comum sentir a santidade do Shabat de forma mais intensa na sexta-feira à noite do que no sábado. 

Esse fenômeno também se deve ao elemento de novidade – a transição dos seis dias mundanos da semana para o Shabat.

O dia de Shabat, em contraste com a noite anterior, representa não a iluminação, mas a própria luz do Sétimo Dia. 

Em tal dia, encontramo-nos na presença do próprio Altíssimo, acima e à parte de todos os mundos, em um nível denominado pela linguagem da Cabalá de Atiká Kadishá, “o Sagrado Ancião”. 

Esse termo se refere a Keter (Coroa), uma Sefirá tão elevada que nem sequer é considerada uma das 10 Sefirot. Keter é a fonte de todo prazer e desejo. 

Esse nível se manifesta dentro da alma por meio da ligação com o prazer intrínseco do próprio dia do Shabat. 

Portanto, a refeição do dia de Shabat, que é realizada após as rezas matinais na sinagoga, é denominada de a refeição de Atiká Kadishá, pois nela, o homem deve desfrutar do nível do Eterno, a Fonte de todos os prazeres.

Um Kidush também é dito antes da refeição do dia de Shabat. Esse Kidush é chamado de Kidush Rabá, o “Grande Kidush”, mas, na realidade, o texto falado é curto.

A tarde do Shabat

A luz e a revelação do Shabat atingem seu ápice no crepúsculo. Nos dias da semana, a tarde é um período em que a benevolência Divina é gradualmente sobreposta pela severidade Divina. 

O período da tarde dos dias da semana é um momento de vitalidade minguante, associada à Sefirá de Guevurá. 

No Shabat, contudo, ocorre exatamente o oposto: o horário da tarde do Sétimo Dia é considerado o ponto máximo do dia sagrado – o momento da “graça Divina” – de iluminação suprema. 

Não é um momento de severidade Divina, mas, muito pelo contrário, “um descanso de paz, tranquilidade, serenidade e segurança”, como recitamos na oração da Amidá de Minchá do Shabat. 

Desde a época talmúdica, as pessoas se congregavam na sinagoga antes de Min’há para estudar a Torá. Durante a terceira refeição do Shabat, é costume se aprofundar em assuntos relacionados à Torá oculta.

A Despedida do Shabat

Quando termina o Shabat, é realizada a cerimônia da Havdalá, que literalmente significa “separação”. De certa forma, corresponde ao Kidush de sexta-feira à noite.

A Havdalá serve para distinguir o Sétimo Dia sagrado dos demais, mundanos, que estão prestes a se iniciar. Por meio de tal ritual religioso, homenageamos o Shabat ao acompanhá-lo em sua partida, da mesma forma que fomos recebê-lo no dia anterior, por meio das rezas na sinagoga e do Kidush. 

Recebemos o Shabat e nos despedimos dele por meio da luz, as velas de Shabat e da Havdalá. Assim, cumprimos o mandamento de: “Glorifique o Eterno com luz” (Isaías 24:15).

A reza da Havdalá e os objetos utilizados para cumprir esse mandamento, o vinho, a vela trançada e as especiarias, auxiliam a alma a fazer a transição do Shabat para os dias da semana. 

O propósito dessa cerimônia é trazer a luz do Shabat para dentro do mundano, para que os dias da semana não sejam inteiramente cinza, desprovidos de cor, e sim, iluminados pela luz do Sétimo Dia. 

Desde a época talmúdica, era comum fazer uma refeição especial após o término do Shabat – a “quarta refeição do Shabat”, denominada em muitas fontes judaicas de Seudat Melaveh Malka – a refeição para escoltar a Rainha. (O Shabat, que reflete Malchut, a Sefirá “feminina” de Realeza, é frequentemente chamada de “Rainha”). 

Essa refeição é também conhecida como a “refeição do Rei David”, pois complementa as três refeições de Shabat, que representam os três Patriarcas, Avraham, Isaac e Jacob. 

A Cabalá ensina que a Carruagem Divina contém “quatro rodas” – os três Patriarcas e o Rei David. Há, portanto, uma quarta refeição, associada à quarta roda da Carruagem Celestial. 

Como a Havdalá, a Seudat Melaveh Malka é feita em homenagem ao Shabat – uma despedida com celebração e alegria. Da mesma forma que se recebe o Shabat com muita alegria e com uma refeição – o Kidush e o jantar de sexta-feira à noite – o Povo Judeu se despede do dia sagrado com uma refeição festiva – a Refeição da Escolta da Rainha.

A Lei Judaica determina que a Seudat Melaveh Malka deva ser preparada da mesma forma pela qual foram preparadas as outras refeições de Shabat: a mesa deve ser posta, mesmo que não se coma muito. 

É costume utilizar dois pães para essa refeição, como nas outras três refeições de Shabat. Também é costume continuar vestindo as roupas de Shabat durante Seudat Melaveh Malka.

Os Sábios enfatizaram a  importância dessa refeição e os benefícios espirituais recebidos por aqueles que a conduzem meticulosamente. 

Os místicos ensinam que o alimento que se come durante a Seudat Melaveh Malka alimenta um certo osso humano chamado de luz. Não se sabe exatamente onde fica localizado esse osso, mas tem a qualidade singular de não se decompor após a pessoa falecer. Quando acontecer a ressurreição dos mortos, a partir desse osso Hashem (D’us) ressuscitar os corpos daqueles que faleceram

Shabat e o Sétimo Milênio

A Guemará nos conta que os seis dias da Criação correspondem aos seis mil anos de história humana. O sétimo dia, Shabat, corresponde ao sétimo milênio, o “dia em que todos os dias serão Shabat”.

Em seu comentário sobre a Torá, o Ramban, Rabi Moshe ben Nahman explica o versículo do Tehilim (90:4) que diz: “Mil anos em Seus olhos são como um dia que se passou”, e explica como cada um dos seis dias da Criação está associado a um dos milênios da história humana.

Shabat, o dia sagrado que é chamado de “um prazer”, sétimo e último dia da semana, corresponde ao sétimo milênio, a Era Messiânica. 

A era na  qual She’hiná, a Presença Divina, vai se revelar para todos, e toda a Terra estará preenchida do conhecimento Divino como a água preenche o oceano. 

Ou seja, para alguns mais profundamente e para outros mais superficialmente, mas todos vão conhecer Hashem.

Nesses mil anos, a santidade, a bondade e o prazer do conhecimento Divino preencherão o mundo e a humanidade nunca mais conhecerá o sofrimento e a morte.

A Torá nos ordena trabalhar durante os seis dias da semana, para que possamos nos aperfeiçoar e melhorar o mundo que nos foi confiado por Hashem que o criou. 

O sétimo dia, Shabat, é um alívio garantido que ocorre ao final da semana. O mesmo vale para a história da humanidade. 

Por quase seis mil anos, a humanidade trabalhou para melhorar o mundo e tornar a vida nele melhor para seus habitantes. Com a chegada do sétimo milênio, os seres humanos, judeus e não judeus, cada um de acordo com o seu nível, poderão desfrutar dos frutos de seu trabalho.

De fato, a história humana tem início e destino – um destino feliz para todas as pessoas de bem. Por meio do Shabat, foi dado ao Povo Judeu um vislumbre do Mundo Vindouro, uma pequena amostra do que muito em breve chegará. 

Toda semana, durante um dia, somos lembrados do propósito máximo e do destino da Criação, a era em que o mundo todo será aperfeiçoado e todos terão o prazer da revelação Divina aqui no nosso mundo material! 

O Kidush da noite de Shabat

A Guemará nos conta que “aquele que fala o ‘Vaye’hulu’ (o Kidush) na noite do Shabat é considerado como se ele se tornasse parceiro de D’us na criação do mundo”.

A leitura do Kidush na noite de Shabat é uma Mitzvá que recai igualmente tanto para os homens quanto para as mulheres 

A guarda do Shabat é o único ritual judaico que é um dos Dez Mandamentos é um mandamento tanto positivo quanto negativo e por isso recai sobre as mulheres também.  

A Torá nos ordena “lembrar” (Za’hor) e “guardar” (Shamor) o Shabat. 

Shamor – guardar 

“Guardamos” o Shabat por meio de não fazer nenhum dos 39 trabalhos proibidos no Shabat que são chamados de mela’hot. 

Esses 39 trabalhos proibidos de serem feitos no Shabat são chamados de “pais do trabalho”. Também suas derivações chamados de toladot, ou seja, filhos do trabalho, são proibidas de serem feitas no Shabat por serem ramificações derivadas desses trabalhos.

Za’hor – lembrar

 “lembramos” o Shabat falando o Kidush na noite de sexta-feira e no dia de Sábado 

Quando fazemos o Kidush cumprimos o mandamento positivo de “lembrar” do Shabat pelo fato de que o texto do Kidush enfatiza a santidade do dia, a distinção entre o Shabat e os seis dias da semana. 

Sendo que estamos no mundo da ação, para trazer as bênçãos de cima temos que fazer uma ação material que é a sincronização entre o mundo de cima e o mundo de baixo. 

Assim também em relação ao Shabat. Para trazermos as bênçãos do Shabat para esse mundo fazemos o Kidush com um copo de vinho e duas Halot (plural de Halá) que são nada mais e nada menos do que dois pães.

O vinho ou o suco de uva deve ser Kasher, e onde não é encontrado vinho Kasher você pode fazer pessoalmente um suco de uva Kasher para Shabat 

Para facilitar para quem está começando, lá vão umas dicas básicas. Escrevemos essas dicas principalmente para quem mora no interior e não tem facilidade em comprar as coisas para Shabat.

Como fazer em casa o seu vinho para o Kidush:

Pela Halachá um suco de uva verdadeiro também é considerado vinho para o Kidush, aqui vai uma receita para fazer o seu suco de uva “bore pri hagafen” para todos os Shabatot do ano, principalmente se você tem crianças em casa.

Modo de preparo:

1- Compre uvas de qualquer tipo, lave as uvas, separe elas dos galhos e coloque elas dentro de uma panela (de preferência de pressão.

2- coloque a mão sobre as uvas e adicione água e açúcar . Essa água e açúcar tem que preencher somente os espaços entre as uvas e você coloca a mão encima para elas não flutuarem encima da água com açúcar sendo que a água com açúcar tem que preencher somente os “buraquinhos” entre as uvas mas não pode cobrir elas por cima nem se acumular separadamente no espaço de baixo caso elas flutuem, por isso você não deixa elas flutuarem.

3- Tampe a panela , acenda o fogo e deixe ferver um pouquinho.

4- Peneire o conteúdo da panela para uma jarra apertando e amassando totalmente as uvas dentro da peneira com uma colher até que todo o suco passe pela peneira e sobre dentro da peneira somente uma polpa

5- Coloque o suco em garrafas ou em uma jarra.

6- Mantenha o suco na geladeira e só retire para as refeições.

Se você não tiver vinho ou suco de uva kosher, você pode fazer o Kidush sobre o pão e, em vez de dizer a bênção Bore Peri HaGuefen, “que cria o fruto da videira”, você diz a benção, Hamotzi Le’hem min Ha’aretz, “que tira o pão da terra”. 

Quando se usa pão em lugar de vinho, é preciso fazer a Netilat Yadaim antes de fazer o Kidush, para que se possa comer o pão imediatamente quando você termina o Kidush. 

Netilat Yadaim 

A Netilat Yadaiim é um jeito específico de se lavar as mãos. Antes de comer o pão, você pega um copo bem grande com a mão direita, enche ele de água e passa esse copo com a água para a mão esquerda.

A mão esquerda joga água três vezes sobre a mão direita e passa o copo para a mão direita. A mão direita joga água três vezes sobre a mão esquerda. Você faz a Brahá, a benção de Netilat Yadaiim e começa a falar o Kidush. Nesse caso, no lugar da Brahá do vinho no meio do Kidush você fala a Brahá do pão.

Mas em uma situação normal, quando você fez o Kidush sobre o vinho ou suco de uva, você bebe o vinho no final do Kidush e depois faz a Netilat Yadaiim e a Brahá do pão sobre dois pães. Entre a Brahá da Netilat Yadaiim e a ação de comer um pedaço do pão depois da Brahá, não podemos falar para não fazer uma interrupção entre a Brahá e a ação. Depois que você comeu um pedaço do pão já pode falar Novamente.

O motivo de enchermos o copo com a mão direita e darmos o copo cheio para a mão esquerda jogar a água três vezes sobre a mão direita é uma sincronização espiritual que está ligada às Sefirót lá em cima.

Tanto a água quanto o lado direito estão ligados à Hessed, e o lado esquerdo está sincronizado com a Guevura. Por meio de enchermos o copo de água com a mão direita e passarmos ele para a esquerda para que ela comece o trabalho de purificação, subjugamos a Guevurá e ela se torna um acessório da Hessed 🌻🌻🌻🌻

 

Os 39 “pais” dos trabalhos proibidos no Shabat:

Aprendemos os 39 trabalhos proibidos no Shabat dos 39 trabalhos feitos para construir o Mishkan que era o nosso Templo Móvel no deserto.

Esses 39 trabalhos são as matrizes de todos os trabalhos proibidos no Shabat, e sendo que cada um desses trabalhos representa uma categoria e cada categoria tem suas ramificações dentro da mesma categoria, o número de trabalhos proibidos no Shabat fica maior do que 39.

Nossos Sábios, usando o direito que a Torá lhes deu de que “O que é decretado no Beit Din aqui embaixo é decretado no Beit Din lá em cima”, fizeram algumas cercas envolta da Torá para nos proteger de fazermos uma transgressão.

As leis de “Muktse” são um exemplo dessa preocupação que eles tiveram por nós.

Um objeto de uso especificamente proibido no Shabat, como por exemplo, um isqueiro (que só serve para acender fogo, ação proibida no Shabat) , ou uma caneta (que só serve para escrever, que também é proibido no Shabat) são chamados de “Muktse” e se torna proibido tocar neles no Shabat.

Quando há perigo de vida no Shabat:

Em caso de dúvida em relação a um perigo de vida durante o Shabat devemos fazer tudo o que for necessário para a pessoa que está necessitando.

Por exemplo: uma mulher precisa dar a luz, levamos ela para o hospital de carro, de ambulância ou de táxi, caso uma criança tenha ficado em casa , você deixa a mulher dando a luz no hospital e volta para cuidar das crianças porque crianças pequenas sem alguém cuidando também são um perigo de vida. Tudo o que é necessário para socorrer alguém está liberado no Shabat, mas só o que é necessário para isso como ligar o carro, ir para o hospital e voltar para cuidar das crianças sem desligar o carro (deixe alguém que não é judeu desligar)

39 categorias de trabalhos são denominados “trabalhos matrizes” (“avot melahá”). Nossos sábios, identificaram o caráter básico de cada um – por sua finalidade ou pelo modo como é feito – e apontaram uma série de outros atos aos quais esses aspectos se aplicam; consequentemente, estão incluídos nos trabalhos proibidos pela Torá, sendo derivados e/ou ramificações dos trabalhos matrizes

Além disso, há vários trabalhos que nossos sábios nos restringiram de fazer, para ter no Shabat uma atmosfera menos ligada ao cotidiano e também para não transgredir qualquer proibição da Torá. Vale notar que os acréscimos dos sábios às leis da Torá têm aprovação Divina, pois a própria Torá nos ordena obedecer os sábios.

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39 trabalhos proibidos no Shabat:

Os 39 trabalhos matrizes proibidos no Shabat estão enumerados a seguir, acompanhados de exemplos práticos para vermos como e onde eles se aplicam hoje em dia:

1. “Arar” – cavar a terra, tornando-a mais propícia ao plantio.

Exemplos: revolver a terra com ajuda de animal, arado ou trator; arrastar um banco pesado ou brincar com bolas de gude sobre o solo.

2. “Semear” – ato para estimular o crescimento da planta.
exemplos: jogar sementes frutíferas na terra; colocar flores num vaso com água; colocar adubo ou inseticida numa planta.
3. “Colher” – desenraizar uma planta do local onde cresceu.

exemplos: cortar grama; colher frutas. Nossos sábios proibiram subir em àrvores ou se balançar em uma balança pendurada em um galho de árvore ou deitar em uma rede pendurada entre duas árvores

4. “Agrupar a colheita” – agrupar cereais, frutos ou vegetais no local onde cresceram.
exemplos: agrupar laranjas que caíram da àrvore; fazer um buquê de flores.

Esse trabalho só se aplica a derivados da terra e no local onde nasceram. Portanto, é permitido juntar livros no jardim ou maçãs espalhadas na cozinha.

5. “Debulhar” – separar a parte utilizável (desejada) dos produtos da terra da inutilizável (indesejada), usando força ou pressão.
Antigamente, para separar a semente da casca do cereal, usava-se uma tábua especial amarrada a um animal, que arrastava-a sobre os grãos, separando-os.
exemplos: fazer suco de uva; ordenhar vaca; espremer suco de fruta cítrica; tirar ervilha da casca (se a casca não for comestível).

É permitido espremer suco de limão diretamente sobre salada ou peixe para temperá-los, se estes não contêm nenhum líquido.

6. “Dispersar o grão ao vento” – jogar sementes ao vento para separar a parte utilizável (desejada) da não utilizável (indesejada).
Uma forma que usava-se antigamente para separar as cascas dos grãos era jogar o cereal ao vento; assim a palha que é mais leve voava enquanto os grãos caíam no solo.

exemplos: cuspir em direção ao vento; assoprar em amendoins para que as cascas voem e se separem.

7. “Selecionar e separar” – alimento não utilizável (indesejado) do utilizável (desejado) ou separar de acordo com diferentes tipos.
exemplos: separar a cebola (que não se quer comer) da salada; separar uma fruta estragada das demais; usar um descascador; descascar frutas ou legumes (mesmo com faca ou a mão) com antecedência; selecionar alimento sólido de uma sopa por meio de escumadeira; classificar utensílios, brinquedos ou livros de acordo com tamanhos e tipos.

É permitido descascar frutas ou legumes com faca ou a mão (não com descascador), desde que seja pouco tempo antes ou durante a refeição.

8. “Moer” – desfazer algo sólido em pedaços muito pequenos.

exemplos: ralar legumes, picar verduras em pedaços pequenos, amassar batata cozida com amassador; amassar banana ou abacate com garfo; serrar madeira com interesse na serragem.

Por esse motivo nossos sábios proibiram tomar remédios ou vitaminas em Shabat, exceto em caso de doença sendo que os ingredientes do remédio eram moidos na hora.

É permitido amassar com garfo alimento que não cresce na terra (como ovo cozido) ou esfarelar pão ou bolo.

9. “Peneirar” – separar alimento utilizável (desejado) do não utilizável (indesejado) por meio de peneira, coador ou similar.

exemplos: peneirar farinha; coar vinho num coador especial; peneirar areia.

10. “Fazer massa” – formar massa consistente, misturando ingredientes.
exemplos: fazer mingau (cereal em pó + leite), gelatina (pó + água), creme de chocolate (cacau ou chocolate em pó + margarina) ou cimento (cal + água); misturar purê de batata com manteiga ou margarina; misturar maionese com ketchup, formando consistência pastosa (se for líquida, é permitido).

É permitido misturar cereal em flocos com leite. Ao fazer mingau de cereal em pó para beber, deve-se colocar primeiro o leite no prato e depois acrescentar o cereal, formando uma massa líquida (não sólida).

11. “Assar/cozinhar/fritar” – colocar alimento sobre fogo ou qualquer fonte de calor, como chama aberta, chapa elétrica, brasa, chapa de metal pré-aquecida ou até em banho-maria na panela que já esteve por cima do fogo ou da chapa. Exige-se muita prudência ao aquecer alimentos no Shabat para não chegar a transgredir esta proibição, que inclui inúmeros detalhes.
exemplos: esquentar alimento sobre fogo; misturar alimento que ainda está na panela onde foi cozido (exceto água); tampar panela (que está sobre a chapa) se a comida não estava totalmente cozida na entrada do Shabat; abrir torneira de água quente.

Para ter comida quente no Shabat, deve-se deixar previamente os alimentos por cima de um fogo coberto por uma chapa de metal ou numa chapa elétrica (costuma-se cobrir os botões para não regulá-los distraidamente);

É permitido aquecer alimento sólido (sem molho ou gordura) por cima (mas não dentro) de panela que se encontra nesta chapa. É permitido cozinhar diretamente no calor do Sol, mas não sobre algo que foi previamente aquecido pelo Sol; portanto, pode-se esquentar um ovo no calor dos raios do Sol sobre prato, panela ou frigideira fria (se o utensílio foi previamente esquentado no Sol, é proibido), mas é proibido utilizar água quente de aquecedor solar.

12. “Tosquiar” – aparar pelos que cresceram no corpo do animal ou do homem.

exemplos: depenar ave; cortar cabelo; cortar ou roer unhas; passar pente ou escova nos cabelos (que podem arrancar os cabelos) tirar sobrancelhas.

13. “Lavar” – tornar tecido ou roupa mais limpo.
exemplos: tirar qualquer mancha; deixar tecido de molho; colocar roupa na máquina; torcer pano molhado; pendurar roupa molhada para secar.

É permitido jogar água sobre objeto de couro sem esfregá-lo.

14. “Desembaraçar a lã não trabalhada”. A lã extraída do carneiro quando tosado encontra-se embaraçada e repleta de elementos estranhos como terra e areia. Antigamente passava-se uma espécie de pente para retirar impurezas e desembaraçá-la.

exemplos: pentear fios de lã, linho ou algodão.

15. “Tingir” – alterar ou fortificar a coloração.
exemplos: tingir tecidos; alterar cores através de recursos químicos; pintar qualquer objeto com rolo, pincel ou spray; passar batom nos lábios ou maquiagem nos olhos ou no rosto; enxugar as mãos num tecido com sujeira que pode acabar colorindo o tecido como alimentos entre os quais morango, vinho, etc.

É permitido alterar a coloração de alimentos para melhorar seu sabor. Pode-se usar guardanapos de papel para enxugar as mãos.

16. “Fiar” – esticar e enrolar manual ou mecanicamente lã ou outra matéria prima já penteada e tingida.

exemplos: enrolar fios do tsitsit.

17. “Esticar o fio para prepará-lo para tecer” – esticar os fios entre os dois extremos da roca (máquina de fiar).

exemplos: esticar fios (numa direção) em moldura de tear manual, como para iniciar a tecer um tapete.

18. “Passar o fio entre dois anéis” – no tear, os fios são passados por vários anéis que se alternam entre si, subindo e descendo, para compor o tecido.

exemplos: fazer uma peneira; entrelaçar cesta de vime ou cadeira de palha.

19. “Tecer” – entrelaçar fios no sentido horizontal por entre fios esticados verticalmente. Com este trabalho confecciona-se o tecido propriamente dito.

exemplos: fazer tricô ou tapeçaria; trançar corda ou fios.

20. “Desfazer os fios a fim de retocá-los”

exemplos: puxar fio solto na roupa; retirar tapete da moldura onde foi confeccionado.

21. “Atar” – dar nó que não se desfaz facilmente.
exemplos: fazer nó de marinheiro; apertar nó de tsitsit; fazer nó duplo; trançar dois fios para formar corda; juntar dois cordões com um nó, formando um só cordão.

É permitido fazer nó de gravata ou amarrar o sapato (mesmo se não for desfeito dentro de 24 horas), pois na verdade trata-se de laço, que não é considerado nó.

22. “Desatar” – desfazer um nó (o qual não teria sido permitido fazer no Shabat).
exemplos: desatar fio que junta par de meias novas; desfazer nó duplo; desatar corda, separando os fios individualmente.

Se um laço no sapato complicou-se e acabou formando um nó, é permitido desfazê-lo de forma não usual (com shinui) se tiver que tirá-lo.

23. “Costurar” – unir dois tecidos ou materiais em geral.
exemplos: fazer bainha de roupa; colar papéis com fita adesiva ou cola; puxar e/ou enrolar fio de botão que está caindo para torná-lo mais firme.

Zíper ou velcro não são considerados costura e, portanto, é permitido abrir ou fechá-los no Shabat.

24. “Rasgar intencionando suturar” – rasgar qualquer material para uni-lo depois.
exemplos: descosturar a fim de costurar novamente; abrir envelope colado ou lacrado.

É permitido rasgar saquinho de papel ou plástico para retirar o alimento de maneira que o saquinho não será reaproveitado (com cuidado para não rompê-lo no meio de letras impressas nem descolá-lo).

25. “Caçar” – aprisionar um animal vivo e impedir que se livre.
exemplos: perseguir animais com cachorro de caça; tampar uma garrafa onde um mosquito entrou; espalhar ratoeira.

É permitido prender e/ou matar animais (como cobra ou serpente) quando são ameaça iminente à vida da pessoa.

26. “Abater” – Tirar a vida de um animal.
exemplos: fazer o ritual da shchitá; borrifar inseticida; pescar; espalhar veneno contra animais ou insetos; causar hematoma; tirar sangue de pessoa ou animal.

É permitido aplicar repelente sobre o corpo, pois não se está matando os insetos, e sim impedindo que se aproximem.

27. “Pelar o couro” – retirar pele de animal morto.
exemplos: separar couro em camadas.

É permitido retirar a pele do frango cozido (próximo ou durante a refeição), pois é considerado parte do alimento.

28. “Curtir o couro” – preparar couro, usando sal, cal, ou outros meios.
exemplos: engraxar sapato de couro mesmo com graxa incolor; salgar a carne crua após o abate; colocar legumes para curtir; devolver um pepino azedo meio curtido para salmoura.

É permitido temperar uma salada, próximo à refeição, colocando outros temperos antes ou junto com o sal.

29. “Alisar o couro” – retirar pêlos e imperfeições do couro.
exemplos: lixar algo; alisar argila; colar vela com chama de fogo (mesmo nos dias festivos); passar creme na pele.

Em caso de doença é permitido aplicar pomada (de forma não habitual – com shinui) numa ferida, sem alisá-la (mesmo que se alise por si só).

30. “Demarcar o couro” para cortá-lo.

exemplos: traçar linhas para escrever sobre elas; fazer pontilhado para saber onde dobrar ou cortar o objeto.

31. “Cortar” seguindo uma certa medida.

exemplos: cortar um desenho seguindo o pontilhado; arrancar folhas de caderno; apontar lápis; cortar papel higiênico ou saquinho plástico de um rolo; separar lenço de papel quando um está preso ao outro; serrar madeira ou metal; cortar pano; separar páginas de um livro quando estas não foram cortadas na gráfica.

32. “Escrever” ou esculpir letras, figuras ou sinais que sirvam como códigos de comunicação.
exemplos: escrever com dedo sobre líquido que derramou na mesa, num vidro embaçado ou na areia, carimbar, unir peças de quebra cabeças; bordar letras ou figuras.
Nossos sábios proibiram uma série de ações em que é quase automático o uso da escrita, como negociar (pois implica em fazer contrato); medir ou pesar algo; dar um presente; trabalhar no Shabat em troca de um salário diário; fazer contas de matemática; ler no jornal propaganda sobre compra e venda de móveis ou imóveis.

É permitido medir febre com termômetro não digital no caso de necessidade.

33. “Apagar” – anular qualquer escrita ou código comunicável com a intenção de reescrever no mesmo local.
exemplos: apagar lousa escrita com giz; apagar com borracha; cortar embrulho onde há letras escritas; cortar letras carimbadas ou coladas em frutas.
Nossos sábios proibiram ler listas de qualquer tipo para não chegar a apagar algo da lista.

É permitido comer alimentos cujas letras são parte do próprio alimento, como biscoitos (neste caso, as letras e o alimento são considerados um único elemento). Porém, quando o alimento e as letras são compostas de materiais diferentes, como letras escritas com creme sobre um bolo de chocolate, as letras devem ser retiradas por completo antes de cortar o bolo.

34. “Construir” – ação ligada à montagem ou construção.

exemplos: todas as tarefas relativas à construção, como cavar, encaixar portas e janelas, furar ou bater prego na parede, etc.; montar tenda; abrir guarda-chuva; montar qualquer utensílio; fazer queijo; fazer trança de cabelos; usar spray para fixar penteado.

35. “Destruir ou demolir” com a intenção de reconstruir no local.

exemplos: retirar telhas do telhado; arrancar prego da parede; arrombar porta; desfazer tenda; desfazer caixa de madeira; desmanchar trança de cabelos.

36. “Acender fogo” – aumentar, prolongar ou propagá-lo.

exemplos: riscar fósforo; acender chama de gás; ligar luz elétrica (por isso é proibido abrir porta de geladeira que automaticamente acende a luz interna; a lâmpada da geladeira deve ser desativada ou afrouxada antes do Shabat); acrescentar azeite numa lamparina; ligar motor do carro; acelerá-lo; obter faíscas através do atrito entre duas pedras; refletir a luz do Sol em lente de aumento para queimar papel.

37. “Apagar fogo” ou diminui-lo.
exemplos: apagar fogo através de vento (abrindo janela), areia ou sopro; abaixar fogo ou chama de gás; desligar luz elétrica; retirar azeite de uma lamparina; desligar motor do carro.

Nossos sábios proibiram ler à luz de azeite, pois estando concentrada na leitura a pessoa pode esquecer que é Shabat e mexer no pavio ou no azeite para enxergar melhor.

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38. “Terminar a manufatura de qualquer objeto” (denominado “bater com martelo”, pois o ferreiro termina sua obra com uma última martelada) – dar o “toque final” para que um objeto possa ser utilizado.
exemplos:
Afiar uma faca; desentortar um garfo; colocar o cordão em um sapato novo; retirar fios deixados por costura; cortar uma lasca de madeira para usar como palito de dentes; encaixar pé que se soltou da cadeira; apertar parafuso para recolocar lente de óculos.
Nossos sábios proibiram mergulhar qualquer utensílio no mikve; nadar no mar; remar; tocar instrumentos musicais.
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39. “Transportar de propriedade particular para pública e vice-versa” – transportar, jogar, entregar, empurrar ou fazer qualquer tipo de transferência de uma área de propriedade pública para uma de propriedade privada ou vice-versa, a não ser vestir roupas e outros adornos como kipá, óculos de grau, jóias, etc. Também é proibido carregar qualquer objeto num perímetro equivalente à distância de 1,92 m, em área de propriedade pública.
exemplos: sair para a rua com lenço ou chave no bolso; mastigando bala ou chiclete; com botão solto na roupa; com óculos de leitura ou de sol; entregar ou jogar um objeto pela janela ou porta de residência particular para alguém que se encontra na rua ou vice-versa.
Se a pessoa encontra-se numa propriedade pública e se dá conta que está com algum objeto no bolso, não deve parar; se o objeto não for de valor, deve deixá-lo cair enquanto continua andando (sem dar uma parada); se for de valor, deve continuar andando até voltar à propriedade particular de onde saiu com o objeto no bolso, sem parar no caminho.

É permitido levantar um grampo de cabelo que caiu na rua e recolocá-lo no cabelo se não ultrapassar 1,92 m ao fazê-lo.

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Além dos 39 trabalhos matrizes existem outras tarefas proibidas determinadas pelos Sábios de Israel da época do Beit Hamikdash usando o direito que a Torá lhes deu para isso de “Tudo o que é decretado no Beit Din aqui embaixo é decretado no Beit Din lá encima, no Tribunal Divino.

As leis da Torá são chamadas de leis “Deoraiita” e as da Mishná (determinadas pelos Sábios de Israel) são chamadas de leis “Derabanan”. Eles fizeram “cercas para a Torá” e no caso do Shabat fizeram essas “cercas” para que o Shabat seja completamente diferente de um dia comum da semana. A seguir veremos alguns exemplos:

A proibição de transformar um sólido em líquido; assim, não se pode desmanchar gelo na mão para beber o líquido que se forma, embora seja permitido colocar gelo num copo com água para gelar a água; não se pode usar um sabonete sólido, pois se transforma em líquido. É permitido usar sabonete líquido (não pasta) , costumamos acrescentar água ao sabonete líquido para que ele fique líquido de verdade.
A proibição de fazer algo que, embora não seja proibido por si só, pode parecer proibido aos olhos do observador ; por exemplo, ligar um aparelho num timer antes do Shabat (quando usualmente não é usado assim), como para forno de microondas, aparelho de televisão, rádio, etc. O observador vai achar que você ligou isso no Shabat e vai concluir que é permitido ligar isso no Shabat (é permitido usar um timer para luz elétrica, aquecedor ou ar condicionado.)
A proibição de realizar no Shabat tarefas que destoam da santidade do dia; por exemplo um moinho cujo dono é judeu não pode funcionar no Shabat; não é permitido assistir TV, ao passar por um aparelho que esteja ligado mesmo que este não nos pertença.

A proibição de falar no Shabat sobre assuntos mundanos; por exemplo, programar no Shabat um trabalho que será feito durante a semana (se esta é tarefa proibida de se realizar no Shabat).

Muktze:

Nossos Sábios decretaram a proibição de manusear objetos proibidos de serem usados no Shabat que são chamados de Muktze. Uma máquina fotográfica, instrumento musical, caneta, vela, fósforo, tesoura, etc no Shabat viram Muktze. Também é proibido manusear animais em geral, isso também é chamado de “Muktze”. Podemos dizer que o cachorro no Shabat é Muktze.

Algumas das categorias de Muktze:

1 – Objetos que não tenham uso designado, como: pedras, plantas, flores num vaso, comida crua não-comestível no estado atual, como feijões , ou até uma batata crua; um objeto que foi quebrado e não pode mais ter utilidade, como uma tigela quebrada, um botão que caiu da roupa; e o que se compara à isso

2 – Objetos de valor ou aqueles que seriam usados apenas para sua tarefa designada, por medo de danificá-lo, por exemplo: Itens caros, como câmera, decoração de cristal; ferramentas profissionais: bisturi, fiação elétrica; documentos importantes: passaporte, certidão de nascimento; e o que se compara à isso.

3 – Objetos que estão proibidos de serem usados por causa de proibição na Torá, ex.: alimentos não-casher, vasilhas que ainda não foram imersas num Mikve , chamêts em Pêssach; também estão incluídos objetos usados para uma mitsvá, como Tefilin, cobertura de folhas da Sucá que caíram e o que se compara à isso.

4 – Um objeto cujo propósito fundamental é para uma atividade proibida no Shabat, ex.: martelo, grampeador, caneta. No entanto a pessoa pode mover estes objetos se:

a) forem necessários para uma atividade permitida no Shabat e não há outra coisa que possa realizar aquela tarefa, ex., um martelo para abrir um coco ou uma lista telefônica para melhorar o assento

b) O local que o objeto ocupa é necessário, ex., se uma caneta está sobre uma cadeira e você quer sentar-se ali.

Qualquer coisa sobre a qual fique um objeto muktze é uma base – base para o muktze e ela própria se torna um muktze se:

A – O item muktze foi deixado sobre o objeto intencionalmente, para que continue ali durante pelo menos parte do Shabat;

B – O objeto foi colocado ali pelo dono ou com o conhecimento do dono;

C – No início do Shabat, a base apoiava apenas o muktze e nenhum item não-muktze. Um exemplo de base encontrado em todo Shabat são as velas do Shabat sobre a mesa. Os castiçais são muktze, e não podem ser removidos da mesa no Shabat. A mesa que apoia os castiçais podem assim se tornar uma base para muktze e o próprio muktze, impedindo-a de ser movida se necessário.

Para remediar isto, simplesmente colocamos um outro item não-muktze exigido para o Shabat sobre a mesa enquanto arrumamos as velas como o vinho do Kidush ou as halot ou o Sidur. Assim, embora os castiçais sejam muktze, a mesa contém também a halá ou o livro de orações e portanto não é muktze.

 

Quais tipos de trabalho sua ajudante não judia pode fazer para você no Shabat

Os trabalhos permitidos para você fazer no Shabat, como por exemplo varrer a sala ou lavar a louça com detergente liquido diluído em um pouco de água e usando uma escova que não absorve água, obviamente são permitidos para ela fazer.

Você dá a ela a opção de lavar a louça com detergente liquido diluído em um pouco de água e usando uma escova que não absorve água, e se ela por si só mudar para a esponja que absorve água não há problema, sendo que você deu a ela a opção de fazer isso da maneira que é permitida para você

Em relação aos trabalhos que são proibidos para você é permitido para sua ajudante não judia te ajudar no Shabat e no Yom Tov desde que você não viole uma das duas proibições estabelecidas pelos nossos Sábios:

A primeira é não dizer para ela explicitamente fazer um trabalho para você, mas apenas sugerir esse trabalho por meio de uma indireta.

Como por exemplo, você diz para ela:

Bom dia Layal, hoje está tão quente… pena que eu não posso ligar o ventilador….

Aí ela entende sozinha e liga o ventilador

Ou você já pede para ela na sexta feira de dia para ela ligar o ventilador ou o ar condicionado no Shabat

E a segunda, que você não pode usufruir do trabalho da ajudante não judia em algo que você não teria como usufruir sem o trabalho dela.

No caso do ventilador ou do ar condicionado, você consegue passar o Shabat sem o ventilador ou o ar condicionado

A permissão de dar uma indireta para ela acender uma luz só se aplica a um lugar onde já há um pouquinho de iluminação e você poderia usar esse lugar sem o trabalho dela

Nesse caso é permitido para você dar uma indireta para ela acender a luz

Ou dar uma indireta para ela apagar a luz ou o forno, porque nesse caso você não tem um prazer direto desse trabalho.

Mas dar uma indireta para ela colocar a sopa em cima da chapa elétrica para a sopa esquentar você não pode, porque você não comeria a sopa fria, e o fato de ela esquentar a sopa te daria um proveito direto do trabalho que ela fez no Shabat

Em caso de uma grande necessidade ou no caso de uma Mitzvá, nossos Sábios deram a permissão para pedir explicitamente para a ajudante não judia fazer uma proibição de Darbanan,

E às vezes eles até permitiram pedir para ela fazer uma proibição da Torá.

E sendo que cada caso é um caso, essas leis precisam ser estudadas detalhadamente e com muita precisão.

T’hum Shabat תחום שבת 

שמות טז29: “רְאוּ, כִּי ה’ נָתַן לָכֶם הַשַּׁבָּת, עַל כֵּן הוּא נֹתֵן לָכֶם בַּיּוֹם הַשִּׁשִּׁי לֶחֶם יוֹמָיִם; שְׁבוּ אִישׁ תַּחְתָּיו, אַל יֵצֵא אִישׁ מִמְּקֹמוֹ בַּיּוֹם הַשְּׁבִיעִי”

משמעות הלכתית

בתורה לא נאמר בדיוק מהו ה”מקום” שצריך להישאר בו. בדברי חז”ל מצאנו שני פירושים:

1. “שבו איש תחתיו – מכאן סמכו חכמים ד’ אמות ליוצא חוץ לתחום: ג’ לגופו, וא’ לפישוט ידים ורגלים” (רש”י). “מקומו” המצומצם של אדם הוא 4 אמות, ולכן אסרו לטלטל חפצים 4 אמות ברשות הרבים.

2. “אל יצא איש ממקומו – אלו אלפים אמה של תחום שבת. ולא במפורש, שאין תחומין אלא מדברי סופרים; ועיקרו של מקרא על לוקטי המן נאמר” (רש”י). “מקומו” של אדם הוא גם העיר שהוא נמצא בה, וסביב העיר היה מגרש של אלפיים אמה, במדבר לה5: “וּמַדֹּתֶם מִחוּץ לָעִיר אֶת פְּאַת קֵדְמָה אַלְפַּיִם בָּאַמָּה וְאֶת פְּאַת נֶגֶב אַלְפַּיִם בָּאַמָּה וְאֵת פְּאַת יָם אַלְפַּיִם בָּאַמָּה וְאֶת פְּאַת צָפוֹן אַלְפַּיִם בָּאַמָּה וְהָעִיר בַּתָּוֶךְ זֶה יִהְיֶה לָהֶם מִגְרְשֵׁי הֶעָרִים”, ולכן אסרו לצאת מתחום 2000 אמה שסביב העיר, גם בלי לטלטל.

3. בעבר, ה קראים פירשו מקומו = ביתו, ולכן אסרו לצאת מהבית בשבת. אולם בשלב מאוחר חלקם קיבלו את תחום השבת הרבני.

בדומה לזה, הקהילה היהודית האתיופית נהגה להימנע מלחצות נחלים ו ימות בשבת. אחד הפירושים של כינוי הקהילה “כּאילא” או “קאיילה” הוא “אחד שלא חצה את הנחל” או “הם לא חצו”, המתייחס למנהגם זה. (ע”פ ויקיפדיה, תחום שבת).

לדיון מפורט בנושא זה, ראו אל יצא איש ממקומו ביום השביעי / דרישת ה’ באמצעות חקר המקרא(קישור חיצוני).

משמעות רוחנית

ישנה דעה מקובלת, שהוצגה בצורה הברורה ביותר ע”י אברהם יהושע השל, לפיה “השבת היא מקדש בזמן”. ישנה קדושה במימד המקום – ארץ ישראל, ירושלים, בית המקדש; וישנה קדושה במימד הזמן – והיא השבת. מימד הזמן הוא רוחני ומופשט יותר, וכך גם השבת היא קדושה רוחנית ומופשטת יותר.

אולם, הפסוק שלנו מלמד, שדעה זו אינה נכונה. זוהי המצוה הראשונה שבני ישראל מקבלים ביחס לשבת, והיא קשורה דווקא למקום – “אל יצא איש ממקומו”!

(אגב, גם במשנה, מסכת שבת מתחילה דווקא מהאיסור של הוצאה מרשות לרשות, ומקדישה לה הרבה יותר פרקים מלכל שאר המלאכות האסורות!).

השבת היא אכן קדושה במימד הזמן – אבל היא קשורה גם למקום – מטרתה היא להחזיר לאדם את מקומו.

בחברה המערבית המודרנית, האדם הולך ומתנתק מהמקום הפיסי: בונה גורדי שחקים, וגר בקומה גבוהה, מנותק מהקרקע; נמצא כל הזמן בתנועה ובנדידה. הרבה אנשים מתלוננים ש”אין לי מקום”, “אין לי מרחב”.

הניתוק הזה מהמקום נוצר עם החטא הראשון – כשאדם חטא, הוא התבייש, וגורש מגן עדן; כשקין חטא, הוא גורש עוד הלאה, לנדוד בכל הארץ.

אולם השבת היא בחינה של תשובה (שַבָּת – היפך בֹּשֶׁת); בשבת, אדם חוזר למקומו; הוא לא צריך לנדוד, הוא יכול להישאר באותו מקום, “אל יצא איש ממקומו” (ע”פ הרב ראם הכהן, ליל הושענא רבה ה’תשע”ג).

ומעניין שגם בימינו, חלק גדול מהמאבקים על השבת קשורים לנסיעה – שומרי השבת רוצים לשמור על המקום שלהם, שיהיה נקי ושקט ומוגן מהשפעות חיצוניות.

היום, אנשים רבים נוסעים להודו, רק כדי לחפש מקום שבו יוכלו לשבת במנוחה.

אילו כולנו היינו שומרים שבת, אולי לא היה לנו צורך ליסוע להודו – היינו לומדים את החיבור למקום, ומוצאים מנוחה

במקומנו. במקום ליסוע להודו – “הודו לה’ כי טוב”…

“O vazo chinês”

Um comerciante judeu muito rico tinha alguns filhos. Cada filho ficando adulto entrava no mundo dos negócios e tinha muito sucesso.

Certa vez o comerciante desabafou com o seu Rebe e disse:- Graças a D’us não me falta dinheiro , muito pelo contrário, tenho muito mais do que possa usar em vida, fora o dinheiro que meus filhos fizeram com seus próprios negócios ainda vou deixar para eles uma bela herança, mas uma coisa me magoa.

Temos dinheiro mais do que o suficiente e cada filho que cresce quer fazer mais dinheiro , gostaria muito que um filho meu se tornasse um grande rabino, escrevesse livros e vinculasse o nome da nossa família à obras de literatura imortais.

Mas meu filho caçula , minha última esperança, também já está dando sinais de que vai ser mais um comerciante e fazer mais dinheiro . Por que eles só pensam em dinheiro? Rebe , me explique, como isso me aconteceu?

O Rebe sofreu com o sofrimento do rico comerciante e um momento antes dos dois começarem a chorar o Rebe exclamou :- Me convide para o Shabat, eu quero ver o que está acontecendo na sua casa !

No Shabat, depois do Kidush, o filhinho começa a brincar com as velas de Shabat apagando uma vela . A mãe quase que reclamou mas o pai a acalmou imediatamente dizendo :- Ele só é uma criança pequena !

O filhinho continuou brincando e arrancou uma folha do livro de rezas, novamente o pai diz :- Ele é uma criança pequena !

A criança continuou brincando e quebrou sem querer um vazo chinês. O pai ficou paralisado, ficou branco, a respiração parou, o filhou ficou com medo dessa estranha mudança no pai e parou assustado.

O pai, com voz tremula, mistura de choro e medo, encarou a criança cara a cara, e com uma voz tremula cheia de temor disse :- Filho, você sabe o que você fez ? Você sabe o que é um vaso chinês ? Você sabe quanto esse vaso custa ? Você sabe quanto esse vaso viajou até chegar aqui e que cuidados tivemos com ele para que não quebrasse durante toda a viajem? Você sabe que o papai foi para a China comprar esses vasos e a mamãe ficou dois meses sozinha esperando o papai chegar com os vasos? Você sabe que…..!

Mas antes de ele dizer mais uma palavra , a “criança pequena” , rompeu em prantos e prometeu que nunca mais vai quebrar um vaso chinês e que sempre vai se comportar com o devido respeito aos vasos chineses e etc etc etc ….E os dois se abraçaram e choraram juntos pela grande tragédia que tinha acontecido.

Agora estava claro, a criança já tinha entendido que a única coisa valiosa no mundo , que justifica deixar a mamãe sozinha por dois meses, que merece atenção e cuidado, que faz o papai ficar sério e atordoado, não é a Torá mas sim…..o vaso chinês !

Moshe , em suas ultimas semanas de vida poderia passear com a família , comer, beber, jogar conversa fora.

Mas, quando a família e o povo viram que Moshe ,a pessoa mais importante do mundo , nas ultimas semanas da sua vida está tão ocupado com o que? Traduzindo a Torá para setenta línguas para facilitar o estudo da Torá aos judeus , para dar mérito a judeus que só sabem falar outras línguas , para tornar o acesso à Torá mais fácil , empenhado e dedicado para que pessoas que nem sabem falar a “Língua Santa” possam saber o motivo que D’us criou o mundo e o motivo pelo qual nós estamos aqui.

Moshe Rabeinu não só nos deu a Torá mas também mostrou para nós que ela é a coisa mais importante que existe no mundo .

 

SHABAT, um dia offline por semana

Você acha que poderia passar um dia por semana sem internet e redes sociais?

Nossa relação com o mundo virtual é assustadora, e a necessidade de um detox digital semanal que tem a capacidade de quebrar o vício que desenvolvemos pelas redes sociais é urgente

Durante a semana, os emails e o Whatsapp agem como drogas no nosso intelecto e não temos tempo nem para nós e nem para a nossa família.

Tente conversar com as suas crianças durante a semana, tirá-las do desenho animado para conversar com você!

Mas no Shabat já é diferente,

Do pôr do sol de sexta-feira à saída das estrelas do sábado, a casa fica tranquila.

As famílias se reúnem sem as interferências externas, e por causa disso conseguem se reconectar.

Seguimos a risca esse período que começa antes do pôr do sol da sexta feira e termina somente com a saída das estrelas no final do sábado sem nenhum trabalho, ou até mesmo tarefas pequenas como rasgar papel higiênico do rolo no banheiro, ou acender e apagar uma luz.

A luz que precisa ficar acesa já foi acesa antes do Shabat e a que precisa ficar apagada também já foi apagada antes do Shabat

Durante o Shabat, todas as telas estão desligadas. Isso envolve celulares, computadores e televisão.

No Shabat somos livres para viver uma vida de verdade, uma vida real e não virtual

Compartilhe a experiência do Shabat com outras pessoas para que a prática ocorra em grupo, entre família e amigos, convide sempre sua família e seus amigos para a janta de Shabat que já foi preparada antes do Shabat

Convide seus amigos para o almoço de Shabat que já está no modo automático do crockpot desde sexta-feira antes do pôr do sol

Quando você começa a praticar o Shabat offline, imediatamente você entra naquela crise de abstinência e descobre que o internet e as redes sociais são um verdadeiro vício

Você “sobe nas paredes” e tenta justificar que você é obrigada a estar online porque talvez naquele mesmo Shabat sua mãe vai passar mal.

Mas logo ouve ela chegando sendo que você convida ela toda semana para jantar com você no Shabat, e não somente no “dia das mães”

Sendo que estamos acostumados a estar sempre disponíveis e conectados, e todo dia ficamos loucos tentando responder todas as mensagens imediatamente e ao mesmo tempo, com a prática do Shabat offline o imediatismo foi dando lugar à tranquilidade.

É impossível ficar por dentro de tudo. O feed não tem fim, a timeline não tem fim, as playlists não tem fim.

Tudo o que as mídias proporcionam com o objetivo de nos manter grudados aos nossos aparelhos e redes sociais, foi feito para nos viciar e estamos viciados.

O Shabat offline é uma espécie de reabilitação onde você vai refletir se vale a pena estar sempre disponível, conectada e entretida.

É uma oportunidade de repensar a sua relação com a escravidão das redes sociais.

Todos nós temos problemas pra resolver. Todos temos medos, feridas e assuntos a serem tratados, e sempre fugimos para o mundo virtual para nos esconder do mundo real

O apego aos aparelhos e às redes prende sua mente e o ritmo que as mídias sociais te impõem no seu dia a dia.

Quando você adere à prática do Shabat offline, você começa a entender o que é realmente urgente, e que na verdade, nem existe tanta coisa urgente assim.

O Shabat offline é uma oportunidade de reencontro, é um momento de conexão com o essencial.

Dimensões místicas do Shabat 

“O Eterno fez os céus e a terra, o mar e tudo o que há neles em seis dias e parou no sétimo dia, e por isso o Eterno abençoou o dia de Shabat e o santificou”. (Exodus 20:8-11)
A observância do Shabat é um dos fundamentos do judaísmo. A santidade do dia e os mandamentos de guardá-lo e honrá-lo são enfatizados ao longo da Torá.
O Shabat desempenha um papel central no relato da Criação do mundo e da outorga da Torá, nos Livros dos Profetas e na literatura rabínica de todas as gerações. Ademais, o Shabat é o único ritual que consta nos Dez Mandamentos e é o mandamento cuja observância é enfatizada o maior número de vezes na Torá.
Os Cabalistas ensinam que a Criação é constituída por três categorias básicas: Olam (mundo), Shaná (tempo) e Nefesh (alma). A santidade do mundo (Olam) está mais concentrada em Eretz Israel, na Terra Santa, particularmente em Jerusalém e em especial no local onde foi erguido o Templo Sagrado. No âmbito do tempo (Shaná), a santidade prevalece no Shabat e nos Yamim Tovim – as festividades judaicas.
De acordo com o judaísmo, a santidade se manifesta no tempo por meio de dias consagrados, seja na semana, no mês ou no ano. O conceito de tempo, conforme a Torá, não é uma passagem linear, e sim, uma espiral, uma hélice, que ascende da Criação.
Há, portanto, uma reversão constante a um padrão fundamental, ou seja, um ciclo de tempo que se repete. O que se espera do ser humano é que tal ciclo seja virtuoso e não vicioso – que a hélice ascenda e não descenda. Exemplificando: Rosh Hashaná e Yom Kipur ocorrem todos os anos, no primeiro e no décimo dia do mês de Tishrei, respectivamente, mas espera-se que os seres humanos melhorem de um ano para o outro.
Esse mesmo conceito de tempo se aplica à semana judaica. O Shabat, tendo sido criado e instituído por D’us, ocorre toda semana, sem exceção. Mas espera-se que um Shabat seja melhor que o anterior – que, à medida que passa o tempo, os seres humanos se aperfeiçoem e melhorem o mundo.
O ciclo semanal judaico está associado aos sete dias da Criação. Todo dia é, de certa forma, uma recapitulação do que ocorreu no Gênese. Cada dia da semana é, portanto, um modelo que manifesta a qualidade especial de uma das Sefirot emocionais, que são os canais de energia Divinos que criaram e que continuam a criar, incessantemente, toda a existência. O motivo por que o mundo foi criado em sete dias – de fato, a razão por que a semana é constituída de sete dias – é que cada um deles corresponde a uma das sete Sefirot emocionais. Domingo, o primeiro dia da semana judaica, corresponde à primeira Sefirá emocional – Chessed (Bondade, Amor, Atração). Segunda-feira, o segundo dia semanal, corresponde à segunda Sefirá emocional – Guevurá (Justiça, Disciplina, Restrição, Severidade). Terça-feira está associada à Tiferet (Beleza, Compaixão), quarta-feira à Netzach (Vitória, Ambição, Eternidade), quinta-feira à Hod (Humildade, Majestade, Glória), sexta-feira à Yessod (Fundamento, Carisma) e o Shabat, o sétimo e último dia da semana, à Malchut (Realeza, Soberania, Liderança).
O Shabat representa, portanto, a manifestação pública do Rei dos reis. O Sétimo Dia é o dia da semana em que a glória de D’us se torna mais perceptível na Terra: é a culminação do processo por meio do qual o Infinito transmite Sua glória das mais altas esferas da existência à nossa.
Todo Shabat é o dia mais sagrado do ano – até mais do que os dias festivos judaicos –, pois é o dia do Rei do Universo. Já os outros dias sagrados do calendário judaico estão ligados ao Povo Judeu: celebram ocasiões especiais ou eventos milagrosos que D’us realizou em nosso benefício. O Altíssimo, de certa forma, se junta a nós para celebrar tais datas, tornando-as “festas para o Eterno” (Levítico 23:4) – dias de comunhão entre os Filhos de Israel e o Eterno. Mas o Shabat, em sua essência, não está ligado ao Povo Judeu: o Sétimo Dia precede a criação física do ser humano. O Shabat é o dia do Eterno, que Ele santificou após ter finalizado a Criação do Universo. Graças a seu grande amor por nós, D’us nos convida para compartilhar Seu dia com Ele. Esse é um dos significados do verso que utiliza linguagem metafórica e antropomórfica para descrever a Criação: “[O Shabat] é um sinal entre Mim e os Filhos de Israel para sempre, pois em seis dias fez D’us os Céus e a Terra, e no sétimo dia, cessou de sua obra e repousou” (Êxodo 31:17).
A própria palavra hebraica Shabat está associada a Shuv, “retorno”, que é a raiz de Teshuvá, que significa o retorno a D’us. Essa associação de palavras revela um dos propósitos fundamentais do Shabat: o retorno à Fonte Primária e Suprema. Pois o Shabat serve para nos lembrar, constantemente, de que foi D’us quem criou os Céus e a Terra e que, portanto, toda a existência pertence a Ele e Dele depende. Esse conceito é elucidado por Rabi Chaim ibn Attar, o Ohr HaChaim. Em seus comentários sobre o primeiro Shabat da Criação, esse talmudista e cabalista sefaradi escreve que, no Gênese, D’us criou um Universo que permaneceria em existência por apenas seis dias.
No sétimo dia da Criação, o Altíssimo criou o Shabat, que, a cada semana, provê ao Universo uma fonte de vida que lhe permite existir por mais seis dias. Portanto, o Shabat é o canal Divino utilizado para manter o Universo. Na ausência do Shabat, o mundo revertia à não existência.
Os seis dias mundanos da semana judaica – que se iniciam quando termina o Shabat, no sábado à noite, e terminam na sexta-feira, antes do pôr do sol, quando começa o Sétimo Dia – são caracterizados pela descida da plenitude Divina ao mundo. Durante esses seis dias, o homem tem como missão consertar e retificar a existência. Isso engloba não apenas a tarefa de melhorar o mundo de forma física e tangível, por meio de esforços e atos construtivos, como exercer uma profissão que contribua com a sociedade, mas também o trabalho espiritual – a busca pelo autoaperfeiçoamento. No âmbito da alma humana, cabe ao homem empregar grandes esforços para se corrigir. Essa incessante correção de falhas – o trabalho de aperfeiçoamento de caráter e comportamento – constitui um esforço criativo constante.
A missão de corrigir tanto o mundo como a própria alma do homem – que é o microcosmo da Criação –, exige ação, ou seja, atos construtivos. O Shabat, por outro lado, fundamenta-se na passividade – na autoanulação perante a santidade. Durante a maior parte do dia sagrado, oramos e estudamos a Torá, que são mandamentos cumpridos por meio de pensamentos e palavras. Mesmo as orações de Shemonê Esreh (a Amidá) de Shabat são bastante curtas: abordam a santidade do dia e a recompensa prometida àqueles que o guardam, e não mencionam os muitos pedidos e anseios, tanto materiais quanto espirituais, que expressamos na Amidá recitada nos seis dias mundanos da semana.
O motivo disso é que a própria habilidade de receber a essência espiritual do Shabat advém da autoanulação e da disposição e habilidade de se render perante o Eterno: o ato do homem de abdicar de seu estado humano e mundano perante a Santidade Divina, por meio do qual todos os mundos, tanto o nosso mundo físico quanto os espirituais, são elevados. Por um lado, são os seis dias que precedem o Shabat que permitem ao homem aperfeiçoar o mundo e sua própria alma. Por outro, o Shabat é a fonte da plenitude para os seis dias da semana que o seguem. Se não existisse o Shabat, o mundo se esgotaria, tanto física como espiritualmente. Sem o Shabat, não haveria renovação e, portanto, o mundo estaria desprovido da energia necessária para continuar a existir.
Muitas pessoas não compreendem ou interpretam mal a importância e o propósito do Shabat. Aqueles que desconhecem as dimensões místicas do dia sagrado podem acreditar que o propósito do Shabat é o mesmo que o dos dias do fim de semana. Infelizmente, há pessoas que opinam que o Shabat é um costume arcaico, instituído em uma época em que os seres humanos eram obrigados a trabalhar sete dias por semana. Tal conceito é errôneo. O Shabat é o dia de D’us, instituído já no Sétimo Dia da Criação, milênios antes de a Torá ser outorgada no Monte Sinai. De fato, a santidade do Shabat, como a luz do sol, é uma dádiva que independe dos seres humanos. Além disso, sua santidade é comparável à de uma localização sagrada, como, por exemplo, a cidade de Jerusalém: é algo intrínseco, imutável, mas é perceptível apenas àqueles que estão abertos à espiritualidade.
É difícil, e, em certos casos, até impossível, transferir santidade, especialmente quando algo é consagrado não pelo homem, mas pelo Altíssimo. Por exemplo, nenhuma cidade, nem mesmo na Terra Santa, pode tomar o lugar de Jerusalém. Da mesma forma, nenhum edifício, independentemente de quão belo ou grandioso seja, pode substituir o Templo Sagrado. De modo análogo, nenhum dia pode substituir o Shabat. Mas apesar da qualidade de santidade ser um conceito objetivo, o grau de santidade que o ser humano pode presenciar depende de seu preparo e de sua abertura espiritual. Pode-se viver em Jerusalém e nunca desfrutar da santidade da cidade e de seus locais sagrados; pode-se acreditar que a cidade não é diferente de qualquer outra. O mesmo vale para o Shabat. Por outro lado, quanto mais intensa e sincera for a busca pela espiritualidade durante os seis dias mundanos da semana, mais fácil será sentir a santidade do Shabat. E quanto mais alto for o nível espiritual de um judeu, mais aguçada será sua percepção da elevação de todos os mundos no Sétimo Dia.
Como mencionamos anteriormente, Shabat é o dia que manifesta a Sefirá de Malchut, Realeza. Esse canal de energia Divino representa a Shechiná – a Presença Divina em nosso mundo. Além de ser a última Sefirá, Malchut é também um receptáculo que absorve todas as Sefirot que a precedem. Malchut é, por vários motivos, uma Sefirá bastante diferente das demais: é a única Sefirá emocional “feminina”, e, como o Shabat, o dia ao qual está associada, é considerada “passiva”.
A analogia a seguir facilita a compreensão da associação entre Shabat e Malchut e do fato de tal Sefirá ser considerada “feminina” e “passiva”. É o homem que engravida a mulher: ele é, aparentemente, o agente, o criador da vida. Contudo, na realidade, é a mulher que, após um período de espera, produz uma vida, dando à luz  um ser humano. A mulher desempenha o papel principal na criação de seres humanos. Analogamente, Malchut é um receptáculo que recebe de todas as outras Sefirot, mas é ela quem direciona e transmite uma luz unida para o mundo, harmonizando todos os outros atributos Divinos que absorveu, projetando-os para baixo, para dentro da Criação. Da mesma forma que é a mulher que serve como o canal para a criação da vida, Malchut é o instrumento por meio do qual ocorre o processo contínuo de Criação do Universo. O mesmo conceito se aplica a Shabat, o dia que reflete a Sefirá de Malchut. O Sétimo Dia é o dia da passividade, mas é o meio pelo qual o mundo é recriado – o que permite que continue a existir pelos próximos seis dias.
À luz do que foi explicado acima, podemos vislumbrar o papel fundamental que o Shabat exerce em toda a Criação. Voltando à analogia: assim que a mulher engravida, há um período de gestação de aproximadamente nove meses. Da mesma forma, sabe-se que após semear, é necessário aguardar um período de tempo antes de poder colher. Se tais períodos de espera não forem respeitados, não nascerá uma criança e não haverá uma colheita. Tal lição vale para o Shabat. D’us ordenou que o homem trabalhasse durante os seis dias mundanos da semana para aperfeiçoar tanto o mundo quanto a si próprio. Contudo, o mundo, assim como uma mulher que engravidou, necessita de um período de gestação, que dura um dia por semana. Se tal período de passividade não for respeitado – se o Sétimo Dia não for observado conforme a Vontade Divina, que é transmitida para o homem por meio da Torá –, o mundo não será recriado e a humanidade não poderá semear o que plantou, espiritual ou fisicamente.
A noite do Shabat
Shabat é a manifestação da Sefirá feminina de Malchut, a Shechiná – um termo que denota a presença iminente de D’us no mundo. Não surpreende, portanto, o fato de a mulher desempenhar um papel fundamental no cumprimento da observância do dia sagrado. Um dos mais importantes mandamentos do Sétimo Dia é o acendimento das velas antes do pôr do sol, na sexta-feira. Esse mandamento deve ser cumprido pela esposa do lar e suas filhas. As velas, símbolos da santidade do dia, enfatizam a luz do Shabat e a missão singular da mulher como “representante” da Shechiná.
Na noite do Shabat, o lar de uma família judia deve se transformar em um santuário. A mesa em que é posta a chalá, os pães trançados, e as velas de Shabat, simbolizam dois dos principais elementos do Templo Sagrado: o Lechem HaPanim – os doze pães que eram ingeridos pelos Cohanim, os sacerdotes, todo Shabat, e que representavam o sustento do homem – e a Menorá – o candelabro de sete braços que simbolizava a Sabedoria Divina, a Torá.
Um dos principais rituais do Shabat é o Kidush, recitado sobre um copo de vinho. Nossos Sábios ensinam que o Kidush de sexta-feira à noite é o próprio cumprimento do quarto dos Dez Mandamentos: “Lembre-se do dia do Shabat para santificá-lo”. O Kidush, que literalmente significa “separação” ou “santificação”, enfatiza a diferença entre os seis dias mundanos da semana e o sétimo, sagrado. A cerimônia do Kidush, além de ser, por si só, o cumprimento de uma Vontade Divina, permite que a alma judia adentre um estado de tranquilidade e receptividade espiritual.
O Kidush é feito sobre um copo de vinho (sendo este, evidentemente, Casher), pois há um conceito no judaísmo de que ideias e princípios devem se traduzir em atos. Portanto, a santificação do Shabat, o Kidush, ocorre não apenas por meio da recitação de trechos sagrados, mas também pela ingestão de vinho. Além disso, o vinho do Kidush lembra as libações de vinho que eram ofertadas no Templo Sagrado.
O copo do Kidush simboliza a Shechiná – o receptáculo por meio do qual, e no qual, é transmitida a bênção Divina. Dentro do copo é despejado o vinho, que evoca a fartura, a plenitude e o poder que advêm de fontes espirituais, sobrenaturais. O vinho tinto expressa, de certa forma, um aspecto da segunda Sefirá emocional, Guevurá – Poder, Justiça e Severidade. Portanto, há um costume cabalístico de despejar um pouco de água sobre o vinho do copo do Kidush. De acordo com a Cabalá, a água representa a primeira Sefirá emocional, Chessed – Bondade e Amor. Uma pequena quantidade de água é despejada sobre o vinho para amenizar a Guevurá – para criar harmonia entre as duas primeiras Sefirot emocionais.
Rabi Yehudá Lowe, o Maharal de Praga, um dos maiores cabalistas e Sábios de todos os tempos, conhecido por ter criado o Golem, explica um motivo por que se utiliza o vinho no Kidush. O Maharal ensina que essa bebida é singular pelo fato de ser não meramente um produto da uva, mas sua própria essência. Em seu estado natural, a uva é uma fruta como qualquer outra. Antes de ingeri-la, recitamos a bênção Bore Peri Ha’Etz, que vale para qualquer fruta que cresça em uma árvore. Contudo, a uva oculta dentro de si suco que pode se transformar em vinho, um produto que, na linguagem antropomórfica do Talmud, “traz alegria a D’us e ao homem”. Isso significa que a essência e o potencial da uva são muito maiores do que ela própria. A bênção feita sobre o vinho, Bore Peri Ha’Guefen, é singular, pois a essência da uva supera seu estado natural.
O mesmo é verdadeiro, explica o Maharal, sobre o homem. Como a uva, o corpo do homem oculta uma alma, que é sua essência. O ser humano pode ignorá-la e até feri-la. Mas também é dada ao homem a opção de elevá-la e purificá-la a tal ponto que mesmo o corpo que a encobre seja santificado, permitindo que o ser humano viva neste mundo material e, simultaneamente, acima dele. Além disso, por meio do Shabat, o homem pode se tornar a própria alma do mundo, dando vida à existência, para que ela possa continuar a existir pelos seis dias que seguem o Sétimo Dia. Por esse motivo, explica o Maharal, a santidade do Shabat é proclamada por meio do vinho.
Cabe lembrar que, durante a recitação do Kidush, todos os presentes permanecem de pé, pois sua recitação (em particular, a do trecho de Vayechulu) serve de testemunho de que D’us criou os Céus e a Terra, e, de acordo com a Lei Judaica, toda pessoa deve permanecer de pé enquanto presta testemunho.
O dia do Shabat
De acordo com o judaísmo, a escuridão da noite simboliza a ocultação. A noite de Shabat, horas de escuridão, é comparada a um dos símbolos da Shechiná – a lua, que não possui luz própria. Já que a noite de Shabat, como a lua, não possui sua própria luz, ela recebe e é preenchida pela luz do dia do Shabat, o dia seguinte. Mas já que a iluminação é sentida de forma mais contundente do que a própria fonte de luz – à noite, por exemplo, percebemos a iluminação advinda da lua e não a fonte de luz que ela reflete – é comum sentir a santidade do Shabat de forma mais intensa na sexta-feira à noite do que no sábado. Esse fenômeno também se deve ao elemento de novidade – a transição dos seis dias mundanos da semana para o Shabat.
O dia de Shabat, em contraste com a noite anterior, representa não a iluminação, mas a própria luz do Sétimo Dia. Em tal dia, encontramo-nos na presença do próprio Altíssimo, acima e à parte de todos os mundos, em um nível denominado pela linguagem da Cabalá de Atiká Kadishá – “o Sagrado Ancião”. Esse termo se refere a Keter (Coroa) – uma Sefirá tão elevada que nem sequer é considerada uma das 10 Sefirot. Keter é a fonte de todo prazer e desejo. Esse nível se manifesta dentro da alma por meio da ligação com o prazer intrínseco do próprio dia do Shabat. Portanto, a refeição do dia de Shabat, que é realizada após as rezas matinais na sinagoga, é denominada de a refeição de Atiká Kadishá, pois nela, o homem deve desfrutar do nível do Eterno – a Fonte de todos os prazeres.
Um Kidush também é recitado antes da refeição do dia de Shabat. Esse Kidush é chamado de Kidush Rabá, o “Grande Kidush”, mas, na realidade, o texto recitado é curto.
A tarde do Shabat
Seudat Shlishit, a terceira refeição do Shabat, ocorre logo após a oração da tarde, Minchá. Essa refeição, como a do dia do Shabat, é conduzida antes do pôr do sol. Ensina a Cabalá que durante essas horas, as glórias de todo o Shabat se concentram.
Diz-se sobre tal refeição: “Eu os sustentarei com a herança de Jacob seu pai” (Isaías 58:14), que se refere a uma herança ilimitada, como consta na Torá sobre nosso Patriarca: “Você se espalhará para o oeste e o leste, o norte e o sul” (Gênese 28:14). A partir desse nível de herança ilimitada, o Shabat ilumina os seis dias mundanos que o seguem.
A luz e a revelação do Shabat atingem seu ápice no crepúsculo. Nos dias da semana, a tarde é um período em que a benevolência Divina é gradualmente sobreposta pela severidade Divina. O período da tarde dos dias da semana é um momento de vitalidade minguante, associada à Sefirá de Guevurá. No Shabat, contudo, ocorre exatamente o oposto: o horário da tarde do Sétimo Dia é considerado o ponto máximo do dia sagrado – o momento da “graça Divina” – de iluminação suprema. Não é um momento de severidade Divina, mas, muito pelo contrário, “um descanso de paz, tranquilidade, serenidade e segurança”, como recitamos na oração da Amidá de Minchá do Shabat. Desde a época talmúdica, as pessoas se congregavam na sinagoga antes de Minchá para estudar a Torá. Durante a terceira refeição do Shabat, é costume se aprofundar em assuntos relacionados à Torá e à fé.
A Despedida do Shabat
Quando termina o Shabat, é realizada a cerimônia da Havdalá, que literalmente significa “separação”. De certa forma, corresponde ao Kidush de sexta-feira à noite.
A Havdalá serve para distinguir o Sétimo Dia sagrado dos demais, mundanos, que estão prestes a se iniciar. Por meio de tal ritual religioso, homenageamos o Shabat ao acompanhá-lo em sua partida, da mesma forma que fomos recebê-lo no dia anterior, por meio das orações na sinagoga e do Kidush. É digno de nota o fato de darmos as boas-vindas ao Shabat e de nos despedimos dele por meio da luz – as velas de Shabat e a tocha da Havdalá, respectivamente. Assim, cumprimos o mandamento de: “Glorifique o Eterno com luz” (Isaías 24:15).
A recitação da Havdalá e os objetos utilizados para cumprir esse mandamento – o vinho, a vela trançada e as especiarias – auxiliam a alma a fazer a transição do Shabat para os dias da semana. O propósito dessa cerimônia é trazer a luz do Shabat para dentro do mundano, para que os dias da semana não sejam inteiramente cinza, desprovidos de cor, e sim, iluminados pela luz do Sétimo Dia. Por esse motivo, a Havdalá costuma ser seguida por orações e apelos ao Divino para que a semana que se iniciou caminhe bem.
Desde a época talmúdica, era comum fazer uma refeição especial após o término do Shabat – a “quarta refeição do Shabat”, denominada em muitas fontes judaicas de Seudat Melaveh Malka – a refeição para escoltar a Rainha. (O Shabat, que reflete Malchut, a Sefirá “feminina” de Realeza, é frequentemente chamada de “Rainha”). Essa refeição é também conhecida como a “refeição do Rei David”, pois complementa as três refeições de Shabat, que representam os três Patriarcas, Avraham, Isaac e Jacob. A Cabalá ensina que a Carruagem Divina contém “quatro rodas” – os três Patriarcas e o Rei David. Há, portanto, uma quarta refeição, associada à quarta roda da Carruagem Celestial. Como a Havdalá, a Seudat Melaveh Malka é feita em homenagem ao Shabat – uma despedida com celebração e alegria. Da mesma forma que se recebe o Shabat com muita alegria e com uma refeição – o Kidush e o jantar de sexta-feira à noite – o Povo Judeu se despede do dia sagrado com uma refeição festiva – a Refeição da Escolta da Rainha.
A Lei Judaica determina que a Seudat Melaveh Malka deva ser preparada da mesma forma pela qual foram preparadas as outras refeições de Shabat: a mesa deve ser posta, mesmo que não se coma muito. É costume utilizar dois pães para essa refeição, como nas outras três refeições de Shabat. Também é costume continuar vestindo os trajes de Shabat durante Seudat Melaveh Malka.
Os Sábios enfatizaram a  importância dessa refeição e os benefícios espirituais recebidos por aqueles que a conduzem meticulosamente. Os místicos ensinam que o alimento ingerido durante a Seudat Melaveh Malka sustenta um certo osso humano chamado de luz. Não se sabe exatamente onde fica localizado tal osso. O que é significativo é que a luz tem a qualidade singular de não se decompor após a pessoa falecer. Ensina-se que quando houver a Ressurreição dos Mortos, na Era Messiânica, D’us utilizará tal osso para reconstruir os corpos daqueles que faleceram.
Shabat e o Sétimo Milênio
O Talmud ensina que os seis dias da Criação correspondem aos seis mil anos de história humana. O sétimo dia, Shabat, corresponde ao sétimo milênio, o “dia em que todos os dias serão Shabat”.
Em seu comentário sobre a Torá, Nachmanides cita o verso dos Salmos que afirma: “Mil anos em Seus olhos são como um dia que se passou” (Salmo 90:4), e explica como cada um dos seis dias da Criação está associado a um dos milênios da história humana.
Shabat, o dia sagrado de descanso e deleite, é o sétimo e último dia da semana. Corresponde ao sétimo milênio, a Era Messiânica – a era em que todo o mundo será permeado pela Shechiná – a Presença Divina. Nesses mil anos, a santidade, a bondade e o deleite preencherão o mundo e a humanidade nunca mais conhecerá o sofrimento e a morte.
A Torá nos ordena trabalhar durante os seis dias da semana, para que possamos nos aperfeiçoar e melhorar o mundo que nos foi confiado por Aquele que o criou. O sétimo dia, Shabat, é um alívio garantido que ocorre ao final da semana. O mesmo vale para a história da humanidade. Por quase seis mil anos, a humanidade trabalhou para melhorar o mundo e tornar a vida nele melhor para seus habitantes. Com o advento do sétimo milênio, os seres humanos, judeus e não judeus, poderão desfrutar dos frutos de seu trabalho.
De fato, a história humana tem início e destino – um destino feliz para todas as pessoas de bem. Por meio do Shabat, foi dado ao Povo Judeu um vislumbre do Mundo Vindouro – a utopia que muito em breve chegará. Toda semana, durante um dia, somos lembrados do propósito máximo e do destino da Criação – a era em que o mundo todo será aperfeiçoado e se deleitará com a Luz do Infinito.
Perguntas e respostas sobre o Shabat 

Pergunta do nosso querido Nicolas Faingold de S. José dos Campos

Sobre o Shabat, durante a noite eu não posso ler nada certo? Se não, qual seria o motivo? Agradeço!

Resposta:

Claro que é permitido ler no Shabat. É uma Mitzvá muito grande estudar Torá no Shabat, e principalmente o lado oculto da Torá, representado principalmente pela Hassidut, como o livro do Tanya e etc

Nossos Sábios proibiram ler usando a luz da lamparina de azeite, porque quando estamos concentrados na leitura, pode acontecer de esquecermos que é Shabat e inclinarmos a lamparina de azeite para que suba mais azeite para o pavio e a luz fique mais forte

Sendo que aumentar o fogo da lamparina é proibido no Shabat, eles proibiram ler usando para isso a luz de lamparina ou de qualquer vela que derrete e se torna líquida mesmo que temporariamente

Nossos sábios proibiram uma série de ações em que é quase automático o uso da escrita, como negociar (pois implica em fazer contrato), medir ou pesar alguma coisa, fazer contas de matemática ou ler no jornal propaganda sobre compra e venda de móveis ou imóveis.

Nossos sábios também proibiram ler listas de qualquer tipo para não chegar a apagar algo da lista.

Quando você dá um presente para alguém, esse presente deixa de ser seu e passa a ser da pessoa que você deu, como se tivesse sido vendido para essa pessoa. Por isso nossos Sábios decretaram não dar um presente no Shabat.

Mas no caso de uma Mitzvá eles permitiram dar o presente no Shabat, por isso é permitido dar de presente no Shabat Sidurim (livros de reza) livros judaicos, doces ou comidas para Shabat e tudo o que se compara a isso

מֻתָּר לָתֵת בְּשַׁבָּת בְּמַתָּנָה חֵפֶץ שֶׁקָּשׁוּר לְמִּצְוָה, כְּגוֹן: סִדּוּר, סֵפֶר קֹדֶשׁ, מַמְתָּק אוֹ מַאֲכָל אַחֵר לִכְבוֹד שַׁבָּת וְכַדּוֹמֶה.

Conclusão:

Aproveite o Shabat para estudar bastante Torá 💕❤️🥰

Rabino Gloiber
Sempre rezando por você

תם ולא נשלם

13 Comments

  • Posted maio 10, 2017 2:04 pm
    by
    Daniela

    Agora é colocar em prática!

  • Posted junho 24, 2017 7:32 pm
    by
    Shneur Zalman

    Muito bommmmmm

  • Posted dezembro 14, 2017 11:00 am
    by
    Basilio

    Se as velas do shabat acabarem antes do final do shabat. O que se deve fazer?

    Resposta:

    Se suas velas apagam com frequência antes do Shabat, há um defeito nas velas .

    Se você acendeu as velas, você não deve acendê-la novamente sendo que você já recebeu sobre si o Shabat.

    Mas você tem permissão para chamar um dos membros da família que ainda não recebeu o Shabat para acender novamente a vela , você pode fazer isso até antes do pôr-do-sol.

    É permitido para uma pessoa que já recebeu sobre si o Shabat antes do por do sol dizer a alguém que ainda não recebeu sobre si o Shabat fazer um trabalho por ele, até pouco antes do pôr-do-sol.

    אם זה כבה כבר תקופה מסוימת, סימן שיש פגם בנרות וצריך להחליפם.
    אם הדלקת ונכבה הנר, לך כבר אסור לתקן, אבל מותר לך להגיד לאחד מבני הבית שעדיין לא קיבל שבת שיתקן את הנר, עד קצת לפני השקיעה. וזאת מפני שאדם שקיבל עליו את השבת, יכול לומר למי שעדיין לא קיבל עליו שבת לעשות מלאכה עבורו, עד קצת לפני השקיעה.

  • Posted outubro 13, 2018 8:16 pm
    by
    Ananda Kassak

    Olá, tudo bem?
    Estou escrevendo uma monografia sobre a culinária judaica. Tive uma curiosidade, porque vocês usam D-us ao invés de Deus?
    Outra pergunta, gostaria de colocar algo mais pessoal na minha monografia. Tipo relatos de Judeus, porém não tenho nenhum amigo ou conhecido que seja judeu. Não sei se interessariam vocês, mas eu espero uma resposta.
    Muito obrigada!

    • Posted outubro 14, 2018 3:02 pm
      by
      Rabino Gloiber

      Uma linda pergunta! Escrevemos D’us para caso essa escrita chegue a parar na lata do lixo não seja um problemão , sendo que não está escrito explicitamente D’us.

      Sobre o assunto da culinária, me manda um WhatsApp para 11972762828 para te colocar em um grupo de WhatsApp de judeus para trocar figurinhas sobre esse assunto

  • Posted outubro 14, 2018 12:30 pm
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    Alessandra

    Boa tarde,

    Descobri há pouco tempo que sou descendente de judeus e gostaria de seguir as tradições judaicas. Ainda conversarei com o rabino responsável pela sinagoga da minha cidade a respeito. Mas como devo proceder se resido com marido e sogra (que necessita de aparelhos e oxigênio para manter-se bem) não judeus? Haveria algum problema com a questão dos aparelhos elétricos de suporte à vida?

    • Posted outubro 14, 2018 2:55 pm
      by
      Rabino Gloiber

      Não só que não há nenhum problema com a questão dos aparelhos elétricos de suporte às vida, mas ao contrário , você está fazendo uma grande Mitzvá de salvar uma vida👏👏👏

  • Posted fevereiro 22, 2019 11:54 pm
    by
    Sueler Benedito

    Boa noite! Tenho uma dúvida ! O que devemos fazer se durante o Shabat, umas das velas apagar? Devemos continuar cumprindo o Shabat normalmente, ou isso é considerado que ele foi profanado, e devemos parar de cumpri-lo. Sei que não podemos acender novamente, pois não é permitido acender fogo.

  • Posted setembro 20, 2020 12:11 am
    by
    Carla

    Amei seu blog rsrs já estou seguindo 🙂

  • Posted dezembro 14, 2020 2:01 pm
    by
    Marcos

    Parabéns pelo conteúdo deste blog, fez um ótimo
    trabalho!
    Gostei muito.
    um grande abraço!!!

    • Posted abril 14, 2021 1:41 am
      by
      rabinogloiber

      Desculpa a imensa correria. Me escreve um WhatsApp para 11972762828 e eu te coloco no grupo de WhatsApp da nossa instituição

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