Vezot Habra’há
A última Parashá da Torá, “Vezot Habrachá”, é diferente de toda as outras parashiot semanais por elas serem lidas sempre no Shabat enquanto que “Vezot Habra’há” é lida sempre na festa de Sim’hát Torá, festa do término da leitura anual do Sefer Torá. A última pessoa que sobe na Torá em “Vezot Habra’há” é chamado de “Hatan Torá”, o noivo da Torá
Certa vez uma pessoa que não era judeu perguntou ao grande Sábio Hilel :- Quantas Torot (plural de Torá) vocês tem? :- Duas, respondeu Hilel, a Torá escrita e a Torá oral.
Ouvindo isso a pessoa declarou :- Na Torá escrita eu acredito, mas na oral não. Eu quero me converter ao judaísmo na condição de que você só me ensine a Torá escrita.
Hilel concordou. Hilel começou a ensinar ele a ler a Torá. Mostrou para ele a letra Alef e explicou oralmente que o nome dela é Alef. Mostrou a letra Beit e explicou que o nome dela é Beit. O mesmo fez com a letra guimel e a letra dalet .
Na outra aula Hilel mostrou para ele a letra Alef e disse que isso é o Dalet. O aluno se espantou e disse :- Mas ontem você não me explicou assim! Você confiou no que eu te expliquei oralmente ontem? Disse Hilel, então confie em mim também em relação à Torá oral!
Sendo que quando D’us deu à Moshe a Torá escrita, a explicou oralmente e detalhadamente para Moshe, que a ensinou oralmente para o povo de Israel, e assim a Torá chegou até nós desde o começo! Ou seja, sem a Torá oral não saberíamos nem ler e nem entender a Torá escrita
Quando D’us nos deu a Torá, elas eram duas desde o começo. Uma escrita e uma oral. Moisés ,o maior de todos os profetas escreveu a Torá escrita e explicou oralmente como colocar ela na prática. Ou seja, de que forma cumprir o que está escrito. Em outras palavras, o “como cumprir” a Mitzvá é chamado de Torá oral.
A Torá escrita começa com Moshe, o maior de todos os profetas, e continuou sendo escrita posteriormente por profetas menores até o exílio da Babilônia que aconteceu depois da destruição do primeiro Templo de Jerusalém.
Os últimos profetas viveram no exílio da babilônia, continuando até a época em que o império persa dominava o mundo e o segundo Templo foi construído.
Depois dos persas veio o império grego e depois o império romano. Na época dos gregos e romanos não tínhamos mais profetas, e portanto não tivemos mais Torá escrita.
A Torá escrita terminou de ser escrita nos exílios da Babilônia e Pérsia completando 24 livros. Posteriormente a Torá oral que desde o começo era repassada oralmente, também foi escrita. Incluindo a Torá oculta conhecida como Kabalah.
A Torá oral continua sendo escrita a cada geração sendo que surgem novas situações que precisam ser esclarecidas, comparadas às anteriores, diagnosticadas e classificadas. As pessoas também ficaram mais frágeis, consequentemente necessitando de explicações mais detalhadas.
As explicações dos Sábios de cada geração de como cumprir a Torá da maneira correta naquela geração também é chamada de Torá oral. Em resumo, o que chamamos de TORÁ inclui Torá oral e escrita .
A Torá escrita é composta de 24 livros e a oral hoje já chega à dezenas de milhares de volumes (dos quais mais de 52000 livros sem direitos autorais já estão disponíveis no site Hebrew books, http://www.hebrewbooks.org)
Então, vamos dançar com o Sefer Torá em Sim’hát Torá e estudar Torá o ano inteiro com essa mesma alegria e entusiasmo de Sim’hát Torá!!!
Haazinu
Nossa Parashá começa com as palavras de Moshe Rabeinu, “Haazinu Hashamaim (Escutem os céus) e eu falarei, Vatishmá Haaretz (e ouça a terra) as palavras da minha boca”. Essa mesma linguagem aparece na profecia de Yeshaiahu, mas de maneira inversa
Nosso mundo é chamado de mundo da “Assiá” e tem um lado material e um lado espiritual
Quando falamos espiritual, estamos falando de algo infinitamente melhor e infinitamente mais real do que o material. O material é o nível mais baixo, o nível perecível
Não temos os sentidos para entender o que é um mundo espiritual, mas para se ter uma pequena idéia de o que é um pouco do mundo espiritual, nossos Sábios dão como exemplo que uma hora no paraíso vale muito mais do que todos os prazeres que poderíamos ter durante todos os nossos setenta anos de vida aqui nesse mundo
E isso no baixo paraíso, um mundo acima do nosso que é chamado de o mundo da “Yetzirá”
Acima do mundo da “Yetzirá” se encontra o mundo da “Briá”, que é tão acima do mundo da Yetzirá, que para entrar nele temos que passar por um fenômeno espiritual chamado de “nahar di nur” (rio de fogo) para esquecermos os prazeres que tivemos no baixo paraíso, para que essa lembrança não nos atrapalhe no alto paraíso
Acima do mundo da “Briá” está o mundo de “Atzilut” que é o nível da Alma de Moshe Rabeinu
E por isso Moshe Rabeinu na nossa Parashá diz “Haazinu Hashamaim”. Hazaná e shmiá são quase sinônimos, mas em hebraico a palavra “Haazinu”(hazaná) se refere à escutar de perto e “Vatishmá”(shmiá) à ouvir de longe.
E portanto, Moshe Rabeinu, que estava mais perto dos céus mais do que da terra, usa a palavra Haazinu para os céus, e Yeshaiahu que estava mais próximo da terra do que dos céus, usa essa linguagem para a terra
Moshe Rabeinu era uma Alma do mundo de “Atzilut” , ou seja, também quando ele estava aqui nesse mundo ele estava no nível de mundo de “Atzilut”
Como nos explica o Rambam sobre a supremacia da profecia de Moshe Rabeinu em relação à profecia de todos os outros profetas.
Todos os outros profetas tinham que se “desmaterializar” na hora da sua profecia, sendo que seu corpo material atrapalhava nessa hora, mas Moshe Rabeinu não precisava se “desmaterializar” na hora da profecia, porque não só que o seu corpo material não atrapalhava a revelação Divina que acontecia nele, mas ao contrário, o seu corpo era o receptáculo para a revelação Divina, Hashem (D’us) falava por meio da garganta material de Moshê
E esse também é o motivo da diferença entre a profecia de todos os profetas e a profecia de Moshe Rabeinu
Todos os profetas profetizaram com “Assim” (Assim disse D’us) que é o nível dos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá, mas Moshe profetizou com “Esse” (Esse é o meu D’us….)
E portanto, quando Moshê falou dos céus, estava se referindo ao mundo de “Atzilut”, e por isso usou a palavra Haazinu, uma linguagem de proximidade, e quando ele falou da terra estava se referindo aos mundos de “Briá”, “Yetzirá” e “Assiá, e por isso ele usou a palavra “Vatishmá”, uma linguagem de distância
Mas Yeshaiahu, sendo que a profecia dele se enquadra na categoria dos outros profetas, mesmo que ele viu uma revelação espiritual imensa descrita como a “Merkavá” ( A Carruagem), ele viu somente a ” Merkavá” do mundo da Briá, e por isso sobre os “céus”, ou seja, o mundo de Atzilut, ele usou a palavra “shim’u”, uma linguagem de distância, e sobre a “terra” (Briá Yetzirá e Assiá) uma linguagem de proximidade.
“וַיֹּאמֶר ה’ אֶל מֹשֶׁה הִנְּךָ שֹׁכֵב עִם אֲבֹתֶיךָ וְקָם הָעָם הַזֶּהEncontramos na nossa Parashá um dos cinco versículos que são exceção de regra na leitura da Torá.Sendo que o Sefer Torá não tem pontos, para saber aonde começa ou acaba um versículo nos baseamos nos sinais da música chamada Teamim que vem desde a época de Moshe Rabeinu.O motivo de precisarmos saber onde começa e terminar o versículo é porque não podemos dizer o meio quando há nele o nome de Hashem para não falarmos o nome de D’us em vão.Então, então, aonde terminou o versículo, baseamos no sinal de música chamado “etna’hta” que representa uma parada para saber, ou chamado “sof passuk” que representa uma parada final.A Guemará em Yoma nos conta que Issi ben Yehuda nos ensinou que cinco versículos na Torá regra, e um deles inteiro se encontra na nossa Parashá. O versículo diz:- “E disse D’us à Moshe você se deita com seus pais (se referindo ao seu falecimento) e esse povo se levanta e…..etc.Nesse versículo o sinal “etna’hta” se encontra na palavra “seus pais” determinando que lá termina o assunto, Moshe morre e ponto! Mas aqui se encontra de regra, e daqui a nossos conhecedores pela exceção de Guemará em Sanedrin determinam a referência à ressurreição dos mortos, o ponto na próxima palavra:- “Você se deita com seus pais e se levanta”. Ou seja, ressuscite!O Ari Zal nos explica que, sendo que esse versículo não tem certeza e se aplica tanto ao antes do “etna’hta” na palavra “e você” referindo-se a Moshe, quanto ao depois, na palavra “esse povo”, diz o Ari Zal que daqui por diante que tanto Moshe quanto esse povo se reencarnam tornam a última geração, a geração da Gueulá.
Diz o Ari Zal que Moshe Rabeinu e toda sua geração eram a “Dór Deá”, a geração do conhecimento, e a raiz dessas almas era o lado oculto da Sefirá chamada de Daat que é apelida no “Etz Haim” de “Lea”. A raiz “erev rav”, também tinha a geração paralelamente pela mistura do bem e do nesse mundo.
Moshe se reencarna na última geração e se torna o Mashia’h, a geração dele também se reencarna e se torna a geração do Mashia’h. Até a “erev rav” também se reencarna por também ser “dór deá”, e à ela se refere o final do versículo que diz:- “esse povo vai se levantar e ….(……)” .
As mulheres mandam nos maridos? Mashia’h vai chegar!
Uma característica dessa última geração, diz o Ari Zal, é o fato de as mulheres mandarem nos maridos. Na reencarnação geração, no deserto, os arrancaram os membros dessa união das esposas para fazer o bezerro de ouro, mas as mulheres se recusaram a adotar, anteriormente, o marido idolatria.
Por isso elas ganharam esse prêmio de já anular nessa reencarnação a maldição que Eva recebeu de “ele vai mandar em você”. Chegamos à conclusão de que essa geração é a nossa!
Diz o Maguid de Mezritch que outra característica da “dór deá” é de que a principal característica deles era o conhecimento que se expressa pela fala, e eles não tinham uma característica de ação. Até o próprio, para abrir o mar vermelho ela o cajado mas não bateu no mar.
Quando Moshe chegou perto de “Terra Prometida”, na qual o trabalho principal a ação das Mitzvot, Hashem disse para ele falar para a pedra para que a água volte, mas ele bateu na pedra para começar o trabalho da próxima geração, a ação .
Hashem queria que ele falasse com uma pedra para elevar a próxima geração, a geração da ação, ao nível elevado da geração anterior que era o conhecimento e a fala.
Toda aquela geração com Moshe ea “erev rav” tiveram que falecer no deserto, e esse é o trabalho de Moshe: voltar para toda a “geração do conhecimento” (incluindo a erev rav) por meio do estudo Torá eo cumprimento das Mitzvot, “fala e ação” .
O Rebe de Lubavitch disse que essa geração somos nós.
O mundo foi criado em seis dias e cada um desses seis dias é o dia da criação do mundo. Mas o sexto dia que é o dia no qual o homem foi criado, foi escolhido para ser o aniversário do mundo porque o ser humano é o objetivo da criação.Porque D’us falou para os Anjos que foram criados antes do sexto dia, “façamos o homem” se somos mais importantes que os Anjos? O Midrash diz que foi para nos ensinar a importância da humildade. Se eles podem ter uma nova criatura com humildade.
Um dos vínculos que encontramos entre nós e os anjos é o chamado “Tribunal Divino”. Ele é composto de anjos e Neshamot de Tzadikim. Quando fazemos uma coisa boa criamos aquele tribunal um anjo à nosso favor, quando fazemos algo ruim criamos um anjo contra nós consequentemente o Tribunal Divino de cada um de nós é personalizado.
Diferente das outras religiões, não há outras referências que fazem o judaísmo, antes de criar o tribunal Divino de nossas ações, usando o Torá como-us ser a. essência do bem ele não pode ser tirano com esse tribunal e obrigá-los a mudar um decreto à nosso favor.
Rezando por outras pessoas
O Baal Shem Tov tinha um mestre que descia do céu para ensinar a ele Torá. Esse mestre era o profeta Ahia Hashiloni que viveu na época do Rei Salomão e foi posteriormente o mestre de Eliahu Hanavi.
Disse o Baal Shem Tov que o profeta Ahia revelou para ele que a Sefirá Malchut é chamada de din (decreto rígido) e raíz dos dinim é a sefirá chamada Bina. Por meio da reza elevamos o “din” até a biná e lá adoçamos ele, ou seja, mudamos o DNA dele na sua fonte e transformamos ele em bondade. Quando rezamos por outra pessoa ligamos ela a essa raiz espiritual, à Biná, e lá ela já é outra pessoa.
Então vamos tentar e rezar bastante para nós e todos os que estão ligados à nós tenhamos um bom e doce e que Mashiach chegue!
Podendo mesmo os Tzadikim justificarem o atendimento de seus atos, mesmo por humildade pedem à Hashem que atenda a seus pedidos sem olhar para seus méritos,Pedem para que Hashem atenda ao seu pedido de graça. Aprimeira coisa que aprendemos aqui é de não pensar nos nossos méritos na hora de rezarmos e fazermos nossos. O atendimento à nossos pedidos é um presente que Hashem nos dá por termos pedido.
Mesmo assim, quando rezando temos a segurança de que vamos ser atendidos e nunca devemos imaginar no meio da reza que talvez não sejamos atendidos. Isso porque a falta de fé combate o efeito da reza
Por na hora do pedido que acredita com fé perfeita que o nosso pedido vai ser atendido
Mas isso acontecerá de você não receber o que está pedindo no momento, saiba
Que quando isso acontecer é sempre por motivos que são para o nosso bem. Revelado ou bem oculto
Mesmo nesse caso de nossas que provavelmente não serviríamos para o que bem seríamos direcionados para algo mais importante que muitas vezes nem sabíamos que precisariamos tanto para tanto.
De acordo com a Torá, a Mitzvá da Tefilá é pedir para Hashem o que você precisa na hora que você precisa, como por exemplo em uma hora de perigo, um dos 613 mandamentos da Torá é rezar pedir para Hashem nos salvar do perigo, e isso é um dos princípios da nossa fé
O motivo desse princípio é que por meio disso a pessoa vai saber e entender que Hashem dirige o mundo e toma conta de cada detalhe de cada uma das criaturas, e somente Hashem sozinho tem a possibilidade de nos salvar
Como escreveu o Rambam no quinto dos princípios:
O fato de cada trezentos de nós ser obrigado a cumprir o mandamento da Tefilá e cumprir o mandamento da Tefilá e para Hashem o que ele precisa na hora que ele precisa nos mostrar que a Mitzvá da Tefilá não é especificamente específico a pessoas próximas de Hashem como Tzadikim mas sim para cada um de nós
Quando precisamos de alguma coisa é uma Mitzvat Assé, Mandamento “Faça”, fazer nossos pedidos para Hashem.
Algumas vezes nosso pedido será aceito e nosso pedido realizado, e algumas vezes, para nosso próprio benefício material, nosso pedido não é aceito ou espiritual
Isso se compara a que manda seu pedido a um rei. Qualquer pessoa mandar para o rei um pedido, mesmo sendo a pessoa mais distante pode ser que o rei vai atender a seus pedidos porque condiz a boa natureza e piedosa do rei atender especificamente aos mais humildes e etc…
O fato da pessoa estar mais próximo ou mais distante do rei vai fazer em relação a pedidos apenas sobre assuntos públicos e de grande importância para o povo , mas assuntos de interesse não faz diferença se a pessoa está mais próxima ou mais distante.
Dessa mesma maneira Hashem se relaciona às rezas que rezamos e fazemos nossos pedidos para Ele dizendo explicitamente que Ele atende as rezas de cada pessoa. Isso é o mandamento
de nossos profetas, que se tornaram nossos profetas no exílio Babilônia viram que estamos esquecendo ou que agora damos a eles a frequencia que devemos pedir, e hoje vão para nós a Tefilá de 11, como Brachot conhecida como “S, um Esrei” se encontra no Sidur.
Os Sábios da Mishná conhecido como Tanaim e Sábios da Guemará conhecido como Amoraim os acrescentaam mais alguns rezas seguidos pelos Sábios da geração até chegarmos ao Sidur que hoje temos.
Na nossa Parashá Hashem (D’us) revela para Moshe já o tempo de ele falecer, e depois que ele falecer, nosso povo vai fazer as idolatrias que todos os povos que estavam morando na nossa terra prometidaNossa Parashá termina com Moshe Rabeinu dizendo para o povo de Israel que ele sabe que depois da sua morte nosso povo vai abandonar o pacto com Hashem e fazer idolatria, e adverte nosso povo sobre as consequências trágicas que virão por causa disso
Na prática isso só aconteceu vinte anos depois do falecimento de Moshe, isso aconteceu imediatamente após o falecimento do aluno e sucessor de Moshe, Yehoshua
Rashi explica que aprendemos daqui que nossos alunos são tão queridos para nós como se eles fossem nós próprios. Todo o tempo que Yehoshua viveu depois de Yehoshua parecia para ela que ele próprio estava vivo
E de hem ter comunicado de Israel para Moshe que faria idolatria pelo falecer, e isso só ter o fato de mais tarde de Yehoshua o povo bem bem Nun falecer, nos mostra que assim também determina a sabedoria divina, que todo o tempo que nossos alunos são considerados que nós próprios vivos estamos
O Rebe de Lubavitch disse que a nossa geração é a última geração, a geração da Gueulá. Nós ouvimos isso diretamente dele, e nós ainda estamos vivos! O prazo de validade não só que ainda não expirou mas ao contrário, a Gueulá já está batendo na nossa porta!
Na nossa Parashá Hashem diz para Moshe que o nosso povo vai fazer idolatria e por isso Moshe para o nosso povo que eles vão fazer idolatria, e acrescenta como consequências trágicas que essa idolatria vai trazerHashem revelou isso para Moshe para que ele rezasse pelo nosso povo para que isso não aconteça, e Moshe disse isso para o nosso com a intenção de que o povo sabe da existência dessa tendência, eles são mais específicos para que isso não aconteça,
mas porque esse povo assuntou está acontecendo com o anúncio sobre anos de antecedência e ainda de uma maneira tão direta? (e sem nenhuma indireta)
Para entendermos isso precisamos voltar às origens do nosso povo
Rifka, nossa matriarca, engravidou de gêmeos, Yaakov e Essav. Quando ela chegar perto de um templo idólatra, Essav queria. Se ele já essa tendência à mãe, porque ele é desde a origem pelo que tinha barriga depois de ter?
Dois tipos de Almas, dois trabalhos Divinos totalmente diferentes,
como um casamento gostos saborosos docinho e salgadinhos, e mesmo tendo gostos diferentes também eles são alegria à todos talvez até pelo fato de terem totalmente diferentes, assim acontece com o trabalho nosso Divino
Existem pessoas que nasce com certas tendências, como era o caso de Essav, e o trabalho dessas almas é comparado aos salgadinhos.
É um trabalho duro mas uma grande recompensa, e isso diz respeito a nossos que de acordo com a força do camelo assim é o peso da carga que é supervisionado sobre ele
Ou seja, nenhuma pessoa conseguiria fazer o trabalho de Essav, se controlar dos enormes impulsos maternos que ele tinha desde o ventre, mas ele recebeu essa força.
E por isso dizemos nossos Sábios, de acordo com o camelo assim é a carga. A força que foi dada ao veiolo antecede a carga que foi aceita sobre ele
Uma pessoa sai do psiquiatra com um diagnóstico de mania que pode dar uma permissão para roubar mas sim uma possibilidade para tomar cuidado e não isso se colocar em cuidados e não isso que possa facilitar. Claro que ele deve tratar, mas isso não ou tentar cumprir o mandamento Divino de não terminar enquanto o psiquiatra não acerta o remédio para tentar tentar
Ou seja, ele não pode dizer que só vai parar de roubar quando o tratamento e ele não sentir mais vontade de roubar, mas ele deve sempre controlar o tratamento independente, sendo que a força para isso já foi dada à ele antes do impulso e por natureza o cérebro domina o coração
Por isso temos que prestar contas lá encima de tudo o que fazemos nesse mundo, diferente do animal que não tem essa natureza, mas ao contrário, no caso do animal o impulso a razão
Quando Hashem foi verificado para Havá porque ela comeu fruta a natureza proibida, ela disse que foi a cobra que a seduziu. Porque ela recebeu um castigo? Porque antes de Hashem colocar a cobra no paraíso Hashem já tinha dado para Havá a força de não se deixar seduzir, como no exemplo do camelo acima
Havá se deixou seduzir pela cobra e Adam por Havá. Era mais fácil não se deixar pela esposa, e o trabalho de cobra Adam era mais difícil do que o Havá, mas foram dados à ele mais força do que à ela, de acordo com o camelo assim é a carga
Por isso Moshe Rabeinu avisa o nosso enfrentar que eles têm essa tendência para a idolatria e os lembram das consequências trágicas que podem vir a tornar o pacto com Hashem, dando à eles como ferramentas para os impulsos
Ou seja, como ruínas no começo tem um com um gosto melhor do que as coisas boas, mas as tragédias que elas beneficiam nos meus inverterm o custo delas.
🌻Nitzavim🌻
Esse é o último Shabat do ano e nele vamos ler Parashat Nitzavim
Parashat Nitzavim, é sempre lida no Shabat antes de Rosh Hashaná, porque o Shabat envolve espiritualmente os dias posteriores e Rosh Hashaná é o dia do julgamento no qual todas as Neshamot (nossas Almas) se apresentam na frente de Hashem
Como nos conta a Parashá: “todos vocês estão posicionados hoje na frente de Hashem seu D’us”
Tanto as pessoas mais importantes do nosso povo, representados na Parashá como “os presidentes das tribos”, quanto as pessoas menos importantes do nosso povo, representados na Parashá como “o lenhador e o aguadeiro”, são julgados juntos com total igualdade
Sendo que somos comparados à um corpo onde cabeça e pés se completam, nenhuma parte pode faltar e cada uma é julgada de acordo com a sua função
O dia de Rosh Hashaná foi escolhido por D’us para ser o aniversário da criação do mundo. O mundo foi criado em seis dias e cada um deles é o dia da criação do mundo, mas o sexto dia que é o dia no qual o homem foi criado, foi escolhido para ser o aniversário do mundo porque o ser humano é o objetivo da criação
Porque então antes de nos criar D’us falou para os anjos “façamos o homem”, se somos mais importantes que os anjos? O Midrash nos explica que foi para nos ensinar a importância da humildade
Ou seja, se até D’us quando fez o homem compartilhou essa informação com os anjos porque eles teriam ligação com essa nova criatura, quanto mais nós devemos nos comportar com humildade
Um dos vínculos que encontramos entre nós e os anjos é o chamado de “o Tribunal Divino” que é composto de anjos e Neshamot de Tzadikim
Quando fazemos uma coisa boa criamos naquele tribunal um anjo a nosso favor, quando fazemos algo ruim criamos um anjo contra nós. Consequentemente, o Tribunal Divino de cada um de nós é personalizado
Diferente das “outras religiões” onde a divindade faz o que quer, no judaísmo antes de D’us nos criar ele já tinha criado o tribunal Divino que fiscalizaria nossas ações usando a Torá como referencial, e por mais que D’us seja a essência do bem ele não pode ser tirano com esse tribunal e obrigá-los a mudar um decreto para que se torne a nosso favor
Rezando por nós próprios
Sendo assim, como conseguimos por meio das nossas rezas anular os decretos do tribunal Divino?
A explicação de Rabi Yossef Albo
Rabi Yossef Albo foi um grande Tzadik (uma pessoa muito elevada espiritualmente) que viveu na Espanha no ano de 1400
Ele nos explicou que quando nos arrependemos do que fizemos e rezamos, nos tornamos pessoas melhores. E então, aquele decreto que tinha sido feito para uma pessoa pior, perde o efeito porque essa pessoa pior deixou de existir, e para a pessoa melhor que você ficou agora é feito um decreto melhor
Ou seja, quando rezamos e expressamos para Hashem (D’us) nosso remorso por termos feito as coisas erradas que fizemos, e pedimos para Hashem nos desculpar e nos dar uma vida melhor mesmo que o nosso comportamento não tenha justificado isso, conseguimos mudar o decreto do tribunal Divino à nosso favor
Por isso, nesses dez dias que começam com o julgamento do mundo no dia de Rosh Hashaná e terminam no Yom Kipur com a oficialização do que foi decretado, nosso foco principal são as rezas que devem ser feitas com muito amor e carinho, e assim conseguimos mudar todos os decretos do tribunal Divino à nosso favor
Rezando por outras pessoas
O Baal Shem Tov tinha um mestre que descia do céu para ensinar à ele Torá. Esse mestre era o profeta Ahia Hashiloni que viveu na época do Rei Salomão e foi posteriormente o mestre de Eliahu Hanavi
Disse o Baal Shem Tov que o profeta Ahia revelou para ele que a Sefirá chamada Malchut também é chamada de din (decreto rígido) e a raíz dos dinim é a sefirá chamada Bina
Por meio das nossas rezas elevamos o “din” até a biná e lá adoçamos ele. Ou seja, mudamos o DNA dele na sua fonte e transformamos ele em “Hessed” (bondade)
Quando rezamos por outra pessoa, ligamos ela à essa raiz espiritual, à Biná, e lá ela já é outra pessoa
Conclusão: Vamos aproveitar e rezar bastante para que nós e todos os que estão ligados a nós tenhamos um ano bom e doce, e que Mashiach chegue já!
שבת שלום וחג שמח
Ki Tavô
Nossa Parashá conta sobre bençãos e maldições. Sabemos que D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem , então o que são essas maldições?
Rabi Shneior Zalman, o primeiro Rebe de Chabad, fazia pessoalmente a leitura do Sefer Torá em Liozna. Uma vez ele não estava na cidade no Shabat em aos se lê a nossa Parashá, Ki Tavô e outra pessoa leu no lugar dele.
O filho do Rabi Shneor Zalman, que se chamava Dov Ber, ficou tão angustiado quando ouviu as maldições que passou mal o mês inteiro e quase não pôde jejuar no Yom Kipur
Quando perguntaram à ele porque nos anos anteriores ele não passou mal, ele respondeu:- Quando meu pai lia, não se ouvia nenhuma maldição!
Quando esse filho cresceu e se tornou o primeiro Rebe da cidade de Lubavitch ele deu a seguinte explicação sobre aquele acontecimento da sua infância: “Dentro de todo acontecimento ruim está revestida uma bondade enorme, portanto tudo que D’us faz é para o bem e não existe mal que desce lá de cima , e por isso se faz uma benção sobre um acontecimento ruim da mesma maneira que se faz uma benção sobre um acontecimento feliz.
Quando termina esse aspecto negativo, automaticamente se revela o bem que estava oculto nele que é muito superior a uma bondade revelada, como ouvi do meu pai (Rabi Shneor Zalman) sobre a raiz do assunto das maldições da Torá que no final elas se transformam em”super bençãos” por causa da grande intensidade da bondade oculta nelas que se revela quando termina esse revestimento de extrema rigidez”
O Baal Shem Tov deu sobre isso um exemplo de uma pessoa que fez algo contra um Rei muito bondoso e poderoso. Essa pessoa foi condenada pelo tribunal, mas no lugar disso o Rei pediu para darem à ele um cargo no governo e depois promove-lo gradativamente até chegar ao cargo mais alto e mais próximo Rei.
Quanto mais essa pessoa subia e se aproximava do Rei, mais ele ficava com vergonha do que tinha feito. Quanto mais ele via a força e o poder do Rei e, junto com isso, a grande bondade do Rei que usava todo o seu poder para ajudar as pessoas , quanto mais via a honra que todos davam ao Rei, mais ele sofria com a lembrança do que tinha feito
Afinal das contas ele chegou à conclusão de que não existia castigo pior do que esse, porque se tivesse sido condenado à morte não sofreria tanto com esses remorsos. O Rei vendo que essa pessoa se arrependeu do seu comportamento e voltou a se comportar certo o desculpou totalmente.
Esse Rei é Hashem, e essa pessoa somos nós! A maldição não precisa ser necessariamente uma tragédia para fazermos teshuvá (retornar para Hashem), mas podemos cumprir essas maldições dessa forma também.
Por isso está escrito:-“E será quando vier para você a benção e a maldição, você vai colocar no seu coração (se conscientizar) etc”. Ou seja, a benção nesse caso pode ser considerada uma maldição por nos trazer à essa conscientização.
Conclusão: O acontecimento ruim é um bem oculto de uma intensidade tão grande que não tem como descer para esse mundo de forma revelada, e por isso ele desce com um revestimento de maldição
Por isso devemos estar sempre alegres mesmo que aparentemente as coisas não estão como deveriam estar. Devemos ter uma fé total de que quando esse revestimento terminar e o bem oculto se revelar vamos ver que valeu a pena ter tido um pouquinho de paciência para depois usufruir de uma bondade que não teríamos como chegar a ela de outra maneira
Porque o desencadeamento das Sefirót é:
Em primeiro lugar Chessed (bondade). depois Guevurá (rigidez), e depois Tiféret (bondade intensa). Para conseguirmos chegar à essa bondade intensa, obrigatoriamente temos que passar por um pouquinho de Guevurá.
Mas logo em breve em nossos dias vai chegar a Gueulá, nossa redenção final, e daí pata frente será só bondade intensa e revelada sempre!
Nossa Parashá começa nos contando sobre as frutas da Terra de Israel, de como devemos expressar a nossa gratidão ao criador lembrando toda a história do nosso povo desde que chegamos ao Egito e fomos escravizados até que Hashem nos tirou do Egito com grandes milagres, agradecemos pelas coisas tão boas que Hashem fez para nósDepois a Parashá fala sobre bençãos e maldições e na continuação fala explicitamente sobre as maldições
Dizem nossos Sábios que com o mesmo entusiasmo que agradecemos à D’us pelas coisas boas que ele nos dá temos que agradecer pela coisas ruins, e podemos perguntar, e com razão, qual seria o mínimo motivo para agradecer pelas coisas ruins que nos acontecem?
Sobre as coisas boas que ele nos dá temos que agradecer e não podemos ser ingratos, mas será que existe gratidão também pelas coisas ruins?
No casamento Judaico o marido assume a responsabilidade pelas despesas da esposa. Entre as obrigações que ele assume está a obrigação de comprar roupas para a esposa, e que mulher não gosta de receber uma roupa nova?Entre essas obrigações está também a obrigação de comprar jóias ou pelo menos semi jóias para a esposa, e que mulher não ama receber uma jóia?
E também entre essas obrigações está a obrigação de levar a mulher para o médico caso ela fique doente, e não só a obrigação de pagar o médico caso ele cobre, mas também a obrigação de pagar as despesas dos remédios e do tratamento caso ela precise
Mas será que existe alguma mulher que ama ser internada em um hospital? Muito pelo contrário! Mas sendo que ele é o responsável por ela e ela está doente ele é responsável pelo tratamento dela também
E com certeza depois desse tratamento ele vai dar muitos presentes para ela para e levar ela para muitos passeios para consolar ela pelo que ela sofreu
E o principal, sempre ela vai estar mais agradecida à ele por ter salvo a vida dela, mesmo que essa parte da história do casal foi a mais dolorida
E essa é a mensagem da Parashá:
No começo a Parashá nos ensina como devemos agradecer à Hashem (D’us). Devemos ir para Yerushalaim para levar as primeiras frutas que Hashem nos deu e na nossa declaração de agradecimento também lembramos o fato de termos descido para o Egito e os egípcios terem nos escravizado.
Em outras palavras, viemos para agradecer pelas frutas, mas nesse agradecimento lembramos que éramos escravos no Egito e que Hashem nos tirou de lá com milagres sobrenaturais e nos deu essa terra maravilhosa para nos consolar de tudo que passamos.
Na hora que agradecemos pelas frutas e contamos que éramos escravos no Egito e como Hashem nos salvou de lá, as frutas já perdem a importância em relação aos milagres tão grandes que Hashem fez para nos tirar do Egito.
Na continuação a Parashá nos conta sobre as bençãos que virão para nós se fizermos as coisas certas e sobre as maldições se fizermos as coisas erradas.
Aprendemos daqui o comprometimento Divino em relação à nós, como a Torá compara Hashem ao marido e o povo de Israel à esposa. Quando fazemos o que é certo estamos espiritualmente saudáveis e recebemos de Hashem tudo de bom como a esposa que recebe do marido as roupas novas e as jóias e está super feliz.
Quando nos comportamos errado ficamos espiritualmente doentes, nossa Alma fica doente. Então não é hora de recebermos roupas e jóias porque precisamos de uma coisa muito mais importante do que isso, um tratamento que salve a nossa vida.
Nessa hora Hashem assume a responsabilidade que ele tem em relação à nós e nos traz o que chamamos de maldições, mas que na verdade são bondades ocultas, muito superiores às bondades reveladas, porque elas tem a capacidade de curar a nossa Alma, o que as bondades reveladas não tem.
Essas maldições são o bem do mundo oculto, o mundo do “Tohu” que é superior ao mundo revelado e só consegue descer para esse mundo em forma de maldições, mas quando essa embalagem de maldições passa surge o conteúdo que são bençãos muito superiores às bençãos reveladas.
Na hora do “tratamento” imaginamos que essas maldições são tão intensas que elas “vieram aqui para ficar”, e por isso antes de chegar às maldições da Parashá, no agradecimento pelas frutas, já fazemos a nossa declaração de que fomos escravizados no Egito mas que no fim Hashem nos tirou de lá com milagres sobrenaturais e nos deu a melhor terra do mundo para compensar o que passamos.
Ou seja, temos a garantia antecipada de que as maldições sempre passam, mas o principal, temos a garantia de que depois que elas passam tudo fica muito melhor do que era antes de ela chegarem para nos consolar do que passamos
E esse é o segredo da nossa vida nesse mundo. Passamos por um longo exílio na nossa história de 3500 anos, ficamos mais tempo fora da nossa Terra Prometida do que nela.
Mas depois de todo esse “tratamento” chega a Gueulá, nossa redenção final em breve em nossos dias e Hashem nos indeniza por tudo o que passamos.
Nossa “Terra Prometida” deixa de ser a dificuldade que é hoje, e no lugar de termos que implorar para pequenos países árabes fazerem conosco acordos de paz dando para eles em troca de um pedaço de papel o lugar do nosso Beit Hamikdash e a terra dos nossos antepassados para eles fazerem um país independente, no lugar disso Hashem vai fazer para nós milagres sobrenaturais à ponto de os milagres da saída do Egito perderem a importância de tão grandes que vão ser os milagres da Gueulá em breve em nossos dias!
Nossa Parashá nos conta, entre muitos assuntos interessantes, sobre bençãos e maldições.
D’us é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, então o que são essas aparentemente maldições descritas na Torá de maneira tão detalhada?
O refinamento da Alma
A primeira explicação para isso está no segredo das reencarnações. Nós somos uma Alma Divina jovem e linda dentro de uma roupa às vezes velha e remendada que é o nosso corpo material.
Quando cumprimos os mandamentos Divinos nos tornamos uma Alma Divina mais jovem e linda, refinada e reluzente, sendo que os mandamentos Divinos são a sincronização entre nós e a fonte da vida, o mundo de cima.
Quando transgredimos os mandamentos Divinos nos sincronizamos com a fonte da morte, o mundo “de baixo” o mundo da impureza que em breve vai desaparecer na época do Mashia’h.
Enquanto esse mundo da impureza ainda existe, ainda existe também a possibilidade de fazermos uma transgressão e nos sincronizarmos à ele fazendo grudar na nossa Alma verdadeiras “fezes espirituais” fazendo com que a nossa Alma Divina deixe de ser jovem e linda, pura e reluzente, e se torne somente um bem oculto dentro de toda essa impureza.
Para nos limpar de todas essas “fezes espirituais”, principalmente quando já estamos drogados por elas e não temos mais vontade de sair do meio delas mas somente de acrescentar mais impurezas às impurezas que já nos envolvem, Hashem tem que nos fazer um verdadeiro milagre, e isso acontece dessa maneira.
Recebemos lá de cima uma revelação Divina enorme, uma enorme fonte de bondade, revestida dentro de uma grande maldição, da mesma maneira que a nossa Alma Divina pura e linda está revestida dentro dessas grandes impurezas.
Depois que esse revestimento desaparece, ou seja, que a embalagem em forma de maldição dessa benção enorme desaparece, sobra apenas essa enorme Benção que não teria como descer para esse mundo em outro tipo de revestimento.
O revestimento de impurezas que envolve a nossa Alma desaparece dessa forma e voltamos a ser aquela Alma Divina pura e linda que éramos antes, mas agora com um grande acréscimo de revelação Divina que não tinhamos antes.
Por isso diz o Zohar que essas maldições representam o bem do mundo oculto que é muito superior ao bem do mundo revelado.
Então, quando acontece uma coisa que aparentemente é uma maldição, precisamos ter muita paciência até essa embalagem desaparecer e esse enorme bem oculto se revelar
Rabino Gloiber
(ספר הליקויים כתבי הארי ז”ל)
Mais detalhes sobre esse assunto:
Nossa Parashá nos conta que devemos colocar juízes e policiais em todos os nossos portões
Ou seja, primeiro julgarmos de acordo com a Torá se aquela determinada coisa que estamos vendo, ouvindo, comendo, bebendo, cheirando ou sentindo é permitida pela Torá.
Depois desse julgamento devemos policiar as entradas do nosso corpo e deixar entrar para dentro de nós por meio dos nossos cinco sentidos somente o que é permitido pela Torá.
Disseram para ele que está aqui no acampamento Elishá, o profeta que ficou famoso por ter feito um grande milagre em relação à água.
Ou seja, não só que havia lá um profeta, mas também que esse era exatamente o profeta que eles precisavam naquela hora, e se ele acompanhou o exército não foi por querer participar da guerra mas sim porque ele tinha uma profecia para falar
Sendo que o profeta antigo incorporava a profecia e fazia com que ela descesse para o mundo, se o profeta não ficasse alegre a profecia não pairaria sobre ele e consequentemente não desceria para o mundo e o milagre não aconteceria.
Elishá não tinha escolha, ele viu a pessoa ruim e isso despertou nele a tristeza, como tirar essa tristeza agora?
O final dessa história vocês já devem ter imaginado, ele falou a profecia de que Hashem iria trazer muita água para todos esses exércitos e pouco tempo depois aquele lugar virou um lago!
Daqui aprendemos que não é o suficiente sermos os juízes e guardas do nosso corpo, de vez em quando deixamos sem querer passar alguma coisa, então temos que fazer como o profeta Elishá e não viver na tristeza mesmo que ela tenha um motivo espiritual para se revelar dentro de nós, mas despertar a alegria mesmo que para isso precisemos de um artifício.
O objetivo de policiarmos nossos cinco sentidos é para que a presença Divina paire sobre cada um de nós e ela só paira onde há alegria, precisamos nos fechar para que as coisas ruins não entrem para dentro de nós mas temos que nos abrir em dobro para as coisas boas, para que elas entrem dentro de nós.
Elul é o mês da Teshuvá, e como toda Mitzvá deve ser feita com muita alegria, a Mitzvá da Teshuvá deve ser feita com mais alegria ainda, como a alegria de uma criança perdida na floresta que encontra o caminho para voltar para casa!
Então, vamos fazer a nossa Teshuvá com muita alegria e entusiasmo, fazer o balanço anual de tudo o que fizemos de certo e errado, assumir que não voltaremos a fazer as coisas erradas, acrescentar na quantidade e qualidade das coisas certas, e no mérito da nossa correção de rumo Hashem vai dar para cada um de nós um ano bom e doce.
Nossa Parashá nos conta sobre os direitos e deveres do Rei, terminando com o versículo de que esses direitos e deveres são para que ele tenha um longo reinado.
כתיבה לחתימה טובה לשנה טובה ומתוקה
❤️SHABAT SHALOM❤️
O motivo para isso é que quando os animais saíram da Arca de Noé eles receberam uma Benção Divina para se multiplicar.
Os diferentes eram na Arca e não receberam essa benção, ou seja, novas espécies que animais, não são um cruzamento de duas espécies motivo, como por exemplo a mula.
Por isso, quando a Torá nos conta sobre quatro espécies de animais impuros com um único sinal de pureza que não os torna puros por causa disso, a Torá está falando sobre quatro espécies e não sobre raças.
Ou seja, essas espécies se cruzarem entre si, ou não serão filhos ou os filhos não féis e darão continuação à essa nova não espécies.
O criador do dicionário do hebraico moderno, Eliezer ben Yehuda, usou como uma das bases para o seu dicionário a tradução da Bíblia cristã para as línguas européias.
Mesmo sabendo que Shafan e Arnevet não são coelho e elebre, ele optou pela tradução da Bíblia cristã para definir os mesmos, não para os judeus, provavelmente pelo motivo de haver fontes a serem publicadas para que os países europeus e reconhecessem o hebraico moderno como língua falada.
O Mandamento Divino de destruir toda a idolatria da nossa terra prometida também se encontra na nossa Parashá. Ou seja, na nossa propriedade não pode haver idolatria.
E se nossa propriedade física não deve ter idolatria, quanto mais nossa propriedade intelectual, e mais ainda, em nossa espiritual que é nossa Torá, devemos apagar toda a influência da idolatria.
Na klip noga o bem e o mal misturados e por isso temos a capacidade de assumir o lado bom dessa criatura e consequentemente nos elevamos espiritualmente junto com ele.
Isso faz com que umbate a kasher, e abaixe a capacidade do abate kasher, o que depois abaixar a carne, sendo que não temos o poder de elevar o algo, e sempre que não aconteça o que aconteceu, o que aconteceu, nos leva para contrário.
Portanto, para acontecer esse sincronização de alguém após o abatekasher emparelhar sobre essa carne um espírito e não o contrário, esse abater kasher tem que ser feito por um pensador que é o Korban na época em que ele era feito.
E mesmo se for inventada uma máquina que faz o que é exato como precisa, o animal que passar por essa máquina será kasher por esse motivo.
Esses circuitos proibidos “como anteriormente, são verdadeiros “curtos lá misturas proibidos” e a origem disso é um espiritual de tudo nesse mundo com sincronização como Sefirot cima.
Nesse caso acontece um choque entre a origem espiritual do leite e o Guevurá que é a origem espiritual da carne.
O corpo do animal impuro é a vestimenta de uma alma de nível baixo e por O grandes ocultações. Sendo que esse corpo está sincronizado com esse nível de alma, quando mantemos o desenho ou uma foto desses animais impuros em casa ou nas roupas das crianças, estamos atraindo coisas não boas.
Por isso o próprio Rebe de Lubavitch pediu para não comprar para as crianças roupinhas com desenhos de ursinhos gatinhos e cachorrinhos.
Diz a nossa Parashá que “não só de pão viverá a pessoa, mas de toda palavra Divina a pessoa viverá”.”Explica o Ari ZaL que a vitalidade da Alma não vem por meio da comida mas sim por meio da palavra Divina que se encontra nela
E o que vem a ser essa palavra Divina? Diz o Ari ZaL que o termo “palavra Divina” está indicando a Brahá (a benção) que fazemos antes de comer
A Brahá eleva o lado “Alma” do alimento que são as “Centelhas Divinas” que se encontram nele. Essas “Centelhas Divinas” estão misturadas com o lado espiritual negativo do mundo e precisam ser refinadas dele.
Por meio da Brahá refinamos essas pequenas revelações Divinas tirando elas das impurezas. Delas nossa Neshamá (nossa Alma Divina) recebe sua vitalidade e esse é o “alimento da Alma”. Nosso corpo se alimenta do lado material do que comemos e nossa alma do lado espiritual.
A explicação do Ari Zal
O Ari Zal nos explicou que tudo nesse mundo tem um lado ”corpo” e um lado Alma, e da mesma maneira que o ser humano foi criado “corpo e Alma”, assim também tudo o que existe no mundo tem corpo e alma
A própria Torá tem um lado “corpo” que são as Halahot (as leis práticas) e um lado Alma que está por trás delas e são os verdadeiros motivos dos Mandamentos Divinos
Por isso os Anjos não queriam que a Torá descesse para esse mundo e recebesse esse lado “corpo”, porque eles não se interessavam por isso sendo que entre eles não há ódio ou inveja e eles não precisam de leis práticas como “não assassinar”, “não cometer adultério” e etc.
Por isso eles pediram para que a Torá ficasse nos mundos superiores e eles tivessem sempre acesso à revelação “Alma” da Torá.
E aqui surge novamente a Brahá. Quando falamos toda manhã as Brahot da Torá, unimos nossa Alma ao lado Alma da Torá que é uma revelação Divina tão grande que até os Anjos queriam ter acesso a ela também.
As Mitzvot também tem o lado “corpo” e o lado “Alma”. Dizem nossos Sábios que quando você faz uma Mitzvá “é bom para você nesse mundo e ela continua guardada pra você no próximo mundo”. Ou seja, você recebe aqui o bônus dela, mas o “pagamento” por ela está guardado integralmente para você no paraíso.
Quando falamos a Brahá da Mitzvá estamos conectando a nossa Alma com o lado Alma da Mitzvá, com o lado oculto dela que está lá em cima e não tem como se revelar aqui embaixo de tão bom e elevado que é
Por isso está escrito na nossa Parashá a palavra: “toda a Mitzvá…” e não somente a palavra “a Mitzvá”, nos indicando não só o lado “corpo” da Mitzvá mas também o lado “Alma” da Mitzvá que é, na linguagem do Zohar, a “terra de Israel espiritual”
E assim também, da mesma maneira que a terra de Israel material foi conquistada por etapas, como diz o versículo: “pouco a pouco vou expulsá-los da sua frente “, assim também a terra de Israel espiritual
O Rebe explica que a vida particular de cada um de nós é a conquista da terra de Israel espiritual.
1- Cada um de nós recebe uma parte dela por sorteio lá de cima. Ou seja, recebemos “por sorteio” nosso trabalho Divino diário personalizado que inclui nosso refinamento pessoal.
2- A conquista não deve ser feita de uma vez, mas sim pouco a pouco. (Mas não seja radical no pouco a pouco, pouco a pouco não quer dizer não fazer nada , não se esqueça que devemos nos esforçar para fazer o trabalho Divino , como dizem nossos Sábios: “Se você se esforçou e conseguiu acredite!”)
Conclusão: Quer que a sua Alma vibre cheia de energia positiva? Capriche nas Brahot (nas bênçãos) !
Diz a Parashá:”Talvez você diga no seu coração :- Esses povos são muito mais numerosos do que eu, como poderei conquistá-los?” (דברים ז’ י”ז)Ou seja, talvez você sinta a realidade! Você mediu o tamanho do problema e se conscientizou de que não tem a mínima chance de resolvê-lo. Lá vai a regra geral que nos dá Moshe Rabeinu para todo e qualquer problema (incluindo fechar as contas no fim do mês) : “Não tenha medo deles ! Lembre-se do que Hashem fez ao faraó e a todo o Egito, os milagres, as maravilhas etc etc etc.
Ou seja, isso é o que devemos pensar e sentir sempre em qualquer situação difícil. Se não saiu como queríamos, com certeza nos espera algo melhor. Mas nós devemos fazer a nossa parte que é viver confiantes a cada instante, nunca pensar que não vai sair como queremos mas sim nos lembrar dos milagres e das maravilhas que Hashem fez no Egito e nos conscientizar de que assim ele vai nos fazer agora !
Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) ama os “Guerim” (as pessoas que se convertem ao judaísmo) e dá para eles “pão para comer e roupa para vestir”Rashi diz que isso que Hashem garante para os Guerim que nunca vai faltar para eles “pão para comer e roupa para vestir” não é coisa pequena sendo que esse foi o pedido que o nosso patriarca Yaakov fez para Hashem
Uma explicação para isso é que a intenção da Torá é que Hashem ama os Guerim a ponto de fazer com que os descendentes deles se tornem os cohanim,(os sacerdotes do nosso povo), e a intenção “pão para comer e roupa para vestir” iria os cohanim que usam roupas exclusivas e recebem a halá do nosso povo.
E assim daria para entender também a reza do nosso patriarca Yaakov que termina com a promessa de construir uma casa para Hashem que é o Beit Hamikdash e também fala sobre as maasserot
Mas de acordo com a explicação de Rashi a intenção é que Hashem vai dar para o próprio guer “pão para correr e roupa para vestir” e aprendemos a importância disso da reza de Yaakov
Muitas pesquisas foram feitas em muitos países durante muitos anos e chegaram a conclusão de que quando pessoa não ganha o que precisa não está feliz. Quando ele ganha o que precisa está no auge da felicidade mas acima disso o dinheiro já traz preocupação.
Se eles tivessem pesquisado no Pirkei Avot, um livro judaico de mais de dois mil anos atrás mas atual para todas as gerações, não precisariam fazer muitas pesquisas em muitos países durante muitos anos.
Diz o Pirkei Avot :- Quem é rico? Quem está feliz com o que tem. O mesmo Pirkei Avot também diz :- Quando crescem os bens crescem as preocupações. Ou seja, muito dinheiro atrai muita preocupação.
Nosso Patriarca Avraham foi uma exceção de regra nesse assunto porque ele usou seu dinheiro para fazer Tzedaká
Abriu uma tenda no deserto aberta aos quatro ventos, dava comida e bebida à todos que passavam, e ensinava eles à rezarem para o D’us que criou o mundo. Sua riqueza, no lugar de ser fonte de preocupação se tornou uma fonte de prazer, o prazer de ajudar o próximo materialmente e espiritualmente!
Na nossa Parashá Moshe Rabeinu conta para o povo de Israel como conseguiu anular o decreto Divino que pairava sobre o nosso povo por causa do bezerro de ouroDiz o Zohar que Hashem (D’us) dirige o mundo e o Tzadik dirige Hashem(!). Ou seja, Hashem faz um decreto, o Tzadik anula o decreto de Hashem, o Tzadik faz um decreto, Hashem oficializa o decreto do Tzadik!
O Zohar usa uma linguagem explicitamente forte em relação à isso, e diz que “O Tzadik manda em D’us”! Nessa passagem da nossa Parashá vemos a veracidade dessas palavras
A situação que o nosso povo estava no Egito foi a pior de toda a nossa história. Todo o nosso povo estava em um país de onde era impossível de se sair, e a maioria do nosso povo estava escravizado dentro dele. Em nenhuma outra etapa da nossa história passamos por uma situação semelhante à essa.
Hashem trouxe dez pragas ao Egito, abriu o mar para nós e o fechou sobre os egípcios que estavam nos perseguindo, fez a comida descer do céu, a água nos acompanhar e as nuvens nos proteger, em nenhuma outra etapa da nossa história Hashem fez para nós milagres tão grandes
No Monte Sinai recebemos a Torá e ouvimos do próprio D’us a proibição de fazer idolatria. A pessoa mais simples do nosso povo viu no Monte Sinai um nível de revelação Divina maior do que o próprio profeta Yehezkel viu na sua maior profecia conhecida como a “Merkavá”, em nenhuma outra etapa da nossa história Hashem fez para nós uma revelação tão grande
Apenas cinquenta dias após a saída do Egito e quarenta dias após recebimento da Torá e de ter ouvido diretamente de D’us a proibição de fazer idolatria, nosso povo faz a maior idolatria de toda a nossa história, um bezerro de ouro com vida própria. Uma infinita ingratidão contra Hashem que fez para eles tantos milagres para trazê-los até aqui são e salvos.
Esses extremos nunca mais aconteceram na nossa história, nunca mais estivemos em uma situação tão ruim como estávamos no Egito, nunca mais tivemos milagres tão grandes como aqueles que Hashem fez para nos tirar do Egito e nunca mais tivemos uma revelação Divina tão grande como a entrega da Torá.
Toda a idolatria que o nosso povo fez depois de entrar na terra prometida pode ser justificada pelo motivo de que aquelas pessoas que fizeram as idolatrias terem ouvido dos seus pais sobre os grandes milagres que Hashem fez para nos tirar do Egito e as grandes revelações que aconteceram com a entrega da Torá, mas não terem presenciado nem esses milagres e nem essas revelações.
Mas o povo de Israel que saiu da miséria do Egito com grandes riquezas e viu toda a revelação da entrega da Torá não teve nenhuma justificativa para fazer aquela idolatria.
E aqui vemos a grandeza do Tzadik e a veracidade das palavras do Zohar. Moshe Rabeinu, vendo que o povo não tem nenhuma justificativa pede para Hashem levar em conta o que dirão os povos do mundo.
E por fim pede para Hashem apagar o nome dele (de Moshe) da Torá caso não queira desculpar o povo de Israel Hashem concorda em desculpar o nosso povo e anula o decreto Divino de o nosso povo desaparecer da face da Terra e dar continuidade aos nossos patriarcas por meio da descendência de Moshe, deixando claro que o que Hashem decreta o Tzadik consegue anular, mas o que o Tzadik decreta Hashem é obrigado a oficializar.
E se até no caso mais extremo da nossa história o Tzadik conseguiu anular o decreto Divino que estava 100% justo, quanto mais em qualquer outro caso sendo que nenhum outro caso na nossa história teve todos esses extremos como o caso do bezerro de ouro, e na maioria dos casos nosso povo tem algum mérito.
Diferente do caso do bezerro de ouro em que nosso povo não tinha nenhum mérito e mesmo assim Moshe Rabeinu conseguiu anular o decreto Divino usando o argumento de “o que vão dizer os povos do mundo” e também usando o próprio mérito para anular o decreto.
Por isso, diz o Zohar, sempre trinta dias antes de acontecer uma coisa ruim para o nosso povo, Hashem revela ao Tzadik da geração a coisa ruim que está para acontecer para que ele possa anular o decreto Divino a tempo.
Por isso temos que falar sempre sobre os méritos do nosso povo para ajudar o Tzadik nesse trabalho tão difícil, e nunca falar sobre os defeitos do nosso povo, para não fortalecer os anjos da acusação chamados de “mekatreguim” no tribunal Divino e enfraquecer o Tzadik nesse momento em que ele precisa de nós para ajudá-lo, e não, D’us nossa livre, para ajudar o lado contrário.
Principalmente agora nessa época tão delicada para o nosso povo, época em que estamos prestes a receber a nossa Gueulá, nossa redenção final, e sobre essa época disseram nossos Sábios “Que ela venha mas que eu não esteja lá nessa hora”.
Ou seja, uma época na qual os milagres Divinos serão tão grandes a ponto de que os milagres da saída do Egito vão perder a importância em relação à eles.
Agora é a reta final da Gueulá. Nossos Sábios deram sinais sobre essa época e estamos vivenciando todos esses sinais, e a conclusão é: Quando uma mulher começa a sentir os sinais de que ela vai dar a luz é só uma questão de pouco tempo para isso acontecer na prática !
Nossa Parashá nos conta sobre coisas maravilhosas que vamos receber em decorrência de cumprirmos os Mandamentos Divinos
A expressão usada pela Torá para essa decorrência é “Ekev”, que quer dizer “calcanhar”, nos indicando que, como um passo vem em decorrência do outro, assim também as enormes Bênçãos Divinas vem em decorrência do cumprimento das Mitzvót
A Torá poderia nos dizer isso de várias maneiras, então porque esse assunto tão importante é trazido dessa forma, se referindo ao nosso calcanhar, quando poderia ser dita de forma contrária, como: “A cabeça de todas as Bênçãos é o cumprimento dos Mandamentos Divinos” ?
Rashi explica que a Torá usa essa expressão para nos indicar que está se referindo aos Mandamentos que consideramos fáceis e acabamos “pisando” neles com os nossos calcanhares”, esses é que são os Mandamentos aos quais a Torá se refere que em decorrência do seu cumprimento ganharíamos as maiores Bênçãos Divinas
Mandamentos maiores e Mandamentos menores
Os Mandamentos Divinos se dividem em duas categorias: “Mitzvót Assé” que são os Mandamentos “Faça”, e “Mitzvót Ló Taassé” que são os Mandamentos “Não Faça”
Na categoria de Mandamentos “Faça” conseguimos saber quais são os mais importantes e quais são os menos importantes, sendo que a Torá nos revela o castigo que o “Beit Din”, o tribunal Rabínico, tem que aplicar em cada caso.
No caso de assassinato intencional com testemunhas visuais na época do Beit Hamikdash a pena era de morte, mas no caso de roubo a pena variava de 100% à 500% de multa dependendo do caso.
Assim podemos concluir que assassinato é mais grave do que roubo, e baseado na tabela das penas que deveriam ser aplicadas em cada caso de transgressão conseguimos fazer uma tabela de gravidade das transgressões e saber qual dos Mandamentos “Não Faça” é mais importante e qual é menos importante.
Quando falamos sobre a categoria de Mandamentos “Faça”, não temos como saber qual é o mais importante e qual é o menos importante.
E o motivo para isso é simples: A Torá não revela a recompensa que vamos ganhar por cumprir cada um dos diferentes Mandamentos da categoria “Faça”, e portanto não temos como saber qual é o mais importante e qual é o menos importante, e isso é a causa de fazermos erros de avaliação tão grandes a ponto de pisarmos com os nossos calcanhares nesses próprios Mandamentos que no mérito deles receberíamos todas as Bênçãos Divinas possíveis e imagináveis.
E o que nos causa fazer esses erros de avaliação tão graves?
A prepotência
Na nossa Parashá Moshe Rabeinu pede para nosso povo tomar cuidado para não chegar à uma situação em que, por causa de tanta fartura, de comer bem a ponto de estarmos totalmente satisfeitos, de construir casas tão boas e viver nelas com tanto conforto.
Mas por termos tanto gado e tantos rebanhos, tanta prata e tanto ouro, por termos tudo em tanta fartura, por causa disso chegarmos ao extremo da prepotência e chegamos a esquecer de Hashem nos tirou da terra do Egito, da casa da escravidão, mas pensamos que nossa própria força, o esforço das nossas próprias mãos nos deu toda essa fortuna.
Nessa hora, diz Moshe Rabeinu, devemos nos lembrar de Hashem, nosso D’us. Ele é que nos dá força para fazermos toda essa fortuna.
Daqui vemos que existe o orgulho. A auto-idolatria causada pelo sucesso que Hashem nos dá, isso é que nos traz à esse erro de avaliação, de olharmos para cima e esquecermos de olhar para qualquer coisa que na nossa opinião está lá embaixo, apenas no nível dos nossos calcanhares.
As vezes avaliamos que amar ao próximo como a si mesmo está escrito sobre um próximo que tem muito mais dinheiro do que nós, e com certeza teremos grandes benefícios desse “amor ao próximo”, e ainda justificamos isso trazendo uma história da Guemará que Rabi Yehudá HaNassi honrava os ricos porque o fato de Hashem ter dado à eles riqueza demonstra o seu mérito.
E as vezes avaliamos que amar o “guer”, alguém que se converteu ao judaísmo, está escrito sobre um guer que tem mais contatos do que nós no alto escalão da sociedade dos não judeus, e com certeza teremos grandes benefícios desse “amor ao guer” quando fizermos grandes negócios com os não judeus.
No final acabamos valorizando mais as Mitzvót que nos trazem algum benefício social ou financeiro, pisando naquelas que aparentemente seriam uma perda de tempo ou até mesmo poderiam nos causar prejuízos sociais ou financeiros.
E aí vem a Torá e nos diz: Você quer ganhar de verdade? Então olhe para baixo e veja que todas as Bênçãos Divinas possíveis e imagináveis estão exatamente onde? Embaixo do seu calcanhar
Vaet’hanan
Moshe conta ao nosso povo que “rezou para D’us naquela hora” e usa a palavra Vaet’hanan se referindo à reza.
Rashi diz que a raiz da palavra Vaet’hanan é usada em todas as escrituras no sentido de pedir um presente sem precisar dar nada em troca, e explica: Mesmo podendo os Tzadikim justificarem o atendimento de seus pedidos como merecimento à suas boas ações, mesmo assim, por humildade pedem para que Hashem atenda à seus pedidos sem olhar para seus méritos, pedem para que Hashem atenda à seus pedido de graça e não como pagamento pelas suas boas ações.
A primeira coisa que aprendemos aqui é a de não pensarmos nos nossos méritos na hora de rezarmos e fazermos nossos pedidos, porque o atendimento aos nossos pedidos é um presente que Hashem nos dá simplesmente pelo fato de termos pedido.
Diz o Midrash Rabá que o valor numérico da palavra Vaet’hanan é de 515 nos indicando o número de vezes que Moshe rezou por aquele mesmo motivo, fazendo aquele mesmo pedido novamente.
Daqui aprendemos que devemos pedir pedir e pedir, e se até Moshe Rabeinu que era o maior dos profetas pediu tantas vezes, quanto mais nós.
Quando estamos rezando precisamos ter segurança de que vamos ser atendidos e nunca devemos imaginar no meio da reza que talvez não sejamos atendidos. Isso porque a falta de fé enfraquece o efeito da reza.
Por isso, na hora que fazemos um pedido para Hashem (D’us) devemos acreditar com fé perfeita que nosso pedido vai ser atendido.
Mas caso aconteça de você não receber o que está pedindo no momento, saiba que quando isso acontece é sempre por motivos que são para o nosso bem. Bem revelado ou bem oculto.
E mesmo nesse caso, nossas rezas que aparentemente não serviram para o que queríamos, são automaticamente direcionadas para algo mais importante que muitas vezes nem sabíamos que estávamos precisando tanto daquilo.
A Mitzvá da Tefilá
A Mitzvá da Tefilá
De acordo com a Torá, a Mitzvá da Tefilá consiste em pedir para Hashem o que você precisa na hora que você precisa. Por exemplo: em uma hora de perigo, um dos 613 mandamentos da Torá é de rezar e pedir para Hashem nos salvar do perigo, e isso é um dos princípios da nossa fé.
O motivo desse princípio é de que por meio disso a pessoa vai saber, entender, e também se conscientizar de que Hashem sozinho dirige o mundo e toma conta de cada detalhe de cada uma das criaturas, e que somente Hashem tem a possibilidade de nos salvar, como escreveu o Rambam no quinto dos treze princípios da fé Judaica.
O fato de cada um de nós ser obrigado a cumprir o mandamento Divino da Tefilá por meio de pedir para Hashem o que precisamos na hora que precisamos, nos mostra que a Mitzvá da Tefilá não é direcionada especificamente à pessoas próximas de Hashem como Tzadikim mas sim à cada um de nós.
Quando precisamos de alguma coisa é uma Mitzvat Assé, Mandamento “Faça”, fazer nossos pedidos para Hashem. Por esse motivo, mesmo estando as mulheres liberadas de cumprir os mandamentos “faça” que tem um tempo determinado, as mulheres também são obrigadas a rezar, sendo que pela Torá o mandamento da reza não tem um tempo determinado.
Às vezes nosso pedido será aceito e nosso desejo realizado, e às vezes, para nosso próprio benefício material ou espiritual, nosso pedido não é aceito, mas como vimos anteriormente nunca podemos pensar isso na hora do pedido.
Isso se compara a alguém que manda seu pedido a um rei. Qualquer pessoa pode mandar para o rei um pedido, e mesmo sendo a pessoa mais distante dele, pode ser que o rei vai atender à seus pedidos porque condiz à natureza boa e piedosa do rei atender especificamente aos mais humildes e etc…
O fato de a pessoa estar mais próxima ou mais distante do rei só vai fazer diferença em relação à pedidos sobre assuntos públicos e de grande importância para o povo, mas em assuntos de necessidades particulares não faz diferença se a pessoa está mais próxima ou mais distante.
Dessa mesma maneira Hashem se relaciona às rezas que rezamos e aos pedidos que fazemos para Ele porque explicitamente Ele atende às rezas de cada pessoa e esse é o mandamento da reza pela Torá.
Nossos Profetas e Sábios no exílio da Babilônia viram que estávamos esquecendo o que precisamos e diminuindo a frequência em que deveríamos pedir, e fizeram para nós a Tefilá de 18 Brachot conhecida como “Shmone Esrei” ou Amidá como hoje se encontra no Sidur.
Os Sábios da Mishná conhecidos como Tanaim e os Sábios da Guemará conhecidos como Amoraim acrescentaram mais algumas rezas, seguidos pelos Sábios das gerações posteriores, até chegarmos ao Sidur que temos hoje.
Conclusão: Capriche nas rezas e não economize nos seus pedidos, você só tem a ganhar!
Nossa Parashá nos conta que Moshe Rabeinu, depois de ter conquistado as terras da margem oriental do rio Jordão que seria a herança das tribos de Reuven, Shimon e metade da tribo de Menashe imaginou que o decreto Divino de não entrar na terra de Israel poderia ter sido anulado como é a regra de qualquer profecia negativa.Moshe rezou 515 vezes pedindo à D’us para deixar ele entrar na Terra de Israel e alcançar o nível dos mandamentos Divinos ligados à “Terra Santa”. Hashem responde à ele : “Muito mais do que isso está guardado para você, não continue pedindo isso”. Vemos daqui que se ele continuasse a pedir receberia o que estava pedindo, mas o “Muito mais do que isso está guardado para você” ele perderia.
Aprendemos daqui que quando rezamos e pedimos muitas vezes para Hashem nos dar algo e parece que nossos pedidos não estão sendo levados em conta, o motivo por não recebermos o que pedimos pode ser porque “muito mais do que isso” está guardado para nós, e se recebermos a coisa pequena perderemos a grande, portanto Hashem não nos dá o que pedimos para que possamos receber algo muito melhor.
Porque Moshe não fez como Yaakov que rezou para ter uma vida tranquila e foi atendido? Yaakov viveu até os 147 anos uma vida tranquila no Egito com seu filho Yossef no governo.
Moshe poderia pedir à Hashem uma vida tranquila entre as tribos de Reuven, Shimon e metade da tribo de Menashe que receberam terras fora de Israel, e viver tranquilo com seu sucessor Yehoshua no governo como viveu Yaakov no Egito com Yossef acima dele .
O sucessor de Moshe, Yehoshua Bem Nun era seu aluno exemplar, um filho espiritual que no caso de Moshe era até mais importante do que um filho material.
A resposta para isso veremos mais à frente em Parashat Vayelech, lá Hashem diz para Moshe : “Você se deitará com seus pais e esse povo se levantará e se prostituirá atrás de deuses estranhos…”
Nosso patriarca, Avraham Avinu, faleceu com 175 anos de idade. Rashi explica que Avraham teria que viver 180 anos como seu filho Itzhak, mas Hashem diminuiu cinco anos da vida dele porque tinha prometido à Avraham que ele iria falecer com tranquilidade.
Essa tranquilidade consistia no fato de Ismael ter feito teshuvá e Essav ainda não ter se corrompido, e isso significava falecer com tranquilidade.
Mas se ele vivesse mais iria sofrer com a idolatria de Essav e não faleceria tranquilo como Hashem lhe prometeu, e por isso Hashem o levou antes da hora.
Portanto, antes do falecimento de Moshe que seria a hora propícia para ele pedir uma vida tranquila na margem oriental do rio Jordão, Hashem lhe comunicou que o povo iria fazer idolatria, e assim ele já não tinha mais motivo para pedir isso.
E o que é o “Muito mais do que isso” que Hashem dará à Moshe? Diz o Ari Zal no Shaar Haguilgulim, baseado na primeira parte desse mesmo versículo “Você se deitará com seus pais e se levantará… “.
Uma pessoa que falece sobe para o paraíso, e sobre Moshe está escrito “…e se levantará, nos indicando que ele vai se reencarnar novamente na última geração, a geração do Mashia’h, que é nada mais nada menos do que a reencarnação da geração que faleceu no deserto e Moshe próprio se reencarna e se torna o Mashia’h! Existe melhor do que isso?
Então vamos rezar forte para que a Gueulá aconteça imediatamente!
Na nossa Parashá Moshe Rabeinu lembra o povo sobre os Dez Mandamentos Divinos que foram dados no Monte Sinai logo após a saída do Egito.Os dois primeiros Mandamentos ouvimos diretamente de Hashem (D’us) e nos outros Mandamentos Moshe Rabeinu falou o Mandamento Divino e Hashem fez com que todos escutassem.
Os primeiros dois Mandamentos, os que ouvimos diretamente de Hashem, estão em uma categoria de “desmaterialização dos conceitos”. Para entendermos isso precisamos analisar profundamente o terceiro princípio da fé judaica do Rambam que toca exatamente nesse assunto
O Terceiro Princípio da fé judaica:
Creio com plena fé que o Criador não é corpo. Conceitos físicos não se aplicam a Ele. Não há nada que se assemelhe a Ele.
A desmaterialização dos conceitos:
Falar com um ser humano sobre o que é um “mundo da Yetzirá” (Baixo Paraíso) ou um “Mundo da Briá” (Alto Paraíso) e quais revelações Divinas temos nessas grandes alturas espirituais é como por exemplo descrever para um cego que nasceu cego e só vê escuridão tudo o que você viu nas suas ultimas férias, paisagens maravilhosas que ele não tem como imaginar.
Você vai contando para ele, e no pensamento dele “preto mais preto é igual a preto” “escuro mais escuro é igual a escuro” e por fim ele te diz que já conseguiu imaginar tudo o que você contou.
Você responde :- Você não tem culpa, mas se você conseguiu imaginar saiba que tudo o que você imaginou está errado !
Simplesmente você pode ouvir mas não pode imaginar, tudo que você vai imaginar vai ser “preto mais preto é igual a preto, uma grande escuridão!”
Assim funciona o nosso pensamento, “matéria mais matéria é igual a matéria” e novamente “matéria mais matéria é igual a matéria” e você acha que já sabe tudo!
Ou seja, espiritualmente falando, como no caso do cego onde “preto mais preto é igual a preto”, se conseguimos com o nosso pensamento imaginar o espiritual, uma coisa já podemos ter certeza:- Que não era isso!!!
Ou seja, o espiritual é tão bom, tão melhor, que não temos os sentidos para imaginá-lo.
Então simplesmente temos que saber que O Criador não é corpo. Conceitos físicos não se aplicam a Ele. Não há nada que se assemelhe a Ele.
Nosso principal problema é que desde pequenos damos forma ao que ouvimos, e sendo que são formas materiais, consequentemente estão erradas, e o nosso trabalho Divino principal é eliminar essa materialização dos assuntos espirituais, e cada vez novamente nos conscientizar de que “O Criador não é corpo”. Conceitos físicos não se aplicam a Ele. Não há nada que se assemelhe a Ele !
Mais detalhes sobre a ParasháNa nossa Parashá, Moshe Rabeinu conta que rezou 515 vezes pelo mesmo motivo, entrar na terra prometida!
Moshe pertencia à tribo de Levi que não iria receber uma parte da Terra Santa como as outras tribos, porque eles precisariam ter todo seu tempo livre para estudar Torá e assim poder ensinar a Torá à todo o nosso povo.
Portanto, o único motivo pelo qual Moshe Rabeinu queria tanto entrar na Terra Santa era para cumprir os Mandamentos Divinos que dependem dela, Mandamentos que podem ser cumpridos somente na terra de Israel.
Depois de ter feito 515 rezas pedindo isso, Hashem pede para ele não rezar mais sobre esse assunto e diz que ele não vai receber isso, mas sim algo muito melhor do que isso.
Diz o Ari Zal que Moshe se reencarna como Mashia’h e a geração dele como geração Gueulá. Diz o Rebe que essa geração é a nossa!
Pelo fato de Moshe ter concordado em parar de rezar para entrar na Terra Santa, vemos que com certeza o fato de ele se reencarnar como Mashia’h e a sua “geração do conhecimento” como “geração da Gueulá” foi realmente mais importante para ele do que entrar naquela época na terra de Israel e ele sozinho alcançar os maiores níveis espirituais, mas deixando sua geração para trás, Moshe não faria isso.
Às vezes nós rezamos e pedimos muitas e muitas vezes para Hashem nos dar algo, e no final não recebemos.
Nessa hora devemos nos lembrar que Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e o amor que Hashem tem por cada um de nós é infinitamente maior do que o amor que temos pelos nossos próprios filhos
Sendo assim, se Hashem não nos deu o que pedimos, com certeza muito melhor do que isso Ele tem guardado para nós
Quanto mais grave o assunto maior tem que ser a rezaQuando Moshe rezou para Hashem curar sua irmã Miriam, ele falou somente cinco palavras e o pedido dele foi atendido imediatamente.
Quando Moshe rezou pelo nosso povo na ocasião do bezerro de ouro, ele teve que se esforçar muito na sua reza.
Subiu ao Monte Sinai, ficou lá quarenta dias e quarenta noites, pediu para Hashem apagar o nome dele da Torá caso nosso povo não fosse desculpado, e não abriu mão de rezar até conseguir o que queria. Esse foi um esforço sobrenatural.
Quando Moshe rezou pelo nosso povo no caso de Kora’h o povo foi desculpado imediatamente.
Vemos daqui que quanto mais grave o caso, maior tem que ser a reza.
No caso de Miriam, ela era uma Tzadeket e tinha uma boa intenção, mas a atitude dela estava errada. Por isso cinco palavras de reza bastaram.
No caso de Korah, o povo inteiro se reuniu à volta dele para ver o que vai acontecer. Korah imaginou erroneamente que todos estavam a favor dele e isso o motivou a continuar a “ma’hloket”, a discórdia.
Sendo que a intenção do povo não era a de Kora’h continuar a discórdia mas sim de ver o que vai acontecer, quando Moshe rezou por eles e eles foram desculpados rapidamente.
No caso do bezerro de ouro tinha sido muito mais difícil. O povo reclamou quando faltou água, reclamou quando faltou comida, reclamou que queriam carne, reclamou de tudo! E quando chegaram os idólatras para arrecadar fundos para fazer a idolatria logo após o ápice da revelação Divina na entrega da Torá, ninguém reclamou!
As mulheres não quiseram dar as joias para fazer o bezerro de ouro e os maridos arrancaram as joias delas à força. E tudo isso quarenta dias depois da entrega da Torá, não dava tempo de dizer que esqueceram que D’us existe.
Nesse caso Moshe Rabeinu teve que se esforçar muito na reza e não foi atendido imediatamente ou apenas rapidamente, mas somente depois de quarenta dias de esforço sobrenatural.
Cada um de nós recebe de Hashem absolutamente tudo o que merece receber, pelo infinito amor que Hashem tem por cada um de nós.
Quando merecemos um “castigo”, uma retificação lá de cima, nunca recebemos esse castigo na sua integridade, mas recebemos muito menos do que deveríamos receber. Hashem na sua infinita bondade nos faz todos os descontos possíveis e impossíveis para diminuir o nosso castigo.
Mas ao contrário disso, o que merecemos receber de bom, recebemos integralmente. Por isso, sempre que rezamos e pedimos para Hashem nos dar mais coisas boas, mesmo como adiantamento pelos nossos futuros méritos, pelas coisas boas que ainda estamos por fazer, devemos pedir para Hashem nos dar isso de presente, nos dar “de graça”.
Por isso a linguagem da nossa Parashá referente à quando Moshe rezou para Hashem dar para ele mais do que planejado é Vaet’hanan, que significa que ele pediu um presente gratuito, sem um motivo que justificasse isso.
E assim devemos rezar também. Agradecer à Hashem que nos dá absolutamente tudo o que merecemos, não reclamar que nos falta alguma coisa mas pedir de presente tudo o que ainda nos falta.
Nunca devemos pensar nos motivos Divinos de porque alguém que na nossa opinião merece menos, tem mais, e nós que “com certeza” deveríamos receber mais de Hashem estamos recebendo menos.
Porque existem inúmeros motivos para isso, e um deles é o mérito ou desmérito de uma reencarnação anterior que não temos como saber.
Por isso, em relação aos assuntos materiais devemos olhar sempre para quem está em uma situação pior do que a nossa, agradecer à Hashem pelo que temos e pedir o resto “de presente”.
Em relação aos assuntos espirituais devemos sempre pedir para Hashem nos dar a possibilidade de podermos fazer mais, e isso também “de presente”.
Por isso Moshe rezou tantas vezes. Não para ter uma vida material melhor, como pergunta a Guemará :- Será que Moshe Rabeinu precisava comer as frutas de Israel? Mas sim para subir espiritualmente por meio dos Mandamentos Divinos ligados à terra de Israel que ainda faltavam para ele cumprir. Assim devemos fazer também
Quando rezamos por alguém, devemos rezar forte, como fez Moshe Rabeinu.
Quando rezamos para ter o mérito de conseguir cumprir mais Mitzvót, ou de conseguir cumprir as Mitzvót que já estamos cumprindo com mais capricho, devemos rezar forte e com todo o fervor.
Mas para os assuntos materiais devemos rezar com alegria sendo que já estamos recebendo tudo o que merecemos e qualquer coisa que tivermos a mais é lucro.
E quando estamos felizes com o que temos, mesmo que isso é de mentirinha porque precisamos de muito mais do que isso, Hashem nos dá motivo para estarmos felizes de verdade e nos dá de presente muito mais do que merecemos.
Está escrito na nossa Parashá: “E foi no quadragésimo ano, no décimo primeiro mês, no primeiro dia do mês, começou Moshe a explicar esta Torá dizendo…”.Dizem nossos Sábios, como traz Rashi, que Moshê explicou a Torá em setenta línguas diferentes.Porque Moshê precisaria explicar a Torá em setenta idiomas?
Rabi Moshe bem Nachman, o Ramban, nos ensinou que a Torá, as Profecias e todas as Escrituras Sagradas foram ditas na “Língua Santa” que é o idioma Divino no qual D’us falou com Moshe e com os Profetas.
Sendo que a Torá é a “Torá de Hashem”, Hashem “nos deu Sua Torá “, aparentemente o estudo da Torá deveria ser somente na “língua Divina”, a “Língua Santa”.
A definição de Torá “escrita” é : Nenhuma letra a menos e nenhuma letra a mais, mas exatamente como foi dada por D’us, e por esse motivo a leitura do Sefer Torá na sinagoga é considerado estudo e temos que dizer uma Brachá com nome de Hashem mesmo que o Judeu que está dizendo a Bênção não entende o que está lendo, e muitas vezes não entende nem a tradução da Benção.
Talvez por isso poderíamos dizer que a leitura da Torá escrita em qualquer ocasião só poderia ser feita na “língua Santa”, idioma no qual ela foi dada por D’us !
E não somente isso, mas até em relação às explicações da Torá, chamadas de “Torá Oral”, mesmo que aparentemente dependem somente do nosso entendimento, e se não entendemos a Torá Oral não cumprimos a Mitzvá de estudá-la, mesmo assim a Halachá é que “pensamento não é fala” e para cumprir a Mitzvá devemos falar a Torá Oral
E novamente poderíamos pensar que só cumprimos essa Mitzvá falando a Torá Oral na “língua Santa”.
E algumas leis que recaem sobre “falar” palavras de Torá são vigentes também em relação a Torá Oral como a proibição de falar palavras da Torá sem roupas e também o fato de não podermos fazer uma Bênção sobre a Torá que vamos pensar mas somente sobre a que vamos falar.
Ainda mais, sendo que a “Torá Oral” também é de D’us, poderíamos dizer que a classificação de “Estudo de Torá” só recaísse sobre a Torá Oral quando fosse dita na língua falada por D’us, na língua Santa.
Essa foi a ação de Moshe Rabeinu na nossa Parashá. Por meio de ter explicado a Torá em setenta línguas, a partir daí recai o nome “Torá” sobre assuntos de Torá estudados pelo povo de Israel em outras línguas mesmo não sendo essa a língua que D’us deu a Torá
Fazendo com que recaia sobre ela a classificação de “Torá” a tal ponto que quando falamos assuntos de Torá em outras línguas estamos falando verdadeiras “Palavras da Torá” e se torna proibido falarmos elas antes de dizer a “Bênção da Torá”, e nem precisamos dizer que é proibido falar assuntos de Torá em qualquer idioma se não estivermos vestidos
A iniciativa que teve Moshe na nossa Parashá foi incentivada pela própria Torá que usa algumas palavras nas línguas dos outros povos, como por exemplo “Yegar Sahaduta” , “Totafot” e etc.
O Midrash Tanhuma nos conta que até a primeira palavra dos Dez Mandamentos, Anochi (Eu) que engloba todos os mandamentos positivos da Torá é uma palavra retirada da língua egípcia antiga
O motivo que essas palavras fazem parte da Torá que é toda de Hashem é para que recaia a santidade da Torá sobre essas palavras e por meio disso as línguas dos povos se tornam refinadas para que se possa “repassar” a Torá por meio delas .
Isso acontece nos idiomas atuais também. O que a Torá fez em curta escala somente indicando que isso é possível, e Moshe Rabeinu fez em larga escala , traduzindo toda a Torá para setenta línguas, aparentemente foi uma dica para a nossa situação atual.
Surgiram novas línguas, todas derivadas daquelas setenta, e nós somos os que estão refinando esses novos idiomas quando repassamos a Torá por meio deles.
Na torre de Bavel aconteceu um milagre que deu origem a setenta línguas e delas saíram todos os idiomas que existem hoje. Sabemos que a “Língua Santa” , que por meio dela D’us criou o mundo, foi falada por Adam e Havá (Adão e Eva) e continuou sendo falada por pessoas de cada geração também depois da torre de Bavel
A maior prova disso é que o Povo de Israel que desceu para o Egito não mudou a sua língua que era a mesma desde a criação do mundo.
O Tossfot Yom Tov nos conta que o Hebraico antigo que foi a primeira língua existente no mundo deu origem ao aramaico, e o aramaico ao árabe
Poderíamos pensar, será que o aramaico, sendo que é um derivado da “Língua Santa” já vem com a santidade do”Idioma Divino”?
A Torá nos dá a dica: Está escrito: “Yaakov chamou aquele lugar de “Gal Ed” e Lavan de “Yegar Sahaduta” ou seja, tanto os idiomas derivados da “Língua Santa” quanto os derivados das outras línguas são o idioma de “Lavan o Arameu” e precisam ser refinados pela Torá !
O motivo que isso teve que ser feito especificamente por Moshe Rabeinu é porque todos os assuntos da Torá foram dados para o povo de Israel por meio de Moshe , “Moshe recebeu a Torá no Sinai”, a tal ponto que disseram nossos Sábios :-“Tudo que um aluno experiente vai inovar já foi dado para Moshe no Sinai”
Por isso também que o fato de os assuntos de Torá ditos nas setenta línguas também serem chamados de “Torá” teria que ser revelado pelo próprio Moshe Rabeinu.
Porque Moshe pediu para o povo de Israel escrever a Torá nas pedras em setenta línguas?
Fora o fato de Moshe ter explicado oralmente a Torá em setenta línguas, Moshe e os anciãos de Israel pediram ao povo que no dia em que atravessassem o rio Jordão erguessem pedras grandes e escrevessem nelas todas as palavras desta Torá nessas setenta línguas, cada uma nas suas letras como nos contou o grande Tzadik Rabi Moshe bem Maimon, o Rambam, que a Torá foi escrita naquelas pedras com as letras de cada idioma.
Vemos aqui que Moshe Rabeinu conseguiu fazer com que não haja diferença entre traduzir a Torá oralmente para as setenta línguas e escrever ela em setenta línguas, nos dois casos ela se tornou considerada “Torá” com toda a devida santidade relacionada a ela.
Por esse motivo Moshe também teve que traduzir oralmente a Torá e também pedir para que ela fosse escrita na escrita de cada povo.
Duas obras distintas, uma para que recaia a santidade da Torá sobre a língua dos povos e a outra para que essa santidade recaia também sobre a escrita dos povos.
Ou seja, para que os livros com assuntos de Torá escritos nas letras dos setenta idiomas também sejam chamados de Livros Sagrados, “Sifrei Kodesh”, e devam ser cuidados com o mesmo respeito que damos aos livros escritos na “Língua Santa”
Nosso quinto livro da Torá, Devarim, é conhecido como Mishnê Torá, a revisão da Torá. Seu conteúdo foi dito por Moshê ao povo judeu durante as cinco semanas finais de sua vida, enquanto o povo se preparava para entrar na Terra de Israel.Moshe sabia que tinha os dias contados e pouquíssimo tempo de vida, e teria que se dedicar somente para fazer as coisas mais importantes.
Nesses dias ele estava traduzindo a Torá para setenta línguas para facilitar o estudo da Torá aos judeus, para dar mérito à judeus que só sabem falar outros idiomas, para tornar o acesso à Torá mais fácil.
Ele estava empenhado e dedicado para que pessoas que nem sabem falar a “Língua Santa” possam saber o motivo que D’us criou o mundo e o motivo pelo qual nós estamos aqui.
Moshe Rabeinu não só nos deu a Torá mas também mostrou para nós que ela é a coisa mais importante que existe no mundo !
A Parashá nos conta também que quando nosso povo planejou passar pelo monte Seir, terra de Edom, para chegar à terra prometida, D’us pede para Moshe dar uma ordem ao povo de Israel para comprar com dinheiro mantimentos dos Bnei Essav habitantes de Seir, e até pagar pela água que beberem.
O motivo para isso aparece imediatamente no próximo versículo: “ Porque Hashem seu D’us te abençoou em todos os trabalhos das suas mãos e proveu todas as suas necessidades na travessia desse grande deserto durante quarenta anos, Hashem seu D’us está te apoiando, não te falta nada!”
Isso foi dito à Moshe como uma ordem para ser repassada ao povo de Israel ! Quando o versículo diz que Hashem seu D’us te abençoou, está instruindo o povo para não ser ingrato dando a impressão de que eles são pobres e mal cuidados por Hashem, mas ao contrário!
Passem uma imagem de que vocês são ricos! (Rashi) A regra é : Quando somos gratos à D’us pelo que ele nos dá e demonstramos isso, fazemos com que ele nos dê verdadeiros motivos para agradecer.
Quando estamos alegres por saber que D’us sempre está cuidando bem de nós, fazemos com que D’us nos dê verdadeiros motivos para justificar essa alegria!😊
O Baal Shem Tov nos conta que existem duas formas de rezar, uma com muita alegria e entusiasmo e outra com muito choro e amargor.
As duas formas são válidas mas a diferença entre elas é que, quando pedimos à D’us com alegria somos como um ministro fazendo um pedido ao Rei, mas quando pedimos com tristeza somos como um pobre fazendo um pedido ao Rei
Por ser assim no mundo espiritual consequentemente a natureza do mundo material é que: quando o pobre pede algo para o Rei ele pede com amargor e ganha um presente pequeno, mas quando o ministro pede algo para o Rei ele pede com alegria e ganha um presente grande
Por isso temos que rezar com muita alegria e entusiasmo como um ministro falando com o Rei.
Por que essa ordem em relação à Edom foi dada, se no final o povo de Israel não atravessou a terra de Edom e isso não aconteceu na prática?Sendo que a Torá é eterna e seus ensinamentos são eternos, eles são válidos em qualquer época e em qualquer lugar, e o fato de essa travessia não ter acontecido na prática mas a ordem ter sido dada só vem reforçar o fato de essa ordem ter sido dada para nós, aqui e agora!
Então vamos mostrar para todos que D’us sempre está cuidando bem de nós e não se esquece de nós nem um único e mínimo instante!🌷🌷
Mais detalhes sobre a nossa ParasháNossa Parashá nos conta que antes de falecer, Moshe Rabeinu começou a traduzir a Torá para setenta línguas.
Pelo fato de ele ter feito isso no final da sua vida no lugar de passar seus últimos momentos com a sua família vemos a extrema necessidade e importância dessas traduções. Mas quando nos perguntamos para quem ele precisou fazer essas traduções não sabemos responder
Se essas traduções foram feitas para o nosso povo, sabemos que mesmo estando no Egito durante 210 anos eles não mudaram seu idioma mas continuaram falando o hebraico clássico que era falado pelos nossos patriarcas e que vinha desde a criação do mundo
Se essas traduções foram feitas para a “Erev Rav”, a “grande mistura” que era uma multidão de egípcios que saíram com o nosso povo de lá, seria o suficiente traduzir a Torá para a língua egípcia antiga
Se essas traduções foram feitas para as pessoas que futuramente iriam se converter ao judaísmo elas seriam desnecessárias sendo que essas pessoas teriam que fazer parte de uma comunidade judaica e para isso teriam que falar a língua falada pela comunidade
E na época de Moshe Rabeinu a única comunidade judaica que existia no mundo era o povo de Israel no deserto que em breve entraria na “terra prometida” transformando ela em “Terra Santa” e fazendo do hebraico clássico sua língua oficial
Portanto qualquer pessoa que quisesse se converter ao judaísmo e consequentemente viver na comunidade judaica teria que aprender o hebraico clássico, a língua do único lugar do mundo onde se encontrava absolutamente toda a comunidade judaica
Sendo assim, aparentemente não havia nenhuma necessidade de traduzir a Torá para setenta línguas na época de Moshe Rabeinu. Somente 810 anos depois de Moshe quando nosso povo foi exilado para a Babilônia e trocou sua língua oficial para o aramaico surgiu a necessidade de traduzir a Torá
A tradução para o aramaico foi feita por Unkelus, o sobrinho do imperador romano Titus que destruiu o segundo Beit Hamikdash. O próprio Unkelus tinha se convertido ao judaísmo e traduziu a Torá para o aramaico que não era uma das setenta línguas para as quais Moshe Rabeinu traduziu a Torá no final da sua vida
D’us criou o mundo em hebraico clássico. No sexto dia da criação, Adam e Havá (Adão e Eva) foram criados já falando hebraico clássico, e essa foi a língua do mundo inteiro até a Torre de Bavel
Todas as pessoas naquela época tinham uma única língua que era o hebraico e juntos fizeram uma torre que chegaria até acima das nuvens para provar cientificamente que não existe D’us.
Foi necessário um grande milagre para que a união de todos com o objetivo de fazer o mal terminasse. D’us mandou para eles o anjo Gavriel que fez com que eles começassem a falar setenta línguas diferentes que deram origem à absolutamente todas as línguas do mundo fora o aramaico e o árabe
O milagre das setenta línguas fez com que aquelas pessoas se espalhassem pelo mundo e dessem origem à setenta povos diferentes que são a origem de todos os povos de hoje
Uma parte da humanidade, provavelmente a pequena parte que não havia participado da construção da torre de Bavel, continuou falando hebraico. O hebraico mal falado virou o aramaico e o aramaico mal falado virou o árabe
Sendo assim, a primeira vez que o nosso povo precisou realmente de uma tradução da Torá foi pelo menos 810 anos depois de Moshe Rabeinu
Então voltamos à nossa pergunta inicial, porque Moshe Rabeinu gastou o precioso tempo do final da sua vida traduzindo a Torá para setenta línguas, tradução aparentemente desnecessária e que jamais foi usada?
Com a entrega da Torá no Monte Sinai começou a sincronização entre o mundo de cima, o mundo espiritual, e o nosso mundo de baixo, o mundo material
Por meio dos Mandamentos Divinos que recebemos no Monte Sinai trazemos a Santidade do mundo superior para nós próprios e para todo esse mundo, e o maior de todos os mandamentos Divinos é o próprio estudo da Torá
Sendo que o aspecto mais elevado da nossa Alma Divina é o intelecto que são as três primeiras “Sefirot” chamadas de “Mo’him”, o estudo da Torá, principalmente da parte oculta da Torá, é o Mandamento Divino que mais nos traz Kedushá (Santidade)
Sendo que o mundo foi criado em hebraico clássico e a Torá foi dada ao nosso povo no hebraico clássico, o Mandamento Divino do estudo da Torá e a Santidade que ele nos traz não teria como recair sobre um estudo de Torá feito em outra língua que não fosse o próprio hebraico clássico
Por isso Moshe Rabeinu se empenhou tanto na tradução da Torá para as setenta línguas que eram as raízes das línguas atuais, porque por meio dessa tradução feita por ele próprio que recebeu a Torá de Hashem (D’us) e a repassou para nós, o Mandamento Divino de estudar Torá se estendeu também para o estudo da Torá em qualquer língua que a Torá seja estudada, e hoje quando você estuda a Torá em português você também cumpre o Mandamento Divino de estudar Torá e traz Kedushá para você e para o nosso mundo material
Por isso devemos tomar todo o cuidado de não usar nas nossas traduções o português eclesiástico que tem como base o cristianismo que é o derivado direto da mitologia dos antigos romanos
Para entendermos o que tem de tão grave com esse estilo de tradução vamos usar como exemplo a história que a Guemará nos conta sobre Adrianus, o imperador de Roma
Adrianus estava incomodado com o fato de Unkelus, o sobrinho de Titus, ter se convertido ao judaísmo. Adrianus mandou três vezes tropas de soldados romanos para trazer Unkelus de volta para Roma, mas sem sucesso
Cada tropa que veio ouviu de Unkelus uma explicação diferente sobre a diferença entre o nosso D’us e a cultura deles, e a mensagem dessas histórias era a mesma: A humildade Divina no judaísmo, a essência do bem que é o nosso D’us, exatamente o contrário da prepotência e tirania dos deuses mitológicos
Mais futuramente a mitologia deu origem ao cristianismo mantendo os padrões dela na sua cultura, e isso vemos claramente nas traduções da Torá feitas por esses povos que enfatizam a distância entre a divindade e o ser humano sempre usando a terceira pessoa para se referir à divindade, traduzindo o “Atá” (você) da Torá como “vós”, e daí para frente em uma coletânea de erros de tradução com a clara intenção de fazer da nossa Torá a mitologia atualizada, deturpando intencionalmente a nossa cultura em prol da cultura deles
Conclusão:
Moshe Rabeinu abriu mão dos últimos momentos da sua vida traduzindo a Torá para setenta línguas para que a santidade da Torá recaísse sobre as nossas traduções. Temos a obrigação de valorizar o que ele fez por nós e fazer uma ponte direta entre as traduções de Moshe Rabeinu e as nossas traduções sem colocar no meio desse caminho as traduções de outras religiões que não são a nossa
Sendo que a Torá usa a linguagem que usavam as pessoas da época, como por exemplo no caso da proibição de não comer, cozinhar ou ter proveito de carne cozida com leite onde a Torá usa o termo “ não cozinhe o carneirinho com o leite da sua mãe”, dizem nossos Sábios que “a Torá falou na linguagem das pessoas”, das pessoas daquela época
Assim também deve ser a linguagem da tradução, uma linguagem atual, clara, objetiva e de fácil entendimento para a maioria das pessoas da nossa época, como uma revista que você compra na semana em que ela foi escrita, e não uma tradução eclesiástica baseada nas traduções da Torá para o português pelos padres católicos da época da inquisição
Balak
Nossa Parashá nos conta que existiu em Midian, um feiticeiro com poderes espirituais que se comparavam à Moshe Rabeinu. Midian era o país de onde partiu Moshe para tirar nosso povo do Egito.
Nossa Parashá nos conta que existiu em Midian, um feiticeiro chamado Bil’am que tinha poderes espirituais que se comparavam aos de Moshe Rabeinu.
Os poderes desse feiticeiro eram tão grandes que se Hashem (D’us) não fizesse um milagre e a maldição dele não se transformasse em bênçãos, estaríamos em grandes apuros.
Porque Hashem deixou isso acontecer? Dizem nossos Sábios que Hashem permitiu que Bilam tivesse esses poderes para que os povos do mundo não falassem que se eles tivessem um profeta tão grande como Moshe o comportamento deles seria melhor.
O livre arbítrio
O motivo que Hashem deu para Bil’am esses superpoderes foi para que pudéssemos exercer nosso livre arbítrio e escolher entre Moshe e Bil’am
Para entendermos o que é o livre arbítrio, temos que voltar ao começo do mundo, quando Hashem criou o homem, deu à ele um mandamento, e colocou no paraíso uma cobra em forma humana.
D’us falou para Adam e Havá não comerem a fruta proibida e a cobra falou para sim comer. Aí começa a história do mundo e o objetivo da criação, nosso direito de escolher entre o bem e o mal.
O livre arbítrio nos foi dado antes mesmo de termos qualquer má inclinação ou vontade de optar por algo ruim.
Na décima praga do Egito, Hashem fez um milagre e todas as estátuas dos deuses egípcios derreteram com exceção de uma: o “Baal Tzafon”. Hashem pediu para todos os judeus se reunirem em frente ao Baal Tzafon antes de sair do Egito.
Novamente o livre arbítrio, a opção de pensarem que se aquela estátua não desapareceu pode ser que foi ela quem fez as dez pragas.
Quando D’us criou o mundo, ele criou o Grand Canyon no Arizona onde parece que o Rio Colorado causou o surgimento do Canyon correndo sobre ele milhões de anos.
D’us criou o Grand Canyon já cortadinho e bonitinho nos seis dias da criação há 5782 anos atrás, e o conservou inteirinho durante o dilúvio para termos o livre arbítrio de optar entre D’us ter criado o mundo há 5782 anos atrás ou achar que o mundo surgiu por si só e já tem milhões de anos.
Se um cientista estivesse nos seis dias da criação do mundo e analisasse cada coisa no momento em que D’us a criou, ficaria espantado!
No primeiro dia, quando Hashem criou a luz ele diria : – Não pode ser que já existem bilhões de anos luz da terra até as estrelas se as estrelas ainda nem existem!
No terceiro dia ele cortaria uma árvore que acabou de ser criada e diria que cada anel dela representa pelo menos cem anos, e que não pode ser que essa árvore acabou de brotar!
No quarto dia, quando Hashem colocou as estrelas no final dos bilhões de anos luz, ele diria que a luz teria que sair da estrela e levaria bilhões de anos até chegar à terra, e que não poderia estar lá antes de as estrelas existirem.
Ele faria uma análise geológica das pedras e diria que essas pedras tem bilhões de anos! Ele veria que o Grand Canyon foi criado antes do Rio Colorado e que Adam e Havá não eram dois bebês recém nascidos.
Ou seja, há 5782 anos atrás Hashem criou do nada pedras de milhões de anos, um mundo que aparenta ser muito mais velho do que realmente é.
E porque Hashem fez assim? Para termos o livre arbítrio! Para podermos ter nossa própria opção e escolher o bem por nossa própria escolha, e consequentemente por próprio mérito receber um paraíso enorme por ter feito a escolha certa.
Hashem faz o milagre e a maldição se transforma em benção. A ciência tira conclusões se apoiando nos inúmeros detalhes vinculados à causa dos acontecimentos e determina que caso esses inúmeros detalhes se reúnam novamente nessas mesmas circunstâncias aquilo acontecerá novamente.
De vez em quando todas as inúmeras circunstâncias são opostas e mesmo assim aquilo acontece. Então eles atestam que existe alguém que dirige o mundo, e as pessoas têm mais facilidade para aceitar que por trás de tudo existe D’us.
A própria ciência traz estatísticas de que quem faz “Brit Milá” (circuncisão) está quilometricamente abaixo da média de doenças como HIV, e que a mulher que guarda a pureza familiar está quilometricamente abaixo da média de doenças como câncer de útero, e que quem come Kasher está bem abaixo da média de doenças causadas pela alimentação como o infarto.
Inventaram o smartphone nos dando acesso instantâneo para que cada um de nós pudesse baixar mais de 50.000 livros judaicos que antes disso tínhamos que comprá-los um a um em Israel ou nos Estados Unidos
E no smartphone um navegador com “search” para encontrarmos os assuntos que precisamos em cada um desses livros, fazendo com que o que era antigamente privilégio de grandes Sábios agora esteja acessível à todos nós
Os cientistas não têm a intenção de defender ou divulgar o judaísmo, mas no mérito da ciência conseguimos evidenciar o judaísmo hoje mais do que nunca.
Como diz a nossa Parashá, Hashem transformou a maldição em benção!
Lavan, Bilam, Naval
Todo o poder de Bilam, toda a sua força, estava na fala. Ele fazia feitiços por meio da fala, maldições por meio da fala, dava maus conselhos e fazia intrigas, tudo por meio da fala
Na Parashá anterior estudamos que o principal da Alma de Korach era o lado ruim da Alma de Hevel (Abel).No Shaar Hapsukim do Ari Zal em Parashat Korach consta que em Korach estavam 308 Almas do lado ruim de Hevel e isso era o principal da Alma dele.
Posteriormente ele “pegou” o lado ruim da Alma de Caim.Depois desse acontecimento Korach é visto como Alma de Caim até seu conserto e refinamento feito pelo seu descendente, o profeta Shmuel que também é ligado à raiz de de Cain.
O profeta Shmuel tirou seu antepassado Korach do gehinom seguindo a regra judaica de que o mérito do filho serve para o pai, regra que inclui todos os antepassados.
Bilan também era o lado ruim da Alma de Hevel, mas em um aspecto diferente da Alma de Korach.
Diz o Sefer Haguilgulim do Ari Zal (livro das reencarnações) que Lavan, o pai das nossas matriarcas, mesmo sendo “Lavan o ruim”, tinha poderes na fala, e quando Eliezer chegou à Haran e ele o recebeu com as palavras “Benvindo abençoado por D’us”, tirou Eliezer da maldição herdada de Ham e o transformou de amaldiçoado em abençoado. Posteriormente Lavan se reencarnou e se tornou Bilam
A fonte dos super poderes
O lado ruim de Hevel também tinha um pequeno aspecto de Kedushá (Santidade) porque quando o lado ruim é refinado e “expelido” para fora do lado bom leva com ele um pouco da Kedushá do lado bom, e por isso Bilam era profeta de alto nível e comparado à Moshe Rabeinu por causa desse lado bom que ainda tinha permanecido nele.
Essa comparação de nível também é causada pelo fato de tanto a Alma de Moshe quanto a de Bilam terem origem em Hevel (Abel) e posteriormente estarem em Shet onde aconteceu o refinamento e a separação, indo o lado bom para Moshe e saindo dele o lado ruim que foi para Bilam. Esse era o aspecto espiritual comum entre Moshe e Bilam
Reencarnação como mineral
D’us é a essência do bem e o que chamamos de castigo não é um castigo mas sim o refinamento da Alma. Todo o mal que Bilam fez foi por meio da fala e por isso, diz o Shaar Haguilgulim, ele se reencarnou como pedra.
A pedra não fala, e o sofrimento dessa Alma obcecada em falar coisas ruins, quando reencarnada em mineral é enorme.
Depois de passar por reencarnação em pedra, diz o Shaar Haguilgulim que Bilam se reencarna como Naval Hacarmeli, um judeu muito rico, descendente de Kaleb e portanto parente de David.
Os homens de David deram uma ajuda muito grande aos pastores de Naval, e quando Naval fez a grande festa da tosa do seu rebanho como se costumava fazer naquela época, David mandou uma delegação de seus homens para arrecadar fundos para as famílias quê necessitavam para as festas judaicas que iriam começar.
Nessa ocasião, não só que Naval não participou com nada, mas também fez uma horrível e incriminadora declaração contra o Rei David que o ajudou.
David tinha sido ungido pelo profeta Shmuel para ser o novo rei Israel e Shaul desconfiava disso e queria assassinar David. A declaração de Naval contra David estava colocando ele e seus homens em perigo dando mais um pretexto para Shaul fazer um novo ataque.
Se Naval agradecesse pela grande ajuda que recebeu de David e desse essa Tzedaká que seria o mínimo de reconhecimento pelo trabalho que eles tinham feito para Naval
Esse apoio para as famílias necessitadas que protegeram seus rebanhos, não só que não seria para ele um prejuízo mas seria até um investimento para as próximas vezes que precisasse dessa ajuda.
E o principal, o bem da sua Alma, porque se fizesse isso também conseguiria consertar de maneira positiva o que fez de errado na reencarnação anterior.
O Rei David ouvindo os insultos de Naval relatados pelos pelos seus homens decidiu usufruir do seu direito de Rei Ungido de poder atacar a pessoa que se declarou contra ele e estava colocando ele em perigo de vida.
David e seus homens só não colocaram isso na prática porque Avigail, esposa de Naval se encontrou com David no meio do caminho trazendo mantimentos e implorando para que ele deixasse isso nas mãos de D’us, o que foi visto pelo rei David como uma grande sabedoria e inspiração Divina.
Diz o versículo que quando Avigail conta à Naval a consequência das suas palavras ruins “ele ficou como uma pedra”. Diz o Ari Zal que a linguagem do versículo nos revela que mesmo não nos lembrando da nossa reencarnação anterior, nossa Alma se lembra, e por isso ele teve essa reação.
Inconscientemente ele se lembrou que por esse mesmo motivo ele tinha se reencarnado em uma pedra. Logo após esse acontecimento ele faleceu, nos mostrando que quando a pessoa não faz o conserto da sua Alma de maneira positiva o conserto acontece por si só mas de maneira negativa.
Aprendemos da história de Bil’am para o nosso dia a dia que Hashem nos protege das pessoas que nos amaldiçoam e transforma as maldições em bênçãos, e por isso não precisamos nos preocupar mas sempre devemos confiar em D’us.
Aprendemos também que sempre devemos falar coisas boas e nunca falar coisas ruins, e que Hashem pode resolver os nossos problemas de várias maneiras sem que você seja o bruxo ou a bruxa má da história.
E aprendemos também que existe reencarnação em minerais!
Conclusão: de vez em quando é melhor ser uma pedra durante a vida e não falar coisas ruins do que ter que ser uma pedra depois da vida…. Então, vamos falar só coisas boas, só temos a ganhar.
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Nossa Parashá nos conta que Balak, o rei de Moav, depois de ver as grandes vitórias que tivemos sobre os mais poderosos e invencíveis reis da região que eram Sihon rei dos emoreus, e Og rei de Bashan, viu que não teria a mínima chance de vitória se fosse atacado por nós.
Mesmo que era público o fato de termos uma meta pela frente que não incluía a conquista de Moav, mesmo assim ele não tinha como confiar.
Balak fez uma ampla pesquisa para descobrir como pode um povo sair da escravidão, passar quarenta anos no deserto como se nada tivesse acontecido, e ainda vencer as maiores potências mundiais da época?
Ele descobriu o segredo da “bomba atômica” judaica: A Tefilá (a Reza).
Balak descobriu que o nosso povo saiu do Egito porque rezou para Hashem (D’us).
Hashem mandou Moshe tirar nosso povo do Egito com palavras!
Moshe disse que o rio Nilo iria virar sangue e ele virou sangue!
Moshe disse que viriam rãs e vieram rãs!
Moshe disse que viriam piolhos e vieram piolhos!
Moshe falava e as pragas aconteciam !
O faraó prometia que iria deixar nosso povo sair e pedia para Moshe rezar para parar a praga. Moshe rezava e a praga parava!
Balak descobriu que a nossa força está nas palavras que falamos. Nenhum judeu deu uma única flechada em nenhum egípcio. O Egito que era a superpotência mundial da época foi destruído com palavras! As palavras trouxeram as pragas e as palavras tiraram as pragas.
E no caso de Sihon e Og foi exatamente igual. Não tínhamos um exército treinado e nem equipado que justificasse vencer as maiores potências do mundo. Nossa Tefilá trouxe esses milagres. Nossa força está nas nossas palavras!
Balak contra atacou da maneira correta. Ele descobriu que não tinhamos força a não ser por meio das nossas palavras, então ele foi chamar o maior feiticeiro da época para nos atacar também com palavras. Bomba atômica contra bomba atômica!
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Mais detalhes sobre a nossa Parashá :
A Torá nos conta que não existiu no povo de Israel um profeta tão grande como Moshe. No povo de Israel não existiu mas entre os povos do mundo sim. E quem era ele? Bil’am!
Para os povos do mundo não dizerem que se eles tivessem um profeta tão grande como Moshe Rabeinu eles se comportariam melhor, Hashem deu para eles Bil’am. Mas por causa dele, não só que eles não se comportaram melhor, mas ao contrário, eles se comportaram pior ainda!
Bil’am era mundialmente conhecido. Quem ele abençoava era abençoado e quem ele amaldiçoava morria.
Da mesma maneira que nós, a força de Bil’am estava nas palavras que ele dizia.
Existe um pequeno instante em que a Sefirá da Guevurá desperta lá encima. Bil’am sabia qual era esse instante. Quando a Guevurá despertava ele começava a sua maldição, e quem é amaldiçoado nesse pequeno instante não escapa.
A tal ponto que o próprio D’us foi obrigado a impedir o despertar da Guevurá todo o tempo que Bil’am tentou amaldiçoar o nosso povo.
Daqui aprendemos que nunca devemos falar palavras ruins, principalmente dentro da família, porque se, D’us nos livre, acertamos sem querer esse instante, estaremos causando um prejuízo irreversível. E depois que a briga terminar não adianta chorar….
Hashem trocou a maldição de Bilam por Bençãos.
Bilam profetiza sobre o Rei David e sobre o Mashiach
Por que a Benção de Bilam e suas profecias foram necessárias para nós?
Para entender isso vamos votar na nossa história até a época do nosso patriarca Yaakov que lutou contra uma criatura espiritual que era o próprio anjo de Essav. Essav era o patriarca de Edom que mais futuramente deu origem que países europeus.
Yaakov pediu para o anjo de Essav abençoar ele. O anjo de Essav abençoou Yaakov dizendo que seu nome não será mais Yaakov mas sim Israel.
Poderíamos e com razão dizer que o anjo foi forçado a abençoar Yaakov. Aí vem Bilam e diz : Quanto são boas suas tendas Yaakov, suas moradias Israel. O reconhecimento final vem por meio de Bilam que representa todos os povos do mundo
A profecia de Bilam continua revelando o futuro Rei David e o mais futuro ainda, o descendente do Rei David, o Mashiach.
O Rei David subjugou todos os povos à nossa volta, e o Mashiach vai subjugar o mundo inteiro.
E por que essa profecia tinha que vir por meio de Bilam?
Da mesma maneira que a profecia do término de Edom tinha que vir por meio do profeta Ovadiahu (Abadias) que tinha se convertido ao judaísmo e era proveniente de Edom.
Diz o Zohar que o fato de o anjo de Essav ter ferido a perna de Yaakov não foi um simples ferimento material, mas foi um ferimento espiritual profundo que se revelou materialmente.
Esse ferimento espiritual teve como consequência o fato de que qualquer profeta judeu que tentasse falar a profecia da destruição de Edom cairia antes de dizê-la.
Por isso ela teve que ser dita pelo profeta Ovadiahu que não era um descendente de Yaakov mas sim de Essav.
E assim conseguimos entender a necessidade das Bençãos de Bilam e de suas profecias.
Conclusão
Nunca devemos amaldiçoar ninguém por pior que seja a situação, sendo que nossas palavras têm uma sincronização espiritual. Se acertamos sem querer o momento em que a Guevurá está revelada podemos causar uma tragédia mesmo não tendo intenção.
Sempre devemos dar Bençãos à todos sem limites
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Agradecemos profundamente à querida família
Betzalel e Sarah Rivka Caffarello
e seus filhos
Nahshone Moshe
Por nos trazer para Vila Velha
Kora’h
Nossa Parashá nos conta sobre a primeira “revolução” na história do nosso povo que foi feita por Kora’h da tribo de Levi, Datan, Aviram e On ben Pelet da tribo de Reuven vizinhos de Korah, e mais duzentos e cinquenta rabinos de todas as tribos.
Kora’h era visto pelo nosso povo como um grande estudioso da Torá, e por ser muito rico era, consequentemente, muito influente.
Datan e Aviram eram famosos por sua maldade. Agora eles aparecem para desmoralizar Moshe e Aharon com o apoio de duzentos e cinquenta rabinos que representavam todas as tribos de Israel, todos alegando que estão lutando por uma “causa nobre”, mas visivelmente com “segundas intenções”.
A tenda de Moshe era muito grande, e foi feita assim para receber todos aqueles que queriam estudar a Torá diretamente de quem a recebeu.
Esse grupo de revoltos aparece na tenda de Moshe acusando-o de ter feito as nomeações do nosso povo de acordo com sua própria preferência e não por determinação Divina, colocando em cheque a veracidade da profecia de Moshe Rabeinu e de tudo o que ele ensinava diariamente à todos aqueles que procuravam a palavra de D’us.
Cada um deles representava uma visão diferente, mas todos estavam unidos contra um “inimigo em comum”, que no caso, D’us nos livre, eram Moshe e Aharon.
Desde que o mundo é mundo, desde Adão e Eva, o primogênito tinha privilégios que os outros filhos não tinham.
Sendo que cada primogênito iria ser o sucessor de seu pai, o primogênito do faraó seria o próximo faraó, o primogênito do médico seria o próximo médico, e assim por diante, os pais investiam na educação dos primogênitos o que não investiam na educação dos outros filhos. Em outras palavras, os primogênitos eram a estrutura da sociedade antiga.
Quando Hashem (D’us) trouxe a praga dos primogênitos para abalar a estrutura do Egito para que eles deixassem o nosso povo sair de lá, Hashem “pulou” os nossos primogênitos mesmo eles não tendo nenhum mérito para isso naquele momento, mas no mérito de que mais futuramente eles seriam os sacerdotes do nosso povo, estariam ocupados totalmente com o trabalho Divino.
Quando o povo de Israel fez o bezerro de ouro, acontecimento que não incluiu a tribo de Levi, Hashem trocou os primogênitos do nosso povo pelos membros da tribo de Levi. Korah era da tribo de Levi, filho de Itzhar, neto de Kehat.
Kehat teve quatro filhos:
Amram, pai de Moshe e Aharon, era o primogênito de Kehat. Depois dele vinha Itzhar, pai de Kora’h, depois Hevron, e por final Uziel, pai de Elitzafan.
Enquanto tudo acontecia de acordo com uma hierarquia, os filhos de Amram, primogênito de Kehat, Moshe e Aharon, se tornaram respectivamente o líder do nosso povo e o Sumo Sacerdote, Kora’h não reclamou, mas esperou na fila pela próxima nomeação.
Mas quando Moshe nomeou Elitzafan, filho de Uziel que era o filho mais novo de Kehat, para liderar a família de Kehat, Kora’h viu que não havia uma hierarquia, sendo que Elitzafan era o filho do irmão mais novo do seu pai, e aqui começa o problema.
Kora’h não acreditou que Hashem pediria para Moshe nomear Elitzafan ben Uziel fora dessa ordem hierárquica, e concluiu que Moshe Rabeinu fez as nomeações de acordo com sua própria preferência.
Kora’h se sentiu vítima de discriminação, e foi lutar pela igualdade. Alegou que o sumo sacerdócio que foi dado à Aharon poderia ter sido dado à ele sendo que ele é tão primogênito quanto Aharon.
Datan, Aviram e On ben Pelet, todos da tribo de Reuven, também se sentiram vítimas dessa mesma discriminação, sendo que Reuven era o primogênito de Yaakov, e portanto o justo seria dar o sacerdócio de volta para a tribo de Reuven.
Os 250 rabinos que participaram dessa “mahloket” (discórdia) também se sentiram vítimas dessa discriminação. Eles eram primogênitos das outras tribos e alegavam que sendo que Moshe na opinião deles estava fazendo as nomeações de acordo com seu próprio gosto, o justo seria que ele desse o sacerdócio de volta para os primogênitos de todo o povo e não para quem ele quisesse.
Mesmo que essa história pode ser entendida de maneira simples, nossos Sábios no livro do Zohar nos revelam nela um assunto maravilhoso.
D’us criou o mundo em sete dias e cada um dos dias da criação está ligado à uma Sefirá lá de cima.
A Sefirá do primeiro dia é a Hessed que é a bondade, a união, a expansão. No primeiro dia D’us criou o céu e a terra coberta por água, no primeiro dia D’us criou a luz.
A Sefirá do segundo dia é a Guevurá que é a rigidez, a separação, a contração. No segundo dia D’us criou a separação. Separou entre as águas de cima e as águas de baixo. Criou o firmamento.
O terceiro dia é Tiféret. O equilíbrio entre a Hessed e a Guevurá. No terceiro dia as águas de baixo deram espaço à terra que tirou árvores e frutos, a conciliação convívio e a harmonia entre a Hessed e a Guevurá.
A Hessed é necessária, mas não em excesso, como a chuva que é uma imensa bondade Divina mas em excesso ela se torna uma inundação. E essa era a situação do primeiro dia da criação, “água para tudo quanto é lado”
No segundo dia D’us separou entre as águas de cima e as águas de baixo. Aqui encontramos detalhadamente o segredo da separação, de acordo com o Zohar, o segredo da “esquerda”, o segredo da Guevurá que é a Sefirá da esquerda.
A direita, a Hessed, é a perfeição de tudo, e por causa disso sobre a direita está escrito a palavra “tudo”, por que dela depende toda a perfeição
Quando a esquerda desperta, desperta a separação, e se não for contida pela Tiféret que à coloca na medida certa, ela pode descer ao precipício, ao lado impuro, se tornando fogo e fúria, dando origem ao guehinon, ao inferno
Moshe na sua grande sabedoria olhou para isso, olhou para os dias da criação. Viu que o gehinon estava vinculado à Guevurá e quiz fazer o equilíbrio entre a Hessed e a Guevurá como vimos mais futuramente nas discussões entre os Sábios de “Beit Shamai” que eram a Guevurá e os Sábios de Beit Hilel que eram Hessed.
Naquele caso a Guevurá ficou dentro do equilíbrio, e mesmo sendo as duas opiniões válidas, a lei judaica foi de acordo com Beit Hilel, e sendo que esse tipo de “mahloket”(discórdia) não tinha “segundas intenções” ela só trouxe coisas boas para o nosso povo.
No caso de Kora’h e os que se uniram à ele, sendo que haviam “segundas intenções”, eles perderam o controle e escorregaram para baixo, e esse é o grande risco da Guevurá sendo que o guehinon está vinculado à ela.
Diz o Rav Haim Vital no seu livro “Etz Hadaat Tov” que Moshe na sua imensa bondade, sempre querendo o bem até dos piores judeus, propôs à eles em primeira instância oferecer o incenso no Mishkan dizendo que dessa maneira Hashem vai mostrar quem é o escolhido por Ele.
Moshe imaginou fazer algo como fez mais futuramente Eliahu Hanavi no Monte Carmel quando o fogo desceu do céu para o Korban de Eliahu revelando que Hashem é o D’us verdadeiro e Eliahu é o seu profeta.
Se acontecesse dessa forma, todos veriam que Hashem escolheu Aharon para ser o Cohen Gadol e ninguém morreria.
E também, ouvindo essa proposta eles poderiam optar por voltar atrás até antes de trazerem o incenso e o milagre acontecer, vendo que Moshe está convicto de que Hashem vai escolher Aharon e eles iriam passar vergonha. Dessa maneira eles poderiam voltar atrás respeitosamente antes que isso acontecesse.
Mas sendo que eles acrescentaram Guevurá à Guevurá, e a Guevurá é o escorregador para o guehinon, eles causaram uma situação em que a terra se abriu e o guehinon espiritual se revelou de forma material.
E esse é o problema com a Guevurá, ela é comparada pelo Zohar ao fogo. Você acende um fogo pequeno e em poucos minutos ele se torna um fogo grande e incontrolável.
E sendo que a Guevurá desce com tanta facilidade direto para o inferno, aprendemos da nossa Parashá que não devemos ser como Korah.
Não devemos correr o risco de nos sincronizar com uma conexão espiritual tão perigosa como a Guevurá.
Sempre que nos sentimos oprimidos devemos nos lembrar do que nos contou o Baal Shem Tov, de que até uma folha que cai de uma árvore, quantas cambalhotas ela vai dar, e se isso vai ser por meio do vento ou por meio de uma pessoa, tudo isso já está pré-determinado lá de cima, tudo isso acontece por Divina Providência.
Não podemos deixar a Guevurá despertar dentro de nós, e logo que sentimos a menor inclinação para ela devemos eliminá-la imediatamente sendo que ela nos conecta diretamente ao gehinon, ela se expande rapidamente e o controle sobre ela é dificílimo.
Mas como uma doença que deve ser tratada imediatamente quando diagnosticada para salvar a nossa vida, dessa mesma maneira quando diagnosticamos a Guevurá despertando dentro de nós não podemos dar a ela nem uma mínima chance e devemos tirá-la de dentro de nós no mesmo instante.
Nossa Parashá começa com as palavras “E pegou Kora’h”.
Nossos sábios analisam essa linguagem dizendo que ele ”pegou uma mercadoria ruim”. E aparentemente por causa da continuação da história onde Kora’h faz uma revolução inteira contra Moshe, a “mercadoria ruim” provavelmente seria a Mahloket fazer intrigas e causar brigas.
Ou seja, ele pegou uma “mercadoria” que se compara à uma maçã podre que apodrece as que estão próximas a ela. Kora’h pegou a “Mahloket” e contaminou com ela todos os que estavam geograficamente próximos à ele.
Mas como dissemos, tudo isso é aparentemente. O Ari Zal diz que por trás da expressão dos nossos Sábios está um assunto muito mais profundo.
Moshe Rabeinu era a reencarnação do lado bom da alma de Hevel (Abel) e as Almas de toda a geração que saiu do Egito e faleceu no deserto eram ramificações da alma de Moshe.
Todos fora um: Ytró, que era a parte boa da alma de Caim.
Ytró trouxe Tzipora para Moshe e se converteu ao judaísmo fazendo o “Tikun” (o conserto) do lado ruim da alma de Hevel (Abel), ou seja, a parte da alma de Hevel que foi mais afetada pela mistura espiritual entre o bem e o mal causada por Adam Harishon.
Mesmo vindo Kora’h de uma linhagem privilegiada dentro de uma tribo privilegiada e mesmo tendo ele estudado muita Torá, por meio de suas más ações ele recebeu uma encarnação em vida do lado ruim da alma de Cain.
D’us não dá para alguém um trabalho que ele não tenha recebido as forças para fazê-lo, e ao contrário de Ytró que não nasceu judeu mas nasceu em uma família idólatra e fez todas as idolatrias tendo que se esforçar ao extremo para se tornar um bom judeu, Kora’h já nasceu um judeu religioso e de linhagem privilegiada.
Todo o teste dele nesse mundo era só o de não jogar fora tudo o que recebeu, e assim seriam consertados por ele os lados ruins das Almas de Cain e Hevel elevando ele aos mais altos níveis.
As almas de quase todo o povo de Israel eram ramificações da alma de Moshe e por isso de maneira natural Moshe era o líder do nosso povo e não outro.
Dizem nossos Sábios que a Torá é um remédio para a nossa Alma, mas a mesma Torá pode ser um veneno se a pessoa que a estuda causar isso.
A mesma Torá que foi o remédio que tirou Ytró da idolatria, essa mesma Torá nas mãos de Kora’h se tornou um veneno que contaminou duzentas e cinquenta pessoas, e se não fosse o milagre da terra se abrir contaminaria o povo inteiro.
A Alma de Cain, por não ter sido refinada por Kora’h acrescentou maldade à maldade dele causando com que ele se revoltasse contra Moshe e influenciando vizinhos estudiosos a fazer igual, “envenenando” a Torá deles também.
Quando Ytró ouviu que os egípcios afundaram no mar vermelho ele disse: Agora eu sei que Hashem é maior do que todos os ”deuses”, porque o que eles fizeram, afundaram as crianças judias no Nilo, aconteceu para eles!
Aprendemos com Ytró que quando a pessoa não faz o “Tikun”, “o conserto da Alma”, de maneira positiva como fez Ytró, o Tikun acontece de maneira negativa, o que a Torá chama de “midá knegued midá”, ou seja, “o que eles fizeram acontece para eles”.
Por isso Moshe disse para eles:- “Se essas pessoas morrerem como qualquer pessoa não foi D’us que me mandou, mas se a terra se abrir… etc”.
Terminando de falar essas palavras a terra se abriu e Kora’h com todos os seus cúmplices foram absorvidos por ela.
Isso era o “midá knegued midá” de Cain e Hevel.
Cain matou Hevel por vaidade, e a terra se abriu milagrosamente para receber o sangue de Hevel. Agora Kora’h, a reencarnação de Cain, por vaidade tenta novamente matar Moshe, classificando Moshe como falso profeta, e a terra se abre para receber Cain e seus cúmplices, “midá knegued midá”.
Aharon Hacohen era o contrário de Kora’h. Toda sua vida ele se dedicou a fazer as pazes entre as pessoas e entre maridos e mulheres, mesmo que para isso tivesse que ser “aparentemente” um pouquinho menos “religioso” do que Kora’h, falando de vez em quando uma ”mentirinha” para fazer as pessoas se reconciliarem.
A Torá diz para ficarmos longe da mentira, mas Aharon Hacohen era o médico especialista que sabia dosar a mentira na dose correta transformando o veneno em remédio, enquanto que Kora’h conseguiu transformar a Torá, que é o remédio para tudo, em um veneno mortal.
Hashem fez o cajado de Aharon florir e dar frutos mostrando que essa pessoa que transformou corações duros em flores e frutos de reconciliação ele tem que ser o Cohen Gadol, ele que é o escolhido por D’us !
Nossa Parashá começa com as palavras “e pegou Korac’h” mas continua o assunto sem dizer o que ele pegou mas dizendo somente o que ele fez. O que ele “pegou” que causou para ele fazer o que ele fez
Nossa Alma Divina tem cinco níveis, mas só três deles se revestem no nosso corpo, os outros dois estão sempre em um aspecto de “luz envolvente”
O nível mais baixo da nossa Alma Divina é chamado de Nefesh
O nível acima da Nefesh é chamado de Rua’h
O nível acima do Rua’h é chamado de Neshamá
O nível acima da Neshamá é chamado de Haia
O nível da Haia é chamado de Yehida
Muitas vezes as escrituras sagradas usam uma linguagem genérica para a Nossa Alma chamando ela de Nefesh ou de Neshamá, sem nenhuma intenção em relação àquele nível da Alma.
Ou seja, às vezes a palavra Nefesh ou Neshamá querem dizer simplesmente “Alma”, e às vezes as palavras Nefesh e Neshamá estão se referindo ao nível Nefesh e ao nível Neshamá.
O Zohar nos conta que Adam Harishon, o primeiro homem, fez as três maiores transgressões que são: idolatria, assassinato e relações ilícitas
Idolatria, porque o argumento da cobra foi que se ele comesse a fruta da Etz HaDaat ele viraria D’us, e ele comeu aquela fruta para virar D’us. Essa transgressão afetou o nível mais baixo da Alma dele, o nível Nefesh.
Assassinatos, porque Hashem (D’us) tinha avisado à ele que se ele comesse aquela fruta ele morreria e todos morreriam por causa dele. Essa transgressão afetou o nível Rua’h da Alma dele.
Relações ilícitas, porque depois que ele comeu aquela fruta ele culpou a mulher por ter causado isso para ele e teve durante 130 anos relações ilícitas com duas demônias que se materializavam para ter a relação com ele. Mas sendo que elas eram demônias materializadas, não conseguiam engravidar crianças materiais mas engravidavam demônios.
Uma delas era a “Li…” que é o aspecto feminino do anjo da morte. Ou seja, a esposa da “coisa ruim”. A outra era a “Na…”, outra demônia. (Usamos somente as primeiras duas letras do nome delas para não atrair elas por meio de pronunciar o nome delas inteiro)
Essa transgressão afetou o nível mais elevado da Alma que se reveste no corpo e portanto pode ser afetado pelas nossas transgressões, o nível Neshamá da nossa Alma.
Para retificar essas três transgressões Adam Harishon se reencarnou simultaneamente em três pessoas que viveram na mesma época que são os nossos três patriarcas
Avraham Avinu retificou o nível Nefesh de Adam Harishon.
Itzhak Avinu retificou o nível Rua’h de Adam Harishon.
Yaakov Avinu retificou o nível Neshamá de Adam Harishon.
Diz o Ari Zal que essa Alma pôde se reencarnar simultaneamente em três pessoas que viveram na mesma época sendo que são três níveis diferentes da mesma Alma. Mas se fosse o mesmo nível só teria como se reencarnar se a pessoa anterior falecesse, só assim ele poderia se reencarnar em outra pessoa. Mas se são três níveis diferentes podem se reencarnar simultaneamente.
O Ari Zal nos conta que depois do conserto da Alma de Adam Harishon pelos nossos três patriarcas, começa o conserto da Alma de Caim que também se reencarna em seus três níveis em três pessoas diferentes simultaneamente.
Ytró era o nível Neshamá, o nível mais alto da Alma de Caim.
Kora’h era o nível Rua’h da Alma de Caim, e o “Mitzri”, o egípcio que Moshe matou para salvar o judeu que estava sendo assassinado por ele, era o nível Nefesh, o nível mais baixo da Alma de Caim.
Quando uma Alma volta para consertar o que fez em uma reencarnação passada, ela volta com a mesma vontade de fazer a coisa errada que fez na reencarnação anterior.
Mas dessa vez, ou ela conserta o que fez na reencarnação anterior se controlando para não fazer aquela coisa errada novamente. Senão ela passa por esse conserto recebendo o castigo “medida por medida” do que fez.
Adam Harishon impurificou o nível Nefesh da sua Alma por meio da idolatria. Avraham Avinu retificou a Nefesh de Adam Harishon por meio de ter nascido filho de Tera’h que era fabricante e vendedor de estátuas para a idolatria. E não só pelo fato de ter deixado a idolatria do seu pai, mas também por ter dedicado toda a sua vida ensinando os idólatras à deixarem a idolatria e rezarem somente para Hashem.
O Midrash nos conta que a linguagem do versículo que fala sobre o nascimento de Caim e Abel nos indica que com Caim nasceu uma irmã gêmea e com Abel nasceram duas, como diz o versículo: “ela deu à luz à…”e” Caim” “e ela deu à luz…”e”… à seu irmão…”e”…Abel”. Cada “e” no versículo vem acrescentar uma irmã gêmea, como dizendo “ela “e” Caim.
Sendo que Havá era parte de Adam Harishon podemos dizer que Adam Harishon se casou com si próprio sendo que ela era um lado dele.
A palavra “tzela” que quer dizer “lado” foi traduzida pela igreja erroneamente como costela, mas o Midrash nos conta que quando Hashem fez o primeiro homem, um lado era Adam e o outro Havá, e para criar a mulher Hashem somente separou esses dois lados.
A segunda geração que eram Caim e Abel se casariam com as próprias irmãs, e por isso Caim nasceu com uma gêmea e Abel com duas.
O nível Nefesh de Caim se reencarnou no “Mitzri”, no egípcio que estava tentando assassinar um judeu à chicotadas. Quando Moshe saiu do palácio do Faraó para ver de perto o que está acontecendo com o nosso povo ele tinha vinte anos.
Moshe viu o egípcio tentando assassinar um judeu à chicotadas. Diz o versículo que Moshe olhou para um lado e para o outro. O Midrash diz que Moshe olhou para um lado e viu o que o egípcio fez na casa e o que ele fez no campo.
Depois disso Moshe falou o nome de Hashem de quarenta e duas letras que são as iniciais das quarenta e duas palavras da reza “Ana Bekoa’h” tirando dessa forma a alma do egípcio do corpo.
Diz o Ari Zal que o que Moshe viu que o egípcio fez no campo não se referia ao egípcio mas sim ao nível Nefesh da Alma de Caim que estava nele.
Ou seja, Caim matou Abel no campo para roubar dele a gêmea que tinha nascido a mais, e esse egípcio que era a reencarnação de Caim (nível Nefesh) tinha passado a noite na casa do judeu violentando a esposa dele, e agora estava assassinando o marido para pegar ela definitivamente.
Moshe matou o egípcio e o escondeu dentro da terra, e essa foi a retificação “midá kneged midá”, “medida por medida” sendo que Caim matou Abel e “a terra se abriu para receber o sangue dele”.
Depois desse acontecimento, Moshe fugiu, e posteriormente chegou em Midian e se encontrou com Ytró que precisaria retificar o nível Neshamá de Caim que foi afetado pela relação ilícita que Caim teve com a gêmea que roubou de Abel. Aquela gêmea se reencarnou como Tzipora, a filha de Ytró.
Ytró deu sua filha Tzipora para se casar com Moshe, e depois da saída do Egito ele leva Tzipora pessoalmente para Moshe no deserto, fazendo o conserto do nível Neshamá da Alma de Caim.
Ytró retificou Caim por meio de uma ação positiva, e por isso não precisou passar pela retificação “medida por medida” como o egípcio
Kora’h, diz o Ari Zal, pegou o Rua’h de Caim. O que estava faltando nessa retificação é o fato de Caim ter assassinado Abel porque o korban, o sacrifício de Abel, foi aceito por Hashem e o dele não. O fato de Caim ter assassinado Abel também por esse motivo foi o que afetou o nível Rua’h da Alma de Caim.
Kora’h não retificou o nível Rua’h de Caim por meio de uma ação positiva, mas muito pelo contrário. Ele tentou fazer com que Moshe fosse condenado como falso profeta para que ninguém mais do que Kora’h se tornasse o “Cohen Gadol”, o sumo sacerdote, o responsável por todos os assuntos religiosos do nosso povo.
Por isso Moshe disse para ele que se a terra se abrir esse é o sinal de que a profecia de Moshe foi dada por Hashem. Ou seja, medida por medida. Como a terra se abriu para receber o sangue de Abel, agora ela vai se abrir para receber Kora’h, ou seja, para receber Caim.
O “Tikun”(conserto) de Caim, diz o Ari Zal, está indicado no seu próprio nome. Daqui vemos que Havá tinha visto isso quando deu à luz à ele e o chamou de Ca-i-m que são as iniciais de Cora’h (Kora’h), Itró (Ytró), e Mitzri (o egípcio).
O que leva uma pessoa extremamente rica, muito inteligente e de boa família como era Kora’h tentar abalar toda a estrutura do nosso povo? E mais, tentar dessa maneira também assassinar à Moshe Rabeinu sendo que pela Torá o falso profeta é passível de pena de morte!
Para entendermos isso temos que voltar ao começo do mundo quando aconteceu o primeiro assassinato da história. Caim tinha nascido antes de Abel e com ele nasceu uma irmã gêmea que seria sua esposa. Abel nasceu depois e com ele nasceram duas irmãs gêmeas que seriam suas duas esposas.
Caim ficou com inveja e planejou matar seu irmão para pegar essa esposa que ele achava merecer mais do que seu irmão
Caim fez um sacrifício para D’us. Ele plantou linho, pegou a pior parte da sua colheita, a parte que ele iria descartar de qualquer jeito, essa parte ele queimou no altar. Ou seja, no lugar de jogar fora ele fez dela uma oferenda para D’us, a primeira “reciclagem” da história da humanidade!
A fumaça do linho oferecido no altar foi dispersa por um vento forte mesmo que naquele dia não houve nenhum vento em nenhum lugar a não ser esse diretamente em cima do altar de Caim demonstrando claramente que Hashem não quer o sacrifício oferecido por ele.
Abel criava ovelhas. Ele também fez uma oferenda para D’us, trouxe o melhor carneiro do seu rebanho e fez dele um sacrifício no altar. Mesmo sendo aquele dia um dia de forte ventania, a fumaça do sacrifício de Abel milagrosamente subiu direto para o céu em uma linha reta, demonstrando que D’us aceitou o sacrifício de Abel.
Por esses dois motivos Caim matou Abel, por achar que, sendo que ele é mais importante do que o seu irmão ele deve estar mais próximo à D’us do que o seu irmão e também merece ter mais mulheres do que seu irmão.
Várias passagens da Torá são verdadeiras incógnitas que somente são decifradas como sendo referência à assuntos espirituais muito profundos.
Entre essas passagens estão o versículo “olho por olho e dente por dente” e também o versículo no qual D’us cobra até a quarta geração dos que fazem o mal.
O versículo olho por olho e dente por dente não tem como ser aplicado na prática porque o castigo na prática de quem quebrou o dente de alguém é pagar o médico, a indenização pela vergonha que a vítima passou, e os dias de trabalho que perdeu por causa do ferimento, mas não retirar o dente do agressor.
E ainda mais, nada justificaria alguém que não tem dentes ser absolvido desse tipo de julgamento. Sendo assim nossos sábios aprendem desse versículo que a indenização cobrada por um olho não é a mesma cobrada por um dente.
Mas sendo que a indenização tem que ser determinada por meio de um julgamento, o tribunal rabínico já determinaria por motivos lógicos que a indenização de um olho não é a mesma que a indenização de um dente.
O versículo que diz que D’us cobra até a quarta geração de quem faz o mal também não é aplicável, sendo que a própria Torá determina que os filhos não pagam pelos pecados dos pais.
E mais, o fato de o filho ter sido educado de maneira errada não é culpa do filho mas sim do pai, então absolutamente não há como cobrar dos filhos nem o comportamento do próprio filho, quanto mais o comportamento dos pais, e quanto mais o comportamento dos netos e dos bisnetos.
No lado oculto da Torá a explicação desse dois versículos e a ligação entre eles é clara.
Quando alguém fere uma pessoa e causa a perda do seu olho ou do seu dente, naquele momento é imediatamente decretado lá encima que o agressor vai perder o olho ou o dente, e essa é a explicação do versículo “olho por olho e dente por dente”.
Hashem (D’us) na sua infinita bondade dá para aquele agressor o longo prazo de quatro reencarnações para ele retificar o que fez.
Ou seja, as quatro gerações do versículo não são quatro gerações biológicas, mas sim quatro reencarnações da mesma pessoa. Ou ele consegue retificar o que fez de maneira positiva, ou vai acontecer para ele o que ele fez para o outro, “olho por olho dente por dente”.
O nível mais baixo da nossa Alma Divina é chamado de Nefesh. Caim matou Abel por dois motivos: ele achava que por ser mais importante do que Abel ele merecia ter aquela esposa a mais, e matou Abel para roubar dele a mulher.
O nível Nefesh de Caim se reencarnou como o soldado egípcio que tinha colocado o judeu para trabalhar a noite inteira e enquanto isso aquele soldado passou a noite com a mulher daquele judeu, e de manhã estava tentando assassinar o judeu a chicotadas.
Não só que ele não retificou o que fez, mas tentou repetir o erro. Para salvar o judeu, Moshe teve que falar um nome de Hashem que faz a alma do egípcio sair do corpo, e depois enterrou o corpo morto dele na terra.
E assim, da mesma maneira que a terra se abriu para receber o sangue de Abel quando foi assassinado, agora ela recebe o sangue desse egípcio.
Ou seja, sendo que ele não retificou o que fez na reencarnação anterior mas ainda continuo insistindo no erro, aconteceu para ele agora o “olho por olho e dente por dente”, o que ele fez antes levou agora.
Um nível superior da alma de Caim se reencarnou como Ytró, e a esposa de Abel que era o pivô da briga se reencarnou como Tzipora, a filha de Ytró.
A retificação desse nível da alma do Caim nesse caso aconteceu de maneira positiva. Ytró levou Tzipora para Moshe no deserto e deu para Moshe o conselho que salvou a sua vida.
Agora chegamos à parte mais complexa. Caim tinha assassinado Abel também porque ele achava que por ser mais importante do que Abel, D’us teria que aceitar o sacrifício que ele fez e não aceitar o de Abel, e essa foi a parte que pegou Korah.
O teste de Korah foi o de aceitar que Moshe estava mais próximo de D’us do que ele. Mas como poderia Kora’h aceitar esse fato? Quando Moshe tinha três meses de idade a filha do faraó o levou para seu palácio e lá ele foi criado.
Moshe cresceu no palácio do faraó. Claro que a princesa trouxe para ele os melhores professores particulares da comunidade judaica, mas olha onde ele estava! Como comparar ele à Kora’h que cresceu no coração da comunidade judaica que era a terra de Goshen.
E ainda mais, depois de ter crescido entre os egípcios no palácio do faraó, Moshe foi morar em Midian e se casou com Tzipora, a filha do sacerdote de Midian! Claro que ela se converteu ao judaísmo, mas comparar ela com a mulher de Kora’h que era judia religiosa de nobre linhagem…
Para Kora’h não faltavam motivos para justificar por que ele tinha que ser a pessoa mais próxima de D’us e não Moshe Rabeinu, da mesma forma que para Caim era óbvio que o sacrifício dele deveria ser aceito e não o de Abel.
E aqui chegamos à reta final da retificação de Caim. Ou Kora’h consegue se controlar, ou o que ele fez na vida anterior vai ser cobrado dele agora.
Por isso Moshe avisou Kora’h que se a terra se abrir para recebê-lo, esse é o Sinal de que Moshe é um profeta verdadeiro.
Por que Moshe Rabeinu precisava lembrar à Korah esse detalhe?
Moshe Rabeinu era a reencarnação de Abel, e Korah pegou o lado difícil do Caim. Sendo que a Alma Divina tem a memória das reencarnações anteriores que se despertam no nosso subconsciente.
Moshe apelou para esse fator também, lembrando Korah que da mesma forma que a terra se abriu para receber o sangue de Abel, se ele não retifica isso de maneira positiva vai acontecer para ele o olho por olho e dente por dente, e milagrosamente a terra vai se abrir para receber Korah e todos os que estão dando apoio à ele, porque sem esse apoio ele não teria como fazer o que tentou fazer.
De Korah aprendemos que não devemos ser como Korah! Muitas vezes achamos que merecemos muito mais e estamos recebendo muito menos enquanto que nossos amigos que na nossa opinião merecem muito menos estão recebendo muito mais. Então vamos sempre nos controlar, só temos a ganhar!
Shela´h
“Profissionalismo” ou a “falta de profissionalismo” no caso dos espiões
Nossa Parashá nos conta que, atendendo aos pedidos do nosso povo, Moshe manda 12 espiões para verificar a terra prometida antes da conquista.
Moshe pede para eles verificarem se os povos da terra são fortes ou fracos, e dá uma dica de como verificar isso:
Dica de Moshe Rabeinu : Muralhas altas são sinais de fraqueza!
Moshe Rabeinu deu um sinal para os espiões: “Se as cidades não tem muralhas é sinal de que seu povo é forte, confiam na própria bravura.
Mas se elas têm muralhas, isso é sinal de fraqueza, não confiam na própria capacidade de se defender”.
Porque Moshe precisou dar esse sinal? Porque a natureza humana é de generalizar.
Quando você vê uma cidade com uma grande muralha você acha que o povo dentro dela é muito forte e tudo lá dentro segue esse alto padrão, mas o contrário é o certo: uma grande muralha demonstra a grande fraqueza do povo que vive por trás dela.
A Torá é eterna e essa dica de Moshe Rabeinu é atual também hoje, e até em relação a nós ! Se no nosso dia a dia somos “divas inacessíveis” e construímos uma enorme muralha à nossa volta, estamos simplesmente expressando nossa própria fraqueza!
Quando aprendemos um pouquinho de judaísmo não devemos nos fechar para proteger o que sabemos, mas ao contrário! Devemos compartilhar o pouquinho que sabemos com outras pessoas que nem esse pouquinho sabem.
O erro de avaliação dos espiões
A Parashá nos conta que os doze espiões voltaram depois de quarenta dias. Dez deles opinaram que os povos da terra são muito fortes, o rio Jordão é intransponível… etc etc etc.
Eles se impressionaram com as muralhas das cidades e contaram que elas eram muito grandes esquecendo totalmente de que isso é um sinal de fraqueza.
No final deram sua própria avaliação que era a de não termos a capacidade de conquistar a terra, se esquecendo de mais uma coisa: De que eles foram mandados para nos dar um relato sobre a terra e não uma opinião própria de sermos ou não sermos capazes de conquistá-la!
Kaleb – um ponto de vista diferente.
Aprendemos com Kaleb que quando observamos um lugar não temos que procurar nele problemas mas sim soluções!
Os espiões eram pessoas importantes e influentes e a eficiência deles era reconhecida por todos. Kaleb também aparentava pertencer a essa estrutura e a essa “mentalidade”.
Ele começou a falar como se fosse “mais um” que aparentemente iria acrescentar mais alguma dificuldade, mas ao contrário dos outros, revela que podemos conquistar a terra e ainda com facilidade.
Kaleb lembra ao povo que Moshe abriu o mar vermelho e que fez milhões de aves aterrizarem no acampamento e virarem “frango assado”
Kaleb era visto pelo povo como alguém tão qualificado como os outros, e por isso era esperado dele relatar de maneira profissional e objetiva o que viu na terra prometida, mas aparentemente seus relatos não tinham nada a ver com sua missão.
Os outros espiões contaram sobre o que espionaram e Kaleb contou sobre os feitos anteriores de Moshe. Qual era a lógica de Kaleb?
Kaleb Lembrou a todos que Moshe abriu o mar vermelho para o nosso povo passar, e o que é um rio Jordão para quem já abriu um mar?
Que Moshe fez aterrissar no acampamento milhares de aves que a natureza delas era voar para cima e não descer para baixo, e o que é para ele uma muralha de pedras que já tem a natureza de afundar no chão?
E assim foi. Quarenta anos depois, quando o povo de Israel entrou na terra prometida, o rio Jordão se abriu e as muralhas de Jericó afundaram na terra.
Aqui vemos o profissionalismo de Kaleb. Claro que ele acreditava no total poder de Hashem que poderia fazer o rio Jordão desaparecer e as muralhas de Jericó saírem voando por aí, mas o raciocínio lógico dele foi profissional e realista:
Ele listou os milagres que já tinham acontecido e concluiu: Se Moshe já tinha feito milagres tão grandes, o que seria para ele fazer milagres menores?
Conclusão:
Cada um de nós já passou durante a sua vida por verdadeiros milagres. Aprendemos com Kaleb que sempre temos que ter em mãos a lista de todos os milagres que nos aconteceram e usá-la como base para o nosso dia a dia.
Não olhar para as dificuldades que temos à frente mas sim para os milagres que temos atrás, nos lembrando a cada instante que Hashem está cuidando hoje de cada um de nós com o mesmo amor e carinho que sempre cuidou de nós no passado.
E como Kaleb, que no mérito desse raciocínio correto, mais futuramente entrou na terra prometida, cada um de nós exercitando dia a dia esse tipo de raciocínio vai receber de Hashem tudo o que precisar.
Como uma mãe não esquece seu nenê no supermercado, Hashem também não se esquece de nós. E o amor que Hashem tem por cada um de nós é infinitamente maior do que uma mãe tem pelo seu próprio nenê.
Mas de nós é exigido fazer a nossa parte, como Kaleb que no mérito disso recebeu a cidade de Hebron.
Isso se chama “Bitahon”, mais do que uma simples confiança, uma segurança.
Não temos como pensar errado e receber o certo, temos que pensar certo, ter plena segurança em Hashem, e aí os milagres acontecem!
O Rebe de Lubavitch sempre deixou claro que nós somos a geração da redenção final e estamos prestes a entrar em uma era onde tudo vai ser bom.
Todos os sinais que os nossos sábios deram sobre essa última geração aconteceram e não há dúvida nenhuma de que Mashiach está bem próximo.
Então, mais um pouquinho de Bitahon, e no lugar de remediar todo dia um mundo crônico, vamos entrar imediatamente em um mundo melhor, em uma nova era!
Behaalot’há
Nossa Parashá nos conta um fato muito interessante. Tzipora, esposa de Moshe Rabeinu, deixou vazar um desabafo de que seu marido, por ser um profeta, não tinha mais tempo para ela.
Aaron e Miriam também eram profetas e Moshe era o irmão mais novo deles, e mesmo sendo eles devidamente profeta e profetiza, eles tinham tempo para viver com seus cônjuges.
Eles contestaram o comportamento de Moshe achando que todos os profetas são iguais e que Moshe não é nenhuma exceção de regra. Quase que eles tinham razão… mas… quase!
Nesse momento Hashem se revelou para os três, Moshê, Aharon e Miriam, e obviamente Miriam e Aharon precisaram correr para procurar água enquanto que Moshe já estava imediatamente disponível.
Hashem revelou para eles que existem diferentes níveis de revelação profética. Essa passagem aparece em uma linguagem exclusiva que é explicada pelo Zohar e pela Guemará:
A profecia não é somente uma informação Divina, mas ela tem que se incorporar ao mundo causando uma transformação nele.
Para ela descer ao mundo e acontecer por meio dela um vínculo entre o mundo espiritual e o mundo material, ou seja, para que ela aconteça, ela tem que ser incorporada pelo profeta, e por meio dele ela se incorpora ao mundo.
A revelação e incorporação da profecia para Moshe Rabeinu é direta, como alguém que olha por uma janela de vidro transparente e vê claramente o que há do outro lado, uma profecia clara e objetiva, na linguagem dos nossos Sábios: “Aspaklaria Meirá” .
A tradução literal desse termo técnico da antiguidade é: “vidro (speculo em latim) que ilumina”, ou seja, uma janela de vidro transparente.
A revelação da profecia para todos os outros profetas é oculta e indireta, um nível mais baixo, levando em consideração a capacidade do profeta de incorporá-la.
Ela acontece por meio de visões e sonhos, por meio de exemplos e enigmas, como alguém que olha para um espelho que reflete a imagem e não está vendo ela diretamente, mas sim um reflexo dela que tem que ser decifrado.
Na linguagem dos nossos Sábios: “Aspaklaria Sheeina Meirá”. Um vidro que não ilumina, ou seja, uma janela de vidro que não é transparente e somente reflete as imagens.
Dentro desse contexto existem alguns critérios, como nos explica o Zohar a seguir:
A Revelação Divina só acontece em um lugar adequado, em um ambiente adequado e sobre uma pessoa adequada para recebê-la, e de acordo com o nível que o profeta pode incorporar.
Por esse motivo, por exemplo, o profeta Yoná tentou fugir para um lugar inadequado para que a profecia de Nínive não acontecesse por meio dele.
Avraham Avinu, nosso primeiro patriarca, era a pessoa adequada no lugar adequado, mas Lot estava morando ao lado dele e se comportando como os habitantes de Sodoma, fazendo com que o ambiente ficasse inadequado.
Hashem se revelou para Avraham naquele mesmo lugar somente depois que Lot saiu de lá e foi morar definitivamente em Sodoma, e assim o ambiente de Avraham voltou a ser adequado. Mas mesmo assim a profecia era somente no nível que ele tinha a capacidade de incorporar.
Yaakov Avinu, nosso terceiro patriarca, teve uma revelação profética quando fugiu de Essav. Essa revelação foi por meio de um sonho que é o nível mais baixo de recebimento de uma profecia.
Diz o Zohar que o motivo disso foi o fato de Yaakov ainda não estar casado, e mesmo estando em Beit E-l , lugar adequado, ainda não era a pessoa totalmente adequada por estar solteiro.
Depois que ele se casou em Haran, teve novamente uma revelação profética por meio de sonho, aí ele já era a pessoa adequada, mas o lugar, Haran na Síria, não era adequado, e por isso o nível da profecia foi o mais baixo.
Quando ele voltou já casado para a “Terra Santa”, a revelação profética aconteceu para ele estando acordado mas por meio de uma “visão”, ainda não era o nível de Moshe que via a profecia claramente.
E mesmo assim, diz o Zohar que esse nível só foi alcançado porque seu pai Itzhak já havia falecido, mais um critério na profecia.
Ou seja, enquanto um profeta está no mais alto nível possível na sua época, outro profeta não tem como atingir esse nível. Mesmo assim a profecia dele ainda estava no nível dos patriarcas, não tinha chegado ao nível de Moshe.
Diz o Zohar que Moshe teve o maior de todos os níveis de profecia. Ele incorporava a revelação profética para trazê-la ao mundo diretamente, em pé e com toda a sua força e energia, e via a revelação claramente.
Diferente dos outros profetas que na hora de incorporar a profecia caíam sobre suas faces, enfraqueciam, e não tinham a capacidade de incorporar a profecia claramente.
E qual era o motivo dessa fraqueza? Diz o Zohar que era pelo fato de o “anjo de Essav” ter ferido a perna de Yaakov e Yaakov ter saído mancando desse acontecimento.
Espiritualmente o anjo ”sugou” a força das pernas de Yaakov causando com que depois disso nenhum profeta conseguisse incorporar (trazer para esse mundo) a profecia do que Hashem vai fazer para os “Bnei Essav”.
De acordo com Don Itzhak Abarbanel, os “Bnei Essav” são os povos da Europa e suas ramificações coloniais.
Nenhum profeta conseguiu incorporar a profecia do final dos Bnei Essav com exceção do profeta Ovadiahu (Abadias) , proveniente de Edom que eram os descendentes diretos de Essav, por isso, sobre ele o assunto espiritual do anjo de Essav não recaiu.
Ele pôde incorporar claramente a profecia do fim de Essav e não enfraqueceu, e nenhum outro profeta pôde incorporar isso.
Moshe é a exceção de todas essas regras por estar em um nível tão alto que poderia incorporar claramente qualquer revelação sem enfraquecer.
Diz o Zohar que Moshe recebia a profecia em um nível de Sefirat HaTiferet de Atzilut , nível espiritual que nenhum profeta teve acesso
Diz o Ari Zal que o Mashiach vai ser a reencarnação de Moshe Rabeinu e vai revelar para todos nós as maravilhas ocultas da Torá.
Nossa Parashá nos conta que o Levi entrava com 25 anos para o trabalho no Mishkan (Templo móvel) e com com 50 mudava para um trabalho mais leve.Em Parashát Bamidbar, a Torá nos conta que o Levi começava o trabalho no Mishkan com 30 anos.
Rashi explica que realmente ele começava o trabalho no Mishkan com 30 anos, então porque nossa Parashá diz que ele começava com 25?
Explica Rashi que dos 25 aos 30 ele fazia o “curso de Levi”, estudava todas leis relacionadas ao trabalho que ele deveria fazer na primeira etapa, durante os primeiros vinte anos, e também as leis relacionadas ao trabalho mais leve que ele continuaria fazendo depois dos 20 anos de trabalho mais pesado.
Daqui aprendem nossos Sábios que um aluno que não teve progresso em um determinado estudo durante cinco anos, com certeza não vai progredir nesse assunto após esses cinco anos também. Ou seja, ele está aconselhando pelos nossos Sábios à mudar de área!
Toda regra na Torá escrita e na Torá oral pode ter uma exceção, contanto que a própria Torá escrita traga um versículo para determinar essa exceção, ou, no caso da Torá oral, nossos Sábios tragam oralmente essa excessão.
No caso da Torá escrita vemos por exemplo o caso de Ishmael que era o primeiro filho de Avraham Avinu e consequentemente deveria ter sido nosso segundo patriarca se a Torá não trouxesse o versículo que diz que “em Itzhak será considerada a sua descendência” que vem excluir Ishmael de ser um descendente de Avraham Avinu.
O mesmo acontece com a Torá oral. Mesmo nossos Sábios dizendo que na maioria dos casos a pessoa que não teve nenhum sucesso nos estudos dos primeiros cinco anos com certeza nunca mais terá sucesso nessa área, eles próprios trazem o exemplo de Rabi Akiva que era o “Moshe Rabeinu” da Torá oral como a maior exceção dessa mesma regra!
Rabi Akiva era totalmente incapaz de aprender uma letra em hebraico até os 40 anos de idade, mas por meio do seu grande esforço se tornou o maior de todos os Sábios de Israel
Para todos nós que nos avaliamos como sendo pessoas que fazem parte de uma grande maioria, a regra geral é aplicada e nossos Sábios não nos incentivam à nos esforçar ao nível de Rabi Akiva, mas sim levar em conta nossas limitações e procurar a área em que nos destacamos mais, mesmo não sendo ela uma área intelectual.
Portanto diz a Guemará que cada um de nós deve ensinar ao seu filho uma profissão limpa e fácil, porque tanto a pobreza quanto a riqueza não dependem da profissão mas sim de Hashem (D’us), que por ter nos criado é o responsável pelas nossas despesas como o pai é responsável pelas suas crianças pequenas.
A diferença é que o pai é responsável pela filha até ela se casar, e então o marido se torna responsável por ela, mas Hashem (D’us) continua sendo responsável pelas nossas despesas durante toda a nossa vida!
Por isso dizem nossos Sábios, temos três associados na nossa criação: nosso pai, nossa mãe, e Hashem.
Mas as vezes não cumprimos a nossa parte em relação à Hashem (D’us), não estudamos Torá nem o mínimo que somos obrigados a estudar mesmo não tendo tido sucesso nos estudos por mais de cinco anos, como no caso das leis práticas por exemplo.
Até mesmo as mulheres são obrigadas pela Torá à estudar as leis judaicas práticas relacionadas às mulheres (podem estudar pelo Youtube também) e os homens devem estudar as leis judaicas práticas relacionadas aos homens (também pode ser pelo Youtube).
E ambos devem estudar Hassidut, sendo que essa categoria da Torá desperta em nós amor e temor à D’us que é um Mandamento Divino que abrange tanto homens quanto mulheres (nesse caso é até melhor estudar pelo Youtube sendo que essa categoria da Torá oral é um pouco mais difícil de entender diretamente do livro).
E às vezes por não sabermos o que é permitido fazer e o que é proibido, fazemos coisas erradas.
E por causa dessas coisas erradas os milagres que precisamos para o nosso dia a dia não acontecem, e culpamos um ao outro por eles não terem acontecido.
Conclusão: Vamos estudar Torá todo dia e com muita alegria!
Nossa Parashá nos conta que Miriam, irmã de Moshe, estava ao lado de Tzipora, esposa de Moshe, quando vieram comunicar à Moshe que Eldad e Meidad estão profetizando no acampamento.Tzipora ficou com dó das esposas deles por eles terem se tornado profetas, e disse que agora eles não vão mais ter relações conjugais com suas esposas à exemplo de Moshe Rabeinu.
Miriam se assustou com o comportamento de Moshe, seu irmão mais novo, e contou o caso para Aharon.
Os dois concordaram que Moshe Rabeinu não estava agindo certo, porque Miriam e Aharon também eram profetas e não faltavam com esse tipo de obrigação em relação à família
Sabemos que o único jeito de subirmos espiritualmente e recebermos mais santidade é por meio do cumprimento dos mandamentos Divinos.Um desses mandamentos é a obrigação de um homem ou mulher casados terem relações conjugais na frequência adequada à eles que é determinada de acordo com o trabalho de cada um, levando em consideração a distância do trabalho e o esforço físico necessário para fazê-lo.
Em outras palavras, pelo menos no Shabat o marido deve ter uma relação com a mulher quando ela está pura.
Se eles tem a saúde adequada para terem relações conjugais mas não querem mais se relacionar, no judaísmo isso justifica um divórcio.
Se o motivo disso é que ela, por qualquer motivo que justifique isso, não quer mais ter filhos, é permitido usar meios anticoncepcionais femininos como um DIU que é o mais recomendado nesse caso, mas parar de ter relações conjugais é proibido.
Sendo que Moshe era o maior exemplo de santidade e na opinião da sua esposa esse exemplo seria seguido por todo aquele que quisesse ter mais santidade, o comportamento dele, de acordo com Miriam e Aharon, era um mau exemplo para todos. Um comportamento que ia contra a própria Torá que Moshe recebeu de D’us e repassou para o nosso povo.
Miriam já tinha uma solução “na gaveta”. Quando ela era jovem, o faraó decretou jogar todos os meninos judeus recém nascidos no rio Nilo, e por causa disso seu pai se separou da sua mãe.Na época ela disse à seu pai que ele era pior do que o faraó, porque o faraó decretou somente contra os meninos, e Amram estava causando, com o seu mau exemplo como líder do nosso povo, com que todos os judeus se separassem de suas esposas, e dessa maneira nosso povo não teria meninas também.
Amram aceitou a repreensão de Miriam, voltou para sua esposa, e como consequência disso nasceu o próprio Moshe Rabeinu.
Miriam já tinha esse método pronto para aplicar sobre Moshe Rabeinu, e com certeza daria certo no caso dele também.
Sendo que Miriam tinha feito um enorme erro de avaliação em relação à seu irmão colocando em cheque a conduta dele, o que automaticamente abalaria a credibilidade dele em relação à todos os assuntos Divinos que ele repassou ao nosso povo, o próprio D’us foi obrigado a intervir para mostrar que existe uma diferença entre um homem como Moshe, que três vezes subiu ao Monte Sinai e em cada uma delas ficou quarenta dias e quarenta noites sem comer descendo de lá com a mesma saúde que tinha quando subiu, e qualquer outro “simples mortal” por mais profeta que fosse.E portanto não haveria espaço para copiar o comportamento de Moshe, ou seja, quem não estava no nível dele não deveria fazer o que ele fazia, nem deixar de comer quarenta dias e quarenta noites e nem deixar de ter relações conjugais.
E esse foi o erro de avaliação dela, ela achou que o nível que ela e Aharon estavam era o mesmo que o dele, ou talvez ainda maior sendo que eles eram os irmãos mais velhos dele.
D’us foi obrigado a intervir dessa maneira para que todos soubessem que ela fez um grave erro de avaliação que poderia abalar toda a estrutura do nosso povo.
Miriam recebeu uma Tzaraat, manifestação espiritual que acontecia para quem fazia intrigas, e teve que sair do acampamento por uma semana. Nosso povo esperou uma semana para ela voltar ao acampamento e poderem prosseguir a viajem.
Sendo que todos ficaram sabendo que esse era o motivo do atraso, ficou publicado para todos a diferença entre Moshe Rabeinu e os outros profetas, o que justificava o seu comportamento e não justificava copiá-lo. O que para ele era um rigor para outros seria considerado uma transgressão à Torá
Aprendemos daqui várias coisas importantes
1- Miriam fez seu comentário com a melhor das intenções, mesmo assim a consequência foi um desastre e o próprio D’us foi obrigado a intervir e dar para ela uma Tzaraat para consertar o que ela fez.
Quanto mais nós que não estamos no nível dela não devemos fazer esses tipos de comentário por melhor que seja a nossa intenção.
2- Muitas vezes nos sentimos grandes Tzadikim. Lemos alguma história sobre o comportamento particular de algum grande Tzadik, queremos fazer igual e começamos a pisar em todos à nossa volta.
Nessa hora devemos nos lembrar que lá encima não seremos julgados por ter imitado ou não imitado algum Tzadik, mas com certeza seremos julgados pelo sofrimento que causamos aos outros.
Com certeza seremos julgados por ter maltratado nossa esposa e nossos filhos, e o pior, achando que estamos fazendo uma Mitzvá
Se nem Miriam e Aharon que eram profetas sabiam os motivos que causaram para Moshe Rabeinu se comportar daquela maneira, quanto mais nós que não somos profetas e não temos como saber todos os motivos que estão causando o comportamento de todos à nossa voltaSendo que o motivo pode ser ruim, mas também pode ser bom, em toda e qualquer situação estaremos na dúvida
Então vamos julgar todos à nossa volta usando o benefício da dúvida à seu favor, sempre julgando todos à nossa volta pelo lado bom ❤
Nassó
Nossa Parashá nos conta sobre uma mulher que o marido pediu para ela não se trancar com um homem específico e ela se trancou, despertando a suspeita do marido de que “algo” aconteceu entre eles.
Pela lei judaica, quando uma mulher se casa é escrita uma ketubá que lhe dá direito a uma indenização monetária pré determinada caso ela se torne viúva ou que seja divorciada pelo marido sem um motivo que justifique isso.
Nesse caso, se ela optasse pelo divórcio não receberia o valor da Ketubá, sendo que o motivo do divórcio é considerado justo.
Mas será que a lei judaica incentivaria um divórcio? Claro que não! E até mesmo em um caso assim!
A Torá proíbe apagar o nome de D’us e para uma regra da Torá ter uma exceção, a própria Torá tem que trazer essa exceção.Em um único caso encontramos uma permissão, e não só uma permissão mas uma Mitzvá de apagar o nome de D’us.
E quando isso acontece? Por incrível que pareça isso acontece exatamente nesse caso, no caso do “Shalom Bait” , da “paz conjugal” da “Sotá”.
Se a “Sotá” diz que não traiu o marido e quer continuar casada, ela é acompanhada até o grande tribunal rabínico de Yerushaláim, o Sanhedrin, e lá será feita uma proposta para que por meio disso, se de verdade ela não traiu o marido, isso seja comprovado milagrosamente no Beit Hamikdash ( o Templo Sagrado de Jerusalém)
E depois disso não só que a vida dela iria voltar ao normal, mas também iria melhorar bastante, indenizando ela pelo susto que passou.
Mas os Sábios do Sanedrin interrogavam ela para ter certeza de que ela não traiu, porque de lá ela iria ao Beit Hamikdash
No Beit Hamikdash era escrita a parte da nossa Parashá que fala sobre a maldição da Sotá, com os nomes de D’us que estão escritos nela.
Esse pergaminho era apagado dentro de um recipiente de água e ela iria beber essa água.
Se nada acontecesse para ela nessa hora, isso era a prova Divina de que ela não traiu o marido e não precisaria se divorciar.
E não só isso, mas a partir de agora, se antes ela não tinha filhos, agora ela teria. Todas as bençãos iriam recair sobre ela e a partir desse momento a vida dela com o marido seria um verdadeiro paraíso nesse mundo.Diz o Ramban, Rabi Moshe bem Nahman, que nenhuma lei da Torá funciona na base de 100% milagre a não ser essa.
Hoje em dia é proibido para um homem dizer à sua mulher explicitamente “não se tranque com tal homem. Sendo que não temos o Beit Hamikdash, entraríamos por causa disso em um sério problema em relação à lei judaica que poderia acabar em um divórcio.Nossos Sábios fizeram um decreto proibindo um homem ou uma mulher se trancarem sozinhos com alguém do sexo oposto que não é o seu marido ou um dos parentes próximos pela Torá, e isso é chamado de “issur ihud”.
Daqui vemos a importância do Shalom Bait, da paz em casa.
Às vezes brigamos por causa de coisas muito sérias e importantes. Nessa hora devemos nos lembrar do sofrimento que estamos causando lá encima, a ponto de o próprio D’us colocar o seu nome à disposição para ser apagado para que o nosso casamento não se apague.
Por mais importante que seja o motivo, uma briga em casa é pior do que qualquer motivo para brigar.
Nessa hora devemos abrir mão dos nossos interesses e colocar o interesse Divino em primeiro lugar, que é Shalom Bait, a paz no lar.
Somos todos crianças de Hashem. Quando nossas crianças brigam entramos no desespero, mesmo sendo simples mortais com todos os limites emocionais.
Imaginem o desespero lá encima, onde o amor por nós não tem limites. Como podemos brigar sabendo que D’us é a parte principal da nossa família, e consequentemente quem sofre mais no meio dessa briga?
Então, a partir de agora vamos mudar o nosso comportamento dentro de casa e desapegar do prazer de ganhar uma briga.
Está escrito que todo aquele que fica nervoso é como se estivesse fazendo idolatria, porque se nessa hora se ele se lembrasse que D’us existe estaria alegre e não irado.
É importante lembrarmos que os sofrimentos que passamos nesse mundo muitas vezes estão ligados à correções de reencarnações anteriores, e isso se relaciona principalmente aos sofrimentos que sofremos dentro de casa.
Então vamos agradecer à Hashem por estar refinando a nossa Alma e não partir para a guerra contra quem está tão próximo de nós.
Sempre devemos explicar tudo em casa com muita delicadeza, sem fazer pressão aumentando o volume da nossa voz ou fazendo ameaças .
Por mais que nosso cônjuge nos coloque em um beco sem saída falando coisas duras em alto volume, não devemos nos defender da mesma forma.
Mas ao contrário, “as palavras dos sábios são ouvidas com tranquilidade”. Na hora que perdemos a tranquilidade deixamos de ser sábios, e nossas palavras já não são mais ouvidas.
Devemos ser sempre o bom exemplo em casa para que o nosso cônjuge nos veja como um bom exemplo, como um referencial de como devemos nos comportar.
E assim com o passar dos anos nosso cônjuge acaba se acalmando e a vida se torna um paraíso.
Diz o Ari Zal que nosso pratriarca Yaakov era a reencarnação do nível Neshamá do Adam Harishon, o primeiro homem.
Aquele nível que por ser o mais elevado foi afetado pelo maior de todos os pecados que foram as relações ilícitas que Adam Harishon teve com duas demônias durante 130 anos.
E por isso Yaakov sofreu por causa dos seus familiares, para retificar os prazeres proibidos do Adam Harishon.
Mas quando essa retificação terminou, a vida dele mudou, e ele viveu no paraíso mesmo estando nesse mundo.
O mesmo acontece com cada um de nós. Sempre devemos nos comportar com nosso cônjuge da maneira mais tranquila possível.
E se em troca disso recebemos gritos e palavras duras sabemos que estamos nos purificando. Mas quando nossa retificação terminar, automaticamente nossa vida vai melhorar.
Aprendemos com a nossa Parashá que se até o próprio D’us prefere que seu nome seja apagado para que não haja uma briga em casa, quanto mais nós.
Devemos apagar nossa prepotência, nosso ego, e assim a revelação Divina vai pairar sobre a nossa família.
Por pior que tenha sido a atitude da Sota, não estamos sozinhos nesse mundo.Hashem é a essência do bem e ama a cada um de nós infinitamente mais do que o amor que um pai teria pela sua filha única que nasceu quando ele tinha 100 anos de idade.
E por isso, para tirar a suspeita do marido, Hashem pede para ele levar a esposa ao Beit Hamikdash, e lá o Cohen escreve uma parte dessa nossa Parashá, a parte que fala sobre essa proposta Divina para fazer o Shalom Bait.
O Sefer Torá é a coisa mais sagrada no judaísmo por estarem escritos nele os nomes de D’us, e para fazer o Shalom Bait, para que marido e mulher vivam em harmonia familiar, Hashem (D’us) exige que o seu próprio nome seja apagado para que a família não seja apagada.
Daqui vemos a estrondosa importância do Shalom Bait para Hashem, e seria uma “cara de pau” de nossa parte negligenciarmos uma coisa tão sagrada na visão Divina, ou seja, negligenciarmos o nosso próprio Shalom Bait
Se até nos preocupamos com as revisões periódicas do carro para que o motor não venha a fundir, quanto mais devemos nos preocupar com a manutenção do nosso Shalom Bait que para Hashem é infinitas vezes mais importante
Somos um casal de três no casamento. O marido, a mulher, e o principal : D’us!
Diz o Zohar que o trabalho do anjo mal nas sextas feiras é causar brigas entre marido e mulher, e a estatística nos mostra que o índice de brigas entre marido e mulher nas sextas feiras é bem maior do que o dos outros dias da semana.A Guemará nos conta que duas pessoas apostaram se é possível deixar o grande Sábio Hilel nervoso, e a sexta feira foi o dia escolhido para fazer a provocação por causa dessa propensão.
Isso está totalmente dentro dos padrões judaicos e só demonstra a importância dos preparativos do Shabat nos quais até os grandes sábios de Israel faziam questão de participar ajudando a esposa com alguma coisa, e sendo que quando há muita kedushá (santidade) o “anjo mau” tenta contra atacar. Vemos que sexta-feira é o dia da batalha!
O jeito simples de ultrapassar essa situação é fazer como Hilel e assumir que seja o que não for, você reage somente com uma voz meiga e um sorriso nos lábios.
Sexta feira ao meio dia você se transforma em “anjinho” e nem a terceira guerra mundial vai conseguir fazer você se irritar.
Você se blinda com um grande sorriso nos lábios e voz meiga, e assim se torna invencível .
Fazendo esse esforço durante algum tempo todos acabam entendendo que não dá para te irritar e mudam o comportamento parando de te atacar.
Você vira um “anjinho” de verdade. Nas sextas feiras, você se transforma e se torna invencível , blindado de alegria e tranquilidade como na história de Hilel.
Porque se não confiamos em D’us , automaticamente estaremos confiando em outra coisa, e quem confia em outra coisa a não ser D’us está abrindo mão da Divina Providência e caindo nas mãos daquilo em que confiou.Quem acha que não precisa da ajuda Divina por ser muito inteligente e esperto, ter muita força e dedicação, precisa se lembrar de que se D’us não desse à ele constantemente inteligência, esperteza, saúde e dedicação ele estaria fraco intelectualmente e fisicamente, e também deixaria escapar grandes oportunidades por não percebê-las a tempo.
Quem confia na própria riqueza tem que se lembrar que sem a proteção Divina essa riqueza poderia ser tirada dele e dada a outros.
Ou poderia continuar com ele sem que tivesse proveito e ainda fosse obrigado a protegê-la e aumentá-la até que ela chegasse ao destino certo.
Ou, no pior dos casos, essa riqueza poderia se tornar o motivo da sua desgraça ou da sua morte.
Quem confia em D’us vive sempre tranquilo, não fica dependente das pessoas e não tem nada acima de si a não ser D’us.
Quem confia em D’us sempre terá como manter sua família, porque D’us vai fazer com que ele descubra sempre um meio para isso sendo que nenhum meio está oculto para D’us em nenhum lugar e em nenhuma época.
Quem confia em D’us não fica preocupado com coisas que possam acontecer, mas sabe que só vão acontecer para ele coisas boas ou que pelo menos sejam para o seu bem.
Recebe todos os acontecimentos com alegria e trabalha sempre com muita calma e tranquilidade.
Quem confia em D’us sabe que D’us sempre vai dar à ele tudo o que ele precisar, quando precisar, e no lugar que precisar.
Da mesma maneira que D’us cuidou dele quando ainda estava no ventre da sua mãe, da mesma maneira que D’us sustenta as aves no céu e os peixes na água e até as criaturas tão pequenininhas e fraquinhas.
Quem confia em D’us sempre vai ser querido por todos, até os animais vegetais e minerais querem o seu bem.
Quem confia em D’us está confiante de que não vai ficar doente, e se isso acontecer pelo menos vai ser uma refinação para a sua alma no lugar de alguma coisa pior.
Quem confia em D’us não vai passar necessidades em nenhuma época durante todos os dias da sua vida.
Quem confia em D’us vai estar sempre seguro no seu país e tranquilo no seu lugar, e só terá que mudar dele por motivo Divino.
Quem confia em D’us vai ser acompanhado pela recompensa da sua confiança neste mundo e no próximo !!!
Bamidbar
Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) pediu para Moshe Rabeinu contar o povo de Israel. Rashi explica que o motivo dessa contagem é o grande amor que Hashem tem por nós
Durante os quarenta anos que estávamos no deserto nosso povo foi contado três vezes. A primeira vez foi quando saímos do Egito.
Antes de recebermos a Torá no Monte Sinai, Moshê Rabeinu contou nosso povo, como diz o versículo: ” e o povo de Israel viajou de Ramsés à Sucot seiscentos mil homens andando, fora as crianças”.
Porque Moshê fez esse senso? Para receberem a Torá. Como foi feita essa contagem não está explícito na Torá. O versículo nos conta sobre ela de maneira indireta nos trazendo apenas o resultado final desse primeiro senso.
Quando o povo de Israel saiu do Egito, eles ainda tinham que cumprir somente 7 Mitzvot de Bnei Noach. Talvez nesse nível ainda não houvesse a necessidade de contá-los de maneira indireta por meio de cada um trazer meio shekel e os shekalim serem contados, como aconteceu nas contagens posteriores
Três censos foram feitos. O primeiro para que o povo de Israel recebesse a Torá e os outros dois para que a “Presença Divina” pairasse sobre eles
Quando muitas pessoas morreram por causa do bezerro de ouro foram contados novamente, “aparentemente” para saber quantos sobreviveram
Quando foi feito o Mishkan (o Templo móvel) para que pairasse sobre nós a Shehiná (a Presença Divina), novamente foram contados. E essa é a contagem da nossa Parashá.
No primeiro dia do primeiro mês da Torá que é o mês de Nissan, foi montado o Mishkan. E por causa disso, no primeiro dia do segundo mês da Torá, que é o mês de Iyar citado aqui na nossa Parashá, nosso povo foi novamente contado.
E porque não foram contados imediatamente quando a Presença Divina pairou sobre nós por meio do Mishkan, mas Hashem esperou um mês inteiro para contar o nosso povo? Porque pela Torá um mês inteiro determina que algo é fixo, no caso, a Shehiná que pairou sobre nós
A contagem determina limites, e a fonte de todos os limites é o primeiro Tzimtzum, a grande ocultação Divina. A partir desse fenômeno espiritual entramos em um esquema de “Luzes” e “receptáculos” até chegar à nós. Nossa Alma está na categoria de “Luz” e nosso corpo de “receptáculo”
O problema com os limites é que eles descem até a “sitra ahara” que é o “lado espiritual impuro”. Os limites se tornam limites desnecessários, excessos de limite. Como por exemplo uma epidemia, que é desde um limite de saúde até um limite de vida, ou seja, a morte
Por isso, quando o rei David pediu para fazer o censo do nosso povo de maneira direta, a consequência disso foi uma epidemia que dizimou dezenas de milhares do nosso povo
O Rei David não achou que isso fosse uma coisa tão grave até ver com os próprios olhos a tragédia que aconteceu como consequência da contagem direta, algo que não teve precedentes por não ter sido feito de outra forma desde que recebemos o nosso upgrade com a entrega da Torá e nos tornamos oficialmente o povo escolhido
Depois que o nosso povo recebeu a Torá e se tornou o povo sagrado no sentido da palavra, Hashem pediu para contar o nosso povo indiretamente, e o motivo para isso foi exatamente esse, para que não acontecesse uma epidemia
Ou seja, pediu para contar o nosso povo por causa do carinho que Ele tem por nós, e por outro lado pediu para Moshe nos contar de maneira indireta, por meio de cada um trazer uma moeda de meio Shekel. As moedas foram contadas e assim ficamos sabendo quantos éramos
Então porque Hashem pediu para nos contar indiretamente por causa do carinho que Ele tem por nós? Seria melhor não pedir para nos contar e evitar o risco…
Luzes e receptáculos
Como vimos antes, para as “Luzes espirituais” descerem à esse mundo elas precisam de um receptáculo que as contenham, como por exemplo nosso corpo e nossa Alma.
O corpo nos limita, mas sem ele não temos como interagir nesse mundo, e uma Alma neste mundo sem um corpo não é uma pessoa viva.
Assim também as grandes Bênçãos Divinas que pairaram sobre nós por meio da entrega da Torá e da construção do Mishkan precisavam de um recipiente, um limite que as comtesse nesse mundo. E esse recipiente foi a contagem.
Por isso, depois do bezerro de ouro fomos novamente contados, para que as grandes Bençãos Divinas que nos deixaram por causa da idolatria voltassem para nós depois que Hashem desculpou o nosso povo.
E por isso Hashem pediu para nos contar, por causa do carinho que Ele tem por nós. Mas a contagem teve que ser de maneira indireta para criar um receptáculo para que as Bençãos Divinas pudessem pairar sobre nós, mas que não fosse um receptáculo tão direto a ponto de dar a possibilidade de a “sitra ahara”, as forças do lado impuro, transformarem esse receptáculo que é um “limite”, em “limite de vida”.
E por isso nosso povo só foi contado nessas ocasiões e não foi contado quando realmente deveria ter sido contado, como no caso das guerras contra Midiã, Sihon e Og.
Daqui vemos que o único motivo verdadeiro dessas contagens foi para fazer um receptáculo para que as Bençãos Divinas pudessem pairar sobre nós.
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Nossa Parashá nos conta que Hashem pediu para Moshe Rabeinu contar o povo de Israel junto com Aharon e com o presidente de cada tribo
Diz o Zohar que a Benção Divina não paira sobre uma coisa contada, e quando a Benção Divina deixa de pairar sobre algo, a “sitra ahara” (o lado impuro) paira sobre isso podendo trazer um prejuízo e até mesmo a morte e por isso não devemos contar as pessoas do jeito normal, um dois três quatro….
Então como pode ser que o próprio D’us pede para contar o nosso povo?
Dizem nossos Sábios que nesse caso foi pedido de cada homem de vinte anos para cima no caso de todas as tribos for a a tribo de Levi, e no caso da tribo de Levi de um mês de idade para cima, darem uma moeda de dez gramas de prata chamada de “beka”.
Somente as moedas foram contadas, e sendo que cada um deu uma moeda, sabemos a contagem do nosso povo sem precisar contá-los.
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A tribo de Levi foi contada a partir de um mês de idade e mesmo assim o número dela foi menor do que a metade de qualquer uma das outras tribos
Dizem nossos Sábios que a tribo de Levi não foi escravizada pelos egípcios. As tribos que foram escravizadas receberam uma Benção Divina sobrenatural, e quanto mais os egípcios afligiam eles, mais eles cresciam e se multiplicavam. A tribo de Levi cresceu de maneira natural, e todas as outras tribos seriam também pequenas como ela se não tivessem sofrido
Diz o Zohar que na ordem das Sefirot, a Guevurá que é a fonte dos sofrimentos antecede a Tiféret, chamada de “corpo”, que é a fonte da coisas boas. Se não passamos pela Guevurá não temos como chegar à Tiféret.
Por esse motivo está escrito que relativo ao que eles sofreram, assim eles cresceram e se multiplicaram.
Quem sofreu mais, cresceu mais e se multiplicou mais, quem sofreu menos, como a tribo de Levi, cresceu menos esse multiplicou menos
Por isso devemos sempre agradecer à Hashem pelos sofrimentos da mesma maneira que agradecemos pela coisas boas, sendo que por meio deles chegamos à Tiféret que é a fonte de todas as coisas boas
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Nossa Parashá nos conta sobre a descendência de Aharon e Moshe, e na continuação fala sobre os filhos de Aharon e não cita os filhos de Moshe.
Então porque a Parashá nos diz que esses são os filhos de Aharon e Moshe?
Para nos ensinar que todo aquele que ensina uma pessoa Torá, é como se tivesse dado a luz à ela.
Então não vamos perder essa oportunidade, sempre que pudermos ensinar alguém Torá vamos fazer isso com muita alegria 😊
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Na nossa Parashá Hashem pede para Moshe Rabeinu fazer a contagem do nosso povo
Rashi explica que por causa do amor que Hashem tem por nós Ele nos conta o tempo todo
E ainda sobre a contagem do nosso povo, sendo que no começo da nossa história como povo fomos contados, em breve, na época do Mashiach seremos tão numerosos como a areia do mar que não tem como ser contada
Como nos conta nossa haftará que trás a profecia de Hoshea (Oséias) que fala sobre o enorme número de judeus que vai se revelar quando Mashiach chegar e também sobre o amor que Hashem tem por cada um de nós.
Nessa Haftará vemos isso de maneira bem clara.
A Guemará nos conta que Hashem disse ao profeta Hoshea que o povo de Israel não está se comportando de maneira correta (para que ele rezasse pelo nosso povo como fez Moshe Rabeinu)
A profecia de Hoshea começa depois de ele, no lugar de rezar por nós, ter proposto à Hashem trocar nosso povo por outro.
O desencadeamento dessa profecia é que o país das dez tribos conhecido como “reino de Israel” onde o profeta Hoshea se encontrava e atuava se perdeu no meio dos povos do mundo mas volta de maneira imensurável na época do Mashiach
Geralmente os profetas tinham que ligar sua profecia à uma ação. No caso de Hoshea, Hashem pediu para ele se casar e ter filhos com uma prostituta
Ele se casa com Gomer bat Dvalim que era prostituta filha de prostituta e que estava feliz com o que fazia.
Ela tinha filhos com os clientes e assim montou sua família, já havia se acomodado nessa profissão sem sonhar em sair dela e montar uma família normal.
Eles se casam e tem um filho que D’us pede para chamá-lo de Izreel profetizando que o nosso povo (aquelas dez tribos judaicas) vai ser semeado (espalhado) entre os povos do mundo.
Depois eles tiveram uma filha que D’us pede para chamá-la de “LoRuhama” profetizando que D’us não vai ter piedade do nosso povo, “no more chance”!
Depois eles tem mais um filho que D’us pede para chamar de “LóAmi” profetizando que o povo de Israel não é mais o povo de Hashem.
Vemos na prática que tudo isso aconteceu com o país das dez tribos)
No final D’us pede para ele se divorciar…
O profeta não concorda e diz para Hashem:-Eu tenho filhos com ela, como posso tirar ela de casa ou me divorciar? No way!
Então Hashem diz para o profeta:- Se até você que não tem certeza se sua esposa é só sua e se os filhos são realmente seus, mesmo assim já não é capaz de quebrar a família, como poderia Eu trocar o povo de Israel por outro povo?
Nessa hora o profeta entende que fez um erro de avaliação e reza forte para que Hashem inverta a profecia
Sendo que uma profecia negativa não é obrigada a acontecer, a profecia se inverte e Hashem diz para o profeta que no lugar de Ló Ami, “não é meu povo”, eles serão chamados de filhos do D’us vivo. (Filhos, ou seja, ainda mais queridos do que povo! Seguindo a regra da Torá de que depois de cada descida obrigatoriamente acontece uma grande subida)
E a profecia continua, dizendo que nós (que somos chamados de judeus porque somos descendentes da tribo de Yehudá e Beniamin) vamos chamar nossos irmãos (das dez tribos) de “nosso povo” e nossas irmãs (das dez tribos) de Ruhama (nosso consolo)
Conclusão, quem está triste em acreditar que o povo de Israel se limita aos poucos milhões da contagem oficial vai ficar maravilhado quando em breve essa profecia acontecer!
Behukotai
Nossa Parashá nos conta que se estudarmos a Torá e cumprirmos as Mitzvót, Hashem vai nos dar a chuva na hora certa e a terra vai dar sua produção com muita fartura a ponto de no futuro as árvores do campo que por natureza não dão frutos, não só que vão dar frutos, mas também que os frutos delas vão ser muito melhores do que os frutos das árvores atuais para compensar o tempo em que elas eram estéreis
Daqui vemos que todas as coisas boas desse mundo estão dependendo de nós, de despertarmos lá encima a fartura que vai descer aqui para baixo
O Zohar nos conta como isso acontece lá encima e conclui que o principal meio para trazer as Bençãos Divinas para cá é por meio da Mitzvá da Tzedaká.
A “Árvore da Vida”
Diz o Zohar que o conjunto de seis Sefirót (emanações Divinas) chamado de “Zeer Anpin”(pequeno rosto) que é composto das Sefirot “Hessed”, “Guevura”, “Tiferet”, “Netzah”, “Hod” e “Issod” , é a fonte de todos os bens materiais. Por isso o “Zeer Anpin” é chamado de “a árvore da vida”.
Ou seja, para esses bens materiais acontecerem no mundo eles precisam descer da fonte espiritual para depois se materializarem.
Podemos comparar isso ao nascimento de uma criança. O pai e a mãe podem estar juntos muitas vezes, mas para que a gravidez aconteça na prática D’us tem que colocar uma Alma nessa relação, só assim a mãe engravida
E todo o tempo que essa Alma espiritual está nesse corpo ele continua sendo um corpo vivo. Na hora que essa Alma deixa o corpo ele falece.
Esse falecimento pode acontecer no mesmo dia em que a mulher engravidou, ou, como costumamos dizer, 120 anos depois. Mas a regra é essa, se a Alma não desce para esse mundo essa criança nunca vai existir.
Esse mundo em todos os seus aspectos, sejam eles humano, animal, vegetal ou mineral, está sincronizado com o mundo de cima, e tudo o que acontece aqui só acontece porque antes estava no mundo espiritual, desceu para cá e se materializou.
Não há nada nesse mundo que não esteja ligado diretamente com a sua fonte espiritual lá encima.
Para que essa descida aconteça, o “Zeer Anpin” tem que se unir à última Sefirá chamada de “Mal’hut”, mas quando eles estão separados essa fartura fica no mundo espiritual e não desce para nós.
A “árvore da morte”
O “Mal’hut” é chamado pelo Zohar de “a árvore da morte” sendo que ela não tem vida de si própria e é comparada à lua que não tem luz própria e só ilumina a luz que recebe do sol.
O Mal’hut recebe as emanações do “Zeer Anpin” quando se une à ele, e assim a fartura espiritual desce ao mundo e se materializa dando origem à todos os bens materiais.
Nossas Almas Divinas são uma parte de D’us. E aonde nos tornamos parte de D’us? O aspecto masculino da nossa Alma Divina começa na primeira Sefirat, na Ho’hma, o aspecto feminino da Alma Divina acontece na Bina.
Poderíamos dizer que no Mal’hut acontece a “gravidez” da nossa Alma, e lá nossa Alma “nasce”.
A partir de lá recebemos nossa própria identidade e de lá descemos para esse mundo, passando por todos os outros mundos espirituais no meio do caminho
Até nos revestirmos em um corpo material nesse único mundo material, o mais baixo de todos chamado pelo Zohar de “o fundo do precipício”.
Essa decida tem duas formas, e de acordo com isso vamos dizer que existem Almas mais elevadas e Almas menos elevadas, mesmo sendo todas elas da mesma origem.
Uma forma de acontecer essa descida é de as Almas só passarem pelos mundos de Briá, Yetzirá e pelo aspecto espiritual do nosso mundo de Assiá até se revestirem em um corpo material.
Nesse primeiro caso essas almas somente passam por esses mundos, mas sem se revestirem neles. Essas Almas são as dos maiores Tzadikim da nossa história, uma muito pequena minoria.
Outra forma de acontecer essa descida é de a Alma se revestir em um mundo mais baixo, e novamente essa “gravidez” acontecer no Malhut do mundo mais baixo.
Lá nos transformamos e de lá descemos para nos revestirmos no nosso corpo material.
Por isso existem Almas de Briá , Yetzirá e Assiá, dependendo do mundo aonde essa Alma se revestiu e se transformou no meio do caminho, mesmo que na essência somos todos iguais.
Diz o Zohar que, se acontecer de na hora de essa Alma “nascer”, ou seja, deixar o Mal’hut para descer ao corpo material, se nessa hora o Mal’hut estiver separado do”Zeer Anpin” (isso acontece lá encima devido às nossas más ações aqui embaixo) essa pessoa não vai ter sucesso em assuntos materiais.
Ou seja, sempre vai viver com dificuldades financeiras, vai ser um pobre crônico.
Quando damos à ele a Tzedaká, fazemos acontecer lá encima a união entre o “Zeer Anpin” e o “Mal’hut”, e quando isso acontece a fartura desce ao mundo e se materializa fazendo com que a chuva caia na hora certa e a terra dê a sua produção à ponto de até acontecer a própria Gueulá e as árvores estéreis darem frutos.
Por isso, quando damos uma Tzedaká estamos fazendo mais bem para nós próprios do que para o necessitado
Por esse motivo sempre temos que dar Tzedaká com muita alegria e nunca dizer que essa pessoa todo ano está precisando.
Porque talvez esse necessitado seja uma Alma dessa origem, e quando você dá vida à ele por meio da sua Tzedaká você está fazendo acontecer a união entre o Zeer Anpin e o Mal’hut trazendo vida para todos os mundos, e o principal beneficiado é você próprio!
🌻🌻🌻
Nossa Parashá nos conta que quando nos esforçamos no estudo da Torá e cumprimos os Mandamentos Divinos, recebemos neste mundo “condições de trabalho” excepcionais.
A chuva vai cair na hora certa e na quantidade certa, podemos dormir confiantes e de porta destrancada sendo que não haverão guerras e a nossa terra não será usada como base militar para um país que quer defender o outro.
E porque chamamos isso de “condições de trabalho”? Porque a recompensa Divina pelo nosso estudo de Torá e o cumprimento das Mitzvot (Mandamentos Divinos) é tão grande que não temos como recebê-la neste mundo.
Então porque a Torá já não fala sobre o próximo mundo, e no lugar disso nos conta sobre condições materiais genéricas?
A chuva vai cair para todos por igual, e todos estão ricos e seguros, mesmo que uma pessoa cumpriu mais Mitzvót do que a outra ou se esforçou mais no estudo da Torá do que a outra, e mesmo assim a Torá promete chuvas, fartura e segurança igual para todos?
Moshe Rabeinu não pôde falar sobre o próximo mundo porque foi ele que nos revelou os 613 Mandamentos Divinos
A Guemará nos conta que certa vez uma pessoa queria ser judeu, mas ele tinha uma condição: Queria aprender toda a Torá enquanto conseguia ficar sobre um pé só. Ele foi para Shamai que era o “Av Beit Hadin”, o diretor do tribunal rabínico
Quando ele explicou para Shamai que queria se converter ao judaísmo com a condição de aprender toda a Torá enquanto ele aguenta ficar em um pé só, Shamai ficou muito bravo e o expulsou de maneira humilhante.
Então ele foi para Hilel, e disse que quer se converter ao judaísmo com a condição de aprender toda a Torá enquanto ele aguenta ficar em um pé só (Vemos aqui que já há dois mil anos atrás quando não dava certo com um rabino a pessoa procurava outro!).
Hilel disse para ele: – O que você odeia que te façam não faça para os outros, essa é toda a Torá, o resto é explicação, agora que você já aprendeu toda a Torá, vai estudar a explicação!
Das palavras de Hilel entendemos a base da Torá, como disse Rabi Akiva, Ame ao próximo como a si mesmo, essa é a grande regra na Torá.
Então porque a Torá escrita por Moshe Rabeinu não fala nada sobre o próximo mundo e deixa essa matéria totalmente para a categoria da Torá Oral conhecida como Kabalá que é uma parte da Torá que não nos revela quais são os Mandamentos Divinos mas sim o que há por trás deles?
E no lugar de Moshe Rabeinu falar sobre o Gan Éden ele fala sobre chuva e segurança de maneira genérica nos indicando explicitamente que esse não é o pagamento pelo trabalho Divino mas simplesmente um bônus?
O que é ruim nesse mundo é bom no outro e quem é pequeno aqui é grande lá
Quando chegamos no próximo mundo descobrimos a grande bondade Divina que estava por trás dos sofrimentos que passamos neste mundo, porque no mérito deles temos acesso direto ao Gan Éden e não precisamos passar pela retificação do “Guehinom”.
As pessoas ruins já se encarregaram de nos fazer o “Guehinom” neste mundo, e descobrimos no mundo de cima o grande favor que essas pessoas ruins nos fizeram.
Vemos lá o que fizemos de errado nas reencarnações passadas e o castigo que estava nos esperando e que foi anulado por causa dos sofrimentos que passamos aqui.
Ficamos com vontade de dar uma descidinha para esse mundo só para agradecer as pessoas ruins pelo favor que eles fizeram em nos maltratar.
Então, se a mesma categoria da Torá que está nos ensinando que “O que você odeia que te façam não faça para os outros, essa é toda a Torá”, se nessa mesma categoria da Torá fosse revelada a grandeza da bondade Divina que está por trás dos sofrimentos pelos quais passamos, as pessoas ruins iriam achar que estavam nos fazendo um favor em nos maltratar.
Por isso a categoria da Torá que fala sobre o que é proibido fazer ao próximo não pode ela própria falar sobre o próximo mundo, mas somente sobre os bônus que recebemos neste mundo material para que possamos por meio desses bens materiais investir mais no nosso trabalho Divino e ter um futuro melhor.
Um futuro melhor que é o Gan Éden HaTahton, o Gan Éden HaElion, e por final a Tehiat Hametim, a revelação Divina no seu mais alto nível que vai acontecer aqui embaixo a ponto de todas as pessoas do mais alto Gan Éden quererem voltar para cá para usufruir da revelação do Keter que vai acontecer aqui.
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Parashat Behukotai nos conta que quando estudamos Torá e cumprimos as Mitzvót (Mandamentos Divinos) Hashem (D’us) nos dá a chuva na hora certa e na quantidade adequada.
A linguagem da Torá é : “a terra dará seus produtos e as árvores darão seus frutos”.
E a pergunta é: Se a terra dará a seus produtos isso já inclui os frutos das árvores, então, quais são essas árvores que darão seus frutos como consequência do nosso estudo de Torá e do cumprimento das Mitzvót?
O Midrash Sifra nos conta que essas são as árvores estéreis que nos tempos do Mashiach elas darão frutos!
Nosso estudo de Torá hoje é comparado a um pai muito sábio que ensina sua enorme sabedoria para uma criança pequena.
Nesse caso a sabedoria do pai desce ao nível de capacidade de entendimento da criança.
Ele ensina a criança que é proibido roubar e etc. A Torá que estudamos hoje está em um nível de dia a dia deste mundo.
Nosso nível de cumprimento das Mitzvót também é limitado, por não podermos cumprir as Mitzvót ligadas ao Beit Hamikdash.
E mesmo a Mitzvá da Shemitá hoje, de acordo com a maior parte dos “Poskim” (legisladores rabínicos que determinam o modo da aplicação da lei judaica) a Shemitá é “Derabanan” (decreto dos Sábios de Israel usando a autoridade que a Torá lhes deu para fazê-los) e não “Deoraita” (Mitzvá direta da Torá).
Isso por motivo de dez tribos de Israel estarem temporariamente perdidas e as Mitzvót relacionadas à terra de Israel só poderão ser cumpridas em todos os seus aspectos quando cada tribo estiver na parte da Terra Santa relacionada à sua herança, e isso só vai acontecer nos tempos do Mashia’h.
Então nosso estudo de Torá e cumprimento de Mitzvót hoje é o suficiente para a terra dar os seus frutos convencionais.
O estudo da Torá nos tempos do Mashiach é comparado a um pai muito sábio ensinando segredos muito profundos à um filho muito sábio.
Hoje só conseguimos “degustar” um pouquinho disso estudando a parte oculta da Torá que antes era revelada somente para um “petit comité” e hoje, de acordo com o Ari Zal, é uma Mitzvá revelar essa sabedoria. Mesmo assim a quantidade desse estudo é limitada.
Mesmo que nas últimas gerações foram revelados muitos assuntos profundos por meio da “Hassidut”, mesmo assim em relação às revelações dos tempos do Mashiach quando o mundo inteiro de encherá com o conhecimento Divino em quantidade e qualidade, o que estudamos hoje ainda não é o suficiente para as árvores estéreis darem os frutos exóticos que elas darão no futuro.
Conclusão: vamos pedir todo dia para Hashem mandar o Mashia’h imediatamente nem que seja só para usufruir de todas as maravilhas dessa era tão maravilhosa que nunca esteve tão próxima!
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Para uma regra da Torá ter exceção a própria Torá tem que trazer essa exceção.
Na nossa Parashá encontramos uma linguagem muito pesada em relação ao que pode acontecer se não estudarmos Torá e não cumprirmos as Mitzvót.
O versículo diz: “Se vocês não escutarem a mim”…etc
O Midrash Sifra nos conta que essa palavra “a mim” vem especificar que todas essas tragédias que a Torá descreve na continuação desse versículo recaem sobre a pessoa que conhece D’us e tem a intenção de fazer conscientemente contra o pedido Divino.
Como exemplo o Midrash traz Sodoma e Gomorra, que conheciam D’us e faziam intencionalmente o contrário do que ele pediu, assassinando, roubando e etc.
O Ari Zal nos conta sobre as pessoas que trocaram intencionalmente o judaísmo pela idolatria na época do primeiro Beit Hamikdash.
A destruição não veio naquela mesma geração porque a bondade Divina determina um longo período para que a pessoa possa fazer Teshuvá, naquela reencarnação ou em outra.
Mas quando chegou a “deadline”, o prazo final, e eles ainda não conseguiram consertar o que fizeram, aquelas almas se reencarnaram na época das cruzadas e da inquisição e tiveram a sua purificação.
Se precisasse morrer queimado em praça pública para não fazer idolatria, eles davam a vida e não faziam idolatria.
Se precisasse fugir da Espanha e de Portugal deixando os pertences para trás e não fazer idolatria, eles fugiam.
E o destino de cada um foi traçado de acordo com o nível de obsessão pela idolatria que ele teve naquela reencarnação quando ele vivia na época do primeiro Beit Hamikdash e trocou consientemente e intencionalmente o judaísmo pela idolatria.
Mas quem já nasceu em uma família Judia idólatra não entra nessa categoria como vemos no Midrash mas é considerado como alguém que não conhece D’us e não tem intenção de fazer algo propositalmente.
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A “linguagem pesada” da Torá também vem para dar um ênfase na gravidade do assunto , como um pai bondoso que explica para o filho as consequências de certas coisas para que ele não as faça.
Entãos, vamos aproveitar e estudar muita Torá e trazer a Gueulá imediatamente!
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Nossa Parashá nos conta sobre as grandes bênçãos Divinas que recebemos quando estudamos a Torá e cumprimos os mandamentos Divinos.
E depois nos conta sobre as coisas ruins que podem acontecer por não termos estudado a Torá e não termos cumprido os mandamentos Divinos.
Uma dessas “maldições” é o fato de fugirmos sem que ninguém esteja nos perseguindo.
Aparentemente, se ninguém está nos perseguindo, isso deveria estar da lista das bênçãos, e por qual motivo está na lista das maldições?
Explica o Rav Moshe Kramer de Vilna, que era o avô do Gaon de Vilna:
O Rei Salomão no livro do “Kohelet” escreve “D’us ajuda o perseguido”. Quando alguém é perseguido Hashem deixa tudo o que está fazendo para ajudá-lo.
E mesmo quando um Tzadik está perseguindo um rashá (uma pessoa boa está perseguindo uma pessoa ruim) Hashem deixa tudo o que está fazendo para ajudar o perseguido. Por isso o fato de ninguém estar nos perseguindo entra na lista das maldições
Então, se você sente que existem pessoas que querem o seu mal e tentam te sabotar, você tem que ficar feliz, você está na lista dos abençoados por D’us!
Behar
Nossa Parashá nos conta sobre como devemos ajudar à nossos semelhantes em várias situações. E quem melhor para explicar esse assunto do que Don Itzhak Abarbanel que foi um dos maiores comentaristas da Torá e junto com isso foi ministro das finanças de três países em uma das épocas mais conturbadas que o nosso povo já passou
Don Yitzhak ben Yehuda Abarbanel (יצחק בן יהודה אברבנאל)
foi um grande Sábio do nosso povo. Ele nasceu em 1437 em Lisboa, filho de Yehuda Abarbanel que era o tesoureiro (ministro da finanças) do rei Afonso V de Portugal. A família de Don Itzhak Abarbanel tinha ascendência até o Rei David.
Depois do falecimento de seu pai, o rei Afonso V o nomeou como ministro das finanças de Portugal. Sua alta posição e as grandes riquezas herdadas do seu pai só aumentaram nele o amor pelos pobres e oprimidos
Em 24 de agosto de 1471, durante o reinado de Afonso V, a cidade de Arzila no Marrocos foi conquistada pelos portugueses que empregaram nesse assalto cerca de 500 navios e 30.000 soldados.
Arzila era uma cidade estratégica nas rotas comerciais antigas e por isso viviam naquela cidade centenas de judeus que foram aprisionados pelos portugueses e colocados à venda como escravos
Don Itzhak Abarbanel contribuiu largamente com os fundos necessários para os libertar e organizou também coletas em favor dessa causa nobre entre todos os judeus de Portugal. Centenas de judeus foram resgatados e ele os bancou até que pudessem se manter sozinhos
Após a morte do rei Dom Afonso V, seu filho, Dom João II, se tornou o novo rei de Portugal. Ele foi um grande tirano, concentrou o poder em volta de si retirando-o da aristocracia por meio de muitas penas de morte por qualquer mínima suspeita possível e imaginável
Nas conspirações que se seguiram suprimiu o poder da casa de Bragança e apunhalou pelas suas próprias mãos o seu primo, o Duque de Viseu, e assim, depois de assassinar todos os seus opositores João II governou o país sem nenhuma oposição
Don Itzhak Abarbanel foi obrigado a fugir de Portugal, tendo sido acusado pelo rei de cumplicidade com o Duque de Bragança que o rei executou por suspeita de conspiração.
Avisado a tempo ele conseguiu fugir com a sua família para Toledo no reino de Castela. De Toledo, Don Itzhak Abarbanel enviou uma carta ao rei provando a sua inocência. O rei se recusou a ouvir e a grande fortuna de Don Itzhak Abarbanel foi confiscada por decreto real.
Depois disso o rei João II perdeu o herdeiro do seu trono, seu filho único de 16 anos que morreu em uma misteriosa queda de cavalo, e por fim o próprio rei João II morreu com 40 anos de idade provavelmente envenenado)
E eles vão ser esses aos quais devemos emprestar nosso dinheiro à eles sem juros e também fazer para eles Tzedaká do nosso dinheiro. E quando o versículo fala sobre a proibição de pegar juros ele usa as palavras “e você vai ter temor à D’us”
Porque talvez (D’us nos livre) um dia nós próprios ou nossos filhos ou nossos netos poderemos estar nessa situação, porque a pobreza é um círculo que roda pelo mundo. E então nossos irmãos vão estar ao nosso lado
E por isso a Torá diz para darmos à ele nosso apoio como presente, como Tzedaká. E nesse caso o versículo usa a frase “Eu sou Hashem seu D’us que tirei de do Egito”, onde vocês estavam no aperto e na pressão, na extrema pobreza, para dar à vocês a terra de Canaã, uma terra boa e ampla, uma herança sem limites, e não dei ela para vocês com juros mas para ser o D’us de vocês
O primeiro estágio da pobreza
A primeira fase da pobreza é a venda da própria fonte de renda, por isso a Torá começa nos dando a lei em relação à pessoa que empobreceu à ponto de ter que vender o campo e o vinhedo da sua herança – pobreza nível 1
O segundo estágio da pobreza
A segunda fase da pobreza é venda da própria casa, por isso a Torá continua nos dando a lei em relação à pessoa que teve que vender a própria casa – pobreza nível 2
O terceiro estágio da pobreza
A terceira fase da pobreza é a pessoa deixar seus objetos de valor como hipoteca para pegar um empréstimo em dinheiro ou em mantimentos por isso a Torá continua nos dando as leis em relação aos empréstimos, leis de juros – pobreza nível 3
O quarto estágio da pobreza
A quarta fase da pobreza é a pessoa se vender a si próprio ou roubar e ser vendido como escravo por causa do seu roubo, por isso a Torá continua nos dando a lei do escravo judeu – pobreza nível 4
A reversão da pobreza
Primeira etapa – Em primeiro lugar a Torá nos proíbe de dar à um escravo judeu um trabalho escravo como se ele fosse um escravo de verdade, mas ele tem que ser para nós como um cidadão, como se você tivesse contratado alguém para trabalhar com você. Ou seja, primeira etapa é levantar a moral do pobre
Segunda etapa – até o ano do Yovel ele vai trabalhar com você, e não mais do que isso, e então ele sai livre e volta para a sua família. Ou seja, no máximo até o ano do Yovel o empobrecido vai trabalhar com você, mas se os seis anos que ele precisa trabalhar com você terminaram antes do Yovel, ele sai no sétimo ano. E se o ano do Yovel chegou antes, ele sai antes. E até se ele quiser ficar escravo a vida inteira, ele sai no Yovel e volta para a sua dignidade por voltar para a sua família
E também os campos que ele vendeu, sua fonte de renda, vai voltar para ele, ele volta para a herança dos seus pais
Então por que nesse meio tempo D’us deixaria você tratá-lo como escravo, um trabalho duro e humilhante, e quanto mais pelo fato de isso ser uma profanação da honra de D’us sendo que todos os judeus são escravos de D’us que os tirou do Egito, então como você pode tratar ele como se fosse seu escravo, como se tivesse roubado o escravo de D’us
Por isso você tem que tratar ele como se fosse alguém que trabalha por um salário, ter temor à D’us que é o único que tem o poder de diminuir alguém e também engrandecer, e é possível que também você ou um descendente seu pode futuramente (D’us nos livre) estar nessa mesma situação
Conclusão :
Em primeiro lugar D’us nos dá a oportunidade de participarmos da interação Divina no mundo nos dando a oportunidade de resgatar o campo, a fonte de renda que o nosso semelhante teve a necessidade de vender, e devolver à ele
Se o nosso semelhante já caiu mais do que isso e teve a necessidade de vender sua própria casa também, D’us nos dá a oportunidade de participarmos da interação Divina no mundo nos dando a oportunidade de resgatar a sua casa e devolver à ele
Em terceiro lugar, se o nosso semelhante já está em uma situação de hipotecar os seus pertences para comprar mantimentos D’us nos dá a oportunidade de dar à ele toda a Tzedaká necessária para que ele não precise hipotecar seus pertences
Em quarto lugar, se ele já se tornou um escravo, D’us nos dá a oportunidade de resgatá-lo e torná-lo novamente um homem livre e voltar a viver junto à sua família com toda a dignidade
E por final, se não aproveitarmos a oportunidade de participar da interação Divina no mundo e não fizermos nada disso, o próprio D’us vai fazer tudo isso sozinho sem a nossa participação
Mas sendo que a pobreza é um círculo que gira pelo mundo, mesmo agora estando são e salvos, ou seja, estando na parte de cima desse círculo, ninguém nos garante que não estejamos futuramente na parte de baixo. Ninguém a não ser D’us que não nos deixaria cair se tivéssemos levantado quem já caiu
A Torá é eterna e todos os assuntos dela se encontram espiritualmente em cada etapa da nossa vida. Na época da Torá a fonte de renda era a nossa terra que nos foi dividida aparentemente por sorteio, mas nesse sorteio a interação Divina foi de 100%. Dessa mesma forma hoje em dia quando encontramos a fonte de renda dos nossos sonhos e acreditamos que tivemos sorte em encontrar, na verdade isso nos foi dado totalmente lá de cima
E o mesmo D’us que nos deu a nossa fonte de renda aparentemente por “sorteio”, mas na verdade por Divina Providência, nos dá a oportunidade de interagir com essa Divina Providência em relação ao nosso próximo!
Essa Parashá é tão atual para os nossos dias! Como dizem nossos Sábios, que precisamos nos relacionar à Torá como se ela nos tivesse sido entregue hoje!
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Nossa Parashá nos conta que um judeu não pode emprestar nada com juros para outro judeu. A Torá usa duas palavras diferentes para os juros, uma ao lado da outra simultaneamente, o que é aparentemente desnecessário
Dizem nossos sábios que essas duas palavras querem dizer a mesma coisa, mas a Torá nos traz simultaneamente as duas palavras para nos indicar que um judeu que empresta com juros para outro judeu está transgredindo duas proibições. Ou seja, recebe um castigo em dobro pela mesma coisa
O pagamento pelo que fizemos de bom neste mundo não está explícito na Torá porque o bem é eterno, e portanto a recompensa por ele, não só que também é eterna, mas mais do que isso, ela também é imensamente maior do que o bem que fizemos
Por isso não tem como recebermos essa recompensa no nosso mundo material do jeito que ele é hoje. Primeiro recebemos um Gan Éden HaTahton (Baixo Paraíso) onde uma hora lá equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, e de lá vamos para o Gan Éden HaElion onde uma hora lá equivale a setenta anos no Gan Éden HaTahton
E quando acontecer o décimo terceiro dos treze princípios da fé judaica e os mortos ressuscitarem, o lado espiritual deste nosso mundo material vai se revelar e ultrapassar de longe a intensidade dos prazeres dos mundos espirituais, e consequentemente todos que estão no Gan Éden vão querer ressuscitar para usufruir da revelação do “Keter” que vai acontecer aqui embaixo
Ao contrário disso, a regra da Torá em relação ao castigo do tribunal Divino que recebemos por termos feito algo proibido é limitada ao nível máximo de acontecer para nós somente exatamente o que fizemos de mal, e nunca jamais mais do que isso
Como diz a Torá de maneira figurativa “olho por olho e dente por dente”. Ou seja, não podemos receber um castigo que ultrapasse em um único milímetro o mal que fizemos
Ou seja, ao contrário da regra Divina em relação à recompensa pelas coisas boas que fazemos, o castigo pelas coisas ruins que fizemos pode ser sempre menor do que o que fizemos, mas nunca maior
E sendo que essa é a regra geral da Torá, quando uma regra tem exceção, a própria Torá que determinou essa regra tem que trazer um versículo indicando que esse caso é uma exceção.
E por isso a nossa Parashá repete a proibição dos juros por meio de dois sinônimos, para nos indicar a gravidade dessa transgressão, sendo que nesse caso recebemos castigo em dobro
E sendo que essa proibição só acontece no caso que os dois são judeus, é permitido pegar um empréstimo com juros de alguém que não é judeu mas não de alguém que nasceu judeu ou se converteu ao judaísmo
Uma das diferenças entre o nosso povo e os outros povos é que quando alguém se converte ao judaísmo ele se torna um judeu de etnia Judaica
Diferente de um africano que se naturalizou alemão e se tornou um alemão afrodescendente, esse mesmo africano quando se converte ao judaísmo se torna um judeu semita de etnia Judaica e deixa de ser um afro descendente, como está escrito na Guemará: “Guer shemitgaier ketinot shenolad” (um convertido que se converte é como um nenê que nasce)
Quando Hashem nos deu a Torá, ele fez o Monte Sinai florecer, um verdadeiro milagre
Por isso a Shemitá está ligada diretamente ao Monte Sinai. Para nos lembraremos que nós não somos os maiores, mas D’us nos colocou e nos mantém no alto.
Nosso sucesso no trabalho não deve aumentar a nossa prepotência mas ao contrário, deve aumentar a nossa percepção de que D’us está nos levando pela mão e portanto aumentar a nossa humildade em frente à essa grande revelação Divina que está sempre com a gente. Hashem (D’us) é quem nos faz florecer para que possamos atingir o objetivo real do trabalho que é o de mantermos um nível que possamos cumprir a Torá e as Mitzvót de um jeito agradável, e o principal: com muita alegria
Hoje a maioria de nós não trabalha na terra, mas o ensinamento da Shemitá nos acompanha em cada uma das nossas profissões e recai sobre cada um de nós
Emor
Na nossa Parashá Hashem diz para Moshe pedir aos Cohanim (os sacerdotes) filhos de Aharon, não se impurificarem participando de um enterro de alguém a não ser que essa pessoa seja sua esposa, seu pai, sua mãe, seu irmão, sua irmã, seu filho ou sua filha.
Ou em uma situação extrema, alguém que não tenha absolutamente ninguém para enterrá-lo, que nesse caso é denominado “Met Mitzvá” e o Cohen é obrigado à enterrá-lo.
O motivo para esses limites em relação ao Cohen, diz a Torá, é que o Cohen não pode se impurificar a não ser por um motivo de extrema necessidade sendo que ele é quem faz os Sacrifícios no Beit Hamikdash.
E a pergunta é: Porque o extremo da impureza paira especificamente sobre um morto? E se é assim, por que a Torá não libera totalmente o Cohen de enterrar seus parentes próximos?
Rabi Yehudah Halevi nos ensinou que a impureza está sempre ligada à morte, e por isso o caso mais grave de impureza é um judeu ou judia que faleceram.
Abaixo disso está a mulher que dá à luz uma menina. Antes de dar a luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma, ou seja, menos vida.
E sendo que essa vida que saiu dela vai dar origem à outras vidas, ela fica impura 66 dias por causa da vida que saiu do seu próprio corpo, mesmo que a menina que saiu dela não só que tem vida própria mas também futuramente vai dar a luz à mais vidas.
Abaixo disso está a mulher que dá à luz a um menino. Antes de dar à luz ela era um conjunto de dois corpos e duas Almas, no parto ela volta a ser um corpo e uma Alma. Ou seja, menos vida.
Abaixo disso está a mulher que perdeu o óvulo e por isso ficou Nidá. O óvulo era vida, e ele saiu dela, agora ela é menos vida.
Abaixo disso está o marido que teve relação com a mulher. O que saiu dele entrou nela, mas quem ficou impuro foi ele e não ela, porque dele saiu vida, e nela entrou.
Essa regra se aplica também no caso da “nega tzaraat”, a manifestação espiritual que se revelava na pele da pessoa causando a morte das células, e onde há morte há impureza, e por isso a pessoa ficava impura por causa da “nega tzaraat”
Quando acordamos de manhã estamos impuros (até jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) porque nossa Alma sobe para os céus nos colocando em uma situação de 1/60 da morte. Ou seja, durante o sono estamos menos vivos.
Quando cortamos as unhas ou os cabelos, ou quando fazemos uma doação de sangue, também devemos fazer a “netilat yadayim”, (jogarmos água nas nossas mãos por meio de um recipiente seis vezes intercaladamente) para tirar a impureza que pairou sobre nós por causa da perda de uma pequena parte de vida, uma pequena parte do nosso sangue, dos nossos cabelos ou das nossas unhas.Mas porque a impureza paira sobre nosso corpo sempre que há nele um pouquinho de redução de vida, ou, D’us nos livre, a própria morte que traz com ela a maior de todas as impurezas?
Diz o Zohar que a pessoa não morre antes de ver a “Shehiná” (Presença Divina) e por causa do intenso desejo da nossa Alma em se unir à Shehiná, nossa Alma sai do corpo ao seu encontro.
Depois que a Alma sai do corpo e, consequentemente, aquele corpo se torna um corpo morto, é proibido deixá-lo sem que seja enterrado.
O Zohar traz vários motivos para isso.
- Porque se deixamos passar 24 horas entre a morte e o enterro causamos uma fraqueza nas Sefirot do mundo superior, sendo que a “imagem e semelhança” Divina descritas pela Torá em relação à criação do homem se refere às Sefirot lá de cima e por isso cada um de nós está sincronizado com essas Sefirot
E da mesma maneira que existe a infiltração do lado espiritual negativo no corpo do falecido aqui em baixo, se ele não é enterrado em 24 horas esse lado espiritual negativo acessa ao mundo superior e suga vitalidade das Sefirot lá de cima
- Outro motivo que não podemos atrasar o enterro é para não atrasar a ajuda Divina decretada para aquela pessoa. Porque talvez Hashem tenha decretado para o bem daquela pessoa que ela vai se reencarnar naquele mesmo dia que faleceu, explicitamente para o bem dela
E enquanto o corpo não é enterrado a Alma não pode se apresentar na frente de Hashem, e consequentemente não pode entrar em uma próxima reencarnação. Isso pelo motivo de que não é dado para a Alma um segundo corpo enquanto o primeiro não é enterrado.
O Zohar compara esse caso à uma pessoa cuja esposa faleceu. Não é correto ele se casar com outra mulher enquanto a esposa falecida não é enterrada, assim também não é correto ele receber um novo corpo enquanto o corpo anterior não é enterrado.
- Outro motivo para que a pessoa seja enterrada no mesmo dia é porque quando a Alma sai do corpo e precisa ir para o mundo superior, para o Gan Éden (o Paraíso) e ela não pode entrar lá enquanto não é dado a ela um novo corpo. Mas sendo que o Gan Éden fica no mundo superior, esse novo corpo é infinitamente melhor do que o atual e é denominado pelo Zohar como um “corpo de luz”.
Um corpo espiritual para usufruir do Gan Éden HaTahton (Baixo Paraíso) onde uma hora lá equivale à setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, ou do Gan Éden HaElion (Alto Paraíso) onde uma hora lá é comparada à setenta anos no Gan Éden HaTahton.
Mas só depois que a Alma recebe esse corpo espiritual ela pode entrar no mundo superior, e isso só acontece depois que o corpo material que ela usou aqui embaixo é enterrado. Somente depois disso ela recebe o corpo espiritual e pode entrar no mundo superior
Diz o Zohar que aprendemos isso de Eliahu Hanavi (o profeta Elias) que tem dois corpos. Um corpo que ele usa para aparecer para as pessoas aqui nesse mundo, mas com esse corpo ele não consegue subir para o mundo superior. Outro corpo ele usa para aparecer lá em cima entre os Anjos do céu
- Mais um motivo que traz o Zohar é o de que todo o tempo em que o corpo ainda não foi enterrado a Alma sofre por causa do espírito impuro que aparece para habitar nele (causando com que o corpo morto fique impuro)
E sendo que o espírito impuro aparece por causa da morte, a pessoa não deve deixar aquele corpo por uma noite sem enterrá-lo porque o espírito impuro se encontra com mais intensidade durante a noite e vaga por toda a terra procurando um corpo sem Alma para impurificá-lo, e de noite ele impurifica com muito mais intensidade
O Zohar nos conta que no momento do falecimento é dada à pessoa a permissão de ver o que ele não conseguiria ver enquanto estava vivo.
Ele vê que estão vindo ao seu encontro seus parentes e amigos do mundo superior e ele reconhece cada um deles mesmo sendo eles seus ancestrais que nunca viu em vida.
E todos se revelam para ele com a aparência que tinham neste mundo. Se a pessoa que falece tem o mérito de estar à caminho do Gan Éden (paraíso celestial) todos os amigos e parentes que estão no Gan Éden chegam alegres ao seu encontro e dão boas vindas à ela
Mas se ela não tem o mérito de ir para o Gan Éden, ou seja, se está a caminho do gehinom, não aparecem para ela a não ser aquelas pessoas ruins que estão sendo retificadas no gehinom.E todos se revelam para ela tristes. Começam com um “ai” por causa do castigo que vai ser acrescentando à eles por causa dessa pessoa, e terminam com um “ai” por causa do castigo que essa pessoa vai receber
O Guehinom é o “mundo de baixo”, dimensão espiritual negativa criada para a retificação da Alma mas com limite de estadia limitado para o máximo de doze meses.O Guehinom é exatamente o contrário proporcional do Baixo Paraíso. Da mesma maneira que uma hora no Baixo Paraíso equivale à setenta anos dos maiores prazeres aqui nesse mundo, uma hora no Guehinom equivale à setenta anos dos maiores sofrimentos nesse mundo
Diz o Baal HaTanya que da mesma maneira que o Sol percorre uma distância de milhares de quilômetros no céu, e relativo à isso sua sombra percorre alguns centímetros aqui embaixo, essa mesma proporção é aplicada aos nossos sofrimentosUm pouquinho de sofrimentos neste mundo nos liberam de milhares de quilômetros de sofrimentos no gehinom, e por isso devemos sempre agradecer à Hashem por qualquer sofrimento pelo qual passamos
Continuando a descrição do Zohar em relação à saída da Alma e os parentes e amigos do Gan Éden que vem receber ela neste momento
No momento da saída da Alma, todos os parentes e amigos que estão no Gan Éden vêm recebê-la e fazem para ela um passeio até lá. Mostram para ela o lugar que ela vai receber no Gan Éden e ela sobe para conhecer e usufruir um pouquinho dos intensos prazeres daquele mundo. Um verdadeiro turismo pelo mundo superior !
Depois ela desce para participar da “Shiva” que é a semana de luto pela sua morte. Todos esses primeiros sete dias a partir do enterro a Alma vai da sua casa para o seu túmulo e do seu túmulo para a sua casa. Na sua casa ela vê que todos estão enlutados pela sua morte e ela também fica enlutada pela própria morte
Depois de sete dias desde o enterro, o corpo continua na sua decomposição, e agora ela vai se mudar oficialmente para o Gan Éden.
Para sair oficialmente desse mundo ela passa primeiro pela Mearat HaMahpelá que é o túmulo de Adão e Eva e dos nossos Patriarcas e Matriarcas.
Lá ela vê o que tem permissão para ver e entra no lugar que tem permissão para entrar até chegar ao Gan Éden HaTahton, porque a Mearat HaMahpelá, diz o Zohar, é o caminho para o Gan Éden HaTahton.
No caminho do Gan Éden ela vê os “keruvim” com o brilho das suas espadas circundantes, que são os anjos de destruição que Hashem (D’us) colocou para guardar o caminho da Árvore da Vida, a entrada do Gan Éden HaTahton. Se ela tem a permissão eles abrem para ela o portão e ela entra
Os quatro Anjos principais, Mihae-l, Gavrie-l, Urie-l e Refae-l são convidados para “vesti-la”. Eles aparecem segurando uma semelhança de corpo nas suas mãos.
Um corpo espiritual que foi feito por ela própria por meio dos Mandamentos Divinos que ela cumpriu nesse mundo, e de acordo com o nível desse corpo ela vai usufruir dia intensos prazeres daquele mundo
Ela se reveste nele com muita alegria e recebe o lugar dela no Gan Éden HaTahton. Ela fica lá somente durante o período que ainda não é permitido para ela subir ao Gan Éden HaElion, porque às vezes por causa do nosso comportamento nesse mundo não é liberada a nossa entrada diretamente para o Gan Éden HaElion
Quando termina nosso tempo de espera nesse lugar maravilhoso que é o Gan Éden HaTahton chega a hora de subirmos ao Gan Éden HaElion. Nesse momento ela ouve que estão anunciando lá de cima que chegou a hora de ela subir ao Gan Éden HaElion. Ela é chamada pelo seu nome
Nossa Parashá nos conta sobre uma pessoa que brigou com outra, perdeu a causa no julgamento, e ao sair culpado disse o nome explícito de D’us e o amaldiçoou (à D’us)
Kedoshim
Nossa Parashá nos conta (entre inúmeros assuntos) sobre a proibição de guardar rancor.
Toda pessoa que guarda rancor contra um judeu principalmente se ele for o cônjuge, transgride uma Mitzvá da Torá, como está escrito na nossa Parashá: “Ló titor”,não guarde rancor.
Exemplo: Você pede um favor para alguém e a pessoa não quis fazê-lo. No dia seguinte, essa pessoa precisou de você e você responde: “Eu não sou como você. Eu não vou lhe negar um favor como você me fez”!
Isso acontece porque a pessoa estava guardando aquele rancor e achou o momento exato para revelar isso. Em outras palavras, “jogar na cara” é proibido pela Torá.
O Baal Shem Tov explicou que nossos sábios comparam a pessoa que fica brava a alguém que está fazendo idolatria porque no momento da fúria, a fé em D’us desaparece automaticamente, e quando não se acredita em D’us consequentemente se está acreditando em outra coisa”.
Porque se ele soubesse que tudo o que acontece com ele vem de D’us, ele nunca ficaria bravo.
E mesmo que uma pessoa que por livre-arbítrio optou por fazer-lhe o mal, e amaldiçoa ou bate nele, ou lhe causa prejuízo monetário sendo condenada pelo tribunal humano ou Divino pela maldade da sua escolha, mesmo assim, à quem foi prejudicado já estava decretado pelos Céus que assim seria.
O tribunal Divino apenas usou a pessoa ruim para cumprir o decreto Divino por meio dela, e mesmo nesse momento em que a pessoa bate em alguém ou o amaldiçoa, o pensamento que cai na cabeça dessa pessoa para nos prejudicar ou o sentimento que a impulsionou a fazer isso veio lá de cima.
D’us faz as coisas boas acontecerem por meio de pessoas boas e as coisas ruins por meio de pessoas ruins.
O agente causador do nosso infortúnio foi apenas uma ferramenta usada por D’us para cumprir o decreto Divino que veio para nos purificar de alguma coisa ruim que fizemos na reencarnação atual ou em outra.
Tudo vem lá de cima, e as pessoas que nos fazem o mal são os verdadeiros “bobos” que estão sendo usados para nos prejudicar e depois serem castigados por terem nos prejudicado.
Se tudo isso foi dito sobre qualquer pessoa, imagine marido e mulher ou pais e filhos que são o grupo de risco nesse assunto por terem mais intimidade entre si, quanto temos que tomar cuidado com isso.
Então, não vamos ser bobos de brigar em casa!
Vort israelense: (dugri)O rancor é comparado à fezes espirituais. Guardar rancor é prisão de ventre espiritual, você está com rancor de alguém? Baixe a descarga! Porque quanto mais acumula pior fica!
Nossa Parashá nos conta entre muitos assuntos interessantes que não devemos olhar para a idolatria.Diz o Ari Zal que quando olhamos para alguém ou para alguma coisa, recebemos a “energia” dessa pessoa ou dessa coisa ruim.
Quando olhamos para uma coisa boa, a energia boa que tem nela se une à nós e gera dentro de nós uma energia positiva.
Mas se olhamos para uma coisa ruim recebemos dela a energia ruim que ela contém. Essa energia ruim se une à nós tirando de nós a energia boa.
E esse é o segredo que está por trás desse mandamento da Torá de não olhar para a idolatria. Porque quando olhamos para uma coisa impura como a idolatria, a impureza dela se adere à nós tirando a nossa santidade e nos atraindo para a impureza.
Conclusão:
Vamos encher a nossa casa de quadros de Tzadikim que hoje na nossa geração Google é fácil de baixar, mandar revelar e colocar uma moldura.
No nosso perfil do Pinterest baixei uma variedade de fotos do Rebe para vocês. Acesse ao nosso Pinterest
https://pin.it/6CtdcQRPerguntei para vários rabinos de Israel se é permitido baixar uma foto do Rebe pelo Google. A resposta foi sempre a mesma: O Rebe pertence aos Hassidim!
E fora isso, com certeza ninguém nunca pagou ao Rebe direitos autorais pela foto que tirou dele. Isso se refere somente à fotos e não à desenhos, pinturas, ou fotos decoradas.
Certa vez o Rebe disse sobre o Rabino que eu tinha escolhido para fazer as minhas perguntas difíceis, o Rav Moshe Weber de Yerushaláim (Jerusalém): “É o suficiente olhar para ele para receber “Irát Shamaim” (temor aos céus, ou seja, reverência à D’us)
Nossa Parashá nos conta sobre a Mitzvá de amar ao próximo como a si mesmo.O Ari Zal explica que está por trás disso se encontra o segredo de que todo o povo de Israel é uma Alma só e cada um de nós é uma ramificação dessa Alma Divina que Hashem (D’us) deu ao Adam Harishon (o primeiro homem) e por isso cada um de nós é responsável pela transgressão do outro.
Por isso, diz o Ari Zal, a reza chamada de “Vidui” na qual falamos uma lista de pecados (que geralmente não fizemos) foi instituída no plural, sendo que temos cumplicidade pelas transgressões de todos os judeus por fazermos parte de uma Alma só.
Por isso, mesmo quando rezamos sozinhos falamos essa reza no plural, sendo que o pecado que um judeu faz é como se todos nós tivéssemos feito, pelo motivo de sermos a mesma Alma ramificada.
Nossa Parashá também nos ensina que devemos dar uma advertência à qualquer judeu que está fazendo uma coisa ruim.Na maioria dos casos a pessoa se comporta errado por não saber o que é certo, e por isso, no lugar de dar uma bronca causando uma revolta nessa pessoa, devemos ensinar à ela com muito amor e carinho o que é certo e assim estamos cumprindo essa Mitzvá com eficiência.
Isso também aprendi com o Rav Moshe Weber, que com oitenta anos de idade dedicava várias horas do dia para ensinar os soldados israelenses a colocarem Tefilin, e muitas vezes ele me contou sobre soldados que colocaram o Tefilin pela primeira vez na vida.
Ou seja, temos que advertir cada judeu, mas dessa maneira. Ensinando ele a cumprir as Mitzvót (Mandamentos Divinos) com muito amor e carinho.
Nossa Parashá nos conta que devemos amar o “guer” (alguém que se converteu ao judaísmo).O Rebe de Lubavitch nos ensina que a linguagem da Torá que se refere ao “guer” diz “guer shemitgaier” (convertido que se converte) nos ensinando que ele já tinha uma Alma judia, mas que se revelou no dia da sua conversão.
Sendo assim, tudo o que o Ari Zal explicou sobre o mandamento de amar ao próximo como a si mesmo se aplica ao guer também, mas com mais intensidade sendo que a Torá acrescenta no caso do guer mais uma Mitzvá.
Nossa Parashá nos conta que é proibido se vingar e proibido guardar rancor. Sendo que a Torá já nos proíbe assassinar, ferir e etc, e não podemos pegar a lei com as mãos mas temos que procurar o tribunal rabínico que vai cobrar do agressor o que é devido pela Torá, então o que sobrou para nós nos vingarmos que a Torá precisa acrescentar esses dois mandamentos?O Midrash Sífra nos traz a explicação para esses dois mandamentos.
O que é considerado vingança pela Torá?
Uma pessoa disse para a outra :- Me empresta a sua foice. Mas a outra pessoa não emprestou.
No outro dia aconteceu o contrário. A pessoa que não emprestou a foice pediu a enxada emprestada para aquele que tinha pedido a foice.
A resposta foi:- Não vou te emprestar a minha enxada da mesma maneira que você não quis me emprestar a sua foice. Sobre isso foi dito : “É proibido se vingar”.
O que é considerado guardar rancor pela Torá?
Uma pessoa disse para a outra :- Me empresta a sua foice? A outra pessoa não emprestou.
No outro dia aconteceu o contrário. A pessoa que não emprestou a foice pediu a enxada emprestada para aquele que tinha pedido a foice, e a resposta foi:- pode pegar, não sou como você que não quis me emprestar a sua foice. Sobre isso foi dito : “É proibido guardar rancor”.
Em outras palavras, o rancor é comparado à uma “prisão de ventre” espiritual. Você só tem a perder com isso, nesse mundo você sofre e no próximo você ainda é julgado por causa disso.
Se até uma prisão de ventre material quanto mais tempo passa mais duro fica de tirar e mais perigoso fica, quando mais uma prisão de gente espiritual!
Então vamos fazer todo dia a nossa higiene espiritual e baixar a descarga sobre todas as nossas mágoas antes que elas fiquem duras demais e precisemos de mais esforço para removê-las!
Nossa Parashá nos conta sobre as instruções Divinas dadas por consequência da morte dos dois filhos de Aharon.O Ari Zal, (última palavra em assuntos cabalísticos) nos conta que Adam Harishon (o primeiro homem) “continha todas as almas do mundo.
Quando Adam Harishon fez o primeiro pecado, seu nível espiritual despencou e ficou nele somente somente a “Trumá” (dois centésimos) do número de almas que ele tinha antes, pouquíssimas mas de altíssima qualidade.
Essas almas elevadíssimas passaram para Caim que era o primogênito e tinha nascido no Gan Eden (paraíso terrestre) depois do pecado de Adam.
Essa alma elevadíssima do Caim se reencarnou nos dois filhos de Aharon que faleceram, Nadav e Avihu, eles são a ”Trumá” (a melhor parte) da alma de Adam.
O Zohar nos conta, que o lado principal da alma de Cain vem da impureza que a cobra colocou em Hava (Eva), e o lado principal da Alma de Hevel (Abel) vem do lado de Adam (da Alma Divina de Adam).
A transgressão de Adam Harishon fez com que o bem e o mal se misturassem nesse mundo, e tanto Cain quanto Hevel estão vinculados à árvore do bem e do mal, ou seja, os dois tinham um lado bom e um lado ruim.Sendo que Cain veio do aspecto de guevurá de Adam ele era quase inteiramente ruim (impureza espiritual recebida da cobra) e um pouquinho bom (tinha uma Alma espiritual elevadíssima herdada de Adam)
Hevel era na sua maior parte bom (alma herdada de Adam) e um pouquinho ruim (impureza herdada da cobra).
Mas a diferença entre eles era que o lado bom de Cain, mesmo sendo muito pequeno em relação ao lado mal dele, era extremamente superior ao lado bom de Hevel
Ele herdou essa alma tão elevada por ter sido o primeiro a nascer, pegou a melhor parte da alma de Adam.
Essa expressão espiritual à qual chamamos de “impureza da cobra” acompanha a humanidade até hoje.É ela que causa atrações eróticas estranhas em todas as suas categorias como atração íntima por animais e etc.
Essa é a diferença entre o ser humano, que recebeu a “impureza da cobra” , e o animal. O animal não tem esses problemas estranhos.
Dizem nossos Sábios que com o recebimento da Torá no monte Sinai a “impureza da cobra deixou o nosso povo.
No monte Sinai estavam as almas de todos os judeus que iriam nascer até Mashiach chegar, e nos conta o Tossfot que também estavam lá as almas de todos aqueles que iriam se converter ao judaísmo até Mashiach chegar
Na hora da entrega da Torá no monte Sinai aconteceu um grande milagre e essa impureza da cobra saiu de todas as nossas Almas.
Quando foi feita a idolatria do bezerro de ouro, essa impureza da cobra voltou para o nosso povo, longe de ter a mesma intensidade de antes, fraca mas voltou.
Por causa da origem da Alma deles, de Nadav e Avihu ser relacionada com o começo da “impureza da cobra”, essa volta parcial da “impureza da cobra” prejudicou principalmente eles, enfatizando espiritualmente os erros que eles cometeram.
Por isso Moshe Rabeinu pediu para todo o povo de Israel se enlutar pela morte dos filhos de Aharon, sendo que se não tivesse sido feito o bezerro de ouro eles não teriam falecido.
Disse o rav Moshe Veber, grande Tzadik que viveu em Jerusalém: O que aprendemos da proximidade entre essas duas Parashiot, Aharei mot (depois de morrerem) e Kedoshim (Santos)?Aprendemos que devemos falar sempre bem de qualquer pessoa que já faleceu (porque com certeza antes de ele falecer ele se arrependeu de todas as coisas erradas que fez, e as coisas boas que fez são eternas!)
Ou seja, Aharei mot Kedoshim, depois de morrerem, todos são santos!
Como vimos, nossa Parashá nos conta sobre as orientações Divinas que foram dadas após a morte dos dois filhos de Aharon que faleceram por terem feito um trabalho no Mishkan que não poderia ter sido feito por eles.O Mishkan estava sincronizado com um nível de revelação Divina elevadíssimo, e o comportamento deles causou um “curto circuito espiritual” entre o mundo de baixo e o mundo de cima causando a morte deles
O Mishkan era o vínculo entre o mundo material e os mundos espirituais. A função do Cohen por meio do seu trabalho no Mishkan era de trazer as emanações de cima para baixo, trazer as Bençãos Divinas para este mundo
Rabi Aba no Zohar nos conta que Nadav e Avihu faleceram porque eles fizeram o trabalho do Ketoret (Korban do incenso) no Mishkan antes de se casarem.
Diz Rabi Aba que esse é o motivo que a linguagem do versículo que fala sobre os Korbanot se refere à pessoa usando a palavra “Adam”.
Nos indicando que da mesma maneira que Adam, o primeiro homem, foi criado homem e mulher juntos, quem está nessa categoria está adequado para fazer um Korban e não outro.
O versículo que fala sobre a criação do primeiro homem nos indica que D’us criou o homem e a mulher juntos e só depois separou a mulher de um dos lados do homem.
E esse é mais um dos erros clássicos das traduções que os povos do mundo fizeram da Torá, que traduziram a palavra “tzela” que quer dizer “lado”, como costela.
O versículo que fala sobre a criação da mulher diz que Hashem fez com que Adam adormecesse profundamente e pegou um dos lados dele construindo dele a mulher.
Rashi explica que essa mesma linguagem é aplicada aos “lados” do Mishkan e que explicitamente quer dizer “lado” (e não costela).
Rabi Aba nos conta que, mesmo que foram dados outros motivos para justificar a morte de Nadav e Avihu, como por exemplo o fato de eles terem entrado bêbados para fazer o trabalho do Mishkan, mesmo que todos os motivos estão certos ainda não seriam o suficiente para causar o que aconteceu lá
O principal motivo para isso foi o fato de o Ketoret (o incenso feito daquela forma descrita pela Torá) ser o mais elevado de todos os Korbanot (sacrifícios) sendo que por meio dele vinham as Bençãos Divinas para os mundos superiores e inferiores.
E esse Korban não poderia ser feito por meio deles sendo que eles não eram casados, e por causa disso não tinham a possibilidade de trazer as Bençãos Divinas nem para si próprios e quanto mais para o mundo inteiro.
Sendo que eles pegaram essa função para si próprios e sincronizaram lá encima toda a estrutura das Sefirot para isso mas nada aconteceu nos mundos superiores pelo fato de eles não serem casados, isso repercutiu contra eles causando o que causou.
Conclusão:
No mérito das nossas esposas recebemos lá de cima todas as nossas Bençãos Divinas, e por isso devemos tomar o máximo cuidado para não atrapalhar a descida dessas Bençãos tendo muita paciência com as nossas esposas e cuidando bem delas, bem melhor do que cuidamos de nós próprios, mesmo que elas não nos dêem motivo para isso, porque tudo o que recebemos lá de cima é no mérito delas e melhor motivo do que isso não existe
O Zohar chama Nadav e Avihu de “palga gufa” (meio corpo), ou seja, Almas que não tem par. Os dois juntos são uma pessoa só. Eles eram Almas muito elevadas, queriam ser o Cohen Gadol e fazer o trabalho do Ketoret para trazer as Bençãos Divinas para o nosso mundo. Eles faleceram e continuaram à espera dessa oportunidade
Quando o nosso povo já estava na “reta final” para entrar na terra de Israel, os midianitas que eram um povo que não estava na nossa rota mas nos odiava gratuitamente, fizeram um plano maligno para nos destruir.
Eles recrutaram todas as jovens de Midian, inclusive a princesa, fizeram um exército de mulheres, acamparam perto do nosso povo e fizeram o “festival da sedução”. Os jovens judeus foram lá ver o que estava acontecendo e foram seduzidos por elas
Quando eles já estavam muito apaixonados, elas mostravam a estátua do Baal Peor, a idolatria delas, e colocavam a idolatria como condição para consumar o ato
Zimri bem Salu, presidente da tribo de Shimon, foi seduzido pela princesa de Midian. Depois de discutir com Moshe, levou a princesa para sua tenda para a “lua de mel” dando assim o exemplo para toda a sua tribo e para todo o nosso povo
Uma grande epidemia se espalhou no nosso acampamento, demonstrando que o plano dos midianitas tinha dado certo e que D’us já não estava mais nos ajudando
Pinhás, sobrinho de Nadav e Avihu, não era Cohen, sendo que quando seu avô, Aharon, seu pai, Elazar, e seus tios foram ungidos para serem os Cohanim, ele já tinha nascido e não foi ungido com eles
A Torá nos conta que Pinhás resolveu reverter essa situação que estava sendo causada pelas midianitas, e por iniciativa própria entrou com uma lança na tenda de Zimri, enfiou a lança nos dois que estavam consumando o ato e saiu da tenda com eles na lança
Diz o Zohar que nessa hora toda a tribo de Shimon se reuniu em volta de Pinhás para matá-lo e ele levou um susto tão grande que a Alma saiu do corpo por um instante, e nesse instante, as Almas de Nadav e Avihu se uniram à Alma dele.
Hashem fez com que Pinhás também se tornasse Cohen e mais futuramente Cohen Gadol. Dessa maneira Nadav e Avihu se tornaram o Cohen Gadol, e por meio de Pinhás que era casado fizeram o trabalho do Ketoret e trouxeram as Bençãos Divinas para o mundo
Moral da história: Se no momento você não está casado por maior que seja o motivo que justifique isso, não reclame que a vida não está dando certo, procure uma esposa porque por meio dela você vai receber todas as Bençãos Divinas. Se não encontrar alguém do seu nível, baixe o nível até encontrar
Se você já é casado, cuide bem da sua esposa, porque mesmo sem que você reconheça isso, no mérito dela você tudo o que você tem !
Na nossa Parashá Hashem nos pede para não nos comportamos da mesma maneira que os egípcios e os cananeus se comportavamO Midrash chamado de Sífra que é o Midrash do Humash Vaykrá nos conta que o comportamento dos egípcios e dos cananeus era muito pior do que todos os outros povos do mundo e ainda se agravou naquela geração
Pior ainda eram os egípcios que viviam na parte do Egito onde nosso povo morava, eles eram piores do que os outros egípcios
E por fim aqueles povos que estavam na terra que iríamos conquistar e que futuramente seria a “Terra Santa” eram os piores povos de toda a humanidade. E ficaram ainda piores na época em que nos foi dada a permissão de fazer uma guerra contra eles e transformar a terra de Canaã em “Terra Santa”.
Quando a Parashá nos pede para não fazermos como eles ela usa uma linguagem muito dura, talvez até um pouco ameaçadora, como uma boa mãe advertindo suas crianças para que não façam algo que as coloque em perigo de vida
A linguagem usada é : Eu sou Hashem seu D’us.
Diz o Midrash Sifra que quando a Torá usa essa linguagem ela quer dizer:
1 – Eu sou Hashem que falou e o mundo surgiu
2 – Eu sou o juiz
3 – Eu sou cheio de piedade
4 – Eu sou o juiz para te cobrar pelo que você fez de errado e mais confiável ainda para te recompensar pelo que você fez de certo
5 – Eu sou o que cobrou da geração do dilúvio, de Sodoma e Gomorra, do Egito, e futuramente de vocês se vocês se comportarem da mesma maneira que eles se comportaram
Rabi Shimon bar Yohai, autor do maior clássico da Kabala, o livro do Zohar, diz que Hashem já sabe antecipadamente como cada geração vai se comportar, e por isso colocou aquela geração criminosa de egípcios e cananeus naquela mesma época em que tivemos o mérito de sairmos do Egito e conquistarmos a terra de Canaã
Colocou na nossa frente aqueles que deveriam ser destruídos por causa de suas próprias atrocidades para que recebessem seu castigo por meio de nós
Rabi Yossi Hagalili pergunta : A má conduta dos cananeus já era comparada à dos egípcios 47 anos antes de serem conquistados por nós. Porque Hashem permitiu que eles continuassem a viver na sua terra quarenta e sete anos depois de terem atingido o nível máximo de “Tolerância Divina” em relação às atrocidades que eles faziam?
E ele mesmo responde: Isso foi a recompensa que eles receberam por terem respeitado nosso patriarca Avraham Avinu e dito para ele “você é o representante de D’us no meio de nós”.
Raban Shimon bem Gamaliel em nome de Rabi Shimon bem Lakish explica que se até os cananeus por terem respeitado Avraham, no mérito desse Tzadik viveram tanto tempo em paz mesmo que não seguiram o caminho do Tzadik e não tinham amor à D’us, quanto mais nós que somos os filhos do Tzadik e seguimos o seu caminho, damos Tzedaká e gostamos tanto de ajudar aos outros
Pergunta o Midrash. Quando a Torá fala que não devemos fazer como os egípcios e os cananeus, será que a intenção é a de não construirmos casas e não fazermos plantações como eles fazem?
Responde o Midrash: a linguagem do versículo é “não sigam suas leis” (suas tradições). Ou seja, o costume que eles tinham de geração em geração. E o que eles costumavam fazer que os distinguia ?
O homem se casava com homem e a mulher com mulher, o homem se casava com mãe e filha simultaneamente e a mulher com dois maridos simultaneamente, e por isso está escrito “não siga as suas tradições”
Mas na lista de relações proibidas a Torá já nos proibiu a relação íntima entre um homem e outro e também a proibição de se casar com mãe e filha simultaneamente e de a mulher se casar com dois maridos simultaneamente.
Então o que a Torá está nos acrescentando com essa proibição de não fazer como os egípcios e como os cananeus?
E a resposta para isso é :
Nas relações proibidas a Torá fala sobre “relações”, como no exemplo da Guemará: “pincel dentro do tinteiro”, e aqui o Midrash nos conta também sobre uma relação entre duas mulheres que não está na lista de relações proibidas por não ser “pincel dentro do tinteiro”,
Nos ensinando que qualquer contato físico íntimo com uma pessoa que não é a esposa com o marido é proibido mesmo não acontecendo uma situação de “pincel dentro do tinteiro”
Os últimos dias de Pessach são ligados à nossa redenção final e por isso costumamos estudar algum assunto relacionado à Mashiach e Gueulá
Mashiach: Real ou virtual?
Um judeu volta da sinagoga para casa e diz à mulher: “Dizem que Mashiach está para chegar a qualquer hora, e nos levará a todos para Israel.”
A esposa torna-se histérica. “Oh, não! Isso seria terrível. Demorou anos até finalmente conseguirmos nos mudar para este bairro e comprar a casa de nossos sonhos. Logo agora que gastamos uma fortuna para reformá-la. Não quero que Mashiach nos leve embora.”
“Tudo bem, não se preocupe,” diz o marido. “Sobrevivemos ao faraó, sobrevivemos a Haman. Com a ajuda de D’us, sobreviveremos a Mashiach também!”
Muitos pensam sobre Mashiach como um anjo descendo do céu – que mudará drasticamente a vida como a conhecemos. Tememos perder nossa posição na vida. Anos de labuta, suor e lágrimas, em nossa imaginação, serão transformados em nada. O trabalho de nossa vida será neutralizado. Os médicos não serão mais necessários, e todas as funções adquiridas, cargos e atividades com as quais estamos acostumados e apreciamos tanto, não mais existirão.
Nada poderia estar mais longe da verdade. A Era de Mashiach não é algo separado de nosso tempo. Está relacionado com tudo que fazemos no presente, e tudo aquilo que conhecemos permanecerá. Apenas a negatividade se esvairá, e a Divindade inerente em cada coisa se tornará óbvia para que a possamos enxergar.
O mundo permanecerá o mesmo; nossa perspectiva é que mudará. Nossa nova consciência e sensibilidade ao que há de bom e Divino dentro de nós e toda a criação nos permitirá perceber e apreciar as coisas que nem ao menos percebemos antes.
Temor do desconhecido
Mashiach, mesmo para o judeu instruído e interessado, em grande parte ainda está na esfera do desconhecido. Há muito mistério sobre a vinda de Mashiach porque é um evento que jamais aconteceu antes no passado. Nenhuma pessoa jamais esteve lá. E apesar de toda a transformação fornecida na Torá, no Talmud e outras fontes judaicas, ainda há uma grande lacuna no entendimento sobre como isso ocorrerá exatamente.
Soma-se a isso o fato de que a maioria das pessoas que devotou sua vida ao estudo de Torá, dedicou menos tempo analisando o material que existe a respeito de Mashiach. O temor ao desconhecido pode ser facilmente remediado pelo estudo sobre Mashiach. De fato, aprender sobre este assunto de fontes autorizadas aliviará a ansiedade da pessoa por vários motivos:primeiramente, o medo origina-se da falta de conhecimento e familiaridade com um determinado assunto. Um conhecimento acurado do tema, portanto, tirará Mashiach do reino do desconhecimento. Além disso, estar bem informado ajudará a descartar distorções que proliferam sobre este assunto.
Não podemos sobreviver sem Mashiach?
“Os judeus têm sobrevivido no exílio sem Mashiach, por que razão não podemos continuar por mais 2000 anos sem ele?”
Esta declaração grosseira é nada menos que um total desrespeito por D’us, Israel e a Torá, os três nós que estão intimamente ligados. Isso pode ser comparado a alguém cujo pai, mãe, irmãos e irmãs, filhos e filhas estão todos doentes, em estado comatoso. Ele comenta: “Eles sobreviveram por tantos meses, podem continuar assim por mais alguns meses!”
Embora existam, talvez, mais coisas que jamais existiram antes pelas quais devemos ser agradecidos, mesmo assim o mundo está em frangalhos.
Somos testemunhas hoje de milhões de pessoas morrendo de fome; milhões morrendo de Aids e outras doenças terríveis; grandes catástrofes naturais; tensão racial, violência sem precedentes; desastres financeiros e insegurança; imoralidade e decadência; drogas e alcoolismo, famílias desfeitas, instabilidade emocional e psicológica.
Sob a ótica judaica, vemos um crescente anti-semitismo; o aumento do terrorismo em Israel; taxas recordes de casamentos mistos; apatia e corrupção. Como poderia alguém que verdadeiramente acredita que D’us poderia trazer Mashiach acalentar a idéia de que poderíamos continuar por mais 2000 anos sem Mashiach? Como pode uma pessoa imbuída com um sentimento judaico de auto-respeito acalentar o pensamento de continuar no Galut, Exílio, onde nossa própria existência depende da boa vontade de nações caprichosas?
Como pode um judeu espiritualmente inclinado, tolerar uma existência onde a presença de D’us é tão escondida, onde a espiritualidade está tão oculta? Como podemos viver uma vida na qual nossa habilidade de servir a D’us está comprometida porque não temos um Bet Hamicdash, Templo Sagrado? Como podemos nos sentir bem, em um mundo onde há sofrimento, os judeus estão dispersos, ou alheios, e o próprio D’us também está sofrendo?
Mashiach: Um rei nos tempos modernos?
“Por que deveríamos querer um monarca ditatorial e considerar isso uma utopia?”
A preocupação subjacente desta questão é que a crença na restauração da monarquia aparenta ser uma regressão ao invés de progresso. Em outras palavras, como apresentamos a idéia de um monarca, embora benigno, a pessoas que cresceram na última parte do século vinte, uma época na qual mesmo o papel cerimonial da Rainha da Inglaterra tem sido severamente denegrido?
Para responder a este desafio não será suficiente dizer (como fizemos anteriormente), que esta é a crença judaica e que os judeus sempre acreditaram em líderes, porque o assunto aqui é palpabilidade, não um dogma. Se alguém está preparado para aceitar Mashiach do modo que a Torá o apresenta, seja ou não entendido, não haveria necessidade para a discussão que se segue, que é dirigida àqueles que estão genuinamente preocupados pela noção de um rei em suas vidas no futuro.
Para iniciar esta discussão, devemos estabelecer que no Judaísmo, a idéia de um monarca é totalmente diferente de seu correlativo secular. Mashiach certamente não é um déspota, um rei ditatorial e autoritário, preocupado apenas com sua própria glória e que pode satisfazer qualquer capricho ou desejo. Um rei, tanto quanto, e até mais que qualquer pessoa, deve obedecer à Torá. Um rei deve portar um Sêfer Torá consigo o tempo todo.
Um rei tem mais restrições que um plebeu, em termos de suas posses. Além disso, um rei deve ser a pessoa mais humilde em seu reino. Apenas o monarca tinha que prostrar-se durante a Amidá inteira (Prece Silenciosa).
A promessa de Mashiach é que ele será tudo aquilo que um rei deve ser. Mashiach viverá em uma época quando a maior parte do mal já terá sido removida do mundo; este estará refinado, exceto por alguns poucos traços do mal, que Mashiach eliminará.
Porém isso, claro, não será o suficiente. Não basta estabelecer que Mashiach será um bom monarca, porque um rei é uma autoridade absoluta que ordena o que será e o que não será feito. Isto é algo totalmente estranho ao pensamento moderno. D’us nos prometeu, entretanto, que o reinado de Mashiach terá todos os benefícios de uma monarquia sem nada de seu potencial abuso, apenas agirá no melhor interesse de todas as pessoas.
Mashiach, como todos os verdadeiros líderes judeus do passado, é mais que um modelo a seguir. Mashiach é a “cabeça” de todos os judeus. Sua alma tem o mesmo papel em relação a todos os judeus, como faz a cabeça em relação a todo o restante do corpo. Quando o cérebro envia um comando para que o braço se erga, não se pode dizer que o braço foi forçado a fazer algo contra sua vontade. Pelo contrário, quando o braço faz algo contra a vontade do cérebro, dizemos que há uma séria deficiência impedindo o braço de conectar-se ao cérebro. Um membro sadio faz exatamente o que lhe foi ordenado pelo cérebro, e esta é sua verdadeira vontade.
De maneira similar, Mashiach coordenará as pessoas para que façam o que realmente desejam fazer. Mesmo na Galut, Exílio, o “cabeça” da geração fornece energia a todos, embora não se perceba. Na Galut somos como membros que nem sempre funcionam em consonância com as ordens do cérebro. Com a plena revelação de Mashiach todos agiremos em harmonia com nossos verdadeiros desejos.
Para aqueles menos propensos a aceitar a analogia precedente, pode-se empregar a seguinte abordagem: alguns têm dificuldade com o conceito de um monarca, pois presume-se a privação da liberdade. Analisemos que tipo de liberdade desfrutamos hoje. Vivemos em um mundo no qual assimilamos apenas uma fração do que o cérebro é capaz. Por definição, então, não temos livre arbítrio, pois nossas escolhas são bastante limitadas. Imagine uma pessoa a quem dizem que pode comer uma laranja ou uma maçã. O fato de que milhares de outros alimentos lhe são negados, ou que não os conheça, torna a escolha entre uma laranja e uma maça totalmente sem sentido. Não se poderia chamar isso de escolha.
Por outro lado, expandir todas as escolhas a todos tornaria a escolha por demais complexa. Resumindo, quanto mais limitadas as opções que temos, embora facilite escolher, não proporciona livre escolha. Quando Mashiach introduzir a Era Messiânica, seremos expostos a dimensões de existência espiritual e percepção de D’us, que alargarão nossos horizontes e nos dará infinitamente mais opções. Equipados com este conhecimento recém-adquirido, nossas escolhas serão bem diferentes.
Mashiach então deve ser visto, entre outras coisas, como o líder que nos introduzirá a um maior leque de opções, e como resultado, possibilitará que façamos escolhas mais bem fundamentadas e sofisticadas. Aquilo que temos hoje dificilmente se poderia chamar de liberdade, pois a maioria das experiências da vida, bem como o entendimento da verdade, são tirados de nós.
Com a Gueulá, Redenção, introduzida por Mashiach, teremos muito mais escolhas. As poucas limitações impostas sobre nós pela Torá e Mashiach, que será nossa autoridade em assuntos de lei judaica e comportamento, tornarão possível para nós ter todas aquelas novas opções das quais fomos privados antes de sua vinda.
Num nível ainda mais profundo, a Chassidut explica como Mashiach, que é a yechidá, encontro geral de todas as almas, nos exporá à yechidá de nossa própria alma, um nível desembaraçado e não influenciado por quaisquer forças externas ou mesmo interiores.
A yechidá faz escolhas que se originam da essência da pessoa, independente de critérios externos. Portanto, é a suprema experiência de liberdade, que apenas Mashiach pode revelar. Todas as outras escolhas “livres” não são realmente livres, mas produtos do condicionamento. A habilidade que temos para acessar nossa essência será introduzida por este “monarca absoluto” – Mashiach.
A crença em Mashiach – para quê?
“A crença em Mashiach torna o mundo um lugar melhor? Se a vinda de Mashiach trará mudanças para melhor, vamos esperar e ver. Que vantagem há na preocupação com Mashiach agora?”
Aquele que questiona não está buscando uma fonte bíblica para sua crença em Mashiach. Está interessado em entender como esta crença melhorará sua vida. Quando alguém professa sua crença em Mashiach, está, na essência, proclamando a si e ao mundo à sua volta um senso de otimismo sobre a vida, e uma esperança para o futuro.
A crença em Mashiach não é simplesmente uma esperança de um estado de felicidade, utopia sem preocupações. Pelo contrário, é uma crença num mundo que realiza seu potencial recebido de D’us, no qual seremos capazes de nos esforçar para maiores elevações espirituais. Como o advento de Mashiach é a culminância de um processo e o início de uma nova e mais elevada dimensão do serviço Divino, todo esforço que fizermos agora é parte do processo messiânico.
Sentimos Mashiach hoje ao viver aquele tipo de vida hoje. A crença em Mashiach vincula um senso de responsabilidade agora, para fazer apenas coisas responsáveis. Uma pessoa que, por exemplo, negar uma refeição a um pobre, argumentando: “A vinda de Mashiach é iminente, e ele providenciará para você uma excelente refeição,” estará fazendo um pronunciamento totalmente anti- Mashiach! Mashiach implica fazer o bem, ser mais caridoso, mais amoroso, realizando atos de bondade desinibidos, corajosos e irrestritos.
A negação da caridade por causa de Mashiach é o equivalente a dizer a um estudante para não aprender matérias elementares porque quando chegar ao segundo grau terá um grau muito mais alto de entendimento. Obviamente, não podemos chegar à escola mais adiantada se não passarmos pelos níveis elementares de aprendizado.
O Bet Hamicdash e os sacrifícios
“Por que devemos desejar, esperar e rezar pela restauração do Templo em Jerusalém com sua ênfase nos ritos de sacrifícios? Não é uma crença anacrônica?”
Precisamos entender melhor o papel do Bet Hamicdash. Por que tanta agitação por causa de sua destruição e restauração iminente? Afinal, um prédio é um prédio. E não é verdade que o Judaísmo nunca coloca tanta ênfase em santuários? Além disso, por que choramos a destruição do Templo quando seria mais apropriado prantear a perda de milhões de vidas de judeus através da história? E se D’us está em toda parte, por que Ele precisa de um Templo?
O Bet Hamicdash obviamente foi mais que apenas uma construção. Foi o local na terra através do qual a presença de D’us era irradiada para o mundo inteiro, tanto quanto o cérebro é o gerador da energia para todo o corpo. Quando o Bet Hamicdash foi destruído, isso representou a retirada da presença de D’us da consciência do mundo inteiro. Como resultado, as pessoas tornaram-se espiritualmente menos sensíveis. Esta perda de sensibilidade fez com que as pessoas cometessem mais crimes. A morte de milhões e a degradação foram o resultado inevitável da remoção do meio pelo qual a Divindade era canalizada para este mundo.
Nossa esperança para a restauração do Templo Sagrado e incidentalmente a razão pela qual não podemos construí-lo nós mesmos, sem Mashiach, não é a mera reconstrução de um magnífico edifício, mas para facilitar o “retorno” de D’us à consciência deste mundo.
Um animal (como tudo o mais que existe), está aqui para ser alçado a uma esfera mais elevada da vida. Utilizar o animal para um propósito espiritual mais elevado pode realizar isso. O consumo de carne pelos seres humanos, embora seja um ato e um processo físico, visa um maior vigor e saúde, e nossa capacidade de realizar boas ações, ajudam a elevar o animal a uma esfera Divina mais alta. Entretanto, os efeitos são limitados àquele animal em particular, a hora e o grau de espiritualidade do indivíduo que ingere a carne. A oferenda de um sacrifício no Templo, o local onde a energia Divina é dispersada para o mundo inteiro e onde a energia Divina é mais potente, é o supremo ato de elevação, por meio do qual todo animal no mundo é elevado ao nível Divino mais alto e mais sublime.
Ruptura da vida
O temor do dilaceramento de nossa vida é talvez a maior preocupação que encontramos. As pessoas resistem aos prospectos da vinda de Mashiach porque sentem que perderão seu padrão de vida. Anos de labuta, suor e lágrimas, em nossa imaginação, serão transformados em nada. O trabalho de nossa vida será neutralizado. Os médicos não serão mais necessários, e todas as funções adquiridas, cargos e atividades com as quais estamos acostumados e apreciamos tanto, não mais existirão. Porém o que é mais preocupante e difícil de articular é que na mente daqueles que têm este problema, Mashiach invalidará tudo aquilo pelo qual eles lutam. Não pode haver pensamento mais aterrorizante que a invalidação da pessoa.
A resposta a este medo, explica o Rebe, está na análise de duas palavras, Galut (Exílio) e Gueulá (Redenção), que compartilham as mesmas letras no alfabeto hebraico, exceto pela letra alef , a primeira do alfabeto hebraico, na palavra Gueulá. Isso, declara o Rebe, nos ensina que a Gueulá não eliminará nada de valor do Galut, apenas introduzirá o alef, ou a unicidade de D’us na equação. Portanto, pelo contrário, tudo que fazemos no presente se tornará mais completo, não descontinuado ou destruído. Em outras palavras, não devemos ver a relação entre o exílio e a redenção como antagônicos. Ao contrário, o Galut é o caminho para a Gueulá. Os milhares de anos de existência do mundo não foram apenas um tempo de espera para um mundo melhor, mas um tempo em que criamos um mundo melhor através de nossas ações.
Quando Mashiach for plenamente percebido, todas as funções do Galut serão vistas e sentidas pelo que realmente são. “O próprio Exílio,” nas palavras do Rebe, “será elevado até a Redenção.” “Todas nossas atividades continuarão, mas seremos mais puros, mais gratificantes, mais significativos, porque veremos seu valor verdadeiro – o alef, a unicidade de D’us”.
Talvez alguns de vocês tenham visto as palavras conclusivas do Mishnê Torá do Rambam, no qual é declarado que a ocupação definitiva do mundo será apenas conhecer D’us. O Rambam declara em termos bem definidos que não haverá outra atividade, exceto o conhecimento de D’us. De que maneira isso pode se reconciliar com a reafirmação de que nossa vida não sofrerá ruptura?
Para solucionar este problema, seria bom citar a analogia de Chinuch – a educação de um filho. Não dizemos à criança para estudar Torá porque é a mais sublime sabedoria Divina, mas porque se o fizer, será recompensada, como aconselha Rambam. Finalmente, a criança, que agora é um adulto amadurecido, avaliará que sua ânsia pela Torá tem um raciocínio muito mais sofisticado. Agora, analisando o conselho pedagógico do Rambam, poderíamos refletir se a Torá aprova o uso de suborno para uma boa causa. Os fins justificam os meios?
Talvez, se refletirmos profundamente, diremos que não é um suborno, mas sim um genuíno incentivo. Embora não seja este o objetivo primário, a Torá resulta até em deleites físicos. Quando o pai dá ao filho uma bala ou um brinquedo, está fornecendo ao filho uma recompensa gerada pela Torá. Ao nível da criança, a Torá gera as guloseimas que recebe. Quando o nível da pessoa se eleva, a Torá fornece prazeres mais sofisticados. Quando Mashiach chegar, a princípio apreciaremos as revelações de Mashiach em nosso nível primitivo e imaturo. Então cresceremos passo a passo até o ponto no qual não mais desejaremos a bala, porque perceberemos o valor infinito da revelação de Mashiach.
O adulto, que não mais recebe um brinquedo por estudar a Torá, sente que sua vida como criança foi perturbada e destruída? Obviamente não! Similarmente, ao crescermos e nos desenvolvermos não mais sentiremos qualquer ruptura.
Para concluir, quando Mashiach chegar, ele elevará cada um de nós de nossos respectivos níveis, e nos introduzirá a revelações Divinas, de um modo que nos seja bom e satisfatório. Em nenhum momento Mashiach nos fará sentir que estamos perdendo alguma coisa.
Acreditar em Mashiach…é real!
“Certo, a crença em Mashiach é parte do Judaísmo, mas não é a parte central, e não deveria ser por demais enfatizada. Por que, então, devemos nos concentrar em Mashiach?”
Acreditar em sua vinda faz parte dos Treze Princípios de Fé de Rambam; nossos pedidos somam 25 mil anualmente; o Cadish, o Shemá Israel, Lechá Dodi, Aleinu, são baseados em Mashiach; judeus têm morrido com a canção “Ani Ma’amin”, “Eu acredito”, em seus lábios.
A Chassidut explica que Mashiach é um princípio de fé, sem o qual a estrutura do Judaísmo não pode persistir, porque Mashiach representa o próprio objetivo pelo qual o mundo foi criado. É o cumprimento da Torá. É o que legitima nossa existência. É o que dá validade à nossa crença em D’us, porque demonstra que Seu projeto funciona. Encerra todo o Judaísmo, porque Mashiach significa que a Torá e as mitsvot podem e serão completadas, inflexíveis, coesas e coordenadas. A fim de nos preparar para isso, devemos nos elevar acima das restrições do Galut , Exílio. Na verdade, a vinda de Mashiach e a preparação para a sua vinda envolve todo o Judaísmo, aprofunda-o, e o torna mais relevante para nós e para toda a humanidade.
Metzorá
Nossa Parashá nos conta sobre vários tipos de manchas que poderiam aparecer nas paredes, nas roupas de linho, nas roupas de lã, e finalmente na própria pessoa
Essas manchas eram chamadas de “Nega Tzaraat” e a pessoa na qual elas apareciam era chamado de Metzorá
Muitas traduções da Torá traduzem isso como lepra e isso é um erro grave de tradução sendo que essas manchas não eram nem lepra e nem um tipo de lepra. Como chegamos à erros de tradução tão absurdos?
Antes de Moshe Rabeinu falecer ele traduziu a Torá para setenta línguas que eram as raízes de todas as línguas atuais.
Moshe Rabeinu fez isso para que recaísse a santidade Divina sobre todos os idiomas do mundo para que hoje pudéssemos cumprir o mandamento de estudar Torá mesmo em português, mas não porque um judeu naquela época precisou de uma tradução.
Durante oitocentos anos desde a saída do Egito até o exílio da Babilônia nosso povo falava o hebraico clássico e não precisava de nenhuma tradução para o nosso próprio uso.
Nosso povo foi para o exílio da Babilônia falando hebraico e voltou de lá falando aramaico. Um dos maiores Sábios judeus da antiguidade se chamava Unkelus. Ele era o sobrinho do imperador romano Titus que destruiu o Beit Hamikdash.
Unkelus se converteu ao judaísmo e escreveu uma tradução explicativa da Torá em aramaico que foi determinada pelos nossos Sábios como uma leitura semanal obrigatória desde aquela época até hoje.
Posteriormente nosso exílio chegou até a Espanha e a Alemanha antiga e começamos a falar Yidish e ladino, mas não tivemos a necessidade de traduzir a Torá para as línguas dos países onde morávamos sendo que entendíamos o hebraico clássico e o aramaico muito melhor do que qualquer uma daquelas línguas.
Então quem traduziu a Torá para as línguas europeias? Quem traduziu a Torá para o português, o inglês e o espanhol foram os padres católicos e anglicanos que com certeza não tiveram nenhuma convivência com a nossa cultura.
Ou por terem expulsado nosso povo de seus países, ou por terem assassinado os judeus que não quiseram se converter às suas religiões. Ou simplesmente por não querer demonstrar nenhuma simpatia à nossa cultura.
Eles traduziram a Torá sem ter a mínima referência cultural dela, e por isso deu no que deu. Até aí não haveria problema para nós se eles traduziram o “Metzorá” como leproso e o “Shafan” como coelho, sendo que essas traduções pertenciam à uma literatura eclesiástica de outra religião.
O problema começou quando nos últimos setenta anos surgiu a necessidade de traduzir a Torá para todas as línguas para o uso do nosso próprio povo e os tradutores usaram essas fontes cristãs como base para as novas traduções.
Até Even Shushan que criou o “novo dicionário da língua hebraica” concordou que o Shafan não é o coelho mas que ele é obrigado a traduzir assim por causa das traduções não judaicas.
O problema que enfrentamos no momento é que se agora eles quiserem mudar para a tradução certa vão ter que concordar que erraram durante setenta anos, e isso é difícil de aassumir
Conclusão: Metzorá não é leproso e nega Tzaraat não é lepra, mas sim uma manifestação espiritual que vem para nos trazer de volta para o bom caminho.
E porque surgem essas manifestações espirituais que se revelam em forma de manchas? A causa principal dela é a “leshon hará”, o fato de difamarmos alguém.
Em relação à assuntos materiais temos que olhar sempre para quem está abaixo de nós e agradecer à Hashem (D’us) por toda a sua bondade conosco.
Ou seja, se você mora de aluguel, olhe para a família que vive embaixo da ponte. Agradeça à D’us por você estar em uma situação tão boa, e viva feliz. Sobrou dinheiro, compre um apartamento.
Mas ficar infernizando o marido para comprar o apartamento e perder os melhores anos da vida brigando, usar a energia da sua juventude para destruir, isso é o contrário da nossa Torá.
E esse é o espaço aonde surge o leshon hará. Se não temos algo, falamos mal de quem tem. Assassinamos gratuitamente com a nossa fala pessoas inocentes que o único pecado deles é o de ter algo que ainda não temos.
De maneira natural temos inveja de quem está acima de nós nos assuntos materiais e não nos espirituais. E porque a natureza humana é assim?
Na natureza animal, se você colocar um osso entre dez cachorros, cada um vai querer o osso para ele, e com certeza nenhum deles vai oferecer o osso para os outros e nem ficar feliz com o fato de o outro ter conseguido pegar o osso antes dele.
Na natureza humana, uma criança pequena é capaz de berrar quando vê a outra receber um brinquedo. Ela berra para que, mesmo se o brinquedo não for tirado da outra criança e dado à ela, pelo menos o brinquedo pode ser tirado da outra também e não ser dado à ninguém.
Em qualquer lugar do mundo as crianças se comparam às outras e sempre ficam com inveja do que as outras crianças tem e ela não tem.
Quando crescemos, só mudamos os brinquedos. De carrinho de brinquedo para carrinho de verdade e de casinha de brinquedo para casinha de verdade.
Crescemos fisicamente, mas de maneira natural não só que não crescemos espiritualmente, mas até regredimos, e a única diferença entre nós e as crianças fica sendo o tipo de brinquedo.
Aí vem a Torá e pede para crescermos espiritualmente, para invertermos nosso raciocínio, deixarmos de nos comportar como crianças pequenas e nos tornarmos gente grande.
E quando estamos nos distanciando muito disso e chegamos à ponto de falar “leshon hará” descaradamente, a “nega Tzaraat” aparece para nos impedir de chegarmos ao fundo do poço. Para voltarmos ao caminho certo.
Em relação à assuntos espirituais temos que olhar sempre para quem está acima de nós e sempre almejar um nível mais alto, como dizem nossos Sábios “a inveja dos estudantes aumenta a sabedoria”
Porque no patamar espiritual a inveja é diferente. Sendo que ela é uma inveja espiritual, ficamos felizes quando crescemos, e mais felizes ainda quando estamos ao lado pessoas mais elevadas do que nós.
Conclusão:
Em assuntos materiais sempre olhe para quem está abaixo de você e fique feliz por você não estar tão mal assim. Em assuntos espirituais olhe sempre para quem está em uma situação melhor do que a sua e faça todo o esforço não só chegar ao nível dele mas também para ultrapassá-lo. Fique feliz por ele estar em um nível tão elevado, o nível para o qual você já está a caminho!
Na Parashá anterior estudamos sobre animais puros e animais impuros, e nossa Parashá nos conta sobre Pureza Familiar. Rashi explica isso trazendo o Midrash que nos conta que da mesma maneira que a criação do ser humano foi após a criação de todos os animais e aves, assim também as leis referentes aos seres humanos aparecem depois de todas as leis relacionadas aos animais e às aves.Nossa Parashá nos conta que uma mulher que dá a luz à um filho fica impura sete dias e no oitavo dia é feito o Brit Milá (circuncisão) para a criança. Depois disso ela fica pura para o marido pela Torá mas ainda não está pura para entrar no Beit Hamikdash durante os próximos 33 dias depois desses primeiros sete.
Se ela dá a luz à uma menina ela fica impura catorze dias e depois disso ela fica pura para o marido mas ainda não está pura para entrar no Beit Hamikdash durante sessenta e seis dias após ficar pura para o marido.
E finalmente quando ela fica pura para entrar no Beit Hamikdash ela tem que trazer um korban (um sacrifício) por ter dado a luz.
Sobre o korban, explica Rabi Shimon bar Yohai que a maioria das mulheres em meio às dores de parto declara explicitamente que nunca mais vai querer ter filhos e etc, e por isso a Torá pede para todas as mulheres trazerem um korban depois do parto para não expor quem fez essas declarações e precisa trazer o korban.
Mas como pode ela ficar impura por ter feito uma coisa tão linda, uma Mitzvá tão grande, arriscando a própria vida para trazer uma nova vida para o mundo?
E mais ainda, porque ela fica impura após o parto de uma filha o dobro do tempo que ela ficou impura pelo parto do filho?
Quando a Parashá fala sobre a impureza que vem após o parto ela compara essa impureza à impureza causada pela menstruação. E podemos perguntar, qual é o motivo para ela ficar impura por causa da menstruação sendo que o ciclo da mulher é uma coisa natural?
Nossa Parashá também nos conta sobre a “tzaraat”, que não eram doenças de pele como aparece nos erros de tradução cuja origem foram as traduções da igreja que se infiltraram na nossa cultura traduzindo a tzaraat como lepra.
A pessoa que foi afetada pela tzaraat fica impura. Qual é o motivo dessa impureza? Se o motivo é que ele recebeu a tzaraat por ter feito a transgressão de falar mal de alguém, porque o ladrão não fica impuro por ter roubado e a pessoa que pegou a tzaraat fica impura?
A Parashá também nos conta que quando o marido tem uma relação com a esposa, ou até mesmo se ele teve um “escape” por qualquer outro motivo (talvez até possamos chamar isso de “acidente hidráulico”) ele fica impuro por causa do que saiu dele. E sendo que pela Torá o marido é obrigado a ter relações constantemente com a esposa, como pode ser que durante essa relação ele fique impuro por ter cumprido o Mandamento Divino?
E ainda mais, o que saiu dele causando para ele essa impureza entrou nela e não causou para ela nenhuma impureza. Depois da relação ele vai para o Mikve ela não precisa ir !
🌻🌻🌻
Mikve
Fora o fato de serem um Mandamento Divino na categoria de “Hukim”, leis para as quais não existe uma explicação lógica, as leis de pureza familiar ajudam a manter o casal atraído um pelo outro, respeitando-se mutuamente por toda a vida.Certamente não há melhor maneira de trazer as bênçãos de D’us à um casamento do que tornando o próprio D’us parte integrante dele. O Mikve também faz com que a renovação contínua do casamento esteja garantida e a lua de mel jamais termine; e a atração permanece tão forte como no dia em que o casal se conheceu.
Sendo que as leis de “Taharat Hamishpahá” envolvem pequenos cálculos e lembretes eu recomendo também a inscrição no site
Shemini
Nossa Parashá nos conta sobre animais puros e animais impuros. O versículo usa a expressão : e esta é a “hayá” que vocês vão comer dentre todos os animais na face da terra.
Sendo que imediatamente após isso a Torá nos traz os sinais de todos os animais puros que existem sobre a face da terra e “hayá” que significa animal silvestre é somente uma subdivisão dentro dessa categoria, porque então a Torá não usou desde o começo o termo “behemá” que é o termo genérico para animais, mas começou com a subdivisão “hayá” que nesse caso é aparentemente totalmente desnecessária?
Rashi nos conta que a Torá fez questão de usar esse termo por ele significar também palavra “viva”, nos indicando que Hashem te proibiu de comer certas coisas para que você viva!
O Midrash nos traz sobre isso o exemplo de um médico que visitou dois pacientes. Depois de verificar o primeiro paciente o médico disse à sua família que eles podem dar para ele comer tudo o que quiser. Depois de verificar o segundo paciente o médico fez uma lista do que é permitido para ele comer e o que é proibido.
Aparentemente poderíamos pensar que o primeiro paciente estava em uma situação muito melhor do que o segundo, mas quando perguntaram isso para o médico todos ficaram espantados em saber que era exatamente o contrário.
O primeiro paciente, disse o médico, já estava para morrer e não havia como curá-lo, então porque privá-lo de comer algo? Mas o segundo tem a possibilidade de se curar, por isso indiquei para ele o que ele deve comer e do que deve se abster para ficar totalmente saudável.
E esse é o motivo, diz o Midrash, que o versículo usa a palavra “hayá” que significa animal selvagem mas que também significa viva, no lugar da palavra mais correta para esse caso que seria “behemá”,animal, nos indicando que os mandamentos Divinos foram feitos para nos dar vida! Então, vamos cuidar bem de nós próprios e comer somente o que a Torá nos permitiu!
Aprendendo com Moshe Rabeinu como dar uma aula prática
A linguagem que a Torá usa sempre que Moshe fala sobre um animal puro ou impuro é “e este”. Daqui aprendemos que quando Moshe falava o nome do animal, da ave ou do peixe, aquela criatura aparecia milagrosamente na frente dele, ele mostrava ela para o povo e dizia : “esse vocês vão comer” ou “esse vocês não vão comer”.
Nossa Parashá nos conta sobre os sinais de pureza dos animais. Para um animal ser considerado pela Torá um animal puro ele tem que ser ruminante e ter o casco fendido por cima e por baixo.
A Torá nos traz quatro espécies de animais que tem somente um sinal de pureza e determina que eles são impuros por terem somente um sinal de pureza, e daqui concluímos que: “se até o animal que tem um sinal de pureza é classificado pela Torá como animal impuro, quanto mais os animais que não tem nenhum dos sinais de pureza
O que é uma espécie de acordo com a Torá?
Antes do dilúvio vieram para a Arca de Noé pelo menos um casal de cada animal daqueles que não tinham se corrompido. Entre a criação do mundo e a Arca de Noé muitas espécies diferentes de animais se cruzaram entre si dando origem à novas espécies que não entraram na Arca.
Depois do dilúvio, Hashem (D’us) pediu para Noa’h (Noé) deixar os animais saírem da Arca, e nessa ocasião Hashem deu para eles a bênção de se multiplicarem sobre a Terra. Essa benção fez com que espécies corrompidas não tivessem mais continuidade como tinham antes do dilúvio.
As espécies de animais que estavam na Arca receberam essa bênção, mas uma nova espécie que surge como consequência do cruzamento de duas espécies diferentes não herda essa benção, sendo que essa nova espécie não é nem a espécie da mãe e nem a espécie do pai mas sim uma nova espécie.
E sendo que essa nova espécie não existia na Arca de Noé e portanto não recebeu a benção de se multiplicar ela não se multiplica, e por esse motivo ou ela não tem filhotes ou ela tem filhotes não férteis, como é o caso da mula que é o cruzamento do cavalo com a jumenta.
Quatro espécies impuras com um sinal de pureza
Imediatamente após nos trazer os dois sinais de pureza que são a condição para que possamos comer aquele animal ou usar o seu leite, a Torá nos conta sobre quatro espécies de animais que tem somente um desses sinais, e por isso eles são animais impuros e não podemos comê-los, que são:
O “shafan” que é ruminante mas não tem pata fendida.
A “arnevet” que é ruminante mas não tem pata fendida.
O “Gamal” (camelo) que é ruminante mas não tem pata fendida (a pata dele é fendida só por cima mas não é fendida por baixo.
E o “Hazir” (porco) que tem a pata fendida mas não é ruminante.
De acordo com o Shul’han Aru’h que é o código da legislação judaica, o motivo que a Torá nos conta sobre essas quatro espécies de animais que tem um só sinal de pureza é para caso encontrarmos no meio do deserto um animal ruminante com as patas cortadas sabermos se ele é um animal puro ou impuro.
Ou seja, a regra é de que todo animal que rumina tem a pata fendida em cima e em baixo, e a exceção de regra nesse caso são somente as espécies chamadas de Gamal, Shafan e Arnevet que ruminam mas não tem pata fendida em cima e em baixo. Conhecendo essas três espécies e sabendo que o animal que você encontrou não pertence à uma delas, você sabe que ele é um animal puro.
Sendo que a Torá determina que somente essas três espécies ruminam mas não tem pata fendida, a Torá está te dizendo que todos os ruminantes que não pertencem à essas três espécies tem pata fendida.
O mesmo acontece com o porco. A regra é de que todo animal que tem pata fendida em cima e em baixo também rumina, fora a espécie chamada de Hazir (porco). Ou seja, tanto o porco quanto todo o animal que se cruzar com ele e tiver com ele um filho fértil, o que para nós vai determinar que ele é uma raça da espécie “porco”.
Portanto se você encontrar um animal com a pata fendida e tiver dificuldade em identificar se é ruminante, se você conhece o porco em todas as suas versões e sabe que esse animal de pata fendida não é o porco, você sabe que ele é um animal ruminante.
Sendo que o camelo pode se cruzar com o dromedário, lhama, alpaca, vicunha e guanaco gerando filhos férteis como foi constatado em uma experiência feita por uma veterinária inglesa nos Emirados Árabes, quando a Torá fala sobre o fato de a espécie “camelo” ser ruminante mas não ter a pata fendida (não é fendida por baixo) e portanto ser um animal impuro, a Torá inclui todas “raças” dessa espécie, ou seja, todos os animais que se cruzam com o camelo e tem filho fértil.
Eliezer ben Yehuda foi o autor do hebraico moderno. Ele definiu o shafan e a arnevet no seu dicionário da língua hebraica como coelho e lebre que sempre foi o clássico erro da tradução cristã da Bíblia para as línguas europeias.
Sendo que o coelho e a lebre pelo fato de não serem ruminantes mas sim roedores ou logomorfos, e também pelo fato de se cruzarem entre si e terem filho fértil o que determina para nós que eles são duas raças de uma mesma espécie, absolutamente eles não são o shafan e a arnevet que são duas espécies distintas e são ruminantes, e não roedores ou logomorfos.
O fato de as vezes os coelhos comerem a própria excreção não os torna ruminantes sendo que o porco também faz isso e a Torá determina que ele não é ruminante.
As características dos roedores e logomorfos existem em centenas de espécies e não em apenas na do coelho e lebre, e o shafan e a arnevet da Torá são espécies únicas, determinando explicitamente que coelho e lebre não são o Shafan e a arnevet.
A Guemará nos conta que o fato de a Torá nos revelar que dentre todos os animais do mundo existem somente quatro espécies com somente um sinal de pureza deve ser usado como resposta para aqueles que não acreditam que D’us nos deu a Torá mas que foi o próprio Moshe (Moisés) que a escreveu.
Porque sendo que Moshe não tinha como verificar todos os animais que existem no mundo, ele não teria como saber que existem somente quatro espécies com um único sinal de pureza, e essa é a prova de que a Torá é Divina.
E aí vem o ben Yehuda e coloca no dicionário do hebraico moderno que shafan e arnevet são coelho e lebre porque a igreja traduziu assim…
Algumas traduções da Torá já tentaram corrigir esse erro trazendo outras opções para o shafan e a arnevet, mas o certo é transliterar as palavras shafan e arnevet e colocar no rodapé da página as especulações de que talvez o shafan seja isso e a arnevet seja aquilo, mas não determinar nada, sendo que durante a nossa história mantivemos o acompanhamento do camelo e do porco mas perdemos o acompanhamento desses dois animais que nem temos como saber se eles já se extinguiram ou não.
O Gamal nos acompanhou desde a época da Torá. É a espécie que inclui todos os camelídeos que se cruzam entre si e tem filhos férteis. Pelo fato de se cruzarem entre si e terem filhos férteis desses cruzamentos para nós eles são considerados raças dentro de uma mesma espécie que é a espécie chamada pela Torá de “Gamal”. As raças do “Gamal” que conhecemos são o Camelo, o Dromedário e os camelídeos dos Andes como o Lhama, a Alpaca, a Vicunha e o Guanaco
O Shafan e a Arnevet não tiveram um acompanhamento durante as últimas centenas de anos da nossa história, não sabemos que animais são esses e provavelmente não chegaram até os nossos dias. O que sabemos sobre eles é que eles são ruminantes mas não tem o casco fendido.
O erro de tradução da igreja traduzindo o shafan como coelho e a arnevet como lebre é um erro grave sendo que o coelho e a lebre não são ruminantes, e a definição da Torá para ruminante é que ele “faz subir” a comida do estômago para ser mastigada novamente, e o estômago do coelho não tem nenhuma comparação com o estômago dos ruminantes.
O fato de ele mexer a boca constantemente como todos os roedores não torna ele um ruminante, sendo que a Torá leva em conta o fato de a comida subir do estômago e não o jeito de ele mastigar.
O Hazir teve um acompanhamento durante a nossa história e é a espécie representada pelo porco e qualquer animal que se cruze com ele e tenha filhotes férteis que nesse caso também seriam considerados raças dentro dessa espécie
Aves puras e aves impuras
A Torá sempre nos traz a lista do número pequeno. Sendo que os animais puros são uma minoria, a Torá traz os sinais das espécies puras.
O fato de a Torá nos contar sobre as quatro espécies que têm somente um sinal de pureza e determinar que eles são impuros pelo motivo de terem somente um único sinal de pureza e não os dois necessários nos conduz automaticamente para um “Kal VaHomer”, um “quanto mais” em relação aos animais que não tem nem um sinal de pureza.
Ou seja, se até o animal que tem somente um sinal de pureza já é classificado pela Torá como sendo um animal impuro, quanto mais aquele que não tem nenhum sinal de pureza.
No caso das aves o número pequeno são as espécies impuras, que são as 24 espécies enumeradas pela Torá. Sendo assim, se soubéssemos reconhecer essas 24 espécies de aves impuras enumeradas pela Torá saberíamos que todas as espécies de aves fora elas são aves puras
Mas sendo que também as aves não tiveram um acompanhamento durante a nossa história não sabemos hoje quais são as espécies impuras e também para isso não confiamos nas traduções da Torá feitas por outros povos também por “Kal VaHomer”
Ou seja, se nem nós que somos o povo da Torá sabemos hoje quais são as espécies de aves impuras enumeradas pela nossa própria Torá, quanto mais os outros povos que pegaram a nossa Torá e à traduziram sem nos consultar. ☺️
Parashat Pará, a Vaca Vermelha
Nesse Shabat vamos ler no Sefer Torá na Sinagoga Parashat Pará que fala sobre a Vaca Vermelha
Essa Parashá é lida antes de Pessach para lembrar o povo de se purificar para ir ao Beit Hamikdash e fazer o “korban Pessach”
O Baal Shem Tov nos ensinou que todos os mandamentos Divinos são eternos, porque a Torá é a revelação Divina e D’us é eterno.
A Torá é a sabedoria Divina que desceu ao nosso nível, como por exemplo um pai muito sábio que ensina ao filho mais velho uma sabedoria muito profunda.
Quando ele fala com o filho pequeno, a sabedoria profunda desce ao nível da criança aparentando ser uma coisa simples, mas por trás disso se encontra uma sabedoria profunda. Assim também são os mandamentos Divinos, cada um tem por trás de si diferentes aspectos, muitas vezes desconhecidos.
O lado simples do mandamento Divino chamamos de “Pshat”.
O Pshat é o jeito simples e específico de cumprir o mandamento na prática tendo muitos deles um local e tempo determinado que não é necessariamente “aqui e agora”.
No Pshat o mandamento pode acontecer poucas vezes como no caso da Vaca Vermelha da nossa Parashá, ou não acontecer nunca como no caso do ”ben sorer umore” que é um mandamento da Torá que nunca aconteceu e nunca acontecerá.
Mas todos os mandamentos Divinos tem um aspecto no qual eles são eternos e acontecem “aqui e agora” mas em outro nível. Um desses aspectos é chamado de ”Remez” (indicação)
Nossa Parashá nos conta sobre o mandamento da Vaca Vermelha, um mandamento que aconteceu na prática somente nove vezes em toda a nossa história e vai acontecer mais uma vez na época do Mashiach
Esse mandamento tem uma característica interessante que é a de impurificar os puros e purificar os impuros
Diz o Baal Shem Tov que o “Remez” desse mandamento é o orgulho.
Orgulho: qualidade ou defeito?
O orgulho é comparado à Pará Adumá, a Vaca Vermelha, ele purifica os impuros e impurifica os puros.
Quando uma pessoa se comporta de maneira incorreta ele está distante de D’us, e para conseguir sair dessa impureza a pessoa deve se encher de orgulho
Ter orgulho de cada mandamento que cumpre, de cada Tzedaká que dá, sentir que faz algo por D’us e que agora D’us está em dívida com ela e vai dar para ela um paraíso enorme
Mas aí ela chega à uma etapa aonde se acomoda e acha que já fez até demais.
Nessa hora o orgulho que serviu para ela crescer faz ela se acomodar. Se torna uma barreira, se torna um um bloqueio. De purificador vira impurificador!
Sendo que nessa etapa o orgulho deixa de ser um remédio e se torna um veneno, deve ser eliminado
Para eliminá-lo a pessoa deve se lembrar que toda a Tzedaká que deu foi somente parte do que Hashem deu para ela, ainda mais, foi a parte pequena da benção Divina que ela recebeu.
E todos os mandamentos Divinos que ela cumpriu foram com a força e saúde que Hashem deu para ela, e ainda mais, foi somente com um pouquinho dessa energia que recebeu de Hashem
Descobre que ela era somente uma criança pequena segurando a direção do carro do papai e achando que estava dirigindo
Aí o Yetzer Hará (a má inclinação) pode falar para ela- : Viu! Você nunca fez nada! Você é uma incapaz! Ou sugerir para ela uma falsa humildade dizendo:- Quem é você para fazer alguma coisa? E tirando dessa maneira a auto estima dela e a derrubando para baixo.
Aí o orgulho é novamente necessário para fazer ela subir, e agora que ela já está cumprindo os mandamentos Divinos ela toma a decisão de acrescentar na qualidade, caprichar mais nos mandamentos, estudar mais Torá, subir de verdade!
Agora ela se sente verdadeiramente um Tzadik!
E nessa hora que ela chegou à um nível mais elevado e parou de subir, o orgulho se torna novamente um veneno, ela se sente dona da razão reage com crueldade, de maneira desproporcional e fora de controle à qualquer mínimo ataque feito à ela ou ao que ela representa, achando que quando atacada, em legítima defesa pode massacrar quem a atacou,
principalmente quando se trata de um assunto religioso no qual ela tem razão, se esquecendo totalmente que as palavras dos sábios são ouvidas com tranquilidade, e principalmente ditas com tranquilidade
Novamente o orgulho faz com que ela volte a ser impura e tem que ser eliminado
Conclusão: o orgulho em relação ao nível superior que devemos alcançar é indispensável, sem ele não chegamos lá, mas em relação ao nível que já foi alcançado é destrutivo
Por isso não temos que olhar para trás, para o que já fizemos, mas sim para frente, para o que podemos fazer melhor, porque sempre em relação ao nível superior o orgulho é um vento à nosso favor!
Nossa Parashá nos conta sobre a origem da ramificação sacerdotal do nosso povo , o “Cohen” .Como sabemos, Yaakov Avinu teve doze filhos e deles se originaram treze tribos sendo que Yossef se transforma nas tribos de Efraim e Menashe.
Na nossa Parashá Hashem pede para Moshe ungir Aharon e seus filhos com o “azeite de unção sagrado” e por meio disso tira eles do status de tribo de Levi dando origem à um novo status no nosso povo que é o Cohen.
A unção de Aharon e seus filhos é comparada à unção do Rei David pelo profeta Shmuel que a partir dela David foi chamado de Mele’h HaMashia’h (Rei ungido).
O rei Salomão, filho do rei David, já não precisou da unção do profeta sendo que filho de rei ungido já nasce rei ungido, e essa regra continua até o último descendente do rei David que é chamado de Mele’h HaMashia’h, ou seja, filho do filho do filho etc do rei David que chegará em breve em nossos dias.
O mesmo acontece com o Cohen. Os primeiros Cohanim foram ungidos na nossa Parashá e seus filhos já nascem Cohanim até hoje como vimos.
Nossa Parashá continua nos contando sobre os Korbanot. Na Parashá passada estudamos os motivos dos Korbanot, e agora vamos estudar o motivo de certos animais terem sido exclusivamente escolhidos para que somente eles sejam abatidos como Korban e não outros, começando pelo mais famoso de todos, o Korban Pessach
Korban Pessach
O Rambam nos conta no seu livro “Moré Nevuhim” que uma grande parte dos idólatras do Egito serviam a constelação de áries e portanto proibiam abater carneiros e também abominavam os pastores de ovelha.
Outros povos da antiguidade serviam os demônios e diziam que eles se revelavam em forma de bodes, e portanto proibiam fazer abate de bodes. Essa religião também era muito difundida na época de Moshe Rabeinu
Mas em relação ao abate de bois, provavelmente a maioria dos povos antigos tinham reverência por essa espécie, e por isso, diz o Rambam, vemos que os hindus até hoje não fazem abate de gado mesmo em terras que costumam abater outros animais.
E para apagar os resquícios que essas religiões deixaram no nosso, recebemos a ordem Divina de sacrificar essas três espécies de animais. Também para nos conscientizarmos de que aquilo que considerávamos o ápice da divindade agora se transformou em um sacrifício para D’us, e também para nos desculpar por termos feito idolatria, entre outros motivos.
E assim, diz o Rambam, funciona a cura dos falsos conceitos que são uma verdadeira doença do intelecto humano. A cura disso é feita por meio da inversão desses conceitos ao extremo oposto.
E por causa desse mesmo assunto Hashem nos ordenou fazer o abate do cordeiro de Pessach e espalhar o sangue dele no lado de fora das portas, para nos limparmos daquelas ideologias e publicarmos o contrário delas.
E também para nos conscientizarmos de que o que considerávamos uma atitude destrutiva, como nesse caso, matar uma divindade e publicar isso abertamente, isso é a nossa própria salvação, e se não fizéssemos isso aí sim seria a nossa destruição.
E por isso está escrito, diz o Rambam, que Hashem pulou nossas casas “e não deixará o destruidor vir para as suas casas trazer a epidemia” no mérito da publicação que fizemos de termos destruído o que era sagrado para os idólatras.
Por incrível que pareça hoje depois de 3334 anos desse acontecimento esse versículo continua sendo tão atual!
Pekudei
Na nossa Parashá Moshe Rabeinu prestou contas de todo o ouro, prata e cobre doado para construir o Mishkan e todos os objetos necessários para o trabalho que seria feito nele.
Diz Rashi que a palavra Mishkan aparece duas vezes no versículo que fala sobre essa contagem, nos indicando os dois Templos de Jerusalém que seriam futuramente destruídos.
A Guemará em Baba Metzia nos conta que a bênção Divina não recai sobre uma coisa contada, pesada ou medida. Diz Rabi Yitzhak na Guemará que a bênção Divina não se encontra a não ser em uma coisa oculta dos nossos olhos, ou seja, uma coisa que ainda não foi contada, pesada ou medida.
Diz o Zohar que o principal motivo para isso é que a Bênção Divina se encontra onde há união, e o “todo” está conectado à ”raiz”. Quando uma coisa é contada, pesada ou medida, ela está sendo separada de um todo e por isso perde a benção.
Na prática esse “todo” é dividido em partes por meio da contagem fazendo com que a benção Divina não recaia mais sobre ele.
Será que isso é o que Rashi está nos indicando dizendo que o fato de a palavra Mishkan aparecer duas vezes no versículo que se refere à contagem das doações dos materiais do Mishkan nos indica que os dois futuros Templos de Jerusalém vão ser destruídos por causa dessa contagem?
O grande Tzadik Rabi Haim ben Atar, conhecido como “Or Hahaim HaKadosh” em nome do seu principal livro “Or Hahaim” sobre a Torá, nasceu no Marrocos há mais de trezentos anos atrás.40 dos seus 47 anos de vida viveu no Marrocos em uma época conturbada e repleta de problemas como fome e guerras internas que tiveram como consequência perseguições aos judeus que muitas vezes tiveram que fugir de região para região.
Rabi Haim ben Atar mudou-se para a Itália com a sua família onde editou sua maior publicação, o “Or Hahaim”,uma explicação da Torá que lhe deu reconhecimento mundial.
O Rebe HaRashab de Lubavitch contou que Rabi Haim ben Atar escreveu seu livro “Or Hahaim” enquanto estudava com as suas filhas Humash com Rashi.
Disseram ao Rebe de Lubavitch anterior que Rabi Haim bem Atar não teve filhos, e ele respondeu que temos uma “kabalá”, um recebimento de Rebe para Rebe, que ele não teve filhos homens, mas filhas ele teve, e o seu livro é a coletânea das explicações do Humash que ele estudou com as suas filhas.
Rabi Haim organizou na Itália um grupo de doadores para abrir uma Yeshivá na terra de Israel. Mudou-se para a Terra Santa com sua família e seus alunos, e no final da sua curta vida conseguiu abrir duas Yeshivot em Yerushalaim, uma para o estudo da parte oculta da Torá, e uma para o estudo da parte revelada.
Rabi Haim nos ensinou que o fato de ter sido usada para a contagem das doações do Mishkan a palavra “Pekudei”, vem nos revelar que essa contagem não só que não retirou a Bênção Divina do que foi contado, mas ao contrário, veio acrescentar muitas e muitas bençãos para os doadores. E quanto mais detalhes foram acrescentados nessa contagem mais bênçãos receberam os que acrescentaram nessas doações.
Essa palavra é usada pela Torá em caso de grandes bênçãos, como por exemplo quando Hashem dá um filho para Sarah, e como sinal de que chegou a hora da redenção do Egito. Mas ela também é usada em casos totalmente contrários à bençãos.
Diz o Or Hahaim que sendo que aqui está se tratando das doações do Mishkan, a palavra “Pekudei” vem nos revelar que nesse caso não há nenhuma aversão Divina, mas ao contrário, grandes bênçãos.
E esse é o motivo de que, mesmo Hashem não tendo pedido para Moshe Rabeinu fazer essa prestação de contas, ele a fez. E fez isso para acrescentar mais Bênçãos Divinas aos doadores do Mishkan, fora as que eles receberam pelo próprio fato de terem doado.
Diz o Zohar que o motivo para recaírem bênçãos sobre essa contagem foi o fato de o próprio Moshe Rabeinu tê-la feito, e isso foi o que trouxe bênçãos para ela.Mas se não fosse isso, essa contagem não teria saído da regra geral que é de que por meio da contagem separamos algo do ”todo” e ele perde as bênçãos.
Enquanto uma coisa não é contada ela faz parte de um todo, e no todo há bênção, porque o todo está ligado à raiz e fonte das bênçãos, e de lá vem a vida para tudo.
Por isso, Moshe Rabeinu que era o homem da fé, o homem que está ligado à raiz a ponto de mesmo quando estava ocupado com assuntos relacionados à natureza desse mundo, com assuntos materiais, continuava todo o tempo consciente e se lembrando de que tudo é de Hashem, alguém assim as bênçãos pairam sobre os seus feitos. E por isso, pelo fato de ele próprio ter feito a contagem, as bênçãos Divinas pairaram sobre o que foi contado.
De uma maneira geral, uma pessoa normal não tem a capacidade de contar, pesar e medir o que é nosso e comparar com o que é dele provocando com a própria inveja a separação entre o que é nosso e o “todo”.E o pior é que se nós acreditarmos que isso possa acontecer realmente, ou seja, acreditarmos que alguém nos colocou um “mal olhado”, conseguiremos por meio da nossa fé fazer com que a coisa ruim aconteça de verdade, mas por causa da nossa fé e não porque colocaram sobre nós um “mal olhado”.
Mesmo assim devemos evitar as “exceções de regra” não “esnobando” as pessoas à nossa volta, mas nos comportando com “pudor” ocultando as coisas boas que Hashem nos deu até que elas cresçam e apareçam e não tivermos mais como esconder.
Por isso uma mulher judia não costuma publicar que está grávida até o quinto mês quando esse fato já fica visível para todos. Claro que podemos contar para nossas mães e sogras, mas é melhor pedir para elas também não publicarem até o quinto mês.
Mesmo assim, se o mundo inteiro ficar sabendo, você não deve acreditar em um mal olhado, porque a sua fé no mal olhado é o maior motivo para ele acontecer de verdade.
Então, por um lado não podemos acreditar no mal olhado, mas por outro devemos ter pudor em relação aos nossos bens mais valiosos e não ficar nos exibindo para não atrair por engano alguma “exceção de regra”.
E o principal: não seja você essa pessoa que vai contar, medir e pesar o que os outros têm e comparar com o que você tem.
Não seja você essa exceção de regra que pode prejudicar alguém. Não seja você a pessoa que só consegue imaginar uma mão fechada e tem dificuldade em imaginar uma mão aberta.
A maior prova para o nosso povo de que Moshe não precisaria prestar contas para eliminar suspeitas foi o fato de que quando tudo ficou pronto e ninguém conseguia levantar as colunas do Mishkan somente Moshe conseguiu.Nesse momento Hashem pediu para Moshe fazer como se ele estivesse levantando as colunas e elas se levantaram milagrosamente, mostrando à todos que o Moshe de agora continua o mesmo Moshe de antes, o grande Tzadik que ele sempre foi, longe de qualquer suspeita de desonestidade.
Rabi Shlomo Efraim de Luntshits, conhecido como “Kli Yakar” em nome do seu livro principal, nasceu em Luntshits na Polônia no ano de 1540 e foi considerado um dos maiores rabinos da época, comparado ao Maharal de Praga que fez o Golem e ao Rabi Yeshayahu Horovitz de Praga conhecido como Shl’o em nome do seu livro principal.Após o falecimento do Maharal de Praga, Rabi Shlomo Efraim se tornou o Rabino de Praga junto com o Shl’o.
Ele nos explicou que da mesma maneira que Hashem pediu para Moshe se ocupar com o levantamento do Mishkan e Hashem “fez acontecer”, assim também Hashem faz com cada um de nós.
A nossa parte nesse mundo é somente a de nos ocupar com o que precisamos fazer, e a parte de Hashem é “fazer acontecer”. Nós começamos e Hashem termina! Então, muita fé e mãos à obra!
Vayak’hel
Parashat Vayak’hel (e reuniu) nos conta que Moshe Rabeinu reuniu todo o povo de Israel para ensinar a Mitzvá do Shabat.
Essa linguagem aparece pela primeira vez na Torá na Parashá anterior quando o povo se reúne em volta de Aharon Hacohen para obrigá-lo a fazer o bezerro de ouro , nos sinalizando que o Shabat nos purifica até da pior coisa do mundo que é a idolatria.
Poderíamos pensar que para nos purificar de uma coisa ruim que fizemos o único jeito seria sofrer um pouco por causa disso, e aqui vemos que o capricho no cumprimento das Mitzvót são um meio de purificação maior do que qualquer sofrimento do mundo
Nossa Parashá nos conta que Moshe Rabeinu reuniu todo o povo de Israel e ensinou para eles detalhes sobre a Mitzvá do Shabat, como a proibição de acender fogo no Shabat e também a proibição do trabalho no Shabat.Essa “confraternização” entre Moshe Rabeinu e o povo de Israel aconteceu depois que Moshe Rabeinu desceu do Monte Sinai no dia 10 de Tishrei, Yom Kipur, após ter conseguido fazer Hashem nos desculpar de termos feito a idolatria do bezerro de ouro, e não foi por acaso que nessa ocasião Moshe falou com toda a nossa comunidade sobre o Shabat
Quando guardamos o Shabat estamos demonstrando claramente que acreditamos somente nesse D’us que criou o mundo em seis dias e não em outro, e esse é o motivo que não fazemos trabalhos no Shabat.
Ou seja, o Shabat é o dia do “reconhecimento”. Por causa disso, quando guardamos o Shabat integralmente nos retificamos da idolatria.
Neshamá Yeterá” o upgrade da nossa Alma
A Guemará nos conta que cada judeu recebe uma Alma adicional no Shabat chamada de “Neshamá Yeterá”, e por isso fazemos a benção sobre os “bessamim” no final do Shabat, para consolar nossa Alma pela saída da Neshamá Yeterá no Motzaei Shabat
Essa Neshamá Yeterá não é uma entidade espiritual que se anexa à nós, mas sim um upgrade da nossa própria Alma que no Shabat tem ascensão à um nível espiritual muito mais elevado. Então porque ela é considerada uma Alma acrescentada?
Diz o Zohar que cada um de nós sobe no Shabat à um nível muito mais elevado, mas nesse caso o nível de um judeu é diferente do nível do outro, e cada um tem uma elevação de acordo com o próprio nível
Sendo que o upgrade da Alma de um não é igual ao upgrade da Alma do outro, mas é totalmente personalizado, é usado esse termo de Neshamá Yeterá, “Alma adicional”.
Ou seja, o mundo material e todos nós temos uma elevação, mas a elevação de um é diferente da elevação do outro, da mesma maneira que as nossas Almas Divinas são de diferentes níveis . Como vimos no caso dos nossos patriarcas, que em Avraham predominava a Hessed, em Itzhak a Guevurá e em Yaakov a Tiféret.
Fora o aspecto da essência de cada um de nós que é diferente, nosso comportamento durante a semana também vai influenciar muito, e o nível do nosso upgrade no Shabat vai ser incrementado por meio das nossas ações durante a semana.
Rebe Shmuel Schneerson foi um grande Tzadik que viveu na Rússia há quase duzentos anos atrás. Ele era o filho mais jovem do terceiro Rebe de Lubavitch e a pedido do seu pai tornou-se Rebe de Lubavitch após seu falecimento.
Rabi Shmuel Schneerson, conhecido como Rebe Maharash, viveu apenas 48 anos durante os quais dezesseis anos ele foi o Rebe de Lubavitch.
Certa vez ele ouviu do seu escritório suas crianças discutindo. O Rebe chamou as crianças para o seu escritório, e quando perguntou sobre o que eles estavam discutindo eles ficaram com vergonha de responder.
No final, a filha mais velha disse que estavam trocando ideias sobre qual é a diferença entre um judeu e alguém que não é judeu.
O Rebe Maharash pediu para as crianças sentarem ao seu lado e mandou chamar Bentzion, um judeu muito simples que trabalhava na casa do Rebe.
:-Bentzion, você comeu hoje de manhã? Perguntou o Rebe.
:- Sim, respondeu Bentzion
:- Você comeu bem? Perguntou o Rebe
:- Graças à D’us comi bem, respondeu Bentzion
:-E porque você precisa comer? Perguntou o Rebe
:-Para viver, respondeu Bentzion, se eu não comer como eu vou viver?
:- E para que você vive? Perguntou o Rebe
:- Bentzion suspirou… e disse:- para rezar, para ler um capítulo de Tehilim…
O Rebe agradeceu à Bentzion e ele voltou para os seus afazeres. Depois disso o Rebe pediu para chamar Ivan o cocheiro que não era judeu
:- Ivan, você comeu hoje de manhã? Perguntou o Rebe.
:- Sim, respondeu Ivan
:- Você comeu bem? Perguntou o Rebe
:- Claro que comi bem, respondeu Ivan
:-E porque você precisa comer? Perguntou o Rebe
:-Para viver, respondeu Ivan, se eu não comer como eu vou viver?
:- E para que você vive? Perguntou o Rebe
:- Para tomar uma vodka, para comer uma coisa gostosa, pra isso que se vive, respondeu Ivan.
O Rebe agradeceu e Ivan voltou para os seus afazeres
Agora, disse o Rebe para os seus filhos, vocês viram a diferença entre um judeu e alguém que não é judeu. O judeu vive para servir à D’us, mas dá um suspiro porque sabe que não é sempre que consegue fazer isso da maneira correta.
Ao contrário disso, alguém que não é judeu vive para aproveitar a vida. E essa é a diferença entre um judeu e alguém que não é judeu.
Aprendemos dessa história uma coisa muito importante. Todos nós vivemos para fazer o trabalho Divino, para servir à D’us. Às vezes temos mais sucesso no nosso trabalho Divino e às vezes menos. Mas o importante é que esse é o nosso foco.
Shabat
D’us criou o mundo em seis dias e no sétimo parou. Ou seja, no sétimo dia nada foi criado. A linguagem “descansou” não é aplicada nesse caso sendo que D’us está infinitamente acima dos limites da matéria e com certeza não precisaria descansar depois de ter criado o mundo.
Para demonstrar claramente que acreditamos somente nesse D’us que criou o mundo em seis dias e não em outro, não fazemos trabalhos no Shabat. Ou seja, o Shabat é o dia do “reconhecimento”. Por causa desse motivo, quando guardamos o Shabat integralmente nos retificamos da idolatria.
Por outro lado, por causa desse mesmo motivo um judeu que ainda não guarda Shabat, mesmo por falta de conhecimento, é considerado naquele momento como se fosse um idólatra em relação à comida que ele cozinhou ou ao vinho que ele fez.
Os “Dez Mandamentos” aparecem duas vezes na Torá. Na primeira vez, em Parashat Ytró , está escrito: “Lembre-se (Zahor) do dia do Shabat para santificá-lo . Na segunda vez, em Parashat Vaet’hanan, está escrito “Guarde (Shamor) o dia do Shabat para santificá-lo”.
Nossos Sábios nos contam que quando ouvimos os Dez Mandamentos no Monte Sinai, as palavras “Zahor” (Lembre-se) e “Shamor” (Guarde) foram ditas em uma palavra só, ditas e ouvidas de uma maneira sobrenatural .
Da palavra “Shamor” aprendemos que o Shabat entra na categoria de Mitzvá chamada de “Ló Taassé” (“não faça”) e da palavra “Zahor” aprendemos que o Shabat entra na categoria de Mitzvá chamada de “Assé” (“faça”).
A regra é que quando uma “Mitzvat Assé” cai sobre uma “Ló Taassé” (como no caso de o oitavo dia do “Brit Milá” cair no Shabat) o “Assé” (do “Brit”) anula o “Ló Taassé” (do Shabat) no assunto específico dela (nesse caso, o de cortar o prepúciozinho do nenê).
Quando a regra da Torá tem alguma exceção, como no caso da “Mitzvat Assé” da construção do Mishkan que não anulou o “Ló Taassé” do Shabat, a própria Torá tem que trazer a exceção de regra de cada caso especificamente.
Aprendemos da profecia de Yeshaiau Hanaví (o profeta Isaías) que o Shabat tem que ser um prazer. Mas o que é um prazer? Com certeza o contrário da aflição! A Torá usa a palavra aflição em relação à proibição de comer e beber no Yom Kipur, e daí nossos Sábios concluem que no Shabat temos a obrigação de comer e beber do bom e do melhor, e em um ambiente iluminado, pelo menos à luz de velas.
E daí surge a Mitzvá de acender as velas de Shabat e fazer o Kidush com vinho e Halot. E também deixar um fogo aceso coberto pela “Plata” com a comida quente que vamos comer no Shabat.
Preparando o Shabat
Está escrito que temos que nos lembrar do Shabat, ou seja, para o Shabat estar pronto na sexta feira antes do por do sol temos que nos planejar com antecedência lembrando dele a cada dia.
Eu pessoalmente tenho uma verdadeira “Shabatfobia” e no domingo já deixo as velas prontas nos castiçais e já começo a comprar umas coisinhas para Shabat. Mas o importante é se planejar com antecedência, saber antecipadamente o que você vai fazer para Shabat. Para facilitar para quem está começando, lá vão umas dicas básicas.
O vinho do Shabat
Como fazer em casa o seu vinho para o Kidush:
Pela lei judaica, um suco de uva verdadeiro também é considerado vinho para o Kidush. Trouxe para vocês uma receita para fazer o seu suco de uva “Bore Pri Hagafen” para todos os Shabatot (plural de Shabat) do ano, principalmente se você tem crianças em casa.
Modo de preparo:
1- Compre uvas de qualquer tipo, lave as uvas, separe elas dos galhos e coloque elas dentro de uma panela (de preferência de pressão.
2- Coloque a mão sobre as uvas e adicione água e açúcar . Essa água e açúcar tem que preencher somente os espaços entre as uvas e você coloca a mão encima para elas não flutuarem encima da água com açúcar sendo que a água com açúcar tem que preencher somente os “buraquinhos” entre as uvas mas não pode cobrir elas por cima nem se acumular separadamente no espaço de baixo caso elas flutuem, por isso você não deixa elas flutuarem.
3- Tampe a panela , acenda o fogo e deixe ferver um pouquinho.
4- Peneire o conteúdo da panela para uma jarra apertando e amassando totalmente as uvas dentro da peneira com uma colher até que todo o suco passe pela peneira e sobre dentro da peneira somente uma polpa
5- Coloque o suco em garrafas ou em uma jarra
6- Mantenha o suco na geladeira e só retire para as refeições.
A “Plata” de Shabat
A Parashá nos conta que é proibido acender fogo durante o Shabat, mas sendo que está escrito que o Shabat tem que ser um prazer, nossos Sábios decretaram a obrigação de deixar a comida do Shabat pronta e quente.
Como manter a comida do Shabat aquecida se é proibido acender fogo no Shabat? Para isso foi inventada a famosíssima ”Plata de Shabat”!
A chapa de Shabat que chamamos de plata é uma placa de alumínio que pode ser encomendada em qualquer fábrica de calhas. Peça um material grosso para não entortar com o calor nas 25 horas em que ela vai estar em cima do fogo. Peça para cortar a chapa acordo com a medida do seu fogão, mas acrescente dois centímetros para fazer uma dobradinha de um centímetro nas extremidades para ela não ficar cortante. Também deve ser dobrada uns 8 centímetros na frente para cobrir os botões do fogão.
Como usar: acenda um fogo baixo, coloque a plata em cima dele e as panelas com a comida pronta em cima da plata.
A quantidade de água dentro da panela deve ser planejada de acordo com o número de horas que ela vai ficar em cima da plata. Faça uma experiência no meio da semana para saber como calcular esse tempo.
Uma janela deve estar um pouquinho aberta para entrar ar, e todos os cuidados devem ser tomados para que o fogo não se apague sozinho no meio do Shabat e não haja vazamento de gás. Não deixe panos ou plásticos perto dela para não pegar fogo.
Centenas de milhares de judeus fazem assim no mundo inteiro e com o tempo você pega experiência. Se o seu gás é de botijão você pode comprar uma balança de banheiro e colocá-la fixa embaixo do botijão para calcular quando ele vai acabar e por precaução trocar o botijão antes do Shabat.
A eletricidade foi classificada como fonte de fogo, e por isso acendemos a luz da sala, da cozinha e do banheiro, e de todos os lugares que você quer que estejam iluminados durante o Shabat, antes de acender as velas.
Não podemos apagar fogo ou eletricidade durante o Shabat a não ser em caso de perigo de vida, mas podemos deixar um timer programado antes do Shabat para acender ou apagar as luzes no Shabat. O time pode ser programado para apagar a “plata de Shabat” mas não para acendê-la.
Muktze
Nossos Sábios, usando o direito que a Torá lhes deu de que “O que é decretado no Beit Din (tribunal rabínico) aqui “em baixo” (no nosso mundo) é decretado no Beit Din lá “em cima” (no mundo superior), fizeram algumas cercas envolta da Torá para nos proteger de fazermos uma transgressão.
As leis de “Muktse” são um exemplo dessa preocupação que eles tiveram por nós. Um objeto de uso especificamente proibido no Shabat, como por exemplo, um isqueiro (que só serve para acender fogo, ação proibida no Shabat), ou uma caneta (que só serve para escrever, que também é proibido no Shabat) são chamados de “Muktse” e se torna proibido tocar neles no Shabat.
Quando há perigo de vida no Shabat
Em caso de dúvida em relação a um perigo de vida durante o Shabat devemos fazer tudo o que for necessário para a pessoa que está necessitando.
Quando uma mulher precisa dar a luz, levamos ela para o hospital de carro, de ambulância ou de táxi. Caso uma criança tenha ficado em casa sem um adulto para cuidar, você deixa ela dando a luz no hospital e volta para cuidar das crianças, porque crianças pequenas sem alguém cuidando também são um perigo de vida. Tudo o que é necessário para socorrer alguém está liberado no Shabat.
O Shabat e o Mishkan
Logo após Moshe Rabeinu ter falado sobre o Shabat ele fala sobre a construção do Mishkan, o Templo móvel que foi construído por meio de 39 trabalhos. Nossos Sábios nos ensinaram que a proximidade entre esses dois assuntos na Torá vem nos ensinar que daqui aprendemos quais são os trabalhos proibidos no Shabat. A palavra Mishkan é traduzida como tabernáculo, mas sendo que a palavra tabernáculo também é uma palavra do português eclesiástico que precisa ser procurada no dicionário para saber o que ela quer dizer, é melhor usarmos a transliteração do que a tradução. Então vamos chamar o nosso Templo Móvel de Mishkan que é o lugar onde paira a Presença Divina.
Nossa Parashá nos conta que Hashem disse para Moshe que quando ele precisar contar o nosso povo cada pessoa deve dar um “resgate” de si próprio para Hashem quando forem contados, e dessa maneira eles não terão uma epidemia por terem sido contados.A Parashá continua nos contando que cada um deveria dar meio shekel para essa contagem. Ou seja, o dinheiro seria contado no lugar das pessoas, e assim se saberia quantas pessoas estavam lá sem precisar contá-las.
Rashi explica que o “mau olhado” tem domínio sobre o que é contado e as epidemias vem para as pessoas contadas por causa desse motivo, como aconteceu na época do rei David.
Surge a pergunta: “mau olhado de quem? Se até na época de Bilam, o feiticeiro que conseguia de verdade dar um “mau olhado” em alguém, Hashem transformou a maldição dele em bênção, quanto mais agora que não existem mais pessoas assim com esses super-poderes do mal como tinha Bilam.
E mesmo se existisse alguém assim nos nossos dias, Hashem nos protegeria, e nenhum “mau olhado” nos afetaria. Então porque o próprio D’us pede para não contarmos as pessoas diretamente?
E ainda mais, Rashi nos traz a história do censo que foi feito na época do rei David causando uma grande epidemia, como prova de que, não só que esse assunto é coisa séria, mas também de que ele é muito mais sério do que poderíamos imaginar.
A explicação do Zohar
O Zohar nos explica que a Benção Divina não paira sobre uma coisa contada medida ou pesada, e por isso foi pedido o “resgate” em dinheiro de cada pessoa que deveria ser , e o que foi contado foi o dinheiro do “resgate” e não as pessoas.
Pergunta o Zohar : Porque a morte paira sobre o que foi contado? E ele próprio responde que isso acontece pelo motivo de a Benção Divina não pairar sobre o que é contado, medido ou pesado. E sendo que a Benção Divina abandona o que é contado, o “outro lado” paira sobre aquilo e por isso tem o poder de prejudicar.
Ou seja, quando cada um deu meio shekel, não foi um “prejuízo” para ele, mas um “prejuízo” no lugar dele. Ele perdeu meio shekel mas salvou a própria vida.
Diz o Zohar que o motivo de a Benção Divina não pairar sobre o que foi contado é porque a “Sitra Ahara” que é o que apelidamos de “mau olhado” tem domínio sobre o que foi contado, e se a Benção Divina estivesse lá a “Sitra Ahara” teria a capacidade de usufruir dela, e por isso Hashem é obrigado a tirar de lá a sua Benção quando a contagem acontece.
Ou seja, se a Benção Divina caísse nas mãos da “Sitra Ahara”, seria como fazer uma bomba atômica e dar de presente para o inimigo.
O motivo de a “Sitra Ahara” , essa estrutura espiritual negativa que é chamada também de “mau olhado”, ter acesso ao que foi contado medido ou pesado, é pelo fato de a contagem do número do peso ou do tamanho causar uma separação, e tudo o que é separado abre um acesso à “Sitra Ahara”.
Antes de algo ser contado medido ou pesado ele faz parte do “tudo” , e no “tudo” existe a Benção, porque o “tudo” está unido à raiz e fonte da Benção, e de lá desce a vitalidade para todos.
Ou seja, no lado bom tudo é unido e no lado ruim todo é separado. O lado bom é infinito e ilimitado e o lado ruim é a fonte dos limites, limite de número de tamanho de peso e etc.
O exílio do Egito foi o nosso maior sofrimento e a palavra Egito, Mitzraiim em hebraico, tem como raiz a palavra metzarim que quer dizer limitações.
Sendo assim, na hora em que algo é contado medido ou pesado é oficializada a separação daquilo em relação ao “todo” do qual fazia parte, e essa separação dá acesso à “Sitra Ahara”. Mas antes disso acontece a saída da Benção Divina para que a “Sitra Ahara” não tenha acesso à ela. Essa é a regra cabalística em relação à tudo o que é contado medido ou pesado.
Mas quando Moshe fez todas as contas das doações do Mishkan e de tudo o que foi feito com essas doações, essa regra não se aplicou, sendo que Moshe está ligado ao mundo de Atzilut, o mundo oculto, e a “Sitra Ahara” como vimos só tem acesso ao que é revelado por meio da contagem pesagem ou medida.
A explicação do “Sfat Emet”
Rabi Yehudah Arie Leib Alter foi o Rebe da cidade de Gur na Polônia.
Ele explicou que quando vivemos com fé em D’us estamos conectados à raiz, e mesmo estando ocupados com assuntos materiais, sabemos e nos lembramos constantemente de que tudo é de Hashem, e isso faz com que a Benção Divina paire sobre tudo o que fazemos. Esse é o nosso diferencial.
Quando trabalhamos simplesmente para termos mais bens materiais, estamos “separando para nós”. Mas quando trabalhamos para Hashem e tudo o que temos vemos como equipamento para o trabalho Divino, estamos ligados à raiz, e a Benção Divina recai sobre tudo o que fazemos.
Aprendemos na nossa Parashá que quando quisermos contar nosso povo, não devemos contá-lo de maneira convencional porque isso pode atrair coisas negativas, como vimos posteriormente na época do Rei David que após a contagem do povo muitas pessoas faleceram por uma epidemia que surgiu repentinamente.Na nossa Parashá Hashem pede para cada uma das pessoas que serão contadas doarem meio “Shekel”, e a conta dessas moedas vai nos mostrar o número de pessoas que foram contadas sem precisarmos contá-las de verdade. Esse assunto se aplica aos nossos tempos também e a qualquer quantidade de pessoas judias.
Quando não há uma extrema necessidade de contar as pessoas, podemos contar, como por exemplo dez pessoas para a reza, por meio de um versículo que tem dez palavras, dizendo cada palavra olhando para uma pessoa diferente.
Quando há necessidade de contar, como no caso de um ônibus levando crianças para a escola, contamos as camisas das crianças, e não as próprias crianças. Há muitas formas de saber quantas pessoas estão em um lugar sem precisar contá-las. Então, vamos usar a nossa criatividade!
Nossa Parashá nos conta que Hashem pediu para Moshe Rabeinu fazer um reservatório de água com torneiras feito inteiramente de cobre chamado de “Kior”. O “Kior” servia para os Cohanim lavarem as mãos e os pés antes de começarem o trabalho no Mishkan, e posteriormente no Beit HamikdashA Torá nos conta que as mulheres doaram para fazer esse Kior seus próprios espelhos que usavam quando se enfeitavam. Naquela época os espelhos das mulheres eram feitos de cobre puro.
No começo Moshe Rabeinu não queria aceitar esses espelhos por causa do uso anterior deles, sendo que no Egito elas usaram esses espelhos para atrair a atenção dos maridos, para despertarem nos maridos a vontade de se relacionarem com elas, e por isso Moshe Rabeinu perguntou para Hashem o que fazer nesse caso.
Hashem disse para Moshe aceitar esses espelhos porque eles eram queridos mais do que qualquer outra doação que foi feita para o Mishkan, porque por meio desses espelhos as mulheres deram a luz à um verdadeiro exército de crianças no Egito construindo assim o nosso povo.
Como elas faziam isso? Quando seus maridos estavam exaustos pelo trabalho forçado que os egípcios impunham à eles, elas iam até o lugar onde os maridos estavam trabalhando e levavam para eles comida e bebida.
Depois de alimentarem seus maridos, elas pegavam os espelhos, e cada uma se olhava junto com seu marido no espelho e o seduzia com palavras bonitas dizendo para ele:- “eu sou mais bonita do que você!”
Assim elas conseguiam despertar nos maridos o desejo por elas. Lá mesmo elas engravidavam e posteriormente lá mesmo davam a luz.
Por isso desses espelhos foi feito o “Kior”. Porque uma das funções do “Kior” é fazer as pazes entre o marido e a mulher.
Dele era tirada a água para a “sotá”, a mulher que estava proibida para o marido por suspeita de traição e depois de beber essa água ficava claro que ela não tinha traído e podia voltar para ele.
Atitudes construtivas e atitudes destrutivas
Daqui aprendemos uma lição de vida. Toda mulher quer, e com razão, atrair a atenção do marido.
As mulheres judias no Egito levaram comida e bebida para seus maridos, e depois de darem para eles comerem se olharam no espelho junto com eles até despertarem neles o desejo por elas, e assim tiveram muitos filhos, mesmo em um lugar tão difícil como o Egito. Atraíram a atenção do marido por meio de atitudes construtivas.
A sotá é uma mulher que o marido pediu para ela não se trancar com alguém que na opinião dele era suspeito, e ela se trancou. Atraiu a atenção do marido por meio de atitudes destrutivas colocando em risco o seu próprio casamento.
Com os espelhos de cobre doados pelas mulheres que tiveram uma atitude construtiva para atrair o marido foi feito o “Kior” que vem salvar o casamento da mulher que também quis atrair a atenção do marido, mas fez isso de maneira destrutiva.
Aprendemos daqui o que é certo e o que é errado em um casamento. O casamento no judaísmo é um bem de valor inestimável, e quando ele está em perigo não devemos partir para a guerra para conquistar o “inimigo” e subjugá-lo, mas ao contrário, devemos pensar em ideias de como proceder para amenizar a situação.
E mesmo que no começo, quando paramos de reclamar, parece que perdemos o controle sobre a situação, a longo prazo a nossa casa se torna um lugar agradável e a sua família um exemplo de paz e harmonia.
Quando nos acostumamos a reclamar, todos à nossa volta ficam em estado de alerta ao nos ver, e onde há medo não há amor. E mesmo que a pessoa que reclama constantemente se sinta dessa maneira a dona da sua casa, sendo que ela se torna assim a mais alta autoridade da casa e está pronta a reprimir imediatamente qualquer coisa que não seja exatamente o que ela quer, ela está só se sentindo a dona da casa, mas na verdade ela não é a dona da casa, porque um ambiente assim já não é chamado de casa.
E esse foi o erro da sotá. Ela achou que por meio de uma atitude destrutiva o marido, em vista à concorrência, ficaria com medo de perdê-la, e assim ela teria uma família mais amável.
Mas quando ela chega no Beit Hamikdash e vê o Kior de onde vai ser tirada a água para ela beber, ela se lembra de como esse Kior foi feito, e aí ela entende aonde errou.
Então vamos aprender nós também com elas e agir de maneira positiva para tornar a nossa casa um prazer e a nossa família um exemplo de harmonia para todos.
Nossa Parashá nos conta que Moshe Rabeinu desceu do monte Sinai com as “Tábuas da Lei”, em hebraico: Luhot Habrit.A Guemará nos conta que essas Luhot eram dois quadrados de pedra de 48cm de comprimento, 48cm de altura e 24cm de largura ” ou seja , elas eram quadradas.
Em muitos casos elas aparecem arredondadas encima, fato que não tem nada a ver com a nossa cultura judaica mas tem origem na cultura cristã.
Ou seja, os primeiros livros judaicos impressos após o século 15 foram impressos em editoras de cristãos, a maioria delas na Itália. As editoras costumavam colocar um enfeite na página inicial, e sabendo que estavam imprimindo um livro religioso judaico, colocaram desenhos das “Tábuas da Lei” feitos por artistas de arte sacra cristã como por exemplo Michelangelo, no século 16, que era famoso na época.
Naquela época, a tecnologia de impressão recém descoberta baixava tanto o preço dos livros (que antes eram escritos a mão), que ninguém se importou com os desenhos dos enfeites, contanto que tivessem os livros impressos em hebraico.
Tempos depois, Judeus que nunca tiveram contato com arte sacra cristã acharam que, sendo que este desenho está em um livro judaico antigo, com certeza ele tem uma origem judaica.
E assim essas “Tábuas arredondadas” foram copiadas em todas as sinagogas, lapidadas na parede e no Aron Hakodesh (armário onde se guarda o Sefer Torá), bordadas na cortina do Aron Hakodesh, no Meíl (manto) do Sefer Torá e na cobertura da Bimá (mesa na sinagoga onde se lê o Sefer Torá).
Sendo que essas Tábuas redondas estavam em livros e sinagogas antigas, com o tempo todos se acostumaram com elas e acharam que com certeza elas eram um símbolo judaico puro.
Até chegar o Rebe de Lubavitch e revelar essa história para nós, fazendo com que até o rabinato de Israel mudasse seu símbolo, de Luhot redondas para Luhot quadradas. Então, vamos tirar essas “Tábuas redondas” da nossa cultura!
Milagres revelados demonstrando a presença Divina entre nós
Alguns milagres aconteciam nessas Luhot. A escrita ultrapassava de lado a lado mas aparecia do lado de trás e do lado da frente da mesma maneira, e as partes internas das letras que não tinham ligação com suas laterais ficavam paradas no ar no meio delas.
Quando Moshe Rabeinu estava nos trazendo as Luhot, o povo tinha sido induzido pela “erev rav” a fazer um “bezerro de ouro”, uma idolatria.
Moshe Rabeinu estava descendo do monte Sinai com as Luhot, e ao ouvir a festa da idolatria as Luhot caíram das suas mãos e se quebraram.
Depois que Moshe conseguiu resolver a situação e a idolatria parou, pediu para Hashem desculpar o povo de Israel pelo acontecido, nos ensinando que o principal da Teshuvá é parar de fazer a coisa ruim e a próxima etapa é pedir desculpas por tê-la feita.
Hashem revela para Moshe uma mina de safira que por incrível que pareça estava embaixo da terra dentro da tenda de Moshe, e pede para Moshe lapidar duas Luhot como as anteriores e subir novamente ao monte Sinai. No Yom Kipur Moshe desceu com as segundas Luhot.
As novas Luhot foram guardadas dentro das “Arca da Aliança” junto com todos os pedaços das primeiras Luhot e acompanharam nosso povo até a destruição do primeiro Beit Hamikdash, quando foram escondidas nos túneis que construiu o Rei Salomão e vão ser reveladas novamente quando Mashiach chegar.
O bezerro de ouroNossa Parashá nos conta que depois da entrega da Torá no Monte Sinai, Moshe Rabeinu avisou o povo de Israel que iria subir novamente ao Monte Sinai e ficar lá quarenta dias e quarenta noites.
Quando ele deu esse aviso já tinha passado uma parte do dia, e por isso ele não considerou o dia em que subiu como sendo o primeiro dos quarenta dias. O povo contou os quarenta dias incluindo o dia em que Moshe subiu, e por isso, depois de 39 dias eles acharam que chegou o dia de ele descer.
Existe um anjo chamado de “Satan” que em hebraico quer dizer “desviador”. Esse anjo é comparado a um fiscal do governo que entra em uma loja, compra uma coisa barata e diz que não precisa de nota fiscal. Depois disso manda um relatório para o tribunal de contas acusando o dono da loja de não ter dado essa nota fiscal.
Assim também trabalha o Satan, desce e nos seduz a transgredir um Mandamento Divino, e depois disso sobe e nos acusa no tribunal Divino. Delata a transgressão que fizemos mesmo tendo sido causada por ele.
O método de trabalho dele é simples. Quando Hashem (D’us) criou Adam (Adão) e Havá (Eva), o Satan “baixou” na cobra, e todo o tempo que ele estava nela ela falava, era esperta e inteligente. Depois que ele saiu dela, ela voltou a ser o animal irracional que era desde o começo.
Caso fosse perguntado à ele porque ele falou para Havá comer a fruta proibida, ele responderia:- Hashem pediu para não comer aquela fruta e uma “cobra” falou para comer, à quem eles deveriam escutar?
O tribunal Divino dá um limite para ele. Sempre que há uma revelação Divina, o Satan pode fazer alguma coisa paralela somente até aquele mesmo nível de revelação para que haja o livre arbítrio, nos dando a possibilidade de optar entre fazer o que Hashem (D’us) pediu ou fazer o que a cobra pediu.
Ou seja, se o túmulo de um Tzadik foi aberto depois de centenas de anos do seu falecimento e o corpo dele estava intacto como se estivesse vivo, o mesmo tem que acontecer com o túmulo de um sacerdote da idolatria, para podermos ter o livre arbítrio para escolher entre Hashem (D’us) e a idolatria.
Sendo que a revelação Divina que aconteceu com a entrega da Torá nos tirou esse livre arbítrio, porque vimos uma revelação Divina eternamente incontestável, agora chegou a vez do Satan fazer a revelação dele para podermos escolher entre Hashem e a cobra.
E da mesma maneira que na entrega da Torá Moshe Rabeinu teve uma participação fundamental, Hashem falou os primeiros dois Mandamentos e o povo pediu para Moshe ouvir de Hashem os outros oito Mandamentos e repassar para eles, agora chegou a vez do Satan e os representantes dele naquele momento que eram os feiticeiros da “Erev Rav”, e agora no lugar de escolher entre Hashem e a cobra vamos ter que escolher entre Hashem e o bezerro de ouro
O plano “diabólico”
No começo o Satan fez uma revelação visual. Todos viram no “céu” uma “visão” do “enterro” de Moshe, como muitas vezes pessoas veem discos voadores mas nunca ninguém conseguiu pegar um desses “marcianos” com as mãos, assim também ele mostrou aquele “enterro de Moshe”.
Aí chegou a equipe dos feiticeiros da Erev Rav que fizeram a declaração oficial de que Moshe Rabeinu faleceu e a religião judaica terminou, agora a nova religião vai ser uma estátua, continuação da religião do Egito, país da Erev Rav.
E da mesma maneira que no cristianismo, mesmo sendo uma idolatria continuação da religião anterior da Itália que era a mitologia, mesmo assim eles precisam de um “antigo testamento” para dar legitimidade à ela sendo que a mitologia não tem nenhuma legitimidade.
E por isso os cristãos colocaram um “antigo testamento” no cristianismo para dizer que a idolatria deles é nada mais nada menos do que o nosso D’us que nos tirou do Egito dando assim legitimidade à idolatria deles.
Assim também a Erev Rav precisou de Aharon para ser o Cohen da idolatria e dizer que esse bezerro de ouro é aquele D’us que tirou os judeus do Egito.
O plano de Aharon
Quando Moshe Rabeinu subiu ao Monte Sinai, Aharon Hacohen e Hur, o filho de Miriam, ficaram responsáveis pelo nosso povo. Aharon Hacohen viu que Hur foi assassinado pela Erev Rav e que não conseguiria impedir a Erev Rav de fazer a idolatria batendo de frente com eles, então planejou sabotar a Erev Rav por dentro.
Ele pediu para os homens trazerem os brincos de ouro das mulheres para fazer a estátua. Ele sabia que as mulheres não iriam doar seus brincos para a idolatria, e assim a Erev Rav iria perder a moral.
E ele tinha razão! As mulheres se recusaram a apoiar a idolatria. Até aqui o plano de Aharon deu certo, mas o que Aharon não esperava que acontecesse foi exatamente o que aconteceu. Os homens arrancaram os brincos das mulheres a força e os trouxeram para fazer a estátua
Diz o Ari Zal que a geração do Mashiach é a reencarnação da geração que saiu do Egito e morreu no deserto, e o Mashiach é a reencarnação de Moshe Rabeinu, e por isso essa geração vai ser uma geração de intelectuais a exemplo da geração do deserto que estudou Torá durante quarenta anos.
E a principal característica dessa geração vai ser o fato de todas as mulheres mandarem em todos os maridos. E o motivo para isso é o fato de elas terem ido contra a idolatria e os homens terem arrancado delas os brincos a força para doarem para a idolatria. O Rebe diz que essa geração somos nós! Precisa de mais sinais?
O “yetser hará” da idolatria
A cobra falou para Havá que D’us se tornou D’us porque comeu a fruta da Etz Hadaat, e se eles comessem essa fruta eles também virariam D’us. Eles comeram a fruta proibida para se tornarem D’us, fazendo de si próprios uma idolatria.
Por causa disso a Alma Divina de Adam Harishon se impurificou e recebeu o que que chamamos de “yetzer hará” (mau instinto) da idolatria. Ou seja, sendo que a raiz da Alma de cada um de nós no seu DNA é a Alma Divina do Adam Harishon, sendo assim todos tinham na própria natureza a vontade de fazer idolatria por causa da auto idolatria de Adam Harishon.
Por isso o povo de Israel foi cúmplice da Erev Rav no bezerro de ouro, e por isso durante 790 anos, desde o falecimento de Josué até a destruição do primeiro Beit Hamikdash o principal problema do nosso povo foi a idolatria.
A Guemará nos conta que os “Anshei Knesset Hagdolá”, que eram os Sábios e profetas que viveram entre a destruição do primeiro Beit Hamikdash e a construção do segundo Beit Hamikdash, fizeram um jejum de três dias e três noites direto, e no final desse jejum pediram na Tefilá para que nesse mérito o “yetzer hará” da idolatria fosse anulado. Nesse momento caiu um bilhetinho do céu com a palavra “Emet” confirmando essa anulação.
E sendo que por meio disso aconteceu novamente o mesmo desequilíbrio espiritual que tinha acontecido com a entrega da Torá, ou seja, o livre arbítrio desequilibrou, Hashem (D’us) teve que reduzir a revelação Divina que acontecia por meio dos profetas para equilibrar novamente o livre arbítrio no mundo, e por isso a partir daquele momento não temos mais yetzer hará para idolatria mas também não temos mais profetas.
Conclusão:
Vamos rezar com muita alegria e pedir para Hashem fazer com que a nossa Gueulá aconteça imediatamente, só temos a ganhar!
Tetzavê 5782
בכל הציווים שבתורה נאמר צו את בני ישראל וכיו”ב, וכאן נאמר ואתה תצוה את בני ישראל
Nossa Parashá começa com as palavras “e você vai ordenar”, uma linguagem não usual sendo que esse “e” está acrescentando alguém junto à Moshe Rabeinu.
Às vezes Moshe Rabeinu está falando na Torá em uma linguagem como se fosse Hashem (D’us) falando. Nesse caso, diz o Zohar, é a própria Shehiná (Presença Divina) falando por meio das cordas vocais de Moshe.
Às vezes Moshe discute com Hashem (D’us) e pede para Ele desculpar o nosso povo. Nesse caso Moshe é Moshe e não Hashem falando por meio das cordas vocais de Moshe.
Diz o Zohar que a linguagem da nossa Parashá está nos indicando que nesse caso Hashem e Moshe estão juntos. Não é Hashem sozinho falando por meio das cordas vocais de Moshe e nem Moshe sozinho fazendo um pedido para Hashem, mas os dois juntos.
Mais para frente o Zohar fala sobre como isso acontece com cada um de nós.
זהר דף קפד עמוד ב – תא חזי עלמא תתאה קיימא לקבלא תדיר, והוא אקרי אבן טבא, ועלמא עלאה לא יהיב ליה אלא כגוונא דאיהו קיימא, אי איהו קיימא בנהירו דאנפין מתתא, כדין הכי נהרין ליה מעילא, ואי איהו קיימא בעציבו, יהבין ליה דינא בקבליה
“Se estamos com um sorriso aqui em baixo, assim somos iluminados lá de cima. Mas se estamos tristes aqui em baixo, trazemos para nós as severidades” lá de cima.
Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem. Quando estamos alegres, mesmo que todos os motivos nos levam à direção contrária, despertamos lá em cima uma revelação Divina personalizada para nós.
Nos unimos à Hashem em um nível de revelação da Sefirá chamada de Hessed, e nossa alegria aqui em baixo faz com que Hashem nos traga outra alegria lá de cima, e nos dê agora milagrosamente todos os motivos materiais para estarmos alegres.
וּמִמַּעַל לָרָקִיעַ אֲשֶׁר עַל רֹאשָׁם כְּמַרְאֵה אֶבֶן סַפִּיר דְּמוּת כִּסֵּא וְעַל דְּמוּת הַכִּסֵּא דְּמוּת כְּמַרְאֵה אָדָם עָלָיו מִלְמָעְלָה.
O Alter Rebe nos trouxe a explicação do Maguid de Mezritch sobre o versículo em Yehezkel que diz: “Sobre a aparência do trono uma aparência como a aparência da pessoa”. Ou seja, como a nossa aparência naquele momento. Diz o Maguid que isso quer dizer que como nos comportamos aqui em baixo, causamos a revelação Divina lá em cima.
Ou seja, quando estamos alegres aqui em baixo mesmo sem termos absolutamente nenhum motivo para estarmos alegres, mas muito pelo contrário, todos os motivos eram para estarmos tristes, e não levamos os motivos em conta mas continuamos alegres, a revelação Divina em relação a nós também se torna alegria. E por esse motivo os milagres acontecem invertendo todos os motivos anteriores.
Em outras palavras, a descrição do profeta Yehezkel sobre a revelação Divina ser comparada à aparência da pessoa não é uma coisa material sendo que Hashem está acima da matéria e não tem nenhuma comparação material.
Mas a intenção é que a revelação Divina que está sobre o trono é como a nossa aparência aqui em baixo. Se estamos tristes, mesmo por motivos justos, a revelação Divina em relação a nós é Guevurá. Mas se estamos alegres a revelação Divina em relação a nós é a Hessed (bondade) e aí todos os milagres acontecem. Então vamos ficar alegres, só temos a ganhar.
וְאַתָּה תְּצַוֵּה אֶת בְּנֵי יִשְׂרָאֵל
Nossa Parashá começa com as palavras “e você”. Rabi Hiya no Zohar nos conta que todo lugar na Torá que está escrito “e você” está nos indicando que a presença Divina está junto com ele. Ou seja, este “e” vem nos indicar “alguém e você”, e esse “alguém” é Hashem (D’us).
Rabi Itzhak no Zohar nos explica que essa linguagem aparece para nos indicar que nesse caso a luz de cima e a luz de baixo se unem se tornando uma só.
A consequência disso nesse caso foi que Moshe Rabeinu simplesmente teve que cumprir a missão de repassar ao povo de Israel os assuntos relacionados à construção do Mishkan, mas na prática cada um teve a inspiração Divina causada por essa sincronização entre o mundo de cima e o mundo de baixo e fez o que precisava ser feito mesmo nos mínimos detalhes que Moshe Rabeinu não chegou a repassar, a ponto de ele próprio se espantar com o fato de tudo ter sido feito como Hashem tinha mostrado para ele no Monte Sinai.
Em Parashat Bereshit Hashem diz aos anjos “façamos o homem”. Existem alguns motivos para o uso dessa linguagem.
Hashem não precisou falar para os anjos “façamos um boi ou façamos um cavalo, mas sendo que o nível do ser humano seria superior ao dos anjos Hashem teve que dizer para eles” façamos o homem”. Como, por exemplo, uma mãe que já tem uma criança e vai dar a luz, diz para a criança que está indo ao hospital para trazer um irmãozinho para ele. Ela fala isso para que ele não fique com inveja. Outro motivo é porque os anjos teriam várias responsabilidades em relação à nós.
Sendo assim, se na nossa Parashá a intenção Divina na expressão “e você” é dizer “nós”, por que o versículo já não diz explicitamente “nós” como no caso do versículo que fala sobre a criação do homem? Por que nesse caso parece que o “você” é a pessoa dominante nesse versículo e Hashem aparece simplesmente indicado indiretamente por um simples “e” ?
Nessa mesma Parashá o Zohar traz uma regra profunda que por meio dela podemos entender claramente todos esses “porquês”.
Diz o Zohar que o mundo de baixo está sincronizado com o mundo de cima, e está sempre dependendo dele para receber de lá tudo o que nosso mundo precisa. Mas tudo o que vamos receber vai depender de nós, e não do mundo de cima.
Se aqui nesse mundo estamos com um sorriso no rosto, alegres e felizes, recebemos um sorriso lá de cima, e não precisamos mais nos preocupar com nada porque somos queridos no mundo de cima e todos os nossos problemas vão ser resolvidos com muito amor e carinho
Por isso, diz o Zohar, está escrito no Tehilim que devemos servir à D’us com alegria, porque a alegria da pessoa traz para ela outra alegria superior
Ou seja, quando você está triste você desperta o lado esquerdo do mundo superior, o lado da “guevurá”, e atrai para você todos esses “dinim”, todos os decretos ruins que vem purificar a sua Alma da pior maneira possível e consequentemente a mais dolorosa.
Quando você se esforça e fica alegre mesmo não tendo o mínimo motivo para isso, você desperta o lado direito no mundo superior, o lado da “Hessed”, e Hashem te dá verdadeiros motivos para ficar alegre.
Todos os seus problemas são resolvidos com muito amor e carinho e você recebe todos os motivos do mundo para ser feliz.
Sua Alma é purificada de uma maneira positiva, Hashem te dá muito dinheiro para dar para a Tzedaká. Você consegue fazer muitos favores para muitas pessoas e purifica a sua Alma dessa maneira sem precisar sofrer.
Mas isso não vai depender lá de cima mas sim de você. E por isso nossa Parashá coloca a palavra você como principal, e a revelação Divina como algo que te acompanha.
Porque você vai decidir que tipo de revelação Divina vai te acompanhar. Se Hashem vai se revelar para você como um pai ou como um rei, isso depende somente de você
Conclusão: Fique sempre alegre, não importa a situação. Você só tem a ganhar!
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Nossa Parashá nos conta sobre as roupas do Cohen Gadol.
Muitos segredos se ocultam por trás dessas roupas, como por exemplo o pedido Divino de colocar dentro do Hoshen o Urim e o Tumim.
Nas doze pedras preciosas encaixadas no Hoshen estavam gravados os nomes dos doze filhos de Yaakov, patriarcas das treze tribos de Israel (no lugar dos nomes de Efraim e Menashe estava o nome de Yossef).
Por trás das pedras preciosas, dentro do Hoshen, estavam o Urim e Tumim.
Quando surgia uma pergunta de importância pública, como uma dúvida relativa à estratégia de guerra, ou outro assunto público importante que necessitava de uma resposta Divina explícita, ela era perguntada em frente ao Cohen Gadol que vestia o Hoshen.
Nessa hora, por causa do Urim e Tumim, um milagre acontecia com as letras dos nomes lapidados nas pedras preciosas.
Rabi Yochanan na Guemará (Yoma) diz que um conjunto de letras se destacava e o Cohen Gadol montava com elas palavras por meio de Rua’h Hakodesh (Inspiração Divina). Reish Lakish diz que as letras se moviam milagrosamente e montavam palavras.
O Ramban, Rabi Moshê bem Nachman explica que as letras se iluminavam para o Cohen Gadol e assim elas se ressaltavam.
O que são Urim e Tumim?
Rashi esclarece que o Urim e o Tumim são o Nome explícito de Hashem escrito e colocado dentro das dobras do Hoshen.
Por meio dele as palavras Hoshen se tornavam perfeitas e iluminadas, e por causa desse Nome de Hashem que estava nele, o Hoshen é chamado de Hoshen Mishpat.
Porque por meio dessa escrita, as perguntas eram milagrosamente julgadas e as respostas do Hoshen eram explícitas determinando se fazer ou não fazer o que foi perguntado
Urim
O Ari Zal explica que o Urim era o Nome de Hashem conhecido como Nome “Mem Beit”, letra Mem e letra Beit do alfabeto hebraico cujo valor numérico delas juntas é 42.
Esse nome é chamado de “Mem Beit” por ser composto pelas iniciais de cada uma das 42 palavras da reza cabalística “Ana Bekoa’h”.
Tumim
O Ari Zal explica que o Tumim era o Nome de Hashem conhecido como “Ain Beit” (72) que é assim chamado por ser o valor numérico do “Milui” (preenchimento) do nome de Hashem de quatro letras conhecido como Tetragrama. Ou seja, o nome de cada letra é escrito literalmente e o resultado do valor numérico das letras que compõem os nomes das quatro letras é 72.
Quando o Cohen Gadol estava no Mishkan ou no primeiro Beit Hamikdash, esses Nomes se encontravam dentro do Hoshen. Diz o Ari Zal que não era possível fazer perguntas dessa forma a não ser dentro do Beit Hamikdash ou do Mishkan.
E por isso o Hoshen de Aviatar, o Cohen que fugiu da cidade de Nov que foi atacada por Shaul e se uniu à David antes de ele ser o rei de Israel, não tinha o Urim e Tumim.
Ou seja, David recebia respostas Divinas do Hoshen de Aviatar por meio do Rua’h Hakodesh do próprio David, e não por causa do Urim e Tumim.
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Nossa Parashá nos conta sobre as roupas dos Cohanim, os sacerdotes do nosso povo.
Rabi Anani bar Sasson na Guemará nos conta que essas roupas tinham uma característica espiritual muito interessante: elas faziam a reparação das nossas transgressões.
Sendo que D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem, quando tomamos a decisão de não fazer mais uma coisa ruim e nos arrependemos de tê-la feito, ele nos dá varias oportunidades de retificação para não precisarmos chegar à “medida por medida”. Ou seja, para não precisarmos passar por um sofrimento relativo ao mal que fizemos.
Um exemplo disso é o Shabat que serve como reparação para a transgressão da idolatria.
Imagine um judeu que volta da Índia depois de ter rezado para todas as milhares de estátuas que tem lá, ter feito oferendas para as estátuas e etc. E no final essa pessoa se arrepende de toda a idolatria que fez e vai perguntar ao Rabino o que fazer para retificar toda a idolatria que praticou.
:- Rabino, diz a pessoa, eu acabei de voltar de uma peregrinação religiosa de um ano na Índia. Não teve uma estátua que eu não me prostrei na frente dela, que não rezei ou fiz uma oferenda para ela. Mas agora estou profundamente arrependido de ter feito isso. Como faço para consertar o que fiz? Vou sentar em um formigueiro?
:- D’us nos livre, responde o Rabino. Você vai consertar isso da seguinte maneira:
Compre uma roupa muito bonita para Shabat, faça quatro Halot ,(pães para Shabat), compre um peixe bem grande, tire as escamas e prepare ele bem gostoso para Shabat. Compre dois quilos de uva e faça um suco de uva bem gostoso para o kidush. Faça muitas saladinhas e sobremesa, comemore o Shabat com a sua família com muita alegria, e essa é a sua retificação!
:- Mas Rabino, exclama o homem espantado, isso parece mais um prêmio do que um castigo!
:- Você decidiu que não vai mais fazer idolatria? Pergunta o Rabino, se arrependeu do que fez? Agora tem dois jeitos de retificar, um muito bom e o outro muito ruim. Qual você escolhe?
Como nesse exemplo verídico em relação à idolatria, assim também acontece com todas as transgressões da Torá. Em primeiro lugar temos que tomar a decisão de não fazer a coisa ruim novamente e se arrepender de tê-la feito. O que sobrou agora é retificar o que fizemos. Se não retificarmos de maneira positiva, essa pendência continua. Quando chega o limite, D’us nos livre, somos retificados contra a nossa vontade e de maneira negativa, “medida por medida”. Ou seja, o que fizemos de errado acontece para nós.
Rabi Anani nos conta que no livro de Vaykrá a Torá fala sobre os Korbanot, os sacrifícios de animais, e logo em seguida fala sobre as roupas dos Cohanim. Nos indicando que da mesma maneira que os Korbanot vem para retificar as nossas transgressões, dessa mesma maneira as roupas dos Cohanim retificam as nossas transgressões.
Quando essas roupas eram usadas pelo Cohen Gadol no Mishkan que era um Templo móvel, e posteriormente no Beit Hamikdash que era o Templo Sagrado de Jerusalém, cada uma delas reparava um tipo de transgressão diferente.
Cada roupa com a sua função
Ktonet – a túnica do Cohen Gadol, retificava os assassinatos.
Mi’hnassaim – a calça do Cohen Gadol, retificava as relações ilícitas.
Mitznefet – o turbante do Cohen Gadol, retificava a prepotência.
Avnet – o cinturão do Cohen Gadol, retificava os maus pensamentos.
Hoshen – a joia de doze pedras preciosas que o Cohen Gadol tinha sobre o peito, retificava os erros de legislação.
Efod – o avental do Cohen Gadol, retificava a idolatria.
Meil – o manto do Cohen Gadol, retificava a difamação
Tzitz – como uma tiara de ouro sobre a testa do Cohen Gadol, retificava a arrogância.
A explicação do “Rosh”
Rabeinu Asher bem Yehiel, conhecido como “o Rosh”, nasceu em Colônia na Alemanha antiga aproximadamente no ano de 1250
O Rosh era descendente do grande rabino, Rabi Eliezer bem Nathan, conhecido como o Raaban. Um dos seus oito filhos foi Rabi Yaacov Baal Haturim, autor do Arba’ah Turim, famoso código de lei judaica.
Seu principal professor foi o grande Rabi Meir de Rothenburg que naquela época vivia em Worms na Alemanha antiga. Naquela época o Rosh também trabalhou com empréstimos e a situação financeira dele era muito boa.
Quando Rabi Meir de Rothenburg foi preso pelo governo que queria extorquir a comunidade judaica, o Rosh quis pagar uma fiança astronômica exigida por eles para libertá-lo, mas Rabi Meir recusou, com medo de que isso servisse de incentivo para a prisão de outros rabinos.
Após isso, o Rosh assumiu a posição do rabino Meir em Worms. Porém, foi obrigado a emigrar para a França e depois para Toledo na Espanha, onde se tornou o Rabino da cidade por recomendação de Rabi Shlomo ben Aderet conhecido como Rashba.
Rabeinu Asher faleceu em Toledo no ano de 1328. Ele trouxe o espírito Talmúdico rigoroso e estreito da Alemanha antiga para a Espanha.
Em um dos seus comentários sobre a Guemará, o Rosh explica que as roupas do Cohen Gadol não conseguiram retificar as transgressões de idolatria, assassinatos e relações ilícitas na época do primeiro Beit Hamikdash. O Beit Hamikdash foi destruído e nosso povo exilado para a Babilônia por causa dessas transgressões.
O motivo para isso, explica o Rosh, é que eles não fizeram Teshuvá. Não se arrependeram das atrocidades que tinham feito e não tomaram a decisão de não fazê-las novamente.
Mas se tivessem feito Teshuvá, as roupas do Cohen Gadol retificariam as transgressões, o Beit Hamikdash não seria destruído e nosso povo não seria exilado.
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Porque entre as roupas do Cohen Gadol não havia sapato e meia
Quando rezamos, estamos falando com o Rei. Quando falamos com o Rei devemos estar vestidos adequadamente, e ninguém iria visitar um Rei descalço.
Como pode ser que o Cohen Gadol, a pessoa que nos representava na frente do Rei dia reis, não só que deveria estar descalço mas também se ele colocasse uma roupa a mais, como por exemplo os sapatos, seu trabalho seria inválido? Ou seja, ele nem podia entrar no Mishkan ou no Beit Hamikdash com sapatos.
Don Itzhak Abarbanel, o grande Tzadik que encorajou os judeus a fugirem da Espanha na inquisição, explica que quando Hashem se revelou para Moshe Rabeinu pela primeira vez na ocasião do arbusto incandescente, pediu para Moshe tirar os sapatos, indicando dessa forma que a saída do Egito aconteceria de maneira sobrenatural e não por meio do nosso próprio esforço.
O mesmo podemos dizer sobre o Cohen no Mishkan ou no Beit Hamikdash que eram lugares aonde a revelação Divina acontecia de maneira sobrenatural.
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A estranha história da pessoa que quis se converter ao judaísmo por causa das roupas do Cohen Gadol
A Guemará nos conta que certa vez alguém estava passando por trás de uma sinagoga e escutou de fora uma descrição sobre as roupas Cohen Gadol.
Ele perguntou :- Quem vai vestir essas roupas? :- O Cohen Gadol, respondeu o professor.
Aquele homem que não era judeu, tomou uma decisão consigo próprio, de se converter ao judaísmo com a condição de ser o Cohen Gadol!
Chegou ao tribunal rabínico onde se encontrou com o grande Shamai, que ouvindo o argumento concluiu que a pessoa não tinha uma boa intenção. Provavelmente ele não queria se converter por motivos religiosos mas sim por causa da honra que essas roupas trariam para ele. Shamai o expulsou.
Mas aquela pessoa não desistiu e foi procurar o grande Tzadik da época que se chamava Hilel.
Hilel fez para ele um curso de Cohen Gadol onde a pessoa descobriu que se nem o Rei David poderia ser Cohen Gadol quanto mais ele! Então ele se converteu ao judaísmo e se tornou um bom judeu, sem precisar ser nem Cohen e nem Cohen Gadol.
O que viu nele Hilel que Shamai não tinha visto?
Hilel viu que essa pessoa era muito caprichosa e queria fazer tudo do jeito mais certo possível. Essa pessoa deduziu que o fato de o Cohen Gadol ir com essas roupas demonstrava que ele era mais religioso do que os outros, e, sendo que ele quer se converter “até o fim”, isso despertou nele a vontade de ser o Cohen Gadol. Ou seja, se ele já vai ser judeu, ele tem que ser o judeu mais religioso do mundo.
No curso de Cohen Gadol que Hilel fez para ele, ele aprendeu que até o Rei David, um Tzadik maior do que o Cohen Gadol , não poderia ser Cohen Gadol. Ou seja, dá para ser um Tzadik maior ainda do que o próprio Cohen Gadol sem precisar usar aquelas roupas.
Aprendemos daqui que as vezes acontece de alguém errar e medir o nível de religiosidade de outra pessoa pelas roupas que ele usa. Alguém pode achar que quanto mais sofisticada a roupa mais religiosa aquela pessoa é.
Esse foi o erro de avaliação que aquela pessoa fez há dois mil anos atrás, mas por incrível que pareça isso continua sendo um erro de avaliação muito comum nos dias de hoje.
Trumá 5782
Nossa Parashá nos conta sobre o pedido Divino ao povo de Israel de doarem para a construção do Mishkan. O Mishkan é traduzido como Tabernáculo, palavra que por sua vez também precisa de uma tradução, então vamos usar para ele a palavra Mishkan mesmo!
A linguagem do versículo é: “pegue para mim (para D’us) uma doação”.
Unkelus bar Kalonikus era filho da irmã do imperador romano Titus que destruiu o segundo Beit Hamikdash e causou um verdadeiro holocausto para o nosso povo.
Unkelus se converteu ao judaísmo e se tornou um “Tâna”, que é o título dado aos grandes Sábios da época da Mishná. Deixou de ser Unkelus bar Kalonikus e se tornou Unkelus ben Avraham Avinu.
Ele traduziu a Torá para o aramaico para facilitar seu entendimento para as mulheres, crianças, e pessoas menos estudadas, tornando a Torá acessível aos menos privilegiados, sendo que o aramaico era a língua falada pela maioria dos judeus da época.
Mesmo havendo na época outras traduções da Torá para o aramaico, a tradução de Unkelus que não é uma tradução literal mas sim explicativa, foi escolhida pelos Sábios de Israel para ser lida toda semana junto com a Parashá, e por isso ela já vem impressa em todo Humash ao lado do texto em hebraico.
Essa tradução foi feita quando Unkelus já estava em um nível espiritual elevadíssimo, o nível de Tzadik.
Ele fez essa tradução por meio de Rua’h Hakodesh. Ou seja, ele viu lá no mundo de cima de que forma deveria traduzir aqui no mundo de baixo. Quando ele chegou à esse versículo que diz “pegar” para Hashem uma doação, ele traduziu “dar” para Hashem uma doação.
Se a explicação para esse “pegar” é “dar”, por que então no texto em hebraico está escrito pegar? Aqui revelamos um segredo oculto da Torá: quando você está dando uma doação, na verdade você está “pegando” para você muito mais. Ou seja, no mérito da sua doação Hashem (D’us) te dá muito dinheiro.
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Hashem pediu para Moshe pedir ao povo de Israel uma doação. Diz o versículo: “De toda pessoa que queira doar de coração peguem para mim uma doação”.
Quando Hashem pede essa doação, o versículo usa a palavra “Trumá” como doação e não a palavra “nedavá” que é a palavra certa para isso, sendo que a palavra “Trumá” quer dizer elevação e a palavra nedavá doação.
A tradução da Torá para o aramaico feita por Unkelus não é uma tradução literal mas sim uma tradução explicativa. Quando ele traduz a palavra Trumá ele não a traduz no seu sentido literal que é o de “elevar” mas traduz como separar que já é a explicação do sentido da palavra nesse caso.
Rashi traz a tradução de Unkelus na sua explicação sobre essa passagem da Torá e conclui que a intenção da palavra Trumá no nosso versículo é a de separar. Ou seja, os doadores vão separar uma parte do seu dinheiro para dar como doação.
Sendo que o versículo explicitamente está falando sobre uma doação, e não está falando sobre levantar alguma coisa, como vimos na tradução de Unkelus trazida também por Rashi, por que então a Torá usa a palavra “Trumá” (elevar) e não a palavra “nedavá” (doar)?
צְדָקָה תְרוֹמֵם גּוֹי וְחֶסֶד לְאֻמִּים חַטָּאת
No livro dos provérbios, o rei Salomão usa essa palavra no seu sentido literal: “a Tzedaká eleva o povo”.
Mas o que a Tzedaká eleva mais do que qualquer outro Mandamento Divino a ponto de a nossa Parashá já usar diretamente a palavra elevação no lugar de doação?
O motivo do trabalho
Quando Adam Harishon, o primeiro homem, fez a primeira transgressão, ele perdeu o direito ao paraíso terrestre onde se encontrava, e no lugar disso foi dito à ele:-“Com o suor da sua face você vai comer pão”. Ou seja, a partir daquele momento ele teria que trabalhar duro para ter o que precisa.
Sendo que precisamos “trabalhar para comer”, acabamos levando o trabalho a sério mais do que as outras coisas. Colocamos o principal da nossa dedicação e empenho no trabalho, e também perdemos as melhores horas do dia trabalhando.
O trabalho é a única coisa que fazemos “de todo o coração”, a única coisa que nos dedicamos de verdade. Diz o rei David no Tehilim que os dias da nossa vida são setenta anos e se formos fortes serão oitenta, e no final chegamos à um “mundo melhor”.
Quando já começamos a nos preparar para essa “viagem” pensamos em todo o tempo perdido, toda a grande dedicação e empenho que tivemos no trabalho por medo de não conseguir pagar as contas, quanto tempo levou para ir e voltar do trabalho e quanto tempo ficamos no próprio trabalho.
Chegamos cansados em casa e damos graças à D’us por ter sobrado um pouquinho de tempo para dormir e recuperar as forças para poder viajar de manhã novamente para o trabalho e novamente perder o dia inteiro lá.
E só de pensar que no próximo mundo o importante não é o trabalho material que fizemos aqui mas sim o trabalho Divino, e que lá vamos receber o pagamento pelo trabalho Divino e não pelo trabalho material, ficamos abalados.
E esse pagamento não é pouca coisa. Uma hora no baixo Paraíso equivale a setenta anos dos maiores prazeres aqui neste mundo. Então, com que cara vamos chegar no próximo mundo depois de ter perdido tanto tempo e foco com o trabalho material? Mas Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e por isso nossa Parashá se chama Trumá e não Nedavá.
Por trás da doação
Não teríamos como fazer uma doação de parte do nosso dinheiro sem ter o dinheiro para fazê-la, e para ter esse dinheiro precisamos viajar até o trabalho, nos dedicar à ele de corpo e Alma, perder nele as melhores horas do dia e os melhores anos da nossa vida.
Mas quando damos uma parte desse dinheiro para a Tzedaká, sendo que ele é a consequência do nosso trabalho, todo nosso trabalho se transforma em Mitzvá. Ele se torna a parte principal desta Mitzvá, sem ele a Mitzvá não teria como acontecer.
Por isso nossa Parashá chama a doação de “elevação”, nos mostrando que essa Mitzvá eleva todo o nosso trabalho incluindo o tempo perdido para ir até ele e também para voltar dele, sendo que ele é a parte principal da Mitzvá da Tzedaká.
Então quando terminamos o nosso trabalho e voltamos para casa, podemos dizer confiantes que o dia inteiro estávamos fazendo uma Mitzvá. Por meio da Tzedaká todo o nosso trabalho se transforma em Mitzvá, todo o nosso trabalho se torna a Mitzvá da Tzedaká.
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Nossa Parashá nos conta que Hashem disse para Moshe pedir para o povo de Israel fazerem doações para a construção do Mishkan e tudo o que era relacionado à ele.
A linguagem do versículo é: “Fale ao povo de Israel e peguem para mim uma doação, de cada pessoa que doar de coração peguem a minha doação”.
Essa linguagem é uma incógnita, sendo que os Mandamentos Divinos não dependem da nossa boa vontade, mas ao contrário, devemos vencer nossas más inclinações e obrigarmos a nós próprios fazermos a vontade Divina mesmo que isso seja contra nossa própria vontade.
Ou seja, mesmo que a nossa vontade é o contrário disso, devemos fazer a vontade Divina. Então porque logo aqui no assunto das doações é necessário doarmos do fundo do coração?
A explicação do Zohar
Diz o Zohar que sobre o que é gratuito paira a impureza, e por isso todos os assuntos do lado puro devem ser pagos, para que a impureza não paire sobre eles.
Ou seja, nosso mundo é o mundo da ação, e o que vem de graça é falta de ação. O profeta antigo tinha que fazer uma ação para que a profecia descesse para esse mundo. Ou seja, ela não descia de graça.
Essa explicação justifica automaticamente o motivo de todo o povo de Israel ter tido que participar das doações feitas para a construção do Mishkan e tudo o que foi relacionado à ele.
Sendo que todo o povo de Israel iria usufruir do Mishkan e de tudo o que estava contido nele, todos tiveram que pagar por essa construção para que a impureza não pairasse sobre esse usufruto.
Mas como poderíamos explicar que até a doação do “Meio Shekel” na qual o rico não poderia acrescentar mais do que meio shekel e o pobre não poderia dar mais do que meio shekel, ou seja, uma doação 100% obrigatória, também teria que ser dada do fundo do coração?
A diferença entre doação e descarte
Hoje nos Estados Unidos a coisa mais comum é você comprar um móvel “monte você mesmo”, montar o móvel junto com toda a família como se fosse um grande brinquedo de montar, e junto com isso terminar de quebrar o móvel anterior para conseguir tirá-lo de casa para ser descartado na calçada ao lado da lata de lixo na manhã em que o lixeiro passa na sua rua.
Estava hospedado na casa de uma família que comprou uma cama nova e ficou muito feliz. A família inteira montou junto a cama nova e até eu participei.
Sem conseguir desmontar a cama velha, sendo que os parafusos já estavam enferrujados, quebraram a cama velha em grandes pedaços e colocaram todos os pedaços ao lado da lata de lixo. De tanto entusiasmo esqueceram que naquele dia o lixeiro não passaria.
Eles poderiam ter recebido uma grande multa se não fosse uma pessoa que estava passando por lá e ficou muito feliz ao encontrar aquelas madeiras quebradas que serviriam exatamente para fazer as prateleiras da garagem que ele sempre quis fazer, mas que não achou certo gastar dinheiro com isso.
Pergunta: quem fez a Tzedaká para quem? Com certeza a pessoa que precisava da madeira foi quem fez o favor para quem deixou a madeira na rua no dia errado, porque se não fosse ele, a família que descartou a madeira teria levado uma grande multa.
E como nesse exemplo extremo, o mesmo pode estar acontecendo, mesmo que com menor intensidade, em todas as nossas doações.
Muitas vezes ficamos tão felizes com aquela pessoa que não precisa mais da nossa Tzedaká, mas nossa felicidade não é pelo fato de o pobre ter ficado rico, mas sim pelo fato de que agora vamos “perder menos dinheiro”, agora vamos economizar! Muitas vezes vemos o pouco que damos para a Tzedaká como um grande prejuízo.
Mas será que a Tzedaká é isso mesmo?
O câmbio
Todo ano tenho que ir para New York para o congresso rabínico internacional. Certa vez em um guichê de banco dentro do aeroporto, troquei todo o meu salário em dólares, e vi que ele encolheu seis vezes. Estava em um grande dilema.
Na minha mão tinha muito dinheiro, mas se trocasse tudo o que tinha por dólares ficaria com poucos dólares. Por outro lado, meus reais na América não valeriam nada. E pior ainda, lá não daria nem para trocar esses reais por dólares e ainda teria que guardar esse dinheiro sem utilidade.
Afinal das contas, troquei meus muitos reais por aqueles poucos dólares e inventei um novo provérbio: “é melhor uma aguiazinha na mão do que cinco urubus voando à sua volta”
Nesse momento me lembrei da história que a Guemará traz sobre Mumbaz, o rei de Hadayev que se converteu ao judaísmo junto com sua mãe, a rainha Heleni e toda a nobreza do seu país.
מעשה במונבז המלך
A história do rei Munbaz
A Guemará nos conta que há muitos e muitos anos atrás, em uma cidade que hoje é chamada de Erbil, havia um rei muito rico chamado Munbaz.
Certa vez seu país passou por uma grande crise econômica. Mas sempre que tinha um ano difícil todos sabiam que podiam contar com o bom rei. Ele gastou todos seus tesouros e os tesouros que tinha herdado de seus antepassados com a Tzedaká, com as doações que deu nos anos de crise.
Seus irmãos e parentes se reuniram contra ele e lhe disseram:
:- Seus antepassados ajuntaram muito dinheiro, seu avô e seu pai acrescentaram ao que eles ajuntaram, e você gastou tudo! E agora, o que você tem a dizer?
A Guemará nos conta que “As palavras dos sábios são ouvidas com tranquilidade”, e assim o bom rei respondeu com muita calma e sabedoria:
:-Meus antepassados guardaram as riquezas deles aqui em baixo, mas eu guardei essas riquezas lá em cima.
:-Meus antepassados guardaram as riquezas deles em um lugar onde poderiam ser roubadas, mas eu guardei essas riquezas em um lugar onde ninguém pode roubar.
:-Meus antepassados guardaram as riquezas deles em um lugar escondido que não dá frutos, mas eu guardei essas riquezas em um lugar onde posso receber aqui os frutos dela e mesmo assim elas continuam intactas lá onde estão guardadas!
:-Meus antepassados guardaram as riquezas deles para outros, mas dando elas para a Tzedaká eu guardei essas riquezas para mim!
:-Meus antepassados guardaram as riquezas para serem usadas neste mundo e se foram sem elas, mas eu guardei essas riquezas no próximo mundo, para onde todos nós vamos!
O bom rei Munbaz e sua mãe Heleni Hamalka foram para Yerushalim (Jerusalém) e se converteram ao judaísmo. O exemplo deles foi seguido por todas as pessoas sábias daquele país formando lá uma comunidade judaica linda e maravilhosa.
Nessa hora de desespero no guichê do câmbio do aeroporto me lembrei dessa história. Me lembrei que vai chegar o dia em que terei embarcado para o próximo mundo, mas pensei em alguns detalhes que poderia acrescentar à história do rei Mumbaz.
1- Naquele “aeroporto” não há “casa de câmbio”. Temos que chegar lá com o dinheiro já trocado!
2- Ao contrário da casa de câmbio desse mundo onde a cada cento e vinte reais que você dá você recebe em troca vinte dólares, quando você dá dez centavos para a Tzedaká nesse mundo você recebe em troca centenas de milhões de dólares no próximo mundo. Você ainda usufrui desse investimento aqui nesse mundo e ele continua do mesmo tamanho no próximo mundo.
E por isso é tão importante que a Tzedaká seja feita do fundo do coração e não em forma de descarte. Quando ela é feita do fundo do coração ela é uma “ação”, quando ela é feita em forma de descarte ela é uma “falta de ação”. Por isso, até mesmo a Tzedaká que somos obrigados a dar tem que ser dada do fundo do coração.
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Nossa Parashá nos conta que Hashem pediu para fazermos uma arca de madeira revestida de ouro maciço por dentro e por fora.
Dentro dela estavam as segundas “Tábuas da Lei”, os Dez Mandamentos lapidados pelo próprio Moshe Rabeinu em pedra preciosa, e de acordo com Rabi Yehuda na Guemará, dentro da Arca, embaixo das segundas “Tábuas da Lei”, estavam também os pedaços das primeiras “Tábuas da Lei”. Sobre a Arca havia uma tampa de ouro maciço com dois anjos de ouro sobre ela.
Hashem pediu para soldar duas argolas de ouro puro em cada lado da arca para passar dentro delas duas varas de madeira revestidas de ouro e por meio delas carregar a Arca quando for preciso.
No deserto a Arca foi carregada sobre os ombros dos Bnei Kehat da tribo de Levi por meio dessas varas.
Não precisamos fazer uma faculdade de engenharia para compreender que só por milagre essas argolas não se soltariam quando a Arca fosse carregada, sendo que o ouro puro é demasiadamente mole para ser utilizado, e por esse motivo geralmente ele é endurecido antes do uso sendo fundido com prata e cobre para que possa ser feito dele uma joia.
Mas o milagre da Arca não foi somente o fato de as argolas de ouro não se soltarem quando a Arca era carregada, o milagre era muitas vezes maior do que isso
Dizem nossos Sábios que, não só que os carregadores não carregavam a Arca, mas era a Arca que carregava seus carregadores.
Sendo assim, porque a Torá pede para anexar as varas revestidas de ouro para que ela possa ser carregada sobre os ombros dos Bnei Kehat dessa forma?
Rabi Hanina Ben Dossa e a pedra que subiu para Yerushaláim
Rabi Hanina Ben Dossa viveu há dois mil anos atrás no norte de Israel. O Midrash nos conta que Rabi Hanina, vendo que as pessoas da sua cidade sempre levavam animais para o Beit Hamikdash, e ele que era uma pessoa extremamente pobre, nunca levava nada, foi para o deserto ao lado da sua cidade decidido a encontrar alguma coisa para doar também, e viu lá uma pedra que seriam necessárias pelo menos cinco pessoas para carregá-la.
Ele cortou, lapidou, talhou, modelou e alinhou aquela pedra até ela ficar prontinha para ser doada para o Beit Hamikdash. Agora que a pedra estava pronta, Rabi Hanina tinha que levá-la para o Beit Hamikdash.
Como dissemos, Rabi Hanina era uma pessoa extremamente pobre. Agora ele precisava de cinco carregadores para levar a pedra para Yerushaláim, mas por um preço que combinasse com o seu bolso.
Ele conseguiu cinco carregadores, mas eles pediram uma exorbitância para fazer esse trabalho. Rabi Hanina não tinha como pagar e os carregadores foram embora.
Rabi Hanina rezou e pediu para Hashem ajudá-lo. Hashem mandou para ele cinco Anjos do céu em forma de carregadores sem que ele soubesse que eram Anjos.
Eles ofereceram carregar a pedra por uma bagatela, mas com uma condição: que ele também fizesse alguma coisa! Mesmo que nesse caso isso não iria ajudar em nada. Eles pediram para Rabi Hanina colocar um dedinho na pedra, como se fosse levantá-la também.
Rabi Hanina colocou o dedo na pedra e milagrosamente naquele mesmo instante eles chegaram em Yerushaláim.
Os “carregadores” misteriosamente desapareceram e nem pegaram o pouco dinheiro que Rabi Hanina queria pagar para eles.
Agora podemos entender porque os Bnei Kehat tinham que colocar um ”dedinho” na Arca como se eles estivessem carregando ela, mas na verdade era ela que os carregava.
Os milagres Divinos funcionam dessa forma. No Egito, para que as dez pragas acontecessem Moshe e Aharon precisavam fazer alguma coisinha. Seja bater o cajado no rio, ou até mesmo somente incliná-lo em frente ao mar vermelho.
Assim também acontece com cada um de nós. Por maior que seja o milagre que Hashem quer nos fazer, somos obrigados a pelo menos colocar um dedinho da nossa parte para que ele aconteça.
Entramos agora no mês de Adar. Dizem nossos Sábios “quando entra Adar aumentamos a alegria”.
Então, vamos fazer a nossa parte! Vamos aumentar a alegria e os milagres vão acontecer!
Beshalach
Nossa Parashá nos conta sobre o maior dos milagres da saída do Egito que foi a abertura do mar vermelho.
Os egípcios passaram pelas dez pragas de maneira passiva. As pragas chegavam e iam até que eles nos deixaram sair.
A maior das atrocidades dos egípcios antigos contra nós foi jogar os meninos judeus no rio Nilo.
Agora chegou a hora de eles receberem o castigo sobre isso “midá knegued midá”, medida por medida, ou seja, o que eles fizeram para nós teria que acontecer para eles.
Nessa hora acontecem os maiores milagres. Eles se esforçaram e correram para dentro do mar que se fechou sobre eles. Mostrando para nós que quando chega a hora de alguém receber um castigo lá de cima, Hashem não precisa trazer esse castigo até ele, mas ele próprio corre atrás da própria destruição e investe tudo o que pode para que isso aconteça o mais rápido possível!
Por natureza, a água em um lugar tão quente como o Egito escorre para baixo e nunca congela se tornando um túnel, mas na abertura do mar vermelho a água primeiro se transformou em muralhas de maneira sobrenatural, sem se congelar, e depois voltou a ser líquida sobre os egípcios.
Moshe e o povo de Israel vendo esse milagre tão grande fizeram uma Shirá, uma Tefilá de agradecimento em forma de música, e cantaram ela com muita alegria.
Nessa hora o povo inteiro se uniu. Mais um benefício da alegria, confirmando o provérbio judaico que diz: “A alegria quebra barreiras”!
Essa Shirá se tornou parte da nossa reza de todos os dias. No Sidur do Shlá Hakadosh, Rabi Yeshaiau Halevi, que foi um grande cabalista que nasceu em Praga em 1558, está escrito que temos que ler a Shirá na Tefilá com voz alta e com muita alegria, porque foi assim que o nosso povo falou a Shirá nas margens do mar vermelho.
E também devemos imaginar nesse momento como se fossemos nós próprios que estivéssemos saindo do Egito nesse instante.
Está escrito no Zohar que o nosso mundo que é o mundo mais baixo, recebe tudo lá de cima. Se aqui em baixo estamos reluzindo de alegria, nos sincronizamos com a alegria lá de cima e Hashem nos dá aqui em baixo todos os motivos para ficarmos reluzentes de alegria de verdade, com muito sucesso, muita saúde, muita fartura e prosperidade.
Ou seja, quando estamos alegres aqui em baixo trazemos para este mundo a alegria lá de cima e tudo fica bom de verdade.
Conclusão: Pegamos na Shirá o embalo para essa “muita alegria”! Continuamos rezando com “muita alegria” e levamos essa “muita alegria” para todo o nosso dia contagiando com ela todos à nossa volta, “fazendo a diferença”!
Todas as nossas rezas devem ser feitas com muita alegria
O Maguid de Mezritch nos contou que D’us tem um prazer enorme em ouvir nossas rezas.
Ele deu um exemplo de um grande Rei que tinha um passarinho que falava, e o rei ficava muito alegre em ouvir o passarinho falar.
Mesmo que o rei tinha grandes ministros e uma corte de alto nível que com certeza falavam com muito mais erudição do que o passarinho, mesmo assim ele se entusiasmava muito mais em ouvir o passarinho falar do que ouvir eles.
E o motivo era simples: um ser humano falando é uma coisa normal, mas um passarinho falando é uma coisa fantástica!
Dessa mesma maneira, diz o Maguid, lá em cima existem infinitos anjos que cantam muito mais bonito do que nós, mas nós somos o passarinho que fala!
Somos uma Alma Divina dentro de uma alma animal dentro de um corpo material, e isso “faz a diferença” lá em cima.
Por isso, quando rezamos temos que nos lembrar que Hashem está prestando muita atenção em cada palavra que falamos e tem um prazer enorme em nos ouvir, mesmo se falamos um pouco errado.
Nossa Parashá nos conta também sobre o Man. O povo de Israel saiu do Egito com a comida que eles conseguiram carregar, mas na hora que a comida acabou, nessa hora ela começou cair do céu!
Quando chegaram no “fim do caminho” o mar se abriu, e quando a comida acabou ela começou a cair do céu, nos ensinando que no judaísmo não existe “beco sem saída”!
Uma mãe está sempre cuidando das suas crianças, quanto mais Hashem está sempre cuidando de nós e não nos esquece por aí!
Nossa Parashá nos conta que Hashem mudou o roteiro da viagem do nosso povo, que deveria ser por um caminho mais rápido, o caminho da terra dos filisteus, para um caminho mais longo
A Torá nos dá como motivo que em vista à uma guerra, como aconteceu posteriormente com Amalek, o povo poderia se arrepender de ter saído do Egito e voltar para lá.
Hashem fez o povo desviar de um caminho reto para um caminho sinuoso em direção ao deserto e ao mar vermelho, conduzindo o povo continuamente por meio de uma coluna de nuvem durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite.
No terceiro dia de viagem Hashem pediu para o nosso povo viajar de volta na direção do Egito e acampar em frente à uma estátua chamada de Baal Tzafon que foi a única idolatria que sobreviveu à praga dos primogênitos, quando foram destruídos todos os deuses do Egito.
Hashem deixou o Baal Tzafon inteiro para que o faraó pensasse que essa idolatria era poderosa o suficiente para impedir com que o povo de Israel saísse do Egito, e tivesse coragem de nos perseguir.
Também o motivo de o povo ter viajado para trás foi para que o faraó pensasse que eles estão atrapalhados e fechados pelo deserto, não sabem como sair dele e para onde vão, e consequentemente persegui-los. E assim Hashem destruiria o faraó e todo o seu exército.
O faraó parte para o ataque
Três dias depois da saída do nosso povo do Egito, o faraó, organizou rapidamente seu exército, o melhor exército do mundo, com o melhor equipamento e os melhores oficiais, e partiram para a aparentemente fácil empreitada de nos alcançar e nos trazer de volta para a escravidão.
Lógica humana e lógica Divina
O povo se encontrou em uma situação que era totalmente um “beco sem saída”. Por um lado o melhor exército do mundo com o melhor equipamento, pronto para atacar um povo composto em sua maioria de famílias cheias de crianças. Nesse caso a estatística era zero à nosso favor .
Nesse momento nosso povo reagiu de quatro maneiras diferentes.
Os espiritualistas
Uma parte do povo rezou para Hashem. Por não ver nenhuma solução à curto ou longo prazo, decidiram rezar e não fazer mais nada.
Os realistas
Alguns foram reclamar para Moshe acusando-o de ser o culpado por estarem nessa terrível situação e argumentando que é melhor ser escravo no Egito do que morrer, e optaram por reverter essa situação se entregando ao faraó.
Os patriotas
Alguns decidiram lutar contra os egípcios e entrarem na história como mártires que morreram lutando
Os desesperados
Alguns decidiram pular na água e morrerem afogados sendo que não havia solução para o problema
O milagre
Nessa situação Moshe Rabeinu também rezou, mas a resposta Divina para ele nesse momento foi: “Agora não é hora de rezar, diga aos filhos de Israel para continuarem a viagem, incline o seu cajado em direção ao mar e o povo de Israel entrará no mar à seco!
Por trás da abertura do mar vermelho
A Torá nos conta que quando Moshe inclinou seu cajado em direção ao mar, Hashem trouxe um vento leste forte e quente e o mar se abriu.
De maneira natural, se o mar se abrisse em duas partes por causa do vento, todo o tempo em que esse vento estivesse passando no meio do mar toda pessoa que passasse por lá voaria para longe, e se o vento parasse, as pessoas não voariam mas o mar se fecharia.
Consequentemente esse vento leste não teve nenhuma influência em relação à abertura do mar.
Então porque Hashem trouxe primeiro o vento quente do leste e depois abriu o mar de maneira milagrosa?
O Ramban, Rabi Moshe Ben Nahman, que foi um grande Tzadik e cabalista que viveu na Catalunha há oitocentos anos atrás, nos explicou que realmente o mar não se abriu por causa do vento.
Hashem trouxe esse vento para que os egípcios pensassem que existe uma ligação entre o vento e a abertura do mar, e o que está acontecendo é um fenômeno natural e não um milagre.
Dessa maneira eles entrariam atrás de nós no mar e lá seria a destruição deles
No final, o mar, que no começo era o próprio beco sem saída, se tornou a nossa total salvação.
Muitas vezes achamos que se nem nós próprios conseguimos encontrar a solução para nossos “becos sem saída”, como Hashem vai poder encontrar?
E a resposta está na nossa Parashá: Hashem vai guerrear por vocês e vocês fiquem quietos!
Às vezes temos fé de que tudo vai dar errado e nossa própria fé faz com que tudo dê errado de verdade.
A solução para isso: Deixe Hashem fazer o milagre, e se você não tem fé de que isso vai acontecer, pelo menos não tenha uma fé contrária para dificultar a ajuda Divina, fique quieto e deixe os milagres acontecerem!
Nossa Parashá nos conta que quando o faraó deixou nosso povo sair do Egito Hashem (D’us) não conduziu nosso povo pelo caminho da terra dos filisteus que era o caminho curto para a terra de Canaã que era a nossa “Terra Prometida”.
O motivo para isso, diz a Torá, foi para que o povo não visse guerra e voltasse para o Egito.
Aparentemente isso foi somente uma justificativa porque depois das dez pragas que Hashem fez para nos tirar do Egito não seria problema para Hashem fazer um milagre e eliminar qualquer exército que viesse nos atacar.
E um milagre assim aconteceu posteriormente na época de Hizkiahu, rei da Judeia que foi cercado pelo exército da Assíria. Naquela ocasião Hashem fez um milagre, o Anjo Gavriel se revelou no acampamento dos assírios e todo o exército da Assíria morreu deixando somente cinco sobreviventes.
Para entendermos isso vamos voltar ao episódio do “arbusto incandescente”
A revelação do “Keter”
A Sefirá chamada de Keter de Atzilut é o Mal’hut do mundo do Tohu. A revelação do “Keter”, chamado de “Alma de Itkássia”, o mundo oculto (“Alma” em aramaico é mundo e “Itkássia” é oculto) é a revelação Divina que vai acontecer a partir da ressurreição dos mortos depois dos tempos do Mashiach.
A revelação do Keter é o verdadeiro Paraíso do futuro que se encontra acima do mundo de Atzilut, acima da raiz da nossa Alma Divina, um lugar acima do nosso acesso.
O “Baixo Paraíso” fica no mundo da “Yetzirá”, um mundo acima do nosso, e uma hora lá é como setenta anos dos maiores prazeres neste mundo.
O alto paraíso fica no mundo da “Briá”, dois mundos acima do nosso e uma hora lá é como setenta anos no “Baixo Paraíso” (lembrando que o nosso mundo chamado de mundo da Assiá é o único mundo material).
O mundo de Atzilut, mesmo sendo a raiz da nossa Alma Divina está em um nível de revelação Divina que ultrapassa a capacidade da nossa Alma, e até nossos patriarcas, mesmo sendo a revelação das Sefirot de Atzilut nesse mundo, conseguiram usufruir da revelação delas somente até o nível de mundo da Briá e não de Atzilut. Somente Moshe Rabeinu conseguiu usufruir da revelação do mundo de Atzilut.
Mas na ressurreição dos mortos, o Keter que é o nível que está acima de Atzilut vai ser revelado para todos nós. Nossa Alma Divina vai descer do Paraíso espiritual para ressuscitar neste mundo pelo motivo de que aqui a revelação Divina vai ser maior do que lá transformando nosso mundo em mais Alto Paraíso do que o Alto Paraíso.
Vamos receber de volta nossa alma animal e o nosso corpo vai ressuscitar, e tanto na alma animal quanto no corpo material serão revelados os aspectos espirituais ligados às raízes deles.
Por isso nosso corpo não vai mais ser perecível, e tanto nosso corpo quanto nossa alma animal não vão mais ocultar a revelação Divina, mas muito pelo contrário.
Vamos ter um grande acréscimo dessa revelação por meio deles, a revelação da fonte do corpo material e da alma animal que antecede a fonte da nossa própria Alma Divina.
Quando o jovem Moshe saiu do palácio do faraó para ver o que estava acontecendo com o nosso povo ele viu um egípcio tentando assassinar um judeu à chicotadas. Moshe usou um recurso cabalístico para tirar a alma do corpo do egípcio causando a sua morte e assim salvando aquele judeu.
Moshe falou um nome de Hashem que tira a alma do corpo! Como Moshe saiu do palácio do faraó com todo esse conhecimento de Kabalá? Daqui vemos que da mesma maneira que Bátya, a filha do faraó, contratou a mãe de Moshe para dar de mamar para ele, com certeza depois disso ela contratou o pai dele para estudar a Torá oculta com ele, e com certeza não contratou somente o pai dele mas também os melhores professores de Torá do nosso povo. Dizem também que um Anjo se revela para Moshe para ensinar a Torá oculta para ele, e assim ele sabia esses nomes de Hashem tão específicos.
Moshe fugiu para Midian, e quando chegou na casa de Ytró leu os nomes de Hashem gravados no cajado de Yossef que estava fincado na entrada da casa de Ytró e conseguiu tirar o cajado que ninguém conseguiu tirar antes, e assim ele se casou com Tziporah.
Moshe se tornou o pastor de ovelhas de Ytró, correu atrás de um carneirinho até o Monte Sinai. Quando ele ficou com dó de o carneirinho estar tão cansado e no lugar de bater no carneirinho carregou ele no colo, naquela hora ele viu o arbusto incandescente que era uma representação da revelação do Keter.
O fogo não só que não evaporava a umidade do arbusto causando o incêndio dele, mas muito pelo contrário, ele nutria o arbusto. Lá em cima nas Sefirot de Atzilut a Hessed é a fonte da água do nosso mundo material e a Guevurá é a fonte do fogo.
Hessed e Guevurá não se misturam. A água apaga o fogo e o fogo seca a água. A Tiferet pega um aspecto da Hessed e um aspecto da Guevurá, mas dá origem à uma Hessed aperfeiçoada onde a Hessed e Guevurá originais que deram origem à ela já não existem mais. Ela é uma revelação Divina totalmente nova.
No Keter os dois opostos existem em sua maior intensidade e em perfeita harmonia, um nível superior à todos os níveis.
Naquela ocasião Moshe pergunta para Hashem com qual nome Ele vai se revelar no Egito e Hashem revela para ele o nome de quatro letras começando com a letra Alef que representa a revelação Divina nível Keter.
Ou seja, Hashem revela para Moshe que a revelação Divina para tirar o povo de Israel do Egito vai acontecer até o mais alto nível espiritual, até o nível do Keter.
As pragas do Egito foram milagres sobrenaturais sincronizados com as dez Sefirot lá de cima em ordem de baixo para cima até a Ho’hma incluindo a Daat. Mas a abertura do mar vermelho, diz o Etz Haiim, foi uma iluminação do Keter.
Não a própria revelação do Keter porque não temos a capacidade de atingir esse nível até a ressurreição dos mortos, mas uma iluminação do Keter em um nível que o nosso mundo pudesse suportar e continuar a existir como mundo material.
E por isso a Torá dá como motivo o fato de Hashem não nos ter conduzido pelo caminho da terra dos filisteus porque ele era um caminho curto, curto espiritualmente.
Hashem não abriu o mar para nos salvar mas nos conduziu ao mar para o mar se abrir, para recebermos a iluminação do Keter, como diz o Midrash que a pessoa mais simples do nosso povo viu lá uma revelação Divina maior do que o profeta Yehezkel viu na sua maior profecia.
E por meio dessa revelação, a klipá do Egito, a vitalidade impura do Egito que nos impregnava desapareceu. Como diz o Midrash, o povo viu o anjo do Egito, o anjo responsável por repassar essa força vital impura ao Egito, morto à beira do mar.
Por isso quando nosso povo cantou a Shirá não cantou um cântico com letras de agradecimento por nos ter salvo mas sim um cântico com letras de reconhecimento à grandeza de Hashem.
E sendo que esse milagre foi a iluminação do Keter, os dois opostos aconteceram em plena harmonia.
Diferente das dez pragas que não afetaram o nosso povo porque se tivessem afetado não seria bom para nós sendo que elas só tinham o aspecto da destruição em cada um dos dez níveis das dez Sefirot, diferente disso foi a abertura do mar vermelho.
Tanto nós quanto os egípcios estávamos dentro do mesmo mar, mas para nós estava ótimo e para eles estava péssimo. O mesmo mar que para nós foi a vida, para eles a morte.
Por isso a letra da Shirá, a letra da música que nosso povo fez para agradecer por esse acontecimento, é uma letra de reconhecimento e não de agradecimento.
Expressando por meio dela a alegria de termos descoberto um pouquinho da grandeza de Hashem e sabermos que estamos em boas mãos, de termos tido um pouquinho só da iluminação do Keter e termos tido uma micro revelação da grande alegria que vai acontecer no futuro.
Então vamos começar a cantar desde já os milagres que vão acontecer na Gueulá, na nossa redenção final.
Como nosso primeiro patriarca começou a sofrer quando Hashem revelou para ele que nosso povo iria ser afligido, agora que o Rebe revelou para nós que chegou a hora da Gueulá já temos que começar a cantar a nossa Shirá e já ficar super alegres por antecipação!
Bô
Bo Na nossa Parashá Hashem diz à Moshe “Venha ao faraó”. Na Parashá anterior Hashem diz à Moshe “Vá ao faraó”. Porque a Torá usa duas linguagens diferentes aparentemente se referindo ao mesmo assunto?
A explicação do Baal Haturim
Rabeinu Yaacov bem Asher foi um grande Tzadik que nasceu na cidade de Colônia, que hoje pertence à Alemanha, no ano de 1269.
Rabeinu Yaacov é conhecido como “Baal Haturim”, por causa da sua obra principal chamada de “Arbaá Turim”, dividido em quatro categorias. Obra prima da literatura judaica, que serviu como inspiração para Rabi Yossef Karo na configuração do seu livro código da legislação judaica, o Shul’han Aru’h.
Mesmo sendo mundialmente conhecido como um grande legislador da lei judaica, Rabi Yaacov bem Asher não aceitou trabalhar como rabino e optou por viver uma vida simples.
Naquela época os livros ainda eram escritos à mão, e seu sogro que patrocinava os seus livros pediu para que ele escrevesse um livro que não fosse sobre legislação judaica. E assim ele escreveu uma explicação sobre a Torá que se tornou mundialmente conhecida como “Baal Haturim al HaTorá”.
Hoje a explicação do Baal Haturim acompanha cada livro de Torá junto com a tradução da Torá para o aramaico escrita por Unkelus e a explicação de Rashi.
O Baal Haturim explica na nossa Parashá, que quando Hashem dizia para Moshe ir à casa do faraó falar com ele, é usada a expressão “Bô el Paró” (Venha ao faraó). Mas quando Hashem dizia para Moshe ir ao faraó quando ele estava na água do rio Nilo, é usada a expressão “Vá ao faraó”. (Até aqui a explicação do Baal Haturim).
Diz o Midrash, que o faraó se fazia de divindade. Ele ia todas as manhãs para o rio Nilo fazer suas “necessidades” e dizia para todos que ele é um deus, e a prova disso, alegava ele, era de que ele nunca precisava usar o toalete como todos os seres humanos.
Com certeza quando Moshe se posicionava na frente dele nessa hora, o faraó se sentia “desmascarado” e ficava intimidado, e por isso não havia a necessidade de uma proteção Divina adicional.
Mas quando ele ia ao palácio do faraó, sobre o qual está escrito: “Venha ao faraó porque eu endureci o seu coração e o coração de todos os seus servos”, aí ele precisava de uma proteção adicional, e por isso está escrito “Venha ao faraó”. Ou seja, Hashem já está esperando Moshe lá para protegê-lo antes mesmo de ele vir.
Um exemplo disso vimos com o profeta Elishá (Eliseu). Certa vez o profeta Elishá visitou a cidade de Yerihó (Jericó). Os habitantes da cidade contaram à ele que a cidade é ”tudo de bom”, fora um pequeno grande detalhe: a água da cidade era insalubre, e uma “máfia” dominava o comércio da água na cidade, colocando em real risco de vida todo aquele que tentasse concorrer com esse monopólio.
O profeta deu uma bênção para que as fontes da cidade se purificassem. Imediatamente todas as fontes da cidade viraram fontes de água mineral.
Os jovens assassinos, que lucravam com o desespero dos habitantes da cidade, resolveram assassinar o profeta e o esperaram fora da cidade, imaginando que esse “Homem de D’us” só consegue fazer o bem, e é um velho indefeso nas mãos deles.
Quando o profeta saiu da cidade, eles o cercaram e disseram: “Suba careca”. Ou seja, “vamos te fazer subir para o céu em uma carruagem de fogo como subiu seu mestre”. Em outras palavras eles estavam dizendo, “chegou a sua hora”!
O profeta virou para trás, olhou posta eles com o seu “Rua’h Hakodesh“, viu que deles não sairia coisa boa e os amaldiçoou com o nome de D’us.
Nessa hora aconteceu um grande milagre, e naquela cidade que se encontrava em um lugar tão desértico, surgiu milagrosamente uma floresta.
Da floresta saíram dois ursos que mataram os 42 jovens assassinos. Logo após isso, a floresta e os ursos desapareceram.
E a pergunta é: Se Hashem queria fazer um milagre para salvar o profeta dos assassinos, porque tinha que fazer surgir a floresta junto com os ursos? Aparentemente seria o suficiente surgirem os ursos.
Mas não! Se o urso não está na própria floresta, ele fica intimidado. Para os ursos ficarem tão confiantes e atacarem 42 assassinos, eles precisariam estar na floresta deles.
E o mesmo aconteceu com o faraó. No rio Nilo ele era um farsante pego no flagrante, mas no seu próprio palácio, cercado dos seus servos durões igual à ele, ele se tornava um perigo muito maior.
E por isso Hashem diz para Moshe: “Venha ao faraó”! Venha para cá onde eu já estou para te proteger antes mesmo de você chegar.
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Nossa Parashá nos conta que Hashem endureceu o coração do faraó e dos seus servos para fazer lá grandes maravilhas.
E o motivo para isso? Para que pudéssemos contar essas maravilhas para os nossos filhos até a Gueulá, até a nossa redenção final, quando os milagres serão tão grandes a ponto de que tudo o que aconteceu no Egito se tornar coisa pequena em relação à eles.
Dessa forma, Hashem na sua infinita bondade já nos comunica que não vamos mais passar por uma escravidão dessas, e que não haverá mais necessidade de milagres tão grandes assim até a redenção final.
E até lá, em breve em nossos dias, já temos muito o que contar para os nossos filhos sobre a interação Divina no mundo, sem que precisemos ter que passar por isso novamente.
Mesmo assim, Hashem na sua infinita bondade continuou se revelando para nós por meio dos Tzadikim de cada geração.
E mesmo que milagres tão grandes e que envolveram todo o nosso povo não chegaram à proporção dos milagres da saída do Egito, e até mesmo a redenção da babilônia não incluiu as dez tribos perdidas e não foi uma redenção final como será a nossa Gueulá.
Mesmo assim, todos nós temos muitos milagres pessoais para contar sobre a interação Divina que acontece com cada um de nós particularmente. Então, vamos aumentar os nossos méritos, estudar mais Torá e cumprir mais Mitzvót, e os milagres vão acontecer. Grandes milagres, e em grande estilo!
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A História do povo de Israel no Egito começa com Yossef, que não só salva o Egito da maior crise possível e imaginável, mas também o transforma na maior potência mundial.
Os egípcios antigos, não só que não nos agradeceram por termos feito do Egito o país mais rico do mundo, mas ao contrário, disseram que nós éramos como “espinhos nos olhos deles”.
E sendo que um país rico da época antiga precisava de muitos escravos, nós, que causamos toda essa riqueza, fomos os “escolhidos” para sermos esses “muitos escravos”!
Como pode um acontecimento histórico ser tão absurdo e ilógico?
O Ari Zal explica que, sendo que as almas do povo de Israel no Egito eram a reencarnação da geração do dilúvio, da torre de Bavel e de Sodoma e Gomorra, tínhamos que passar por esses sofrimentos para retificar as nossas almas daquelas pendências anteriores.
E por isso não adiantou trazermos a prosperidade ao Egito. Porque sem eles saberem, essa pendência espiritual foi o que fez com que eles nos escravizassem contra a lógica.
Depois que nossas almas ficaram puras e refinadas de todas as pendências anteriores por meio dos sofrimentos que passamos lá, não só que os egípcios nos deixaram sair, mas ainda nos ajudaram. Nos deram joias de ouro, prata e roupas caras. E o mais absurdo foi o jeito com que isso aconteceu!
Todos no Egito sabiam que quando Moshe avisava que iria acontecer uma praga, a praga acontecia.
Moshe avisou que iria acontecer uma última praga, onde morreriam todos os primogênitos do Egito.
Todos sabiam que isso iria acontecer e que um filho em cada família dos egípcios morreria por causa de nós.
As mulheres egípcias costumavam “brincar” com os filhos das amigas, e como consequência dessas “brincadeiras” engravidavam deles e pensavam que tinham engravidado do marido.
Ou seja, muitos filhos em uma casa eram primogênitos sem que eles ou os próprios pais soubessem.
Na meia noite, quando aconteceu a praga dos primogênitos, muitos homens morreram em cada casa. E todos sabiam que o motivo de todas essas mortes éramos nós.
Nessa exata hora, fomos para as casas dos egípcios, e batemos na porta dizendo:- Estamos indo fazer uma festa no deserto, e não é bonito irmos assim para a festa, com essas roupas pobres e sem nenhuma joia…
Nessa hora que nós, os “culpados” por todas essas mortes, entramos nas casas dos egípcios comunicando à eles que precisávamos de roupas aristocráticas e joias para fazermos uma festa, nessa hora os egípcios deveriam nos chamar de “espinhos nos olhos”. Mas aí aconteceu exatamente o contrário!
Nessa hora eles ficaram cheios de amor e carinho por nós, cheios de simpatia, e nos deram joias e roupas caríssimas. E só depois que fomos embora entre beijos e abraços, eles foram enterrar seus filhos sabendo que eles tinham morrido somente por causa de nós.
Daqui vemos que o relacionamento dos povos do mundo com o nosso povo não têm nenhuma conexão com o que fazemos de bom ou não bom para eles, mas sim com o que fazemos para D’us.
Ou seja, o comportamento deles em relação à nós tem a ver somente com as pendências espirituais atuais ou anteriores das nossas Almas.
Milagres tão sobrenaturais como as pragas do Egito só aconteceram uma vez na história.
Mas se tivéssemos o mérito, aconteceriam de novo na saída do exílio da Babilônia na época dos persas.
Mas sendo que não tínhamos todo esse mérito, Hashem somente inspirou o rei da Pérsia para nos deixar sair do exílio e construir o segundo Beit Hamikdash, o segundo Templo Sagrado de Jerusalém.
Mas milagres sobrenaturais muito maiores do que esses que aconteceram na saída do Egito vão acontecer na Gueulá, na nossa redenção final em breve e em nossos dias!
O Ramban, Rabi Moshe Ben Nachman, foi um grande Tzadik que nasceu em 1194 em Girona na Catalunha .
Ele nos explicou que o motivo de Hashem ter feito somente uma vez esses milagres tão grandes e sobrenaturais foi para mostrar à todos que Hashem dirige e renova o mundo cuidando de cada um de nós de uma maneira especial, não nos abandonando ao acaso.
Por meio da lembrança desses grandes milagres, nós abrimos os olhos para ver os milagres do dia a dia. E essa é a base de toda a Torá, de vermos que tudo o que acontece na nossa vida são Milagres, e tudo depende das nossas atitudes!
Quando cumprimos os mandamentos Divinos, os milagres acontecem!
Então, vamos acrescentar no estudo da Torá e no cumprimento das Mitzvot e os milagres vão acontecer, grandes Milagres e em grande estilo!
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Nossa Parashá nos conta sobre as últimas três pragas que Hashem trouxe ao Egito.
Na Parashá anterior vimos que o Sforno divide as nove primeiras pragas em três grupos, um mais grave que o outro.
Na primeira praga, quando o rio Nilo se transformou em sangue, os magos do Egito também conseguiram transformar água em sangue e o faraó voltou ao seu palácio sem pedir para Moshe rezar para Hashem para tirar a praga. A praga terminou por si só depois de uma semana causando somente um prejuízo financeiro enorme.
Na segunda praga, quando as rãs infestaram o Egito, o faraó mandou chamar Moshe e Aharon e disse para eles rezarem para Hashem tirar essa praga. Moshe perguntou ao faraó “quando ele quer que Hashem retire essa praga”.
Moshe disse isso para o faraó se conscientizar de que as pragas são fenômenos sobrenaturais . O faraó respondeu “amanhã”.
Qualquer pessoa normal em vista à uma dificuldade tão grande pediria para que a praga terminasse imediatamente. Por que então o faraó pediu para Moshe rezar para que a praga termine somente no dia seguinte?
Se o sofrimento estava tão grande a ponto de ele pela primeira vez pedir para Moshe rezar para Hashem tirar a praga, porque de repente ele estaria disposto à sofrer mais um dia?
A esperteza do faraó
Que o faraó era uma pessoa ruim, em relação à isso não temos nenhuma dúvida, mas masoquista com certeza ele não era. Será que desse comportamento estranho poderíamos começar a questionar o nível de inteligência do faraó?
Muito pelo contrário!
Ele viu que a praga anterior tinha passado por si só depois de uma semana, e deduziu que nesse caso também poderia ser igual. Moshe foi criado pela sua própria filha Batya dentro do seu próprio palácio, ela sabia que Batya havia trazido para Moshe os melhores professores particulares e estava consciente de que Moshe estudou muitas coisas.
Sendo assim, talvez Moshe tenha se tornado um especialista em previsão de fenômenos naturais, e o fato de ele ter deixado em aberto o prazo para tirar a praga sabendo que o faraó está no desespero e com certeza iria pedir para ele tirar a praga imediatamente.
O motivo disso, pensou o faraó, com certeza é de que ele sabe que essa praga vai terminar agora por si só como a praga do sangue que terminou por si só depois de uma semana. Por isso ele pediu para Moshe rezar para que a praga no dia seguinte.
No outro dia Moshe rezou forte, e só assim a praga terminou e não continuou por uma semana como a praga do sangue.
Na praga dos piolhos ele não pediu para Moshe rezar para Hashem tirar a praga, e ela também acabou por si só depois de uma semana.
Na praga dos animais selvagens o faraó pediu para Moshe rezar para Hashem tirar a praga. Moshe suplicou para Hashem, rezou muito. Hashem fez de acordo com o pedido de Moshe e os animais selvagens foram embora.
Na praga da epidemia que se espalhou entre os animais, o faraó não pediu para Moshe rezar para Hashem tirar a praga, e ela terminou por si só depois de uma semana.
Na praga da epidemia bulhosa, o faraó não pediu para Moshe rezar para Hashem tirar a praga, e ela terminou por si só depois de uma semana. Na praga do granizo o faraó mandou chamar Moshe e Aharon e pediu para rezar para Hashem tirar a praga. Moshe saiu da cidade, rezou para Hashem e a praga terminou.
E aqui começa a nossa Parashá, com a praga dos gafanhotos.
Na praga dos gafanhotos, o faraó pediu para chamar urgentemente Moshe e Aharon e pediu para eles rezarem para Hashem tirar a praga. Moshe rezou para Hashem e a praga terminou.
Na nona praga, a praga da escuridão, o faraó não pediu para Moshe rezar para Hashem e a praga continuou
A décima praga já foi o castigo por tudo o que eles fizeram, e esse castigo continua na próxima Parashá com o fechamento do mar sobre os egípcios com todos os seus detalhes.
Cada uma dessas pragas foi uma oportunidade que eles tiveram de fazer Teshuvá, voltar para o bom caminho, e o sofrimento da praga seria no lugar do castigo.
Vimos aqui que algumas pragas foram interrompidas no meio pela Tefilá de Moshe Rabeinu.
Como disse o Sforno na Parashá anterior, cada uma dessas pragas era um aviso cada vez mais sério de que o verdadeiro castigo estava para chegar.
Sempre que o faraó pediu para Moshe rezar para uma praga parar, Moshe rezou e a praga terminou antes da hora, e se o faraó deixasse de ser durão os sofrimentos terminariam e o castigo não aconteceria.
Aprendemos daqui uma dica importante
De vez em quando vivemos em condições que nos lembram o Egito. Passamos por situações que nos lembram as pragas que aconteceram lá, e de vez em quando as pragas da nossa vida vão ficando cada vez piores em intensidade que até ficamos com saudades das pragas anteriores. O que fazer?
A solução para isso: Rezar!
E depois que a nossa reza for atendida e nos acalmarmos, aprender com o faraó que não devemos voltar atrás da Teshuvá que fizemos quando estávamos no meio da praga, mas ao contrário! Se até no meio da praga conseguimos fazer Teshuvá, quanto mais quando a praga terminar antes do tempo por causa das nossas rezas.
Então, vamos aprender com a Parashá! Rezar para a praga passar e fazer Teshuvá para não entrar em uma praga pior depois!
Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) pediu para Moshe Rabeinu “por favor” para ele convencer o povo de Israel de os homens pedirem para seus amigos egípcios e as mulheres para suas amigas egípcias objetos de prata e de ouro antes de saírem do Egito, para que eles pudessem sair do Egito com grandes riquezas.
Para que isso pudesse acontecer, Hashem despertou milagrosamente nos egípcios e egípcias uma grande simpatia pelo nosso povo e também Moshe se tornou muito importante para os assessores do faraó e para todo o povo egípcio.
Havia necessidade desse milagre porque o momento em que fomos pedir esses objetos de prata e ouro era exatamente o momento em que os egípcios estavam com seus primogênitos mortos em suas casas e sabiam que isso tinha acontecido por causa de nós
Nesse momento tão desconfortável nós fomos pedir para eles objetos de prata e ouro para fazermos uma festa no deserto enquanto eles estariam enterrando seus filhos. E porque houve necessidade de um milagre tão grande desses numa hora dessas?
Diz Rashi que o motivo para tudo isso foi para que “aquele Tzadik” (Avraham Avinu) não dissesse que a parte do versículo que diz que “seus descendentes serão afligidos” foi cumprida, mas a parte do versículo que diz que “depois disso eles vão sair de lá com muitas riquezas” não foi cumprida.
Surge a pergunta: Se a parte do versículo que fala sobre eles serem afligidos não tivesse sido cumprida, a parte que fala sobre eles saírem de lá com grandes riquezas não precisaria ter sido cumprida também?
Para entender isso vamos voltar na nossa história 430 anos antes desse acontecimento, vamos voltar ao episódio do “Brit bein Habtarim”
Naquela ocasião Hashem diz para Avraham: “Saiba que os seus descendentes serão estrangeiros em uma terra que não é deles e serão escravizados e afligidos durante quatrocentos anos”
וַיֹּאמֶר לְאַבְרָם יָדֹעַ תֵּדַע כִּי גֵר יִהְיֶה זַרְעֲךָ בְּאֶרֶץ לֹא לָהֶם וַעֲבָדוּם וְעִנּוּ אֹתָם אַרְבַּע מֵאוֹת שָׁנָה
O próximo versículo diz: “E também o povo que eles servirem eu vou julgar, e depois disso vão sair de lá com grandes riquezas”
וְגַם אֶת הַגּוֹי אֲשֶׁר יַעֲבֹדוּ דָּן אָנֹכִי וְאַחֲרֵי כֵן יֵצְאוּ בִּרְכֻשׁ גָּדוֹל
Rashi explica que a parte do versículo que diz que “Seus descendentes serão estrangeiros em uma terra que não é deles começa a partir do nascimento de Itzhak, sendo que desde o nascimento de Itzhak até a saída do Egito se passaram 400 anos.
Itzhak tinha 60 anos quando nasceu Yaakov. Quando Yaakov desceu ao Egito disse ao faraó que os dias da sua vida foram 130 anos.
Até aqui vemos que 190 anos desse decreto de 400 anos não aconteceram no Egito, mas no Egito eles ficaram somente 210 anos, lá eles somente completaram os 400 anos do decreto. Nem o primeiro versículo que fala sobre esse decreto e nem o segundo citam o Egito.
Diz o Midrash que o povo de Israel só desceu ao Egito por causa de os irmãos de Yossef o terem vendido. Entendemos daqui que se eles não tivessem vendido Yossef não precisaríamos nem passar pelo exílio do Egito e nem sermos escravizados em outro lugar
O povo de Israel ficou no Egito somente 210 anos, e desses 210 anos foram escravizados 116. Na saída do Egito Hashem faz esse pedido à Moshe para o povo de Israel pedir os objetos de prata e ouro aos egípcios para que Avraham Avinu não dissesse que a parte do versículo que fala sobre a aflição Hashem cumpriu e a parte que fala sobre as grandes riquezas ele não cumpriu.
Não vemos esse pedido em relação aos 190 anos anteriores à descida ao Egito. Os 400 anos começam com o nascimento de Itzhak na terra dos filisteus mas não vemos que Hashem pediu para Itzhak ou para Yaakov pedir nada aos filisteus.
Daqui vemos que existe uma ligação entre a parte do versículo que fala sobre a aflição e a parte que fala sobre as grandes riquezas, vemos que se a parte do “serão afligidos” não acontecesse a parte das “muitas riquezas” também não precisaria acontecer.
Por isso diz nossa Parashá que a nossa “estadia” na terra do Egito foram 430 anos. Os 400 anos do decreto de “Seus descendentes serão estrangeiros em uma terra que não é deles” começaram com o nascimento de Itzhak na terra dos filisteus e o decreto do “seus descendentes serão afligidos” começou na hora que Hashem revelou isso para Avraham sendo que ele já sofreu isso com antecedência, diz o Maharal de Praga no seu livro Gur Arie.
Daqui concluímos que os 210 anos de exílio do Egito poderiam não ter acontecido e só aconteceram porque os irmãos de Yossef o venderam, como diz o Midrash.
E assim também os 116 anos de escravidão dentro dos 210 também poderiam não ter acontecido, e mesmo assim seria considerado que aconteceram sendo que Avraham Avinu já tinha sofrido esses anos com antecedência.
E também depois de Avraham, na época de Itzhak os filisteus brigaram com ele e ele teve que cavar novamente os poços dos tempos de Avraham que foram fechados pelos filisteus.
Posteriormente isso continuou na época de Yaakov que morou em Haran e foi levemente afligido por Lavan. Mas tanto Itzhak que foi levemente afligido pelos filisteus quanto Yaakov que foi levemente afligido por Lavan não chegaram a ser escravizados, e mesmo assim eles fizeram parte desse decreto dos 400 anos.
Tanto no caso de Itzhak quanto no caso de Yaakov Hashem deu para eles grandes riquezas. Itzhak ficou tão rico a ponto de os filisteus ficarem com inveja dele e Yaakov voltou com grandes riquezas de Haran a ponto de Lavan persegui-lo.
Hashem protegeu tanto à Itzhak dos filisteus quanto à Yaakov de Lavan e de Essav. Mas em nenhum desses casos Hashem pediu para eles pedirem essas grandes riquezas tanto dos filisteus quanto de Lavan o arameu, mas Hashem próprio deu essas grandes riquezas para eles.
E sendo que 190 anos desse decreto foram cumpridos dessa forma poderíamos cumprir os 400 anos do decreto sem precisar da escravidão no Egito e nem precisar pedir para eles as grandes riquezas. E por isso, diz o Midrash, que a descida ao Egito que culminou com a escravidão só aconteceu porque os irmãos de Yossef o venderam.
Mesmo assim poderíamos passar os 210 anos no Egito sem escravidão como os primeiros 94 anos que passamos no Egito sem sermos escravizados.
Então como chegamos à essa escravidão se não havia necessidade de ela acontecer?
Quando Moshe Rabeinu foi delatado pelo próprio Judeu que salvou de ser assassinado a chicotadas pelo soldado egípcio, entendeu porque a escravidão estava acontecendo, por causa dos delatores!
Por isso a Parashá nos conta que a estadia do povo de Israel no Egito foram 430 anos, colocando todas as fases do exílio, tanto as que passaram de maneira mais agradável quanto as que passaram com muita aflição em um pacote só.
Nos mostrando que o que está decretado lá de cima pode ser vivenciado por um simples pensamento como no caso de Avraham, ou sem sair da Terra Santa como no caso de Itzhak, ou trabalhando para montar a própria família como no caso de Yaakov, ou simplesmente trabalhando no Egito como no caso de Yossef e seus irmãos. Ou D’us nos livre, levando chicotadas como aconteceu nos últimos 116 anos no Egito.
Conclusão: Tudo depende de nós! Então vamos parar de sofrer! Vamos rezar forte e pedir para Hashem nos mandar imediatamente a Gueulá, sairmos imediatamente de todos os exílios com grandes riquezas e entrarmos imediatamente nos tempos em que “um povo não vai mais levantar a espada contra o outro e que o mundo inteiro vai se preencher com o conhecimento Divino como as águas cobrem o mar” como diz o profeta Yeshaiahu sobre os tempos do Mashiach.
Ou seja, como no mar um lugar é mais profundo e outro menos profundo, assim também será o conhecimento Divino no futuro. Para nós que estamos mais próximos de Hashem, esse conhecimento vai ser muito mais profundo! Então vamos rezar forte para isso acontecer já!
Livro 2 Capítulo 2
Vaerá
Na Parashá anterior Hashem dá à Moshe Rabeinu a missão de ir ao Egito avisar o povo de Israel que Hashem vai tirá-los de lá, e também a missão de repassar ao faraó a ordem Divina de deixá-los sair.
Moshe e Aharon se encontram no Monte Sinai que fica entre Midian aonde estava Moshe naquele momento e o Egito onde estava Aharon.
Moshe e Aharon vão juntos ao Egito, reúnem todos os anciões, os líderes do nosso povo, e repassam à eles a mensagem Divina de que chegou a hora da redenção. Os líderes do povo recebem essa mensagem com total aceitação, plena credibilidade e muita felicidade.
Moshe e Aharon vão ao faraó e dizem à ele:- “Assim disse Hashem D’us de Israel (usando o nome de D’us de quatro letras conhecido como tetragrama), libere o meu povo para eles me fazerem uma festa no deserto” .
Ouvindo isso, o faraó respondeu determinadamente:-“Quem é Hashem que eu tenho que ouvi-lo e liberar o povo de Israel? Não sei quem é Hashem e o povo de Israel não vou liberar”.
O faraó era o maior especialista em religiões do mundo e todo o nosso povo morava naquele país haviam 210 anos, ele sabia muito bem quem era o nosso D’us. Mas esse nível de revelação Divina representado por esse nome de D’us ele não conhecia.
Nosso povo estava escravizado no Egito. O governo trazia para eles palha e eles faziam tijolos. O faraó cancelou a participação do governo com a palha sem reduzir a cota de tijolos que nosso povo era obrigado a fazer, usando como argumento o fato de eles estarem com muito tempo livre e por isso estarem pensando em fazer uma festa no deserto.
A consequência disso foi que nosso povo teve que se espalhar pelo Egito à procura de palha e os responsáveis pelo povo foram açoitados por não estarem conseguindo entregar a cota de tijolos exigida pelo governo.
Moshe pergunta à Hashem:- “Por que você fez a situação do povo piorar, e para que você me mandou para lá? Desde que eu vim ao faraó falar em seu nome ele piorou a situação do povo e você não os salvou”.
Hashem responde à Moshe :-” Agora você vai ver o que eu vou fazer para o faraó…”
A Guemará explica que Hashem está dizendo para Moshe que agora ele iria ver o que Hashem iria fazer para o faraó, mas que futuramente ele não iria ver o que Hashem iria fazer para os 31 reis da terra de Canaã.
Ou seja, Moshe recebeu um castigo pela observação que fez, mas não uma resposta para a sua pergunta.
Hashem não disse para Moshe que aparentemente perdemos uma batalha mas não perdemos a guerra. Simplesmente Hashem quis dizer para Moshe que ele não é como Avraham ao qual Hashem prometeu que iria dar tanto à ele quanto à sua descendência a terra onde ele estava, mas que para enterrar a própria esposa teve que comprar um túmulo por uma exorbitância. E mesmo assim não reclamou.
Ou como Itzhak, que Hashem disse para ele morar naquela terra, e quando seus servos precisaram de água tiveram que brigar com os pastores de Grar e mesmo assim Itzhak não reclamou.
Ou como Yaakov que Hashem disse à ele:- “A terra onde você está deitado, para você eu vou dar”, mas quando ele precisou de um lugar para montar sua tenda ele precisou comprá-la por uma exorbitância, e não reclamou!
Hashem responde para Moshe que por ele ter reclamado ele vai ver os milagres que Hashem vai fazer a ponto de o faraó expulsar nosso povo do Egito antes mesmo de conseguirmos preparar comida para levar, mas ele não vai ver os milagres que Hashem vai fazer para nos colocar dentro da “Terra Santa”.
Em outras palavras, Moshe fez uma pergunta, e o que Hashem respondeu à ele não foi a resposta para essa pergunta.
Nossa Parashá começa com a continuação da conversa entre Hashem e Moshe, e agora Hashem dá à Moshe Rabeinu a resposta à sua pergunta.
Hashem diz para Moshe que se revelou para Avraham, Itzhak e Yaakov com o nome de E-l Sha-dai, mas esse nome pelo qual ele está se revelando para Moshe não revelou para eles.
Ou seja, ele não se revelou para eles nesse nível elevadíssimo que está se revelando para Moshe. No nível de revelação Divina representado pelo nome de E-l Sha-dai, Hashem pôde prometer que vai dar à eles a Terra Santa, mas esse nível de revelação ainda não era o suficiente para eles à receberem na prática.
Na continuação, Hashem diz para Moshe:-“Agora diga ao povo de Israel que eu sou Hashem (representado pelo nome de quatro letras indicando uma revelação Divina elevadíssima) e tirei vocês debaixo do sofrimento do Egito, e salvei vocês do trabalho deles, e redimi vocês com grandes milagres”.
No lugar de dizer “e vou tirar”, a linguagem do versículo é “e tirei”, nos indicando que a parte principal já aconteceu, o que nos leva à profundidade desse assunto.
O bem do mundo revelado e o bem do mundo oculto
Entre o mundo de Atzilut, o mundo espiritual mais elevado, e o mundo de Briá que está abaixo dele, existe uma grande ocultação à qual chamamos de “Tzimtzum”. O mundo de Atzilut em relação ao mundo de Briá é o “mundo oculto”.
Uma bondade Divina que chega para nós do mundo revelado, ou seja, do mundo de Briá, desce para nós de forma revelada. Um bem revelado, visível e palpável, como Hashem explica para Moshe que para os nossos patriarcas ele se revelou nesse nível e prometeu que vai dar à eles e à sua descendência a terra onde eles estavam, a terra de Canaã, a futura terra de Israel.
Nesse nível eles puderam receber a promessa Divina de que essa terra seria deles, mas ainda não tinham como recebê-la na prática.
Uma bondade Divina que chega para nós do mundo oculto, ou seja, do mundo de Atzilut que é chamado de oculto porque está oculto do mundo de Briá por meio do Tzimtzum que existe entre eles, é uma bondade Divina infinitamente maior do que as bondades que tem origem no mundo revelado.
Mas ela não tem como descer para esse mundo de forma revelada. Ela só consegue descer para esse mundo em uma embalagem de sofrimento.
Quando esse sofrimento chega, é sinal de que essa bondade oculta que é infinitamente maior do que a bondade revelada já está lá, mas ainda de forma oculta. E quando a embalagem é aberta, ou seja, quando passa o sofrimento, essa bondade Divina se revela com toda a sua intensidade.
Isso foi o que aconteceu no Egito. Quando a bondade Divina do mundo oculto desceu para esse mundo, a primeira manifestação dela foi o aumento dos sofrimentos, e isso era o sinal de que a redenção do Egito já desceu para o nosso mundo e já começou a acontecer.
Moshe Rabeinu perguntou para Hashem por que ele fez o mal ao povo e não os salvou? Hashem responde para Moshe na nossa Parashá que aqui ele está se revelando com o nome representado pelo tetragrama, uma revelação infinitamente maior do que a revelação que tiveram nossos patriarcas.
E por ser uma revelação infinitamente maior, ela começou em forma de sofrimentos. E por isso Hashem diz para Moshe:-“Agora diga ao povo de Israel que eu sou Hashem (representado pelo nome de quatro letras indicando uma revelação Divina elevadíssima) e tirei vocês debaixo do sofrimento do Egito, e salvei vocês do trabalho deles, e redimi vocês com grandes milagres”.
Ou seja, toda essa bondade Divina já desceu para esse mundo, e a prova disso é que os sofrimentos começaram. A continuação dela são milagres sobrenaturais infinitamente maiores do que os milagres que aconteceram aos nossos patriarcas.
Isso também acontece com cada um de nós. Muitas vezes recebemos lá de cima verdadeiros milagres que, por serem do mundo oculto, são muito maiores do que os milagres do mundo revelado. Mas que por terem uma raiz tão elevada só conseguem descer para esse mundo em uma embalagem de sofrimentos.
Depois que passa a embalagem, o milagre se revela em toda a sua intensidade. Mas por incrível que pareça, muitas vezes continuamos pensando na embalagem de sofrimentos que já se desfez e não temos tempo para ficarmos felizes com o grande milagre que surgiu como consequência dela.
Fazemos da embalagem de sofrimentos o principal e do seu conteúdo de milagres o secundário, uma verdadeira “prisão de ventre” espiritual.
Então, vamos ser espertos, e depois de “descascarmos o abacaxi” vamos esquecer imediatamente das cascas que se passaram e nos focarmos na fruta que estava dentro dela!
Torá na prática: Agradecendo à D’us por uma coisa ruim
Temos que fazer uma bênção agradecendo à D’us por uma coisa ruim que acontece para nós com o mesmo entusiasmo que agradecemos à D’us por uma coisa boa, como diz o Rambam: “Somos obrigados a agradecer por uma coisa ruim que nos acontece com a mesma alegria que agradecemos por uma coisa boa, como está escrito: ”e você vai amar Hashem seu D’us com tudo o que ele te der”.
Assim fazemos passar bem rápido o lado ruim da coisa boa e já começamos a usufruir dessa grande alegria mesmo antes de vê-la, simplesmente por ela já estar aqui.
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Na Parashá anterior, Moshe Rabeinu avisa o povo de Israel que chegou o fim dos sofrimentos, o final da escravidão, e que agora finalmente a redenção vai começar.
Eles despertaram da escuridão em que viviam, saíram da profunda tristeza em que se encontravam, voltaram à vida, e a grande alegria de que os sofrimentos acabaram foi sentida por todos. Só faltava avisar o faraó para liberar o povo de Israel pelo menos por três dias para fazerem uma festa no deserto.
Mas quando Moshe fala com o faraó, a situação fica pior para todos. Não só que o faraó não libera a saída do nosso povo do Egito, mas ainda acrescenta mais trabalho. Mais escravidão dentro da escravidão.
Na nossa Parashá, Hashem (D’us) pede para Moshe falar com o povo de Israel, mas esse “choque” que o faraó nos deu, causou uma nova situação. Entramos em uma etapa em que eles já não ouviram Moshe. E isso, diz a Torá, foi por causa do “fôlego curto” e do trabalho duro, um motivo que não estava presente quando Moshe falou com eles na vez anterior sendo que naquela ocasião eles escutaram e se alegraram.
Rabi Hayim ben Atar, há trezentos anos atrás já definiu esse acontecimento como sendo um problema psicológico que surgiu por causa daquele “choque”. Disse Rabi Hayim ben Atar que “quem entende a complexidade da natureza humana pode entender isso também”.
Ou seja, até aquele momento eles estavam um pouco acostumados com a escravidão. Não estavam felizes, mas também não estavam com “problemas psicológicos” por causa dela.
Moshe Rabeinu anunciou que a Gueulá chegou e todos se alegraram. Quando o faraó acrescentou na escravidão todos ficaram deprimidos, e assim a situação ficou muito pior do que antes, quando ainda estavam meio acostumados com os sofrimentos.
E porque houve a necessidade de Hashem (D’us) nos colocar primeiro nessa situação para só depois nos trazer a Gueulá por meio de milagres sobrenaturais jamais vistos anteriormente?
Para entendermos isso temos que entender primeiramente o que foi o exílio do Egito. 400 anos de sofrimentos, ou 210, ou 430 ou 116?
400 anos contados a partir do nascimento de Itzhak:
Quando Hashem se revela para o nosso patriarca Avraham no acontecimento chamado de “Brit bein Habtarim” Hashem comunica para Avraham que os seus descendentes vão ser afligidos em uma terra estranha durante 400 anos.
Rashi explica sobre isso que esses 400 anos começam a ser contados a partir do nascimento de Itzhak que é considerado pela Torá o primeiro descendente de Avraham, sendo que a Torá exclui Ishmael da descendência do nosso patriarca.
E também pelo fato de Itzhak ter nascido na terra dos filisteus, ou seja, no exílio, sendo que na Brit bein Habtarim, Hashem comunicou à Avraham que os seus descendentes serão afligidos em uma terra estranha, e não especificou qual terra. Por isso Rashi considera a terra dos filisteus como sendo o começo desse exílio. E assim chegamos à 400 anos de exílio.
וַיֹּ֣אמֶר לְאַבְרָ֗ם יָדֹ֨עַ תֵּדַ֜ע כִּי־גֵ֣ר ׀ יִהְיֶ֣ה זַרְעֲךָ֗ בְּאֶ֙רֶץ֙ לֹ֣א לָהֶ֔ם וַעֲבָד֖וּם וְעִנּ֣וּ אֹתָ֑ם אַרְבַּ֥ע מֵא֖וֹת שָׁנָֽה׃ בראשית ט”ו
A explicação do Midrash, 210 anos que foram considerados como sendo 400
Diz o Midrash que pelo motivo de os egípcios terem sido muito cruéis com o nosso povo, cada dia de exílio valeu por dois. Por isso, diz o Midrash, depois de 210 anos saímos do Egito, e mesmo assim esses 210 anos foram considerados pela própria Torá como sendo 400 anos de sofrimento por causa da sua intensidade.
430 anos contados a partir do “Brit bein Habtarim”
Rashi explica que quando a Torá atesta que o nosso povo esteve no Egito durante 430 anos, está fazendo essa contagem a partir do momento em que Hashem comunicou para Avraham que os seus descendentes vão ser afligidos em uma terra estranha.
וּמוֹשַׁב בְּנֵי יִשְׂרָאֵל אֲשֶׁר יָשְׁבוּ בְּמִצְרָיִם שְׁלֹשִׁים שָׁנָה וְאַרְבַּע מֵאוֹת שָׁנָה
Mas como a Torá pode considerar os nossos sofrimentos a partir do momento em que ele nos foi comunicado e não a partir do momento em que ele começou?
Diz o “Gur Arie” que quando uma pessoa recebe o comunicado de que um grande sofrimento está para chegar à ela, (como por exemplo, o médico marca para ela a data de uma operação) a partir do momento em que ela ouve que isso vai acontecer, ela já começa a sofrer. E por isso Hashem considerou os nossos sofrimentos no Egito a partir do momento em que comunicou esse fato ao nosso patriarca Avraham.
210 anos no Egito mas só 116 de escravidão
Na prática quando fazemos o cálculo da descida oficial do nosso povo ao Egito que foi quando Yaakov desceu ao Egito com toda a sua família que eram 70 pessoas, entre a descida ao Egito e a saída de lá temos 210 anos.
Yaakov viveu 17 desses 210 anos em uma verdadeira revelação do paraíso lá de cima, e a escravidão só começou depois que o último dos irmãos de Yossef faleceu. Ou seja, desde o começo da escravidão até a saída do Egito não se passaram mais de 116 anos. Então, como pode a Torá considerar 430 anos ou 400 ou até 210 se somente 116 foram escravidão?
Diz o Zohar que qualquer sofrimento nesse mundo pode ser trocado por outro de outra categoria, e existem categorias que são verdadeiros “bônus” como o estudo da Torá e a Tzedaká.
Ou seja, quando nos esforçamos para estudar a Torá da maneira correta, diz o Zohar, lá em cima é considerado como se estivéssemos trabalhando duro para construir Pitom e Ramsés ou para fazer todos os trabalhos forçados.
E por isso todo esse número de anos 430, 400, 210 e 116 foram considerados pela Torá como sendo anos de intensa escravidão, mesmo que a tribo de Levi foi uma exceção no exílio porque estava totalmente dedicada aos estudos da Torá e não participou da escravidão nem nos 116 anos em que ela realmente aconteceu.
Por isso a Torá considera como se todos tivessem sido escravizados em todos esses anos, mesmo que para uma tribo inteira isso nunca aconteceu e para as outras aconteceu somente 116 anos.
Porque o que estava decretado para aquelas pessoas que deveriam sofrer para retificar o que fizeram de ruim nas reencarnações passadas foi retificado pelo esforço que eles fizeram para estudar Torá e por isso não precisaram ser escravizados na prática para fazer essa retificação.
Então, vamos nos esforçar bastante para aprender muita Torá e cumprir muitas Mitzvót, nós só temos a ganhar!
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Na nossa Parashá, D’us diz à Moshe que se revelou aos patriarcas com o nome de E-l Sha-dai (falamos Kel Shakai para não falar um nome de D-us em vão) e seu nome Y-H-V-H (o que chamamos de Hashem que quer dizer “o Nome”) não revelou para eles.
D’us está acima de todos os nomes, o que chamamos de “extrema simplicidade”, mas mesmo que sua essência está acima de todos os nomes, no lugar aonde você encontra a sua grandeza você encontra a sua humildade.
Por isso ele desce ao nível dos receptáculos das dez Sefirot de Atzilut e lá é chamado de E-L (Kel) na Sefirá da Chessed e Elo-him (Elokim) na Sefirá da Guevurá , em cada aspecto de revelação ele é chamado com um nome diferente.
Quando a revelação Divina é diferente, queremos dizer com isso que o comportamento Divino em relação ao mundo também é diferente.
Rabi Avraham Ben Meir Ibn Ezra foi um grande Tzadik que nasceu na Espanha no século 11, fugiu dos árabes que perseguiram os judeus, e viveu uma vida de muitas e longas viagens divulgando a Torá por muitos lugares. Ele nos explicou que existem três níveis de comportamento Divino diferentes :
Quando D’us é chamado de Elokim (trocamos o H pelo K porque esse é um dos sete nomes de D’us que não podem ser apagados e nem falados em vão), isso quer dizer que Ele está atuando somente de acordo com as leis de natureza, dirigindo o mundo por meio de um sistema astrológico que aciona toda a natureza não levando em conta as nossas ações sendo elas boas ou não. (dentro disso os astrólogos antigos conseguiam saber antecipadamente certas coisas que iriam acontecer sendo que esse comportamento Divino independe das nossas ações).
Quando D’us é chamado de Kel Shakai (novamente trocamos o H pelo K porque esse é um dos sete nomes de D’us que não podem ser apagados e nem falados em vão) isso quer dizer que Ele está atuando de maneira sobrenatural mas totalmente dentro da natureza.
Nesse nível ele está levando em conta nossas ações e fazendo a natureza agir à nosso favor quando nos comportamos bem (e o contrário está subentendido), nos fazendo verdadeiros milagres mas totalmente revestidos na natureza. E esse foi o comportamento Divino com os Patriarcas.
Nesse nível de revelação D’us pode prometer milagres sobrenaturais mas eles ainda não acontecem na prática, e por isso nosso patriarca Avraham, até o túmulo da própria esposa teve que comprar por uma exorbitância mesmo que Hashem tinha prometido à ele aquela terra.
Quando D’us é chamado de Havaie [Y-H-V-H] (vamos falar Hashem), isso quer dizer que Ele está atuando de maneira sobrenatural, surreal, com milagres revelados que não tem nenhuma conexão com a natureza, como no caso das dez pragas, (mesmo aquelas que superficialmente parecem naturais tem um fundo totalmente sobrenatural).
Esse comportamento Divino não depende de nenhuma forma das nossas ações, boas ou não, mas sim da nossa origem. Esse nível de revelação é específico para o povo de Israel. Como o próprio D’us diz para Moshe que vai cumprir o que prometeu à Avraham, ou seja, recebemos os milagres sobrenaturais no Egito porque éramos descendentes de Avraham. Não pelo nosso próprio mérito mas sim pela essência de sermos judeus que é relacionada à nossa alma.
Conclusão: hoje que se passaram mais de 3333 anos da saída do Egito, vimos que o único povo que saiu de lá dessa maneira sobrenatural fomos nós.
Mesmo que o continente africano sempre foi cheio de genocídios e muitos povos tiveram que fugir de um lado para o outro, e com certeza a Divina providência levou em conta as ações de cada um sendo que o comportamento Divino é “midá knegued midá”, medida por medida.
Mas milagres sobrenaturais como o rio Nilo se transformar em sangue ou uma grande rã dar origem à milhões de rãs que entravam nos fornos, contrário da natureza animal, ou a terra se transformar em piolhos, isso só aconteceu para nós. E não por causa das nossas ações, mas por causa das nossas almas judias.
Hashem atendeu aos gritos do nosso povo para antecipar os milagres sobrenaturais que já estavam prometidos.
O mesmo acontece agora que estamos antes da Gueulá, da nossa Redenção final.
Até agora os milagres do Egito tinham sido os maiores e mais surreais que a humanidade já presenciou, mas a nossa Gueulá vai colocar os milagres do Egito em segundo plano de tão sobrenaturais que vão ser.
Então pra que esperar? Vamos fazer como os nossos ancestrais no Egito e gritar, pedir para Hashem nos tirar do exílio já!
Dar os nossos gritos agora e antecipar para imediatamente os maiores milagres sobrenaturais que o mundo nunca viu!
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Nossa Parashá nos conta sobre as pragas que Hashem mandou aos egípcios para nos tirar de lá.
Muitas vezes Hashem diz para Moshe Rabeinu que vai endurecer o coração do faraó, o que nos dá a impressão de que o “coitadinho” do faraó não é mais o culpado de nos segurar no Egito sendo que Hashem endureceu o coração dele, aparentemente tirando dele o livre arbítrio.
Mas o contrário é o certo, Hashem endureceu o coração do faraó para que ele pudesse optar em nos deixar sair da escravidão por própria opção, com seu próprio livre arbítrio!
Poderíamos perguntar: Como pode o fato de Hashem ter endurecido o coração do faraó fazer com que ele cheguasse à um verdadeiro livre arbítrio, e para que esse livre arbítrio é tão importante?
A primeira pergunta é fácil de responder
A praga fez com que o faraó ficasse intimidado e ele poderia deixar o povo de Israel sair do Egito não por causa que Hashem pediu, mas por estar amedrontado.
Para que isso não acontecesse, Hashem deu para ele uma coragem anormal para equilibrar o medo que a praga causou, e assim ele pôde dar a própria opinião, por livre arbítrio, sem ser intimidado pela pressão da praga.
Mas o que importa para nós se o faraó vai fazer teshuvá, se arrepender de nos ter escravizado, e nos deixar sair do Egito por livre e espontânea vontade? Para nós o suficiente é que ele nos deixe sair.
E ainda mais, o motivo que Hashem dá para Moshe de endurecer o coração do faraó é para aumentar o número de pragas para termos o que contar para os nossos filhos no futuro!
Aparentemente para nós isso não seria necessário, sendo que os milagres que sucederam a saída do Egito como o “poço de Miriam que nos acompanhou durante quarenta anos no deserto provendo água para milhões de pessoas durante todo esse tempo, a comida que caiu do céu, e as nuvens que nos protegeram do clima e dos perigos do deserto, foram milagres muito maiores do que o granizo que caiu no Egito ou os animais selvagens que o infestaram, e aparentemente já teríamos o que contar para os nossos filhos sem precisar das pragas do Egito.
E se Hashem fez isso para os egípcios verem a grandeza Divina, com certeza ele teria melhores meios de mostrar sua grandeza do que por meio de pragas.
A explicação do Rav Ovadia Sforno
Rabi Ovadia Sforno foi um grande Tzadik que nasceu e viveu na Itália há 500 anos atrás
Ele nos contou que tanto a última praga, quando morreram os primogênitos do Egito, quanto o milagre de o mar ter se fechado sobre os egípcios uma semana depois, foram o castigo que eles levaram pelo que nos fizeram.
Isso é a regra Divina chamada de “midá knegued midá”, medida contra medida, colocada na prática.
Vemos isso também nas palavras de Ytró que quando ouviu sobre a saída do Egito e a abertura do mar vermelho disse que “de acordo com o que eles fizeram eles receberam”.
Nenhum rei consegue fazer atrocidades se não tem um povo inteiro que o apoie, e o castigo deles por terem participado do projeto do faraó foi perder os filhos na praga dos primogênitos que recaiu sobre todos os egípcios, e os que persistiram no erro e correram atrás de nós depois que já tínhamos saído, morreram afogados no mar vermelho.
Mas as outras pragas, diz o Rav Ovadia Sforno, não foram o castigo deles, mas sim fenômenos colossais que vieram como sinais de que se eles não fizessem Teshuvá, se não melhorassem o seu comportamento, o castigo iria chegar.
Esses “avisos” aconteceram porque Hashem não deseja a morte de uma pessoa por pior que ela seja, mas sim que ela faça Teshuvá, se arrependa das suas maldades.
E até no caso dos egípcios, Hashem não fechou para eles em nenhum aspecto os caminhos da Teshuvá verdadeira, e se eles fossem espertos e voltassem para Hashem por amor à sua bondade e temor à sua grandeza, o castigo decretado para eles não aconteceria.
Essa é a Teshuvá que chega até o “Trono Divino”, voltar para Hashem por amor à sua bondade e temor à sua grandeza, ela é a que nos salva e nos dá afinidade com Hashem.
Mas mesmo se eles fizessem uma Teshuvá mais simples, como escravos em relação ao dono, não por amor à sua bondade e temor à sua grandeza mas somente por temor ao castigo que poderiam receber, até isso já seria bom.
E por isso, diz o Rav Ovadia Sforno, sendo que Hashem deseja a Teshuvá dos malfeitores e não a sua morte, Hashem aumentou o número de pragas endurecendo o coração do faraó para que os egípcios fizessem Teshuvá, vendo a expressão da grandeza e bondade Divina por meio desses fenômenos colossais atemorizadores, como está escrito “para mostrar à você a minha força”.
E junto com isso a intenção Divina era para que nós também pudéssemos ver o que aconteceu lá e despertar o nosso temor.
E esse é o motivo que Hashem dá para Moshe de endurecer o coração do faraó para termos o que contar aos nossos filhos no futuro. Ou seja, para nós que vimos o que aconteceu com eles contarmos aos nossos filhos que tudo isso fará Hashem com uma pessoa para trazê-lo de volta ao bom caminho.
E quando vemos que alguma coisa desse gênero está acontecendo conosco, temos que ser espertos e rapidamente reavaliar nosso comportamento e fazer Teshuvá para não chegar até o final como aconteceu para eles.
Em resumo, se Hashem não endurecesse o coração do faraó, ele sem dúvida nos deixaria sair.
Não por motivo de ter feito Teshuvá, de ter se arrependido de mesmo consciente da grandeza e bondade Divina, ter atuado contra a vontade Divina.
Mas por motivo de não conseguir mais suportar o sofrimento da praga. E isso claro, não seria considerado uma Teshuvá.
Mas se o faraó quisesse se submeter à Hashem e voltar para ele por meio da Teshuvá, nada o impediria.
Ou seja, o endurecimento do seu coração não tirou dele o livre arbítrio e ele poderia optar por fazer teshuvá a qualquer momento.
Hashem endureceu o coração do faraó para ele se esforçar em aguentar as pragas e não deixar nosso povo sair de lá simplesmente por causa delas, porque por meio delas os egípcios iriam reconhecer a grandeza e bondade Divina e fazer alguma teshuvá verdadeira.
Aviso antes das pragas
Moshe Rabeinu avisava o faraó antes de a praga chegar, mas em três casos ele não avisou com antecedência
1- Quando Aharon transformou o pó da terra do Egito em piolhos
2- Quando Moshe jogou as cinzas na frente do faraó e elas se transformaram em uma epidemia bulhosa
3- Quando Moshe inclinou sua mão aos céus e trouxe a praga da escuridão
O motivo para isso é que as nove pragas que serviram como sinais (porque a décima foi castigo) são divididas em três grupos:
1- sangue, rãns e piolhos foram sinais que aconteceram por meio dos dois elementos minerais pesados, a terra e a água
2- feras, epidemia animal e epidemia geral foram sinais que aconteceram por meio dos animais
3- granizo, gafanhotos e escuridão foram sinais que aconteceram por meio do espaço aéreo
A cada duas pragas de cada categoria Moshe avisava com antecedência e a terceira acontecia sem aviso prévio
No começo da terceira categoria de pragas que foram os sinais que aconteceram no espaço aéreo do Egito, Moshe avisa o faraó que dessa vez Hashem vai mandar todas as pragas ao “coração” do faraó, da sua corte e do seu povo.
Essa expressão nos indica que as pragas das duas primeiras categorias, quando terminaram o medo passou.
Mas essas, dessa próxima categoria vão deixar eles traumatizados para o resto da vida. Cada uma dessas próximas pragas vai ficar no coração, no sentimento de cada um. O medo de cada uma delas vai continuar também depois de elas passarem.
Como vemos, até aqui Hashem vai revelando para eles gradativamente seu poder dentro da natureza, cada vez com mais intensidade.
Mas em relação ao sobrenatural, Hashem só mostrou isso para eles no mar vermelho, quando se revelam coisas como o Anjo de Hashem, a coluna de nuvem e a coluna de fogo, que a realidade dessas coisas era totalmente sobrenatural.
Rabi Ovadia Sforno nasceu em cesena, uma cidadezinha bem pequenininha no norte da Itália, e teve que se mudar de lá por causa dos anti-semitas.
Fora o fato de ter sido um grande erudito da Torá, também estudou medicina.
Morou em Roma em uma época em que, ao mesmo tempo que Portugal e Espanha passavam pelo pico da inquisição, em Roma não só que o Papa tinha afeto pelos judeus mas até deixou editar lá o Talmud e deu aos judeus de Roma direitos de cidadania iguais aos não judeus.
No final ele teve que deixar Roma por motivos financeiros, e depois de ter morado em várias cidades da Itália mudou-se para Bologna e de lá divulgou seus conhecimentos para todo o mundo
Livro 2 capítulo 1
Shemot
Nossa Parashá nos conta sobre a descida do nosso povo ao Egito que começa com a descida de Yaakov e seus filhos
O Ari Zal nos conta que até a época de Yaakov nosso povo não pôde se formar devido ao nível espiritual em que nossas Almas se encontravam, como está escrito mais para frente: “tirar um povo de dentro de outro”. Ou seja, eles estavam em um nível espiritual tão baixo que são comparados ao povo de onde saíram.
No Egito começou o conserto das Almas do nosso povo, começando pelos filhos de Yaakov e se estendendo à sua descendência.
O povo de Israel ficou 210 anos no Egito, dentre eles 130 eram para o conserto das Almas Divinas que Adam Harishon trouxe ao mundo nos 130 em que que esteve separado de Havá, período em que ele se relacionou maritalmente com duas demônias.
Nessas relações ele trazia Almas Divinas de um nível muito alto chamado de “Daat”, e por não existir uma mulher material nessas relações, aquelas Almas Divinas se revestiam em corpos de demônios criados pelas próprias demônias com quem ele se relacionou
Posteriormente essas Almas Divinas nasceram como seres humanos, e se tornaram as gerações que por suas atrocidades causaram o dilúvio, mas eles próprios morreram felizes antes do dilúvio. Agora, aqui na nossa Parashá, esses grandes criminosos nascem como doces crianças judias no Egito e são jogados no Rio Nilo pelo decreto do faraó.
Dessa maneira essas Almas Divinas chegam ao seu conserto, e depois de 130 anos de exilio no Egito, anos que são relacionados à descida daquelas Almas da época em que Adam se separou de Havá, Moshe Rabeinu nasce. Quando Moshe é colocado no Rio Nilo o decreto do faraó termina, porque a retificação dessas Almas já terminou.
Aquelas Almas também tinham passado por uma segunda reencarnação e nela eles construíram a torre de Bavel para provar ao mundo que não existe D’us e portanto é permitido matar, roubar e etc. Por isso na nossa Parashá o faraó escraviza nosso povo para construir Pitom e Ramsés, a retificação daqueles que construíram a torre de Bavel.
A regra Divina é de que D’us faz acontecer as coisas boas do mundo por meio das pessoas boas e as coisas ruins por meio das pessoas ruins.
As coisas ruins pelas quais passamos purificam nossa Alma, mas isso não as transforma em coisas boas e nem a pessoa que a fez em pessoa boa, mesmo tendo causado para nós ocultamente um bem imensurável.
Por isso o faraó foi escolhido lá de cima para nos fazer todos esses sofrimentos, sendo que ele ganhou lá em cima o “concurso Divino” de “pessoa ruim da geração”, incluindo o grande “prêmio”, ou seja, o grande castigo que ele levou mais futuramente por ter nos causado todo aquele sofrimento.
O “Povo” e os filhos de Israel
Diferente do “Guer”, o convertido da Torá, que sobre ele está escrito: “quando morar com você um convertido”, demonstrando que esse caso é raro, como foi o caso de Ytró, sogro de Moshe Rabeinu, e Tzipora, a esposa de Moshe, midianitas que se converteram ao judaísmo e por esse motivo foram perseguidos em Midian.
Diferente dos países aonde os judeus foram forçosamente assimilados em massa e depois de centenas de anos seus descendentes despertam querem se converter ao judaísmo
E diferente das dez tribos perdidas que provavelmente se assimilaram entre os povos do mundo e Mashiach vai trazer todas elas elas de volta sem nenhuma exceção.
Diferente de todos esses casos é o caso daquelas pessoas chamadas pela Torá de Erev Rav.
Diz o Ari Zal que a “Erev Rav” são Almas Divinas da mesma raiz que o povo de Israel no Egito e passaram pelos mesmos acontecimentos que as Almas do nosso povo passaram.
Foram trazidas para o mundo nos 130 anos em que Adam se separou de Havá, foram engravidadas pela duas demônias com quem Adam se relacionou, e posteriormente nasceram como a geração que causou o dilúvio. A raiz dessas Almas é o lado de trás da “Daat Elion”, a terceira das dez Sefirot.
Tudo igual menos uma coisa: As Almas do nosso povo, mesmo existindo nelas um lado ruim, elas iam se refinando por meio dos sofrimentos. Mas no caso da Erev Rav, o lado ruim superava o lado bom e o dominava e os sofrimentos não eram o suficiente para refiná-las.
No começo da nossa Parashá, quando o faraó diz que o povo, filhos de Israel, são tremendamente mais numerosos do que os egípcios, não poderia estar se referindo ao nosso povo, sendo que a estatística da época é de que existiam 30 egípcios para cada judeu.
Diz o Ari Zal que o faraó se referiu à Erev Rav que Yossef aproximou do judaísmo, fez com que fizessem o Brit Milá e os colocou em cidades separadas.
Eles são chamados pelo faraó de “O Povo” dos filhos de Israel, e o faraó achava que acabando com os judeus eles desapareceriam automaticamente.
Esse “lado ruim” da Erev Rav atraiu os decretos do faraó sobre nós e continuou trazendo desgraças sobre o nosso povo, culminando com o fato de o próprio Moshe Rabeinu ter falecido no deserto. A própriaErev Rav que saiu do Egito também não entrou na Terra Santa, tendo falecido naqueles quarenta anos em que nosso povo viveu no deserto.
Então porque Moshe aproximou a Erev Rav a ponto de pedir para Hashem “apagar” o nome dele da Torá se não desculpar o “povo” que fez o bezerro de ouro?
Diz o Ari Zal que o trajeto da Alma de Moshe Rabeinu começa em Hevel (Abel) e também passa por Noa’h que viveu na geração em que essas almas da Erev Rav eram parte da geração que morreu no dilúvio.
Noach não rezou por eles e não se importou com o fato de eles serem “apagados” da face da terra. Por isso Moshe Rabeinu se preocupou tanto com eles e estava disposto a ser apagado da Torá para que eles não fossem apagados da face da terra, e assim ele retificou esse aspecto da Alma de Noa’h.
No final da nossa Parashá nosso povo se espalha pelo Egito a procura de palha para conseguir trazer a cota de tijolos decretada pelo faraó.
Esse decreto de “amargaram nossa vida com cimento e tijolos” já é citado no começo da Parashá
A regra da Torá é de que para uma coisa ser decretada aqui embaixo, primeiro ela tem que ser decretada lá em cima.
O motivo desse decreto ter acontecido aqui em baixo foi o fato de aquela geração que causou o dilúvio ter se reencarnado posteriormente para consertar o que fez de errado, e no lugar disso fizeram a Torre de Babel para provar cientificamente ao mundo que D’us não existe e consequentemente é permitido fazer qualquer coisa ruim sendo que D’us não dirige o mundo e não nos dá nenhum castigo por nossas más ações.
O Anjo Gavriel fez com que eles começassem a falar setenta línguas diferentes para se espalharem e pararem de construir a torre.
Naquela época eles não receberam nenhum castigo pelo que fizeram sendo que teriam ainda uma chance de retificação de maneira positiva
Essa chance aconteceu na época de Sodoma e Gomorra. Eles se reencarnaram novamente e se tornaram os “simpáticos” habitantes daquela região, conheciam o seu criador mas optaram por agir contra ele.
Agora que eles se reencarnam no Egito, o faraó faz o decreto dos “trabalhos forçados”, dando o trabalho dos homens para as mulheres e o das mulheres para os homens, novamente a coisa ruim que vem nos purificar acontece por meio da pessoa ruim, o faraó.
No começo da Parashá aparece o decreto de amargurar a nossa vida por meio de cimento e tijolos, e no final a Parashá conta que nosso povo teve que se espalhar pelo Egito inteiro por causa desses tijolos.
Nos indicando assim o final do conserto dessas Almas e o começo da sua redenção, sendo que o fato de eles terem se espalhado também aconteceu no final da história da torre de Bavel que eles estavam agora retificando.
Antes de uma criança nascer, a mãe sente dores que não sentiu durante toda a gravidez. Aqui também, sendo que a retificação dessas Almas terminou e a redenção delas vai começar, os sofrimentos ficaram maiores, nos mostrando que a saída do Egito agora está na porta!
Tudo que vimos anteriormente é uma regra geral da Torá e se aplica também à cada um de nós na nossa vida particular.
Cada um de nós passa nesse mundo por sofrimentos relativos ao que fizemos nas reencarnações anteriores como aconteceu com o povo de Israel que nasceu no Egito, e quando esse processo chega ao seu final, o sofrimento fica um pouco maior. Vamos chamar isso de “dores de parto”.
Por isso não devemos nos desanimar quando passamos por algum sofrimento, e principalmente quando esse sofrimento aparenta ter aumentado um pouco, sendo que isso é a maior prova de que ele já está para terminar.
Saída do Egito e saida do Galut
O Rebe deixou claro que a nossa geração é a reencarnação daquela geração que saiu do Egito e faleceu no deserto.
Ou seja, nós somos a geração que saiu do Egito naquela época, morreu no meio do caminho, mas se reencarnou agora para terminar o trabalho que começou e entrar na Gueulá, na redenção final com toda a sua força e energia.
Nossa geração é aquela que não estava preparada, aquela que fez todos os problemas, aquela que por causa dela Moshe Rabeinu não entrou na terra prometida.
E agora estamos aqui de volta, puros, reluzentes e refinados, preparados para entrar na Gueulá final com todos os seus milagres e maravilhas!
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Nossa Parashá nos conta que “O rei do Egito conversou com as parteiras judias cujo nome de uma era Shifra e o nome da outra era Pua… “ essa linguagem por mais linda que seja não é a linguagem usual da Torá e isso nos indica que por trás dela existe um ensinamento oculto.
Geralmente a Torá chama qualquer rei do Egito de Faraó, e porque nesse caso o versículo usa o termo de “Rei do Egito”? As parteiras judias se chamavam Yoheved e Miriam, e porque o versículo diz que o nome de uma era Shifra e o nome da outra era Pua?
Rashi explica que Yoheved era apelidada de Shifra porque ela cuidava extremamente bem de cada criança que nascia, “melhorava” a criança. A filha de Yoheved, Miriam, foi apelidada de Pua porque ela conversava com as crianças recém nascidas para acalmá-las.
As pessoas chamavam Yoheved e Miriam de Shifra e Pua lembrando a bondade que essas parteiras tinham no seu coração e se dedicavam ao seu trabalho com muito amor e carinho.
O faraó era conhecido pela sua imensa crueldade, e com certeza não importava para ele que Yoheved cuidava bem dos recém nascidos e Miriam conversava com eles para acalmá-los. Ao contrário, ele queria desmotivar o nosso povo e nos tirar a confiança própria para que perdêssemos a nossa identidade.
Ele às chamou para lhes dar a ordem de assassinar os meninos recém nascidos. Então porque ele às chamou pelos seus elogios, pelo apelido que enfatizava as suas boas qualidades e as enchia de autoafirmação?
A estratégia do Faraó
Baseado nos ensinamentos do Rav Moshe Weber que foi um grande Tzadik que viveu em Yerushaláim, por trás dessa linguagem se oculta a estratégia que o faraó tentou usar para persuadir essas duas mulheres extremamente boas à se tornarem duas grandes assassinas, a “estratégia do reconhecimento”.
Em primeiro lugar elas são convidadas pelo “Rei do Egito”, titulo que enfatiza o fato de ele ser a pessoa mais importante do Egito quis era o país mais importante da época, a mais alta autoridade da maior potência mundial.
Lá elas recebem o reconhecimento do próprio Rei pelo maravilhoso trabalho que estão fazendo a ponto de terem recebido do povo os títulos de “Shifra” e “Pua” que agora serão reconhecidos e oficializados pela mais alta autoridade do país, pelo próprio Rei que às chama por esses nomes.
A intenção do Faraó era de que por meio disso essas pobres mulheres aparentemente tão discriminadas por não pertencerem à elite da sociedade egípcia ficassem repletas de orgulho de si próprias e fariam de tudo para nunca perder esse reconhecimento, o “prêmio Nobel” das parteiras!
Agora elas estavam prestes a entrar na história, finalmente se tornariam pessoas importantes! Estando cheias de orgulho elas estariam dispostas a fazer tudo para não abrir mão desse “poder” que receberam por meio do reconhecimento oficial do faraó.
Estariam dispostas a fazer qualquer coisa para que o faraó não ficasse decepcionado com elas, o que poderia fazê-las perder esse reconhecimento e voltarem a ser as simples parteiras que sempre foram.
A proposta do Faraó
Depois de “amarrá-las” por meio desse “reconhecimento oficial”, o faraó faz para elas a proposta de elas se tornarem as heroínas do povo. A proposta é : “Quando vocês fizerem o parto das mulheres judias, vejam na hora do parto, se é um menino vocês devem matá-lo, se é uma menina vamos fazer ela viver.
Se a proposta do faraó era de assassinar os meninos, por que ele cita as meninas também? Por trás disso se encontra a parte principal dessa estratégia. Elas não se tornarão assassinas de meninos mas sim salvadoras de meninas. Ou seja, o único jeito de salvar as meninas é matando os meninos.
O faraó propõe para elas que no lugar de ele fazer um decreto para assassinar toda criança judia que nascer, se elas cooperarem com o governo e assassinarem os meninos na hora do parto, elas estarão salvando as meninas. Mas se não fizessem isso, despertariam a fúria do faraó que poderia decretar a morte de todas as crianças.
E descumprindo a lei do “governo”, não só que elas perderiam o reconhecimento do faraó mas também se tornariam responsáveis pela morte das meninas.
E aí é que elas seriam chamadas de assassinas de verdade, e consequentemente perderiam o reconhecimento até das pessoas simples que até agora as chamavam pelos títulos de reconhecimento pelo seu lindo trabalho, Shifra e Pua.
Salvando a vida de todas as meninas judias e dando à elas a oportunidade de subirem na vida recebendo uma educação egípcia totalmente subsidiada pelo governo para ajudá-las a, mais futuramente, se casarem com maridos egípcios, sendo que não haveriam mais homens judeus por causa do decreto do faraó, elas se tornariam as mulheres mais importantes do país.
O “Yetzer Hará”, nossa má inclinação, vive de orgulho e de justificativas. Ou seja, ele está disposto a justificar qualquer coisa em honra ao próprio orgulho, e o faraó que era o principal representante do “Yetzer Hará” nesse mundo já deu para elas o orgulho junto com a justificativa.
E assim ele estava certo de que elas não abririam mão da honra que receberam dele e usariam a justificativa de estarem salvando a vida das meninas e transformando elas de pobres judias em ricas egípcias, mesmo que para isso seriam obrigadas a matarem os meninos em prol dessa causa tão nobre. Elas não seriam assassinas de meninos mas sim heroínas, salvadoras de meninas.
A Parashá continua contando que as parteiras tiveram temor à D’us e não fizeram como disse à elas o Rei do Egito, mas fizeram os meninos viverem, e até levando para as suas mães água e comida também. Ou seja, o único temor delas era de perder o “reconhecimento Divino”.
O único orgulho delas era o de ter o “reconhecimento Divino” pelo o que elas estão fazendo, e nunca, D’us nos livre, trocar isso pelo inútil reconhecimento do ser humano mesmo sendo ele o ser humano mais importante da face da terra. E isso vemos também na resposta que elas deram ao faraó.
A resposta das parteiras
Vendo que a sua estratégia não deu certo, o faraó mandou chamá-las e perguntou:- Porque vocês fizeram isso? Fizeram viver os meninos! Ou seja, não só que não mataram os meninos mas ainda levaram água e comida para as mães.
O faraó as chamou para retirar o seu “reconhecimento oficial” na esperança de que elas pediriam uma segunda chance para não perder o enorme orgulho de si próprias que receberam pelo reconhecimento oficial dele.
Mas a resposta delas foi :- As mulheres judias não são como as egípcias, elas são como as feras do campo que não precisam de parteiras, mesmo antes de chegarmos elas já dão a luz.
O faraó sabia que as mulheres judias chamavam as parteiras de Shifra e Pua não só porque sim precisavam de parteiras, mas até mais do que isso, elas se dedicavam às parturientes muito mais do que precisavam. Como agora tudo pôde ter mudado de um extremo ao outro?
A mensagem delas estava clara. As mulheres judias são comparadas às feras selvagens que não precisam do ser humano para cuidar delas, mas são cuidadas diretamente por D’us, e toda a nossa participação nesses cuidados é totalmente decorativa.
Dessa maneira elas também responderam para o faraó o quanto para uma mulher judia como elas o reconhecimento dele é totalmente inútil e não faz para elas a mínima diferença, sendo que elas também são como as feras selvagens que não precisam do reconhecimento do ser humano porque são cuidadas diretamente por D’us.
Por isso quando Yaakov abençoou os seus filhos ele os comparou à animais selvagens como Yehudá que foi comparado à um filhote de leão, Biniamin à um lobo, Naftali à um alce e etc.
A Parashá continua nos contando que Hashem recompensou as parteiras por elas terem tido temor à D’us e não aos seres humanos, e fez para elas “casas”. Nossos Sábios explicam essa linguagem de “casas” como sendo “famílias nobres”.
De Yoheved saiu Aharon que se tornou o primeiro Cohen, e dela saiu também Moshe que por meio dele a tribo de Levi recebeu uma importância tão grande dentro do nosso povo.
De Miriam saiu o Rei David e toda a sua descendência incluindo o Mashiach que vai ser um descendente do Rei David.
Não só que Hashem salvou Yoheved e Miriam do faraó que poderia com certeza matá-las por elas não o terem obedecido, mas também Hashem levou em conta o fato de elas terem aberto mão da falsa honra que lhes foi oferecida pelo faraó e as indenizou dando à elas uma honra verdadeira.
Aprendemos daqui que não devemos nos entusiasmar com a honra e com o reconhecimento que recebemos nos países em que as nossas comunidades se encontram.
Porque muitas vezes isso desenvolve o nosso ego tirando ele do nosso controle e nos fazendo concorrer com os povos do mundo para receber deles mais honra e mais reconhecimento, o que pode nos levar a fazer coisas erradas e tentarmos ser como eles para não perdermos o reconhecimento que eles nos dão.
Mas temos que fazer como Shifra e Pua, ter temor à D’us, saber que o importante é o reconhecimento Divino. E o principal: Saber que D’us não fica devendo, e quando por motivos religiosos abrimos mão da honra e do reconhecimento que recebemos dos povos que vivemos no meio deles, Hashem nos recompensa e nos dá a honra e o reconhecimento verdadeiros.
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Nossa Parashá nos conta fatos da escravidão no Egito e entre eles que Moshe se revela como o defensor do nosso povo fazendo duas boas ações:
1- Salvou a vida de um judeu que quase morreu chicoteado, mesmo que para isso Moshe teve que arriscar a própria vida matando e enterrando o egípcio que estava tentando assassinar aquele escravo judeu.
2- Deu uma grande bronca no judeu que salvou quando o viu batendo em outra pessoa.
Quando esse ingrato recebeu a bronca, ameaçou delatar Moshe usando o próprio fato de que o único jeito de ter podido salvá-lo foi matando o soldado egípcio. Moshe ficou com medo de que o incidente fosse descoberto. No próximo versículo a notícia já chega ao faraó e Moshe foge para Midian!
Diz o Rebe que o fato de Moshe ter ficado com medo e não ter tido segurança na proteção Divina, não ter confiado que iria acontecer o milagre de essa notícia não chegar ao faraó, o fato de ele não ter tido “Trust in G-d” isso foi o que causou para ele esse problema.
Mas se ele tivesse se apoiado na absoluta confiabilidade Divina, isso não teria acontecido. Pior ainda, ele expressou esse medo e essa preocupação com palavras, mesmo sabendo que de boas ações não saem más consequências.
Mas se ele tivesse tido plena confiança em D’us e não se preocupasse nem um pouquinho com a situação em que se encontrava, isso próprio faria com que esse fato fosse esquecido por todos, e assim tudo continuaria normal de forma boa e revelada.
Moral da história:
De vez em quando pensamos :-“E se acontecer alguma coisa errada? Nessa hora devemos nos lembrar que a única coisa errada que aconteceu foi o fato de pensarmos assim!
Ou seja, esse tipo de pensamento foi a coisa errada! Esse pensamento é um desperdício de ânimo e esforço. Devemos nos lembrar que D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem, e com certeza D’us vai fazer com que tudo dê certo mesmo que o ser humano não imagina como isso vai acontecer.
Isso não vai contra o décimo primeiro princípio da nossa fé que “o Criador recompensa aqueles que cumprem Seus preceitos e dá uma retificação para quem os transgride”, porque quando temos a segurança de que Hashem vai nos ajudar, essa segurança já é um bom motivo para recebermos essa ajuda.
D’us está nos recompensando por essa Mitzvá do “Bitahon” que consiste, não em acreditar que tudo o que D’us faz é para o nosso bem (Emuná), mas sim que D’us vai fazer para nós o que é bom aos nossos olhos de maneira revelada (Bitahon)!
Expressamos nossa confiança em D’us por meio da nossa alegria e tranquilidade por pior que seja a situação
Alegria é energia! Quando estamos alegres, expressamos por meio disso nossa confiança em D’us. Alegria em situações preocupantes demonstram que confiamos em D’us e por isso não nos preocupamos com nada e estamos com fé total que tudo vai dar certo.
A atitude de estarmos alegres e confiar em D’us tem a força de mudar a realidade e fazer com que as coisas ruins desapareçam e o bem oculto no mundo se revele. Sendo assim temos que estar alegres e tranquilos o dia inteiro!
Cada um de nós, (tanto homens quanto mulheres) tem que se lembrar que D’us, bendito seja, não só dirige o grande mundo, mas dirige sem dúvida alguma também o pequeno mundo de cada um e um de nós.
E da mesma maneira que ele dirige o universo de acordo com o que ele vê que é bom para o universo, assim dessa mesma maneira ele dirige o nosso mundinho particular de acordo com o que ele está vendo que é bom para nós . Temos que confiar nele que com certeza ele dirige o nosso mundo pequeno de um jeito bom.
Uma mãe não esquece o seu nenê no supermercado, D’us nunca se esquece de nós. D’us é a essência do bem e a natureza de quem é bom é fazer o bem, por isso podemos começar o dia confiantes de que tudo vai dar certo,
Confiar no Criador e Administrador do mundo, que toma conta de cada um de nós particularmente e que não existe um lugar aonde ele não se encontra.
E como exemplo nos perguntamos:- Será que podemos ficar tristes quando estamos na presença de um grande e bom Rei, um Rei cheio de bondade verdadeira? Claro que nesse caso não temos mais com o que nos preocupar e do que teríamos que ter medo se estamos na sala do Rei.
O exemplo está claro, e principalmente pelo fato de não ser um exemplo mas sim uma verdadeira realidade, e muito mais do que no exemplo, infinitamente maior e maior, acima e acima disso.
Uma mãe não esquece o seu nenê no supermercado, quanto mais D’us não nos esquece por aí mas está cuidando de nós a cada instante
Vaye’hi
Nossa Parashá nos conta sobre o falecimento de Yaakov, e o nome da Parashá é Vayehi que quer dizer “e Viveu”, nos indicando que para um Tzadik não existe vida após a morte mas sim vida após a vida.
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A Parashá nos conta que Yossef enterrou Yaakov em Hevron, Israel, no lugar chamado de Mearat Hamahpelá. Diz o Zohar que lá é a porta do Paraíso e todas as Almas acessam ao Paraíso por aquele lugar.
O Zohar nos conta que na hora em que uma pessoa falece é dada à ela a permissão de ver o que ela não conseguiria ver durante toda a sua vida.
Naquele momento ela vê todos os seus parentes e amigos que estão no Paraíso e que agora vieram recebê-la para acompanhá-la até lá. Ela reconhece cada um deles, sendo que todos se revelam para ela com a aparência que tinham aqui nesse mundo.
Se essa pessoa teve o mérito
Todos aparecem muito contentes para recebê-la, e antecipam em cumprimentá-la com um grande Shalom. Ela vai com todos os seus parentes e amigos para o Paraíso, se delicia com os prazeres sublimes do mundo superior, e fica lá até o momento do enterro do seu corpo aqui nesse mundo. Na hora do seu enterro ela desce de volta para esse mundo por sete dias para se enlutar pelo seu corpo que faleceu.
Rabi Yehudá no Zohar nos conta que em cada um desses sete dias ela vai da sua casa para o seu túmulo e do seu túmulo para a sua casa, e se enluta pelo corpo do qual saiu.
Por isso a Torá nos pede para fazermos sete dias de luto quando um dos parentes próximos como nosso pai ou nossa mãe falecem, para compartilharmos com essa Alma o seu sofrimento.
Depois de sete dias ela sobe para o lugar que está guardado ela no Paraíso. Primeiro ela vai para o túmulo dos nossos patriarcas, a Mearat Hamahpelá. Lá ela vê as revelações que tem permissão para ver e entra aonde é permitido para ela entrar até chegar ao Baixo Paraíso aos é o mundo da Yetzirá.
No baixo Paraíso ela é recebida pelos quatro Anjos chamados de “os quatro pilares” que são os Anjos Michael, Gabriel, Uriel e Refael que estão lá designados para vestir essa Alma que está entrando no “Gan Éden”, no Paraíso.
Uma aparência de corpo se encontra nas mãos deles. Esse “corpo espiritual” foi feito por essa própria pessoa, foi feito pelas Mitzvót que ela fez aqui nesse mundo, e por isso Hashem nos deu 613 mandamentos, sendo que para usufruir plenamente do próximo mundo precisamos de 613 sentidos que esse nosso corpo espiritual precisa ter.
Cada um dos 613 mandamentos que cumprimos nesse mundo se torna um sentido nesse corpo espiritual que a nossa Alma recebe no Paraíso, e que por meio dele conseguimos usufruir de todos os prazeres sublimes do mundo superior.
A Alma se veste nesse corpo espiritual com muita alegria e assim ela entra no lugar reservado para ela no baixo Paraíso até ela ser chamada para o Alto Paraíso.
No futuro quando acontecer a “Tehiát Hametim”, a ressurreição dos mortos, o lado espiritual do nosso corpo material vai se revelar, e todas as pessoas que estão no Paraíso vão se revestir novamente nos seus corpos materiais nesse mundo, mas agora ele vai ser mais espiritual do que o corpo espiritual aos tínhamos recebido no Paraíso.
Nessa etapa, nosso corpo material cuja raiz espiritual é elevadíssima, vai ser infinitamente melhor do que nosso corpo material de hoje, e por meio dele, ou seja, por meio da Kedushá que trouxemos para ele em vida por meio do cumprimento dos mandamentos Divinos, vamos usufruir eternamente do mundo da Tehiát Hametim que vai ser infinitamente mais Paraíso do que o mais alto Paraíso.
Mas se essa pessoa não teve o mérito….
Mas se ela não tem o mérito, não se revelam para ela na hora da morte a não ser as pessoas ruins que estão sendo atordoados todo dia no “gehinom” que é o “inferno judaico” mas é limitado para somente doze meses.
E todas essas pessoas ruins surgem para ela tristes, dão um grito de dor pelo castigo que vai ser acrescentado à eles por causa desse “rashá”, dessa pessoa ruim que está chegando, e terminam com outro grito de dor por causa do castigo que o próprio “rashá” vai receber.
Depois de ouvir os gritos de dor ela levanta os olhos e os vê em forma de chamas subindo do fogo. E aí ela próprio dá um grito de dor pelo sofrimento que está preparado para ela.
Ao contrário da Alma que foi para o Paraíso e só desceu para o enterro do seu corpo e para os sete dias de luto, a Alma do rashá depois da morte fica aqui nesse mundo até o corpo ser enterrado.
Após seu corpo ser enterrado, muitos anjos aparecem para cobrar dele as coisas ruins que ele fez e agarram essa Alma até levando-a para o anjo chamado de Duma, e aí ela é levada para o guehinom, para o “inferno judaico”.
Por isso, quando um ente querido falece, costumamos fazer muitas Mitzvót no mérito da Alma dele começando pelo Kadish e acrescentando na Tzedaká.
Sendo que a sentença do rashá, da pessoa ruim no Guehinom tem um limite de doze meses, costumamos falar o Kadish somente durante onze meses porque nenhum judeu é suspeito de ter sido tão ruim assim a ponto de ter que ficar no Guehinom por todos os doze meses.
Mas a Tzedaká no mérito da Alma do ente querido beneficia ela no Paraíso também, sendo que o nível de cada um no Paraíso é determinado pela quantidade de Mitzvót que ele fez nesse mundo, e a Tzedaká é uma Mitzvá tão grande que na época do Zohar quando se falava a palavra Mitzvá sem especificar qual Mitzvá, a intenção era a Tzedaká.
Quando damos uma Tzedaká no mérito do nosso ente querido a Alma dele tem uma elevação dentro do próprio Paraíso 🌹
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Na Parashá anterior vimos que Yaakov diz ao faraó que os dias dos seus exílios, foram 130 anos, se referindo à sua vida, e acrescenta que foram “poucos e ruins e não alcançaram os dias de vida dos seus pais”.
O fato de ele ter dito que os dias da sua vida não alcançaram os dias de vida dos seus pais indica que na opinião dele a sua vida tinha terminado.
Ou seja, ele não disse que os dias da vida dele “ainda” não alcançaram os dias dos seus pais, mas constatou que já não alcançaram os dias dos seus pais. Como se estivesse dizendo que terminou a retificação de si próprio e aparentemente terminou o motivo da descida da sua Alma para esse mundo.
Nossa Parashá começa com as palavras “e Viveu Yaakov na terra do Egito dezessete anos, uma nova vida. Mas agora já não seria mais para si próprio e sim para ajudar outros que tinham uma ligação com o trabalho que ele fez da sua própria retificação.
Quem eram essas pessoas que tinham a ver com a retificação da Alma dele? O povo de Israel que iria nascer no Egito e a “Erev Rav”.
Qual era a diferença entre Yaakov e os patriarcas anteriores? Ou seja, qual era a responsabilidade dele em relação às outras pessoas que Avraham e Itzhak não tiveram?
Explica o Ari Zal que Yaakov retificou o nível mais elevado da Alma do Adam Harishon, o nível Neshamá
O conserto do nível Neshamá de Adam Harishon estava ligado ao assunto de “relações ilícitas” que ele teve com duas demônias. Vemos daqui que mesmo sendo as três transgressões mais graves, idolatria, assassinatos e relações ilícitas, as relações ilícitas afetaram o nível mais alto da Alma dele, o nível Neshamá
A consequência dessa transgressão foi que ele trouxe para esse mundo Almas Divinas, que eram de um nível espiritual de “Daat”, para corpos de demônios, o que não aconteceu com as transgressões anteriores que foram retificadas por Avraham que retificou a idolatria de Adam Harishon e Itzhak que retificou o fato de Adam Harishon ter trazido a morte ao mundo.
Ou seja, essa última transgressão trouxe consequências que as anteriores não trouxeram
Essas Almas Divinas se dividiram em vários níveis de acordo com a impureza que receberam, e teriam que passar por grandes refinamentos espirituais para sair desse nível de impureza onde cada uma caiu e novamente se vincular à sua raiz.
Na época de Yaakov, aquelas Almas começaram a se reencarnar no Egito. Essas Almas Divinas são divididas genericamente em dois grupos: “Bnei Israel”, os filhos de Israel, e a “Erev Rav”, a grande mistura.
A “Erev Rav” são essas Almas Divinas que caíram mais baixo e o lado mal delas supera o lado bom tornando sua retificação, o seu “conserto”, muito mais demorado.
Quando os egípcios já não tinham mais dinheiro para comprar comida de Yossef, Yossef os comprou.
Isso não incluiu todos os egípcios, como por exemplo as famílias sacerdotais do Egito que viviam na conta do faraó e também uma minoria de egípcios mais abastados.
Vimos que Yossef fez com que esses egípcios que se venderam à ele fizessem Brit Milá (circuncisão) e mudassem de cidades, atitudes que aparentemente não são compatíveis com o seu perfil religioso e profissional, sendo que a Brit Milá é um assunto religioso Judaico e não entra nos sete mandamentos que a Torá exige dos Bnei Noach, dos povos do mundo incluindo os egípcios, e a mudança de cidades não traz boas consequências à economia do país.
Diz o Ari Zal que Yossef se comportou dessa maneira em relação à aqueles egípcios porque lá ele começou a retificação da “Erev Rav”.
Fez com que eles mudassem de cidades porque o sofrimento do exílio retifica a alma separando ela do lado impuro, e o Brit Milá a traz para o lado puro.
Mais tarde Moshe Rabeinu deu a continuação à essa retificação. Mas sendo que eles ainda não estavam preparados para isso, veremos na continuação da história da “Erev Rav” que eles saíram do Egito com Moshe Rabeinu mas não entraram na terra de Israel. Ou seja, depois de terem causado todos os problemas para o nosso povo incluindo o bezerro de ouro, faleceram no deserto.
E sendo que o povo de Israel que nasceu no Egito e a Erev Rav eram consequência da transgressão de Adam Harishon que Yaakov consertou, ele viveu no Egito mais dezessete anos para ajudá-los.
Por um lado ele viveu em um nível de paraíso espiritual merecido por ter terminado seu trabalho de retificação pessoal, e por outro ele recebeu uma “nova vida” lá para ajudar outros à se retificarem.
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Nossa Parashá nos conta que Yaakov “viveu” dezessete anos na terra do Egito. Porque em outros lugares está escrito que ele só morou e no Egito está escrito que ele viveu?
Porque depois de Yaakov ter adquirido e feito a retificação da alma do Adam Harishon sofrendo em todos os lugares onde ele morou como vimos na Parashá anterior, agora ele está com ela pura e refinada pelos sofrimentos do passado e com toda a energia e intensidade do seu alto nível. Agora ele começa a “viver”! O paraíso do próximo mundo se revela à ele aqui nesse mundo até o final da sua vida !
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Como começaram as doenças na história da humanidade
A Guemará nos conta que antes de Yaakov, quando chegava a hora da pessoa falecer ela falecia com toda a sua vitalidade, dava um espirro e morria.
O Midrash que é um livro sagrado de dois mil anos atrás, nos conta que essa é a origem de falarmos “saúde” para a pessoa que espirra.
Yaakov pediu para Hashem fazer com que a pessoa ficasse doente antes de falecer para que pudesse saber antecipadamente que iria morrer e poder se despedir da família, e até mesmo dividir a herança em vida para não causar brigas na família por causa da sua morte.
A Tefilá de Yaakov foi aceita, ele ficou doente e Yossef foi chamado para visitar seu pai que adoeceu.
Mesmo que nosso patriarca Avraham Avinu teve o mérito de receber um “Bikur Holim” de Hashem e até precisou da ajuda do anjo Refael para curá-lo, isso era devido ao ferimento causado por ter feito o Brit Milá aos 99 anos, e ferimentos que causaram mortes já existiram desde Cain e Hevel, mas doenças só aparecem no mundo a partir de Yaakov Avinu.
A linguagem do versículo é :”eis que” seu pai está doente”.
Diz o Ari Zal que a palavra “eis que” tem um valor numérico de 60 (a numerologia só é aplicada à Torá escrita) e isso vem nos indicar que a pessoa que vem visitar o doente tira 1/60 da doença dele.
Por isso quando Yossef veio visitar seu pai , Yaakov se levantou. Já se sentiu um pouquinho melhor!
O Ari Zal diz que isso só acontece na prática quando a pessoa que vem visitar é seu “ben guiló”, ou seja, alguém que tem o mesmo “Mazal” que o doente, e nesse caso o “bem guiló” era Yossef.
Isso também é válido para os nossos dias. E sendo que não sabemos quem é o “ben guiló” de quem, dizemos que todos que visitam um doente reduzem 1/60 da doença dele, porque talvez ele seja esse “ben guiló”.
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Bençãos aparentemente estranhas mas com significado profundo
Yaakov abençoou seus filhos antes de falecer. Diz o Ari Zal que Yaakov recebeu a alma do Adam Harishon e Reuven que era o primogênito de Yaakov recebeu a alma de Cain que era o primogênito do Adam Harishon.
Quando Reuven quis tirar Yossef do buraco e devolver ele ao seu pai, tentou salvar seu irmão, e assim começou a consertar o pecado de Cain que matou o irmão.
O Midrash nos conta que Cain nasceu com uma irmã gêmea e seu irmão Hevel com duas. Aquela geração iria se casar com as irmãs. Cain que era o primogênito achou que merecia duas mulheres e Hevel teria que ficar com uma, e esse foi um dos motivos que Cain matou Hevel.
Por isso Yaakov na sua benção para Reuven cita o caso de Bilá que causou para Reuven não ter feito o conserto total da Alma do Cain.
Cain teve que se reencarnar novamente como Ytro. Moshe Rabeinu era a reencarnação de Hevel e Tzipora sua esposa era aquela gêmea de Hevel que foi o pivô do assassinado. Ytro traz Tzipora para Moshe no deserto e assim terminou o conserto da alma do Cain.
Benção em forma de Maldição
A Brachá de Shimon e Levi foi a maldição à raiva deles, porque nós, o povo de Israel, somos piedosos e a ira não combina com a nossa natureza.
Por isso Yaakov chama eles de ladrões se referindo à agressividade deles que não fazia parte da natureza judaica, mas era como um roubo na mão deles, algo que não pertencia à eles.
Só um pouquinho de ira não justificaria toda essa bronca, um pouquinho de ”guevurá” também pode fazer parte da nossa natureza, por isso Yaakov especifica no versículo o fato de essa ira ter sido dura e forte.
A solução para se livrar dessa “ira roubada” também foi dada na Brachá que eles receberam. Yaakov abençoou eles para se espalharem pelo povo de Israel e assim essa ira desapareceria.
Dizem nossos Sábios que a tribo de Levi se espalhou por todo Israel ensinando Torá para todo o povo. Diz o Rambam que cada um que assume essa função de ensinar Torá ao nosso povo hoje é comparado à um Levi da antiguidade.
Talvez por isso, nosso grande Rabino e professor na Yeshivá de Kfar Chabad em Israel (onde estudei sete anos) Rabi Mendel Futerfas (1906–1995) nos disse certa vez em um farbrenguen (festa de confraternização Chassídica) com um sorriso de ponta a ponta :- Meninos , vocês são como adubo orgânico (estrume) quando vocês saírem daqui vocês vão se espalhar pelo mundo inteiro fazendo o mundo florescer! Mas agora que vocês estão todos juntos no mesmo lugar vocês são…. (e falou algo em yidish se referindo ao cheiro de uma montanha de esterco……) .
E o que ele falou aconteceu! (de termos nos espalhado pelo mundo). Todos os anos me encontro com a minha classe da Yeshivá no congresso rabínico internacional e todos estão espalhados pelo mundo fazendo um trabalho maravilhoso, ensinando Torá para todos e fazendo florescer as comunidades judaicas em todos os lugares!
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Yaakov Avinu não morreu
A Guemará nos conta uma história sobre Rav Nahman e Rabi Itzhak que estavam comendo juntos.
Disse Rav Nahman para Rabi Itzhak:- Conte para nós alguma coisa da Torá.
:-Assim disse Rabi Yohanan, respondeu Rabi Itzhak, não se deve falar no meio da refeição, talvez a laringe antecipe o esôfago e a pessoa entre em uma situação de perigo. Ou seja, não se deve falar com a comida na boca por perigo de vida.
Depois que terminaram de comer, disse Rabi Itzhak:- Yaakov Avinu não morreu!
Então foi sem motivo que fizeram para ele um discurso fúnebre, o embalsamaram e o enterraram? Perguntou Rav Nahman.
De um versículo eu aprendo isso, respondeu Rabi Itzhak, como está escrito em Yermiahu “E você não tema, meu servo Yaakov, diz Hashem, e não se apavore Israel, porque eu vou te salvar de longe e os seus descendentes da terra do seu cativeiro”. Compara ele aos seus descendentes, da mesma maneira que seus descendentes que vão sair do exílio são pessoas vivas, ele também está vivo.
Rashi explica que o fato de terem embalsamado Yaakov é porque pensaram que ele estava morto.Ou seja, a Torá não determina que ele morreu por ter sido embalsamado e enterrado, mas simplesmente relata o que fizeram com ele por terem pensado que ele estava morto.
Rashi explica a comparação de Rabi Itzhak:
“Como seus descendentes são pessoas vivas” quer dizer que: quando Ele (Hashem) reúne o povo de Israel da terra do seu cativeiro, os vivos ele reúne, porque eles são os que estão no cativeiro. Obviamente os mortos não estão no cativeiro. E portanto “Ele, Yaakov, também está vivo” para trazê-lo (à Yaakov) ao exílio para redimir seus filhos à sua frente.
O Tossfot é uma explicação da Guemará que foi escrito por rabinos da idade média, entre eles Rabeinu Tam neto de Rashi. Muitas vezes os Tossfot tiveram uma opinião diferente de Rashi e às vezes até contrária.
Nesse caso o Tossfot opina como Rashi em relação à Rabi Itzhak e determina que Yaakov Avinu não morreu, explicando que a Torá não traz a palavra morte no caso de Yaakov.
O Tossfot também nos direciona à Guemará em Sotá que nos conta que Essav queria impedir o enterro de Yaakov na Mearat Hamahpelá, túmulo dos patriarcas.
Nesse ato Essav levou uma cajadada do filho de Dan e a cabeça dele voou para dentro da Mearat Hamahpelá enquanto seus olhos caíram sobre Yaakov. Nesse momento Yaakov abriu os olhos e deu um sorriso, demonstrando que mesmo parecendo aos egípcios que ele estava morto, na verdade ele estava vivo.
A história de Rav Nahman e Rabi Itzhak vem nos mostrar que um Tzadik, não só que pode ter o paraíso celestial nesse mundo, mas até mais do que isso, pode estar vivendo aqui e agora no altíssimo nível espiritual da ressurreição dos mortos, onde esse mundo vai ficar mais paraíso do que o alto paraíso celestial.
E por isso que, mesmo nossa Parashá falando o tempo todo sobre assuntos ligados à morte de Yaakov, o nome dela é Vayehi que quer dizer “e Viveu”
Vaygash
Nossa Parashá nos conta que quando Yossef se revelou para seus irmãos, a primeira coisa que ele disse foi :- Eu sou Yossef, meu pai ainda está vivo?
Todo o assunto entre Yossef e seus irmãos até agora era sobre o pai estar vivo, e por isso eles não poderiam deixar Benyamin no Egito em nenhuma circunstância, isso devido ao fato de o pai estar vivo.
E também o motivo de Yehuda estar disposto a ficar escravo no Egito no lugar de Benyamin, também era somente pelo fato de o pai estar vivo. Até agora só falaram sobre o pai, então, por que depois de tudo isso Yossef pergunta se seu pai ainda está vivo?
Rav Moshe Weber nasceu na cidade velha de Jerusalém em 1913 quando Israel ainda pertencia ao Império Otomano. Em 1978 quando me mudei para Israel e fui estudar em Kfar Chabad, encontrei uma dificuldade: Às vezes não recebia uma resposta clara para as minhas perguntas.E por maior que fosse o rabino que eu perguntasse, e nossos rabinos na Yeshivá eram do mais alto nível, mesmo assim qualquer ser humano tem o seu limite.
Então, sempre que tinha uma pergunta mais difícil, pegava um ônibus para Tel Aviv e de lá para Yerushaláim e fazia a minha pergunta para o Rav Moshe Weber. Descobri que ele não tinha limite, ele não era um ser humano, ele era um Anjo no céu!
Quando fiz essa pergunta para o Rav Moshe Weber ele me explicou da seguinte maneira: Na reza conhecida como “Tefilat Hatal” pedimos para Hashem:- “que seja para a vida e não para a morte”.
O fato de pedirmos “que seja para a vida” já inclui que não é para a morte, então o que é essa morte que a Tefilat Hatal está citando que não é uma morte material?
Dois tipos de vida: a “Vida” e a “Não Morte”
A Tefilat Hatal diz “que seja para a vida” e também diz e “não para a morte”, trazendo esse conceito de “não morte” como um segundo tipo de vida. Uma vida sem alegria, uma vida sem entusiasmo, uma vida sem esperança, sem motivação, simplesmente uma “não morte”.
Desde que seus irmãos chegaram ao Egito, Yossef ocultou sua verdadeira identidade para pressioná-los à fazer Teshuvá (voltar para o caminho certo) e se arrependerem do que fizeram para ele, e só se revelou para eles depois que viu claramente que eles estavam arrependidos de tê-lo vendido.E agora, depois de se revelar para eles, declara exatamente o contrário dizendo que foi um milagre de Hashem o fato de eles o terem vendido, e ainda especifica que Hashem fez esse grande milagre para que todos tivessem o que comer.
Para entender isso vamos voltar um pouquinho atrás na nossa história
Sabemos que nosso primeiro patriarca, Avraham, era a representação da Sefirá chamada de Hessed (bondade) nesse mundo. Mas dele saiu Ishmael que também era Hessed, mas Hessed do lado impuro.Nosso segundo patriarca, Itzhak, era a representação da Sefirá chamada de Guevurá (rigidez) nesse mundo. Mas dele saiu Essavl que também era Guevurá, mas Guevurá do lado impuro.
Nosso terceiro patriarca, Yaakov, era a representação da Sefirá chamada de Tiféret nesse mundo, e dele já não saiu nada do lado impuro, mas todos os seus filhos eram do lado da Kedushá (santidade).
Sendo assim, Ishmael e Essav, por causa do vínculo que tinham com o lado impuro, estavam enquadrados dentro de uma regra da Torá chamada de “megalguelim hová al yedei haiav”. Ou seja, se uma coisa ruim tem que acontecer nesse mundo, o tribunal Divino escolhe uma pessoa ruim para que a coisa ruim aconteça por meio dela.
Mas os filhos de Yaakov não estavam nessa categoria, nesse vínculo com o lado impuro a ponto de que quando uma coisa ruim tivesse que acontecer eles fossem escolhidos para que isso acontecesse por meio deles.
Então, como pode ser que uma coisa tão ruim como vender Yossef como escravo causando para ele todos aqueles sofrimentos, inclusive doze anos de prisão que Yossef passou no Egito, aconteceu por meio dos irmãos de Yossef?
Quando fazemos uma coisa ruim, nossa Alma recebe uma impureza espiritual que é comparada pelo profeta Zehária à fezes. Podemos então chamar isso de ” fezes espirituais”.Sendo que Hashem é a essência do bem, da mesma maneira que uma mãe que ama seu nenê dá um banho nele para tirar o vestígio das suas “sugeirinhas” enquanto o nenê chora sem entender porque sua mãe está aparentemente fazendo essa “maldade” para ele,
dessa mesma maneira Hashem, por causa do infinito amor que tem por cada um de nós, tem a dedicação de nos limpar dessas “fezes” espirituais” que grudaram na nossa Alma por causa das nossas más ações.
E sendo que esses sofrimentos, mesmo sendo o objetivo deles a nossa purificação, mesmo assim eles acontecem por meio do lado impuro, e aí se aplica a regra de que uma coisa ruim acontece por meio de uma pessoa ruim.
Se Yossef precisasse passar por sofrimentos desse tipo, eles viriam por meio de pessoas da categoria de Ismael e Essav, mas nunca aconteceriam por meio de pessoas como os irmãos de Yossef que eram do lado da Kedushá, do lado puro.
Por meio de alguém do nível de Ishmael e Essav poderia acontecer uma retificação destrutiva chamada de “midá knegued midá” (medida por medida).
Uma retificação estilo “o que eu fiz para o outro é feito para mim”, uma retificação destrutiva. Como disse o grande Hilel quando viu uma caveira boiando:- “Por causa que você afogou você foi afogado, e quem te afogou será afogado também”. Uma retificação negativa.
A segunda categoria de sofrimentos são comparados à “dores de crescimento”. São sofrimentos que o objetivo deles não é o de limpar as nossas “fezes espirituais”, mas sim de nos fazer crescer espiritualmente e atingir níveis que nunca conseguiríamos chegar à eles a não ser por meio desses sofrimentos.
Yossef tinha a capacidade de se tornar um Tzadik. Yossef tinha a capacidade de se tornar a representação da Sefirá chamada de Yessod nesse mundo, a Sefirá responsável por repassar a fartura e abundância do mundo espiritual para esse mundo
O mundo iria passar por uma desgraça. Aquela geração iria entrar em uma crise histórica e só teria como se salvar dessa crise no mérito do Tzadik Yessod Olam, que era Yossef, no nível de Yessod de Atzilut.
Mas Yossef estava longe de revelar a sua essência de Tzadik, e no lugar disso ficava fazendo intrigas entre seus irmãos e seu pai, e quando aquela época chegasse, não haveria um Tzadik para reverter a situação, e a tragédia seria grande.
Hashem revelou para Yossef por meio de sonhos proféticos que essa função de salvar o mundo estava preparada para ele. Os “feixes de trigo dos seus irmãos se prostrariam na frente do feixe de trigo dele, no seu mérito todos teriam o que comer. Ele entendeu o sonho mas continuou fazendo as intrigas.
Yossef não cresceu por iniciativa própria. E sendo que ele não cresceu espiritualmente por si só, ele precisou “ser crescido”! Ele precisou de alguém que lhe causasse sofrimentos que vão torná-lo um Tzadik, sofrimentos construtivos.
E sendo que essa categoria de sofrimentos não vem para limpar as “fezes espirituais” mas sim para causar uma enorme subida espiritual, os irmãos de Yossef foram escolhidos para que isso acontecesse por meio deles, porque isso não poderia acontecer por meio de pessoas da categoria de Ismael e Essav.
Mesmo não sendo o que eles fizeram uma coisa boa, e por isso Yossef fez questão de que seus irmãos fizessem Teshuvá do que fizeram, mesmo assim, o objetivo final dessa categoria de sofrimentos é construtivo, e o benefício dele vai servir como mérito para quem o causou também.
E para esse tipo de sofrimentos, os “sofrimentos construtivos”, o tribunal Divino escolhe pessoas que tenham o mérito de participar dessa construção de acordo com outra regra Divina que é chamada de “Megalguelim Zehut Al Yedei Zacai”.
Ou seja, quando uma coisa boa tem que acontecer nesse mundo, ela acontece por meio de pessoas boas, o tribunal Divino escolhe pessoas boas para que a coisa boa aconteça por meio delas.
No caso deles isso aconteceria obviamente depois de terem feito Teshuvá, sendo que a intenção deles não era de ajudá-lo, mas o resultado final foi que ele se tornou o vice rei e salvou o mundo inteiro de morrerem de fome.
Por isso, depois que Yossef atingiu esse nível de Tzadik Yessod Olam e viu que isso aconteceu no mérito deles, cobrou deles as duas coisas.
Também que fizessem Teshuvá e se arrependessem do que fizeram para ele, mas também que soubessem que tudo o que aconteceu foi por Divina Providência.
Quando o faraó perguntou para Yaakov qual era a sua idade, Yaakov acrescentou que nos 130 anos de sua vida não teve uma moradia fixa, e também que esses 130 anos foram poucos e ruins e não chegaram aos anos de vida de seu pai e avô.Na Parashá anterior, quando o faraó contou para Yossef o sonho das vacas bonitas e das vacas feias, acrescentou detalhes e opinião pessoal em relação às vacas feias.
O motivo para isso, disse o Rav Moshe Weber, é que as pessoas ruins gostam de falar sobre as coisas ruins, e por isso, quando chegou no assunto das vacas feias o faraó se entusiasmou e acrescentou detalhes.
Como pode ser então que Yaakov aparentemente está fazendo como o faraó dando um ênfase às coisas ruins?
Se tentarmos imaginar a cara que Yaakov fez quando deu essa resposta ao faraó imaginaríamos uma expressão desanimada de uma pessoa se lamentando, e aí sim estaríamos colocando Yaakov e o faraó na mesma categoria. Mas não, o que aconteceu lá foi exatamente o contrário.Imagine uma pessoa que trabalhou duro em um projeto mega-lucrativo, terminou o projeto de maneira que superou de longe todas as expectativas e vai receber uma fortuna pelo sucesso que teve em fazer esse trabalho no prazo necessário, e até achou que foi pouco tempo de trabalho relativo à fortuna que ganhou por ele.
E qual era esse projeto? Yaakov tinha que fazer a retificação do mais alto nível da Alma de Adam Harishon, o primeiro homem, que viveu durante 130 anos uma intensa relação conjugal com duas demônias, sendo uma delas o aspecto feminino do próprio anjo da morte.
Adam Harishon trouxe por meio desses 130 anos de relacionamento com aquelas demônias o que apelidamos de “fezes espirituais” para o mais alto nível da sua Alma, o nível “Neshamá”.
E esse era o projeto de Yaakov. Viver novamente esses 130 anos nos quais Adam Harishon teve os prazeres proibidos e retificar essa Alma purificando ela por meio de sofrimentos da mesma categoria aos foram os prazeres.
E por isso tudo o que ele sofreu foi dentro da categoria familiar. Nunca morou em um lugar fixo, sofreu de Essav seu irmão, seu pai o discriminou, sua mãe pediu para ele enganar seu pai para receber as bênçãos, ele queria se casar com Rachel e se casou com Leah, seu tio tentou enganá-lo o tempo todo, seu irmão queria assassiná-lo, sua filha foi violentada e Yossef, seu filho amado, desapareceu!
Agora ele já tinha terminado esse trabalho!
Yaakov anuncia ao faraó com muita alegria que fez o seu trabalho Divino com muito sucesso e em tempo recorde, e por isso achou que sua vida já tinha terminado e não alcançaria os anos da vida do seu pai e avô sendo que o trabalho Divino que ele veio fazer nesse mundo ele já fez, e com muito sucesso!
MIkets
Nossa Parashá é chamada de Miketz que quer dizer “no limite final”. Diz o Zohar que nossa Parashá começa com essas palavras nos ensinando que Hashem (D’us) colocou um limite final para toda e qualquer coisa ruim.
Tanto sendo ela a maior coisa ruim, que é o nosso exílio entre os povos do mundo, e que tem como limite final nossa Gueulá, nossa redenção final, quanto sendo ela um pequeno probleminha pessoal.
Sendo que Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, cada coisa ruim tem obrigatoriamente seu limite final.
Diferente das idolatrias do mundo, incluindo as do nosso país, que acreditam em inferno eterno e acreditam em deus do bem e deus do mal, nosso povo teve o mérito de não viver a fantasia das idolatrias, mas sim de viver a realidade de que D’us é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem para todos.
Por trás da nossa Parashá estão os segredos de como isso funciona na nossa vida pessoal, no nosso microcosmo. E seguindo esse mesmo raciocínio, conseguiremos entender também como isso funciona em relação ao mundo de maneira geral, como isso funciona no macrocosmo.
Yossef ficou dez anos na cadeia no Egito. Diz o Midrash que isso foi decretado para ele lá de cima porque ele fazia intrigas entre seu pai e dez dos seus onze irmãos, dizendo para seu pai que seus irmãos comiam parte de animais vivos e tinham “casos” com mulheres de Canaã.
Para cada irmão que ele prejudicou foi decretado um ano de sofrimento na cadeia no Egito como retificação, e por isso ele ficou os dez primeiros anos na cadeia.
Mais dois anos foram decretados para ele porque ele teve plena fé no “ministro das bebidas” do faraó que prometeu interceder pela sua liberdade, e por isso o “ministro das bebidas” esqueceu totalmente dele e ele ficou mais dois anos na prisão.
Quando terminou o decreto do Tribunal Divino contra ele, em um instante tudo se mudou de um extremo ao outro. Ele se tornou o vice rei do Egito que mandava mais do que o próprio faraó, e também se casou com sua alma gêmea, Osnat, a filha adotiva de Potifar que era nada mais nada menos do que sua própria sobrinha, a filha de Diná que tinha chegado ao Egito de maneira semelhante à dele.
Aprendemos daqui que, sendo que Hashem é a essência do bem, as coisas ruins não só que tem limite, mas também que só podem existir se tiverem algum motivo que justifique a sua existência.
Um motivo da existência delas é a retificação pelas coisas erradas que fizemos, como vimos no caso de Yossef. Diz o Ari Zal que os irmãos de Yossef também receberam um castigo pelo que fizeram para ele, mas em uma reencarnação posterior.
Outro motivo de as coisas ruins acontecerem é para nos fazer subir espiritualmente, como aconteceu para Yossef que ficou mais dois anos na cadeia despertando e fortalecendo a consciência de que não devemos confiar em ninguém a não ser em Hashem, e que o fato de o ministro das bebidas ter se lembrado dele depois de dois anos, foi somente porque Hashem fez com que ele se lembrasse, e assim funciona tudo nesse mundo.
Mas porque Yossef teve que passar por toda essa retificação em vida, tudo de uma vez, e não teve o prazo de poder retificar isso por meio de muitas pequenas prestações em outra reencarnação, como aconteceu para os seus irmãos?
Porque Yossef estava predestinado a ser a revelação da Sefirá chamada de “Yessod” nesse mundo, a Sefirá que repassa para nós a abundância do mundo espiritual que aqui se materializa.
E essa mensagem Divina ele já tinha recebido por meio dos seus sonhos proféticos quando ainda estava em um nível espiritual que não justificava com que isso acontecesse, que era a época em que ele ainda fazia intrigas entre seu pai e seus irmãos.
Mas para acontecer na prática de ele ser a revelação do “Yessod de Atzilut” nesse mundo, ele tinha que se refinar, ele tinha que sofrer para retificar o que ele fez de mal para os seus irmãos.
E assim, se refinando e subindo espiritualmente por meio desses sofrimentos, ele conseguiu alcançar muitos níveis de fé em Hashem que ainda não tinha alcançado.
Dessa forma ele conseguiu chegar ao nível de “Yessod de Atzilut” nesse mundo, e por isso ele teve que sofrer naquela hora e não pôde estender esses sofrimentos para pagá-los em pequenas prestações durante uma reencarnação posterior.
Mas quando chegou o limite final do decreto Divino eles terminaram imediatamente, e tudo se transformou de um extremo ao outro de imediato.
Ele saiu da prisão e se tornou o vice rei que mandava mais do que o próprio rei, casou-se com sua “alma gêmea” e teve dois filhos que deram origem à duas novas tribos no nosso povo, Efraim e Menashe, chegando à um nível que nenhum dos seus irmãos conseguiu chegar.
🌼🌼🌼🌼🌼🌼🌼🌼🌼 Porque Yossef pressionou seus irmãos para fazerem Teshuvá? (voltarem ao bom caminho)
Nossa Parashá nos conta sobre os sonhos do faraó. No começo o faraó sonhou com vacas e depois com espigas de trigo. Seu primeiro sonho foi nível “animal” e o segundo já baixou para nível “vegetal”.Os sonhos de Yossef foram em uma ordem exatamente contrária à essa. No começo ele sonhou com feixes de trigo, um cereal que cresce na terra, depois ele sonhou com o Sol, a Lua e as estrelas no céu, demonstrando uma subida de nível terra para nível céu.
Enquanto os sonhos do faraó demonstravam uma descida do animal para o vegetal os sonhos de Yossef demonstravam uma subida da terra para o céu, nos mostrando que o Tzadik, ou seja, a pessoa que cumpre os mandamentos Divinos, nunca consegue ficar parado em uma etapa só, mas está sempre subindo espiritualmente
O mesmo acontece com o rashá, a pessoa ruim. Ele também não consegue ficar parado em uma etapa só, mas está sempre descendo espiritualmente.
Yossef viu nos seus sonhos proféticos que no começo seus irmãos foram representados por feixes de trigo se prostrando na frente dele, trigo da terra. Depois chegaram ao nível de serem representados como estrelas do céu, demonstrando que a subida deles desde espigas vegetais até se tornarem estrelas no céu estava ligada ao fato de eles terem a necessidade de se prostrar na frente dele.
A primeira vez que seus irmãos se prostraram na sua frente é representada no seu sonho por espigas de trigo e aconteceu quando eles vieram ao Egito para comprar trigo sem as esposas.
A segunda vez, representada pelo Sol, a Lua e as estrelas, aconteceu quando eles se mudaram para o Egito acompanhados de suas esposas que são representadas pela lua.
E sendo que não dá para subir do nível terra para o nível céu sem fazer Teshuvá primeiro, e ele tinha visto no seu sonho que nos dois casos eles estavam se prostrando na frente dele, entendeu que deve usar essa autoridade para fazer com que eles façam Teshuvá e subam do nível terra para o nível céu onde ele já se encontrava antes de eles chegarem ao Egito.
Sendo assim, quando ele viu seus irmãos prostrados na sua frente para comprar trigo, entendeu que esse processo de Teshuvá já começou e por isso os colocou em uma situação complicada para que eles despertassem para fazer Teshuvá.
E viu que estava dando certo quando ouviu os irmãos comentando entre si que toda essa situação complicada está acontecendo para eles porque no passado eles venderam Yossef como escravo.
Teshuvá é assumirmos que não vamos fazer novamente a coisa ruim e nos conscientizarmos de que as coisas ruins que fizemos foram um mau negócio.
Na Parashá da próxima semana, quando Yossef vê que seu irmão Yehudá que o vendeu como escravo está disposto a ficar escravo no Egito no lugar de Benyamin, entende que eles fizeram essa Teshuvá básica e se revela para eles como um irmão piedoso, o irmão que eles jamais tinham conhecido dessa forma. Ele subiu da terra para céu e no mérito dele eles subiram também!
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Vacas lindas e vacas horríveisNossa Parashá nos conta sobre os sonhos do faraó, e depois a Parashá nos conta o jeito que o faraó contou esses sonhos para Yossef.
No sonho original haviam vacas bonitas e vacas feias, mas quando ele contou o sonho para Yossef acrescentou somente em relação às vacas feias, disse que nunca tinha visto vacas horríveis assim em toda a terra do Egito.
Mas em relação às vacas lindas, mesmo que ele nunca tinha visto vacas lindas assim em toda a terra do Egito, ele não acrescentou nada mas somente relatou palavra por palavra o que ele viu no seu sonho.
Diz o Rav Moshe Weber, um grande Tzadik que viveu em Yerushaláim (Jerusalém) na época em que eu estudava lá, que quando o faraó falou sobre as vacas feias ele se entusiasmou.
E qual foi o motivo que ele acrescentou em relação às vacas feias?
Simples: As pessoas ruins gostam de falar sobre as coisas ruins!
E por isso, quando ele relatou sobre as vacas lindas ele fez isso somente por obrigação de relatar o sonho para Yossef para que ele possa interpretá-lo.
Mas quando falou sobre as vacas feias ele se identificou com o assunto, se entusiasmou e se envolveu a ponto de acrescentar sua opinião pessoal. Nesse assunto ele se sentiu em casa!
Aprendemos daqui que nunca devemos nos envolver e nos entusiasmar com as coisas ruins mas sempre devemos nos envolver e nos entusiasmar somente com as coisas boas. 😊
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“Nossa Parashá começa com a palavra “Miketz” que quer dizer “no final”, nos contando como Yossef saiu da prisão que ficava em um buraco e se tornou o vice rei do Egito, a maior potência do mundo naquele momento.Cada um dos nossos patriarcas foi o receptáculo de uma das “Sefirót” do mundo de Atzilut. Para chegarem à esse nível eles tiveram que retificar o nível dessa Sefirá que tinha descido até o lado impuro por meio dos três pecados do Adam Harishon.
A cobra disse para Havá que comendo a fruta proibida ela se tornaria D’us. Adam acreditou que essa árvore já existia antes de D’us e que D’us tinha se tornado D’us por ter comido aquela fruta. Adam comeu a fruta para virar D’us cometendo dessa maneira o primeiro pecado de idolatria da face da terra e fazendo com que a Sefirá chamada de “Hessed” desça até o lado impuro.
Para retificar isso nosso primeiro patriarca, Avraham Avinu, recebe o nível Nefesh da Alma de Adam Harishon e toda a impureza contida nele por ter caído aonde caiu.
Ou seja, por causa da impurezas contidas na Nefesh de Adam Harishon adquirida por meio do alto nível da idolatria que ele fez, Avraham Avinu nasceu com uma inclinação para a idolatria muito maior do que as pessoas normais, e mesmo assim conseguiu chegar ao outro extremo investindo tudo o que tinha para divulgar o conhecimento Divino.
Em resumo, Avraham Avinu nasceu com um grande Yetzer Hará para fazer idolatria mais do que qualquer outra pessoa na face da terra e com três anos de idade já rezava para o Sol e para a Lua e já tentava descobrir qual é o D’us verdadeiro, e também todas as circunstâncias à sua volta eram favoráveis à idolatria incluindo a fábrica de ídolos do seu pai tornando quase impossível para ele chegar ao D’us verdadeiro.
Avraham conseguiu vencer o Yetzer Hará da idolatria e se tornou o receptáculo da “Hessed” de “Atzilut” neste mundo. Mesmo assim, dos resquícios dessa impureza que foi refinada ainda saiu da Alma de Avraham Ismael e os Bnei Pilagshim deixando a Alma dele após isso totalmente refinada e livre de qualquer resquício.
Hashem tinha dito para Adam que comendo a fruta proibida ele traria a morte ao mundo. Adam comeu a fruta proibida e trouxe a morte para o mundo impurificando totalmente o nível “Rua’h” da sua Alma.
Itzhak recebeu o nível Rua’h da Alma de Adam e nasceu com o maior Yetzer Hará de assassinatos do mundo, mais do que qualquer ser humano na face da terra.
Itzhak conseguiu se controlar, e até mesmo quando seu pai o colocou no altar e levantou sobre ele uma faca para fazer dele um sacrifício humano quem segurou a mão de Avraham para não sacrificar Itzhak foi um anjo enquanto que o próprio Itzhak se controlou retificando assim o nível Rua’h da Alma de Adam Harishon. Itzhak se tornou o receptáculo da Guevurá de Atzilut nesse mundo.
Mesmo assim, dos resquícios dessa impureza que foi refinada ainda saiu da Alma de Itzhak a guevurá da klipá, Essav, deixando assim a Alma dele totalmente refinada e livre de qualquer resquício.
Depois de comer a fruta proibida Adam conviveu maritalmente com duas demônias durante 130 anos sendo uma delas a “Lilit”, o lado feminino do anjo da morte conhecido como o “Satan”. Ou seja, Adam conviveu maritalmente com a pior coisa ruim do mundo impurificando o mais alto nível da sua Alma, o nível Neshamá.
Para retificar isso, nosso terceiro patriarca, Yaakov Avinu, recebe o nível Neshamá do Adam Harishon com toda a impureza contida nele por ter caído aonde caiu, trazendo para Yaakov o maior Yetzer Hará do mundo para relações proibidas
Yaakov conseguiu vencer esse enorme Yetzer Hará e retificar a Neshamá de Adam Harishon sem deixar resquícios. Yaakov se tornou o receptáculo da Tiféret nesse mundo.
Agora esse trabalho chega à sua reta final. Yossef vem fazer o conserto do Yessod que é a Sefirá da coluna do meio, continuação da Tiféret e que repassa toda a fartura do mundo superior para baixo.
Diz o Zohar que Yossef saiu do “buraco” das impurezas, foi testado por meio da mulher de Potifar que era uma “miss universo” e que tentava seduzir Yossef diariamente.
Yossef se controlou e passou no teste, se tornando o receptáculo da Sefirá chamada de “Yessod de Atzilut” nesse mundo, se tornando o vice rei do Egito e sustentando o mundo inteiro nos anos difíceis, repassando a fartura espiritual para o nosso mundo material.
Por isso nossa Parashá começa com a palavra Miketz (no final), nos indicando que Hashem colocou um final para a escuridão!
Aprendemos daqui que a Mitzvá mais difícil de se fazer é a principal missão da nossa vida, e é isso que viemos retificar.
Para uns, o mais difícil é se controlar e não ser agressivo com alguém, mesmo estando “louco por uma briguinha” e tendo o maior prazer de estar dentro dela.
Para outros é se proteger de ser seduzido por alguém mesmo que de manhã acorda com o desejo de que alguém tente seduzi-lo e de noite dorme com essa vontade também.
Para alguns o mais difícil é deixar a idolatria e servir o D’us verdadeiro.
Mas cada um de nós tem que estar consciente de que o mais difícil de se fazer, aonde nosso Yetzer Hará nos ataca com bombas atômicas, é o motivo pelo qual a nossa Alma desceu pata esse mundo.
Por isso temos que fazer isso com muita alegria e caprichar mais particularmente nas Mitzvót que temos mais dificuldade para fazer.
Nossa Parashá nos conta que no final de dois anos o faraó sonhou. A partir de agora vão terminar os sofrimentos de Yossef e ele vai deixar de ser presidiário para se tornar o governador de toda a terra do Egito.
A tradução literal da palavra “Ketz” é extremo, mas Unkelus traduz como “final”. Rashi traz a tradução de Unkelus e diz que sempre que a Torá traz a palavra “Ketz” a intenção é “final”.
Qualquer problema já tem um final pré determinado
Rabi Hiya no Zohar traz um versículo do livro de Yov que fala sobre o “Ketz”, o final da escuridão, explicando que Hashem coloca um limite final para o para o mal e quando chega esse limite ele desaparece como se nunca tivesse existido.
Esse limite abrange desde cada um de nossos problemas pessoais até o problema de todos nós juntos que é o Galut.
Aprendemos daqui que até antes mesmo de sabermos que temos um problema ele já tem um final pré-determinado, como no caso de Yossef que mesmo tendo feito a última tentativa (que também não deu certo) de resolver o próprio problema não se desanimou porque sabia que no final tudo ia se resolver.
Hashem sempre cria a solução antes do problema
O Zohar nos conta que Hashem sempre cria o remédio antes do ferimento, e sendo que por motivos de reencarnações anteriores estava decretado que nosso povo vai ser afligido em uma terra estranha e depois iriam sair de lá com grandes riquezas, antes de Yaakov descer para o Egito com toda a família (que representavam todo o povo de Israel), Hashem fez com que Yossef, que é vinculado à Sefirá chamada de Yessod e por meio dela é repassada a fartura ao mundo, descesse ao Egito.
E depois fez com que o mundo inteiro tivesse que comprar comida do Egito, trazendo para o Egito as grandes riquezas antes de chegarmos lá, para no final sairmos de lá com todas essas riquezas.
Assim também no nosso dia a dia, sempre temos que estar confiantes de que, não só que os problemas tem um final antecipadamente determinado, mas que também sairemos dos nossos problemas com um grande lucro que já estava preparado para nós antes mesmo do problema chegar.
Os sonhos de Yossef, os sonhos do faraó, e os nossos sonhos
Quando Yossef era jovem, Hashem revelou à ele por meio de sonhos que um dia todos se prostariam na frente dele.
Sendo que Hashem se comunicou com Yossef que seria o maior Tzadik da sua geração por meio de sonhos, os principais acontecimentos relacionados à ele também foram por meio de sonhos, e o Egito se tornou a maior potência mundial por meio de sonhos.
Todos nós sonhamos, mas nossos sonhos são consequência dos nossos pensamentos e sentimentos, como dizem nossos Sábios que não devemos olhar para “coisas proibidas” de dia para não sonharmos com elas de noite.
Por meio da nossa fé fazemos acontecer coisas boas, e se temos fé de que uma coisa ruim vai acontecer podemos fazer com que ela aconteça só pela força da nossa fé, não por que a coisa ruim precisaria acontecer.
Por isso, mesmo que muitas vezes sonhamos com coisas ruins, não devemos dar crédito aos nossos sonhos, sendo que essa fé é a única maneira de fazer com que a coisa ruim aconteça.
O grande Sábio Shmuel foi o fundador da grande Yeshivá de Nehardea na Babilônia persa há 1800 anos atrás. Ele era amigo íntimo do grande Rei da Pérsia chamado Shabur (Shapur 1).
Esse rei da Pérsia tinha ganho duas batalhas contra os romanos e com certeza a maior preocupação dele sempre foi o império romano.
Certa vez ele perguntou à Shmuel:- Vocês dizem que são grandes sábios, se você é tão sábio assim então me diga o que eu vou sonhar essa noite?
Shmuel sabia que o rei da Pérsia estava sempre preocupado com os romanos, então disse para ele:- você vai sonhar essa noite que os romanos ganharam a guerra e te colocaram para moer caroços de tâmaras com um moinho de ouro.
O rei pensou nisso o dia inteiro e consequentemente de noite sonhou com isso!
Quando Shmuel sonhava com uma coisa ruim ele dizia o versículo de Zeharia: “os sonhos só falam coisas vãs.
Quando ele sonhava com uma coisa boa ele dizia: será que os sonhos falam coisas vãs? Ao contrário, está escrito (Bamidbar) “no sonho vou falar com ele”
Ou seja, se você tem um sonho ruim, não acredite nele, e assim a sua fé não vai forçar ele a acontecer.
Mas se você tem um sonho bom, tenha fé que ele vai acontecer e a sua fé vai fazer com que ele aconteça!
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O milagre das velasCom certeza o maior milagre de Hanucá foi a vitória da guerra contra os greco-sirios.
Éramos poucos contra muitos, fracos contra fortes, puros contra impuros, e só ganhamos essa guerra por milagre.
E não por qualquer milagre, mas por um gigantesco milagre, relativo à gigantesca desproporção entre nós e eles.
Nossas vidas foram salvas, voltamos a guardar nossa cultura e nossa religião e nossos bens não foram mais confiscados pelo inimigo.
Hashem fez um milagre em cima de outro milagre, e as velas da Menorá ficaram acesas oito dias com azeite puro por milagre.
Porque Hashem fez para nós esse “mimo” de nos fazer um milagre em cima de um milagre em Hanucá e não nos deu esse “mimo” nem na saída do Egito e nem em Purim?
Gregos e helenistas
Infelizmente parte do exército greco-sirio era composta de judeus helenistas que viam a cultura grega como algo tão importante que estavam dispostos a lutar contra nós em nome do “iluminismo” grego. Fomos obrigados a lutar contra eles também.
Diferente de Pessa’h, quando o mar se fechou sobre os egípcios mas não sobre os judeus, ou de Purim quando o Rei da Pérsia nos autorizou a nos defender dos outros povos, em Hanucá tivemos que lutar contra judeus também. Como poderíamos comemorar uma vitória dessas?
Por isso Hashem foi obrigado a nos fazer mais um milagre para Hanucá ser uma festa tão linda e não uma lembrança trágica de Hashem ter nos salvo de nossos próprios irmãos, e por isso não houve necessidade de acontecer esse “mimo” nem em Pessach e nem em Purim.
Ganhamos com isso que “esses dias são lembrados e acontecem”, e Hashem é obrigado a fazer mais e mais milagres para nós! Então vamos aproveitar e pedir tudo!
E principalmente pedir a Gueulá sendo que ela é o final da escuridão, o final dos sofrimentos, e depois dela não haverão mais coisas ruins. Não economize nas rezas, peça mais mais e mais, e os milagres sobrenaturais vão acontecer
Vayeshev 5782
Nossa Parashá começa nos contando que Yaakov morava na terra de Canaã, e esses são os descendentes de Yaakov: Yossef que tinha dezessete anos e era pastor de ovelhas junto com seus irmãos.
A Parashá continua nos contando que Israel (Yaakov) amava Yossef mais do que todos os seus filhos, e fez para ele uma túnica especial. Logo depois a Parashá nos conta sobre os sonhos de Yossef.
Ou seja, no começo a Parashá nos conta que esses são os descendentes de Yaakov, mas no lugar de trazer a lista cronológica dos filhos de Yaakov ela nos conta sobre Yossef.
Nos conta que Yossef tinha dezessete anos, que Israel (Yaakov) gostava de Yossef mais do que todos os seus filhos, que fez para ele uma túnica diferenciada, e continua nos contando sobre os sonhos de Yossef.
Entendemos daqui que a Parashá está nos mostrando a importância de Yossef em relação aos seus irmãos.
Como pode ser que um Tzadik como Yaakov que tinha doze filhos, tinha uma “caidinha” por um deles mais do que pelos outros? E porque a Parashá aparentemente está dando mais importância para Yossef do que para todos seus irmãos?
Sincronizações espirituais
Nossos patriarcas eram o “DNA” do nosso povo e cada um deles estava sincronizado diretamente com uma das Sefirot do mundo de Atzilut.
Avraham era a representação da Sefirá chamada de “Hessed” (bondade) do mundo de Atzilut nesse mundo, e por isso ele tinha uma “caidinha” por Ismael que mesmo sendo a “Hessed” da klipá, do lado impuro, não deixava de ser “Hessed”. Ele era a “Hessed” que caiu no fundo do precipício!
E Avraham não tinha essa mesma “caidinha” por Itzhak, porque Itzhak, mesmo sendo um Tzadik, era a representação da Sefirá chamada de Guevurá (rigidez) de Atzilut nesse mundo.
A Hessed não tem tolerância para a Guevurá. A Hessed é comparada à água e a Guevurá ao fogo. A água apaga o fogo e o fogo evapora a água, eles não tem nenhuma sincronização entre si.
Itzhak que era “Guevurá” tinha uma caidinha por Essav que também era “Guevurá”, mesmo sendo Essav a Guevurá da klipá, do lado impuro, a Guevurá que caiu no fundo do precipício, mesmo assim ele não deixava de ser Guevurá.
E mesmo sendo Yaakov um Tzadik, ele era a representação da Sefirá chamada de Tiféret nesse mundo, e não era Guevurá como Itzhak e Essav.
E assim, Yaakov que era a representação da Tiféret de Atzilut nesse mundo, tinha uma característica diferente de Avraham que era Hessed, mas que dele saiu Ismael que era a Hessed da klipá.
E também tinha uma característica diferente de Itzhak que era Guevurá, mas que dele saiu Essav que era a Guevurá da klipá.
De Yaakov não saiu nenhuma klipá, nenhuma impureza, mas todos os seus filhos eram do lado bom, do lado da Kedushá (santidade).
E por isso Yaakov tinha uma “caidinha” por Yossef, sendo que Yaakov era a Tiferet de Atzilut, Sefirá da “coluna do meio”, e que abaixo dela nessa mesma “coluna do meio” se encontra a Sefirá chamada de Yessod que é sincronizada diretamente com a Tiféret que se encontra acima dela.
Duzentos anos depois de Yossef vão aparecer Moshe e Aharon dando representação às Sefirot de Netza’h de Atzilut, representada por Moshe, e Hod de Atzilut, representada por Aharon, e muito tempo depois chegará o rei David que vai ser a representação da Sefirá chamada de Mal’hut de Atzilut nesse mundo.
Por isso Yossef é tão importante a ponto de a própria Parashá, quando cita a descendência de Yaakov, falar tanto de Yossef e tão detalhadamente.
Erros de avaliação
De Yaakov não saiu nenhuma klipá. Então, como pode ser que os irmãos de Yossef quiseram matá-lo e no final o venderam como escravo?
Avraham, Itzhak e Yaakov eram Tzadikim, pessoas extremamente elevadas espiritualmente. Como pode ter acontecido de eles deixarem “escapar” a preferência que eles tinham por um filho em relação ao outro, a ponto de despertar a inveja dos outros. Como no caso do relacionamento entre Yaakov e Yossef que despertou os ciúmes dos irmãos e causou o exílio do nosso povo no Egito?
“Asher Bará Elokim Laassot”
Diz Rashi na sua explicação sobre o Midrash Bereshit Rabá, que não está escrito que “D’us criou e fez”, mas está escrito que”D’us criou para fazer. Nos ensinando que tudo o que D’us criou ainda precisa de um “Tikun”, de um conserto. Ou seja, não existe perfeição na criação, mas tudo precisa de um “Tikun”.
Por esse motivo, até os Anjos que não tem livre arbítrio podem fazer um erro de avaliação e fazer algo contra a vontade Divina achando que aquilo é a vontade Divina.
Yaakov viu que Yossef é a Sefirá chamada de “Yessod” nesse mundo, a Sefirá que repassa a abundância Divina, a fartura do mundo superior para que ela possa descer à nós por meio da Sefirá chamada de Mal’hut.
Yossef viu isso nos seus sonhos que eram o nível de profecia que se revela por meio do Mal’hut, profecia vinda por meio de um sonho, como aconteceu para Yaakov quando ele estava a caminho de Haran.
Yossef sonhou que os feixes de trigo dos seus irmãos iriam se prostar na frente do seu, o que aconteceu quando o Egito era o único lugar do mundo que tinha trigo para vender e seus irmãos se prostaram na frente dele quando vieram comprar trigo no Egito sem suas esposas.
Ele sonhou que o Sol, a lua e onze estrelas se prostaram na frente dele, e isso aconteceu quando eles se mudaram com suas famílias para o Egito, nesse sonho as esposas foram representadas pela lua.
Imagine a grande alegria de uma pessoa que chega ao país que é a superpotência mundial e descobre que a mais alta autoridade desse país, o vice-rei, ou seja, o primeiro-ministro que manda mais do que o rei e que é o único responsável pela venda do trigo que você veio comprar no único país que tem trigo para vender, é nada mais nada menos do que o seu próprio irmão.
Não só que você não vai ficar com inveja dele, mas vai agradecer à D’us pelo grande milagre de que o seu irmão está nesse cargo tão importante, que seu irmão graças à D’us é alguém muito mais importante do que você e por isso pode te ajudar.
E isso foi o que viu Yaakov, e a Torá nos revela esse detalhe com as palavras “e seu pai guardou esse fato”, ou seja, aguardou que isso vai acontecer.
Yaakov viu que os irmãos de Yossef terão o grande orgulho de poder se prostar na frente dele e serem reconhecidos como os irmãos do vice rei! E não só isso, mas como irmãos de um vice rei que manda muito mais do que o próprio rei! E não só isso, mas também que ele é o único responsável pela mercadoria que eles vieram comprar nesse país!
Desde o começo, Yaakov viu que Yossef é a Sefirá chamada de Yessod, e que todos terão orgulho de poder se prostar na frente dele.
O erro de avaliação que aconteceu nesse caso foi o fato de revelar isso antes da hora.
E daqui aprendemos que mesmo tendo preferência por um filho em relação ao outro devemos morrer sem que ninguém nunca saiba que tivemos essa preferência.
Mesmo sabendo que vai chegar o dia em que todos os filhos reconheçam o milagre que eles tiveram de ter um irmão mais importante do que eles, mesmo assim devemos deixar eles descobrirem isso sozinhos e não saberem que nós também tínhamos essa preferência.
Vemos que o próprio Yaakov no final, quando já tinha percebido isso, contestou o segundo sonho de Yossef para que os irmãos não ficassem mais com inveja dele.
Naquele caso ele não conseguiu mais reverter a situação, porque o exílio já estava decretado. Mas no nosso caso, nós que somos a geração da Gueulá, nós que já vamos entrar na era em que uma pessoa já não vai mais ter inveja da outra, para nós já está decretado que tudo vai mudar para o bem, e qualquer pequena atitude nossa já vai fazer essa mudança acontecer imediatamente em nossos dias
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O Zohar nos conta que de vez em quando vemos um Tzadik sem “Mazal” . O motivo para isso é que Hashem “refina” o Tzadik nesse mundo por meio de sofrimentos para que ele tenha um “gan éden” maior e isso é chamado de “sofrimentos de amor”.
Sabemos que a Shehiná (Presença Divina) não paira onde há tristeza mas somente onde há alegria proveniente do lado da pureza, “Alegria de Mitzvá”. Como vemos no caso do profeta Elishá que precisou de um músico para alegrá-lo para que a Shehiná pairasse sobre ele e ele pudesse falar a sua profecia.
Naquele caso ouvir a música se tornou a Mitzvá de fazer com que a Shehiná pairasse sobre ele por meio da alegria.
Aprendemos isso de Yaakov, que por estar triste em achar que Yossef tinha falecido, causou à Shehiná deixá-lo, e quando ele se alegrou com a notícia de Yossef estar vivo, a Shehiná voltou para ele.
Então, pergunta o Zohar, como pode Hashem deixar o Tzadik sofrer se isso causa a ele a falta de alegria? E também, por outro lado, vemos Tzadikim que tudo na vida deles dá certo, eles têm “Mazal”!
E se o motivo de ele ter Mazal é o fato de ele ser um Tzadik filho de um Tzadik e nesse caso o mérito do pai ajuda ele, Yaakov que era filho e neto de Tzadikim, por que sofreu tanto?
O Zohar nos conta sobre um livro da antiguidade chamado de “livro dos antepassados”. Esse livro revela que o segredo do Mazal é ligado às Sefirot.
Tem vezes que a Sefirá chamada Mal’hut, que é o nível de Revelação Divina chamado de Shehiná, está com uma falha causada pelas más ações do mundo, e não se une a Tiféret para receber dela novas Neshamot (almas judias) (o Zohar chama o Zeer Anpin de Tiferet) e mesmo assim o Mal’hut tem que enviar para o mundo as Neshamot que já recebeu da Tiféret quando estava unida a ela e que ficam no Mal’hut por doze meses.
Essas Neshamot que descem para o mundo quando o Mal’hut está em estado de Guevurá e separado da Tiféret vão estar sempre sofrendo nesse mundo.
A pobreza e os problemas a perseguem continuamente por toda a sua vida, tanto se ele é um Tzadik ou não.
Ele não tem “Mazal “, e o único jeito dele “repor” essa falta crônica de Mazal é investindo na Tefilá, sendo que por meio da nossa Tefilá causamos uma união entre a Shehiná e a Tiféret, e essa união faz com que a Tiféret que é comparada pelo Zohar ao sol ilumine o Mal’hut que é comparado pelo Zohar à lua que só tem o que recebe do sol .
A Tiféret repassa um “brilho” de riqueza para a Shehiná. Esse “brilho” ilumina na raiz da nossa Neshamá e por meio disso a Shehiná inverte o que nos foi decretado de pobreza e sofrimento para riqueza e sucesso em tudo.
Sendo que o Mazal dessa pessoa não se transforma totalmente por meio da Tefilá mas é “remediado”, essa pessoa sempre vai ter que rezar “forte” diariamente toda a sua vida para repor essa “falta”.
A Neshamá que desce para o mundo quando o Mal’hut está unido com a Tiféret sempre vai ter sucesso em tudo! Família, saúde, dinheiro e tudo o que precisar por causa de uma das Sefirot que fazem parte desse grupo que o Zohar chama Tiferet, e essa Sefirá é chamada de Issod que é apelidado de “Mazal”.
É ela que repassa fartura e prosperidade quando o Mal’hut está unido com esse conjunto chamado Tiféret. Toda a felicidade, riqueza e tudo de bom está ligado à Sefirat Haissod que é o Mazal.
A falta dessa ligação causa uma falta de “Mazal” em tudo, e sobre isso estudamos que :- Filhos, saúde e dinheiro não dependem das nossas ações mas dependem do Mazal.
Sendo que a falha na Shehiná (Mal’hut) causou isso para esses Tzadikim, Hashem está sempre unido à eles, não deixa eles nem por um momento e sofre com os sofrimentos deles.
Sobre isso está escrito: “Hashem está próximo dos que tem o coração quebrado”. Porque eles sofrem junto com Hashem a falha da Shehiná causada pelas más ações desse mundo.
Sendo que o Mal’hut é comparado a lua e esses Tzadikim sofrem por causa dessa ffalh, quando a falha da lua (Mal’hut ) for consertada, e a luz da lua ficar como a luz dos sete dias da criação, extremamente maior que a luz da lua, esses Tzadikim também usufruirão desse nível de revelação que é extremamente maior do que os outros níveis .
Essa falta de Mazal não precisa ser aplicada ao extremo, por isso o Zohar coloca o Rabi Shimon Bar Yohái também nessa classificação como Yaakov, sendo que Rabi Shimon teve que fugir dos romanos por treze anos.
O próprio exílio de quatrocentos anos que foi decretado no pacto com Avraham Avinu começou com o nascimento de Itzhak, e as mudanças de lugar que eles fizeram foi considerada como exílio.
E poderia ter passado assim por quatrocentos anos diz o Zohar, não fosse o ódio dos irmãos por Yossef que causou um agravamento total no exílio
Em nosso exílio atual que foi causado somente por ódio gratuito, isso fica mais grave ainda, sendo que sairemos desse exílio por meio de amor gratuito.
Portanto, o principal trabalho da nossa geração é despertar o amor ao próximo e ajudarmos uns aos outros como é a característica natural do nosso povo, de sermos tímidos , bondosos e gostarmos de fazer favores.
Conclusão : A Tefilá e o amor ao próximo podem transformar o nosso Mazal a ponto de até uma viagem de férias ser considerada um exílio!
Hashem é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem, e por isso, mesmo que o nosso Mazal não é dos bons, não temos com o que nos preocupar.
Acrescentando na Tefilá e nas boas ações, qualquer decreto do tribunal Divino pode ser substituído por coisas melhores que só Hashem sabe fazer!
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Nossa Parashá nos conta sobre os sonhos de Yossef e a próxima Parashá vai nos contar sobre os sonhos do Faraó
Yossef teve dois sonhos que compartilhavam um mesmo tema, de que um dia sua família se curvaria perante ele.
No primeiro sonho, Yossef e seus irmãos foram representados por grãos de trigo. Onze feixes de trigo se inclinaram perante um único feixe, o de Yossef.
No segundo sonho, sua família, representada pelo sol, a lua e as estrelas, voltou a se curvar na frente dele.
Como Yossef na nossa Parashá, na próxima Parashá o Faraó também vai ter dois sonhos, e seus sonhos também irão compartilhar um mesmo tema, de que o Egito iria passar por sete anos de abundância seguidos de sete anos de fome.
E como nos sonhos de Yossef, nos sonhos do Faraó as imagens também mudaram de um sonho para o outro.
No primeiro sonho, os anos de abundância e fome foram representados por sete vacas bem alimentadas indicando uma grande fartura, e sete vacas mal alimentadas indicando uma grande escassez.
No segundo sonho, os sete anos de abundância foram representados por sete espigas de grãos saudáveis e gordurosos e os anos de escassez representados por sete espigas secas e atrofiadas.
Nos sonhos de Yosef apareceram assuntos celestiais como o sol, a lua e as estrelas, os sonhos de Yossef progrediram do terrestre para o celestial.
Nos sonhos do Faraó não apareceram assuntos celestiais.
Seu primeiro sonho (do faraó) envolveu a vida animal, mas seu segundo sonho já desceu para a vegetal – uma forma de vida muito menor. Podemos dizer que os sonhos do Faraó “se deterioraram”!
O contraste entre esses dois conjuntos de sonhos realça as diferenças entre os sonhadores.
Os sonhos do faraó estavam desprovidos de qualquer coisa celestial, simbolizando uma pessoa cuja mente estava inteiramente absorvida em atividades terrestres.
Não é surpresa que essa pessoa gradualmente se torne mais e mais enraizada em suas obsessões materiais, como é representado pela sequência “degenerativa” dos sonhos do faraó.
Os sonhos de Yosef, no entanto, eram diferentes.
Um judeu, mesmo interagindo com o mundo físico, tem que estar sempre pensando nos aspectos celestiais de sua vida – seu desenvolvimento espiritual e propósito espiritual.
Yossef, portanto, sonhou tanto com o mundo material quanto com o celestial, e em uma ordem de “progressão”, porque sua vida como um todo estava em constante crescimento.
🔥🔥🔥🔥Hanuká🔥🔥🔥🔥
Ao anoitecer deste domingo, (28 de novembro 2021), acenderemos a primeira vela de Hanucá e durante oito dias cada dia acrescentaremos uma vela (em ordem de progressão), demonstrando que nossa função no mundo é acrescentar luz, acrescentar espiritualidade nesse mundo iluminando-o cada dia mais!
E, como Yossef, mesmo interagindo diariamente com o mundo material à nossa volta temos que estar sempre pensando nos aspectos celestiais da nossa vida, sem nos contentarmos com a luz que difundimos ontem mas acrescentando cada dia mais um pouquinho de luz no mundo!
Por que o milagre original de Hanucá só poderia acontecer por meio dos “Cohanim sagrados” e não por meio de pessoas comuns?
Depois de acender as velas de Hanucá falamos “Hanerot Halalu”, uma Tefilá cuja fonte é uma Guemará chamada “Massechet Sofrim”
Nela agradecemos à Hashem pelos milagres que aconteceram por meio dos seus “ Cohanim Sagrados”.
O motivo que o milagre original de Hanucá só poderia ter acontecido por meio desses Cohanim sagrados é o seguinte:
Os Hashmonaim saíram para a guerra sem que tivessem absolutamente nenhuma possibilidade de vencer de uma maneira natural
Se uma pessoa comum como todos nós fizesse isso seria considerado suicídio, seria proibido pela Torá sair para uma guerra do tipo que não há nem pelo menos uma ínfima possibilidade de vencer de uma maneira natural.
Mas para eles seria permitido morrer dessa maneira e não seria considerado suicídio sendo que eles estavam em um nível espiritual muito elevado chamado de “Hassid Gamur” , e por isso tinham a permissão de dar a própria vida para santificar o nome de Hashem
Por causa disso o milagre aconteceu especificamente por meio deles, no mérito da Mitzvá que eles fizeram de dar a vida para santificar o nome de Hashem, mas se uma pessoa comum tivesse feito isso seria uma averá (uma transgressão à Torá) e o milagre não aconteceria!
Uma parte desse cântico diz: “Naqueles dias nesse tempo” nos indicando que depois que eles trouxeram ao mundo esse milagre tão grande eles abriram esse portão celestial para todos nós e sempre que esses dias voltam os portões celestiais se abrem novamente tornando esses dias propícios para grandes milagres para cada um de nós
Uma história pessoal
Há trinta e cinco anos atrás eu era professor em Rehovot, Israel. Naquela época eu morava em Kryat Malahi, no interiorzinho de Israel, e se perdesse um ônibus para Rehovot, tinha que esperar uma hora até que chegasse o outro.
Mesmo sabendo que a minha vocação verdadeira era para estudos e não me via com a mínima capacidade de dirigir um carro, entrei em uma auto escola em Rehovot.
Não falei nada para o professor, mas ele sozinho depois de algum tempo me chamou e disse:- Vou ser ”dugri” com você! (uma gíria israelense que quer dizer ”extremamente sincero”) :- Nunca tive um aluno pior do que você, e para falar a verdade eu tenho até medo de estar com você dentro do carro! (O pior era que era verdade mesmo)
Depois de ter ouvido a opinião sincera desse grande profissional, acalmei ele e lhe disse que concordo plenamente, mas pedi para ele marcar o meu teste para Hanucá que é uma época propícia para milagres
Ele me tirou qualquer esperança e me disse que nunca na vida eu passaria em um teste de habilitação, e que ele tem até vergonha de me cobrar pelas aulas.
Eu insisti para que ele marcasse o teste para Hanucá e ele marcou, só para que só pudesse ver com os meus próprios olhos o que nós dois já sabíamos, que eu nunca iria conseguir tirar uma carteira de motorista na vida!
Chegou Hanucá. Fomos para o departamento de trânsito de Rehovot.
Chamaram o meu professor de lado e disseram para ele:- o avaliador que vai entrar hoje com os seus alunos no carro é um funcionário público efetivo, sobrevivente de holocausto com sérios traumas de guerra, e hoje ele está atacado.
Quando isso acontece ele reprova todo mundo e não tem como tirar ele dessa função. Só avisa os seus alunos que a culpa não vai ser deles, mas todos eles vão ser todos reprovados.
O professor nos avisou!
Entramos no carro. Ele estava surtado de verdade. Éramos três alunos. Começou por uma jovem, ele pediu para ela fazer uma baliza de esquerda e quando ela começou a dirigir ele já começou a gritar e reprovou ela.
Um segundo aluno sentou na frente, ele pediu para o aluno fazer uma baliza de direita, e quando ele começou já levou berros e foi reprovado.
Eu me sentei na frente…… O avaliador pediu para eu dirigir reto de volta. Ele iria me reprovar na reta.
Mas…. o farol abriu, veio um louco dirigindo à toda e eu vi que ele iria passar no vermelho e se não parasse bateria em nós (só um brasileiro perceberia isso).
Brequei repentinamente e o louco passou a um milímetro de nós. O avaliador se assustou extremamente, olhou para mim com lágrimas nos olhos e me disse:- ele iria bater do meu lado, eu iria morrer agora e você salvou a minha vida!
Não preciso dizer que fui o único aprovado aquele dia e o professor me falou:- você estava certo! Hanucá é época dos milagres!
Vayshla’h
(Capítulo 8)
Nossa Parashá nos conta que Yaakov Avinu lutou contra um anjo e venceu.Como pôde Yaakov, um ser humano, ter lutado contra um anjo, uma criatura espiritual, e ainda ter vencido?Diz o Zohar que esse anjo é um dos setenta anjos responsáveis pelos setenta povos do mundo e ele era o anjo de Essav e de seus futuros descendentes. O anjo, para poder interagir nesse mundo, é obrigado a se revestir em uma forma material, e por isso Yaacov conseguiu materialmente lutar contra ele e vencer. Mesmo assim o anjo conseguiu ferir o tendão da perna de Yaakov. Essa luta material obviamente tinha uma sincronização espiritual que era seu motivo principal, e pelo fato de o anjo ter ferido a perna de Yaakov, todo profeta judeu que tentou profetizar o final de Essav, caiu no chão e não conseguiu incorporar essa profecia para trazê-la ao mundo material. Por isso, diz o Zohar, o profeta Ovadiahu (Obadias) que se converteu ao judaísmo e era proveniente de Edom, o país original de Essav, foi escolhido para falar essa profecia, sendo que sobre ele não recaiu esse ferimento espiritual causado pelo anjo de Essav. Porque Yaakov precisou da benção desse anjo que era nada mais nada menos que o anjo de Essav, um anjo que não era do lado puro? Yaakov insistiu para que o anjo concordasse com o fato de as Brahot que ele recebeu de Itzhak pertencerem à ele para que esse anjo não se tornasse um Kitrug (um anjo promotor) contra o povo de Israel no Beit Din Shel Maala (Tribunal Celestial) nos acusando lá de termos roubado a prosperidade de Essav. Quando o anjo concordou aqui embaixo que a Brahá é de Yaakov, ele já não pode falar diferente lá em cima Até agora não tinha havido uma luta entre um dos patriarcas com um anjo, mas nossa Parashá começa com a história de que Yaakov mandou anjos para Essav, abrindo essa possibilidade. Porque Yaakov não usou as Brahot que recebeu de Itzhak para se proteger de Essav que se aproximava com 400 homens para atacá-lo? O Zohar nos conta que Yaakov não quis ter proveito dessas Brahot nesse mundo e as guardou para nós usufruirmos delas nos tempos do Mashia’h (que estão bem pertinho). Enquanto essas Brahot estão guardadas, Yaakov usou outros meios para se defender de Essav, nos deixando uma instrução clara para todas as gerações de como se faz para receber um milagre sem desperdiçar nossos méritos, que são as seguintes: Tefilá: Yaakov rezou para Hashem ajudá-lo e não precisou usar seu mérito. Com ele aprendemos algumas regras básicas de como fazer um pedido para Hashem: Aprendemos dele que quando rezamos devemos explicar e especificar o que queremos de maneira clara e detalhada. Hashem está em todo lugar e sabe o que queremos mesmo sem pedirmos, mas aprendemos com Yaakov que para recebermos alguma coisa sem pedir, necessitamos de um grande mérito lá em cima. Mérito que até o próprio Yaakov, o maior dos patriarcas, preferiu não usá-lo enquanto não fosse extremamente necessário. E se até Yaakov que tinha de verdade esse mérito lá em cima, preferiu guardá-lo para que pudéssemos usá-lo nos tempos do Mashia’h, e por isso rezou detalhadamente para não precisar usar aquele mérito, quem somos nós para esperar que Hashem nos faça um milagre sem pedirmos. E mesmo que muitas vezes Hashem nos faz verdadeiros milagres sem que cheguemos a saber, mesmo assim, o certo é pedirmos detalhadamente quando sabemos o que precisamos, e isso por dois motivos: 1-Se não rezarmos talvez o milagre não aconteça. 2-Se acontecer sem rezarmos, ele poderá ser descontado dos nossos méritos. Por isso que Yaakov detalhou sua reza dizendo: – “Me salve por favor, do meu irmão, de Essav, para que ele não venha e ataque as mulheres e as crianças” diz o Zohar. Analisando a reza de Yaakov 1-“Me salve por favor” (mas de quem? talvez de Lavan?) 2-“do meu irmão” (mas antigamente parentes eram chamados de irmãos!) 3- “de Essav” (mas por qual motivo isso é necessário?) 4- “para que ele não venha e ataque mulheres e crianças”. Mesmo que a reza foi curta, uma reza de três versículos, vemos que ela conteve todos esses detalhes e foi eficiente. Nós próprios somos a prova ”viva” de que a Tefilá dele funcionou, senão não estaríamos aqui!O segredo dos Tehilim Se é assim, porque lemos o Tehilim (Salmos) como sendo a melhor reza quando (D’us nos livre) surgem problemas de saúde , financeiros ou de qualquer outro tipo, se esses Tehilim não estão especificando detalhadamente nenhum dos nossos pedidos, como pode ser que ele serve para tudo? Como pode ser que você, lendo uma súplica do rei David pedindo para Hashem o salvar de Shaul, isso vai ser considerado como se você tivesse pedido detalhadamente e da maneira mais correta possível tudo o que você tinha intenção de pedir? Sobre isso diz o Zohar na nossa Parashá:- “Venha e veja, nesses Tehilim que falou David, existem segredos e assuntos elevados nos segredos da sabedoria. Sendo que todos foram ditos por meio do Ruach Hakodesh, Revelação Divina que pairava sobre David e então ele os cantava, portanto, todos os Tehilim foram ditos por meio de segredos da sabedoria” . Ou seja, quando você lê os Tehilim em hebraico você está expressando o seu sentimento e o pedido do seu coração da maneira mais profunda possível. A intenção do rei David quando ele os escreveu era oculta e as palavras dele representam forças ocultas apelidadas por ele dessa maneira. Mesmo que ler os Tehilim já é o suficiente, mesmo assim é bom antes ou depois do Tehilim fazer o seu pedido explícito e detalhado como o fez Yaakov! Fora a reza, Yaakov se preparou para uma guerra, e também mandou presentes para Essav, nos mostrando que a Tefilá tem que recair sobre uma ação material. Rezamos para que o nosso trabalho dê frutos, pedimos para Hashem nos dar sucesso no que fizermos. E somente no caso em que realmente não há o que fazer, a Tefilá por si só já é o suficiente. Essav aceitou os presentes e depois quis devolvê-los, mas Yaakov não os aceitou de volta, deixando Essav “subornado”. Sendo que o motivo desses presentes eram um ”suborno” para que Essav não “viesse e matasse as mulheres e as crianças”. Yaakov abriu para nós espiritualmente dessa maneira o caminho para sobreviver dentro desse ”Galut Edom” que começou com o império romano e se estende até hoje, nos mostrando o que devemos fazer quando temos problemas com o “Essav” que vivemos no meio deles.🌴🌴🌴🌴🌴🌴🌴 Quando Yaakov vai pata Haran na Síria, ele vê anjos em uma visão profética que teve no seu sonho. Quando ele volta de Haran ele se encontra pessoalmente com esses anjos e os reconhece como sendo aqueles Anjos que ele viu no seu sonho. Na nossa Parashá ele manda esses Anjos para Essav como primeira tentativa de fazer com ele as pazes. Qualquer pessoa normal se intimidaria em uma situação dessas, mas Essav não se intimida. Os Anjos voltam para Yaakov e dizem que Essav vem atacá-lo com quatrocentos homens. Como pode ser que essas criaturas Divinas não surtiram efeito e Yaakov é obrigado a dividir o povo em dois acampamentos, se preparar para uma guerra, rezar pedindo detalhadamente para que Hashem o salve do seu irmão, de Essav, para que ele não venha e mate as mulheres e as crianças. E Yaakov se vê obrigado até a mandar presentes para ”subornar” Essav. E ainda mais, no final de todos esses preparativos, Yaakov acaba ficando sozinho e é atacado pelo próprio anjo de Essav que é um dos setenta ”Sarim” responsáveis pelos povos do mundo, um anjo do nível impuro. Para entender isso vamos pular para o final da nossa Parashá que nos conta sobre os sete reis que reinaram em Edom antes de ter um Rei no povo de Israel. A Torá não conta para nós quantos faraós reinaram no Egito e nem quantos reis reinaram em outros países, deixando a impressão de que a história dos reis de Edom aparentemente é totalmente desnecessária. Mas na verdade a história dos reis de Edom é a explicação da estrutura espiritual de Essav com toda a expressão que ela tem no mundo, culminando com nosso “Galut Edom” na qual vivemos no momento. E também nos esclarece o fato de Essav não ter se intimidado com os Anjos que mandou Yaakov Olam HaTohu, o mundo vazio O Zohar nos conta que a história dos reis de Edom aparece na Torá para nos indicar um fenômeno cabalistico que aconteceu antes de surgir o mundo de Atzilut que é chamado de Olam HaTikun, o mundo do conserto. A quebra dos receptáculos Antes de Hashem criar o mundo de Atzilut, existia o Olam HaTohu. No Olam HaTohu as “Luzes”, as revelações Divinas, eram grandes, e os receptáculos pequenos. Cada Sefirá no Olam HaTohu iluminava intensamente e não dava espaço para as outras Sefirot. Por causa disso aconteceu a “quebra dos receptáculos” e as luzes se separaram até caírem nos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá. Por meio do cumprimento dos mandamentos Divinos “consertamos” essas “Luzes” que caíram nos mundos de Briá Yetzirá e Assiá e fazemos elas subirem para o mundo de Atzilut que é o Olam HaTikun, “mundo do conserto” Na história dos sete reis de Edom encontramos a linguagem “e reinou e morreu”, representando as sete Sefirot de Tohu onde aconteceu a quebra dos receptáculos. Por isso está escrito “e reinou e morreu”, porque uma queda de nível tão grande é comparada à morte. O mundo do Tohu, o mundo vazio, é a raiz de Essav, e o mundo do Tikun é a raiz de Yaakov. Pelo motivo de a raiz do mundo de Tohu ser mais alta do que a raiz do mundo de Tikun está escrito que ela reinaram “antes de reinar um rei em Israel”, demonstrando que os reis de Edom são mais elevados do que os reis de Israel, mas somente na sua raiz. No mundo de Atzilut as Sefirot são divididas em receptáculos separados mas cada Sefirá é englobada das outras Sefirot, mas com uma intensidade menor que não oculta o aspecto principal de cada Sefirá. O fato de o Olam HaTohu anteceder o Olam HaTikun está lembrado em Parashat Bereshit também: “O mundo estava Tohu vaVohu, vazio e desolado, e escuridão estava sobre a face do abismo”. Descobrimos assim porque Essav não se intimidou com os Anjos de Yaakov. Porque a raiz dele era mais alta do que os Anjos. Por outro lado ele se deixou subornar pelos animais que Yaakov mandou de presente para ele, sendo que as “Luzes” de Tohu caíram tão baixo, até o aspecto mais materializado desse nosso mundo material. Aprendemos com a nossa Parashá que cada um de nós quando começa a crescer no trabalho Divino, descobre muitas luzes, mas nossos receptáculos ainda são pequenos e podemos achar que qualquer meio justifica o fim. E acabamos fazendo do nosso trabalho Divino uma grande mistura entre o bem e o mal, como diz o Pirkei Avot sobre quem “estuda, revisa seu estudo, e chuta seu pai e sua mãe e quem é maior do que ele” Aprendemos com a nossa Parashá que não devemos ser como Essav, muitas luzes e poucos receptáculos e como consequência disso acaba chegando a uma quebra dos receptáculos. Mas devemos ser como Yaakov, menos Luzes e mais receptáculos, um caminho mais difícil, mas com um final feliz. 🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻🌻 Nossa Parashá nos conta que Yaakov mandou anjos para Essav que vivia na terra de Seir no país de Edom. Ele pediu para esses anjos explicarem para Essav que Yaakov morou com Lavan e mesmo assim continuou cumprindo todos os mandamentos Divinos, e agora está voltando, e quer se reconciliar com Essav. Muitos Sábios do nosso povo tentam explicar que anjos eram esses que Yaakov mandou para Essav. Rabi Yehuda no Zohar explica que ao lado de cada um de nós se encontram permanentemente dois anjos que são o Yetzer Hatov, o anjo responsável pelos nossa boa inclinação, e o Yetzer hará, o anjo responsável poderosa nossa má inclinação. E sendo que esses dois anjos são subjugados à nós, eles foram os anjos que Yaakov mandou para Essav. Aprendemos das conversas entre Rabi Yehudá Hanassí e Antoninus na Guemará, que para acontecer uma gravidez é obrigatório que entre dentro dessas relação entre o homem e a mulher uma nova alma que vai fazer com que o óvulo fecundado se torne uma criança. Essa alma que entra no óvulo é a alma da criança e sem ela esse óvulo se desfaz. Ela é que faz o óvulo se desenvolver, e quando a criança nasce entra nela o Yetzer hará que é a nossa má inclinação. A explicação profunda para isso é que essa primeira alma que entra no óvulo é chamada de alma animal, e quando a criança nasce, a má inclinação da alma animal se revela, mas não antes de a criança nascer. Quando um menino judeu faz treze anos ou uma menina judia faz doze anos, se revela neles uma Alma Divina que estava envolvendo essa criança até chegarem à essa idade. Essa Alma Divina é uma parte de D’us Quando alguém se converte ao judaísmo, ela se revela nessa pessoa no dia da sua conversão. Por isso está escrito “guer shemitgaier” (convertido que se converte), e não “goi shemitgaier” (um não judeu que se converte). Porque essa Alma Divina já estava envolvendo essa pessoa desde que ela nasceu, mas ela se revela na pessoa somente no dia da sua conversão. O Yetzer Hatov que é a boa inclinação está ligado diretamente à Alma Divina e se revela na pessoa quando a Alma Divina se revela nela. Ou seja, no dia do nosso Bar Mitzvá, quando um menino judeu faz treze anos, ou no dia do Bat Mitzvá, quando uma menina judia faz doze anos, ou no dia que alguém se converte ao judaísmo. O dia do Bar Mitzvá, o dia do Bat Mitzvá, e o dia da conversão, são comparados ao dia do nosso nascimento, mas dessa vez, no lugar de receber um Yetzer hará ao nascer recebemos um Yetzer Hatov. Sendo assim, como pôde Rabi Yehudá no Zohar ter dito que o Yetzer Hatov e o Yetzer hará são dois anjos? E não só isso, mas são os dois anjos que Yaakov mandou para Essav! A explicação de Rabi Eliahu, o cabalista de Lissandra Rabi Eliahu ben Refael Shlomo, um grande cabalista que foi durante cinquenta anos o Rabino chefe da cidade de Lissandra na Itália há 250 anos atrás, analisou profundamente essa questão por todos os seus ângulos, e determinou que existe um anjo designado lá de cima para ajudar o nosso Yetzer Hatov e um anjo designado lá de cima para ajudar o nosso Yetzer hará, e foram esses anjos que Yaakov mandou para Essav. Assim conseguimos entender o que acontece quando alguém quer fazer uma coisa ruim e parece que ele recebe super poderes para fazer com que essa coisa ruim aconteça. E quanto mais, quando queremos fazer uma coisa boa, vemos com nossos próprios olhos que conseguimos fazer coisas boas muito além da nossa capacidade. Transformando o Yetzer hará em Yetzer Hatov O Yetzer hará é um imediatista. Ele nos inclina a querer tudo perfeito e de imediato, “ou tudo ou nada”. Ele é a nossa má inclinação, o raciocínio do lado impuro. O Yetzer Hatov nos induz à ter paciência, a nos controlarmos, a fazermos tudo passo a passo e nunca ficarmos desanimados pelo fato de tudo o que queremos não acontecer imediatamente e do jeito que queremos. Ele é a nossa boa inclinação, o raciocínio do lado puro. Nosso trabalho é desanimar o Yetzer hará não alimentando ele, não dando à ele de imediato o que ele quer mesmo que seja uma coisa permitida. Mas dando à ele o que ele queria antes e agora já não quer, depois de ter ficado emburrado e ter decidido que se ele não pode ter tudo na hora, então ele não quer nada. Ou seja, não dê para ele tudo no momento em que ele quer tudo, mas dê para ele o necessário na hora que ele já não quer mais nada “só de pirraça”. Isso é chamado de “Itkáfia”. Assim você domina o Yetzer hará e consequentemente o anjo que está por trás dele transformando ele em um anjo a seu favor. Você subjuga o seu Yetzer hará para o seu Yetzer Hatov e o anjo dele com seus superpoderes passam a ser seu aliado. O anjo do Yetzer hará se torna um anjo do bem e você fica com superpoderes em dobro! E por isso Yaakov mandou esses dois anjos para Essav. Para contar para Essav que Yaakov morou com Lavan, o maior feiticeiro do mundo, e mesmo assim continuo cumprindo todos os mandamentos Divinos. Yaakov mostrou dessa maneira para Essav que é possível fazer isso, transformar o Yetzer hará em um aliado do Yetzer Hatov, dando à Essav a sugestão de fazer isso também. Os anjos voltaram com a notícia de que Essav não se interessou em mudar o seu comportamento e se comportar como irmão de Yaakov, mas continua se comportando como Essav o criminoso. E pior do que isso, essa proposta dos anjos teve efeito contrário e despertou Essav à vir com 400 homens da sua confiança para assassinar Yaakov. Porque Yaakov mandou esses anjos tão longe, para a terra de Seir, no risco de despertar Essav que estava tantos anos quieto? Diz o Zohar que Yaakov avaliou que Essav não faria nada para ele enquanto seu pai estivesse vivo, e por isso agora era a oportunidade de reconciliar com ele antes que Itzhak falecesse. O efeito foi contrário, e causou com que Essav estivesse disposto a assassinar Yaakov mesmo durante a vida do seu pai. A Reza de Yaakov Yaakov rezou para Hashem, pediu para salvar ele de seu irmão, de Essav, para que Essav não venha e assassine as mães e as crianças. Aprendemos de Yaakov como devemos rezar Yaakov não começou a sua reza diretamente fazendo o seu pedido, mas primeiro ele fez elogios para Hashem, e depois fez o seu pedido explicando detalhadamente o que ele quer e o motivo que ele está pedindo isso. Quando Moshe Rabeinu rezou por Miriam ele disse somente cinco palavras: “Por favor Hashem cure ela por favor (em hebraico são só cinco palavras). Mas lá o motivo para isso era para que as pessoas não pensassem que pelo fato de ela ser sua irmã ele está aumentando tanto a reza, e por isso ele resumiu sua reza ao máximo. Mas aqui Yaakov nos revela como devemos rezar. Em primeiro lugar ele faz elogios para Hashem como uma criança que antes de pedir alguma coisa para o pai diz para o pai que ele é o melhor pai do mundo. Depois Yaakov pede para Hashem salvá-lo de seu irmão, de Essav. E logo após explica o motivo do seu pedido, para que Essav não venha e assassine as mães e as crianças. Mas em nenhum momento Yaakov pede para Hashem dar algum castigo para Essav. Assim também devemos fazer os nossos pedidos para Hashem, como Yaakov. Yaakov pediu para Hashem salvá-lo de Essav. Não pediu para que caia um raio na cabeça de Essav e nem uma chuva de meteoros sobre os quatrocentos homens que vieram ajudá-lo. Não deu para Hashem nenhuma idéia de como salvá-lo de Essav ou de que forma isso deveria ser feito. Os anjos do tribunal Divino já fazem essa contabilidade lá em cima e já determinam o castigo que cada um tem que levar, a nossa função não é essa. Hashem sabe exatamente como nos salvar e não precisa das nossas sugestões, nós devemos sempre focar as nossas rezas no que nós precisamos, e nunca fazer sugestões do que deve ser feito para quem está nos prejudicando. Pior ainda, quando pedimos para Hashem dar um castigo para alguém, nossa ficha lá em cima é aberta para verificar se somos melhores do que a pessoa que queremos castigar. E sendo que essa ficha inclui reencarnações anteriores e estamos pessoalmente pedindo para que a pessoa que fez uma certa coisa receba um castigo, se essa mesma coisa foi feita por nós em uma reencarnação anterior, o primeiro a receber o castigo somos nós. Por isso dizem nossos Sábios que quem pede um castigo para o outro ele é o primeiro a receber esse castigo. Então vamos fazer como Yaakov. Rezar para Hashem nos salvar de Essav sem dar sugestões do que poderia ser feito para Essav, isso já é problema do tribunal Divino. Nós devemos sempre nos focar no bem. Pedir para Hashem nos salvar, mandar presentes para Essav, e até nós preparar para uma guerra. Mas sempre focados no que nós precisamos, e nunca no que precisa ser feito para o outro. 🌴🌴🌴🌴🌴🌴🌴 Nossa Parashá nos conta que Yaakov mandou anjos na sua frente para Essav seu irmão que estava na terra de Seir, no campo de Edom. Rashi explica que nesse caso eram anjos de verdade, e essa explicação é necessária sendo que a palavra anjos na Torá muitas vezes se refere à pessoas que foram enviadas para alguma missão e não à anjos de verdade. Mas é difícil de entender como poderia uma pessoa ruim como Essav ver anjos celestiais, criaturas espirituais, se até o próprio Yaakov na continuação da Parashá conta para Essav que viu o anjo responsável por ele somente para amedrontá-lo. E por isso, explica Rashi, o motivo que Yaakov contou para Essav que viu o anjo dele foi para que Essav ficasse com medo e dissesse: “alguém que viu um anjo e se salvou, agora já não tenho mais como vencê-lo”. Daqui entendemos que ver um anjo era algo que estava acima da capacidade de Essav. Então como a Parashá começa nos contando que Yaakov mandou anjos para Essav, anjos de verdade? A explicação do “Maor Vashemesh” Rabi Kalonymus Kalman Epstein, conhecido em nome de sua obra prima, o livro Maor Vashemesh, nos contou que tanto o Zohar quanto outros livros sagrados dizem que toda criatura espiritual quando desce dos mundos superiores para este mundo de baixo tem que se materializar um pouco por meio de uma “vestimenta” para que este mundo possa suportar a presença dela E até mesmo a nossa Torá, quando Hashem (D’us) à entregou ao nosso povo aqui nesse mundo baixo, precisou materializá-la e revesti-la por meio de historinhas, como está escrito no Zohar Hakodesh. E também sabemos que por meio do nosso estudo de Torá, por meio das nossas rezas e do cumprimento dos mandamentos Divinos criamos Anjos. Quando Hashem manda o anjo para o Tzadik (pessoa espiritualmente elevada) para fazer alguma coisa que o Tzadik esteja precisando, não é possível para o anjo descer para esse mundo tão baixo porque o anjo é uma criatura totalmente espiritual. Então o anjo é obrigado a se materializar em um certo aspecto e se revestir em alguma “vestimenta” que não é tão espiritual como o anjo. E sendo que o anjo foi criado pela combinação das letras que estavam sincronizadas com aquela Mitzvá feita pelo Tzadik, aquelas letras são a vestimenta da luz sublime e oculta daquela Mitzvá. E aquelas próprias letras se tornam a vestimenta na qual o anjo vai se revestir quando vier para esse mundo baixo para fazer a vontade do Tzadik. Ou seja, a origem dessas letras foi uma Mitzvá feita neste mundo material e aqui no nosso mundo elas se tornam um corpo material para o anjo. Assim conseguimos entender as palavras do final da Parashá anterior: “e Yaakov foi para o seu caminho e se encontraram com ele os anjos de Hashem, e disse Yaakov quando os viu…” As palavras “quando os viu” vem nos indicar que ele viu e reconheceu que eles foram feitos e revestidos pela Torá que ele estudou e pelos mandamentos Divinos que ele cumpriu, e por isso ele entendeu que eles estão à sua disposição, sendo que esses anjos foram criados por ele. Yaakov não poderia mandar pessoas para falar com Essav porque Essav faria com que qualquer servo de Yaakov passasse para o lado dele oferecendo à eles um salário muito maior e etc, e esse foi o motivo que Hashem colocou esses anjos à disposição de Yaakov. Mas quando ele quis mandá-los à Essav, entendeu que eles ainda estão muito espirituais para se encontrar com Essav e ainda precisam se revestir mais no mundo material, mais do que estavam antes quando se encontraram com Yaakov. Por isso a Parashá começa dizendo que Yaakov mandou os anjos à sua frente, nos indicando que tirou deles as vestimentas espirituais mas quais eles estavam revestidos até aquele momento A palavra Vayshla’h, “e mandou” em hebraico, também é usada no sentido de tirar o manto. Ou seja, Yaakov despiu dos anjos as “vestimentas” de anjos que estavam neles quando eles se revelaram para Yaakov porque ele precisou materializá-los mais ainda para eles aparecerem na frente de Essav como pessoas de verdade. E o próprio versículo traz o motivo para isso nas palavras “para Essav seu irmão”. Ou seja, ele necessitou materializá-los para ficarem adequados para se apresentarem à “Essav seu irmão”.
Vayetze – 5782
A Escada de Yaakov
A Parashá nos conta que quando nosso terceiro patriarca, Yaakov, adormeceu no caminho de Haran, foi revelada à ele uma escada que começava na terra e chegava até os céus, e ele viu anjos subindo e descendo nela.
O Zohar nos conta que essa escada representa a Sefirá chamada de Mal’hut, e esses anjos eram os setenta anjos responsáveis pelos povos do mundo. O Zohar os chama de anjos superficiais, sendo que eles são do lado impuro que surgiu com a “Quebra dos receptáculos “. Esse lado impuro começa sua expressão nesse mundo material com uma cobra no paraíso e vai desaparecer tanto do mundo material quanto dos mundos espirituais no futuro próximo, depois da nossa Gueulá.
Esses anjos repassam uma cota determinada de vitalidade do mundo superior para todas as coisas impuras do nosso mundo. Até nós, quando agimos certo recebemos nossa vitalidade do lado puro, mas quando agimos errado, recebemos nossa vitalidade desse “outro lado” e por meio deles.
O Zohar nos conta que quando transgredimos os Mandamentos Divinos, o Mal’hut é rebaixado e esses “encarregados” sobem e “sugam” a força vital lá de cima, repassando-a para o lado impuro do mundo e deixando para nós somente os “restinhos”.
Mas quando melhoramos nossas ações, aquela “escada”, o Mal’hut, se eleva e se une à Sefirá chamada de Tiferet. Então esses anjos encarregados dos povos do mundo não conseguem mais “sugar” o Mal’hut, e assim o principal da vitalidade chega a nós, sobrando uma pequena “cota” para os povos do mundo. Ou seja, nós ficamos com o principal e eles ficam somente com os “restinhos”.
Nosso “Mazal” sobe em todos os aspectos e até pensamos que ficamos tão ricos porque somos muito espertos, temos muita saúde e sabemos nos cuidar bem. Pensamos que ficamos felizes porque somos inteligentes e etc. (O que diriam os chineses sobre isso? Eles fazem tudo muito melhor do que nós e mesmo assim a vida continua igual!)
A Sefirá chamada de Tiféret é representada nesse mundo pelo nosso patriarca Yaakov. O nível espiritual de Yaakov é a Tiféret do mundo de Atzilut, e assim dá para entender por que ele teve esse nível de revelação.
Uma conexão entre o céu e a terra
Sendo que a Torá é revelada em quatro parâmetros diferentes, o que chamamos de Pardes, e a veracidade de cada nível não exclui a veracidade do outro, vamos ver também um pouquinho do Midrash Rabá sobre o versículo “Eis que os Anjos de Hashem sobem e descem por ela.
Ou seja, primeiro estavam subindo e só depois descendo. Quem eram esses anjos que já estavam na terra, e por que estavam esperando para subir ?
Será que anjos podem errar?
O Midrash Rabá nos conta que os anjos que estavam subindo de volta ao céu por esse acesso espiritual eram dois dos três anjos que vieram visitar nosso patriarca Avraham Avinu. Eles eram os anjos Gavriel e Refael, anjos do “primeiro escalão”, que saindo da tenda de Avraham foram para Sodoma.
Diz o Midrash que por motivo de eles terem feito o contrário da vontade Divina dizendo:- “Nós destruiremos a cidade”, levaram uma “suspensão” e foram proibidos de voltar aos céus por 138 anos. Só foram autorizados a subir de volta quando Yaakov viu aquela “escada”.
Como o Anjo pode errar se ele não tem livre arbítrio?
Pergunta o Rebe, como pode ser que um Anjo bom que não tem livre arbítrio possa fazer o contrário da vontade Divina? A resposta é simples: eles não sabiam que isso era o contrário da vontade Divina! Eles fizeram contra a vontade Divina achando que isso era a vontade Divina, fizeram um erro de avaliação!
Qualquer criatura, mesmo um Anjo ou uma criatura mais elevada, é impossível que seja totalmente perfeito, como diz a conhecida explicação de Rashi no Midrash Rabá sobre o versículo “Asher Bará Elokim Láassot”. Rashi traduz a palavra “Laassot” como consertar. Ou seja, tudo o que D’us fez ainda precisa de um “consertozinho”.
E se ainda é preciso fazer alguma coisa em tudo o que D’us fez, quer dizer que nada é perfeito. Portanto, tudo o que D’us fez é passível de erro, e será que existe alguma coisa que D’us não fez?
Adão e Eva fizeram o primeiro pecado sem ter “Yetzer Hará” !
Um exemplo disso é o primeiro homem. Mesmo tendo sido diretamente criado por Hashem (e não ter sido cópia da cópia, como nós), e o tempo em que ele foi criado era antes de comer a fruta proibida e receber o “yetzer hará” (má inclinação), mesmo assim ele “tropeçou” e caiu no caso “escândalo da fruta proibida”.
Com certeza tinha uma justificativa, como ele próprio disse :- “a mulher que você me deu…”. Ou seja, o primeiro homem que não tinha Yetzer Hará, talvez tenha achado que Hashem iria ficar feliz de ele ter obedecido à Havá (Eva) que era a “mãe de todas as criaturas”, como diz o versículo.
Talvez Eva tenha imaginado que se ela comesse aquela fruta ficaria como Hashem, e isso seria um orgulho para o Criador, da mesma forma que uma mãe se orgulha quando sua filha sabe tanto ou até mais do que ela. Mas erraram.
Porque Hashem queria que eles ficassem como Hashem em “Kedoshim Tihiu”, em vivenciar a “Kedushá” (a santidade), e não em vivenciar a “coisa ruim”.
Fizeram um erro de avaliação sem ter feito ainda o primeiro pecado, sem ter recebido uma má inclinação. Ou seja, desde o começo do mundo ninguém é perfeito, todos nós somos passíveis de erros de avaliação.
Um Anjo do nível de Gavriel faz um erro de avaliação, um ser humano criado pelo próprio D’us sem ter ainda Yetzer hará faz um erro de avaliação, o que dizer sobre nós, geração descartável! Será que existe entre nós alguém que D’us não criou e portanto é perfeito?
Mais provável que alguém se ache perfeito! Ou se achava até ler o Rashi do Midrash Rabá! A nós só resta não cobrar perfeição do nosso próximo, não cobrar dele o que D’us não criou, e julgar o nosso próximo com bons olhos. Porque da mesma maneira que julgamos o nosso próximo, assim somos julgados lá em cima!
A escada que liga entre o mundo material e os mundos espirituais
Os quatro mundos
Nosso mundo material com seu lado espiritual é chamado de mundo da “Assiá”, o mundo da ação.
Em um nível espiritual bem acima do mundo da Assiá se encontra o mundo da Yetzirá, o mundo da formação.
Em um nível espiritual bem acima do mundo da Yetzirá se encontra o mundo da Briá, o mundo da criação
E em um nível espiritual bem acima do mundo da Briá se encontra o mundo de Atzilut, o mundo da emanação
Diferente do mundo de Atzilut onde a revelação Divina é tão grande que não é possível para alguém estar lá e sentir a própria existência, nos mundos de Briá, Yetzirá e Assiá, as criaturas já tem uma identidade própria e são nesses mundos que se encontram os Anjos
A origem dos Anjos
A origem dos Anjos é o chamado mundo do “Tohu” que existiu antes e acima do mundo de Atzilut. O mundo do “Tohu” desapareceu por meio do fenômeno cabalistico conhecido como ”a quebra dos receptáculos”, acontecimento que antecede a criação desses quatro mundos.
Os Anjos se originaram da queda das ”grandes luzes” que caíram para um nível muito mais baixo em forma de “partes separadas”, mas sem perder a ligação com a sua raiz. Mesmo assim, a criação deles só acontece a partir do mundo de Briá, e de lá para Yetzirá e Assiá.
A palavra anjo em hebraico quer dizer “enviado”, pelo fato de a função principal deles ser a de trazer o provimento Divino aos mundos, e também a de serem enviados para assuntos diversos.
Categorias de Anjos
Serafim
Os Serafim são os Anjos do mundo de Briá. O trabalho Divino desses Anjos é por meio do intelecto, do entendimento da revelação Divina de acordo com o alto nível deles.
Entre os Serafim encontramos os quatro os Anjos principais: Mihael (Hessed), Gavriel (Guevurá), Refael (Tiferet), e Uriel. O Anjo Uriel é chamado de Uriel quando está inclinado para o lado da Hessed e é chamado de Nuriel quando está inclinado para o lado da Guevurá. Eles se encontram no sexto nível do mundo de Briá
Hayot Hakodesh
Hayot Hakodesh são os Anjos do mundo de Yetzirá, e o trabalho Divino deles é feito em um aspecto de amor e temor naturais que não surgem como consequência do intelecto.
O Anjo Metat… se encontra no mundo da Yetzirá e no Shabat tem acesso ao mundo da Briá. E esse Anjo com todos os Anjos que o acompanham foram vistos na profecia de Yaakov, e por isso ele se refere à eles como subindo e descendo. Subindo do mundo de Yetzirá ao mundo de Briá e depois descendo dele
Ofanim
Ofanim são Anjos que estão no lado espiritual do nosso mundo chamado de mundo da Assiá, eles já são o nível mais baixo dos Anjos. Eles repassam o provimento Divino à setenta Anjos chamados de Sarim que são responsáveis pelos setenta povos do mundo com todas as suas ramificações.
Esses setenta Sarim já não são do lado da Santidade Divina. Os Sarim repassam o provimento Divino ao nosso mundo por meio dos astros.
Almas e Anjos
A Neshamá, nossa Alma Divina, já se torna uma entidade por si só no mundo de Atzilut, enquanto que com os Anjos isso acontece nos mundos inferiores a Atzilut, como vimos que os Anjos principais surgem em Briá, e esse é um dos fatores que determina a nossa superioridade em relação à eles, e portanto eles são enviados para nós e não nós para eles.
Sendo que os Anjos são criaturas Divinas, e tudo que Hashem criou, por motivo Divino não é perfeito, os Anjos, mesmo não tendo livre arbítrio, são passíveis de fazer um erro de avaliação. Ou seja, fazer algo contra a vontade Divina achando que isso é a vontade Divina.
Por isso, de acordo com o Shlah Hakadosh, um grande Tzadik que viveu há quinhentos anos atrás, os Anjos que estavam subindo pela escada de Yaakov eram os Anjos Gavriel e Refael que receberam uma suspensão desde a época de Avraham Avinu por terem dito em Sodoma que eles iriam destruir a cidade dando a entender que essa era uma decisão da própria autoridade deles.
Como “fazer a diferença”
A Parashá nos conta que Yaakov Avinu saiu de Beer Sheva e foi para Haran. A Torá já havia nos contado que ele morava em Beer Sheva, então com certeza ele saiu de lá para ir à Haran. Por que a Torá precisa então nos contar que ele saiu de Beer Sheva?
Para nos ensinar que quando um Tzadik sai da cidade isso é sentido por todos, sendo que ele é o esplendor, ele é o brilho e a beleza da cidade! As atitudes dos nossos patriarcas são um ensinamento para nós, cada um de nós também tem que ser essa pessoa tão especial que “faz a diferença” no lugar aonde está!
Yaakov, Rachel e Leah
Nossa Parashá nos conta que Yaakov trabalhou sete anos para que Lavan lhe desse sua filha Rachel em casamento. Lavan o enganou e lhe deu Leah. Uma semana depois Yaakov se casou também com Rachel e trabalhou depois disso mais sete anos para Lavan.
As pessoas da época que conheciam as famílias de Itzhak e de Lavan diziam que Itzhak teve dois filhos e logo após Lavan teve duas filhas, e consequentemente a primeira filha de Lavan se casaria com o primeiro filho de Itzhak e a segunda com o segundo.
O Zohar nos conta que a cobra no paraíso roubou por meio de trapaça as bençãos de Adam.
Diz o Ari Zal que Yaakov era a reencarnação do nível Neshamá da Alma de Adam e esse era o conserto que ele tinha que fazer durante a sua vida.
Depois que Adam comeu a fruta proibida culpou Havá de tê-lo induzido à isso e se separou dela durante 130 anos.
O anjo da morte, entidade espiritual negativa do lado impuro, tem um aspecto feminino, uma “esposa”.
Essa entidade espiritual negativa chamada de Li… (não falamos o nome inteiro para não atrair coisa ruim) se revelou para Adam e viveu maritalmente com ele. Esse “adultério” causou para Adam uma tragédia muito grande, e a consequência desse “relacionamento” foi que nasceram Almas Divinas em corpos de demônios durante todos esses 130 anos.
Yaakov é a reencarnação de Adam para consertar esse adultério e Essav é a reencarnação da cobra que causou tudo isso.
Yaakov tinha que pegar de volta as bênçãos que a cobra roubou dele, mas tinha que ser também por meio de trapaça, que foi o meio que ela usou.
Yaakov comprou a primogenitura de Essav por meio de “trapaça”, sua mãe o obrigou a receber as bênçãos de Itzhak por meio de “trapaça”, e agora Lavan dá para ele a esposa de Essav por meio de trapaça.
Tudo isso faz parte do plano Divino no qual Adam tem que recuperar cada coisa que a cobra roubou dele da mesma forma que a cobra roubou, ou seja, também por meio de trapaça.
E mesmo que já não foi uma trapaça dele, como vimos acima que a primeira vez aconteceu por meio dele, a segunda por meio da sua mãe e a terceira por meio do seu sogro
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A Parashá nos conta que Leah se sentiu odiada por Yaakov e por causa disso Hashem deu à ela o que ela mais queria: filhos!
Como pôde Leah se sentir odiada sendo esposa de alguém tão bom como Yaakov, e a ponto de Hashem a indenizar de maneira tão maravilhosa, dando para ela o que ela mais queria.
Com certeza Yaakov não a odiava, sendo que Yaakov cumpriu toda a Torá antes de ela ter sido dada, fora o detalhe de se casar com duas irmãs, e isso Yaakov fez somente para o bem dela!
Com certeza ele cumpriu o preceito fundamental da Torá de amar ao próximo como a si mesmo, e não existe ninguém mais próximo de uma pessoa do que a própria esposa. Yaakov com certeza não odiava Leah.
Mas também com a mesma certeza ele amava Rachel mais do que tudo, e por isso Leah se sentia odiada.
Daqui aprendemos um ensinamento muito importante. Sempre que passamos por um sofrimento, recebemos de Hashem uma compensação tão grande que se pudéssemos escolher optaríamos por sofrer para receber essa compensação, sendo que ela é enormemente maior do que o sofrimento, como vimos anteriormente no caso de Hagar
Hagar era uma princesa e foi dada para Sarah como escrava pelo seu pai, o Faraó.
No começo Sarah tratou Hagar como uma princesa que se tornou sua aluna nos assuntos espirituais.
Mas quando Hagar começou a se comportar com extrema prepotência em relação à Sarah, Avraham autorizou Sarah a tratar Hagar como qualquer outra pessoa, e então Hagar se sentiu desconfortável e fugiu.
Nessa fuga um anjo foi enviado para Hagar e disse para ela voltar para Sarah e continuar sendo “afligida” por ela, e no mérito disso Hagar teria um filho. Nessa hora todo o sofrimento começou a valer a pena para Hagar e ela voltou.
Daqui aprendemos uma regra da Torá. As vezes não merecemos uma coisa tão boa. Então surge um pequeno sofrimento e o motivo dele é para que a nossa vida fique muito melhor.
Então, não vamos pensar mais nos sofrimentos, mas sim não grandes bênçãos que eles nos trazem
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Nossa Parashá nos conta que nosso terceiro patriarca, Yaakov Avinu, saiu de Beer Sheva e foi para Haran.
Seu pai pediu para ele ir para lá para procurar uma esposa dentro da família da sua mãe e sua mãe pediu para ele se mudar para lá para fugir de seu irmão Essav que queria matá-lo por ele ter comprado sua primogenitura e recebido a bênção do seu pai.
A intenção de Essav era clara: Quando Yaakov morresse Essav seria novamente o único herdeiro de Itzhak. Ou seja, ele voltaria a ser o terceiro patriarca do nosso povo no lugar de Yaakov e nós não seríamos mais judeus.
Essav mandou seu filho Elifaz perseguir e matar Yaakov. Elifaz alcançou Yaakov e os dois juntos tentaram encontrar uma solução para que Elifaz não precise matar Yaakov e também não se complique por não ter cumprido a ordem de Essav.
Yaakov explica para Elifaz que um pobre, em relação à sociedade, tem a mesma falta de importância que um morto, e por isso, se Elifaz pegar o dinheiro de Yaakov, isso será considerado como se o tivesse matado .
Yaakov dá à Elifaz todo o seu dinheiro. Elifaz considera dessa maneira ter atendido ao pedido de seu pai, e agora só restou explicar isso para Essav e fazê-lo entender que isso é considerado como se ele tivesse matado Yaakov…
Elifaz sabia que Essav queria que ele explicitamente matasse Yaakov, não no “como se”, e mesmo assim optou por não obedecer a ordem do seu pai e deixou Yaakov vivo tirando de Essav a possibilidade de ele ser a continuação do nosso povo e de dar à Elifaz esse status também.
Elifaz abriu mão do próprio bem para que Yaakov continuasse vivo e desse origem ao povo de Israel deixando Elifaz totalmente fora da nossa história
A recompensa de Elifaz
Rabi Menahem Azaria de Fano escreve no seu livro das reencarnações que Elifaz se reencarnou como Unkelus, sobrinho de Titus, e Essav como o próprio Titus, o imperador romano que destruiu o segundo Beit Hamikdash
Antes de se converter ao judaísmo, Unkelus se comunicou com Titus por meio de uma “baalat ov” (o que obviamente seria proibido fazer após a sua conversão). Unkelus ouviu lá de Titus detalhes sobre o grande castigo que ele está recebendo por ter destruído o Beit Hamikdash, e perguntou se ele o aconselharia a se converter ao judaísmo.
” O conselho de Titus ”
Titus disse para Unkelus que os judeus têm muitos mandamentos e que ele não vai conseguir cumprir todos, e o aconselhou a ser inimigo dos judeus, e dessa maneira de tornar uma pessoa importante nesse mundo.
Esse é o conselho de Titus: “ou tudo ou nada”! Se você acha que não vai conseguir fazer tudo, então não faça nada! O contrário do conselho da Torá que nos ensina progredir constantemente no trabalho Divino pouco à pouco mesmo sem saber se conseguiremos um dia terminar.
Essa obsessão por perfeccionismo tem uma fonte impura e pode acontecer para cada um de nós. Nosso “Yetzer hará” nos dá constantemente um “conselho de Titus”, sempre nos desanimando e nos impedindo de continuar fazendo tudo passo a passo. Sempre nos tirando o entusiasmo quando não vemos resultados imediatos.
Mas Unkelus, a exemplo de Elifaz, não fez o que Titus mandou, e se converteu ao judaísmo se tornando um grande estudioso da Torá.
Unkelus fez a tradução da Torá para o aramaico, a língua falada em Israel naquela época, para tornar o estudo da Torá mais acessível às pessoas mais simples.
Unkelus se converteu ao judaísmo e se tornou um “Tana”, que é o título dado aos grandes Sábios da época da Mishná.
Deixou de ser Unkelus bar Kalonikus e se tornou Unkelus ben Avraham Avinu.
Ele traduziu a Torá para o aramaico, que era a língua falada pela maioria dos judeus da época, para facilitar o entendimento da Torá para as mulheres, crianças, e pessoas menos estudadas, tornando a Torá acessível aos menos privilegiados
Mesmo havendo naquela época outras traduções da Torá para o aramaico, a tradução de Unkelus, que não é uma tradução literal mas sim explicativa, foi escolhida pelos Sábios de Israel para ser lida toda semana junto com a Parashá (por isso ela já vem impressa em todo Humash ao lado do texto em hebraico).
Essa tradução foi feita quando Unkelus já estava em um nível espiritual elevadíssimo, o nível de Tzadik. Ele fez essa tradução por meio de Rua’h Hakodesh, ou seja, ele viu lá em cima como teria que traduzir aqui embaixo.
Um exemplo de que a tradução de Unkelus é uma tradução explicativa e não literal é a tradução do versículo que diz para “pegar” para Hashem uma doação. Nesse caso ele traduziu “dar” para Hashem uma doação. Se a explicação desse “pegar” é “dar”, por que no texto em hebraico está escrito pegar?
Unkelus revela aqui um grande segredo oculto da Torá: quando você está dando uma doação, na verdade você está “pegando” para você muito mais. Ou seja, no mérito da sua doação Hashem te dá muito dinheiro!
Rabi Menahem Azaria nos conta que posteriormente Essav se reencarnou como o imperador romano Antoninus que se converteu secretamente ao judaísmo, e Yaakov se reencarnou como Rabi Yehudá Hanassí para ajudá-lo nessa empreitada. Rabi Yehudá Hanassí promete para Antoninus que ele vai para o “Olam Habá”, o Paraíso, demonstrando que terminou assim a retificação da Alma de Essav
A Guemará nos conta sobre os estudos de Antoninus com Rabi Yehudá Hanassí. Dessas conversas entre eles que a Guemará nos traz aprendemos muitas coisas extremamente importantes.
Entre elas aprendemos que a Alma entra no corpo da criança na hora da concepção e não na hora do nascimento, e sem que a alma animal entre no óvulo no momento em que ele está sendo fecundado a mulher não tem como engravidar.
E também aprendemos da conversa entre eles a visão da Torá em relação ao sistema solar. Antoninus pergunta para Rabi porque o Sol nasce no oriente e se põe no ocidente, determinando que a Terra está parada no universo e tudo gira em volta de nós.
O Rebe de Lubavitch explica que essa linguagem não é figurada e quer dizer isso mesmo, que a terra está parada e o Sol em movimento. Hoje, de acordo com a teoria da relatividade de Einstein já temos como fazer as contas dessa forma, e no futuro, diz o Rebe, vamos descobrir que isso não é uma “relatividade”, mas sim uma realidade
Toldot 5782
A Parashá começa nos contando que Itzhak, nosso segundo patriarca, quando tinha quarenta anos se casou com Rifká.
A Parashá nos conta que Rifká era filha de Betuel o arameu, irmã de Lavan o arameu, e a cidade dela se chamava Padan Aram. Qual é o motivo de a Torá nos descrever tão detalhadamente o meio de onde veio Rifká?
Rashi explica que tudo isso foi escrito para mostrar a grandeza de Rifká, que era filha de uma pessoa ruim, irmã de uma pessoa ruim, morava em uma cidade de pessoas ruins, e mesmo assim não quis aprender deles a fazer coisas ruins. Mas muito pelo contrário, ela era como uma rosa entre os espinhos.
Imediatamente depois disso, no próximo versículo quase como sendo uma continuação deste, a Torá nos conta que Itzhak e Rifká rezaram para ter filhos e Hashem atendeu à reza dele, de Itzhak.
A Guemará nos dá a explicação para isso: não se compara a reza de um Tzadik (uma pessoa espiritualmente elevada) que é filho de um Tzadik, com a reza de um Tzadik filho de um Rashá (de uma pessoa ruim).
Sendo que a Torá deixou bem claro que ter um pai ruim, um irmão ruim, morar em uma cidade de pessoas ruins e ser uma Tzadeket (uma mulher espiritualmente elevada) é a grandeza de Rifká, entendemos daqui que ter um pai Tzadik não causa toda essa grandeza para uma pessoa.
Então onde entra a vantagem de ser filho de um Tzadik em relação à quem é filho de um Rashá? Para entendemos isso vamos analisar até onde chega o vínculo entre pai e filho pela Torá
Os três passos de Nabucodonosor
Nabucodonosor era um escriba na corte do rei da Babilônia, ele era uma pessoa que nunca tinha feito nada de bom na vida. Ele era tão ruim que Hashem (D’us) queria pagar para ele neste mundo por qualquer coisa boa que ele fizesse para que ele não recebesse absolutamente nada no próximo mundo, sendo que o próximo mundo é eterno.
Um dia ele chegou atrasado no trabalho e perguntou aos outros escribas se o rei tinha pedido para escrever alguma carta naquele dia. Os escribas disseram que o rei pediu para escrever uma carta parabenizando o rei da Judéia pelo grande milagre que D’us fez no mérito dele.
Ele perguntou como eles tinham escrito essa carta. Os escribas disseram que escreveram uma carta parabenizando o rei da Judéia, a cidade de Jerusalém e o grande D’us dos judeus que fez esse milagre tão grande.
Nabucodonosor ficou indignado e exclamou:- Vocês chamaram ele de “O grande D’us” e o citaram no final? Deveriam dar uma honra à ele e coloca-lo no começo!
Os escribas disseram para ele que caso queira, ele pode trazer o mensageiro de volta e escrever essa carta do jeito que ele quiser. Nabucodonosor foi atrás do mensageiro para reescrever essa carta e assim dar uma honra à D’us.
Ele deu um passo, dois passos, três passos, mas não conseguiu dar o quarto passo porque o Anjo Gavriel desceu do céu com urgência para impedir que ele desse esse quarto passo. E qual foi o motivo para isso?
Sendo que ele era uma pessoa extremamente ruim, Hashem queria pagar para ele nesse mundo por qualquer coisa que ele fizesse de bom, para que ele não tivesse direito à absolutamente nada no próximo mundo que é eterno.
E como Hashem (D’us) pagou para ele nesse mundo?
Pelo primeiro passo que ele deu para dar essa honra à D’us e citá-lo em primeiro lugar na carta do rei, ele recebeu lá de cima o pagamento integral aqui nesse mundo, e se tornou o rei da Babilônia, o rei mais rico do planeta com todos os prazeres deste mundo à sua disposição.
Pelo segundo passo já não tinha mais como pagar, sendo que pelo primeiro passo ele já ganhou tudo de bom e de melhor neste mundo.
Então, pelo segundo passo Hashem fez com que seu filho fosse o próximo rei da Babilônia, sendo que por natureza quando um filho ganha alguma coisa o pai sente como se ele próprio tivesse ganho isso.
Pelo terceiro passo já não tinha mais como pagar nem para ele e nem para seu filho, então pelo terceiro passo Hashem fez com que seu neto se tornasse o rei da Babilônia, porque quando o neto ganha alguma coisa o avô sente como se ele próprio tivesse ganho isso.
Mas se Nabucodonosor desse um quarto passo em honra à Hashem já não teria mais como pagar para ele nesse mundo, sendo que o bisavô não tem por natureza o sentimento de que quando seu bisneto ganha alguma coisa é como se ele próprio tivesse ganho.
Por isso o Anjo Gabriel desceu para o impedir de dar esse quarto passo em honra à Hashem, para que Hashem não fizer obrigado a dará ele o pagamento por isso no próximo mundo
Tzadik filho de Tzadik
Avraham Avinu tinha um mérito imensurável lá em cima e Hashem tinha prometido para ele que a sua descendência vai ser tão numerosa como as estrelas do céu que não tem como ser contadas.
Sendo assim, depois de a reza de Rifká e de Itzhak não terem surtido efeito, vamos para o mérito dos pais de Itzhak e Rifká, sendo que o que é dado para os filhos é como se fosse dado para os próprios pais como vimos na história acima, e nessa etapa fica relevante a diferença entre Rifká e Itzhak.
Betuel, o pai de Rifká, não tinha nenhum mérito lá em cima para que Rifká recebesse algo no mérito dele, e por isso, o que ela não conseguiu receber no próprio mérito ela não recebeu.
Mas Itzhak, mesmo não tendo um mérito tão grande como o de Rifká que era uma “rosa entre os espinhos” como disseram nossos Sábios, tinha o mérito de Avraham, que o que fosse dado à Itzhak é como se fosse dado à Avraham, sendo que por natureza o pai tem o prazer de o seu filho ganhar alguma coisa como se ele próprio tivesse ganho
Avraham tinha a promessa Divina de a sua descendência ser tão grande que não teria como ser contada, e por isso o fato de Itzhak ser um Tzadik filho de um Tzadik fez a diferença nesse caso e sua reza foi atendida
Tzadik filho de um Tzadik de acordo com o Ari Zal
O Ari Zal vai mais fundo ainda, e explica que quando a Guemará nos conta que um Tzadik que tem uma vida boa é um Tzadik filho de um Tzadik, e um Tzadik que está tendo uma vida ruim é um Tzadik filho de um Rashá, não está se referindo ao pai biológico, sendo que vemos na prática muitos Tzadikim filhos de Tzadikim que vivem em meio à grandes dificuldades e isso não desqualifica seus pais.
Ou seja, o fato de um Tzadik filho de um Tzadik estar passando dificuldades não é a prova de que seu pai, mesmo aparentando ser um Tzadik é na verdade um Rashá.
Mas, diz o Ari Zal, Tzadik filho de um Tzadik é alguém que na reencarnação anterior foi um Tzadik e nesta ele também é um Tzadik. Por isso ele tem uma vida boa, sendo que não tem pendências anteriores para pagar.
Ou seja, não importa se o seu pai biológico é um Tzadik ou Rashá, o que importa é a reencarnação anterior. Ou seja, de acordo com o Ari Zal a reencarnação atual é chamada de filha da reencarnação anterior, e isso é o que vai determinar se essa pessoa que é um Tzadik na reencarnação atual vai ter uma vida boa ou não.
O mesmo acontece, de acordo com o Ari Zal, em relação ao Tzadik filho de um Rashá. Nesse caso, na reencarnação anterior ele era um Rashá e na atual ele é um Tzadik, e por isso ele sofre nessa reencarnação mesmo sendo um Tzadik filho de um pai biológico que também é um Tzadik.
Porque fora o fato de ele ser atualmente um Tzadik ele também está passando por uma retificação do que fez de errado na reencarnação anterior, e por isso ele é um Tzadik que sofre, mesmo sendo materialmente filho de um Tzadik
A gravidez de Rifká
Dizem nossos Sábios que quando Rifká passava ao lado da Yeshivá onde Shem, o filho de Noa’h, ensinava Torá, a criança se movia dentro dela como se quisesse correr para fora. O mesmo acontecia quando ela passava ao lado da Yeshivá de Ever, bisneto de Shem.
Mas quando ela passava perto de alguma idolatria, a criança também queria correr para fora, o que a colocou em desespero e por isso ela começou a se questionar se valeu a pena ter rezado para engravidar.
A Yeshivá de Shem e a Yeshivá de Ever
Diz o Rambam que Shem, o filho de Noa’h, e seu bisneto Ever, faziam parte das poucas pessoas que já tinham o conhecimento Divino antes de Avraham Avinu.
Naquela época, Shem e Ever tinham duas Yeshivot em Beer Sheva e ensinavam lá a Torá de acordo com o nível de conhecimento deles.
Segundo a Hassidut, a Torá que Shem ensinava tinha um aspecto de Torá escrita e a Torá que Ever ensinava tinha um aspecto de Torá Oral. Mais futuramente, nosso último patriarca, Yaacov, estudaria quatorze anos nessas duas Yeshivot
Porque Rifká foi se consultar com Shem e Ever e não com Itzhak?
Rifká estava no desespero, e mesmo sabendo que seu marido Itzhak tinha um conhecimento Divino maior do que Shem e Ever sendo que estudou diretamente com Avraham Avinu, mesmo assim ela foi se consultar com Shem e com Ever
Sendo que ela tinha pressionando tanto Itzhak para rezar para que ela engravidasse e Hashem atendeu a reza dele até mesmo antes de ter atendido a reza dela, agora ela não poderia dizer para ele que estava arrependida de ter rezado.
A resposta Divina
A revelação Divina pairou sobre Shem e Ever e eles revelaram para ela que ela carregava dois povos em seu ventre, um iria se desviar para o bem e o outro para o mal.
A Guemará nos conta que quarenta dias antes da formação do feto, o anjo responsável pela gravidez recebe de Hashem todos os detalhes sobre essa criança que vai nascer.
Quase tudo é determinado lá de cima, e isso é chamado de Mazal. Já está pré-determinado se essa pessoa vai ser rico ou pobre, inteligente ou ignorante, etc etc etc. A única coisa que depende somente de nós é se alguém vai ser Tzadik ou Rashá. Ou seja, se ele vai para o bom caminho ou para o mal caminho.
Então, como pode ser que Shem e Ever aparentemente já sabiam que um dos filhos dela iria ser bom e o outro não? E ainda mais, eles já tinham essa inclinação dentro do próprio ventre da mãe até antes mesmo de nascerem!
Dois tipos de Almas, dois trabalhos diferentes
O Rebe explica que Hashem tem um prazer muito grande do nosso refinamento pessoal, do nosso ”Trabalho Divino”.
Como por exemplo, no nosso mundo material existe um prazer em se comer um docinho e um prazer em se comer um salgadinho, lá encima existe um prazer muito grande quando fazemos uma coisa boa, e Hashem também fica muito feliz quando nos controlamos e deixamos de fazer uma coisa ruim.
Existem Almas que desceram para esse mundo para fazer coisas boas que ainda não tinham tido tempo de fazê-las na reencarnação anterior.
Eles já nascem com uma boa inclinação que vai ajudá-los a fazer essas coisas boas na prática, como no caso de Yaakov que no ventre da sua mãe já queria sair para as Yeshivot de Shem e Ever, e depois que cresceu foi estudar lá durante quatorze anos. Vamos chamar o trabalho Divino dele de docinhos
Existem Almas que desceram para esse mundo somente para se controlar e não fazerem coisas ruins que provavelmente fizeram na reencarnação anterior e agora desceram para esse mundo para consertar o que fizeram de errado.
Elas já nascem com uma má inclinação, sendo que esse é o trabalho Divino delas, de controlar essa má inclinação para se refinar, como no caso de Essav que na barriga da sua mãe já tinha essa inclinação para a idolatria e queria sair para ela. Vamos chamar o trabalho Divino dele de salgadinhos
E assim também somos nós. Tem quem nasce com uma boa inclinação e o seu esforço é quase totalmente para fazer mais e mais coisas boas, e tem quem nasce com uma má inclinação e o seu esforço é só para se controlar e não fazer coisas ruins. Cada um de nós é julgado lá em cima de acordo com o trabalho Divino que nasceu para fazer.
Muitas vezes ficamos desanimados por não termos nascido em uma comunidade judaica religiosa, e pelo motivo de termos nascido em uma família laica em um país como o Brasil, quando deixamos de trabalhar no Shabat, começamos a rezar em uma Sinagoga e participar de aulas de Torá sentimos que não conseguimos acompanhar o ritmo desses que nasceram em uma família religiosa e estudam Torá desde os três anos de idade. Mas o contrário é o certo!
Mesmo sendo mais fácil comer em qualquer lugar, nos controlamos e optamos por comer kasher.
Mesmo que o nosso negócio aparentemente poderia render mais se estivéssemos trabalhando no Shabat e nas festas judaicas, mesmo assim nos controlamos e não trabalhamos no Shabat e festas judaicas.
Mesmo que no nosso ambiente estamos expostos à uma sociedade que não segue a Torá, nos controlamos e abrimos mão de muitos prazeres desse mundo para seguir a Torá.
E mesmo se um belo dia nos compararmos à uma família religiosa do Brooklyn e sofrermos em ver a facilidade que eles tem quando entram em um supermercado onde tudo é kasher e barato enquanto nós perdemos tanto tempo para verificar cada produto no supermercado, se está na lista de produtos kasher ou não…
E depois de tudo isso, o pouco tempo que sobra para estudarmos Torá, perdemos para tentar traduzir as palavras para o português, e as vezes não conseguimos acompanhar as rezas por não lermos um hebraico fluente.
Mesmo assim não se preocupe! Provavelmente nosso trabalho é “perfil salgadinhos”, e temos que ter orgulho disso, mesmo que por causa disso não conseguimos ser como uma família do Brooklyn.
Ou seja, se Essav tivesse se controlado ele nunca teria tido tempo de ser como Yaakov, mas seria tão importante quanto, como diz a Guemará sobre o versículo no qual Shem responde para Rifká, “dois povos no seu ventre”.
Diz a Guemará que pelo fato de a palavra “goiim” (povos) estar escrita no Sefer Torá como “geiim” (nobres) ela está indicando os dois maiores nobres da nossa história que foram Rabi Yehuda HaNassi que escreveu a “Mishná” e o imperador romano Antoninus que se converteu ao judaísmo.
Com certeza Antoninus estava ocupado em se comportar de acordo com a Torá dentro das condições que Hashem deu para ele, e não tinha como ser igual à Rabi Yehuda HaNassi. Mesmo assim, a Guemará compara um ao outro. Dois tipos diferentes de trabalho Divino que no final chegam de duas formas diferentes ao mesmo lugar
“E amou Itzhak a Essav…”
O Zohar nos conta que Avraham Avinu, nosso primeiro patriarca, era a Hessed (bondade) em pessoa, a Sefirá chamada de “Hessed” do mundo de Atzilut se revelou nesse mundo por meio dele.
Itzhak, nosso segundo patriarca, pelo contrário, era a Guevurá (rigidez) em pessoa, a Sefirá chamada de “Guevura” do mundo de Atzilut se revelou nesse mundo por meio dele.
Não que isso fizesse dele uma pessoa ríspida ou seca, D’us nos livre, ele se comportava como tinha sido educado pelo seu pai, Avraham, mas na sua essência ele era Guevurá total.
Esse é o motivo, de acordo com o Zohar, que Itzhak amava Essav mais do que aos outros, sendo que Essav também era do lado da Guevura e de uma maneira natural a pessoa gosta de quem é igual a ela.
Será que Itzhak não suspeitava do comportamento de Essav ?
Talvez até sim, mas Itzhak tinha presenciado a recaída e a Teshuvá de Ishmael e Hagar. Diz o Zohar que Hagar fez Teshuvá , mudou o seu nome para Ketora e se casou com Avraham depois que Sarah faleceu. Ishmael também voltou para o bom caminho, e após o falecimento de Avraham, junto com Itzhak ele o enterrou na Mearat Hama’hpelá.
Talvez Itzhak tivesse concluído que se até Ishmael e Hagar fizeram Teshuvá, com certeza Essav o faria também.
“Caça na sua boca”
No versículo :-“E amou Itschak a Essav porque a caça dele estava na sua boca mas Rifka gostava de Yaakov”, a palavra “caça” geralmente é relacionada ao fato de Essav fazer agrados à seu pai caçando para ele, demonstrando ser um filho prestativo e assim despertando ainda mais o amor natural que o pai já tinha por ele.
O Rav Moishe Weber, um grande Tzadik que viveu em Jerusalém, explica que a palavra “caça na sua boca” se refere ao próprio Essav, que possuía “aprisionadas” dentro de si as almas de grandes Tsadikim que iriam nascer no futuro como Rabi Akiva e de Rabi Meir Baal Hanes entre outros.
Yitzhak sabia que de Essav iria sair o grande Rabi Akiva e achava que por isso Essav iria fazer Teshuvá. Isso foi o que impulsionou Yitzhak a querer dar a Brahá para Essav.
A Rabanit Miriam, esposa do Rav Moishe acrescentou:-Se Essav tivesse recebido a brahá (a benção) de Itzchak, com certeza Rabi Akiva não seria nem Rabi e até mesmo nem judeu
Por que Rifká pensava diferente?
O Zohar nos conta que Yitzhak era a Guevurá intensa e Rifka era “Guevurá leve com um fio de Hessed pendente”. Por causa desse “fio de Hessed” Yitzhak não se apaixonou por ela logo que se casou, mas com o tempo o amor surgiu, como está escrito “Ele se casou e a amou”. Primeiro se casou e depois a amou.
O Zohar nos conta que D’us faz por milagre as pessoas se casarem dessa maneira, uma diferente da outra, como no caso de Yitzhak e Rifka. Ele Guevurá e ela uma leve Guevura com um fio de Hessed pendente, para que um equilibre o outro criando harmonia no mundo.
Os fatos por trás do aparente “roubo” das brahot
Adam, o primeiro homem e Hava, a primeira mulher foram abençoados por Hashem. A vida no paraíso terrestre era um “verdadeiro Paraíso”. Mas a cobra (que na época tinha forma humana) por meio de trapaça “roubou” deles a brahá.
O Zohar nos conta que Yaakov tinha a alma do Adam Harishon, o primeiro homem, e a Alma de Essav era vinculada a cobra. Se Itzhak desse a brahá para Essav iria causar com que a cobra (Essav) recebesse oficialmente a brahá que tinha roubado de Adam e Havá
Diz o Zohar que, sendo que a cobra tinha tirado a brahá de Adam por trapaça, o único jeito de tirar essa brahá do poder espiritual da cobra teria que ser também por meio de trapaça.
Yaakov não tinha pensado no lado material das brahot (bênçãos), mas sim na função espiritual que o primogênito receberia, que era a de ser o responsável por todo o trabalho espiritual do nosso povo.
Yaakov conhecia Essav muito bem, e estava consciente de que ser responsável por alguma função religiosa era a última coisa que poderia ser relacionada ao perfil de Essav, e se isso acontecesse seria uma catástrofe.
Sem restar outra opção para fazer isso a não ser a trapaça, Yaakov comprou a primogenitura de Essav em uma hora de aperto para que Essav não fosse mais o responsável pelos assuntos religiosos do nosso povo.
A brahá que foi roubada pela cobra por trapaça agora volta ao seu dono original também por trapaça, único jeito de resgatá-la!
Cheiro de “Gan Éden”(Paraíso):
Quando Yaakov vai receber as brahot de seu pai que já estava quase totalmente cego, entra fantasiado de Essav, vestido com peles de bode recém extraídas e ainda não curtidas (e com certeza ainda com um grande cheirinho de bode)
Yaakov ouve do seu pai a seguinte frase:- “O cheiro do meu filho é como o cheiro do campo que Hashem abençoou”, referência ao Gan Eden (o paraíso).
Parece que Itzhak quis dizer com isso que já entendeu que essa história está cheirando uma continuação do que aconteceu no Gan Éden” entre o homem e a cobra, e por isso deu a brahá para Yaakov mesmo percebendo que está sendo enganado.
A brahá de Ishmael:
Ishmael recebeu sua brahá dos anjos que se revelaram para Hagar, como vemos em Bereshit:- “E disse a ela o Anjo de Hashem, volte para a sua dona e se aflija nas mãos dela, você vai engravidar e dar a luz a um menino e o chamará de Ishmael porque Hashem ouviu seu desespero, ele será um selvagem, sua mão estará sobre todos e a mão de todos sobre ele e se expandirá pelo mundo”….
Vemos que essa Braha aconteceu com os descendentes do Ishmael e surgiu dela um império Árabe que durou centenas de anos, se expandiu da Índia à Península Ibérica e durou mais do que qualquer império antigo, e até hoje “sua mão está sobre todos” que necessitam tanto do petróleo deles, e a mão de todos sobre eles por dependerem dos outros em todo o resto.
A brahá de Essav:
Essav recebeu a Brahá de viver pela espada, e vemos que essa Braha aconteceu com os descendentes de Essav que deram origem ao império romano e aos povos europeus e suas colônias, que conquistaram o mundo pela força e até hoje continuam usando ela para intimidar ou destruir sempre que acham necessário.
A nossa brahá:
Nós somos os descendentes de Yaakov, porque a brahá que ele recebeu com tanta dificuldade aparentemente não acontece ?
O Zohar nos conta que as brahot foram entregues (e a nossa é a maior de todas).
Essav que só pensava nos prazeres desse mundo usou elas para aproveitar o mundo aqui em baixo consequentemente herdando esse mundo.
Yaakov as guardou lá encima para o futuro.
Em breve, em nossos dias quando chegar o Mashia’h, junto com Yaakov vamos usufruir das brahot tanto lá em cima quanto aqui embaixo. Essav perderá tudo e não vai sobrar dele nenhuma lembrança. Então Yaakov herdará os dois mundos.
Ovadiahu Hanaví era de Edom, descendentes de Essav. Ele se converteu ao judaísmo e chegou ao alto nível de profeta sendo escolhido por Hashem para trazer ao mundo a profecia do que vai acontecer aos descendentes de Essav no final dos tempos.
Ovadiahu diz sobre esse tempo:-“E subirão os libertadores no monte Tzion para julgar o morro de Essav, e será de Hashem a monarquia.
O profeta Zehária diz sobre isso :- E Hashem será Rei sobre toda a terra, naquele dia Hashem será Único (todos os povos vão abandonar suas religiões e servir somente Hashem) e seu nome Único. Só o Nome de Hashem será mencionado por todos.
A “bênção de Avraham”
Nossa Parashá nossa conta que Rifka ficou desesperada com a possibilidade de Yaakov se casar com uma mulher da terra de Canaã onde eles viviam, a terra que Hashem prometeu para Avraham e que nela Itzhak nasceu e dela ele nunca saiu. A terra prometida que muito futuramente se tornaria a Terra Santa
Rifka usou uma expressão muito forte dizendo que “sua vida não será mais vida” se Yaakov se casar com uma mulher daquela terra.
Itzhak chamou Yaakov, deu para ele uma benção e também a missão de ir para a cidade de Padan Aram na Síria e se casar com uma das filhas de Lavan, irmão de Rifka
Itzhak dá uma grande bênção para Yaakov dando para ele e para toda a descendência dele a bênção de Avraham.
Rashi explica que Itzhak dessa forma repassou para Yaakov a bênção que Hashem (D’us) deu para Avraham, o primeiro dos três patriarcas
Quando Hashem pediu para Avraham sair da terra onde morava com a sua família e ir para a terra que Hashem iria mostrar para ele, Hashem deu à ele a bênção de transformá-lo em um grande povo e de que todos os povos da terra seriam abençoados no mérito dos seus descendentes .
Essa bênção que Hashem deu para Avraham foi a que Itzhak simplesmente repassou para Yaakov nessa ocasião. Ou seja, agora, por meio de Yaakov iria acontecer essa bênção que Hashem deu para Avraham. De Yaakov sairia o grande povo e a grande descendência que por meio dela todos os povos da terra seriam abençoados
A explicação do “Ben Ish Hai”
Rabi Yossef Hayim de Bagdad foi um dos maiores mestres do judaísmo das últimas gerações, um dos grandes líderes espirituais do judaísmo oriental com profundo conhecimento tanto da Hala’há como da Cabalá, tornando-se conhecido por sua mais famosa obra denominada Ben Ish Hai
E lá ele explica o que vem a ser essa “benção de Avraham”, essa bênção que foi guardada de Itzhak para ser dada somente à Yaakov e não à Essav, e por isso Yaakov ainda não à tinha recebido mesmo quando veio receber as bênçãos do seu pai fantasiado de Essav.
Diz Rabeinu Yossef Hayim que Avraham é o segredo das “Hassadim”, da Sefirá chamada de “Hessed”, bondade, em qualquer aspecto onde ela apareça, até como Hessed da Guevurá.
Itzhak é o segredo das Guevurot, da Sefirá chamada de “Guevurá” que nesse caso pode ser traduzido como dureza, rigidez ou severidade, e em qualquer aspecto onde ela aparece, até como “Guevurá” da “Hessed”.
Sabemos que os povos do mundo não tem como receber a vitalidade diretamente das Hassadim, mas só conseguem receber das Guevurot, porque os “hitzonim” não tem sincronização com as Hassadim mas só conseguem receber a vitalidade das “Guevurot”
Os “hitzonim” traduzido como “os de fora” nesse caso é uma referência aos 70 anjos do lado impuro responsáveis por repassar a vitalidade do mundo superior para fazer existir os 70 povos que são todos os povos do mundo em suas milhares de ramificações.
Itzhak fez acontecer por meio dessa bênção que a sincronização com as “Hassadim” que são o segredo de Avraham não aconteçam a não ser com o povo de Israel especificamente.
Porque a purificação acontece por meio da água?
Sendo que os “hitzonim” não conseguem ter nenhum vínculo com as “Hassadim”, por esse motivo a eliminação da impureza espiritual é por meio de mergulhar na água que é Hessed.
Cada um dos seis dias da criação do mundo aconteceu por meio da revelação de uma Sefirá diferente. O primeiro dia é Hessed e por isso o mundo estava totalmente envolvido pelas águas em todos os seus aspectos.
O conserto de Essav
Rabi Menahem Azaria de Fano, um grande cabalista que viveu na Itália na época do Ari Zal, escreveu no seu livro das reencarnações que Essav se reencarnou como o imperador romano Antoninus e Yaakov como Rabi Yehudá Hanassí que escreveu a Mishná
Quando os dois nasceram havia um decreto do império romano no qual a criança que fizesse o Brit Milá seria condenado à morte junto com seus pais. Os pais de Rabi Yehudá Hanassí eram pessoas extremamente importantes no nosso povo, e não deixaram de fazer o Brit no seu filho.
O governador romano resolveu fazer disso um exemplo para o povo, e levou os pais de Rabi Yehudá Hanassí com o nenê para o imperador para fazer uma execução pública.
No meio do caminho a mãe de Antoninus que também tinha acabado de dar a luz, trocou o nenê com a mãe de Rabi, e quando eles chegam ao imperador romano todos viram que o nenê não tinha feito o Brit, sem saber que esse nenê não era o verdadeiro filho deles. E assim Antoninus salvou a vida de Rabi
Muitos anos depois Antoninus se torna imperador romano e constrói um palácio de veraneio do lado da casa de Rabi Yehudá Hanassí com um túnel secreto entre as duas casas
Rabi Yehudá Hanassí e Antoninus estudam Torá juntos e se tornam amigos inseparáveis. Antoninus se converte secretamente ao judaísmo e Rabi Yehudá Hanassí promete para ele que ele vai para o paraíso. E assim termina a história de Yaakov e Essav com um final feliz
Hayei Sarah 5782 E foram os dias de Sarah….
O livro do Zohar, clássico da Kabalá, explica que a história da vida de Sarah simboliza a descida da Alma Divina (que é apelidada de Avraham) para o corpo (que é apelidado de Sarah).A Alma Divina, chamada de “Neshamá”, é você . Você , que desceu de um mundo superior para vencer uma corrida de obstáculos cheia de desafios que chamamos de vida, cumprindo as “Mitzvót” (Mandamentos Divinos)
E o motivo dessa corrida de obstáculos é para você ganhar por próprio mérito um “Baixo Paraíso”, mundo da Yetzirá (no qual uma hora nele equivale a setenta anos dos maiores prazeres neste mundo).
Ou até um alto paraíso, mundo da Briá (onde uma hora nele equivale à setenta anos no baixo paraíso), um nível bem mais alto do que o que você estava antes de descer para este mundo.
A Neshamá é pura e linda, cada ano que passa ela fica mais refinada e reluzente por meio do cumprimento das Mitzvót. Poderíamos dizer como exemplo que cada ano que passa, enquanto o corpo fica mais velho, a Neshamá fica “mais jovem”.
Alma Divina e alma animal
O elo entre a Neshamá e o corpo é a alma animal, que é uma alma espiritual de um nível bem mais baixo, ela se encontra no nível espiritual do nosso mundo material, mesmo tendo como raiz um mundo mais alto. Essa alma animal é chamada de “Nefesh Habehemit”, uma alma espiritual a nível deste mundo chamado de mundo de “Assiá” (ação).Sendo que a Neshamá vem de um nível muitíssimo elevado, ela não consegue se revestir diretamente no corpo material e se reveste na alma animal para acionar o corpo.
Nosso corpo é somente o equipamento com suas limitações e defeitos e a alma animal é só o software do corpo. Ela tem suas “vontades” próprias e é atraída de maneira constante pelos prazeres desse mundo material
O primeiro desafio que temos a enfrentar (com jeitinho para não quebrar o equipamento nem seu software, mas sim transformá-los em aliados ao nosso objetivo) é focar a alma animal e o corpo nos interesses da Alma Divina .
A alma animal está revestida no corpo sentindo suas dores e seus prazeres, dando origem ao primeiro obstáculo para a Alma Divina que são os interesses do corpo. Por instinto, a alma animal vai tentar usar a Neshamá para incrementar seus prazeres transformando a descida dela para esse mundo em um fracasso total.
Para que isso não aconteça, vamos ter que domá-la, ajudando-a pouco a pouco a deixar de ser animal. Mas sem “overtraining”, tomando o devido cuidado para que o conjunto ”alma animal e corpo” não se quebre, mas no lugar disso vamos direcionar o entusiasmo da alma animal para o lado bom, vamos usar esse “entusiasmo animal” a nosso favor.
A Alma Divina tem um “instinto” que a impulsiona à fazer a vontade Divina. Esse instinto natural da Alma Divina é chamado de “Yetzer Hatov”.
A alma animal tem um “instinto” que a impulsiona para fazer as vontades do corpo, esse instinto natural da alma animal é chamado “yetzer hará.
O Zohar nos conta que todas as noites quando vamos dormir, nossa Alma Divina sobe para o céu e se apresenta ao tribunal Divino, “juízes da competição”. Ela é julgada por essa etapa da “corrida”. Se ela vence, ela volta de manhã para continuar competindo.
Ela é julgada de duas formas diferentes. O julgamento das ações positivas não é como o das negativas.
Ações negativas :
Ela nunca é julgada pelas coisas negativas que vai fazer, mas somente pelas que já fez.
Ações positivas:
Ela recebe um prêmio pelo que já fez, e também é favorecida pelo que ainda vai fazer.
Assim ela volta feliz e renovada de manhã para o corpo, mesmo que seus atos atuais não justifiquem isso, sendo que ela é favorecida pelos seus atos futuros.
Nosso mundo é o mundo da ação, estamos aqui para fazer, e por isso somos antecipadamente favorecidos pelo que vamos fazer no futuro. Mas se não fizermos nada, nem agora e nem no futuro, não temos motivo para estar aqui, e na primeira apneia nossa Alma deixa o corpo e não volta mais.
Quando ela sobe, um espírito impuro paira sobre o corpo. Quando ela volta, esse espírito impuro foge, mas ainda fica ligado a nossos dedos. Por isso fazemos a “Netilat Yadaim”. Lavamos as mãos de manhã intercaladamente para tirá-lo. Acordamos felizes por termos vencido a etapa do dia e agradecemos à Hashem dizendo “Modé Ani…”
O Zohar nos conta que os dias da nossa vida estão vinculados à sete Sefirot compostas de dez. Ou seja, “Hessed”, “Guevura”, “Tiferet”, “Netzach”, “Hod”, “Issod” e “Mal’hut”
Cada uma delas tem, fora seu aspecto principal, mais nove pequenos aspectos que são pequenas revelações das outras “Sefirot” , e mais “Hochmá, “Biná” e “Daat” que são as três primeiras “Sefirot”.
Por isso diz o rei David no Tehilim :- “Os dias da nossa vida são setenta anos”. Ou seja, sete “Sefirot” compostas de dez. Quando terminamos o último desses níveis e já não temos mais onde nos apoiar, então começa nossa decadência. Ou seja, o tempo da corrida é cronometrado!
O rei David fala sobre uma pessoa normal, mas quem aproveitou esse setenta anos de vida para subir de nível em nível e se tornou um “Tzadik”, ou, como no caso de Sarah, uma “Tzadeket”, se conecta a Sefirá que está acima das sete.
Ou seja, se conecta à “Biná” que engloba as três primeiras, e lá já não há declinação e limite para a vida, porque lá já existe o vínculo ao infinito. Por isso está escrito :- “Vaihiu Hayei Sarah” , uma linguagem de “ser”. Foram dias verdadeiros sem declinação.
Essa mesma linguagem é usada em outros versículos como por exemplo “esses” foram os dias da vida de Avraham”, e lá se refere ao mesmo assunto. E se perguntarmos :- Por quê essa mesma linguagem é usada para os dias de Ishmael? O motivo é simples, porque Ishmael voltou para o bom caminho, ele fez “Teshuvá”! O Zohar nos conta que Ketora, a segunda esposa de Avraham, era a própria Hagar que fez “Teshuvá” e até mudou de nome para expressar a veracidade da sua mudança de comportamento.
O fato de a Torá nos contar a história de Sarah e o Zohar nos revelar os segredos que estão por trás dela, vem nos indicar que “As atitudes dos patriarcas são um exemplo para os filhos” (que somos nós).
À cada um de nós foram dadas as forças necessárias para chegarmos à etapa final dessa corrida e vencermos. Só temos que fazer isso sem “overtraining”, sem fundir o motor para tentar chegar mais rápido, e por outro lado também não ficarmos parados com medo de ter uma distensão, mas a cada dia fazer as “Mitzvot” daquele dia com muita alegria amor e carinho.
E o principal: Saber que “Hashem” é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem. E que “Hashem” está o tempo todo na nossa torcida, levando a gente pela mão, nos ajudando a ultrapassar cada obstáculo, e o principal, pronto para comemorar a nossa vitória com a Gueulá verdadeira e completa por meio do Mashia’h em breve em nossos dias!
🌴🌴🌴🌴🌴🌴🌴 Avraham e Sarah eram a reencarnação de Adam e Havá
O nome da nossa Parashá é “Hayei Sarah”, a “Vida de Sarah”. Então porque a Parashá nos conta principalmente sobre a morte de Sarah?
O Ari Zal nos revelou que em Avraham Avinu estava a Alma de Adam Harishon (o primeiro homem) no seu nível mais baixo, nível “Nefesh”, e Sarah era a reencarnação de Havá (a primeira mulher)
Diz o Zohar que a fonte do aspecto feminino da Alma, ou seja, onde uma parte da Alma se define para ser a Alma de uma mulher, é a “Sefirá” chamada de “Biná” (traduzida como entendimento) que é a primeira “Sefirá” do lado esquerdo, o lado “rígido” das “Sefirót”
Na estrutura das “Sefirót”, abaixo da “Biná” se encontra a “Sefirá” chamada de “Guevurá” (rigidez), e por isso toda mulher tem por natureza uma inclinação para a severidade.
Para equilibrar essa inclinação da Alma, Hashem (D’us) coloca a Alma da mulher em um corpo de “Hessed” (bondade)
O corpo da mulher por natureza não tem barba ou pelos e a mulher por natureza tem uma voz fina e a capacidade de dar o leite para a criança do seu próprio corpo. A mulher é a “Guevurá” dentro de um receptáculo de “Hessed”, o contrário do homem que é a “Hessed” em um receptáculo de “Guevurá”.
A origem do aspecto masculino da Alma, ou seja, quando aquela parte da Alma se define para ser a Alma de um homem, acontece na Sefirá chamada de “Ho’hmá” que é a primeira Sefirá do lado direito, o lado da bondade. A “Ho’hmá” se encontra acima da “Hessed”.
Para equilibrar isso, Hashem coloca o homem em um corpo de “Guevurá”, com voz grossa, barba, pelos, e sem a capacidade de dar leite para a criança do próprio corpo
Por serem dois opostos, o homem e a mulher se completam, sendo que eles são duas partes da mesma Alma, uma com o aspecto masculino e a outra com o aspecto feminino, duas metades que se completam
Diferente das outras “Sefirót”, a “Guevurá” tem a característica de “escorregar” com facilidade para o abismo espiritual, chamado pelo Zohar de “sitra áhara” (o outro lado, o lado ruim)
Por esse motivo, a “cobra”, que era nada mais nada menos que o próprio “Anjo da morte” revestido em uma cobra material (e por isso ela falava) teve mais facilidade em seduzir Havá, e por isso abordou ela e não Adam
Sendo que essa “cobra” era a essência do mal, ela era a própria “sitra áhara” que é o fundo do precipício para onde a “Guevurá” escorrega com facilidade.
E sendo que a raíz da Alma feminina é a “Biná” que está no lado esquerdo acima da “Guevurá”, a “cobra” que não teria a capacidade de seduzir Adam diretamente teve a capacidade de seduzir Havá, e assim seduzir Adam indiretamente.
Porque a “cobra” também se origina no lado esquerdo, mas no lado impuro desse lado esquerdo das Sefirót, do lado mais baixo, mas que não perde o vínculo com sua origem, a “Guevurá”
A cobra disse para Havá que se eles comessem a fruta proibida eles seriam como D’us. Havá, pelo motivo de a fonte da sua Alma estar ligada à “Guevurá”, tinha um vínculo com a essência da cobra que também é a “Guevurá”, e por isso sentiu afinidade com ela, e no lugar de escutar à D’us escutou à cobra.
Havá convenceu Adam à comer a fruta proibida para ele se tornar uma divindade. Esse ato foi considerado idolatria e afetou o nível mais baixo da Alma Divina dele, o nível “Nefesh”
A “Etz Hadaat” (árvore do conhecimento) estava sincronizada até o por do sol do sexto dia da criação com um nível espiritual chamado de “Klipat Noga”, nível no qual o bem e o mal estão sempre misturados e não existe nesse nível uma coisa boa sem um lado ruim e nem uma coisa ruim sem um lado bom.
Adam comeu aquela fruta, e pelo fato de a árvore estar sincronizada naquela hora com a “Klipat Noga”, o mundo inteiro despencou ao nível de “Klipat Noga”.
Sendo que Adam caiu ao nível de idolatria, o que impurificou o nível “Nefesh” da Alma Divina dele, para consertar isso ele teve que nascer como idólatra e sair da idolatria, e por isso ele nasceu como Avraham Avinu, filho de Tera’h que fabricava estátuas para serem idolatradas.
A partir desse ponto de partida ele teve que chegar à Hashem (D’us) por próprio esforço, e ensinar as pessoas a fazerem o mesmo.
Havá se reencarna como Sarah. Adam ouviu Havá para fazer idolatria, e agora, para a retificação da Alma Divina de Havá que estava em Sarah, Sarah teve que ouvir Avraham para deixar a idolatria.
A Luz de Havá e as velas de Sarah
Havá tirou a luz do mundo e Sarah trouxe a luz para o mundo. No primeiro dia D’us criou a luz, e no quarto dia criou o Sol a Lua e as estrelas. Então para onde foi a luz que foi criada no primeiro dia?Uma das explicações sobre essa luz do primeiro dia é de que ela era uma luz tão especial que dava para ver por meio dela o mundo de ponta a ponta e em sua total transparência. Mas ela iluminou somente naqueles dias, porque Havá, por meio da sua transgressão, tirou essa luz do mundo.
Avraham e Sarah cumpriam toda a Torá antes de ela ser dada, e quando Sarah começou a acender as velas de Shabat, ela começou a trazer essa luz de volta para o mundo.
O sinal que Hashem deu para ela de que essa retificação começou a acontecer e por isso essa luz começou a voltar para o mundo, era de que as velas que Sarah acendia para Shabat continuavam acesas milagrosamente a semana inteira
A fruta proibida e a Halá de Sarah
A fruta proibida não era uma maçã. Uma das opiniões é de que ela era o trigo, que originalmente foi criado alto como um coqueiro. Para retificar essa transgressão, sendo que Havá deu a fruta à Adam para fazer o mal, agora Sarah fazia a Halá (o pão) para Avraham para fazer o bem, para distribuir aos hóspedes e ensiná-los à fazer a “Brahá”, agradecer à “Hashem”O sinal que Hashem deu para ela de que ela começou a fazer essa retificação, era de que por mais hóspedes que viessem, a Halá nunca acabava. Ela tinha “Brahá na massa”, a massa da Halá crescia de acordo com o número de hóspedes que geralmente apareciam sem aviso prévio e em qualquer número
O que aprendemos com a “Vida de Sarah”
O que aconteceu com Avraham e Sarah acontece na prática com cada um de nós. Começamos nossa reencarnação atual a partir do lugar em que chegamos na reencarnação anterior.Quando um judeu nasce em uma família distante do judaísmo e tem que se esforçar mais para chegar aonde outros chegaram sem nenhum esforço, na maioria das vezes o motivo para isso é que em uma reencarnação anterior ele chegou por opção própria à essa distância do judaísmo, e agora voltou para retificar
Um exemplo disso é a história que nos conta a “Guemará” sobre Eliézer ben Dordaia que conseguiu fazer “Teshuvá” só com 80 anos de idade, e depois disso faleceu. Na hora em que ele faleceu, saiu uma voz do céu dizendo:- “Rabi Eliézer ben Dordaia está convidado para o paraíso.
Mesmo sendo ele uma pessoa totalmente leiga, a voz do céu o chamou de Rabi, isso por ele ter sido na sua reencarnação anterior Yohanan Cohen Gadol, um grande estudioso da Torá que no final da sua vida caiu na idolatria. Assim também, Eliézer ben Dordaia tinha que fazer Teshuvá no final da sua vida para retificar o que tinha feito na reencarnação anterior.
Dessa mesma forma acontece com cada um de nós. Nosso ponto de partida é onde tínhamos chegado na reencarnação anterior, seja ele o melhor lugar ou o pior lugar, e a partir daí vamos crescendo espiritualmente e nos refinando cada vez mais. E enquanto nosso corpo vai ficando cada vez mais velho, nossa Alma vai ficando cada vez mais jovem, refinada e reluzente, uma pessoa jovem dentro de uma roupa velha
A Caverna
Diz o Zohar que quando os três Anjos vieram visitar Avraham Avinu, a presença do Anjo Refael fez com que Avraham ficasse totalmente curado das consequências de ter feito o Brit Milá com 99 anosAvraham sabia que eles eram Anjos, mas sendo que eles apareceram como pessoas, ele os tratou como pessoas, e correu para fazer uma comida importante, de acordo com o nível que aparentavam ter aquelas “pessoas”
A comida mais cara da época era “língua de bezerro com mostarda”, e nesse caso Avraham tinha que abater três bezerros para fazer essa “iguaria”. Um dos bezerros fugiu, e Avraham, por estar milagrosamente totalmente curado, saiu correndo atrás dele.
O bezerro fugiu para uma caverna, Avraham entrou na caverna atrás dele e descobriu que lá se encontrava nada mais nada menos que o túmulo de Adam e Havá e a entrada do Paraíso. Depois desse acontecimento Avraham voltava sempre para rezar naquele lugar.
Diz o Zohar que Avraham via uma grande luz nessa caverna enquanto que Efron, o dono do campo aonde estava a caverna, nunca via nada lá e nunca teve interesse em entrar naquele lugar.
O motivo para isso, diz o Zohar, é que essa caverna estava guardada lá de cima para Avraham, e aprendemos daqui que uma pessoa não tem como ficar com o que está guardado para a outra
Mesmo assim, Avraham não pediu para Efron vender para ele aquela caverna sem que tivesse um motivo para justificar isso. Para não despertar em Efron suspeitas de que, se Avraham quer tanto comprar aquele lugar, com certeza ele deve ser muito valioso, e talvez por esse motivo Efron não quisesse mais vendê-la para Avraham
Mas quando Sarah faleceu, Avrhaham fez como se estivesse procurando um túmulo em qualquer lugar, e comprou de Efron a caverna como se ela fosse algo que não servisse para nada a não ser para enterrar alguém. E mesmo assim Efron cobrou dele uma exorbitância, imagine se Avraham tivesse feito à ele uma proposta antes disso!
Daqui aprendemos que, mesmo se uma coisa está determinada lá de cima para ser sua, devemos fazer a negociação de maneira natural.
Em Rosh Hashaná é decretado para cada um de nós quanto dinheiro vamos ter naquele ano, mas mesmo assim, para trazer esse dinheiro aqui para esse mundo, temos que fazer um trabalho. Assim também fez Avraham.
E mesmo que essa caverna estava guardada para ele sendo que Avraham e Sarah eram a reencarnação de Adam e Havá, mesmo assim Avraham teve que fazer essa negociação de maneira natural
🌴🌴🌴🌴🌴🌴🌴 O segundo casamento de AvrahamDepois que Sarah faleceu Avraham se casou novamente, sendo que ele cumpriu a Torá inteira antes de ela ser dada e pela Torá a pessoa não deve ficar sozinha, mas tem que se casar novamente. Avraham se casou com KetoraDiz o Zohar que Ketora era Hagar, mãe de Ishmael, que fez “Teshuvá” e voltou para o bom caminho.
O que aprendemos com o segundo casamento de Avraham?
Não encontrou a sua cara metade? Sua cara metade faleceu ou te divorciou? Faça como Avraham que se casou novamente com Hagar mesmo não sendo ela a cara metade dele. E o único critério para isso foi que Hagar fez Teshuvá, voltou para o bom caminho.Então, se você está sozinho ou sozinha, não importa o motivo, procure alguém que esteja no caminho da Torá e construa novamente a sua família.🌴🌴🌴🌴🌴🌴🌴Quem é considerado vivo de verdade
Nossa Parashá nos conta sobre a morte de Sarah e o nome da Parashá é “A Vida de Sarah”, nos ensinando que os “Tzadikim” (as pessoas espiritualmente elevadas) são considerados vivos mesmo depois da morte, enquanto que as pessoas ruins são chamados pela Torá de mortos mesmo durante a vidaQuando a Torá nos conta sobre os anos da vida de Sarah, diz o versículo que a vida de Sarah foram cem anos e vinte anos e sete anos, e no final volta a dizer que esses foram os anos da vida de Sarah. Essa linguagem não é usual e o certo seria dizer que Sarah viveu 127 anos
Então porque o versículo usa essa linguagem tão diferente e no final ainda acrescenta novamente que esses eram os anos da vida de Sarah, afirmação aparentemente totalmente desnecessária?
Rashi explica que nesse caso a Torá acrescentou a palavra “ano” depois de cada número para te ensinar que cada um é visto separadamente do outro
Com 100 anos ela é comparada à uma jovem de 20, nos ensinando que com 100 anos ela não tinha pecados da mesma maneira que uma jovem de 20 anos não tem pecados.
Ou seja, a maioridade religiosa de uma menina no judaísmo é com 12 anos, mas para ela ser condenada por um tribunal caso tenha feito algo que justificasse isso, teria que ter feito essa transgressão após os 20 anos de idade. E com cem anos, Sarah é comparada à uma menina de sete em relação à beleza.
Mas porque no final do versículo ele volta a dizer que esses foram os anos de Sarah? Diz Rashi que aqui a Torá vem nos ensinar que todos os anos de Sarah foram iguais no aspecto de que foram sempre bons
Mas como pode ser assim? Sarah passou por situações tão desagradáveis! Acompanhou seu marido de Ur Kasdim até a terra prometida, e lá se depararam com os cananeus que estavam conquistando a terra dos Bnei Shem que eram o povo da ascendência de Avraham.
Avraham e Sarah desceram ao Egito e lá aconteceu mais um desastre, ela foi levada para se casar com o faraó e só se salvou por verdadeiros milagres de Hashem (D’us) a ponto de o faraó dar à ela sua filha Hagar como escrava depois de descobrir a grandeza de Sarah
Sarah era estéril e deu Hagar para Avraham na esperança de que se ela não pode ter filhos a continuação da família vai ser por meio do filho que Hagar vai ter com Avraham.
Hagar engravidou imediatamente e esnobou Sarah dando a impressão de que ela, Hagar, é a “Tzadeket”, a pessoa altamente elevada, e Sarah, a Sarah que todos acharam até agora que ela era a grande “Tzadeket”, não chega aos pés dela
Finalmente Sarah que era estéril teve um filho, e por isso todos nós existimos, todo o nosso povo descende de Sarah que também foi a nossa primeira matriarca e também a primeira das sete profetizas do nosso povo ultrapassando o próprio marido Avraham em profecia
Então perguntamos, como pode ser que todos os anos de Sarah foram sempre bons se na realidade ela passou por tantos apuros?
Hashem cuida dos perseguidos
Disse o rei Salomão, o mais sábio de todos os homens, que D’us cuida dos perseguidos. Rabi Huna no Midrash Rabá nos conta que mesmo quando acontece de uma pessoa ruim ser perseguido por uma pessoa boa, Hashem ajuda essa pessoa ruim somente pelo fato de ele estar sendo perseguido, mesmo que o perseguidor é um “Tzadik” (uma pessoa altamente elevada) e o perseguido ser um “Rashá” (uma pessoa ruim), mesmo assim D’us vai ajudar o perseguido pelo simples fato de ele estar sendo perseguido.Rav Moshe Kramer de Vilna em uma análise sobre as maldições da Torá traz o versículo “Vocês vão fugir e ninguém vai te perseguir” e pergunta:- Que maldição há no fato de que ninguém vai nos perseguir? Poderíamos pensar que aqui se trata de uma benção e não de uma maldição!
Mas diz Rav Moshe que o fato de ninguém estar nos perseguindo é uma grande maldição, porque quando somos perseguidos Hashem deixa tudo o que está fazendo para cuidar de nós, e mesmo quando quem nos persegue é um Tzadik e nós não, mesmo assim Hashem deixa tudo para cuidar de nós porque estamos sendo perseguidos.
E se não há ninguém nos perseguindo, perdemos o “status” de perseguidos e Hashem não nos dá mais esse carinho especial.
Sendo assim a verdadeira benção é quando alguém nos persegue, e para alguém como a nossa querida matriarca Sarah que foi a primeira mulher judia e a primeira profetiza, vir de onde ela veio e chegar onde ela chegou só foi possível com a ajuda dos grandes milagres que Hashem fez para ela no mérito de todas as perseguições que ela passou.
O próprio marido, Avraham, teve muita dificuldade em tirar Hagar e Ishmael de casa quando Ishmael se tornou um perigo material e espiritual para Itzhak, e até pelo próprio marido ela se sentiu discriminada nessa hora tão difícil a ponto de o próprio D’us ter que revelar para Avraham que “Tudo o que Sarah sua esposa te disser você tem que obedecer”.
Ou seja, o próprio D’us teve que revelar para Avraham que Sarah se tornou maior do que ele em profecia, e a partir de agora tudo o que ela disser ele vai ter que fazer.
E como Sarah que saiu de Ur Kasdim junto com Avraham conseguiu se tornar a primeira profetiza do nosso povo e chegar à um nível tão elevado ultrapassando até o próprio Avraham Avinu?
E aqui está o segredo dela, nisso que “Todos os anos de Sarah foram iguais no aspecto de que foram sempre bons”.
Ou seja, ela sempre esteve no lucro! Sempre saiu ganhando com cada perseguição. A cada humilhação ela ganhou um nível espiritual mais elevado até chegar onde chegou, e por isso para ela “todos os seus anos foram sempre bons!
A palavra Torá em hebraico não quer dizer lei mas sim instrução. Cada história dela é uma instrução para nós.
Aprendemos com Sarah que quando somos perseguidos isso é uma verdadeira bondade Divina que nos dá o direito de termos um cuidado especial de Hashem que não teríamos como receber de outra maneira a não ser essa, e por meio disso conseguimos chegar à um nível espiritual mais elevado, e nesse mérito receber todas as Bênçãos Divinas em grande estilo
Vayerá 5782
Os três Anjos
Nossa Parashá nos conta, que depois de ter feito o Brit Milá (a circuncisão) nosso patriarca Avraham recebe a visita de três anjos que desceram para esse mundo em forma humana.
Diz o Zohar que nesse caso foram necessários três anjos diferentes. O motivo para isso é que o anjo não tem como fazer algo que não está na sua categoria, e aqui deveriam acontecer coisas de três categorias diferentes
A palavra Mala’h (מלאך) anjo em hebraico, quer dizer enviado. Ou seja, ele é enviado para um assunto específico e não para outro.
Diz o Zohar que esses três anjos que vieram visitar Avraham tem como essência três Sefirot diferentes.
Em outras palavras, eles não têm como ser enviados para um assunto que não tem a ver com a essência deles, ou seja, com a Sefirá à qual eles pertencem
O Zohar nos conta que esses três anjos eram Mihael, Gavriel e Refael, que se revestiram no “ar” desse mundo e desceram para cá em forma de pessoas
O anjo Mihael é o responsável pelas Sefirot do “lado direito” e a Sefirá dele é a Hessed. Todas as coisas boas, todas as bençãos que vem das Sefirot do lado direito, lado Hessed, foram entregues nas mãos dele.
Nesse caso ele foi enviado para colocar na prática o que Hashem (D’us) prometeu na Parashá anterior, de que Sarah iria ter um filho
O anjo Gavriel é o responsável pelas Sefirot do “lado esquerdo” e a Sefirá dele é a Guevurá. Ele é responsável pelas punições que acontecem no mundo. Ele foi enviado para destruir Sodoma e Gomorra.
O Anjo Refael é o “responsável pelas curas”, e a Sefirá dele é a Tiferet. Ele veio curar Avraham que fez o Brit milá com 99 anos
Como vimos, o anjo Mihael veio para Sarah, Refael para Avraham e Gavriel para Sodoma e Gomorra. Então, o que o anjo Gavriel estava fazendo na tenda de Avraham?
E ainda mais, os anjos perguntaram para Avraham “Onde está Sarah sua esposa?”. Será que os anjos não sabiam que ela estava na tenda? Como pode ser que até Mihael, que veio especificamente para ela, não sabia onde ela estava?
Em relação à isso explica o Zohar que o anjo só sabe deste mundo o que é revelado para ele. Nesse caso, por motivo Divino, nem o anjo Mihael que veio comunicar à Sarah que ela iria ter um filho sabia onde ela estava e foi obrigado a perguntar para Avraham.
Mas se ele veio somente para ela, por que não foi revelado para ele onde ela estava? E ainda mais, da linguagem do versículo entendemos que os outros anjos, que não foram enviados para ela, também perguntaram onde ela está.
Sendo que cada anjo atua somente na sua categoria, por que os outros anjos também tinham que perguntar por ela se eles não tinham nenhuma missão direcionada a ela?
Avraham responde para eles que Sarah está na tenda. Rashi explica que Avraham usou essa linguagem para determinar que ela tem pudor e por isso não está aqui com eles. Ou seja, nem um copo de água ela vai trazer para eles porque ela é uma mulher e eles são homens.
Na próxima Parashá, quando Eliezer vai procurar uma esposa para Itzhak, pede para Hashem para que a jovem a qual ele pedir um copo de água e ela der água não só para ele mas também para todos os dez camelos dele, ela será a esposa de Itzhak, a nora de Avraham.
Rashi explica que, sendo que ela é generosa, essa é a prova de que ela é adequada para entrar na família de Avraham.
Ou seja, se ela não desse o copo de água para Eliezer que era um homem, ela não seria adequada para se casar com Itzhak.
Então, como pode ser que aqui na nossa Parashá, Avraham se comporta de maneira exatamente contrária ao seu próprio perfil!
E mais, quando o anjo Gavriel vai destruir Sodoma e Gomorra, o anjo Refael vai com ele. O motivo que a Torá dá para isso é de que Hashem se lembrou de Avraham para salvar Lot, e, portanto, o anjo Refael vai com o Anjo Gavriel sendo que salvar e curar estão na mesma categoria
E ainda mais, diz o Zohar que a diferença entre Noa’h, Avraham e Moshe Rabeinu é a de que Noach não rezou por ninguém, Avraham rezou somente pelos Tzadikim (pessoas boas) e Moshe Rabeinu rezou por todos
De acordo com o Zohar, Avraham não rezou por Lot para não dizerem que Lot, por ser parente de Avraham, mesmo não sendo Tzadik (pessoa boa), foi salvo pela reza de Avraham, enquanto todos os outros habitantes de Sodoma morreram.
Como pode a Torá dizer que Lot foi salvo no mérito de Avraham, se Avraham rezou pelos Tzadikim (pessoas boas) e explicitamente não rezou por Lot?
Na Parashá anterior, vimos que Avraham arriscou a própria vida e a vida das pessoas que o ajudaram para salvar Lot dos quatro reis que o tinham prendido.
Nessa ocasião, Avraham não pediu para Lot voltar a morar com ele e não cobrou dele um comportamento melhor.
O único interesse de Avraham era o de que Lot continuasse vivo, então por que Avraham agora não rezou para que Lot continuasse vivo neste caso também?
A explicação do Guerer Rebe
Rabi Itzhak Meir Alter foi o primeiro Rebe da cidade de Gur na Polônia, há 150 anos atrás. Aquela cidadezinha originalmente era um centro de peregrinação católica.
Em 1859, quando o Rebe Itzhak Meir assumiu o rabinato dos Hassidim de Kotzk, mudou-se para a cidade de Gur e a chamou de “Guer”, que em Hebraico significa “convertido”
Ou seja, aquela cidade que fazia parte de um roteiro de peregrinação católica se converteu em um grande centro Judaico, atraindo para si uma verdadeira peregrinação de judeus de todos os cantos da Polônia
Rebe Itzhak Meir explicou que Avraham salvou Lot dos quatro reis porque de Lot sairia Rut e dela sairia o Rei David
Diz o Ari Zal que na Alma de Lot estavam as Almas de Rut e do rei David
O Ari Zal nos revelou que Avraham Avinu era a reencarnação do nível ”Nefesh” de Adam Harishon, do primeiro homem
O Midrash nos conta que Hashem mostrou para o primeiro homem cada geração e os judeus mais destacados dela. Quando chegou ao Rei David, Adam se entusiasmou, mas Hashem revelou a ele que o Rei David seria um aborto.
Ouvindo isso, Adam Harishon deu 70 anos da própria vida para o Rei David. Ou seja, Avraham tinha um vínculo de Alma com a Alma do Rei David que estava em Lot e por isso tinha que salvá-lo dos quatro reis
E agora que o anjo Gavriel foi enviado para destruir Sodoma e Gomorra, novamente Avraham teria que salvá-lo.
Diz Rabi Itzhak Meir, o Guerer Rebe, que o que aconteceu na tenda de Avraham foi o julgamento de Lot
Ou seja, Lot por si só não teria o mérito de ser salvo, mas dele sairia Rut a Moabita que se converteu ao judaísmo e dela saiu o Rei David
A Torá proíbe um Moabita, mesmo convertido ao judaísmo, de se casar com uma mulher Judia.
A própria Torá traz o motivo para isso, de que eles não levaram pão e água ao nosso povo quando saímos do Egito
Quando Avraham responde que Sarah está na tenda, ou seja, que a mulher por motivos de pudor não deve levar pão e água para os homens no deserto, nesse Momento Avraham está determinando que Rut, por ser mulher, não precisaria levar pão e água para o nosso povo quando saíram do Egito.
Portanto, por ser mulher, ela não se enquadra dentro do decreto da Torá que proíbe o casamento com Moabitas, e consequentemente o Rei David que saiu dela pôde ser o Rei de Israel ungido pelo profeta Shmuel
O anjo Gavriel estava lá somente para ouvir isso. Ouvindo isso ele foi obrigado a abrir espaço ao anjo Refael para salvar Lot. Enquanto Refael passava com a família de Lot, Gabriel ia destruindo tudo atrás deles
Quando Avraham viu que o Anjo Gavriel estava indo para Sodoma acompanhado do Anjo Refael, não precisou mais rezar por Lot, sendo que a salvação dele estava garantida porque somente esse seria o motivo de o Anjo Refael estar acompanhando o Anjo Gavriel
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Nossa Parashá nos conta que quando nosso patriarca, Avraham Avinu, recebeu a visita de três Anjos eles apareceram para ele em forma de árabes idólatras da época, e isso aconteceu três dias depois de Avraham Avinu ter feito o “‘Brit Milá” aos 99 anos de idade
Sua saúde estava debilitada, e mesmo assim ele estava sentado na porta da tenda em um dia tão quente, olhando para todos os lados procurando pessoas para convidar para a sua tenda, dar para eles comida e bebida e depois ensiná-los a deixar a idolatria e rezar só para Hashem.
Quando Avraham avistou os três “árabes”, ficou muito contente em poder fazer essa Mitzvá, mesmo no estado em que se encontrava.
Um desses três Anjos que vieram visitá-lo era o Anjo Refael, o Anjo da cura, e com a presença dele Avraham ficou imediatamente curado e até conseguiu correr para o gado, abater três bezerros e fazer para seus “hóspedes” a comida mais cara da época que era “língua de bezerro com mostarda”
Em primeiro lugar aprendemos com nosso patriarca a importância de que quando temos o mérito de cumprir essa grande Mitzvá de receber hóspedes em casa devemos dar para eles “do bom e do melhor”, como fez Avraham Avinu, e também a melhor comida espiritual, ensinando nossos hóspedes a deixarem as “idolatrias” desse mundo e se aproximarem de Hashem
Em segundo lugar, por mais que nossa saúde esteja abalada, nossos hospedes não são culpados disso e não precisam sofrer por causa de nós. Mas uma coisa é certa, cada um desses hóspedes pode ser o próprio “Anjo da cura”
Quando um anjo desce para o mundo ele pode aparecer com o corpo material que quiser, e até uma mulher cheia de crianças que vem se hospedar na nossa casa, as vezes até nos tirando do sério, pode ser o próprio Anjo Refael com toda a sua equipe.
Aprendemos com Avraham Avinu a cuidar bem de qualquer hóspede. Cada um deles pode ser um anjo do céu, e não só um anjo do céu, mas o próprio anjo que foi enviado lá de cima para te ajudar
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Uma História, Hassídica, Dr Gardio com o Anjo Refael
Nossa história começa com um grande comerciante de Vilna que era uma cidade importante no mundo judaico. As pessoas antigamente tinham menos distrações e sobrava mais tempo para estudar Torá. Em Vilna sabiam valorizar esse tempo livre, e o comerciante da nossa história, se vivesse na nossa geração, seria considerado um grande Rabino
Certo dia ele estava passando pela cidade de Mezritch onde vivia o sucessor do Baal Shem Tov, o grande Tzadik, o Maguid de Mezritch. Mesmo não sendo um “Hassid” e com certeza não tendo estudado a parte oculta da Torá, ele fez uma visita ao Maguid imaginando que vai ouvir dele ensinamentos muito profundos
No lugar disso, o Maguid contou para ele uma historinha aparentemente mais adequada para ser contada a crianças do que a um grande estudioso da Torá como era esse grande comerciante
O Maguid contou para ele que ao lado de cada médico existe um “anjo da cura”, mas ao lado do maior médico está o próprio Anjo Refael que desce para esse mundo na hora que ele se encontra com o doente e o cura milagrosamente
Aparentemente foi uma decepção para aquele comerciante ter ouvido uma coisa assim de alguém que se encontra no nível mais elevado de todos os seres humanos que vivem sobre a face da terra. Mas como dissemos, só aparentemente
Voltando para Vilna, o grande comerciante ficou muito doente, e sendo que dinheiro para ele nunca foi problema, a família trouxe para visitá-lo os melhores médicos de Vilna. Mas para seu sofrimento o diagnóstico de todos foi igual: não há o que fazer e em alguns dias ele vai falecer.
Quando a família comunicou a ele que talvez seja a hora de decidir onde ele quer ser enterrado, ele se lembrou do que contou a ele o Maguid e pediu para a família ver o que dá para fazer em relação a isso
Um dos familiares era dono de um hotel de luxo em Vilna, e o rei Frederico da Prússia veio se hospedar lá como parte de um passeio que estava fazendo naquela região.
O rei chegou com toda sua comitiva incluindo seu médico particular, Dr Gardio, o médico do rei, que com certeza para ter sido contratado pelo rei da Prússia tinha que ser pelo menos o melhor médico do mundo.
Os familiares do comerciante convenceram o médico do rei a fazer uma visita ao doente. Para a decepção de todos, o maior médico do mundo deu o mesmo diagnóstico que deram os outros, que o doente já está chegando ao final, e que agora a família teria que se reunir para apoiá-lo nos últimos instantes da sua vida
Mas para o espanto de todos, enquanto o médico se encontrava lá, a face do doente começou a mudar e as cores começaram a voltar. Dr Gardio levou um susto muito grande. Verificou novamente o coração do doente e levou um susto ainda maior! Nada ainda havia sido feito, mas o doente aparentemente sem nenhum motivo começou a reagir! Um verdadeiro milagre
Dr Gardio escreveu rápido uma receita e mandou um dos familiares para a farmácia. Nesse meio tempo o doente melhorou ainda mais e o Dr Gardio, mais espantado ainda, escreveu uma nova receita com remédios mais fracos. Nesse meio tempo o doente se sentou na cama e começou a conversar normalmente, como se nada tivesse acontecido, e aí o médico foi quem quase morreu…
Agora o doente, que se curou milagrosamente entendeu o que aconteceu na sua visita ao Maguid e contou toda a história para o médico. Dr Gardio, impressionado com o grande milagre que presenciou, começa a se lembrar de sua origem. Ele era judeu, um judeu assimilado, um judeu alemão
Depois de presenciar esse grande milagre, Dr Gardio voltou para a comitiva do rei, e terminando o passeio, eles voltaram para a Prússia. Dr Gardio não conseguiu continuar vivendo daquela maneira, pediu demissão do trabalho, viajou para o Maguid de Mezritch, estudou com ele muitos anos e se tornou um grande erudito da Torá. Agora, no lugar de ser o médico pessoal do rei da Prússia ele se torna o médico pessoal do Maguid, o Tzadik, o verdadeiro rei
Daqui vemos que quando nossos Sábios dizem que a Torá deu permissão para o médico curar, a intenção não é somente a autorização, mas sim a Torá deu forças especiais ao médico, ou seja, um anjo da cura que o acompanha
O Anjo Refael, Avraham e Lot
Hashem pediu para Avraham fazer o Brit Milá com 99 anos e Avraham ficou com a saúde em risco. Sendo que Hashem foi quem pediu para ele fazer o Brit, Hashem poderia ter feito o milagre de ele não ter ficado doente, ou fazer o milagre de curá-lo, e porque essa cura teve que ser por meio do Anjo Refael?
Uma explicação para isso é que o Anjo Refael teria que salvar Lot e suas filhas de Sodoma, e ele não desceria para esse mundo especialmente para Avraham. Por isso Hashem o trouxe para curar Avraham, e sendo que ele foi obrigado a descer para salvar Lot, ele curou Avraham também
Avraham reza por Sodoma e Gomorra
A Guemará nos conta que Rabi Meir Baal Hanes sofria muito por causa de certas pessoas ruins que deturpavam os versículos da Torá. Certa vez ele já estava tão atordoado com esse assunto que queria dar a eles uma maldição.
Sua esposa Brúria lhe lembrou o versículo do Tehilim que diz:- “Desapareçam as maldades da Terra e os maus já não existirão”. :- Você deve rezar para que o lado mal deles desapareça, disse ela, e assim eles não serão mais pessoas más. Reze para que eles façam Teshuvá, para que voltem a ser bons judeus.
Rabi Meir rezou para Hashem (D’us) e pediu para Ele despertar aquelas pessoas para fazerem Teshuvá. Hashem atendeu às rezas de Rabi Meir e aquelas pessoas voltaram para o bom caminho.
Quando Avraham rezou para Hashem não destruir Sodoma e Gomorra não rezou para Hashem despertar aquelas pessoas para elas voltarem ao bom caminho e nem se relacionou nas suas rezas às pessoas ruins, mas pediu para Hashem não destruir a cidade no mérito das poucas pessoas boas que talvez ainda vivessem naquelas cidades
Porque Avraham não fez como disse Bruria ao Rabi Meir? Porque ele não rezou para eles fazerem Teshuvá?
A resposta para isso está na conversa entre Lot e o Anjo Refael. Quando o Anjo Refael tirou Lot e sua família de Sodoma queria levá-los para Avraham Avinu. Lot ficou com medo e disse para o Anjo não o levar para Avraham, porque enquanto ele morava em Sodoma ele era considerado uma pessoa boa em relação aos habitantes da cidade, mas se ele for morar ao lado de Avraham ele já não será considerado assim, mas muito pelo contrário, e isso pode encurtar sua vida
Por isso Lot pediu ao Anjo para levá-lo à Tzoar que era uma cidade de 51 anos e, portanto, ainda não tinha terminado o prazo que é dado lá de cima para uma cidade fazer Teshuvá, enquanto que esse prazo em Sodoma já tinha terminado há muito tempo
E por isso Avraham já não tinha mais como rezar para eles fazerem Teshuvá, mas ainda podia salvar a cidade se Hashem fizesse no mérito da reza dele uma exceção e levasse em conta os Tzadikim que ainda poderiam existir lá.
Avraham começa pedindo para Hashem fazer essa exceção de regra caso existam cinquenta Tzadikim nas cinco cidades, Hashem concorda. Avraham pergunta:-E se faltarem cinco dos cinquenta?… Hashem também concorda. E daí para diante até chegarem à dez onde termina a “negociação”.
Porque Avraham não começa pedindo pelos dez e gradativamente ir aumentando até cinquenta como é o costume em uma negociação?
A resposta para isso é: Quando Avraham pediu para Hashem não destruir a cidade no mérito dos cinquenta Tzadikim ele tinha visto com o seu sentido espiritual (רוח הקודש) que naquelas cinco cidades havia cinquenta Tzadikim e por isso pediu a exceção de regra caso existam lá cinquenta Tzadikim.
Mas enquanto estava rezando, aqueles Tzadikim iam deixando de ser Tzadikim até Avraham chegar ao argumento mínimo, e esse mínimo também terminou nesse meio tempo fazendo com que Avraham ficasse sem argumento
Mihael, o Anjo do Shalom Bait
A Parashá nos conta que o Anjo Mihael disse a Avraham que em um ano Sarah vai ter um filho. Sarah estava na porta da tenda, bem atrás do Anjo Mihael, ouvindo com muita atenção cada palavra do Anjo
Quando ela ouviu que em um ano ela vai ter um filho, deu risada e fez um comentário no qual ela expressa que seu marido está velho
O Anjo Mihael perguntou:-Por que Sarah está rindo dizendo que é velha? E o Anjo confirmou novamente que na data marcada ele voltará e Sarah já terá um filho
Rashi explica que o Anjo trocou o que disse Sarah por motivos de “Shalom Bait”. Ou seja, talvez na dúvida de que Avraham tenha ouvido isso o Anjo mudou a frase de Sarah para Avraham achar que ela não falou dele, e daqui aprendemos a importância do “Shalom Bait”
Ou seja, se até o Anjo que não tem livre arbítrio e não tem como mentir, foi obrigado a falar uma mentirinha nessa hora dizendo para Avraham que ela não falou sobre velhice dele, mesmo para Avraham que nunca se importaria com os comentários de Sarah, quanto mais nós, que não somos Anjos, e em relação a pessoas que não tem bondade no coração no nível de Avraham Avinu,
Por isso, diz o Baal Shem Tov, está escrito na Torá que devemos ficar longe da mentira mas não está escrito que é proibido mentir.
Porque sendo a mentira um veneno, o veneno na dose certa se transforma em remédio mesmo que em uma overdose volta a se tornar veneno. Assim também é a mentira. Às vezes ela é o único remédio que na dose certa pode salvar o “Shalom Bait”, e por isso o Anjo Mihael, o Anjo da Hessed nos revelou esse remédio
Mas como todo remédio tem que ser dado na dose certa, a dose menor não faz efeito e uma dose maior prejudica, com certeza quando alguém vai fazer um “Shalom Bait” o próprio Anjo Mihael entra junto com ele e faz os milagres sobrenaturais acontecerem para o “remédio” salvar e não matar, como no caso do Anjo Refael que entra junto com o médico e faz a cura acontecer milagrosamente.
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Nossa Parashá nos conta que nosso patriarca Avraham Avinu montou uma tenda enorme no meio do deserto no caminho de Sodoma e Gomorra que eram cidades ricas e atraiam muitas pessoas que viajavam para lá na esperança de ganhar um pouquinho de dinheiro
O motivo de que Avraham montou sua tenda lá, perto de Sodoma e suas cidades periféricas, foi para receber os viajantes que iam e voltavam de Sodoma e Gomorra, sendo que o costume em Sodoma e suas cidades vizinhas era o de absolutamente não ajudar os pobres.
Esse grande contraste fez com que todos vissem claramente a diferença entre a bondade de Avraham Avinu que ensinava a todos a grandeza de D’us, e a maldade dos idólatras de Sodoma e Gomorra. E por isso todos escolhiam o D’us de Avraham, representado pelo proprio Avraham que era a “Hessed” (a Sefirá chamada de bondade) em pessoa, e se distanciavam da idolatria representada por Sodoma e Gomorra
Por trás dos pedidos de Avraham Avinu
Quando Hashem (D’us) revelou para Avraham que não dava mais para esperar em relação à destruição de Sodoma e Gomorra, Avraham Avinu rezou e pediu para que essas cidades não fossem destruídas sendo que ele estava aproximando essas pessoas e as influenciando de maneira positiva, ensinando a todos que devemos deixar a idolatria, rezar somente para Hashem e se comportar de maneira correta
Quando ele discute com Hashem, está em jogo a estatística do trabalho que ele está fazendo nessa região. Avraham Avinu era um Tzadik de alto nível e sabia por meio do seu “Rua’h Hakodesh” que existiam nessas cinco cidades cinquenta Tzadikim
Cinquenta pessoas que estavam em um nível mínimo para serem chamados de Tzadikim, cinquenta pessoas que cumpriam os sete mandamentos dos Bnei Noa’h. Cinquenta pessoas que não eram assassinos e ladrões e que não faziam idolatria.
A partir daí, a cada dia esse número aumentaria até que todas as pessoas daquela região se tornassem discípulos de Avraham e aquele lugar chegaria a ser o maior centro de divulgação da cultura judaica do mundo, e todos viajariam para lá para aprender Torá com Avraham.
O potencial para isso eles já tinham, a estrutura para que isso acontecesse já estava lá. As cidades eram muito ricas e poderiam investir muito nos assuntos Divinos.
Avraham Avinu, o melhor professor, já estava ensinando a todos que entravam e saiam de lá, causando uma grande influência sobre a região. Lot, o sobrinho de Avraham, se tornou o juiz da cidade, o sonho já estava se tornando realidade!
Obviamente Hashem concordou em não destruir mais as cidades, e Avraham conseguiu o que queria. Daqui para frente aquele seria o maior centro de difusão de luz para o mundo inteiro. Avraham fez a proposta e Hashem aceitou, agora só faltava fazer uma comemoração
Mas antes que ele pudesse comemorar, ele viu com o seu Rua’h Hakodesh que o número de”Tzadikim” da região baixou repentinamente para 40. Ou seja, dez dos cinquenta Tzadikim se depravaram nesse mesmo instante que Hashem tinha concordado em não destruir a cidade no mérito desses cinquenta Tzadikim
Avraham rapidamente refaz a proposta e agora usa os 40 Tzadikim como argumento de que a partir de 40 toda a região vai voltar para o bom caminho. Hashem concorda novamente! A bondade Divina não tem fim, mas a estatística não estava favorável e Avraham vê com o seu Rua’h Hakodesh que mais dez Tzadikim “chutaram o pau da barraca”, mais dez “chutados”.
Avraham Avinu refaz rapidamente a proposta usando agora os 30 Tzadikim como argumento de que eles vão ser o começo de uma verdadeira reviravolta espiritual naquela região, e cada vez mais e mais pessoas vão aderir ao trabalho Divino, e a partir desses 30 Tzadikim toda a região vai voltar para o bom caminho
Hashem é a essência do bem, e como um bom médico que antes de amputar um órgão tenta salvá-lo de todas as maneiras possíveis e imagináveis, Hashem concorda imediatamente com essa nova proposta baseada na estatística de que a partir de 30 Tzadikim toda a região vai se transformar em um lugar melhor
Mas Avraham vê com o seu Rua’h Hakodesh que mais dez Tzadikim “chutaram tudo” e a estatística não está a seu favor. Ele faz rapidamente uma nova proposta de que esses 20 Tzadikim com certeza causarão um impacto em toda a região e em breve esse lugar será conhecido como um grande centro de luz.
Hashem concorda imediatamente e agora só faltava fazer uma grande festa como a festa de Purim quando o maior holocausto da história foi anulado antes mesmo de ter começado
Mas antes de sair de lá Avraham já vê com o seu Rua’h Hakodesh que a estatística não estava a seu favor, mas muito pelo contrário, mais 10 Tzadikim foram mal influenciados e agora só sobraram 10.
10 como as dez Sefirot lá em cima. 10 como os dez pronunciamentos Divinos sincronizados com essas 10 Sefirot e que por meio deles Hashem criou o mundo.
10 como os 10 Mandamentos que Hashem nos deu no Monte Sinai que estão sincronizados com os 10 pronunciamentos Divinos pelos quais Hashem criou o mundo, que estão sincronizados com as 10 Sefirot.
Um “minian” que a partir dele toda essa região vai se transformar em um lugar melhor. Um sonho que vai se tornar uma realidade
Hashem concordou imediatamente! Agora Avraham Avinu já poderia comemorar o grande holocausto que foi anulado antes mesmo de ter começado.
Mas naquele mesmo momento, enquanto o Anjo Refael estava de prontidão para salvar a vida de Lot e sua família e o Anjo Gavriel de prontidão para destruir toda aquela região, momento em que Hashem aceitou a proposta de Avraham de que se tivessem lá 10 Tzadikim as cidades não seriam mais destruídas, naquele mesmo momento Avraham viu com o seu Rua’h Hakodesh que a estatística não estava mais a seu favor, e que aqueles últimos 10 Tzadikim de Sodoma e Gomorra também foram mal influenciados e novamente o número baixou
Uma cidade é uma obra de arte viva, mas Sodoma se tornou um filme de terror. Chegou ao limite de tolerância do tribunal Divino, e a permissão foi dada ao destruidor para destruir.
O Anjo Gavriel parte para a sua missão acompanhado pelo Anjo Refael que foi para lá salvar quem o tribunal Divino autorizou que poderia ser salvo, no caso, Lot e sua família
Depois que essas cidades foram destruídas e, consequentemente, não apareceram mais pessoas nesse caminho para entrar na tenda de Avraham e aprender um pouquinho sobre Hashem, Avraham se viu obrigado a mudar de região para poder continuar fazendo seu trabalho Divino de forma abrangente ensinando as pessoas a rezarem somente para Hashem e deixarem totalmente a idolatria
Aprendendo com Avraham
Avraham Avinu se mudou para a terra dos filisteus e lá ele abriu um “Eshel” na cidade de Beer Sheva. Um espaço onde eram servidos comida e bebida em um ambiente de profundos estudos de Torá
Avraham Avinu inaugurou um verdadeiro centro de Torá e “Hessed” fazendo o seu trabalho Divino com muito mais intensidade do que antes e em grande estilo
Aqui aprendemos com o nosso patriarca Avraham Avinu como devemos fazer o trabalho divino
Avraham não se fechou em um quarto dentro de uma casa esperando alguém bater na porta da casa, depois bater na porta do quarto e depois perguntar qual é a mensagem que ele tem para a humanidade,
Mas foi pessoalmente ao lugar aonde muitas pessoas iam e vinham, abriu sua tenda aos quatro ventos e ainda ficou na porta chamando as pessoas para comerem em sua tenda e aprenderem a agradecer à D’us que criou o céu e a terra!
Daqui aprendemos a divulgar os conceitos judaicos da maneira correta. Muitos de nós somos limitados por conceitos de que quando demonstramos ser divas inacessíveis demonstramos assim nosso alto nível e valor.
Achamos que não precisamos interagir com as pessoas porque que fazer isso é uma atitude que nos rebaixaria ao nível delas, ou porque não damos importância a essa interação, ou porque não nos sentimos confortáveis interagindo. E por final, nos fechamos no nosso “mundinho”.
Aprendemos com Avraham Avinu a interagir!
Avraham monta sua tenda no lugar mais estratégico e abre um oásis artificial na rota comercial mais movimentada do deserto
Ele monta uma mega tenda aberta para os quatro pontos cardeais, e não se contenta com isso, mas fica na porta da tenda tentando avistar os possíveis “clientes”
Quando Avraham recebe os anjos disfarçados de simples viajantes, vai pessoalmente chamá-los para a sua tenda. Pede à Sarah para fazer bolos, corre para fazer a comida, pede para seu filho Ishmael ajudar, e por fim fica em pé ao lado deles pronto para servi-los no que for preciso.
No final descobre que eles eram anjos celestiais e recebe deles o maior presente da sua vida, ter um filho com Sarah.
Aprendemos com ele que quando interagimos com as pessoas só temos a ganhar. Cada pessoa pode ser o anjo que vai te ajudar, ou se não, pelo menos você ganhou uma grande Mitzvá.
O maior investimento de Avraham
Muitas pesquisas em muitos países durante muitos anos chegaram à conclusão de que quando a pessoa não ganha o que precisa não está feliz.
Quando já ganha o que precisa, nessa etapa ela está feliz. Quando ganha acima disso, o dinheiro já traz preocupações.
Se eles tivessem pesquisado no Pirkei Avot, um livro judaico de mais de dois mil anos, mas mais do que atual para hoje, não precisariam fazer muitas pesquisas em muitos países durante muitos anos. Diz o Pirkei Avot: “Quem é rico? Quem está feliz com o que tem!” O mesmo Pirkei Avot também diz: “Quando crescem os bens crescem as preocupações”. Ou seja, muito dinheiro traz muita preocupação!
Nosso Patriarca Avraham foi a exceção dessa regra. Ele usou seu dinheiro para fazer Tzedaká! Abriu uma tenda no deserto aos quatro ventos, dava comida e bebida a todos que passavam e ensinava seus hóspedes a rezar para Hashem que criou o mundo.
Sua riqueza, no lugar de ser fonte de preocupação se tornou uma fonte de prazer, o prazer de ajudar o próximo materialmente e espiritualmente!!
Adam Harishon e Avraham Avinu
Adam Harishon, o primeiro homem, ao comer a fruta proibida não transgrediu simplesmente uma proibição. Diz o Midrash que Adam Harishon pensou que comendo a fruta proibida se tornaria D’us, e por isso essa transgressão foi considerada idolatria.
O nível ”Nefesh” da Alma de Adam Harishon foi corrompido por essa “autoidolatria” e por isso ele teve que se reencarnar como Avraham, nosso patriarca que consertou essa transgressão e fez o “Tikun” (conserto) do nível “Nefesh” de Adam Harishon por meio de divulgar a existência de D’us e afastar as pessoas da idolatria.
Avraham investiu nisso toda a sua vida, sua família, seus bens, tudo que ele tinha foi usado para erradicar a idolatria do mundo, e tudo isso ele fez de maneira positiva e agradável com muito amor e carinho.
Le’h Le’há 5782
Nossa Parashá nos conta que Hashem (D’us) pediu para nosso primeiro patriarca Avraham sair da sua terra, sair do lugar onde nasceu, deixar a família do seu pai, e ir para o lugar que Hashem iria mostrar para eleA linguagem do versículo é: “Vá para você”. Rashi explica que essa linguagem de “Vá para você” quer dizer “para o seu proveito próprio”, “para o seu próprio bem”
O Zohar nos conta que por trás da história do nosso primeiro patriarca Avraham, nossa Parashá está nos indicando um segredo Cabalístico muito importante que é o segredo da descida da nossa Alma para esse mundo
Nós somos a nossa “Neshamá”, nossa Alma Divina, uma parte de Hashem. Antes de descer para esse mundo, nossa Neshamá estava no mundo de Atzilut
E, mesmo sendo a fonte da nossa Neshamá a própria essência Divina, mesmo assim só nos tornamos “parte de Hashem” na décima Sefirá do mundo de Atzilut, na Sefirá chamada de “Mal’hut”
Hashem decreta para a nossa Alma que para o próprio bem dela, ela vai ter que descer do lugar onde ela “nasceu”, daquele nível tão elevado onde ela surgiu como “parte de Hashem”, daquele lugar tão alto, de lá ela tem que descer para o “fundo do precipício” que é esse nosso mundo material com todas as suas ocultações, e essa descida é para o nosso próprio bem, para o nosso próprio proveito.
Da mesma maneira que Avraham saiu primeiro de Ur e posteriormente de Haran, e de lá ele foi para a terra prometida, assim também nossa Neshamá sai do “Mal’hut de Atzilut” e se reveste no mundo de Briá, Yetzirá, ou no lado espiritual do nosso mundo de Assiá antes de descer para o lado material do mundo de Assiá que é onde nos encontramos agora
Da mesma maneira que, quando Avraham chegou à terra prometida, os cananeus que eram o povo amaldiçoado por Noa’h estavam lá, lutando contra os “bnei Shem” que eram o ovo abençoado, ou seja, as pessoas ruins estavam lutando contra as pessoas boas e vencendo, dessa mesma maneira nossa Alma chega à esse mundo onde geralmente as pessoas ruins estão “por cima” causando um grande sofrimento para as pessoas boas
E por final, da mesma maneira que Avraham fez seu trabalho Divino naquela terra, ensinou as pessoas a rezarem para Hashem, fez tudo o que Hashem pediu para ele fazer, e no mérito disso aquela terra futuramente se tornou a “Terra Santa”
Dessa mesma forma nossa Alma Divina faz o seu “Trabalho Divino” nesse mundo, e no mérito desse “Trabalho Divino” estudando Torá e cumprindo as Mitzvót (Mandamentos Divinos) no futuro esse mundo se torna um lugar ainda melhor do que o mundo de Atzilut onde começamos a nossa jornada
E aí vamos agradecer à Hashem por tudo o que passamos, sendo que tudo isso nos trouxe para um nível muito superior
O motivo da criação do mundo de acordo com o Zohar
De acordo com o Zohar o motivo da criação do Mundo começa no “Mal’hut”, a décima Sefirá, que na ordem dos quatro mundos é a que dá origem à cada mundo abaixo dela.O “Mal’hut de Atzilut” dá origem ao mundo da “Briá”, o “Mal’hut de Briá” dá origem ao mundo de “Yetzirá” e o “Mal’hut de Yetzirá” dá origem ao mundo da “Assiá”.
“Mal’hut” é traduzido como “Reinado”, e por isso o “Mal’hut de Atzilut” se torna o “Keter” (Coroa) de “Briá”.
Sendo que o Rei só se torna Rei quando existe um povo, e a existência dessa décima Sefirá requer a existência do povo, nesse nível Hashem seria obrigado a criar o mundo, e de filhos que éramos antes disso, no mundo de Atzilut, aqui no mundo material nos tornamos algo separado, nos tornamos o povo
“טֶבַע הַטּוֹב לְהֵטִיב”O motivo da criação do mundo de acordo com o Ari Zal
O Ari Zal traz como motivo da criação do mundo a quarta Sefirá, a “Hessed”. Diferente das primeiras três Sefirot que estão na categoria de “Mo’hin” (intelectos) que existem por si só e não requerem algo fora delas para existir, a quarta Sefirá, a “Hessed”, já entra na categoria de “Midot” (sentimentos) e requer a existência de alguém fora dela para que ela possa existirPara entendermos como isso funciona, vamos pegar como exemplo uma pessoa boa e sábia. Para ser chamada de sábia ela não precisa de ninguém que usufrua da sua sabedoria, mas ao contrário, quanto mais ela se concentra dentro de si própria mais ela consegue se aprofundar na sua própria sabedoria.
Mas em relação à bondade, não temos como chamar essa pessoa de boa a não ser que ela tenha feito uma bondade para alguém, e o fato de ela ter sido boa com si própria ainda não a considera uma pessoa boa.
Para ela ser chamada de boa ela é obrigada a ter feito uma bondade para alguém que não seja ela própria
E sendo que na quarta Sefirá, na “Hessed” (bondade) já se revela a necessidade de o mundo ser criado, o Ari Zal não espera chegarmos até a décima Sefirá (Mal’hut) para justificar essa criação
D’us é a essência do bem e a natureza do bem é fazer o bem
Mais do que isso, o Ari Zal vê a “Hessed” como expressão da própria essência DivinaE sendo que a “Hessed” só existe quando existe alguém fora dela para receber essa “Hessed”(bondade), ela requer a criação do mundo, porque sem isso ela não é “Hessed”, sem isso ela não existe
Ou seja, a “Hessed” só é chamada de “Hessed” se existir alguém para receber essa “Hessed”, como uma pessoa só é chamada de boa se ela já fez uma bondade para alguém
E por isso, diz o Ari Zal, D’us criou o mundo. Não era o suficiente nossa Alma Divina se tornar uma “parte de Hashem” no mundo de Atzilut, mas Hashem precisava fazer para nós essa bondade de criar o mundo
Nos fazer descer até aqui para fazer o trabalho Divino e por meio dele receber essa grande bondade Divina de chegar à um nível superior ao nível da nossa própria criação.
Não teríamos como ser “parte” de D’us antes de Atzilut porque acima de Atzilut sonos “o brilho do sol dentro do próprio sol, não temos identidade própria, não temos nossa própria consciência
Não teríamos a possibilidade de subir à um nível acima do nível em que fomos criados a não ser por essa grande bondade Divina de decretar para a nossa Alma descer a esse mundo
Porque por meio desse mundo conseguimos chegar a esse nível tão alto, acima do nível da nossa criação, e lá usufruir de todos os infinitos prazeres contidos nele. Somente isso faz com que a quarta Sefirá seja chamada de Hessed, sem isso ela não é Hessed.
E sendo que essa bondade com a nossa Alma Divina só tem como acontecer na “Te’hiát Hametim” (na ressurreição dos mortos), mesmo assim, a partir da criação do mundo a “Hessed” já se torna “Hessed”
Porque o começo do mundo já está vinculado à sua “meta final”, a “Tehiát Hametim”, como explica Rashi sobre o versículo “e a presença Divina paira sobre as águas”. Diz Rashi que esse versículo está falando sobre Mashia’h
Um exemplo simples para conseguir entender facilmente essa “equação espiritual”:
Imagine uma família na Espanha há quinhentos anos atrás que recebe a notícia de que quem não deixar o país em um mês vai ter que rezar na igreja ou morrer queimado em praça pública.Essa família vem perguntar ao Rabino o que fazer. Eles encontram o Rabino com toda a família arrumando as malas para fugir. Eles perguntam ao Rabino o que fazer caso eles não consigam fugir
O Rabino explica para eles que é melhor morrer do que fazer idolatria, e que a pessoa que morre dessa forma que é chamada de “Kidush Hashem” ganha por próprio mérito o “Alto Paraíso”.
Uma hora no baixo paraíso que é o mundo da “Yetzirá” equivale à setenta anos dos maiores prazeres deste nosso mundo chamado de “Assiá”, e uma hora no “Alto Paraíso” que é o mundo da “Briá” equivale à setenta anos no “Baixo Paraíso”
E se eles não conseguirem fugir, morrendo queimados em praça pública para não rezarem na igreja dá direito a eles de receberem uma recompensa eterna, irem para o “Alto Paraíso” por próprio mérito e ninguém nunca mais pode tirar eles de lá
Todo mundo consegue fugir daquela cidade, fora aquela família. Os espanhóis oferecem para eles o decreto final: ou eles se tornam cristãos ou eles serão queimados vivos em praça pública.
A família conversa novamente entre si sobre o que foi combinado com o Rabino e decidem morrer queimados em praça pública para não fazerem idolatria
Os espanhóis fazem uma grande fogueira na praça da cidade, decretam um feriado municipal para todos virem ver essa família pegando fogo, amarram as crianças com os pais na fogueira e acendem
A família fala o Shemá Israel entre as chamas e em poucos minutos chega ao “Alto Paraíso”, lugar onde os grandes Tzadikim e Tzadikaniot (pessoas extremamente elevada espiritualmente) chegaram no mérito de terem se esforçado a vida inteira fazendo o trabalho Divino com a mais alta dedicação e empenho
A alegria deles é infinita, o negócio valeu a pena! Uma família normal conseguiu chegar à um nível onde só os grandes Tzadikim conseguiram chegar, e tudo isso quase sem nenhum esforço!
Em breve Mashia’h vai chegar e os mortos vão precisar ressuscitar. No “Alto Paraíso” é dado o aviso de que o décimo terceiro princípio da fé judaica que é o de que os mortos vão ressuscitar está para acontecer
A família declara que o combinado com o Rabino não foi isso. Ninguém falou sobre limite de tempo de quinhentos anos no Paraíso, e eles estão lá por próprio mérito.
Fizeram para merecer, não chegaram lá por favor, tudo foi por próprio mérito. E até o próprio Rabino que fugiu da Espanha não conseguiu chegar à esse nível tão elevado como o deles. De jeito nenhum! Nada de ressuscitar!
:-Não chegamos até aqui de favor, dizem eles, recebemos isso como pagamento pela Mitzvá (Mandamento Divino) que fizemos
:- E e esse também é um dos treze princípios da fé judaica, dizem eles, D’us dá um castigo para quem fez o mal, castigo limitado somente ao mal que aquela pessoa fez, no máximo doze meses no “guehinon”
Mas Hashem dá uma recompensa eterna para quem fez o bem, e esse é o nosso caso, não tem como nos “despejar” agora do Alto Paraíso para irmos procurar emprego em Israel, temos o direito de ficar aqui eternamente!
D’us é justo e não vai fazer para nós uma injustiça dessas só porque o Rambam escreveu nos treze princípios da fé judaica que os mortos vão ressuscitar!
O que você responderia para essa família? Simples! Está escrito na Guemará que este mundo material do jeito que conhecemos tem um prazo de validade de no máximo seis mil anos dos quais já se passaram quase 5790 e no sétimo milênio Hashem reforma o mundo
E assim esse mundo vai ficar mais alto paraíso do que o próprio alto paraíso, ou seja, nosso mundo de “Assiá” vai chegar ao nível de mundo de “Atzilut”, e por isso todos os Tzadikim que estão no mais alto paraíso vão querer ressuscitar imediatamente, sendo que nosso mundo vai se tornar mais alto paraíso do que o próprio alto paraíso que fica no mundo da “Briá”, um mundo abaixo de “Atzilut”
Isso seria uma ótima resposta para resolver o problema dos Tzadikim do alto paraíso, mas não resolve o problema da nossa Neshamá, sendo que não justifica o fato de ela ter descido a esse mundo para depois de tanto esforço e sofrimento conseguir voltar somente até o lugar aonde ela estava antes, aonde ela se tornou “parte de D’us”, o mundo de Atzilut
E, portanto, para que a bondade Divina de ter criado o mundo para fazer para cada um de nós uma grande bondade seja considerada uma bondade de verdade, não é o suficiente devolver para a nossa Alma Divina o nível que foi tirado dela, porque isso não seria uma bondade
Por causa disso, o mundo da ressurreição obrigatoriamente tem que ser mais alto do que o mundo de Atzilut. E por isso temos que ressuscitar com a nossa Alma Divina, nossa alma animal e nosso corpo
Sendo que a raiz da nossa alma animal e do nosso corpo são a “quebra dos receptáculos”, fenômeno espiritual que aconteceu acima do mundo de Atzilut, e por mais que a alma animal e o corpo tenham descido, eles ainda mantêm um vínculo oculto com a sua raiz
E, portanto, nossa Alma Divina também pode alcançar esse nível. Mas para isso tem que estar unida à nossa alma animal e ao nosso corpo. E isso é o que vai acontecer no futuro, na “Tehiát Hametim, esse é o motivo da ressurreição dos mortos
O lado espiritual do nosso corpo material
O lado espiritual do nosso corpo e também o lado espiritual da nossa alma animal vão se revelar no futuro e não vamos ressuscitar como somos agora, mas sim como criaturas imortais
E por isso na nossa Parashá Hashem diz para Avraham que aquela terra futuramente vai ser dada aos seus filhos, nos indicando que depois de a Neshamá descer para seu próprio bem, do lugar mais alto ao lugar mais baixo, ela chega à um nível tão elevado que para usufruir dele ela não tem outro jeito a não ser nascer de novo, ou seja ressuscitar.
Por enquanto ela tem o direito de esperar por esse dia em um “paraíso de cinco estrelas”, mas o objetivo final, a verdadeira bondade Divina, é o mundo da ressurreição sobre o qual está escrito que e tão bom que ele é ninguém ainda viu esse nível tão elevado fora Hashem sendo que esse nível está acima da raiz da nossa Alma Divina
Então, vamos rezar forte para Mashiach chegar imediatamente, e não só que o nosso mundo vai ser um mundo melhor, mas vai ser infinitamente melhor, uma coisa jamais vista antes nem pela nossa própria Neshamá
🌴🌴🌴🌴🌴🌴🌴 O pacto entre os animais divididos
Na Parashá anterior Hashem faz um pacto com Noa’h de que não vai mandar novamente um dilúvio para toda a humanidade. O sinal desse pacto é o Arco-írisO motivo de esse pacto ter sido necessário é para que, caso a humanidade se comporte novamente como a geração que causou o dilúvio, mesmo assim não haverá mais dilúvio, mas se não tivesse o pacto haveria novamente um dilúvio.
Nossa Parashá nos conta que Hashem tinha prometido para Avraham que seus descendentes iriam herdar a terra aonde ele se encontrava. Hashem pede para oficializar isso por meio de um pacto igual aos pactos que os reis antigos faziam entre si
Esse pacto foi feito exatamente da mesma forma que os reis daquela época faziam quando faziam acordos de cooperação militar entre duas nações, passando entre animais divididos para oficializar o acordo.
E assim Hashem pede para Avraham passar entre os animais divididos e o acordo começa.
Avraham adormece profundamente e tem uma revelação profética que consiste nos detalhes desse pacto que está acontecendo, ou seja, o “li e aceito” do contrato
Hashem diz para Avraham que seus descendentes serão afligidos e sofrerão por quatrocentos anos em uma terra estranha. O povo que os afligirá será sentenciado e eles sairão de lá com grandes riquezas.
É revelado para Avraham que ele vai ter o mérito de falecer em paz e cheio de satisfação. Ou seja, isso não vai acontecer enquanto ele estiver vivo
Hashem revela para ele que a quarta geração dos seus descendentes voltará para a essa terra, porque só então as transgressões dos povos que viviam nela chegariam ao limite que justificasse o final da permanência deles lá
Depois que isso é revelado para Avraham, fumaça e fogo passam entre os animais divididos para concluir o pacto
Logo após, a Torá nos traz os detalhes desse acordo entre Hashem e Avraham determinando as fronteiras da terra que é dada à Avraham por meio desse pacto, com as palavras “para a sua descendência eu dei”, determinando que por meio desse pacto nos foi dada oficialmente a terra que antes Hashem tinha somente dito que iria dar
A partir desse pacto recebemos irreversivelmente essa terra todo o tempo que estivermos sobre ela
Rabi Moshe ben Nahman, também chamado de Ramban, foi um grande Tzadik que viveu na Espanha há 800 anos atrás. Ele explicou que quando Avraham chegou à terra prometida, Hashem disse para ele: – “Para os seus descendentes eu vou dar essa terra”, e não deu detalhes sobre as fronteiras dela
poderíamos entender desse versículo que se tratava somente dos lugares que Hashem mostrou para Avraham que andou até Sh’hem chamado também de Elon Moré
Depois disso, diz o Ramban, quando aumentaram os méritos de Avraham naquela terra, Hashem aumentou a promessa dizendo:- “Levante os seus olhos e veja o norte, o sul, o oriente e o ocidente”, mostrando para ele os pontos cardeais e indicando com isso que também o espaço que está além da sua visão será dado à sua descendência.
Naquela segunda promessa, Hashem acrescentou que vai dar essa terra para a sua descendência para sempre, e que a descendência dele seria tão numerosa como o pó da terra.
No pacto que foi feito entre as partes dos animais, na terceira vez que Hashem fala com ele sobre a terra que vai ser dada, as fronteiras da terra são determinadas desde o rio Prates no Iraque, incluindo Israel e chegando até o rio do Egito, o rio Nilo
Cada um dos dez povos que morava dentro dessas fronteiras foi citado, para não deixar nenhuma dúvida sobre essa demarcação
Motivo do pacto entre os animais divididos
A necessidade de ter sido feito um pacto foi para que, caso nosso comportamento não fosse adequado, isso já não poderia mudar a determinação DivinaComo vemos em relação ao pacto que Hashem fez com Noa’h, que mesmo as pessoas se comportando novamente como na época do dilúvio, não haverá outro dilúvio por causa daquele pacto
O pacto do Brit Milá
No final da Parashá, quando Hashem pede para Avraham fazer o Brit Milá (a circuncisão), faz com ele mais um pactoEsse pacto vem acrescentar que essa terra é nossa eternamente. E mesmo que ela seja conquistada por outros povos, mesmo assim ela continuará sendo nossa e voltaremos a herdá-la
Hashem também acrescenta que ele vai ser sempre o nosso D’us, e que ele pessoalmente vai nos dirigir, e não seremos dirigidos por intermediários como os astros ou os anjos responsáveis pelos setenta povos.
Assim Avraham se torna o primeiro judeu, diretamente ligado à D’us, sem intermediários
Porque Hashem teve que acrescentar nesse pacto feito no Brit Milá que essa terra, de acordo com essas fronteiras citadas no pacto anterior (entre o rio Prates e o rio do Egito e que são bem maiores do que o estado de Israel de hoje) será nossa herança eterna?
A regra da Torá é de que quando um povo conquista uma terra ela passa a ser dele, como no caso de Sihon, rei dos emoreus, que conquistou parte de Moav
Naquele caso, mesmo que para nós seria proibido conquistar uma parte de Moav porque Hashem deu a terra de Moav aos filhos de Lot e fomos proibidos pela Torá de conquistá-la, quando Sihon à conquistou, ela deixou de pertencer à Moav e passou a pertencer aos emoreus, e por isso nos foi permitido conquistar essa terra de Sihon.
Quando a Torá traz uma regra geral, para algo sair dessa regra a própria Torá tem que trazer um versículo determinando essa exceção
E por isso foi necessário esse pacto do Brit Milá, para tirar a nossa terra dessa regra geral e torná-la uma exceção de regra
Ou seja, mesmo que hoje existem outros países nesses lugares que Hashem deu a nós, descendentes de Avraham, mesmo assim essa terra não deixou de ser nossa e por isso no futuro nós a herdaremos
Por isso na primeira vez o versículo diz:- “para a sua descendência eu vou dar”. Uma linguagem que indica uma coisa que ainda vai acontecer.
Também na segunda vez que Hashem promete a terra à Avraham é usada essa mesma linguagem, porque até aquele momento ela não tinha sido totalmente dada
Na terceira vez, na hora do pacto entre as partes dos animais, Hashem diz:- “Para a sua descendência eu dei”, determinando que está fazendo um pacto sobre a terra que a partir dele é considerado que ela já nos foi dada
Na hora da Brit Milá, quando Hashem diz sobre a terra prometida “para herança eterna”, ele usa o termo “dei para você” em relação ao futuro.
Ou seja, ela continua sendo nossa mesmo quando não está nas nossas mãos, mesmo quando está conquistada por outros povos, mesmo assim ela continua sendo nossa
Galut Ishmael
Rabi Yehuda no Zohar diz que não existe uma Galut tão difícil como a Galut IshmaelQuando Hashem acrescenta a letra H nos nomes de Avraham e Sarah e revela para Avraham que ele vai ter um filho com Sarah, Avraham pede para Hashem para que Ishmael viva com temor Divino, ou seja, pede para que Ishmael seja o seu sucessor
Hashem não concorda com isso, e revela para Avraham que ele vai ter um filho com a Sarah e esse filho vai se chamar Itzhak, e ele vai dar continuidade ao pacto feito entre Hashem e Avraham
Hashem concorda em fazer do Ishmael um grande povo, mas deixa claro que a continuação desse pacto é com Itzhak que vai nascer de Sarah nessa época do próximo ano
Diz o Zohar, que pelo motivo de Avraham ter pedido por Ishmael e Ishmael ter feito o Brit Milá antes de Itzhak nascer, o anjo responsável pelo povo de Ishmael pediu para Hashem durante quatrocentos anos para que os descendentes de Ishmael fossem comparados à nós no mundo superior.
O que fez Hashem? Afastou o povo de Ishmael lá em cima como tinha sido determinado desde o começo, mas para compensar isso deu a parte deles aqui embaixo na Terra Santa por causa do Brit Milá de Ishmael
Disse o Zohar aproximadamente no ano 150 da era comum, que futuramente os árabes vão dominar a Terra Santa por muito tempo quando ele estiver vazia, como o Brit Milá deles é vazio e sem perfeição, e eles vão impedir o povo de Israel à voltar para o seu lugar até terminar o mérito do povo de Ishmael
Quem na época do Zohar na qual Israel fazia parte de um império romano europeu, com equipamentos extremamente avançados em relação aos árabes, quem poderia imaginar naquela época que no ano 636 aqueles árabes conquistariam Israel e estariam morando lá até agora?
Esse é o Galut Ishmael, existe de verdade, aqui e agora, hoje em nossos dias. Então vamos pedir para Hashem trazer o imediatamente a Gueulá e assim o Galut termina imediatamente
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Nossa Parashá nos conta sobre a descida do nosso patriarca Avraham ao Egito.Os egípcios antigos eram obcecados por mulheres e Sarah, nossa matriarca era uma mulher linda. A estatística egípcia de maridos assassinados por terem mulheres lindas seria considerada hoje “risco não segurável”!
Avraham pede pasta Sarah dizer que é sua irmã por motivos de perigo de vida e também para ganharem presentes . Essas duas coisas não fazem parte do perfil de Avraham que estava em um nível espiritual elevadíssimo
Em Ur preferiu ser jogado ao fogo do que fazer idolatria, e quando salvou o rei de Sodoma, não aceitou nem um cordão de sapato de presente. Como então Avraham usa agora essas duas coisas como argumento?
O Tanach traz muitos casos parecidos, mas vamos analisar dois deles. Quando Hashem pediu para Moshe ir ao Faraó e fazer milagres, os próprios milagres eram o objetivo da ida de Moshe ao faraó
Mas quando D’us pediu ao profeta Shmuel ir para Beit Lehem nomear um rei no lugar de Shaul, o profeta pergunta:- Como irei, Shaul vai ouvir e me matar! Hashem diz para ele levar uma bezerra e dizer que está indo para lá fazer um korban.
Ou seja, o próprio D’us dá uma justificativa para ele poder ocultar o verdadeiro motivo da viagem e se salvar do perigo. No caso de Shmuel o milagre seria apenas uma necessidade particular e poderia ser evitado com uma desculpa, e por isso Hashem diz para ele justificar dessa maneira para não precisar do milagre.
Conclusão: quando uma pessoa pode fazer algo de maneira natural mas no lugar disso espera um milagre, o milagre pode não acontecer, ou acontecer mas ser descontado dos méritos dela, e isso não é bem visto pela Torá.
Mas quando estamos em uma situação que não há outro jeito a não ser um milagre, nesse caso o milagre pode acontecer sem ser descontado dos nossos méritos
No caso do nosso patriarca Avraham, D’us não tinha pedido para ele descer ao Egito e fazer milagres, então ele deu um jeito para não precisar dos milagres. Iria dizer que Sarah era sua irmã até eles se acostumarem com a presença dela e “esfriarem” tentando ser apresentados pelo “irmão” que os “enrolaria” até passar o entusiasmo da chegada da “Miss Universo” na cidade, e recebendo presentes dos ricos ela estaria protegida contra o assédio dos pobres.
Aprendemos com Avraham uma grande regra da Torá: Junto com a reza e confiança em D’us devemos fazer meios naturais para receber as bênçãos Divinas e mesmo os Tzadikim precisam fazer isso. No caso de Avraham foi feito dessa forma, e todo o Tana’h está cheio de exemplos assim deixando isso como um ensinamento para nós.
Os meios honestos de como ganhar nosso dinheiro não só que não estão em desacordo com a reza e a confiança em D’us mas ainda são um complemento à ela, sendo que está escrito que D’us vai nos abençoar em tudo o que fizermos e não em tudo o que não fizermos
Por meio da nossa confiança em D’us, por meio das nossas rezas e das nossas Mitzvot é decretado lá em cima quanto vamos receber aqui embaixo, e por isso o trabalho deve ser feito somente após cumprirmos nossas obrigações espirituais sendo que ele é só o meio de retirar o que entrou na nossa conta lá em cima.
Temos que fazer nosso trabalho somente porque é uma ordem Divina , e junto com isso termos fé em D’us e não ver o próprio trabalho em si como algo que pode nos ajudar ou nos prejudicar.
Sendo que a ordem Divina é só em relação ao que podemos fazer e D’us não se comporta com tirania com as suas criaturas, quando não temos a possibilidade de fazer o receptáculo, não só que isso não enfraquece a confiança que D’us vai nos dar o nosso pedido, mas serve como prova de que nesse caso específico não precisamos de receptáculo.
Por isso quando aconteceu o imprevisto e Sarah foi levada ao palácio do Faraó, Avraham ficou confiante de que o milagre iria acontecer, porque nesse caso ele não tinha mais o que fazer de maneira natural e consequentemente restou para Hashem fazer um grande milagre
Porque Hashem pede para fazermos o receptáculo se o receptáculo por si só aparentemente nem ajuda e nem prejudica?
Por causa de uma intenção Divina profunda que determina que tudo o que desce lá de cima para esse nosso “mundo da Assiá” vem revestido nas vestimentas da natureza, portanto nós, que somos criados à exemplo de cima, também precisamos fazer uma “vestimenta” natural para podermos receber as bênçãos Divinas.
Esses meios naturais são o trabalho, os cuidados com a saúde, com a segurança e etc. Quando não fazemos isso estamos roubando de nós próprios o que Hashem quer nos dar, ou obrigando Hashem a nos fazer milagres e descontar dos nossos méritos (e com certeza ainda vamos reclamar que D’us cuida melhor do vizinho). Mas quando vemos que de verdade não há o que fazer e o único jeito é o milagre, podemos ficar confiantes, os milagres vão acontecer!
Os dez testes de Avraham Avinu
A Mishná em Pirkei Avot (Capítulo 5 Mishná 3) nos conta que nosso patriarca Avraham foi testado por Hashem dez vezes durante a sua vida e passou em todos os testes. A Mishná não conta para nós quais foram esses testesRabeinu Ovadia de Bartenura foi aluno de Rabi Yoseph Colon Trabotto (Maharik) em Bolonia, tornando-se depois rabino em Bertinoro, que era a cidade onde ele nasceu. Por isso ele foi apelidado de Bartenura que é Bertinoro no dialeto falado naquela região. Ele se tornou conhecido por seu comentário popular sobre a Mishná.
Ele explicou essa Mishná em Pirkei Avot e disse que os dez testes de Avraham Avinu foram os seguintes:
1- Ur Kasdim
O primeiro teste aconteceu em Ur Kasdim. Naquela época o mundo inteiro rezava para a idolatria e Avraham Avinu “descobriu o seu criador”. Descobriu sozinho, sem a ajuda de ninguém!
O rei absoluto da época que se chamava Nimrod se considerava D’us, e ordenou à todos se prostrarem na frente dele. Quem não fizesse isso seria jogado dentro de uma fornalha gigantesca
Todos se prostravam na frente dele. Todos menos Avraham Avinu que estava disposto a morrer e não fazer idolatria! Nimrod mandou jogar Avraham Avinu na fornalha gigante. Hashem fez um milagre sobrenatural e Avraham saiu de lá são e salvo sem o mínimo ferimento ou queimadura
2- O segundo teste foi o fato de Hashem pedir para Avraham deixar a sua família, sua terra e o seu país, e junto com sua esposa irem para o lugar que Hashem mostraria para eles
3- O terceiro teste foi que, logo com a chegada dele ao lugar que Hashem mostrou para ele, a terra prometida, esse lugar se tornou uma região de fome e guerra.
Avraham Avinu não pôde voltar para seu país porque Hashem tinha dito para ele sair de lá, e foi obrigado a descer ao Egito que era o único lugar que não tinha nada a ver com os lugares de onde ele saiu a pedido de Hashem
4- O quarto teste aconteceu no Egito. Sarah, sua esposa, foi levada para se casar com o faraó do Egito sem que Avraham pudesse fazer nada. Esse teste terminou em um grande milagre no qual Hashem salvou Sarah, Avraham saiu de lá muito rico, e voltaram para a terra prometida
5- O quinto teste foi o de ter que fazer uma guerra totalmente desproporcional contra quatro reis, e terminou com o grande milagre de ele ter ganho a guerra
6- O sexto teste foi que Hashem mostrou para ele uma visão de todos os sofrimentos que nosso povo iria passar e ele não perguntou “onde estava Hashem no holocausto”
7- O sétimo teste foi que Hashem pediu para ele fazer Brit Milá com 99 anos
8- O oitavo teste foi que Sarah foi levada por Avimele’h, o rei dos filisteus que quase “se casou” com ela. Esse teste terminou com grandes milagres e o rei dos filisteus teve que devolver Sarah para Avraham e permitir a eles morarem na terra dos filisteus
9- O nono teste foi quando Sarah pediu para ele expulsar Hagar, a escrava, com o seu filho Ishmael
10- O décimo teste foi quando Hashem pediu para ele pegar o seu filho único, seu filho amado, Itzhak, e fazer dele um sacrifício para Hashem. Esse teste terminou com o anjo segurando a mão de Avraham Avinu dizendo para ele não lançar sua mão sobre o jovem porque Hashem já sabe que ele tem temor à Hashem (D’us). Ou seja, não só amor (Hessed) mas também temor (Guevurá)
Rabeinu Ovadia ben Avraham de Bartenura, comumente conhecido como “Bartenura”, foi um rabino italiano que viveu no século 15. Nasceu em 1445 em Bertinoro que naquela época fazia parte dos Estados Papais na Itália
Após a morte de sua esposa, iniciou em 29 de outubro de 1486 uma jornada de dois anos e meio para a Terra de Israel, visitando muitas comunidades judaicas ao longo do caminho.
O forte desejo de visitar a Terra de Israel o levou à Jerusalém aonde chegou em 25 de março de 1488 acabando por se estabelecer lá onde rapidamente se tornou proeminente e trabalhou incessantemente para restaurar a vida comunitária judaica, tanto material quanto espiritual, à relevância que faltou por tanto tempo
Teve muito sucesso em seus esforços, restabeleceu uma hevra kadisha na qual serviu ativamente, bem como uma Yeshivá que estabeleceu com a chegada de eruditos espanhóis exilados pela inquisição.
Sua presença na Terra Santa marcou uma nova época para a comunidade judaica que vivia lá. A administração dos assuntos comunitários judaicos em Jerusalém havia caído nas mãos de funcionários iníquos. Os pobres eram severamente tributados para o governo muçulmano, e os ricos tratados de forma semelhante e expulsos da cidade por exigências exorbitantes sobre eles, de modo que a comunidade judaica estava à beira da ruína.
Em uma carta escrita a seu irmão de Jerusalém em 24 de agosto de 1489, Rabeinu Ovadia menciona que os judeus migram de Jerusalém para o Egito, Damasco, Aleppo e outros lugares a fim de poder servir à D’us, o que não era possível fazer em Jerusalém por causa do alto custo de vida
Durante esse mesmo ano, ele diz que também conheceu judeus de Aden. Ele conta que morava na casa de um Nagid (um judeu muito rico), e que era palestrante regular na comunidade judaica em uma sinagoga.
Ele contou que duas vezes por mês dava uma palestra na língua hebraica, e que ficou isento de pagar o imposto habitual cobrado de todos outros cidadãos judeus
(Mais tarde naquele ano, em 17 de dezembro de 1489, ele escreveu que havia se mudado para Hebron, onde achou a atmosfera muito mais propícia e uma pequena comunidade judaica de cerca de vinte famílias que viviam ao longo de uma vila e eram de temperamento muito melhor do que as de Jerusalém
No final, Rabeinu Ovadia foi reconhecido como grande autoridade rabínica, serviu como rabino-chefe de Jerusalém reconhecido como tal também pelas autoridades muçulmanas e conseguiu assim reduzir a carga tributária que recaía sobre a comunidade
Rabeinu Ovadia reviveu o uso do hebraico ao proferir seus discursos de Shabat na “Língua Santa”. Seu principal comentário é sobre a Mishná. Rabeinu Ovadia é para a Mishná o que Rashi é para o Humash e o Talmud. Sua explicação sobre a Mishná é uma explicação básica, direta e objetiva, indispensável até hoje.
Em seus últimos anos, ele conseguiu rejuvenescer a comunidade judaica de Jerusalém e foi reconhecido como o grande líder espiritual dos judeus de sua geração.
Rabeinu Ovadia e faleceu em 1515 em Jerusalém que pertencia naquela época ao Sultanato Mameluco e foi enterrado no “Har Hazeitim”, monte das oliveiras
Os dez testes de Avraham Avinu mas Sefirot
Mas por que nosso patriarca Avraham foi testado dez vezes e não nove? Dez e não onze?Porque Hashem esperou se passarem dez gerações de Adam até Noa’h para trazer o dilúvio se cada uma dessas gerações por si só já merecia terminar em um dilúvio?
Por que dez gerações de Noa’h até Avraham?
Por que o mundo foi criado por meio de dez “Pronunciamentos Divinos” se poderia ter sido criado por um único “Pronunciamento Divino”?
Porque Hashem trouxe dez pragas para o Egito e aconteceram para os nossos antepassados dez milagres?
Ou seja, mesmo eles fazendo idolatria e, portanto, merecendo receber essas pragas junto com os egípcios, Hashem fez para eles dez milagres no Egito, ou seja, por milagre nenhuma dessas dez pragas afetaram os nossos antepassados
Por que recebemos Dez Mandamentos no monte Sinai?
A resposta para isso é: a raiz espiritual de cada um desses:
Dez Pronunciamentos Divinos
Dez Mandamentos
Dez gerações de Adam Harishon até Noa’h
Dez gerações de Noa’h até Avraham
Dez testes pelos quais foi testado Avraham
Dez pragas que caíram sobre o Egito
Dez Milagres que aconteceram para os nossos antepassados no Egito
E toda a vez que aparece o número dez na Torá quando ele poderia ser nove ou onze é porque o número dez está nos indicando as Dez Sefirot lá em cima que juntas completam a ordem do desencadeamento dos mundos.
Essas Dez Sefirot são compostas por:
Três categorias chamadas de intelectos que são a Ho’hmá, a Biná e a Daat
Seis categorias chamadas de sentimentos ou qualidades que são a Hessed, a Guevurá, a Tiferet, a Netza’h, a Hod e o Yessod.
E a décima categoria chamada de realeza que é o Mal’hut
Essa organização de Sefirot complementa a formação cabalística chamada de “Partzuf Olam Hatikun”, e sendo que as Sefirot são dez, essa formação só se torna completa quando todas as dez Sefirot se encontram nela
Dez e não nove, Dez e não onze, como diz o Sefer Yetzirá escrito pelo próprio Avraham Avinu que teve que passar por dez testes. Dez testes e não nove, Dez testes e não onze, porque cada um desses testes estava sincronizado com uma dessas Dez Sefirot
E qual é o motivo pelo qual a ordem do desencadeamento, a estrutura de desencadeamento do “Olam Hatikun”, o “mundo do conserto”, é Dez e não nove, Dez e não onze?
Porque nove não desce para o mundo de baixo dando origem à ele, e onze já transcende acima do mundo e não tem como interagir com ele, por isso as Sefirot são Dez e não nove, Dez e não onze, e Avraham Avinu teve que ser testado em cada um desses níveis, em cada um desses aspectos, separadamente
Sendo que o versículo diz que “o décimo será sagrado” e espiritualmente está se referindo aos dez aspectos da revelação Divina que são as Dez Sefirot, por esse motivo também santificamos a décima parte das frutas e legumes que nascem na Terra Santa e também a décima parte do dinheiro que ganhamos damos para a Tzedaká
Noa’h – 5782
Nossa Parashá nos conta uma história de vinte gerações de Noa’h até Avraham Avinu, dois mil anos de história em duas Parashiot Depois disso, a história do nosso patriarca Avraham é contada em três Parashiot, nos ensinando que uma história de mil anos de atrocidades, mil anos sem D’us, termina em dilúvio, e mais mil anos sem D’us, só não terminou em dilúvio porque D’us prometeu para Noa’h que não iria mais ter dilúvio Depois de dois mil anos chega nosso primeiro patriarca, Avraham Avinu, ensinando as pessoas a rezarem para D’us e fazerem boas ações. E aí tudo mudou! Noa’h era um Tzadik na geração dele, Avraham Avinu seria um Tzadik em qualquer geração. Noa’h não fez o mal, mas também não fez o bem. Não rezou pela sua geração, não tentou ensinar sua geração a se comportar de maneira melhor. Noa’h construía a Arca, e se alguém perguntasse por que ele estava construindo essa Arca, ele respondia que Hashem (D’us) vai mandar um dilúvio por causa das atrocidades que eles estavam fazendo Mas não tomava a iniciativa de ensinar as pessoas a se comportarem melhor e a rezarem para D’us, e também não rezava por elas Noa’h fez uma arca e salvou pessoas e animais, e mesmo assim está escrito que Noa’h era um Tzadik, (uma pessoa espiritualmente elevada) somente na geração dele, (porque nela não tinha ninguém melhor) mas se ele estivesse na geração de Avraham Avinu já não seria tão importante assimEntão porque ele foi chamado de Tzadik? Porque ele tinha os valores certos, sabia o que era certo e o que era errado. Noa’h não diria que cada um tem a sua opinião e pode fazer as atrocidades que quiser, mas respondia a (somente a quem perguntava) que as más ações teriam como consequência um dilúvioSabemos que existem sete mandamentos de Bnei Noa’h, e quando temos a oportunidade ensinamos aos povos do mundo esses mandamentos Principalmente que não se deve fazer idolatria, e que um homem deve se unir a uma mulher, (esses são os maiores problemas dos Bnei Noa’h na nossa geração).Até essa atitude em relação às Mitzvot (Mandamentos Divinos) dos Bnei Noa’h não aprendemos com Noa’h mas sim com Avraham. Noach não teve a atitude de divulgar as sete Mitzvot de Bnei Noa’h, mas Avraham que era o primeiro judeu, ele ensinava aos Bnei Noa’h as Mitzvot deles.Em outras palavras, aprendemos de Noa’h que não devemos ser como Noa’h, mas temos que ter atitude. Por isso o dilúvio é chamado de “as águas de Noa’h” A reencarnação das pessoas que causaram o dilúvioDiz o Ari Zal que a geração que causou o dilúvio é também a geração que fez a torre de Bavel, ambas mencionadas na nossa Parashá, se reencarnaram novamente como o povo de Israel no Egito Os decretos do Faraó de jogar as crianças no rio Nilo foram o conserto das almas da geração que por suas atrocidades causou o dilúvioE o decreto de escravizar o povo de Israel para construir Pitom e Ramsés foi o conserto das almas que fizeram a torre de BavelEles eram as Almas Divinas que se tornaram depois o povo de Israel no Egito e saíram de lá para receber a Torá no monte Sinai.Esse foi o final feliz daqueles dois mil anos de uma história triste …. mas com um final muito feliz! As medidas da Arca e a quantidade de animais que entraram nela Nossa Parashá nos conta que antes de D’us mandar o dilúvio pediu para Noa’h fazer uma Arca de 300 “amá” de comprimento, 50 “amá” de largura e 30 “amá” de alturaEssa medida chamada de Amá aparece na Torá pela primeira vez na nossa Parashá. Ela é a medida do osso do cotovelo até o final dos dedos De acordo com o Rav Haim Naeh, um Amá equivale à 48 centímetros. O Hazon Ish diz que o Amá equivale a 60.96 centímetros. Ou seja, de acordo com todas as opiniões o tamanho da Arca não ultrapassaria 183 metros. Como pode ser que todos os animais do mundo entraram em uma Arca com essas medidas?O Zohar nos conta que Rabi Hiya e Rabi Yehuda chegaram até as montanhas altas e encontraram entre as montanhas ossos de pessoas da época do dilúvio. Eles andaram trezentos passos em desses ossos. Ou seja, 150 metrosPela linguagem do Zohar entendemos duas coisas 1- Que esses ossos eram de pessoas normais da época do dilúvio. O Zohar cita às vezes gigantes, mas aqui falou simplesmente pessoas2- Que o osso que ele andaram150 metros dentro dele era um osso normal, e não o maior osso do esqueletoDaqui vemos que as pessoas da época do dilúvio eram gigantescas, incluindo Noa’h, sua esposa, seus filhos e suas noras Reish Lakish na Guemará nos conta que todos os ossos do dilúvio foram levados pelo mar para a Babilônia onde se encontram hoje os países mais ricos em petróleo, e sabemos que ossos abaixo de pressão se transformam em petróleo. Por isso não foram encontrados fósseis de pessoas do dilúvio Mas pelo tamanho dos dinossauros encontrados em um lugar ou outro vemos que o tamanho deles em relação ao tamanho dos ossos das pessoas do dilúvio encontrados por Rabi Hiya e Rabi Yehuda eram pelo menos na proporção de um homem em relação à uma galinha de tão grandes que eram as pessoas daquela época Ou seja, quando um dinossauro via uma criança, saía correndo de medo para não morrer pisado embaixo do pé dela Por isso, dizem nossos Sábios, quando as pessoas ouviam de Noa’h que iria chegar um dilúvio, não ficavam com medo, porque imaginavam que se a água saísse da terra eles tampariam essas fontes com os próprios pés e impediriam a água de sair, de tão grandes que eram Então surge mais uma pergunta: Como Noa’h e sua família poderiam ter entrado em uma Arca de 183 metros? Claro que Hashem (D’us) resolve tudo sempre com grandes milagres, como no Beit Hamikdash, o Templo Sagrado de Jerusalém, que nas rezas de Yom Kipur ficava tão cheio que não dava para se mexer dentro dele, mas quando tinham que se prostar, acontecia um grande milagre e todos se prostavam confortavelmente A Torá nos mostra mais uma possibilidade para entender como isso poderia ser possívelMoshe Rabeinu nos conta em Dvarim sobre a cama do gigante chamado de Og, rei de Bashan. Essa cama estava na cidade de Rabat, tinha 9 Amot de comprimento e quatro Amot de largura E antes que alguém dissesse que quatro metros e meio de comprimento para cama de um gigante é pouca coisa, o próprio Moshe Rabeinu já diz que esse “Amá” era o “Amá do homem” Rashi explica que “Amá do homem” aqui se refere à Gog, ou seja, ao homem que dormia nessa cama que era o gigante O mesmo podemos dizer sobre Noa’h. Quando Hashem diz para ele o tamanho da Arca que deveria ser construída, não está pedindo para ele medir com uma fita métrica de 4.000 anos depois, mas sendo que o Amá é a medida do cotovelo até o final dos dedos, provavelmente Noa’h mediu a Arca com o Amá dele próprio, ou seja, com o Amá do homem que vai entrar na arca E com tudo isso com certeza ele ainda precisou de muitos milagres sobrenaturais como os milagres que aconteciam no Beit Hamikdash Como as plantas e os peixes sobreviveram o diluvio? Nossa Parashá usa várias vezes o termo “o final de toda carne”Sabemos que Noa’h colocou as aves na Arca, mas não colocou as plantas e os peixes. Ou seja, as aves também entraram nessa classificação de “toda carne” O Midrash nos conta que as pessoas da época do dilúvio eram grandes e fortes e diziam que iriam tampar as fontes do dilúvio com os pés Hashem fez um milagre e as fontes lançaram água fervente que queimava a pele deles. Como então poderiam os peixes sobreviver ao dilúvio em água fervente? A linguagem da Parashá é que o dilúvio aconteceu sobre a terra. Essa linguagem aparece algumas vezes e nunca aparece a palavra “sobre toda a terra”, mas sim “sobre a terra”Quando a água baixou, Noa’h soltou uma pomba para ver se ela encontraria terra seca, e na segunda tentativa ela trouxe um ramo de oliveira Será que aconteceu um milagre tão grande que as árvores nasceram de sementes cozidas pelas águas ferventes e cresceram tão rápido?Diz Rabi Yohanan na Guemará que na terra de Israel não houve dilúvio, e essa oliveira era de lá Concluímos daqui que a expressão da Torá de que o dilúvio aconteceu sobre a terra, se refere à terra habitada pelos homens e animais, mas a terra de Israel que não tinha pessoas ou animais não foi inundada pelo dilúvio, justificando para Rabi Yohanan a existência daquela oliveira Provavelmente o dilúvio não chegou até os lugares mais distantes da terra de Israel justificando assim a existência dos peixes que não morreram com as águas ferventes Hashem cria a solução antes de trazer o problema Hashem pediu para Noa’h construir a Arca antes de o dilúvio chegar. Daqui aprendemos que Hashem sempre “manda o remédio antes da doença” Por que o principal do dilúvio foram as fontes de água quente? Nossa Parashá nos conta que a terra se corrompeu e também se encheu de roubos. Como consequência disso aconteceu o dilúvio Rashi explica que a palavra “se corrompeu” se refere a relações ilícitas e idolatriaDiz o Ari Zal, que depois de ter comido a fruta proibida, Adam culpou Havá por ter dado à ele aquela fruta, e se separou dela por 130 anos Nesses 130 anos ele se relacionou com duas demônias, sendo que uma delas era o aspecto feminino do próprio anjo da morte Sendo que essa relação não era com uma mulher física, mas sim com uma demônia que se materializada na hora da relação, essas relações causaram com que Almas Divinas da raiz de Adam nascessem em corpos de demônios durante cento e trinta anos Dizem nossos Sábios que quando fazemos uma Mitzvá, criamos um anjo bom chamado de sanigor que pede para o tribunal Divino decretar coisas boas para nós Quando fazemos um coisa ruim, criamos um anjo ruim chamado de categor que pede para o tribunal Divino decretar coisas ruins para nós Diz o Zohar que essas criaturas criadas pela “relação em vão” não são anjos dessa categoria, mas são demônios verdadeiros que recebem de nós uma Alma Divina e recebem do lado espiritual negativo um corpo de demônio. Ou seja, são nossos filhos Por isso, quando Er e Onan se comportaram dessa forma, está escrito que “fizeram o mal aos olhos de D’us” e por isso eles morreramEssas Almas Divinas posteriormente nasceram como a geração do dilúvio, e já nasceram com uma inclinação para esse tipo de transgressão por terem existido anteriormente por consequência dissoPor isso, diz o Zohar, o principal do dilúvio eram essas fontes de água fervente, de acordo com a regra da Torá chamada “midá knegued midá”.Ou seja, quando a pessoa não se arrepende do coisa ruim que fez, o mal que ele fez se volta contra ele de forma parecida ao que ele fez, e se torna o castigo que ele recebe por ter feito aquele coisa ruim Rezando para que as pessoas ruins se tornem pessoas boas Dizem nossos Sábios que Noa’h poderia ter rezado pela sua geração e não rezou. Daqui aprendemos que se até uma geração como a geração do dilúvio poderia voltar para o bom caminho se Noa’h tivesse rezado por eles, quanto mais nós devemos rezar para que Hashem traga para o bom caminho todos os que estão ligados a nós Rabi Meir Baal Hanés sofria muito com certas pessoas que moravam no seu bairro, a tal ponto de que um dia ele resolveu rezar e pedir para Hashem que essas pessoas falecessem.Sua esposa, Bruria, lhe lembrou um versículo do Tehilim que diz:- “terminem as transgressões da terra e os maus não vão mais existir…”, e lhe explicou:- Não está escrito transgressores, mas sim transgressões. Reze para que eles retornem ao bom caminho e eles vão retornar. Ou seja, as transgressões vão terminar e eles vão deixar de ser maus!Ele rezou, pediu e aconteceu! Vamos fazer assim também! Sempre que tivermos algum problema com alguém ligado a nós, vamos rezar e pedir para Hashem para que essa pessoa faça Teshuvá (volte a se comprar certo) O método de ensino de Noa’h Nossa Parashá nos conta que desde que Hashem (D’us) criou Adam e Havá que eram o primeiro homem e a primeira mulher, até a décima geração deles, as pessoas se comportaram de maneira catastrófica Hashem decidiu mandar um dilúvio, mas junto com isso disse para Noa’h construir uma arca durante 120 anos para que as pessoas fizessem “Teshuvá”. Parassem de fazer atrocidades e voltassem para o bom caminho, e aí não teria mais dilúvioOu seja, durante todos os 120 anos que Noa’h estava construindo a Arca, todos perguntavam por que ele estava gastando seu precioso tempo construindo algo totalmente desnecessário? E ele respondia que se eles não pararem de fazer coisas tão ruins Hashem iria mandar um dilúvio para o mundo Daqui vemos a grande bondade Divina de fazer com que Noa’h construísse a Arca durante tantos anos publicando dessa forma para todo o mundo e durante tanto tempo o que estava para acontecer, dando à eles a oportunidade de reverter essa situação O sobrenatural que se revela dentro do natural A Arca não era um navio, não tinha remos ou mastro e vela como os navios da época, e também não tinha nenhum meio de dirigi-la para nenhuma direção, e por isso ela é chamada de “Arca” A Torá nos traz as medidas da Arca mostrando a grandeza do milagre que tantos animais viveram dentro de um lugar tão pequeno durante um ano inteiro em plena harmonia nos lembrando os tempos do Mashiach Por um lado, Hashem pediu para Noa’h construir a Arca para salvar a sua família e os animais, pediu para ele se comportar de maneira natural e não esperar por um milagre sobrenatural de o dilúvio acontecer em volta dele e não o atingir Por outro lado, Noa’h não tinha como dirigir a Arca e ela ia para a direção que Hashem à levasse, nos mostrando que mesmo tendo Hashem pedido à ele para se comportar de maneira natural, mesmo assim a parte principal, ou seja, aonde ele vai chegar, isso Hashem não deixou nas mãos dele Quando Noa’h soltou a pomba para ver se a terra tinha secado, ela voltou com um ramo de oliveira, o que seria impossível de acontecer no final de um dilúvio dessesA Guemará nos conta que no lugar onde seria a futura “Terra de Israel” não houve dilúvio, e de lá a pomba trouxe o ramo de oliveira Mesmo Hashem mostrando para Noa’h que esse grande milagre tinha acontecido, de uma região inteira não ter sido afetada pelo dilúvio, mesmo assim Hashem conduziu a Arca para outro lugar e ela aterrizou no Monte Ararat, que por mais que haja especulações de onde ele fica, uma coisa é certa, ele não ficava na terra de Israel O Monte Ararat esteve embaixo do dilúvio e agora tinha começado a secar, fazendo com que Hashem tivesse que fazer mais um grande milagre fazendo com que tanto Noa’h e sua família quanto todos os animais e aves do mundo tivessem que recomeçar a vida nesse mundo em um lugar que não tinha a vegetação adequada para isso, milagre aparentemente desnecessário Mas daqui aprendemos muitos ensinamentos vitais para o nosso dia a dia Por um lado Hashem pediu para Noa’h fazer a Arca e por outro lado a Arca não tinha direção, nos ensinando que mesmo Hashem tendo deixado, aparentemente, o nosso destino nas nossas próprias mãos, ou seja, mesmo tendo Hashem pedido para cada um de nós fazer um trabalho para manter a própria família, mesmo assim o principal do nosso destino incluindo o fato de o nosso trabalho nos trazer a possibilidade de mantermos a nossa família ainda está totalmente nas mãos de Hashem, como a Arca que foi construída por Noa’h mas totalmente dirigida por Hashem Às vezes soltamos uma “pomba” da nossa “Arca” e por meio dela descobrimos que existem lugares muito melhores do que a “Arca” em que vivemos. Nessa hora poderíamos pensar que se Hashem tem lugares no mundo tão melhores do que essa “Arca”, porque ele já não nos levou para lá junto com todos os animais e aves, e enquanto o mundo “afundasse” com o dilúvio estaríamos lá aproveitando a “terra que emana leite e mel”?E a resposta para isso é: O mundo inteiro está afundando e eu vou ficar assistindo isso de dentro de um hotel de 5 estrelas? Diz o Rebe que a nossa geração é a última geração do Galut e a primeira da Gueulá. Essa geração é chamada de “os calcanhares do Mashiach” Nosso povo se encontra divido entre o exílio de Edom que é o exílio nos países europeus e posteriormente nas suas colônias, e o exílio de Ishmael que é o exílio entre os árabes, Israel no oriente médio, com um pouco de Irã na faixa de gaza, um pouco de Irã no Líbano, um pouco de Irã na Síria, um pouco de Irã no Iraque, um pouco de Irã no Qatar, um pouco de Irã no Iêmen e muito Irã no Irã.E todos cheios de mísseis de longo alcance com GPS e margem de erro entre 5 e 10 metros.Vemos que a Gueulá está nas portas, e é hora do “Venha para a Arca”. A Arca de Noé e as rezas do dia a diaDiz o Baal Shem Tov que a palavra em hebraico “Teivá” usada para “Arca” também quer dizer “Palavra”, se referindo às palavras da Tefilá e da Torá Nessa hora tão difícil para todo o nosso povo, não devemos pensar por que Hashem nos colocou na Arca e não no hotel de 5 estrelas, mas ao contrário, devemos acrescentar nas rezas e no estudo da Torá, entrar na “Teivá”, e sair dela para um mundo melhor, o mundo da Gueulá As dez gerações de Adão e Eva até a Arca de NoéNossa Parashá nos conta que as pessoas das dez primeiras gerações a partir da criação do mundo se comportaram tão mal a ponto de D’us ter que decretar um dilúvio Essas dez gerações estavam mais próximas em saber que Hashem criou o mundo, muito mais do que nós, sendo que o primeiro homem, Adam Harishon, só faleceu com 970 anosO que causou para eles serem tão confiantes em si próprios a ponto de verem durante 150 anos Noa’h construindo a Arca e mesmo assim não acreditarem que um dia o dilúvio iria chegar? A explicação do ZoharO Zohar nos conta, como vimos anteriormente, que Rabi Hiya e Rabi Yehuda iam estudando Torá e caminhando, e assim chegaram até as montanhas altasEles encontraram entre essas montanhas ossos de pessoas da geração do dilúvio e andaram trezentos passos (150 metros) em um desses ossos (O Zohar não especifica se era o maior osso dessa pessoa ou não) Eles se espantaram em vista à grandeza do tamanho desse osso e exclamaram:- “Por isso disseram nossos Sábios que eles não tinham medo dos decretos Divinos!” O que faziam? Quando se abriam as fontes das profundezas eles fechavam essas fontes com os pés! (não está especificado lá por quanto tempo fizeram isso)Mas no final as águas saíram fervendo e eles não conseguiam mais se posicionar contra elas até que escorregavam, caíam na terra e morriam! A Guemará nos conta que as águas levaram os ossos das pessoas e dos animais que morreram no dilúvio para a Babilônia que se encontrava na região sul do Iraque e Kwait de hoje onde hoje se encontram as grandes jazidas de petróleo. O erro mais comum da ciência é aplicar dados atuais à época antiga. Pegar o tamanho das pessoas de hoje e colocar do lado de um esqueleto de dinossauro que viveu antes do dilúvio.Ou em muitos casos até desenhar um tiranossauro enorme olhando bravo e faminto para um homem coitado tão pequeno na frente dele. E depois dizer que leva quinhentos milhões de anos para esses ossos virarem combustível fóssil Mas a verdade é que há cinco mil anos atrás todos os dados eram diferentes. A densidade do ar, a influência dos raios cósmicos, a radiação, e principalmente, como vimos no Zohar, o tamanho das pessoas E se tivéssemos que desenhar de verdade a realidade de antes do dilúvio teríamos que desenhar o homem de pelo menos quinhentos metros de altura pisando sem perceber em um tiranossauro coitado que tinha só cinco metros de altura e doze de comprimentoNoa’h já sabia antes do dilúvio que haveria lugares sem dilúvio Hashem pediu para Noa’h colocar na Arca somente a família dele e os animais. Hashem não pediu para Noa’h colocar na Arca mudas de árvores ou de qualquer planta.Daqui aprendemos antecipadamente que o dilúvio não seria sobre o mundo inteiro, mas a vegetação estaria preservada em algum lugar que não era a Arca A prova disso foi que antes de baixar a água e a Arca “aterrizar”, a pomba que Noa’h mandou para ver se já havia terra seca trouxe para Noa’h um ramo de oliveira. Se o dilúvio fosse sobre todo o planeta a vegetação e os peixes de água doce teriam desaparecidoRabi Hisda na Guemará diz que o dilúvio não foi decretado sobre os peixes, Rabi Yohanan disse que o dilúvio não chegou até a terra de Israel A Guemará também justifica que os animais não sobreviveram fora da Arca mesmo em um lugar que não foi atingido pelo dilúvio por causa dos fenômenos climáticos que aconteceram durante o dilúvio, isso justificaria o fato de Hashem ter pedido para Noa’h fazer a Arca Hashem poderia ter dito para Noa’h ir para a terra de Israel junto com os animais, mas aí o milagre teria que ser muito maior e todo esse mérito Noa’h já não tinha, como nos conta a Guemará sobre o versículo que diz que Noa’h era um Tzadik perfeito na sua geração.Rabi Yohanan na Guemará explica que a intenção desse versículo é que na sua geração ele era um Tzadik perfeito, mas se vivesse na geração de Avraham Avinu não seria considerado um Tzadik Noa’h não rezou por ninguém e por isso Hashem pediu para ele construir a Arca durante 120 anos, para que todos tivessem a possibilidade de perguntar à ele o porquê de se construir uma Arca e ele responderia que se eles não parassem de fazer as atrocidades que estavam cometendo Hashem mandaria um dilúvio e eles morreriam Sobre o que disse Rabi Yohanan na Guemará, que se Noa’h vivesse na geração de Avraham Avinu não seria considerado um Tzadik, quando calculamos as idades de Noa’h e de Avraham Avinu vemos que Noa’h viveu até Avraham Avinu ter 58 anos de idade. Então porque Rabi Yohanan não considera que Noa’h viveu na geração de Avraham Avinu? Se o motivo é que naquela época Avraham Avinu ainda não era um Tzadik, de acordo com a opinião que Avraham Avinu com três anos conheceu o seu criador, ou de acordo com a opinião de que ele descobriu Hashem com 40 anos, ou de acordo com a opinião de que ele descobriu Hashem com 48 anos ou de acordo com a opinião de que ele descobriu Hashem com 50 anos, de acordo com todas as opiniões com 58 anos ele já era um Tzadik sem sombra de dúvidas E mesmo que na época de Noa’h Avraham Avinu começou a divulgar a fé em um D’us único, e também todos já tinham visto que ele estava disposto a dar a vida por issoJá tinha passado pelo teste de ter sido jogado no estádio de fogo por ser um Tzadik e ter saído de lá por milagre também por ser um Tzadik E também ter influenciado as pessoas de Haran nesse mérito e ter feito muitos seguidores, ensinado à muitos que existe um D’us único Mas aquela ainda era somente uma geração em que Avraham atuava nela, mas ainda não era “a geração de Avraham”, ele ainda não tinha conseguido mudar a essência dela! A geração de Avraham Avinu começa em uma etapa mais tardia, quando ele já estava com 75 anos, quando ele veio para a terra de Canaã e abriu uma estrutura inteira para divulgar a fé em Hashem e vieram para ele dezenas de milhares de pessoas Eles eram as “pessoas da casa de Avraham” e Avraham plantou no coração deles esse princípio tão grande, como diz o Rambam Até então a fé em Hashem era só um assunto de conhecimento didático, algo que poderia ser facilmente contestado ou enfraquecido Avraham “plantou” a fé no coração deles, ele fez com que as pessoas se conscientizassem da fé em Hashem a ponto de essa fé se tornar parte da essência deles E essa é a “geração de Avraham”, geração que chegou à conscientização de Hashem à exemplo da conscientização de Avraham, conscientização enraizada profundamente na essência de cada uma dessas pessoas Em relação à uma geração assim, Noa’h não seria considerado nada. Ou seja, se ele estivesse não na época de Avraham, mas na “geração de Avraham”, ele não seria considerado nada!
Bereshit 5782
Nossa Parashá nos conta como D’us criou o mundo em seis dias há menos de 5800 anos atrás.
Se um cientista estivesse com todo o seu equipamento nos seis dias da criação, iria analisar uma pedra e dizer que ela tem milhões de anos
Ele iria cortar uma árvore, contar quantos anéis há nela, e concluir que ela tem mil anos
e por final entrevistar Adão e Eva e concluir que eles são dois adultos falando hebraico clássico fluentemente, e não dois bebês recém-nascidos
Assim D’us criou o universo. Tudo em seis dias, mas com tanta qualidade que parece até que levou milhões de anos para fazer!
O cientista ficaria espantado com a capacidade Divina de conseguir criar tudo em seis dias há menos de 5800 anos atrás e não precisar esperar milhões de anos para ver se algo absurdamente surge sozinho
Se os dinossauros foram cruzamentos híbridos que morreram no dilúvio, ou se foram criados originalmente nos seis dias da criação, entraram na arca de Noé mas não se adaptaram ao clima pós dilúvio, isso fica em aberto
Mas o fato de D’us ter criado lugares no mundo como o Grand Canyon, com certeza foi para nos dar o livre arbítrio para podermos escolher entre D’us e as “teorias da criação”!
No primeiro dia da criação é usada a palavra “D’us criou”, no terceiro dia está escrito “a terra tirou”. Rashi explica que tudo foi criado potencialmente no primeiro dia, mas a terra foi tirando por ordem Divina a criação de cada dia
Daqui vemos que tudo saiu da nossa terra, ou seja, a galáxia inteira!
O Sol, a lua, as estrelas e os planetas e que D’us colocou no céu no quarto dia foram tirados da terra e colocados no céu
Talvez até com as plantas que “a terra tirou” no terceiro dia. E assim poderíamos encontrar vegetação em outros planetas e em outras galáxias
Mas uma coisa é certa e não “talvez”, quando chegamos à criação do homem tudo muda. D’us faz um homem de terra e “sopra” nele uma Alma Divina, diferente dos outros dias da criação.
Ou seja, ser humano, vida inteligente, isso D’us criou separadamente no sexto dia e somente aqui na nossa terra.
Então como pode ser que pessoas fotografaram discos voadores no céu e coisas desse gênero? Voltamos para o assunto do Grand Canyon: isso vem para nos dar o livre arbítrio e a possibilidade de escolha.
O Midrash nos conta que quando Moshe Rabeinu (Moisés) estava no monte Sinai, o anjo da morte fez um filme no céu mostrando o enterro de Moshe.
Todos viram, e se tivessem celular naquela época poderiam até ter filmado e colocado no YouTube. Mas tudo era uma ilusão. No outro dia Moshe desceu do Monte Sinai, cheio de vida e com muita energia!
Ou seja, o “outro lado” pode usar esse recurso também em certas ocasiões e fazer discos voadores no céu para usarmos o nosso livre arbítrio e optarmos pela verdade de que vida material inteligente existe somente no nosso planeta, ou pelas “teorias” inventadas pelos homens
Sabemos que os dias da criação foram de 24 horas mesmo nos dias em que não havia sol e lua, sendo que D’us vincula a guarda do Shabat especificamente aos dias da criação, e se eles fossem maiores do que os atuais teríamos que esperar um período maior entre um Shabat e outro.
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Nossa Parashá começa nos contando que no princípio D’us criou o céu e a terra, e continua descrevendo o que aconteceu em cada um dos seis dias da criação
Vemos que no segundo dia Hashem (D’us) fez uma separação entre as águas de cima e as águas de baixo. Colocou limites, como a força da gravidade que segura as águas de baixo em baixo e etc
Não vemos que algo realmente palpável foi criado nesse segundo dia da criação. Mas aprendemos daqui que os limites também são uma criação no nosso mundo material
No terceiro dia a linguagem é: “e a terra tirou”. A terra “tirou” as árvores, a terra “tirou” as ervas
Como vimos , Rashi explica que essa linguagem vem nos ensinar que no primeiro dia D’us criou tudo, e cada dia “tirou” o que já tinha sido criado no primeiro dia
Ou seja, tudo foi criado potencialmente no primeiro dia, e cada coisa surgiu na prática no seu dia específico.
Continuando com esse raciocínio podemos explicitamente concluir de que D’us “tirou” da Terra no quarto dia o Sol, a Lua e as estrelas
Hoje muitos cientistas também chegaram à conclusão de que todo o universo se originou de um único lugar, sendo que as galáxias estão sempre se distanciando de nós. Eles chamam isso de a “hipótese” do Big Bang dentro dos limites da ciência e seus “bloqueios”
Bilhões de anos luz foram criados em um só dia
No primeiro dia D’us criou (e também revelou) a luz. Fora a explicação profunda de que aquela luz dos sete dias foi guardada para os Tzadikim (pessoas elevadas espiritualmente), usufruírem dela no mundo vindouro, nenhum versículo sai do seu significado simples, e nesse caso isso vem nos mostrar que a criação da luz do Sol e das estrelas antecede a criação do próprio Sol e das estrelas
D’us criou no primeiro dia todos os bilhões de anos luz que levariam para a luz da estrela chegar até a terra, e no quarto dia D’us tirou daqui as estrelas e colocou cada uma no final desses “bilhões de anos” que levariam para essa luz chegar até aqui
E mesmo de acordo com o Midrash que diz que a luz do primeiro dia foi guardada e será revelada somente no futuro, quando não houver mais impureza no mundo, podemos dizer que no próprio quarto dia, Hashem (D‘us) já criou o Sol e as estrelas com a luz deles visível na terra, e não precisou esperar bilhões de anos para que isso acontecesse por si só
No quarto dia da criação, quando D’us tirou daqui todas as galáxias, já existia aqui água, ar e vegetação, e com certeza quando Hashem tirou daqui todo o universo, uma parte dele já saiu daqui com o ar e a vegetação
Daqui concluímos que é possível haver vegetação em outros planetas se a temperatura permitir. Mas será que esse mesmo raciocínio pode ser aplicado aos animais? Será que quando a terra “tirou” os animais aqui, a terra que tinha saído daqui e dado origem aos outros planetas também “tirou” animais?
Com certeza que não. Todas as galáxias saíram daqui somente com o que já tinha aqui no quarto dia da criação que era água, ar e vegetação, mas as aves e os peixes foram criados no quinto dia e os animais no sexto dia
Todos os animais foram criados por Hashem no Gan Éden deste mundo, entre os rios Tigre e Eufrates no oriente médio, e de lá eles se espalharam pelo mundo inteiro
Quando Colombo chegou à América, descobriu “novas espécies” de animais e aves que não existiam no oriente médio. Qual era o motivo para isso sendo que a origem deles foi somente no paraíso terrestre que ficava no oriente médio?
A explicação para isso é simples. No começo eles foram criados no oriente médio e de lá se espalharam por todo o mundo, e com certeza por causa das mudanças climáticas eles se extinguiram no oriente médio, mas não no continente americano. Mas todos os animais, aves e peixes foram criados desde o começo no paraíso terrestre que ficava no oriente médio
Não há vida inteligente em outros planetas
Quando chegamos à criação do homem, aí tudo muda, vida inteligente é criação exclusiva
Diferente de todas as criaturas que D’us criou no primeiro dia e que a partir do terceiro dia “a terra tirou”, diferente de todas as criaturas que “saíram” da terra macho e fêmea separadamente, o homem foi criado à parte. Ele foi criado junto com a mulher em uma criatura só, e depois separado em homem e mulher
E em relação à nossa Alma, a Parashá nos conta que Hashem “soprou” dentro de nós uma “Alma de vida”. Diz o Zohar que a linguagem “soprou” foi usada para indicar que D’us colocou em nós uma “parte Dele”, uma Alma Divina, e por isso é usada a palavra “soprou”, como diz o Zohar, quem sopra, sopra parte do que tem dentro de si próprio
E mesmo que o espiritual está tão acima do material que qualquer coisa que imaginarmos não se compara a ele, mesmo assim é usada essa expressão para termos uma leve ideia do raciocínio desse assunto
Adam e Havá foram criados juntos, receberam uma Alma Divina e se tornaram os únicos seres inteligentes do universo que foi criado em seis dias.
A Terra não “tirou” Adãos e Evas em outros planetas e vida inteligente existe somente aqui
Não estamos falando sobre criaturas espirituais como Anjos ou até demônios, mas sim sobre vida material inteligente. Um ser inteligente, Alma dentro de corpo, isso só existe aqui no nosso planeta.
Pelo fato de sermos “vida inteligente” e por natureza nosso cérebro dominar nosso coração, nosso intelecto dominar nossos impulsos, Adam e Havá receberam um Mandamento Divino, diferente dos animais onde o impulso domina o intelecto e, portanto, não há como cobrar deles um Mandamento Divino
Por isso somente Adam e Havá, os únicos seres inteligentes de todo o universo, receberam o Mandamento Divino de não comer a fruta da “Etz Hadaat”
A cobra
De repente aparece a cobra no Paraíso. Uma cobra que foi criada originalmente muito parecida com o ser humano, mas com uma diferença: ela era a mais esperta de todas as criaturas, como diz a Torá. Até mais inteligente do que Havá a ponto de usar argumentos que Havá não tinha como refutar.
E sendo que o homem é o único ser inteligente de todas as galáxias, os Sábios do Zohar discutem se essa cobra existiu de verdade ou se ela simplesmente representava nosso “Yetzer hará”, nossa má inclinação
Se ela não existiu, mas representava nosso “Yetzer hará”, isso quer dizer que Adam e Havá já nasceram com uma má inclinação, o que não pode ser, porque explicitamente eles receberam o “Yetzer hará” depois de terem feito a primeira transgressão.
O motivo que eles fizeram a primeira transgressão foi por erro de avaliação e não por “Yetzer hará”, mesmo que as posteriores já foram por “Yetzer hará”
E se ela existiu de verdade, ela foi o primeiro ser inteligente. Mas sendo que ela foi criada no quinto dia da criação, e a Torá cita o ser humano como sendo a única criatura inteligente devido à sua Alma que é diferente da dos animais por causa desse aspecto, como explica Unkelus, essa possibilidade também não é viável
A explicação do Zohar
Rabi Itzhak e Rabi Yehudá discutem sobre esse assunto no Zohar
Rabi Itzhak disse que essa cobra não existiu e que a Torá usa a palavra “cobra” para apelidar nossa própria má inclinação que nos seduz para fazer contra a vontade Divina.
Rabi Yehudá disse que ela era uma cobra de verdade, uma cobra material como descreve o versículo. Então eles vieram fazer essa pergunta para o maior de todos os Tzadikim, a pessoa mais elevada espiritualmente daquela época, Rabi Shimon bar Yohái
Rabi Shimon explicou que os dois estão parcialmente certos, e a opinião de um simplesmente completa a opinião do outro.
Rabi Shimon explicou que quando a cobra veio seduzir Havá, o “s.m” que é o anjo da morte, o anjo de Essav e a fonte do nosso Yetzer hará, “pacote completo” de tudo o que é ruim, se revestiu na cobra. E daí o fato de ela aparecer para Havá como uma criatura esperta, inteligente e falante.
Os argumentos dela eram mais inteligentes do que a refutação de Havá, como vimos na Parashá, que ela ganha de Havá na discussão.
Mas o fato de ter “baixado” o “s.m.” na cobra foi uma exceção de regra naquele momento, e depois que ela recebeu o castigo e foi transformada em rastejante, aquela “entidade espiritual negativa” à deixou definitivamente
Ela foi criada originalmente como animal irracional e voltou a ser o animal irracional que era antes
Mas o que Havá deveria responder naquela hora para a cobra? Simples! Ela deveria responder:- “Se D’us falou para não comer essa fruta e uma cobra falou para comer, a quem eu devo ouvir”? E por mais que essa cobra tenha uma forma humana, seja esperta, inteligente, diplomada e pós-graduada, ela não é D’us
Muitas vezes nos encontramos em situações semelhantes à essa. Devemos aprender com Havá a não ser como Havá, devemos sempre lembrar que por mais sedutora que seja uma proposta e por mais impressionante que seja a pessoa que está propondo, se essa proposta é contra a vontade Divina que nos foi revelada por meio da Torá e das Mitzvót, devemos nos lembrar de que “se D’us pediu para não fazer algo, e uma criatura que aparenta ser mais inteligente do que nós pediu para fazer, a quem devemos ouvir”?
E mais, D’us é a essência do bem, ama a cada um de nós infinitamente mais do que amamos nossos próprios filhos, e todos os Mandamentos Divinos foram dados para o nosso bem, para a nossa própria proteção
Então devemos estar sempre com a resposta pronta para qualquer um que diz que a nossa vida vai melhorar quando deixarmos de cumprir um Mandamento Divino
E a resposta é: “Se D’us pediu para não fazer e uma cobra está pedindo para fazer à quem devemos ouvir?”
Matando a cobra com seu próprio veneno
Com quem aprendemos essa resposta que é na verdade o “soro antiofídico para todas as seduções do mundo? Com a própria cobra!
Como nos conta a Guemará, o motivo que Hashem não perguntou nada para a cobra antes de dar o castigo à ela foi por que ela já tinha essa resposta pronta, ela diria:- D’us falou para não comer a fruta proibida, e uma cobra falou para comer, a quem eles deveriam ouvir? Ela usaria essa resposta e sairia livre
Daqui vemos também que a intenção Divina de ter perguntado para Adam e Havá se eles comeram a fruta da Etz Hadaat era a de eles fazerem Teshuvá, se arrependerem do que fizeram. Mas sendo que cada um justificou o que fez, eles receberam um castigo
Daqui aprendemos a importância de nunca justificarmos antes de fazer uma coisa errada e quanto mais se já fizemos a coisa errada, como por exemplo gritar com alguém porque ele gritou primeiro, ou depois de ter gritado dizer que gritou por causa disso ou daquilo
Aprendemos com Adão e Eva a não ser como Adão e Eva!
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O Midrash Bereshit Rabá nos conta que certa vez um filósofo perguntou para Rabi Hoshaia.
:-Se a circuncisão é tão querida por D’us, por que ele não criou o primeiro homem já circuncidado?
:-Deixar você sem resposta não é possível, respondeu Rabi Hoshaia.
Ou seja, Rabi Hoshaia poderia responder à ele que D’us criou o primeiro homem já circuncidado, mas o filósofo poderia não acreditar, sendo que são raros os casos em que a pessoa já nasce circuncidado, e assim ficaria sem resposta
:-Mas, continuou Rabi Hoshaia, tudo o que foi criado nos seis dias da criação não foi criado com toda a perfeição e sempre precisa de um conserto.
Por exemplo, disse Rabi Hoshaia, Hashem criou a mostarda, o tremoço, vocêainda necessita adoçá-los, criou o trigo, precisa de reparo. (Bereshit Rabá Parashá 11)
D’us quis deixar tudo o que foi criado com uma pequena imperfeição para que nós fôssemos os responsáveis em dar o último reparo sobre todas as coisas e assim causar a perfeição delas
Dizem nossos Sábios na Guemará em Ketubot que maiores, mais importantes, são as criações dos Tzadikim, das pessoas elevadas espiritualmente, do que a criação do céu e da terra
Hashem (D’us) tem mais amor pelas coisas boas que cada um de nós faz, do que pelas coisas boas que ele próprio fez
O motivo disso é porque o objetivo da criação somos nós, e a causa precede em importância ao efeito.
Hashem criou o mundo para nós. Nós somos a causa da criação, e por isso o dia do aniversário da criação do mundo é o sexto dos seis dias da criação, que é o dia da nossa criação
Por causa disso Hashem não criou nada totalmente perfeito. Não deu toda a perfeição que poderia dar às coisas, para que nós viéssemos e lhes déssemos essa perfeição
E por esse motivo nós também não nascemos perfeitos. Para sabermos que até nossa própria perfeição está em nossas mãos, está dependendo de nós.
Todas as festas judaicas estão cheias de alegria, mas a festa mais alegre do calendário judaico é a festa de Sim’hat Torá. Nela festejamos o término da leitura da Torá do ano inteiro.
Essa tradição de fazermos uma festa quando terminamos um estudo de Torá foi instituída pelos nossos Sábios, nos confirmando o que vimos acima, que Hashem está mais feliz com o que nós criamos do que com o que ele próprio criou!
Conclusão: Vamos aperfeiçoar o mundo e nos aperfeiçoar, e tudo isso com muita alegria!
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Esse Shabat é chamado de Shabat Bereshit. Diz o Rebe que da maneira que nos comportamos nesse Shabat recebemos força lá de cima para nos comportar assim todos os Shabatot do ano. Então vamos aumentar a alegria nesse Shabat até não poder mais