Zohar e Hassidut da parasha Vayakhel 5784

Nossa Parashá nos conta sobre os tipos de doações que Hashem (D’us) pediu para Moshe pedir ao povo de Israel

Nesse caso são citadas algumas cores desses materiais que seriam doados para a construção do “Mishkan que era o nosso Templo móvel no deserto, e também para tudo o que estava ligado à ele, incluindo as roupas dos Cohanin que eram os sacerdotes.

Nesse caso a Torá nos traz pequenos detalhes como o fato de certas lãs de carneiro terem sido tingidas com uma tonalidade de vermelho, outras lãs serem tingidas com uma tinta extraída de uma criatura marinha chamada de Hilazon que dava à essa lãs uma tonalidade azul e lãs tingidas com um tipo de tinta chamado de “argaman” que é uma cor polêmica, ninguém ainda conseguiu definir totalmente essa cor

Também foram doadas peles de um animal chamado de Tahash que tinha um só chifre e sua pele tinha uma grande mistura de cores

E sendo que a Torá dá um destaque para as cores das doações que foram feitas para construir o Mishkan, levamos em conta que as cores das doações de ouro, prata e cobre não foram citadas pelo fato de serem a própria cor desses metais, diferente das lãs que foram tingidas

Sendo que o Mishkan e tudo o que era relacionado à ele tinha a função de sincronização entre os mundos de cima e o nosso mundo de baixo que é o “mundo da ação”, com certeza por trás dessas cores havia um motivo espiritual importante que justificava o fato de Hashem pedir para o nosso povo fazer a doação desses materiais especificando suas cores

E não só isso, mas também o fato de a Torá especificar que essas doações estavam sendo pedidas somente para as pessoas que quisessem doar de bom coração e de boa vontade, não deixando claro o motivo desse pedido, sendo que seria difícil verificar quem estava doando de coração e quem estava doando por outros motivos

Ação e intenção

Nosso mundo é o mundo da ação, e por isso os Mandamentos Divinos são uma lista de boas ações que devemos fazer, e más ações que devemos não fazer

Os mundos de cima estão em um nível muito superior, e esse nível superior está ligado à intenção que é mais profunda do que a ação

Sendo que o Mishkan e tudo o que estava relacionado a ele seria uma sincronização entre o mundo da ação e o mundo da intenção, Hashem colocou como condição o fato de as doações do Mishkan terem que ser feitas obrigatoriamente com uma boa intenção

Sendo que não é possível cobrar esse nível de todos, as doações para o Mishkan foram voluntárias para aqueles que estavam doando com intenção, de bom coração e de boa vontade

Enquanto que em outros casos todo o povo de Israel foi convocado a doar, nesse caso, sendo que o Mishkan teria a função de unir entre o mundo da ação e o mundo da intenção, à ação dessa doação precisaria obrigatoriamente conter uma intenção

Sendo que quanto mais elevado o mundo, mais a característica de essência do bem que é a essência Divina está revelada, essas doações deveriam ser feitas de bom coração e de boa vontade

 

As cores na representação das Sefirót

Rabi Moshe ben Yaakov Cordovero, conhecido como “o Ramak” (1522 – 1570) foi um grande cabalista que viveu em Tzfat (Safed) no norte da Galileia na nossa Terra Santa

Aquela época foi marcada pela inquisição espanhola e todo o império otomano que incluía a pequena cidade de Tzfat ficou cheio de judeus refugiados da Espanha

Provavelmente Rabi Moshe também fazia parte de uma família de refugiados, e talvez mais particularmente de Córdoba, devido a seu apelido “Cordovero”, sendo que naquela época ainda não existiam sobrenome

Depois de ter estudado toda a parte revelada das escrituras judaicas com Rabi Yosef Karo que foi o grande Sábio daquela época, aos vinte anos de idade ele se aprofundou no estudo da Kabalá e rapidamente se tornou a grande autoridade nesse assunto

Nos seus 48 anos de vida, ele conseguiu escrever muitos livros, sendo o principal deles chamado de “Pardês”, no qual ele traz, entre muitos assuntos, a ligação entre as cores e as Sefirót do mundo superior

Rabi Moshe Cordovero nos ensinou que toda Sefirá está caracterizada por uma cor. O Zohar chama isso de “tonalidade” evitando usar a palavra cor

O motivo para isso é que, sendo que cada Sefirá se revela com mais intensidade ou menos intensidade, e também a Sefirá se inclina espiritualmente para todas as Sefirót que estão sincronizadas com ela

Essa inclinação pode ser para a direita que são as cinco Sefirót chamadas de cinco bondades, ou para a esquerda que são as cinco Sefirót chamadas de cinco severidades

E sendo que a cor representa o estado em que a Sefirá se encontra naquele momento, e isso depende das nossas boas ou más ações, nunca a Sefirá vai ser representada por uma cor única, mas sempre por uma tonalidade daquela cor que a caracteriza

 

A cor lá em cima vai ser comparada a intenção aqui em baixo

 

Rabi Moshe Cordovero deixa claro que o que a cor aqui em baixo é uma criação material, e quando falamos sobre cores em relação às Sefirót as cores materiais são somente um exemplo em relação à fonte dessas cores no mundo superior

E assim nos conta o Ramak, nosso querido Rabi Moshe Cordovero, que a Sefirá chamada de Hessed que é a fonte da bondade, às vezes é representada pela cor branca, às vezes pela cor prata e às vezes pela cor azul, enquanto que a Sefirá chamada de Guevurá que é a fonte da rigidez varia entre vermelho claro, dourado e vermelho escuro

Esse fato também demonstra que a prata está vinculada a Hessed e o ouro está vinculado a Guevurá

Por isso, para fazer a sincronização espiritual entre o mundo de baixo e o mundo de cima, foram pedidos também ouro e também prata para as pessoas que doassem de bom coração e com uma boa intenção

A função do Mishkan e de tudo o que estava vinculado a ele era a de fazer a harmonia entre as forças ocultas espirituais que são as Sefirót e o nosso mundo material, trazendo para esse nosso mundo material só coisas boas e impedindo as coisas ruins de chegarem aqui

A exemplo da torre de comando do aeroporto que determina o que vai aterrizar e o que não pode aterrizar, assim também o Mishkan dava um acesso para a fartura e abundância do mundo superior “aterrizar” aqui e se transformar em bens materiais, e “segurava no ar” não deixando aterrizar aqui os maus decretos do tribunal Divino, para que tivéssemos tempo de fazer Teshuvá e fazer com que esses maus decretos desaparecessem

 

 

Rabino Gloiber e equipe

Agradecemos ao nosso querido Professor Israel e querida família por revisarem toda semana a nossa Parashá

 

 

 

 

 

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